Ilustradora Catarina Sobral distinguida na China

[dropcap]A[/dropcap] autora e ilustradora portuguesa Catarina Sobral foi distinguida na China, na Feira Internacional do Livro Infantil de Xangai, com o livro “Comment ça, il a renoncé?”, ainda inédito em Portugal.

A feira do livro começou sexta-feira, tendo anunciado os vencedores dos prémios internacionais para jovens ilustradores, com Catarina Sobral a receber uma menção especial pelo álbum ilustrado “Comment ça, il a renoncé?”.

O livro foi publicado este ano originalmente pela editora suíça Éditions Notari, e ainda está inédito em Portugal. Ancorada na realidade, esta é uma “história contemporânea, surreal e perturbadora, sobre o tema do desenvolvimento sustentável”, refere a editora suíça.

Catarina Sobral recebe a menção especial depois de ter sido uma das 50 finalistas ao prémio da feira literária chinesa, juntamente com a ilustradora portuguesa Carolina Celas, que concorreu com o livro “Horizonte”.

Catarina Sobral, que teve a obra visual em destaque durante o mês de outubro no Teatro Luís de Camões – LU.CA, em Lisboa, tem cerca de uma dezena de livros ilustrados, a maioria já traduzidos e editados noutros países, como Coreia do Sul, Japão, Brasil, Espanha e Suíça. Alguns deles, como “Achimpa” e “O meu avô”, valeram-lhe prémios internacionais.

O livro “Vazio” (2014) deu origem a um filme de animação, o “Razão entre dois volumes”, já apresentado em festivais. Recentemente editou o livro “Impossível”, sobre a origem do universo, já transposto para palco. A Feira Internacional do Livro Infantil de Xangai, que aconteceu pela primeira vez em 2013, termina no domingo.

11 Nov 2018

Disco de estreia do saxofonista Ricardo Toscano lançado hoje

[dropcap]O[/dropcap]saxofonista Ricardo Toscano, de 25 anos, que tem no jazz a “banda sonora da infância”, edita hoje o álbum de estreia, em quarteto, ao fim de quase dez anos dedicado à música de forma profissional.

A ligação de Ricardo Toscano ao jazz começou no berço e soube ainda na infância que um dia seria saxofonista de jazz, sem nunca ter definido um plano B, caso tudo falhasse. A paixão que tem pelo jazz mais tradicional foi-lhe passada pelo pai, “saxofonista, músico profissional, e um apaixonado” por aquele estilo musical. “A banda sonora da minha infância foi o jazz. Se não fosse o meu pai, eu nem tocava. Ele diz que me adormecia, quando eu era bebé, a ouvir o Cannonball Adderley, o [John] Coltrane [saxofonistas norte-americanos] e essa malta”, partilhou, em entrevista à Lusa, reforçando que aquele estilo musical “fez sempre parte” da sua “memória auditiva”.

Aos oito anos, na Amora, concelho do Seixal, começou a “tocar clarinete, na Filarmónica”. “Desde cedo, embora, tivesse começado a tocar clarinete – e toquei música clássica -, eu já sabia que ia ser saxofonista de jazz. Estava na minha consciência, sabia que ia fazer o que faço hoje em dia”, recordou, convicto.

O disco de estreia chega agora, em modo quarteto. “É o nosso disco. Isto é a malta com quem eu mais gosto de tocar, são os meus amigos, temos evoluído juntos, já tocamos juntos há cinco anos, é um caminho nosso, embora cada um tenha evoluído na sua direcção, e a piada também é essa. Assim temos mais para trazer para o colectivo”, referiu. O quarteto é formado, além de Ricardo Toscano, por João Pedro Coelho (piano), Romeu Tristão (contrabaixo) e João Lopes Pereira (bateria).

Embora a composição de cinco dos seis temas seja da responsabilidade de Ricardo Toscano e seja dele o nome do quarteto, “sozinho não fazia nada disto”. Tudo aquilo que Ricardo Toscano fez para o disco “é uma consequência de todas as coisas” de que gosta e de todas as suas “influências”. “Aquilo tudo que nós fizemos, e que eu fiz, é o registar de um processo”, disse.

Desse processo fazem parte, por exemplo, viagens do quarteto numa minidigressão em Espanha, onde passaram por paisagens desérticas, e de Ricardo Toscano a Angola. O tema “Almeria” “é a mistura daquela paisagem com uma linha baixo com uma clave mais africana”.

“Grito Mudo” é uma visão do saxofonista de si mesmo, “quando estava a passar por uma fase menos boa”, contrastando com “Our Dance”, um tema “que é feliz, tem coisas bonitas, é uma dança”. Já “Lament”, “tem a sua parecença com o fado, mas ao mesmo tempo homenageia aquele som do quarteto do Coltrane nos anos 60”. No disco “Ricardo Toscano Quartet” um dos temas, “The Sorcerer”, é do pianista Herbie Hancock, que “é o maior, ponto”.

9 Nov 2018

MIFF | Festival com competição de filmes em chinês

A terceira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, que decorre entre os dias 8 e 14 de Dezembro, vai ter uma competição dedicada apenas a filmes em língua chinesa. São seis as películas seleccionados num idioma que representa uma “cultura vibrante”, de acordo com o director artístico do evento, Mike Goodridge

 

[dropcap]”N[/dropcap]ovo Cinema Chinês” é o nome da competição que se estreia na 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. A rúbrica vai ser inteiramente dedicada a filmes em língua chinesa que, para o director artístico do festival Mike Goodridge, representa uma “cultura vibrante”.

O foco na língua chinesa é uma estreia que Goodridge espera ver tornar-se numa tendência do evento, referiu o responsável ontem à margem da conferência de imprensa de apresentação do certame. A razão, apontou, tem que ver com a qualidade dos filmes que actualmente existem e que utilizam a língua ou dialectos chineses.

“Gostaria que continuasse. Não só tivemos filmes em chinês em número suficiente, como tivemos de tomar decisões difíceis para escolher apenas seis. O mundo da língua chinesa é realmente uma cultura vibrante”, disse.
Para estrear a primeira edição da competição dedicada aos filmes em língua chinesa foram seleccionadas películas vindas do continente, de Taiwan e da Malásia.

Os escolhidos

Em competição vai estar “Baby”, do realizador de Tianjin, Liu Jie. O filme conta a história de uma empregada de limpeza de um hospital, Jiang Meng, que encontra uma recém-nascida com problemas congénitos iguais aos seus. Mas ao contrário de Jiang, esta menina é levada do hospital pela família sendo impedida de se submeter aos tratamentos necessários para sobreviver. Jiang entra numa cruzada para resgatar a menina com que se identifica.

Também da China continental vai ser exibido “Up The Mountain” de Zhang Yang. O argumento traz a história do artista Shen Jianhua, que vive em Xanga, uma vila pequena e remota na província de Yunnan. Shen tem como objectivo ensinar arte aos residentes daquele lugar e com isso fazer a diferença na vida daquelas pessoas. As suas últimas alunas são um grupo de mulheres idosas que acabam por formar uma sociedade à volta da pintura.

Liu Sanlian é a protagonista do filme que vem de Taiwan, “ Dear Ex”, realizado por Chih-Yen Hsu. Agonizada por sentir que a vida é um drama, a situação piora quando descobre que o marido, falecido há três meses, tinha mudado o beneficiário do seguro de vida do seu filho para um outro homem, um amante, de nome Jay.
Também de Taiwan vai ser exibido “Xiao Mei” de Maremn Hwang. Xiao Mei é a protagonista desaparecida. Entretanto, os amigos juntam-se para reconstruir as recordações que têm dela na procura de pistas do seu paradeiro. É com essas recordações que percebem que a amiga afinal tinha uma vida difícil e poderia estar viver de fantasmas criados por situações complicadas no passado.

Zahir Omar é o realizador malaio à frente do filme “Fly by Night”. O drama passa-se dentro do mundo criminoso de Kuala Lumpur em que um gangue de quatro taxistas se dedica a extorquir os passageiros que apanha no aeroporto. Foi ainda seleccionado o filme chinês “The Pluto Moment”.

O júri para esta competição é composto pela produtora australiana Stephanie Bunburry, o produtor britânico Nick James e pelo também produtor, mas de Hong Kong, Shu Kei.

9 Nov 2018

Open House | Celebração de “arquitectura híbrida” começa este fim-de-semana

Cinquenta espaços públicos e privados vão estar abertos ao público em Macau este fim-de-semana “para celebrar e democratizar” a arquitectura híbrida da cidade, disse à Lusa o curador do festival Open House Macau, Nuno Soares

 

[dropcap]É[/dropcap]a primeira vez que o festival, fundado em 1992 na capital britânica, chega à Ásia, “onde a academia e a atenção no campo da arquitectura chegou um pouco mais tarde do que à Europa”, explicou o arquitecto. “Macau tem uma história urbana muito longa, de 450 anos. Faz sentido ser o primeiro local a ter um evento deste género na Ásia porque tem uma história de arquitectura híbrida e de celebração arquitectónica já bastante antiga”, disse.

