China | 65 milhões sob confinamento total e desencorajados a viajar

A China colocou 65 milhões de pessoas sob medidas de confinamento altamente restritivas, e está a desencorajar viagens domésticas, durante os próximos feriados nacionais, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

A maioria das 21 milhões de pessoas na cidade de Chengdu, sudoeste do país, está proibida de sair de casa, enquanto na cidade portuária de Tianjin, no leste, as aulas passaram a ser dadas ‘online’, depois de terem sido diagnosticados 14 novos casos, a maioria sem sintomas.

A China registou ontem um total de 1.552 novos casos informou a Comissão Nacional de Saúde. O país asiático é o mais populoso do mundo, com 1,4 mil milhões de habitantes.

A altamente contagiosa variante Ómicron está a obrigar as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas. A estratégia obriga ao isolamento de todos os casos positivos, incluindo os assintomáticos, e respectivos contactos diretos, a realização de testes em massa e bloqueio de distritos e cidades inteiras.

Estas medidas têm grandes custos económicos e sociais, mas o Partido Comunista Chinês diz que são necessárias para impedir a disseminação mais ampla do vírus, detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019.

Feriado condicionado

O medo de ser apanhado num bloqueio ou enviado para um centro de quarentena, por ter tido contacto próximo com um caso positivo, restringe severamente a vida social e profissional. Em Chengdu, o início do novo período escolar foi adiado e a maioria dos moradores está sob confinamento.

No total, 33 cidades estão sob confinamento, de acordo com a imprensa estatal. Várias cidades pediram aos residentes que não viajem durante os próximos feriados oficiais na China.

Pequim anunciou que durante os feriados de meados de Outono, no dia 12 de Setembro, e do Dia Nacional, no início de Outubro, as autoridades vão ser “mais rigorosas” na gestão e controlo da pandemia, segundo o jornal oficial Global Times.

Desde o início do surto, a China colocou dezenas de milhões de pessoas sob bloqueios implacáveis, restringindo por vezes o acesso a alimentos, cuidados de saúde e necessidades básicas. O bloqueio de quase dois meses de Xangai, a “capital” financeira da China e importante centro industrial, abalou a economia do país e causou um êxodo de residentes estrangeiros.

6 Set 2022

Espionagem | NSA acusada de piratear computadores de universidade

Uma agência de segurança da China acusou ontem os Estados Unidos de piratearem os computadores de uma universidade que, segundo as autoridades norte-americanas, desenvolve investigação na área militar, num novo episódio de acusações recíprocas de ciber-espionagem

 

De acordo com o Centro de Resposta a Emergências de Vírus Informáticos da China, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos infiltrou-se e acedeu, em Junho passado, ao sistema interno da Universidade Politécnica do Nordeste da China.

A NSA alegadamente obteve informações sobre a gestão de rede da universidade e outras “tecnologias essenciais”, lê-se no comunicado da entidade chinesa. Os analistas chineses encontraram 41 ferramentas de “ataque de rede” que foram rastreadas até à agência norte-americana.

China, Estados Unidos e Rússia são considerados líderes globais na chamada guerra cibernética. Washington acusa Pequim de usar indevidamente as suas capacidades para usurpar segredos comerciais e apresentou acusações criminais contra oficiais do Exército chinês.

Já a China acusa as autoridades norte-americanas de espionarem universidades, empresas de energia e tecnológicas, entre outros alvos.

Especialistas em segurança dizem que o Exército de Libertação Popular, e o Ministério da Segurança do Estado também patrocinam piratas cibernéticos que operam fora de agências governamentais.

A fazer scan

A Universidade Politécnica do Nordeste, na cidade de Xi’an, faz parte de uma “lista de entidades” designada pelo Governo dos Estados Unidos. Washington diz que a universidade ajuda o Exército chinês a desenvolver ‘drones’ (aeronaves não tripuladas), submarinos e tecnologia de mísseis.

No ano passado, um cidadão chinês, identificado como Shuren Qin, foi condenado a dois anos de prisão por um tribunal federal na cidade norte-americana de Boston, depois de se ter declarado culpado de exportar tecnologia submarina e marinha para aquela instituição de ensino, sem ter as licenças necessárias.

O Centro de Resposta a Emergências de Vírus Informáticos foi criado em 1996, pelo departamento da polícia da cidade chinesa de Tianjin, e descreve-se como uma agência chinesa responsável pela inspecção e teste de produtos anti-vírus para computadores.

O comunicado emitido ontem acusou a agência norte-americana de realizar outros “ataques de rede maliciosos” na China, mas não deu detalhes ou qualquer indicação se algum dano foi causado.

A mesma nota não explica como os analistas chineses concluíram que a agência norte-americana foi responsável pelos ataques, que foram realizados a partir de servidores localizados em 17 países, incluindo Japão, Coreia do Sul, Suécia, Polónia, Ucrânia e Colômbia.

6 Set 2022

Sistema chinês ‘hukou’ torna investir num imóvel assegurar futuro dos filhos

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

Emaranhados de fios elétricos, paredes descascadas e rabiscadas com anúncios, tralha amontoada nas escadas: estes são os “atributos” de um dos mais caros bairros de Pequim, cujo preço por metro quadrado ronda os 15.000 euros.

Construído nos anos 1980, o bairro número 42 da Dongzhongjie é uma herança do passado operário da capital chinesa, com as paredes de tijolo nu e as escadas em betão a dar-lhe um aspeto inacabado. O pátio resume-se a um espaço estreito, sem verde, quase todo ocupado por automóveis.

Um detalhe, contudo, torna este lugar apetecível: a propriedade aqui confere, à criança do comprador, vaga numa das melhores escolas básicas de Pequim, a Shijia Shiyan.

Os alunos daquele estabelecimento de ensino “têm maiores probabilidades de acesso direto à prestigiada Beijing Erzhong (Escola Secundária Número Dois de Pequim)”, explica Xing, um agente imobiliário local, à agência Lusa.

A Beijing Erzhong aceita todos os anos cerca de 800 alunos.