Para o curador, é especialmente relevante trazer este evento a Macau numa altura em que a “Ásia está mais preocupada em produzir arquitectura do que em olhar para a arquitectura que já foi produzida pelo passado”. “Fomos já reconhecidos como património da humanidade. Há efectivamente uma base solidificada, por isso é oportuno falarmos do nosso património arquitectónico”, defendeu.

Ao todo, 50 edifícios – desde exemplos de arquitectura vernacular [tradicional chinesa], a propostas de estilo neoclássico, ‘art déco’, modernista e contemporâneo – vão estar abertos ao público para ajudar a compreender a cultura e o tecido urbano de Macau. “Criámos as [cinco] chaves que vão organizar um pouco o património todo que existe em Macau, em vez de estarmos a falar de edifícios singulares, falamos destes cinco momentos que têm alguma coerência”, explicou o arquitecto.

Entre casas, pátios, templos, infantários, pontes pedonais ou até estações eléctricas, muitos espaços vão estar abertos ao grande público pela primeira vez. “Vários destes espaços não são acessíveis a todos, à excepção de quem lá mora, se não olharmos com muita atenção não os vamos descobrir, porque não são edifícios óbvios”, sublinhou.

O objectivo do festival, defende, não se esgota este fim-de-semana: a ideia é chamar a atenção e democratizar a arquitectura para o público não especializado. “Não podemos falar de arquitectura só entre arquitectos, ela é feita para toda a gente”, realçou. “Não vamos apenas ver edifícios e paredes vazias, mas sim edifícios que contam histórias através das pessoas que lá vivem e que os conhecem ao pormenor. As visitas guiadas servem para serem reveladas algumas dessas memórias escondidas”, comentou.

Quanto ao número de visitantes, as expectativas “são grandes”, disse. Na terça-feira, já contavam com mais de 500 registos para as visitas guiadas, um número que “tem vindo a aumentar”.
Por último, Nuno Soares adiantou que o festival vai ter carácter anual. Para o ano, vão estender o festival à ilha da Taipa e, no ano seguinte, à ilha de Coloane.

“As ideias já existem e têm pernas para andar. Temos capital arquitectónico suficiente para termos edições diferentes e continuar no futuro”, concluiu. Nas palavras da fundadora, Victoria Thornton, que vai estar em Macau no fim-de-semana, o Open House “estrutura-se a partir de um conceito simples, mas poderoso: convidar todos a explorar e a debater sobre a importância da boa concepção arquitectónica nas cidades, de forma inteiramente gratuita”.

A ‘Open House Worldwide’ – da qual o Open House Macau é agora membro -, apresenta-se como uma das mais relevantes instituições internacionais para a promoção da arquitectura, incluindo 40 iniciativas em quatro continentes, que congregam a participação anual de mais de um milhão de visitantes.

9 Nov 2018

Escritora Agustina Bessa-Luís recebe título ‘Honoris Causa’

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) atribui no dia 23, em Vila Real, Portugal, o doutoramento ‘Honoris Causa’ a Agustina Bessa-Luís como reconhecimento pela obra da escritora.

“A atribuição de um doutoramento ‘Honoris Causa’ a Agustina Bessa-Luís sublinha o reconhecimento, por parte da UTAD, do interesse da obra da autora e da sua ligação ao Douro” afirmou à agência Lusa o reitor da academia transmontana, António Fontainhas Fernandes.

A UTAD está a dedicar o ano de 2018 à escritora, com a realização de vários eventos, como colóquios, exposições e um ciclo de cinema. Este ano assinalam-se também os 70 anos da publicação de “Mundo fechado”, uma das primeiras obras de Agustina Bessa-Luís.

“Agustina é uma das vozes mais importantes da literatura portuguesa, mas alguém com uma vida fértil em diversos domínios da cultura”, salientou Fontainhas Fernandes.

O reitor citou Eduardo Lourenço para lembrar que “Agustina é incomparável”, o que “sublinha o lugar de relevo que a sua obra ocupa no panorama das letras nacionais”. A escritora nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922, e possui mais de 50 títulos publicados, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis.

Muitas das suas obras estão traduzidas em diferentes idiomas e algumas adaptadas ao cinema, nomeadamente por Manoel de Oliveira. Foi agraciada com inúmeros prémios, como o Prémio Eça de Queirós (1954), Prémio Nacional de Novelística (1967), Prémio D. Diniz (1981) Grande Prémio Romance e Novela (1983 e 2001), Prémio Camões (2004).

Foi igualmente distinguida com a Ordem de Santiago da Espada (1980) e Officier de l’Ordre des Arts e des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989). Até à data recebeu três doutoramentos ‘Honoris Causa’, pela Universidade Lusíada, Universidade do Porto (ex aequo com Eugénio de Andrade) e Tor Vergata, de Roma.

A homenagem pela academia transmontana a Agustina Bessa-Luís partiu de um desafio lançado pelo presidente do Conselho Geral da universidade, Silva Peneda.

8 Nov 2018

This is My City | Festival traz a Macau Re-TROS, Celeste Mariposa e DJ Kitten

Quatro cidades, mais de 30 convidados e 10 dias de duração são os dados recorde da edição, deste ano, do festival This is My City que vai acontecer a partir de 22 de Novembro. O evento alarga a sua abrangência geográfica a Zhuhai e vai também estar representado em São Paulo, no Brasil. Os destaques vão para os chineses Re-TROS e para os projectos portugueses Celeste Mariposa e DJ Kitten

 

[dropcap]O[/dropcap] festival This Is My City (TIMC) vai, este ano, dividir-se em dois momentos. Um primeiro que inclui Macau, Zhuhai e Shenzhen entre os dias 22 e 25 de Novembro, e um segundo, entre 5 e 9 de Dezembro quando o festival arranca para São Paulo onde vai integrar a Semana Internacional da Música. Este alargamento geográfico faz com que a edição de 2018 seja a maior de sempre, referiu ontem o co-organizador Manuel Correia da Silva, na conferência de imprensa de apresentação do evento.

A música vai continuar a ser o núcleo do certame e a organização destaca a vinda, pela primeira vez, dos Re-TROS a Macau. A banda de Pequim é considerada uma das grandes representações do pós punk chinês. O grupo já actuou em festivais na Europa, nos Estados Unidos e fez as primeiras partes de bandas com os Depeche Mode e o The XX, bem como dos Gang of Our e dos PiL, projecto de Jonh Lydon dos Sex Pistols.

Os Re-TROS são influenciados pelo “som underground de bandas como Joy Division e Bahaus”, revelou a organização, e transformou-se num dos grupos mais significativos no panorama da música independente chinesa logo desde o lançamento, em 2005, do primeiro EP “Cut off” que contou com a colaboração de Brian Eno nas teclas.

O último álbum, “Before the Applause” foi produzido por Hector Castillo que também já colaborou com artistas como David Bowie, Lou Reed e Bjork. Em Macau, têm presença marcada no dia 25 de Novembro, nas Oficinas Navais 2.

Expressão lusa

Outro dos pontos altos desta edição vai para a apresentação do projecto de Lisboa Celeste Mariposa de Francisco Sousa e Wilson Vilares. Criado em 2008, Celeste Mariposa dedica-se a “espalhar a palavra e a promover a música dos países africanos de expressão portuguesa”, apontou a organização.

Para o efeito, e tal como tem vindo a fazer em Portugal, os espectáculos em Macau vão ser em formato Afro Baile e têm lugar no dia 23 de Novembro no D2, e no dia seguinte no LMA. De acordo com Manuel Correia da Silva, estes concertos vão dar a conhecer “uma colecção completa de música dos países africanos de língua portuguesa, incluindo álbuns históricos e muitas edições de autor raras”.

A 25 de Novembro, Celeste Mariposa segue para Shenzhen, onde actua no The Oil Bar. Também de Lisboa vem João Vieira para um DJ set enquanto DJ Kitten. A apresentação em Macau tem lugar nos dias 24, no D2, e 25 no LMA. Recorde-se que João Vieira é ainda o mentor de projectos como os Xwife e White Haus

O TIMC não esqueceu os artistas locais e no dia 24 de Novembro é o momento para ver e ouvir a banda indie local “Forget the G” nas Oficinas Navais 2. Segundo a organização trata-se de uma banda que combina música experimental com pós rock, adicionando elementos multimédia nos espectáculos ao vivo.

Ponto de encontro

A edição deste ano vai ter ainda espaço para uma série de conferências todas elas essencialmente debruçadas sobre o papel dos festivais na dinâmica das cidades, afirmou Manuel Correia de Oliveira.
Neste sentido, o TIMC vai abrir com a conferência “Global Creative Network”, no dia 22 pelas 18h, nas Oficinas Navais 2.

O festival segue com as palestras abertas ao público “Live Houses and the City” e “Festivals and the City”.
Entre os oradores vão estar presentes João Vaz da produtora portuguesa Pataca Discos, Márcio Laranjeira da promotora Lovers and Lollypops e Luís Viegas da agência musical Até ao Fim do Mundo.
O objectivo destes momentos é ainda “procurar por em contacto artistas e projectos chineses e lusófonos (…) e ligar os mercados asiáticos, europeus, africanos e sul americanos”, afirmou o organizador.

Surpresas na manga

Além do cartaz já divulgado ainda vai haver surpresas, afirmou Manuel Correia da Silva. “Vamos oferecer mais concertos, certamente, e vamos também abordar uma outra área das industrias criativas, neste caso a fotografia”, disse. De acordo com o responsável, “isto é importante porque acreditamos que este não é só um festival de música e queremos cada vez mais mostrarmo-nos como um festival multidisciplinar”.

Para o ano, os esforços vão ser dedicados em conseguir um alargamento do evento a Portugal até porque “há datas a celebrar relativamente às relações entre a China e Portugal”. A entrada é livre para todos os eventos neste festival que conta com um orçamento de cerca de meio milhão de patacas.

8 Nov 2018

Primeiros contactos diplomáticos com a China numa exposição no Museu do Oriente

[dropcap]U[/dropcap]ma exposição sobre o percurso de três portugueses que, entre o século XIII e XVIII, fizeram os primeiros contactos diplomáticos entre a Europa e a China, vai inaugurar na quinta-feira, no Museu do Oriente, em Lisboa.

“Três embaixadas europeias à China” é o título desta mostra dividida em três núcleos, dedicados aos representantes do Estado Português Tomé Pires e Francisco Pacheco de Sampaio, e o do Papado, o franciscano Lourenço de Portugal.

A exposição engloba 70 peças oriundas de coleções privadas, de instituições como o Arquivo Secreto do Vaticano, a Torre do Tombo, a Biblioteca Nacional e o Museu da Farmácia, entre outras, e do próprio espólio da Fundação Oriente.

São mostradas, por exemplo, a bula papal de 1245 – documento original proveniente da Torre do Tombo – com a nomeação de Frei Lourenço de Portugal como embaixador ao Império Mongol, pelo Papa Inocêncio IV.

Também, segundo o Museu do Oriente, pela primeira vez em Portugal, será mostrada a carta do Imperador Qianlong ao rei D. José I, datada de 1753, com quatro metros de comprimento e escrita em três línguas: manchu, português e chinês.

O núcleo dedicado a Frei Lourenço de Portugal, nomeado embaixador ao Império Mongol pelo Papa Inocêncio IV em 1245, sublinha o facto de esta ser uma embaixada organizada pelo Vaticano em representação política de toda a Europa.

Registando este facto, estão duas bulas papais, uma das quais em documento original proveniente da Torre do Tombo e que data de 1245 e, a outra, uma reprodução do Arquivo Secreto do Vaticano.

Também incluídos neste núcleo, um conjunto de objetos islâmicos de luxo, provenientes do sul de Portugal – uma parte do quais produzida no Médio e Próximo Oriente – mas idênticos aos encontrados ao longo do Oceano Índico, para ilustrar a circulação global de mercadorias e gentes no século XIII.

Dedicado a Tomé Pires e à sua embaixada à China, em 1517 – a primeira missão diplomática oficial de uma nação europeia à dinastia Ming -, o segundo núcleo aborda o percurso deste boticário e farmacêutico, autor da “Suma Oriental”, a primeira e mais completa descrição europeia quinhentista da Ásia, cujo manuscrito pode ser visto na exposição.

O terceiro núcleo centra-se na embaixada de Francisco Pacheco de Sampaio ao Imperador Qianlong, da dinastia Qing, em 1752, numa altura considerada delicada para os interesses portugueses em Macau e na China.

São ainda exibidas neste núcleo peças de arte chinesa do século XVIII, nomeadamente uma poncheira com imagens das feitorias de Cantão, pertencente à “Antiga Coleção Cunha Alves”, recentemente adquirida pela Fundação Oriente.

A mostra, com comissariado de Jorge Santos Alves, professor e coordenador do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, inaugura na quinta-feira, às 18:30, e vai estar patente até 21 de abril de 2019.

7 Nov 2018

Nova associação pretende promover “compreensão e amizade” entre Portugal e China

[dropcap]A[/dropcap] Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, apresentada hoje, pretende “promover a compreensão e a amizade” entre Portugal e China, que, em 2019, assinalam 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas.

A presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, Wang Suoying, ressalvou a importância da associação para “divulgar em Portugal a língua e a cultura chinesas” e sublinhou que os dois países, com uma ligação secular, “estão unidos por uma faixa, por uma rota”, em alusão à Nova Rota da Seda.

O atual traçado oficial das novas rotas da seda é um movimento de globalização de Pequim e contempla múltiplas oportunidades no comércio para Portugal, através da sua vocação europeia e atlântica.

“A associação tem o objetivo de criar, promover e desenvolver atividades de caráter cultural, desportivo, recreativo e social que contribuam para dignificar o prestígio e a divulgação da cultura e língua chinesas”, referiu Suoying, no Centro de Intercâmbio Cultural Molihua, em Lisboa.

A dirigente, que assinalou também a importância de a associação estabelecer colaboração para as comemorações em 2019 dos 20 anos da transferência de administração de Macau para a China, vincou que a nova organização pretende, também, promover “todas as formas de intercâmbio cultural, social, educacional e formativo e de solidariedade social entre Portugal e China”.

Depois da cerimónia de apresentação da associação, antecedida pelo recital de “Guzheng”, pela jovem de 10 anos Humag Lirong, foi lançado o livro “Obras Corais em Mandarim”, de Carlos Santos Silva, e assistiu-se à atuação do Coro Molihua.

7 Nov 2018

João Morais, músico | O Gajo da viola actua hoje no LMA

O palco do LMA recebe hoje João Morais, músico com raízes fundas em terras de punk e metal que se transformou em O Gajo depois de descobrir a viola campaniça. Os primeiros acordes começam a soar na Coronel Mesquita a partir das 22h

 

Desde os anos 80 até 2016 esteve ligado ao rock e ao punk. Como se deu esta passagem para a viola campaniça?

Além do rock, sempre ouvi muitos géneros diferentes de música. Sempre fui muito eclético nas minhas escolhas musicais. Mais recentemente, comecei a explorar a chamada música do mundo e a procurar mais informação. Sempre gostei da identidade geográfica dos projectos, ou seja procurar música pela sua identidade geográfica, seja música do Mali, seja música da Índia ou do que for. A curiosidade perante cada um destes projectos vinha precisamente do facto de terem uma identidade própria, que muitas vezes estava associada aos instrumentos usados. Apesar de tocar rock, sempre pensei que também gostaria que a minha música pudesse ter esta identidade ligada ao local e que a distinguisse do que se faz no resto do mundo. A melhor maneira seria, obviamente, pegar num instrumento tradicional português. Claro que se continuasse a tocar rock nesta linha tinha, se calhar, que transformar um pouco o instrumento que escolhesse. Mas, aí iria fugir à tal identidade e iria trabalhar numa identidade um bocado processada. Por isso, decidi também mudar o estilo de música que fazia. Lá está, como ouvia muita coisa diferente não foi difícil, até porque não gosto mais de rock do que gosto daquilo que estou a fazer agora. O rock sempre me influenciou mais porque desde criança que o ouço, por isso está mais enraizado. Mas já não se identifica tanto com a minha realidade actual. A viola campaniça vai muito mais ao encontro daquilo que pretendia fazer e tinha, claro, a tal identidade geográfica que eu pretendia.

Há vários instrumentos tradicionais em Portugal. Porquê este?

Comecei com uma guitarra portuguesa de Lisboa e aprendi a tocar uns fados. A guitarra portuguesa tem uma técnica muito interessante, mas muito peculiar que não quis desconstruir. Então, procurei outra solução. Essa procura demorou cerca de um ano. Nesse período, fui dar um concerto com a banda de rock que tinha em Beja e cruzei-me com um tocador de viola campaniça, o Paulo Colaço. Fiquei fascinado com aquele instrumento que achei muito bonito, com bom som e que ia ao encontro da tal procura que estava a fazer. Consegui uma viola através de um amigo em Odemira e, a partir daí, fechei-me numa sala de ensaios e fiz a tal adaptação da viola às composições em que já estava a trabalhar.