É assim que, naquele quarteirão degradado, um T2 de 75 metros quadrados custa 8,5 milhões de yuan (1.234.700 euros). “E vende-se muito bem!”, garante Xing.

O fenómeno explica, em parte, a origem da bolha imobiliária na China, que começa agora a desinsuflar, após o Governo chinês ter exigido maiores rácios de liquidez ao sector.

O colapso do Evergrande Group, o segundo maior construtor da China, é o caso mais emblemático, mas dezenas de outros grupos imobiliários chineses faliram nos últimos meses, ou entraram em incumprimento.

O rácio entre o preço dos imóveis e o valor das rendas no país asiático está entre os mais altos do mundo, sugerindo um retorno negativo sobre o capital investido. Em Pequim ou Xangai, o valor médio dos imóveis ascende a cerca de 23 vezes o vencimento médio anual dos residentes.

Isto deve-se, em parte, ao mercado de capitais exíguo da China: o setor imobiliário concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.

Mas é também resultado do restrito sistema de residência do país, conhecido como ‘hukou’, que limita o acesso a serviços públicos ao local onde o cidadão tem propriedade, tornando o valor do imóvel em algo menos tangível do que a métrica do retorno sobre o activo.

Ter propriedade em Pequim ou Xangai garante assim acesso ao sistema de ensino, saúde e segurança social locais, com padrões superiores aos de outras cidades, num país onde as discrepâncias regionais permanecem acentuadas. Em contraste, um ‘hukou’ rural fornece apenas acesso a terras agrícolas e a estruturas débeis de educação ou saúde.

“O sistema de ‘hukou’ constitui um ‘muro invisível’ nas cidades chinesas: de um lado os trabalhadores migrantes e do outro os residentes locais”, resume o académico chinês Chen Zheng.

A educação dos filhos é particularmente valorizada pelas famílias chinesas.

O chinês Zhang Jian, por exemplo, vendeu o apartamento de 110 metros quadrados onde vivia há 10 anos, no norte do município de Pequim, por 230 mil euros, e comprou por 340 mil euros um T1 de 56 metros quadrados, no centro da capital. “Não quero que a minha filha seja inculta como eu”, explica à Lusa.

De um total de quase dez milhões de adolescentes que este ano se submeteram ao ‘Gaokao’ – o exame de acesso ao ensino superior na China – 3,25 milhões conseguiram entrar na universidade. E, entre aqueles, só alguns milhares obtiveram vaga numa universidade chinesa de topo, garantia de um bom futuro profissional ou académico.

Perante estes números, Zhang Jian faz prontamente as contas. “Gastei um pouco de dinheiro”, reconhece. “Mas se a minha filha não frequentasse uma boa escola, as perdas seriam para toda a vida”, nota.

5 Set 2022

Estados Unidos vendem mais de 8 mil milhões em armas a Taipé

Os Estados Unidos anunciaram esta sexta-feira um pacote de ajuda militar a Taiwan, no valor de 1.100 milhões de dólares (mais de 8 mil milhões de patacas), para reforçar o sistema de mísseis e radares da ilha, cuja soberania é chinesa, divulgou o governo norte-americano.

Assim, o governo dos EUA aprovou a venda para Taipé de 60 mísseis Harpoon, por 355 milhões de dólares, 100 mísseis tácticos Sidewinder (85,6 milhões de dólares) e um contrato de manutenção do sistema de radar de Taiwan, avaliado em 665 milhões de dólares, detalhou o Departamento de Estado norte-americano em comunicado.

O anúncio da nova ajuda ocorre num momento de tensão entre Washington e Pequim, acentuada pela recente visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi.

Estas transacções “servem os interesses económicos e de segurança nacional dos Estados Unidos, apoiando os esforços [de Taiwan] para modernizar as suas Forças Armadas”, sublinhou a diplomacia norte-americana.

Taiwan tem sido historicamente uma das maiores fontes de atrito entre a China e os Estados Unidos, principalmente porque os norte-americanos são o principal fornecedor de armas de Taiwan e seriam seu maior aliado militar no caso de uma possível guerra.

Desde 2010, os Estados Unidos comunicaram ao Congresso mais de 35.000 milhões de dólares em vendas de armas para Taiwan, salientou um porta-voz do Departamento de Estado, que aprovou os acordos. Para se materializar, estas vendas devem receber a aprovação do Congresso, o que é quase certo, pois o apoio militar a Taiwan tem gozado de amplo apoio entre congressistas dos dois partidos.

Para o Departamento de Estado, esta venda de armas são “essenciais para a segurança de Taiwan”. Apesar de venderem as armas, os EUA afirmam querer paz. “Os Estados Unidos continuam a apoiar uma resolução pacífica do assunto, de acordo com os desejos e interesses do povo de Taiwan”, acrescentou. Na semana passada, Taiwan anunciou planos para aumentar o orçamento militar para 19,2 mil milhões de euros, um valor sem precedentes.

Resposta a caminho

Face a esta atitude americana, a China ameaçou os Estados Unidos com “contramedidas” caso não cancele a nova venda de armas a Taiwan anunciada pelo governo norte-americano, adiantou o porta-voz da embaixada chinesa em Washington. “A China tomará resolutamente contramedidas legítimas e necessárias tendo em vista esta situação”, realçou Liu Pengyu, porta-voz da embaixada da China nos EUA, em comunicado.

Numa declaração “firmemente contra”, Pequim exigiu imediatamente o fim do negócio após o anúncio por Washington. A China pede aos EUA para que “revoguem imediatamente” as vendas de armas, “para que não afecte ainda mais as relações com os EUA, bem como a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan”, acrescentou o porta-voz.

5 Set 2022

Rússia inicia exercícios militares com aliados, incluindo China e Bielorrússia

A Rússia iniciou ontem exercícios militares conjuntos em larga escala com a China, Índia, Bielorrússia e outros países asiáticos com o objetivo de “garantir a segurança militar” na região e “fortalecer” a relação com os seus aliados.

As manobras, designadas como ‘Vostok 2022’, decorrerão até 07 de setembro com mais de 50.000 soldados, mais de 5.000 armas e outros equipamentos militares, bem como 140 aviões e 60 navios de guerra, botes e embarcações.

Durante estes exercícios, as tropas vão realizar tarefas conjuntas para o “desenvolvimento prático de ações defensivas e ofensivas”, simulando ações “de manutenção de paz” e de proteção de “interesses comuns”, segundo referiu um comunicado do Ministério da Defesa russo.

Garantir a “segurança” na região oriental será outra vertente das ações desenvolvidas no decorrer dos exercícios, de acordo com a mesma fonte.

A par das Forças Armadas da Rússia, China, Índia e Bielorrússia, estes exercícios militares estão a envolver operacionais militares do Azerbaijão, Argélia, Arménia, Quirguistão, Mongólia e Tajiquistão. A Nicarágua, a Síria, o Cazaquistão e o Laos também participam.

O vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, disse, na segunda-feira, que estes exercícios militares conjuntos têm uma “natureza puramente defensiva” e não são dirigidos contra uma aliança militar ou qualquer outro país em particular, de acordo com a agência de notícias Interfax.

2 Set 2022

Brasil | Investimento chinês triplicou em 2021 para nível pré-pandémico

O investimento directo chinês no Brasil totalizou 5,9 mil milhões de euros em 2021, três vezes mais do que em 2020 (1,9 mil milhões de euros) e regressou a níveis ‘pré-pandémicos’

 

No ano passado, o investimento chinês no Brasil chegou aos 5,9 mil milhões de euros, triplicando os montantes investidos em 2020 e retomando o volume registado antes da pandemia da covid-19 assolar o mundo.

Segundo um estudo divulgado ontem pelo Conselho Empresarial Brasil-China, o investimento do gigante asiático em projectos no Brasil em 2021 foi o maior nos últimos quatro anos, ultrapassando os cerca de 5,6 mil milhões de euros em 2019. O valor, contudo, ainda está muito abaixo do recorde de 2010 (cerca de 13 mil milhões de euros) e distante dos cerca de 8,8 mil milhões de euros de 2017, quando o investimento do país asiático no Brasil atingiu o seu segundo nível mais alto.

De acordo com o estudo, apesar de uma situação de instabilidade global devido à pandemia, as empresas chinesas investiram em 28 grandes projectos empresariais no Brasil no ano passado, principalmente nos sectores da electricidade e do petróleo.

Dos 28 projectos beneficiados, treze estão no sector da energia e dez nas tecnologias da informação. O sector do petróleo e gás recebeu 85 por cento do investimento no ano passado, principalmente devido à parceria da companhia petrolífera brasileira Petrobras com os gigantes chineses CNODC e CNOOC para a exploração de campos de águas muito profundas no Atlântico, ao largo da costa brasileira.

Investir nos Estados Unidos

Segundo o estudo do Conselho Empresarial Brasil-China, os investimentos chineses no Brasil entre 2007 e 2021 totalizaram cerca de 70,3 mil milhões de euros em 202 projectos diferentes, principalmente nos sectores da electricidade (45,5 por cento) e do petróleo e gás (30,9 por cento).

Enquanto o investimento chinês no Brasil saltou 208 por cento entre 2020 e 2021, o investimento para outros países sul-americanos cresceu apenas 30 por cento e para o mundo em 3,6 por cento.

Considerando o investimento acumulado da China no exterior entre 2005 e 2021, o principal destino é os Estados Unidos, com uma quota de 14,3 por cento, seguidos da Austrália (7,8 por cento), Reino Unido (7,4 por cento) e Brasil (4,8 por cento).

2 Set 2022

China | Chengdu, com 21 milhões de habitantes, entra em confinamento

As autoridades chinesas colocaram hoje sob confinamento total a cidade de Chengdu, que tem 21 milhões de habitantes, visando travar um surto do novo coronavírus, ao abrigo da estratégia ‘zero casos’ de covid-19 que o país tem aplicado.

Os moradores estão proibidos de sair de casa e cerca de 70% dos voos de e para a cidade foram suspensos.

Chengdu é um importante centro económico e de transportes do sudoeste da China. O início do novo ano letivo foi também adiado. Os cidadãos podem deixar a cidade apenas por motivos essenciais.

De acordo com as regras anunciadas na quarta-feira, apenas um membro de cada agregado familiar pode sair de casa, uma vez por dia, para fazer compras, e na condição de apresentar um teste negativo à covid-19 feito nas 24 horas anteriores. Não existe data prevista para o fim do bloqueio.

Medidas semelhantes deixaram milhões de pessoas confinadas nas suas casas na cidade de Dalian, no nordeste do país, e em Shijiazhuang, a capital da província de Hebei, que faz fronteira com Pequim. O surto em Chengdu somou cerca de 1.000 casos e nenhuma morte. Estas medidas extremas refletem a rígida adesão da China à estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, apesar dos altos custos económicos e sociais.

O Governo chinês argumenta que as medidas são necessárias para evitar uma disseminação mais ampla do vírus, que foi detetado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019.

1 Set 2022

Polícia resgata quase 150 gatos destinados ao consumo humano na China

Quase 150 gatos destinados ao consumo humano foram resgatados pela polícia no leste da China, disse ontem a organização de defesa dos direitos dos animais Humane Society International (HSI).

Os felinos estavam presos em jaulas enferrujadas, quando foram descobertos pela polícia da cidade de Jinan, na província de Shandong, disse a HSI, que tem sede nos Estados Unidos, em comunicado.

Pardais foram colocados em gaiolas para servirem como isco e foi utilizado um controlo remoto para fechar a porta, revelou um ativista local. “Foi chocante ver o estado em que [os gatos] estavam. Muitos deles estavam extremamente magros”, disse Huang, outro ativista, citado no comunicado do HSI.

“A descoberta de dezenas de pardais vivos que foram usados como isco para atrair os gatos também foi um grande choque”, apontou.

Os gatos foram enviados para abrigos após o resgate, disse o comunicado. Os ativistas também encontraram 31 pardais – uma espécie protegida no país – e soltaram-nos na natureza.