Como está a correr a carreira de O Gajo?

Não me posso queixar. Tendo em conta todo o meu passado, acho que este ano foi um ano de revolução em termos de aceitação do meu trabalho. A música que fazia estava circunscrita a um nicho e é óbvio que não era uma coisa que tivesse muita possibilidade de se expandir, por exemplo, para fora do país. O rock é uma coisa demasiado abrangente e cantado em português tem ainda menos possibilidade de ter qualquer tipo de chamada de atenção fora do país. Mesmo em Portugal, e como era uma música relativamente pesada, era um nicho. Portanto, não saía de um círculo muito circunscrito. Ao pegar num instrumento como a viola campaniça, foi radical a mudança de espectro de público que consegui alcançar. Não perdi as pessoas que me seguiam anteriormente, até porque, de alguma forma, uma boa parte delas continua a seguir o meu trabalho e ganhei muito público novo que se interessou pela sonoridade do instrumento. Ainda por cima, é uma sonoridade mais contemporânea, não tão agarrada à linguagem tradicional habitual neste instrumento. O disco acabou por ser uma novidade.

O disco “Longe do chão” parece ter também uma sonoridade muito universal, com momentos que lembra a música árabe, outras vezes o fado.

Sendo uma viola alentejana essa aproximação a uma sonoridade árabe faz sentido. É um instrumento do sul da Europa e é natural que faça lembrar alguma coisa também mais mediterrânica. Não sei porque toco as coisas como toco. Não uso nenhuma escala específica para ir procurar esta sonoridade, mas acho que o som da viola também puxa a associação à música mais árabe. Se tivesse uma viola tradicional de caixa possivelmente as composições seriam um bocadinho diferentes. Não querendo aqui igualar-me ao Carlos Paredes, há quem diga que tenho apontamentos que fazem lembrar as composições desse músico. Como é uma grande referência minha podem perfeitamente existir ali uns traçadinhos de guitarra portuguesa. O fado também poderá estar ali presente, de facto, embora numa percentagem mais pequena. As influências de rock também.

Quais são as suas influências?

O Carlos Paredes já é uma referência que vem de trás. Quando aprendi a tocar guitarra portuguesa foram as músicas dele que me ensinaram. Lembro-me que um dos “cliques” para esta ideia de tentar relacionar a minha música com a geografia de onde sou tem que ver com um concerto que vi da Anoushka Shankar e que saí de lá a pensar que era aquilo que gostava de fazer, sem ser com a cítara, obviamente. Diria que ela também foi uma grande influência. Depois há projectos como o dos americanos Wovenhand em que o vocalista usa um instrumento característico que acho que dá uma certa magia e uma cama perfeita para as histórias que canta.

Disse numa entrevista ao Público que esta nova etapa será talvez a sua fase da vida mais punk. Pode explicar?

Isto do punk é uma coisa muito relativa. Não ando a dizer que sou punk. Sempre tive uma banda que toda a gente identificava como sendo uma banda de punk apesar de muitas vezes nem concordar porque achava que era mais rock, sendo que o rock tem uma série de gavetas. Penso que quando se fala aqui de punk fala-se de atitude e no facto de fazer as coisas por mim e da forma mais independente possível. Isto também acontecia por haver falta de interesse das editoras. Aquela banda, os Gazua, de certa forma tinha que caminhar por ela própria. Sempre identifiquei a filosofia do punk com o facto de se tentar libertar da indústria musical que obviamente é mais repressiva em relação à criatividade individual. Na banda tínhamos a nossa liberdade musical mas, inevitavelmente, o rock faz-se de fórmulas e era difícil fazer coisas completamente novas, até porque temos as nossas referências e eu não sou nenhum inventor da pólvora. Quando comecei este projecto a solo, como O Gajo, senti que a viola me poderia transportar quase por caminhos por onde eu nunca tinha andado e que podia desconstruir as várias fórmulas. É nesta liberdade que está o punk. Assim, neste projecto sinto que esta atitude foi encontrada porque estou mais livre. O punk não tem que ver com uma imagem visual, tem que ver com o facto de conseguir ter alguma liberdade criativa.

Esteve na abertura de “O salão de Outono” a apresentar o novo trabalho “O Navio dos Loucos”. O que se pode esperar deste projecto?

O disco sai em Janeiro, mas ainda não está gravado. É um disco que é feito com a participação de convidados e com o uso da palavra. Eu e o José Anjos cruzámo-nos há pouco tempo e foi ele que me desafiou a ter uma aventura com as palavras. Ele tem a sua poesia que eu, entretanto, fui conhecendo e, não só gosto muito, como acho que o casamento com a viola campaniça é simplesmente genial. Por outro lado, esta junção aconteceu de forma muito espontânea. Temos trabalhado neste projecto, viemos aqui com ele e, possivelmente, pode vir a trazer muitas surpresas visto que a ideia é que não seja um projecto fechado.

Está pela primeira vez em Macau. Que impressões leva daqui?

Está a ser uma experiência espetacular, até porque não conhecia nada de Macau. Ainda não consegui ter muito bem a noção da comunidade que, se calhar, mais facilmente se irá interessar pelo meu projecto. Entretanto, também estou curioso com o que vai acontecer no concerto desta noite em que as pessoa são convidadas a participar e a improvisar. Aliás, a ideia é essa mesmo. Entretanto, dá para perceber que Macau é um sítio pequeno e que o jogo tem um peso enorme o que não é uma coisa que ache que seja muito benéfica para o desenvolvimento da cultura. As pessoas que tenho visto também não me parecem ser muito ligadas à cultura o que me leva a pensar que Macau tem espaço para crescer nesse sentido, mas o jogo parece ser o denominador comum a todo o território.

7 Nov 2018

Mia Couto lança hoje “A água e a águia” em Maputo

[dropcap]O[/dropcap] escritor moçambicano Mia Couto lança hoje, em Maputo, a obra “A água e a águia”, um conto infantil ilustrado pela artista canadiana Danuta Wojciechowska, indica um comunicado distribuído à imprensa.

“A água e a águia é um livro infantil sobre as grandes águias que sobrevoam a terra. Projeta-se no texto, a metáfora da construção do rio feita pela águia”, descreve o comunicado. A obra será lançada no espaço cultural da Fundação Leite Couto, criada em memória do pai de Mia Couto.

“O texto de Mia Couto, em cumplicidade com as ilustrações de Danuta Wojciechowska, faz desta obra um espaço singular para refletir poeticamente sobre a água, temática que tem sido recorrente no seu trabalho”,acrescenta.

Mia Couto, nascido em Moçambique em 1955, tem publicada obra em poesia, conto, crónica e romance. Prémio Camões em 2013, Mia Couto é autor, entre outros, de “Jerusalém”, “O Último Voo do Flamingo”, “Vozes Anoitecidas”, “Estórias Abensonhadas”, “Terra Sonâmbula”, “A Varanda do Frangipani” e “A Confissão da Leoa”.

Para os mais novos escreveu ainda “A Chuva Pasmada” ou “O Outro Pé da Sereia”. Danuta Wojciechowska, canadiana há muito radicada em Portugal, é autora e ilustradora de livros para a infância, quase todos com uma temática fortemente ligada à natureza, mas o trabalho visual estende-se também ao design gráfico.

Prémio Nacional de Ilustração 2003 e candidata ao Prémio Hans Christian Andersen, Danuta Wojciechowska já ilustrou obras de Ondjaki, José Eduardo Agualusa, Álvaro Magalhães, Alice Vieira, Lídia Jorge ou Luísa Ducla Soares.

7 Nov 2018

Criador da ‘web’ defende contrato para tornar internet “num sítio melhor”

[dropcap]O[/dropcap] criador da internet, Tim Berners-Lee, defendeu em Lisboa, na Websummit, a criação de “um contrato” entre utilizadores, empresas e governos de todo o mundo para “tornar a ‘web’ num sítio melhor”, reduzindo desigualdades e melhorando questões como a privacidade.

“Temos de criar um contrato para a ‘web’. […] E esse deve ser um contrato com vários princípios para as pessoas se juntarem. Por isso, estou a pedir a vossa ajuda, seja através da vossa empresa ou por vocês próprios”, disse o responsável.

Falando na cimeira de tecnologia Web Summit que decorre até quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, Tim Berners-Lee vincou: “Somos todos responsáveis por tornar a web num sítio melhor”.

“Proponho-vos que façam parte disto. Nós conseguimo-lo fazer juntos”, acrescentou, alargando o pedido ainda a “governos de todo o mundo”, que devem ser “sensibilizados”.

Tim Berners-Lee assinalou que, em 1989, quando criou a ‘web’ queria que esta fosse uma rede de livre acesso e que servisse a humanidade.

“E quando ninguém esperava, a ‘web’ criou coisas incríveis”, observou.

Porém, a seu ver, “sugiram algumas preocupações”, nomeadamente em questões como a privacidade e a segurança ‘online’, o que assinalou mostrando imagens referentes a perfis falsos em redes sociais e a manipulação na internet.

“Devemos proteger-nos”, notou Tim Berners-Lee.

Outro desafio é como possibilitar o acesso à internet a todas as pessoas, já que, de momento, apenas “uma metade” do mundo consegue ter.

É nesse contexto que o criador defende este “contrato”, que tem como mote “Pela Web” (ou como ‘hashtag’ #fortheweb), visando criar valores de equidade e de segurança para todos os utilizadores da internet.

“Precisamos ter a certeza de que as pessoas que estão ligadas à ‘web’ podem criar o mundo que desejam e usá-lo para corrigir os problemas que existem”, adiantou, defendendo que a internet seja “mais pacífica e mais construtiva”.

Para esta edição, a terceira em Lisboa, a organização já prometeu “a maior e a melhor” de sempre, com novidades no programa e o alargamento do espaço, sendo esperados mais de 70 mil participantes de 170 países.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto económico de mais de 500 milhões euros.

Inicialmente, estava previsto que a cimeira ficasse por apenas três anos, mas em outubro deste ano foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL.

No ano passado, o evento reuniu na capital portuguesa cerca de 60 mil pessoas de 170 países, das quais 1.200 oradores, duas mil ‘startups’, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

6 Nov 2018

Mariza é a vencedora do Prémio Luso-Espanhol Arte e Cultura 2018

[dropcap]A[/dropcap] fadista portuguesa Mariza é a vencedora do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2018, pelo “seu trabalho a favor do fomento das relações entre Portugal e Espanha”, anunciou hoje o ministério da Cultura de Portugal.

O júri do prémio, reunido ontem, no ministério da Cultura e Desporto de Espanha, em Madrid, “decidiu atribuir, por unanimidade, o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2018 à cantora portuguesa Mariza”, lê-se num comunicado hoje divulgado pelo ministério português da Cultura, no qual é referido que a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, “já felicitou Mariza por esta distinção”.

O prémio, atribuído pelos governos de Portugal e de Espanha, no valor de 75 mil euros, reconhece a obra de um criador no âmbito da arte e da cultura, que fomente a comunicação e cooperação cultural entre os dois países.

O júri, lê-se no comunicado, considerou que o trabalho de Mariza “a favor do fomento das relações entre Portugal e Espanha é visível na sua participação no filme ‘Fados’, do realizador espanhol Carlos Saura, nos numerosos concertos que, desde 2008, dá em vários locais de Espanha, assim como nos duos que interpreta com reconhecidos cantores como Miguel Poveda, Tito Paris, Concha Buika ou Sergio Dalma, uma fusão bem-sucedida de ritmos que contribuem para derrubar fronteiras e aproximar públicos”.

Este ano, o júri do prémio foi constituído pelos portugueses João Fernandes (subdiretor do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía), Pedro Serra (professor do Departamento de Filologia Moderna da Universidade de Salamanca) e João Luís Carrilho da Graça (arquiteto) e pelos espanhóis Ana Santos (diretora da Biblioteca Nacional da Espanha), Juan Cruz (jornalista e escritor) e Adriana Moscoso (diretora-geral das Indústrias Culturais e de Cooperação de Espanha).

O Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, de caráter bienal, foi criado em 2006 pelos governos de Portugal e Espanha para reconhecer o trabalho de um autor ou entidade que “tenha contribuído significativamente para o reforço dos laços entre os dois Estados e para um maior conhecimento recíproco da criação ou do pensamento”.

Nas edições anteriores foram distinguidos, a jornalista Pilar del Río, o escritor e tradutor José Bento, o professor Perfecto Cuadrado, o arquiteto Álvaro Siza, o realizador Carlos Saura e a escritora Lídia Jorge.

Marisa dos Reis Nunes (Mariza) nasceu em Maputo, em 1973. Em 2001, editou o álbum de estreia, “Fado em Mim”, no qual gravou temas de Tiago Machado e Jorge Fernando, e resgatou do repertório fadista “Loucura”, “Maria Lisboa” e “Há Festa na Mouraria”, entre outros.

Em maio editou “Mariza”, com temas compostos, entre outros, por Jorge Fernando, Mário Pacheco, Matias Damásio e Carolina Deslandes, e que está nomeado este ano para os Prémios Grammy Latinos, na categoria de ‘Best Portuguese Language Roots Album’.

A fadista já esteve várias vezes indicada para os Grammy Latinos, nomeadamente com os álbuns “Mundo” (2015), “Terra” (2008) e “Concerto em Lisboa” (2006). No ano passado, em novembro, foi nomeada Mestre da Música Mediterrânica, pela Universidade de Berklee, em Boston, nos Estados Unidos. Actualmente, Mariza está a realizar uma digressão europeia, que começou em setembro na Polónia.

6 Nov 2018

MAM acolhe “Jardim Brilhante – Obras de Guan Huai Bin”

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) tem patente uma nova exposição aberta ao público intitulada “Jardim Brilhante – Obras de Guan Huai Bin”. Citado por um comunicado do Instituto Cultural (IC), o director do MAM, Chan Kai Chon, explica que as obras deste artista chinês se focam “na exploração experimental da apresentação performativa da arte multimédia no processo de criação e, ao mesmo tempo, na prática artística, possui um profundo pensamento teórico”.

Ao todo estão presentes sete instalações e nove vídeos da autoria deste artista contemporâneo, e que foram criadas entre 2011 e este ano. “Guan Huaibin destaca-se na desconstrução e integração de elementos culturais tradicionais num sistema de linguagem próprio na estrutura das suas obras”, aponta o mesmo comunicado.

Com esta exposição, o “artista oferece ao público uma abrangente e inovadora experiência de novas artes, media e aprofunda a colisão de ideias”. Além disso, “tanto as instalações que formam o espaço como as imagens em movimento estão interligadas, servindo ambas como pista para desvendar o tema e os símbolos da exposição e constituindo em conjunto uma atmosfera de ‘jardim’”.

Actual director da Escola de Arte Intermédia da Academia de Artes da China, Guan Huaibin acredita que a arte “é um processo de observação do eu, de reconhecimento e de questionamento do mundo”, refere o mesmo comunicado. A exposição “Jardim Brilhante – Obras de Guan Huai Bin” está patente até 24 de Fevereiro de 2019.

6 Nov 2018

Festival Internacional de Curtas-Metragens divulga cartaz de animação

Entre os dias 4 e 9 de Dezembro, o Teatro Dom Pedro V recebe o Festival Internacional de Curtas-Metragens, que terá em exibição 90 filmes oriundos dos quatro cantos do mundo. Ontem foram revelados as curtas que participam na classe de animação, e que vão ser exibidos no dia 6 de Dezembro

 

[dropcap]O[/dropcap]s primeiros detalhes do cartaz do Festival Internacional de Curtas-Metragens, Sound & Image Challenge, estão aí com a divulgação dos filmes que participam na categoria de animação. O evento, marcado para o Teatro Dom Pedro V, decorre entre os dias 4 e 9 de Dezembro e conta com 90 filmes, 13 palestras, dois concertos, 15 prémios, 10 videoclips e 4 masterclasses.

Com filmes originários um pouco de todo o mundo, a edição deste ano da secção de animação, que será exibida a 6 de Dezembro a partir das 15h30, tem em destaque duas películas portuguesas e uma de Macau. “Porque este é o meu ofício” é o nome do filme de Paulo Monteiro. Em pouco mais de 10 minutos, a curta leva o espectador a perder-se num “vórtice de tempo sobre a infância” e na forma como “ela nos marca para a vida”, pode-se ler no comunicado da Creative Macau. A narrativa centra-se na relação entre pai e filho e nas “muitas palavras nunca ditas, porque estão escritas no coração”.

Também de Portugal chega-nos “Rácio entre dois volumes”, de autoria de Catarina Sobral. O equilíbrio e o volume são os focos deste filme, com um dos personagens, Sr. Cheio, a funcionar como uma espécie de esponja circunstancial que guarda dentro de si todas as situações em que se envolve no dia-a-dia. “Nunca esquece uma lembrança, um pensamento ou uma emoção”, lê-se no comunicado de apresentação da categoria de animação do Festival Internacional de Curtas-Metragens. Por outro lado, independentemente dos esforços constantes, nada preenche o Sr. Vazio. Até ao dia em que o Sr. Cheio decide confrontar os seus medos e Sr. Vazio resolve viajar.