A China não tem uma lei específica para punir a crueldade animal, mas os suspeitos podem ser processados por caçar pássaros, roubar gatos ou quebrar as regras de prevenção de doenças animais.

Segundo o HSI, cerca de 10 milhões de cães e quatro milhões de gatos são mortos para consumo humano todos os anos no país.

A cidade de Yulin, na região de Guangxi, sul da China, organiza anualmente um festival de carne de cão, por ocasião do solstício de verão. Os gatos também são vendidos para serem comidos.

No entanto, estas carnes são muito pouco consumidas na China. O consumo está concentrado em certas áreas de Guangdong e Guangxi. O consumo está em constante declínio com o aumento do número de animais de estimação.

A China proibiu o consumo e o comércio de animais selvagens em 2020. Shenzhen e Zhuhai (sul), em Guangdong, tornaram-se em abril as primeiras cidades a proibir o consumo de cães e gatos.

1 Set 2022

Morreu Mikhail Gorbachev, ex-líder da União Soviética, aos 91 anos

Mikhail Gorbachev, ex-líder da União Soviética, morreu ontem aos 91 anos. A informação foi difundida pelas agências de notícias russas Tass, RIA Novosti e Interfax. Como último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev travou uma batalha perdida para salvar um império fragilizado, mas produziu reformas extraordinárias que levaram ao fim da Guerra Fria.

O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, desencadeou uma série de mudança que resultaram no colapso do Estado soviético autoritário, na libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e no fim de décadas de confronto nuclear Leste-Oeste.

Gorbachev ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1990 pelo seu papel no fim da Guerra Fria e passou os seus últimos anos a coleccionar elogios e honras em todo o mundo, contrariando a visão da Rússia, onde era – e é – desprezado.

Os russos culparam-no pela desintegração da União Soviética em 1991 – uma superpotência que se dividiu em 15 nações. Os seus antigos aliados abandonaram-no e fizeram-no dele um bode expiatório para os problemas do país.

A Tass informou que o ex-chefe de Estado vai ser enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, ao lado da sua mulher.

Pêsames chineses

A China transmitiu ontem as suas condolências à família do ex-Presidente da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) Mikhail Gorbachev, lembrando o seu contributo para a “normalização” das relações entre os dois países.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, lembrou a “contribuição positiva” feita por Gorbachev para repor a normalidade nas relações entre a China e a então URSS.

Diferentes órgãos de comunicação chineses citaram excertos das memórias de Gorbachev, nos quais o antigo líder soviético explicou como, numa reunião com o ex-líder chinês Deng Xiaoping, em 1989, ambos decidiram olhar para o futuro das relações sino-soviéticas e esquecer o passado, após décadas de tensão entre as duas potências.

A notícia sobre a morte do último Presidente da União Soviética também foi hoje uma das mais vistas na rede social Weibo, com quase 750 milhões de visualizações.

As reacções na plataforma vão desde o envio de condolências até às críticas pelo seu papel na História. “Morreu o traidor mais famoso da História da humanidade e um membro leal das sociedades secretas de forças estrangeiras”, opinou um internauta, num dos comentários mais visualizados na rede social chinesa.
Mikhail Gorbachev, apelidado por muitos como o arquitecto da “Perestroika” (reestruturação), morreu na terça-feira, aos 91 anos, no Hospital Clínico Central de Moscovo.

1 Set 2022

Guangzhou e Shenzhen com restrições após descoberta de casos locais de covid-19

A capital da província de Guangdong impôs restrições numa parte da cidade depois de terem sido detectados cinco casos positivos de covid-19. As autoridades de saúde admitiram que pessoas infectadas frequentaram locais de grande afluência. Restaurantes e estabelecimentos de diversão foram encerrados e os transportes condicionados. Shenzhen está numa situação semelhante

 

A descoberta na terça-feira de cinco casos positivos de covid-19 em Guangzhou levou as autoridades da capital de província a impôr restrições em áreas chave do distrito afectado. Estabelecimentos de entretenimento e restaurantes foram mandados encerrar até, pelo menos, sábado.

As autoridades de saúde de Guangzhou, cidade com cerca de 19 milhões de habitantes, confirmaram que as pessoas infectadas frequentaram diversos locais, alguns com grande afluência de pessoas.

“Este surto foi causado pela variante Ómicron BA.2.76. Estamos a proceder à investigação epidemiológica dia e noite. Ainda não encontrámos a fonte da infecção, mas tendo em conta a trajectória epidemiológica actual, as pessoas infectadas passaram por vários locais, incluindo sítios onde se juntaram multidões, como piscinas e mercados. Existe um risco elevado de transmissão comunitária”, afirmou a vice-directora da Comissão de Saúde de Guangzhou, Zhang Yi, citado pela agência Reuters.

O Governo municipal ordenou o encerramento no distrito afectado de todas as escolas, das creches até aos estabelecimentos de ensino secundário. De acordo com os órgãos oficiais, foram interrompidas as aulas presenciais que estavam a começar e foram retomadas as aulas online. Nas áreas afectadas foram também reduzidos os serviços de transportes públicos, nomeadamente autocarros e metropolitano.

Baía condicionada

Em Shenzhen, em pelo menos quatro distritos onde habitam cerca de 9 milhões de pessoas, foi ordenado o encerramento de espaços de entretenimento e cultura, assim como restaurantes. A cidade continua a lidar com um surto de covid-19. Na segunda-feira, foram reportados 35 novos casos, 24 dos quais por transmissão local, com 11 casos assintomáticos, de acordo com as autoridades de saúde de Shezhen.
Os distritos afectados são Futian, Luohu, Nanshan, Longgan e Yantian.

Não só foram descobertos novos casos, como foi detectada uma nova variante em Shenzhen, a BF.15, uma nova mutação da subvariante da Ómicron BA.5.2.1, confirmaram as autoridades citadas pelo China Daily.

“As mutações das variantes de covid-19 encontradas na cidade são altamente semelhantes às variantes encontradas no estrangeiro. Como tal, a possibilidade deste surto ter origem em casos importados não pode ser afastada”, afirmou Lin Hancheng, responsável da Comissão de Saúde de Shenzhen, de acordo com o China Daily.