O som e a imagem

“A Lâmpada Bob”, de autoria de Chong Chon In, é o filme que representa Macau na secção de animação da edição deste ano do Festival Internacional de Curtas-Metragens. A narrativa gira em torno da vida profissional de uma lâmpada chamada Bob, como indica o título do filme, que conseguiu finalmente o emprego dos seus sonhos. Porém, logo no primeiro dia, Bob percebe que o “seu trabalho é odiado por muitas pessoas”.

A representação da República Checa faz-se através de “Vigilante”, de autoria de Filip Diviak, que tem como cenário um país nórdico indefinido no início do século XIX. “A história é sobre a vida estereotipada de um idoso que trabalha como vigilante acordando pessoas. A sua vida é sempre igual, até ao dia em que recebe um velho sino brilhante”, refere o comunicado da Creative Macau.

Do Canadá chega-nos “Magi”, realizado por Hao-feng Lu. O pequeno filme de menos de dois minutos procura expressar “a busca artística de animação 2D, usando técnicas de animação directa e animação em papel em três estados abstractos: rigidez, maleabilidade e epifania”.

Também do continente americano, mas bem mais a sul, é exibido no ecrã do Teatro Dom Pedro V “Novo Brinquedo”, um filme da autoria do brasileiro Rogério Boechat. A narrativa centra-se num dia de particular tédio para um bebé, que se altera radicalmente quando a mãe lhe oferece um urso de peluche. O novo brinquedo torna-se no seu melhor amigo. Com o tempo a excitação da novidade esvai-se e o tédio apodera-se da relação, até que uma reviravolta do destino troca as voltas à improvável dupla.

6 Nov 2018

Guterres recebe hoje prémio da CPLP pela promoção da língua portuguesa

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, vai receber hoje em Lisboa o prémio José Aparecido de Oliveira, atribuído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), pelo contributo para a promoção da língua portuguesa.

Os chefes de Estado e de Governo da CPLP tomaram esta decisão em julho de 2018, na cimeira de Santa Maria (Sal, Cabo Verde), “pela atuação singular, com projeção internacional, na defesa e promoção dos princípios e valores da CPLP, bem como pelo elevado contributo na promoção e difusão da Língua Portuguesa”, adianta a organização lusófona num comunicado.

O antigo primeiro-ministro português e ex-alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. participou, enquanto primeiro-ministro de Portugal, na cimeira constitutiva da CPLP, a 17 de julho de 1996.

O prémio homenageia a ação do embaixador José Aparecido de Oliveira, que “marcou, de forma indelével, o surgimento da CPLP, convertendo em realidade um sonho acalentado pelos povos dos países de língua portuguesa, espalhados por quatro continentes, e fazendo do seu autor um arauto do futuro”, acrescenta o comunicado.

O prémio, criado em 2011, seria atribuído pela primeira vez no ano seguinte ao antigo Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2014, receberam a distinção o antigo Presidente e primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão e a Igreja Católica Timorense, enquanto em 2016 os distinguidos foram o antigo chefe de Estado português Jorge Sampaio, o ex-secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África Carlos Lopes e o embaixador Lauro Barbosa da Silva Moreira, diplomata de carreira do Brasil e primeiro representante permanente junto da CPLP.

5 Nov 2018

Ana Margarida de Carvalho recebe Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco

[dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores, é entregue hoje, em Vila Nova de Famalicão, autarquia que o patrocina, à escritora Ana Margarida de Carvalho, pelo livro “Pequenos Delírios Domésticos”. Ana Margarida de Carvalho foi uma das autoras convidadas da última edição do festival literário Rota das Letras.

“Um júri constituído por Cândido Oliveira Martins, Fernando Batista e Isabel Cristina Mateus decidiu, por unanimidade, atribuir o prémio ao livro ‘Pequenos Delírios Domésticos’, de Ana Margarida de Carvalho”, divulgou no passado dia 29 de outubro, a Associação Portuguesa de Escritores (APE), em comunicado.

Segundo o júri, “trata-se de um conjunto de contos que surpreende o leitor pela invulgar atualidade temática e sociológica (dos incêndios que devastaram o país, em 2017, aos dramas íntimos de portugueses convertidos ao estado islâmico, de refugiados sírios num lar de velhos ou de uma mulher tunisina que dá à luz num barco apinhado de gente durante a travessia do Mediterrâneo, entre outros)”.

A escritora alia a estas histórias “um notável trabalho de precisão e depuramento da palavra e, acima de tudo, a um olhar atento aos dramas humanos, independentemente do lugar mais ou menos doméstico que lhes serve de palco”, afirma o júri, em ata, citada pela APE.

A estreia literária de Ana Margarida de Carvalho, “Que importa a fúria do mar”, valeu-lhe o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, em 2013, que voltou a receber em 2016 com “Não se pode morar nos olhos de um gato”, que foi também distinguido com o Prémio Manuel Boaventura.

Jornalista, Ana Margarida de Carvalho foi finalista este ano do Prémio P.E.N. na categoria narrativa, com esta sua primeira obra de contos.

O Grande Prémio, com o valor pecuniário de 7.500 euros, é patrocinado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Foi instituído, em 1991, pela APE e “destina-se a distinguir uma obra em língua portuguesa de um autor português ou de país africano de expressão portuguesa, publicada em livro, primeira edição, no decurso do ano de 2017”. O ano passado a vencedora foi Teolinda Gersão, com a obra “Prantos, Amores e Outros Desvarios”.

5 Nov 2018

“A Sombra Manifesta” vai representar Macau na Bienal de Veneza 2019

[dropcap]“A[/dropcap] Sombra Manifesta” de Lio Sio Man e Heidi Lau foi a proposta escolhido apara representar Macau na Bienal de Veneza, em Itália. Esta obra vai, no evento que se realiza em Maio do próximo ano vai, desconstruir a “imagem actual demasiadamente simplificada de Macau e revelar a sua identidade cultural intrincada, mostrando assim a Macau invisível”, revela o Instituto Cultural (IC), em comunicado.

“A Sombra Manifesta”, é uma obra que utiliza a sobretudo o trabalho em cerâmica e que tem como objectivo, “alterar a impressão estereotipada das pessoas sobre Macau e mexer com a re-imaginação da cidade e da sua identidade através da reconstrução mental da terra natal na memória, da introspecção sobre as ruínas da cidade e da inferência de mitos paranormais”, refere a mesma fonte.

A obra de Lio Sio Man e Heidi Lau foi considera pelo júri como detentora de um discurso estético completo além de representar uma “retrospecção sobre o homem e a sua cultura”. A obra reflecte ainda sobre a “monstruosidade” do território materializada “na diversidade de culturas, na mistura de diversas religiões, na tradição e na modernidade do real e do irreal”, indicadores relevantes do contexto híbrido de Macau.

5 Nov 2018

Vhils ofereceu obra para leilão em Londres de apoio à saúde mental masculina

[dropcap]O[/dropcap] artista português Alexandre Farto, que assina como Vhils, é um dos nove artistas urbanos que produziram obras para um leilão em Londres a favor da Fundação Movember e do trabalho na área da saúde mental masculina e prevenção do suicídio.

Em parceria com a leiloeira Sotheby’s, a iniciativa foi conduzida pelo artista e galeria Dean Stockton, mais conhecido por D*Face, cujos murais de arte pop são comparados ao estilo observado nas telas de Roy Lichtenstein.

“Na sua essência, a arte urbana sempre procurou quebrar barreiras físicas e sociais. Da mesma forma, eu acredito plenamente que a Arte Urbana tem a capacidade de romper o estigma social da saúde mental dos homens e quebrar essa fronteira invisível que faz com que os homens mantenham os problemas para si mesmos”, disse, citado num comunicado.

Stockton revela que artistas como ele sofrem muitas vezes de problemas como isolamento e solidão, e que a arte urbana pode ser um catalisador para o debate sobre a saúde mental masculina.

O seu trabalho, intitulado “Confortem os solitários”, que retrata duas figuras masculinas abraçadas, pretende abordar o assunto frontalmente para que inspire conversas entre amigos do sexo masculino em relação ao seu bem-estar mental.

“Tanto pode ser alcançado em poucas palavras, alguém apenas precisa de começar a conversa”, referiu.

Vhils contribui com “Babel Series #10”, uma obra feita a partir de posters colados uns sobre os outros, e nos quais o artista talhou rasgos que, no conjunto, formam um olho humano.

A peça tem um valor de venda estimado entre 6.000 e 8.000 libras (6.743 a 8.991 euros).

“Vhils usa cartazes encontrados nas ruas, que ele esculpe em retratos cativantes de pessoas. Com a contribuição dele para o grupo de solidariedade Movember, ele colocou em destaque o olhar de um observador anónimo, talvez referindo-se à necessidade de ‘ficar de olho’ nas pessoas em nosso redor”, comentou Boris Cornelissen, diretor adjunto da Sotheby’s e especialista em arte contemporânea, em declarações à agência Lusa.

Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, tendo estudado mais tarde Belas Artes na universidade Central Saint Martins, em Londres.

É reputado pelo uso de ferramentas como martelos pneumáticos para ‘escavar’ retratos em paredes ou muros exteriores, tendo feito intervenções em Portugal, Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia, Macau e Brasil.

Além de Vhils e D*Face, associaram-se à iniciativa Shepard Fairey, Jonathan Yeo, Ben Eine, Alexis Diaz, Okuda, Felipe Pantone e Conor Harrington.

As obras poderão ser vistas na galeria da Sotheby’s, em Londres, no âmbito da exposição “Contemporary Curated”, de 16 a 19 de novembro, antes de serem vendidas no leilão de arte contemporânea que vai realizar-se no dia 20 de novembro, em Londres, em paralelo com um leilão ‘online’ que decorre até ao dia seguinte.

A Fundação Movember, cujo nome junta as palavras “moustache” e “november”, promove anualmente uma campanha durante o mês de novembro, quando apoiantes deixam crescer o bigode para sensibilizar para vários aspetos da saúde masculina, como o cancro da próstata e do testículo.

4 Nov 2018

Luísa Sobral faz o elogio da imperfeição em “Rosa”, o novo álbum, quase como um concerto

[dropcap]A[/dropcap] cantora e autora Luísa Sobral definiu o seu novo álbum, “Rosa”, a editar na próxima semana, como “um disco de ‘cantautor’, em que as letras são mais importantes”, em que “é quase como estar num concerto”.

Em entrevista à agência Lusa, Luísa Sobral afirmou que pensou neste novo álbum, que é editado na próxima sexta-feira, como “um disco de ‘cantautor’, em que as letras são mais importantes, e que é quase como estar num concerto, porque é tudo muito verdadeiro”,

“Gravámos tudo ao mesmo tempo, os ‘takes’ imperfeitos, deixámo-los imperfeitos, porque tanto eu como o produtor [Raül Refree] gostamos da imperfeição. Foi tudo muito orgânico, muito verdadeiro, e era isso que me importava”, disse.

Relativamente ao novo CD, todo gravado em português, a cantora afirmou que pretendia “algo mais despido, simples e direto”, e daí o convite ao espanhol Raül Refree, que trabalhou com Sílvia Pèrez Cruz e Rosalía, para o produzir.

Luísa Sobral assina, letra e música, das onze canções que constituem o CD, que tomou o nome de “Rosa”, em homenagem à sua filha, pois foi composto durante a sua gravidez, o que influenciou o trabalho final.

“Este disco conta histórias e fala de amor, como todos os meus álbuns, mas este tem uma sonoridade diferente, e as canções estão mais expostas, além da minha voz estar um bocadinho diferente, porque durante a gravidez fiquei muito rouca, o que influenciou a forma como compus, mas decidi gravar assim, com a voz que me fez escrever as canções”, disse.

Luísa Sobral reconheceu existirem expectativas, relativamente a este seu novo álbum, mas disse: “Tentei não pensar muito nisso, para sair tudo de uma forma natural: não pensei, mesmo, muito nisso”.

“O mais diferente é o disco ser todo cantado em português, o facto de ser tão despido, e mudei o grupo de acompanhadores, que anteriormente eram guitarra, piano, bateria e contrabaixo, mas continuo a ser eu na composição, e com as minhas características”.

Neste CD, Luísa Sobral, além da voz, toca guitarra clássica, e é acompanhada pelos músicos Raül Refree, que assina a produção, nas guitarras clássica, acústica, elétrica, ‘Hammond’ e ‘Fender Rhodes’, Antonio Moreno, na percussão, Sérgio Charrinho, no fliscorne, Gil Gonçalves, na tuba, e Ângelo Caldeira, na trompa.

Um disco “simples”, disse, mas que é o que mais gosta na arte, “pois é mais directo e chega ao coração das pessoas”.

“A palavra simples é muitas vezes subestimada, mas, para mim, simples é o melhor, é o mais fácil de chegar às pessoas. E, às vezes, vamos analisar o ‘simples’ e não é nada tão simples assim, mas acaba por parecer, e é o que mais gosto na arte, parecer simples e afinal não é”, argumentou.

Neste CD, a intérprete partilha a canção “Só um Beijo”, com o irmão Salvador Sobral, que poderá vir a ser um dos convidados dos concertos de apresentação do álbum, em Fevereiro, no Porto, dia 9, na Casa da Música, e, no dia 22, no TivoliBBVA, em Lisboa.

“Não pensei ainda nestes concertos, mas, a convidar, seria o meu irmão [Salvador Sobral], a ver se ele pode, e o Raül Refree”, disse.

O CD abre com a canção “Nádia”, que remete para o drama dos migrantes que atravessam o mar Egeu, para alcançarem a Europa, para sobreviverem. E, através de outras, como “Querida Rosa”, “Benjamim”, “Mesma Rua, Mesmo Lado”, “Dois Namorados” ou “Maria do Mar”, Luísa Sobral vai apresentando personagens e contando a suas histórias.

4 Nov 2018

Cantora Maria Guinot morre aos 73 anos

[dropcap]A[/dropcap] cantora, compositora e pianista Maria Guinot, que representou Portugal no Festival da Eurovisão em 1984, com “Silêncio e Tanta Gente”, morreu hoje, aos 73 anos, avançou o canal de televisão SIC. Maria Guinot – Maria Adelaide Fernandes Guinot Moreno – nasceu em Lisboa, em 1945, fixou-se com a família no Barreiro, ainda na infância, iniciou uma formação musical clássica, em finais da década de 1950, mas foi no modelo de canção que se destacou.

Editou um primeiro ‘single’, em 1968, com “Criança Loura”, “A Canção Que Eu Canto”, “La Mère Sans Enfant” e “Toi, Mon Ami”, revelando-se como autora, na linha dos ‘baladeiros’, que emergia na época.

A perspectiva foi reafirmada num segundo disco, no ano seguinte, com canções como “Balada do Negro Só”, “Silêncios do Luar”, “Escuta Menino”, “Poema de Inverno”. Apesar de ouvida na rádio, ficou afastada dos palcos durante vários anos.

O regresso aconteceu em 1981, com “Um Adeus, Um Recomeço”, que lhe garantiu o 3.º lugar no Festival RTP, a edição de novos discos e a revelação de novas canções: “Falar Só Por Falar”, “Vai Longe O Tempo”, “Um Viver Diferente”.

Foi, porém, em 1984, quando venceu o Festival RTP, com “Silêncio e Tanta Gente”, que o seu nome chegou ao grande público. A interpretação ficou na memória: em solidariedade com os músicos em greve, Maria Guinot recusou o ‘playback’ adotado nessa edição, e acompanhou-se a si mesma ao piano.

Em 1986, compôs “Homenagem às mães da Praça de Maio”, nos dez anos do início da concentração das mulheres que, em Buenos Aires, exigiam saber dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).

A canção foi incluída no duplo álbum da CGTP-Intersindical “Cem anos de Maio” e foi uma das ‘bandeiras’ do programa “Deixem Passar a Música”, da RTP, no qual Maria Guinot foi acompanhada por José Mário Branco, que produziu e dirigiu a orquestra.

Guinot cantou aqui grande parte do seu repertório, destacando-se a sua “Saudação a José Afonso”, canção recusada pelo júri do festival da canção de 1986. “Não podia deixar passar esta oportunidade de homenagear um homem como José Afonso”, disse Maria Guinot no programa, emitido pouco antes da morte do compositor de “Grândola, Vila Morena”. “A orquestração de José Mário Branco é de desespero e de raiva”, acrescentou.

No ano seguinte, lançou o seu primeiro álbum, “Esta Palavra Mulher”, numa edição de autor. Seguir-se-ia, em 1991, “Maria Guinot”, com produção de José Mário Branco, e a participação de músicos como a violoncelista Irene Lima, o contrabaixista Carlos Bica, o saxofonista Edgar Caramelo e o percussionista João Nuno Represas. Até 2004, quando foi editado “Tudo Passa”, não há registo de outros disco de Maria Guinot.

Escreveu, porém, “Histórias do Fado” (1989), com Ruben de Carvalho e José Manuel Osório, e manteve a intervenção política e social: subscreveu a saudação ao 30.º aniversário da Revolução Cubana, em 1989, com o ator Rogério Paulo, os escritores José Saramago e Natália Correia; condenou a política de não admissão de mulheres por bancos privados portugueses, no manifesto “Dizemos Não Aos Bancos Com Preconceitos”, no início dos anos de 1990; fez parte do movimento pela despenalização do aborto e da Frente para a Defesa da Cultura, que, na época, marcou a contestação do setor.