A produção económica combinada de Shenzhen e Guangzhou atingiu no ano passado 5,89 biliões de yuan, o equivalente a cerca de metade do Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul.

A China registou 1.675 novas infecções por covid-19 transmitidas localmente na terça-feira, revelou ontem a Comissão Nacional de Saúde. A maioria dos casos foram encontrados na região do Tibete e na província de Sichuan. Com agências

1 Set 2022

Congresso do Partido Comunista Chinês arranca a 16 de Outubro

O Congresso do Partido Comunista da China (PCC), o mais importante evento da agenda política chinesa, que se realiza a cada cinco anos, foi convocado para 16 de outubro, anunciou hoje a televisão estatal CCTV.

A reunião deste ano deve atribuir ao atual secretário-geral, Xi Jinping, um terceiro mandato, quebrando com a tradição política das últimas décadas.

Desde que assumiu a liderança da China, em 2013, Xi tornou-se o centro da política chinesa e é hoje considerado um dos líderes mais fortes da história recente do país, comparável ao fundador da República Popular, Mao Zedong (ou Mao Tsé-Tung).

Este congresso, o 20.º desde a fundação do PCC, em 1921, deve levar também a uma ampla recomposição do comité permanente do Politburo, a cúpula do poder na China. De acordo com as normas estabelecidas, mas não escritas, parte da atual liderança atingiu já a idade em que se deve retirar.

Com 2.300 delegados, a Assembleia-Geral do PCC vai realizar-se num “momento crítico em que todo o partido e todos os grupos étnicos do país estão a embarcar numa nova jornada para construir um país socialista moderno”, disse a CCTV.

No congresso anterior, em 2017, Xi Jinping inseriu o seu “pensamento” nos documentos fundadores do partido. Alguns meses depois, a Constituição da China foi alterada para remover o limite de dois mandatos presidenciais.

Xi Jinping, que chefia também as Forças Armadas do país, pode assim, em teoria, presidir a República Popular da China até morrer.

Os seus dois últimos antecessores cumpriram dois mandatos de cinco anos, mas Xi não tem dado sinais de que irá renunciar ao poder, tendo antes centralizado o controlo sobre a economia e outros campos da governação, anteriormente atribuídos ao primeiro-ministro e a outros quadros do partido. Xi assumiu também uma política externa cada vez mais assertiva, suscitando preocupações sobre um possível confronto com os Estados Unidos.

Também encetou uma ampla campanha anticorrupção que teve como alvo rivais políticos, reprimiu o movimento pró-democracia e as liberdades civis em Hong Kong, supervisionou a detenção de mais de um milhão de membros de minorias étnicas de origem muçulmana na região noroeste de Xinjiang e manteve uma política rígida de “zero covid-19”, apesar dos altos custos económicos e sociais.

“O Congresso vai rever minuciosamente os contextos internacional e doméstico e analisar de forma abrangente os novos requisitos para o desenvolvimento da causa do partido e do país (…) e as novas expectativas do povo”, apontou a CCTV.

30 Ago 2022

‘Think tank’ chinês defende que medidas de prevenção epidémica devem ser relaxadas

Um grupo de reflexão (‘think tank’) chinês afirmou ontem que as restritivas medidas de prevenção epidémica do país devem terminar, numa rara demonstração pública de desacordo com a estratégia ‘covid zero’, implementada pelo país asiático.

O grupo Anbound afirmou que o Governo chinês deve concentrar-se em sustentar o crescimento económico, que está em desaceleração, observando que os Estados Unidos, a Europa e o Japão estão a recuperar economicamente, depois de terem levantado as restrições epidémicas.

“Prevenir o risco de paralisação económica deve ser a tarefa prioritária”, apontou o ‘think tank’, num relatório intitulado “Está na hora de a China ajustar as suas políticas de controlo e prevenção do vírus”.

O relatório foi publicado no domingo, nas contas oficiais do Anbound Research Center nas redes sociais WeChat e Sina Weibo, mas excluído de ambas na tarde de ontem.

As restrições devem permanecer em vigor pelo menos até depois do XX Congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza no outono. O mais importante evento da agenda política da China deve atribuir ao atual secretário-geral do Partido, Xi Jinping, um terceiro mandato, quebrando com a tradição política das últimas décadas.

O crescimento económico chinês caiu para 2,5% no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano anterior. Esta taxa de crescimento é menos de metade da meta anual estabelecida por Pequim, de 5,5%.

A altamente contagiosa variante do novo coronavírus, Ómicron, obrigou as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas, para salvaguardar a estratégia de ‘zero casos’, assumida como um triunfo político por Xi Jinping.

O bloqueio total de Xangai, a “capital” financeira do país, e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, tiveram forte impacto nos setores de serviços, manufatureiro e logístico.

“A economia da China corre o risco de estagnar”, devido ao “impacto das políticas de prevenção e controlo epidémico”, observou o grupo de reflexão. A economia também está sob pressão devido à queda de atividade no imobiliário, depois de Pequim ter exigido o aumento do rácio de liquidez do setor.

Economistas e especialistas em saúde pública alertam desde meados de 2021 que a política de ‘zero casos’ de covid-19 é insustentável. As autoridades respondem que não têm alternativa, porque deixar o vírus alastrar sobrecarregaria o sistema de saúde chinês.

Um médico de Xangai com 3 milhões de seguidores nas redes sociais, Zhang Wenhong, foi alvo de uma investigação por plágio, em 2021, depois de sugerir que a China devia aprender a coexistir com o vírus.

Fundada em 1993, a Anbound diz que atendeu ao Grupo Central Financeiro e Económico do Partido Comunista e forneceu pesquisas para agências governamentais e instituições financeiras.

O seu relatório não deu nenhuma indicação se representa o pensamento de quadros do Partido Comunista que estão descontentes com o crescente custo económico e social da estratégia de Pequim.

A política da China manteve os números de mortes e infeções baixos, mas levou a uma vaga de falências.

De acordo com a imprensa chinesa, os governos locais estão a cortar nos serviços públicos e nos salários dos funcionários, para poderem suportar os custos com os testes em massa e as medidas de bloqueio.

A cidade de Shenzhen, um importante centro de tecnologia e finanças, situado no sul da China, anunciou o encerramento por três dias de algumas áreas residenciais, para conter um surto. Também o governo de Shenyang, a cidade mais populosa do nordeste, adiou o início das aulas presenciais para alunos dos níveis de ensino básico e médio.

A China precisa de “se concentrar na recuperação económica e integrar-se gradualmente no mundo”, lê-se no relatório da Anbound. As restrições fronteiriças impedem a entrada da maioria dos visitantes estrangeiros. O governo parou de renovar passaportes que expiraram e pediu ao público que evite viajar além-fronteiras.

30 Ago 2022

China anuncia detenção de 234 pessoas envolvidas em fraude bancária

As autoridades do centro da China anunciaram ontem a prisão de 234 pessoas envolvidas num ‘esquema pirâmide’, que resultou na perda das poupanças de clientes de pequenos bancos rurais.

O escândalo chamou a atenção nacional, depois de os investidores, que tentavam recuperar o seu dinheiro, terem sido impedidos de viajar até à capital da província de Henan, Zhengzhou, quando a aplicação de rastreamento e armazenagem dos resultados dos testes para a covid-19, imprescindível para viajar e aceder a locais públicos na China, ficou subitamente vermelha.

Desde o início da pandemia que os governos locais chineses emitem estes códigos, que atestam que o utilizador não esteve numa área de risco de contágio ou em contacto com pessoas infetadas.

Vários clientes, citados pela agência Associated Press, disseram que foram também interrogados e ameaçados pela polícia. Um protesto realizado em julho foi suprimido por homens não identificados, vestidos com camisas brancas, que atacaram os depositantes enquanto a polícia observava.

O comunicado do governo da cidade de Xuchang disse que o suposto responsável pelo esquema, Lu Yiwei, e os seus cúmplices, assumiram o controlo de quatro bancos rurais e atraíram investidores com promessas de taxas de juros de até 18% ao ano.

“Os órgãos de segurança pública detiveram um grande número de suspeitos de crimes, entre os quais 234 foram presos”, lê-se no comunicado.

“Um progresso significativo foi feito na recuperação de bens roubados e danos. A investigação e o tratamento do caso estão a ser realizados em profundidade e de acordo com a lei”, acrescentou.

O comunicado disse que os responsáveis pelo esquema, que mais tarde “absorveram” os fundos, promoveram os investimentos junto de outras pessoas, que depositaram valores equivalentes a centenas de milhares de dólares, dando ao golpe a aparência de um ‘esquema pirâmide’.

Nenhuma menção foi feita a qualquer suspeita de conluio entre as autoridades locais, a polícia e os suspeitos. O golpe desenrolou-se quando milhares de clientes abriram contas em seis bancos em Henan e na província vizinha de Anhui que ofereciam taxas de juros relativamente altas.

Um declínio acentuado no crescimento económico da China e os retornos minúsculos das poupanças nos bancos estatais levaram muitos chineses a investir em veículos financeiros não convencionais e muitas vezes arriscados ou até fraudulentos.

Os clientes dos bancos em Henan descobriram mais tarde que não podiam fazer levantamentos, após notícias de que o chefe da empresa que controla os bancos estava a ser investigado por crimes financeiros.

As autoridades bancárias disseram que vão devolver os depósitos a alguns clientes do banco, mas muitos ainda estão à espera para saber quando serão reembolsados.

30 Ago 2022

Vietname e Tailândia vão trabalhar para aumentar preço internacional do arroz

O Vietname e a Tailândia, o segundo e terceiro maiores exportadores de arroz do mundo, vão trabalhar em conjunto para aumentar o preço internacional do arroz, visando melhorar a situação financeira dos agricultores, revelou hoje um responsável governamental.

O conselheiro do Ministério da Agricultura tailandês, Alongkorn Phonbutr, explicou em comunicado que os dois países chegaram a um acordo, depois de verificarem que o preço do arroz no mercado internacional é “excessivamente baixo” e “injusto” para os países produtores e para os seus agricultores.

No entanto, não deu detalhes sobre qual o nível de preços definido para o mercado internacional, nem deu grandes pormenores sobre o plano que prevêem pôr em prática.

Entretanto, o preço do arroz no mercado internacional caiu de 404 dólares por tonelada em 2019-2021 para 394 dólares este ano, apesar de se prever que o preço suba para 400 dólares por tonelada no próximo ano, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Alongkorn esclareceu ainda que o acordo foi alcançado numa recente visita oficial ao Vietname, na qual os dois países retomaram as negociações iniciadas em maio do ano passado, visando mitigar o que consideram baixos preços do arroz num ambiente de crescente inflação a nível mundial.

“[O preço atual] não tem lógica com o aumento dos custos de produção, bem como a subida dos preços dos fertilizantes e do combustível devido ao impacto da crise da covid-19 e da guerra russo-ucraniana”, lembrou o assessor governamental.

Alongkorn referiu também que os agricultores “estão endividados” por causa dos elevados custos de produção, o que, na sua opinião, pode levá-los a reduzir a produção de arroz, o que agravaria os atuais problemas de segurança alimentar.

O conselheiro disse ainda que o plano de aumento de preços inclui a cooperação com as associações de produtores de arroz e que vão procurar juntar-se a outros países asiáticos produtores e exportadores.

Em 2021, o maior exportador mundial de arroz foi a Índia, com 19,55 milhões de toneladas, seguido pelo Vietname (6,24 milhões de toneladas) e a Tailândia (6,11 milhões de toneladas).

30 Ago 2022

Lucros das principais empresas chinesas caíram 12% em Julho

Uma conjugação de factores, como tensões geopolíticas que afectaram o comércio externo e a crise energética, levou o sector industrial chinês a quebras na ordem dos 12 por cento no passado mês de Julho

 

Os lucros das principais empresas industriais da China caíram 12 por cento em Julho, afectados por uma crise energética, que foi agravada pelo clima extremo, e pelas crescentes tensões geopolíticas com alguns dos principais parceiros comerciais do país.