Em 1991, actuou em Cabo Verde, no Dia de Portugal. Em 1994, nos 20 anos do 25 de Abril, montou o espetáculo “Os Poetas de Abril”, com a atriz e encenadora Fernanda Lapa. Afastada do activo desde 2010, por doença, recebeu, em 2011, a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

4 Nov 2018

Fotografia | Associação “Somos!” cria concurso sobre imagens da lusofonia

[dropcap]A[/dropcap] “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” lança em Dezembro um concurso de fotografia intitulado “Somos – Imagens da Lusofonia”, com o tema “Raízes Lusófonas: Veículos de Comunicação”. O objectivo desta iniciativa é, de acordo com um comunicado “disponibilizar mais um canal em Macau de divulgação das tradições e da cultura que mantêm ligados os países e regiões do universo lusófono”.

Os interessados devem inscrever-se entre os dias 1 e 31 de dezembro deste ano e os resultados serão anunciados no mês de Fevereiro do próximo ano, seguindo-se uma exposição fotográfica.

Do júri fazem parte os fotógrafos Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há oito anos, Lim Choi, Paulo Cordeiro, Rodrigo Cabrita e Rui Caria. A ideia é que os participantes possam “captar momentos, objectos, ideias ou pessoas e que contribuam, de alguma forma, para a transmissão da herança e características lusófonas”. O concurso está aberto a todos os cidadãos dos países falantes de português e Macau, além de que são permitidas fotografias tiradas num destes países. Cada concorrente só pode apresentar três fotografias e estas devem ser originais. Os prémios variam entre duas a cinco mil patacas.

Além da exposição com as imagens vencedoras, deverá ser feita uma outra mostra “com todas as outras fotografias admitidas a concurso que o júri considere relevantes ou de valor tendo em conta o enquadramento com o tema do concurso fotográfico e o propósito da Somos – ACLP, de projectar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países e regiões de Língua Portuguesa”.

1 Nov 2018

Livro “Timor-Leste – Da guerrilha às forças de defesa” apresentado hoje na FRC

[dropcap]E[/dropcap]m Maio de 2002 Timor-Leste tornou-se o novo Estado soberano do século XXI depois de anos de ocupação indonésia, mas um ano antes foi necessário transformar os 650 homens que participaram na luta, pois deixaram de ser guerrilheiros.

Luís Bernardino, autor do livro “Timor-Leste – Da guerrilha às forças de defesa”, em parceria com Nuno Canas Mendes, acompanhou de perto este processo de transformação das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTIL) em Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL). Na obra, apresentada hoje na Fundação Rui Cunha (FRC), constam imagens e testemunhos dessa fase em que o país caminhava para se afirmar como um Estado democrático.

“Eu participei em 2001 nesta equipa, e sou uma das pessoas responsáveis por este projecto. Nesse tempo fiz um conjunto de fotografias e o objectivo é disponibilizar aos timorenses uma foto-reportagem associada a alguns textos explicativos deste processo. É um documento histórico, um livro institucional”, contou Luís Bernardino ao HM.

Além de ser Tenente-Coronel de Infantaria do Exército Português e licenciado em ciências militares, Luís Bernardino tem também um mestrado em estratégia e um doutoramento em relações internacionais, sendo também membro da Nato Joint Force Command Brunssum Holand.

Publicado em três idiomas – português, inglês e tétum – a obra “é uma homenagem e um testemunho de um processo que envolveu as lideranças de Timor-Leste, o Governo português, outros países da região e a ONU, e que se caracterizou por uma mudança daquilo que é uma força de guerrilha, fruto de uma ocupação e de uma resistência, para umas forças armadas num panorama diferente de um Estado democrático”

Luís Bernardino classifica o livro como “institucional, porque pretende fazer a homenagem aos 650 militares guerrilheiros que fizeram esse processo de transição”. Além disso, “em termos académicos, é relativamente inédito e, de alguma forma, um caso de estudo para quem se dedica à área da segurança e das relações internacionais”.

Estudos são necessários

No processo de mudança em prol da constituição das FDTL, houve duas fases de formação dos militares, primeiro nas montanhas de Timor-Leste e depois num centro de formação.

“Quisemos dar à comunidade mundial uma visão de como aconteceu este processo em Timor-Leste e que mostra de forma bastante visível como é que neste processo complexo da transição o país foi ganhando vantagem e normas para um Estado democrático e de Direito”, contou Luís Bernardino, que considera que continuam a faltar investigações e livros sobre a história de Timor-Leste, que obteve a sua independência face a Portugal em 1975. Poucos meses depois seria ocupado pela Indonésia, tendo anexado o território como a 27ª província do país.

“Os livros são sempre importantes e são testemunhos que ficam. Este livro tem essa vantagem porque tem textos explicativos e também imagens. Já estão a aparecer alguns livros de pessoas que participaram no processo de resistência, mas seria desejável que aparecessem mais”, rematou.
Antes da sua apresentação em Macau, “Timor-Leste – Da guerrilha às forças de defesa”, foi editado em Portugal, tendo sido acompanhado por uma palestra e exposição de fotografia.

31 Out 2018

Sexta e última temporada de “House of Cards” estreia-se na sexta-feira

[dropcap]A[/dropcap] sexta e última temporada da série norte-americana “House of Cards”, que tinha sido suspensa no ano passado na sequência de acusações de assédio sexual ao protagonista, o ator Kevin Spacey, estreia mundialmente na sexta-feira.

A sexta e última temporada da série tem oito episódios, protagonizados pela atriz Robin Wright, que nas temporadas anteriores interpretava o papel de Claire Underwood, mulher de Frank Underwood, a personagem de Kevin Spacey.

Nesta temporada, os actores Diane Lane, Bill Shepard e Greg Kinnear irão juntar-se ao elenco, do qual fazem parte, entre outros, Michael Kelly, Jayne Atkinson, Patricia Clarkson e Boris McGiver. Em Outubro do ano passado, a Netflix anunciou que a sexta temporada da série seria a última.

Esse anúncio foi feito pouco depois de ter surgido a primeiro denúncia contra Kevin Spacey. Nessa altura, o ator Anthony Rapp acusou Spacey de o ter assediado sexualmente numa festa em 1986, quando tinham, respetivamente, 14 anos e 26 anos.

Na sequência da acusação, Kevin Spacey assumiu a sua homossexualidade e garantiu que não se recordava do episódio relatado, apesar de ter dito que, se realmente aconteceu, devia “sinceras desculpas” a Rapp pelo seu comportamento. Entretanto, a produção da série foi suspensa, tendo sido retomada este ano.

Antes disso, Netflix e o estúdio Media Rights Capital anunciaram que cortariam relações com Kevin Spacey, tendo ainda a plataforma tornado público o cancelamento do filme sobre o escritor norte-americano Gore Vidal, autor de obras como “Lincoln” ou “Império”, que seria protagonizado pelo ator.

Entretanto, oito actuais e antigos funcionários de “House of Cards” acusaram Spacey de ter tornado tóxico o ambiente da produção da série, por causa do assédio sexual.

Também no final do ano passado, o teatro Old Vic, em Londres, reuniu testemunhos de 20 pessoas sobre o alegado “comportamento inapropriado” do ator norte-americano, que entre 2004 e 2015 foi diretor artístico daquela estrutura.

Já em Agosto deste ano, o jornal Los Angeles Times avançou que Kevin Spacey estava a ser investigado nos Estados Unidos num novo caso de alegada agressão sexual. Um porta-voz da polícia do condado de Los Angeles explicou que a suposta agressão ocorreu em outubro de 2016 em Malibu, no estado da Califórnia. As autoridades já estavam a investigar o actor por um incidente semelhante que terá ocorrido em Outubro de 1992, em West Hollywood.

31 Out 2018

Filósofo Chen Lai aborda valores e visão de mundo da cultura chinesa no domingo

[dropcap]“V[/dropcap]alores e Visão de Mundo da Cultura Chinesa – Horizonte da Globalização” titula a palestra proferida, no próximo domingo, por Chen Lai, descrito como um dos mais influentes filósofos e pensadores contemporâneos da China. A iniciativa, marcada para as 15h no auditório do Instituto Politécnico de Macau (IPM), integra as palestras de mestres da cultura organizadas pelo Instituto Cultural (IC) desde 2013.

Em comunicado, o organismo indica que Chen Lai, que é actualmente director da Academia de Estudos Chineses da Universidade Tsinghua e conselheiro do Instituto Central de Investigação de Cultura e História, tornou-se o primeiro doutorado em filosofia na nova China. Chen Lai, que estuda sobretudo história da filosofia chinesa, com especial foco no confucionismo, recebeu inúmeras distinções na China.

A palestra, que vai ser conduzida em mandarim, com tradução simultânea para português, tem entrada livre, embora seja necessário inscrição. O prazo para o efeito termina às 17h do próximo sábado.

31 Out 2018