Embora o lado da oferta tenha sido menos impactado por medidas de confinamento, comparativamente aos meses anteriores, a crise energética, desencadeada por ondas de calor prolongadas no sudoeste e sul do país, e os esforços do Ocidente para reorganizar as cadeias industriais, constituem obstáculos para as indústrias chinesas, apontam analistas.

De acordo com os dados oficiais divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE), o lucro combinado das empresas industriais chinesas com facturamento anual acima dos 20 milhões de yuans caiu 1,1 por cento, em termos homólogos, para 4,9 biliões de yuans, nos primeiros sete meses de 2022.

Em Julho, os lucros fixaram-se em 622,7 mil milhões de yuans, uma queda homóloga de 12 por cento e o valor mensal mais baixo desde Julho de 2020. Comparativamente a Junho, a queda ascendeu a quase 25 por cento.

“A China enfrenta altos níveis de custo, procura de mercado insuficiente para alguns sectores e crescente pressão operacional, à medida que o ambiente doméstico e internacional se tornou mais complexo e grave”, apontou Zhu Hong, funcionário do GNE, em comunicado. “Ainda é necessário muito trabalho para alcançar uma recuperação estável da economia industrial”, acrescentou.

Dos 41 sectores incluídos no inquérito, 25 registaram uma queda no lucro. A indústria do aço foi a mais afectada, com os lucros das siderúrgicas a caírem quase 81 por cento, em termos homólogos, nos primeiros sete meses do ano.

Os sectores de materiais de construção também foram duramente atingidos por uma grande queda no mercado imobiliário. A mineração de carvão e as produtoras de energia tiveram um bom desempenho, com os lucros a duplicar, em relação ao mesmo período do ano passado.

Isto ocorreu numa altura em que ondas de calor extremo aumentaram a procura por electricidade, levando Pequim a pedir o aumento da produção de carvão, já que os apagões causaram o encerramento de fábricas em áreas do sudoeste do país.

Dois mundos

Os números foram particularmente maus entre as empresas de capital estrangeiro e privadas. Enquanto as empresas industriais estatais relataram um aumento dos lucros de 8 por cento, para 1,74 biliões de yuans, nos primeiros sete meses de 2022, o lucro líquido das empresas financiadas por capital estrangeiro caiu 14,5 por cento, para 1,09 biliões de yuans. Entre as empresas privadas, os lucros das fábricas caíram 7,1 por cento, para 1,3 biliões de yuans.

Pequim acelerou o investimento em infra-estrutura e a emissão de títulos de dívida desde o início deste ano, para evitar a estagnação económica, mas essas políticas geralmente beneficiam os actores estatais.

O lucro líquido das empresas do sector ferroviário, navios e outros equipamentos de transporte aumentou mais de 29 por cento, no mês passado, enquanto o sector eléctrico e de maquinaria teve ganhos de 25,6 por cento.

Mas os analistas acreditam que a queda geral nos lucros vai persistir. “Tanto o preço quanto a produção vão continuar a reduzir os lucros industriais”, escreveu o analista da Hongta Securities, Yin Yue, numa nota. “A taxa de utilização da capacidade de algumas indústrias está a diminuir por causa da epidemia, altas temperaturas e cortes de energia”, observou.

No início deste mês, o banco central da China cortou as principais taxas de empréstimo em 10 pontos base e reduziu a taxa básica de empréstimos de cinco anos em 15 pontos base, visando injectar liquidez na economia.

30 Ago 2022

Afeganistão | Pequim relutante entre segurança e riscos de envolvimento

A China foi dos primeiros países a estabelecer relações semioficiais com os talibãs quando estes regressaram ao poder, mas o futuro da parceria permanece incerto, dizem analistas, à medida que Pequim avalia os riscos do envolvimento no Afeganistão

 

“Do ponto de vista da China, existem grandes riscos na situação do Afeganistão”, apontou Zhu Yongbiao, professor do Centro de Estudos do Afeganistão da Universidade de Lanzhou, na província chinesa de Gansu, citado pelo jornal South China Morning Post, um ano após os talibãs terem tomado novamente o poder e da conclusão da retirada norte-americana do território afegão, registada em 30 de Agosto de 2021.

À incerteza política sobre se os talibãs vão ser reconhecidos pela comunidade internacional como o governo legítimo do Afeganistão, soma-se a relutância das empresas chinesas em financiar projectos no país, devido às preocupações de segurança e dúvidas sobre os retornos económicos, apontou o académico.

China e Afeganistão compartilham cerca de 70 quilómetros de fronteira em Xinjiang, uma das mais voláteis regiões chinesas, marcada por violentos confrontos étnicos nas últimas décadas, entre membros da minoria étnica de origem muçulmana uigur e os han, o grupo étnico maioritário no país.

Historicamente, Pequim permaneceu, no entanto, sempre como um “observador” nas questões afegãs, descreveu, por sua vez, Zhao Huasheng, professor no Centro de Estudos da Rússia e da Ásia Central da Universidade Fudan, em Xangai.

O vácuo de segurança deixado pela retirada das tropas ocidentais do Afeganistão veio obrigar a China a ter um maior envolvimento no país vizinho, visando garantir a estabilidade em Xinjiang.

Quando o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, recebeu uma delegação dos talibãs, na China, ainda antes de os fundamentalistas assumirem o poder, o representante de Pequim pediu ao grupo que “traçasse uma linha vermelha” com organizações terroristas, incluindo o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM, na sigla em inglês), que descreveu como uma “ameaça directa à segurança e integridade territorial da China”.

Pequim há muito que acusa o ETIM de promover o separatismo em Xinjiang. Wang Yi pressionou sobre esta questão repetidamente, em reuniões posteriores com os talibãs.

“A China está condenada a desempenhar um papel significativo no Afeganistão, mas está cuidadosamente a tentar evitá-lo”, escreveram Raffaello Pantucci e Alexandros Petersen, autores da obra “Sinostan: China’s Inadvertent Empire”.

A embaixada chinesa foi uma das poucas que permaneceu no país após os talibãs tomarem o poder. Pequim também participou e acolheu vários encontros regionais sobre o Afeganistão.

Lá ao longe

No mês passado, Wang Yi sugeriu incluir o Afeganistão no Corredor Económico China – Paquistão (CPEC) e uma cooperação “em termos gerais” com as autoridades de Cabul, após reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo talibã, Amir Jan Muttaqi, à margem do fórum da Organização de Cooperação de Xangai.

No entanto, Fátima Airan, pesquisadora do Instituto Biruni, um grupo de reflexão (‘think tank’) com sede em Cabul, escreveu que a China investiu em poucos projectos no Afeganistão e que se tornou ainda mais relutante em investir após os talibãs ascenderem ao poder. “Para a China, o mercado não é suficientemente estável no Afeganistão, devido à insegurança”, argumentou. “Eles não vão correr o risco de trazer um projecto de investimento de grande escala para o Afeganistão”, referiu ainda Fátima Airan.

E Raffaello Pantucci e Alexandros Petersen acrescentam: “Pequim certamente está a fazer mais do que antes, mas é claro que não vai assumir um papel de liderança. A China tem todo o interesse e potencial para ser um actor dominante, mas tomou a decisão estratégica de continuar a observar do lado de fora”.

29 Ago 2022

Comissão sul-coreana acusa anteriores governos por atrocidades sobre sem-abrigo

A Comissão de Verdade e Reconciliação da Coreia do Sul responsabilizou hoje anteriores governos pelas atrocidades cometidas na Casa dos Irmãos, instalação financiada pelo Estado onde milhares de sem-abrigo foram escravizados há mais de 40 anos.

A comissão anunciou as conclusões preliminares da investigação sobre as violações dos direitos humanos naquela instituição, incluindo casos extremos de trabalho forçado, violência e mortes. A comissão afirmou ter confirmado até agora 657 mortes, elevando o número anteriormente avançado de 513 entre 1975 e 1986, documentado nos registos da instalação.

Entre os anos 60 e 80 do século passado, os ditadores militares sul-coreanos ordenaram operações com o objetivo de ‘limpar’ as ruas. Milhares, incluindo pessoas sem-abrigo e deficientes, bem como crianças, foram arrancados das ruas e levados para instalações, onde permaneceram detidos e forçados a trabalhar.

A Casa dos Irmãos foi a maior dessas instalações, antes de um procurador ter exposto os horrores praticados em 1987. O governo do ditador militar Chun Doo-hwan procurou acabar com a investigação que determinou centenas de mortes, violações e espancamentos nas instalações.

24 Ago 2022

Japão abranda restrições à entrada de viajantes a partir de 7 de Setembro

O Governo do Japão anunciou hoje que vai deixar de exigir às pessoas vacinadas contra a covid-19 que pretendam entrar no país o certificado de teste PCR negativo, a partir de 7 de Setembro.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que a medida vai abranger cidadãos japoneses e residentes ou visitantes estrangeiros, desde que tenham recebido pelo menos três doses de uma vacina contra a covid-19.

O Japão, que ainda mantém fortes restrições ao turismo externo, requer atualmente que todos os viajantes que chegam ao arquipélago apresentem à chegada um teste negativo realizado nas 72 horas anteriores ao embarque, no país de partida.

Numa conferência de imprensa, Kishida sublinhou que o Japão pretende “ampliar o número de pessoas que podem entrar no país”.

O Japão mantém as medidas fronteiriças mais restritivas entre os países do G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo), limitando as entradas a 20 mil pessoas por dia e mantendo suspensos a maior parte dos acordos bilaterais sobre a emissão de vistos.

As medidas dificultam as viagens de negócios e deslocações turísticas, especialmente aos visitantes estrangeiros não residentes no Japão.

Neste caso, o visto pode ser solicitado com fins turísticos através de agências de viagens autorizadas pelo Governo, mas com limitação dos grupos de viajantes, que devem ser acompanhados por um guia autorizado.

Segunda a imprensa japonesa, cerca de duas mil pessoas entraram no país com visto de turista em julho, muito abaixo da quota diária de 20 mil. O primeiro-ministro afirmou que o objetivo é “flexibilizar as medidas para torná-las iguais aos países do G7 de acordo com a situação que se apresenta dentro e fora do país”.

Kishida salientou que o número máximo de entradas diárias “será decidido com base na evolução da situação” da pandemia.

A nível doméstico, o primeiro-ministro anunciou que o Japão irá modificar os seus critérios de contagem dos casos diários de covid-19 – como outros países já fizeram – numa altura em que o país enfrenta a sétima e maior onda de infeções até à data.

Kishida participou na conferência de imprensa de forma remota, visto que se encontra em isolamento por ter testado positivo à covid-19 durante o fim de semana.

O Japão é, desde finais de julho, o país que regista o maior número de novos casos semanais de covid-19, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o que tem sido atribuído ao abandono progressivo da contagem de números oficiais e à redução da testagem em outros países desenvolvidos.

24 Ago 2022

Fundador da Huawei diz que prioridade da empresa para os próximos três anos é sobreviver

O principal objetivo da Huawei para os próximos três anos é sobreviver, à medida que uma possível recessão económica global agrava o efeito das sanções impostas à tecnológica chinesa pelos Estados Unidos, disse o fundador da empresa.

Num artigo enviado aos funcionários da empresa e posteriormente citado pelo portal de notícias económicas Yicai, Ren Zhengfei pediu que a empresa “mude para modo de sobrevivência em 2023, ou até 2025”. Ren pediu uma mudança de foco na estratégia corporativa, que dê prioridade ao lucro e ao fluxo de caixa, em detrimento do aumento das vendas.

O fundador da Huawei adiantou que a empresa vai encerrar linhas de negócio não essenciais e reduzir postos de trabalho na sede, em Shenzhen, no sudeste da China. “Ainda é incerto se vamos conseguir dar um passo adiante neste período… Não devemos ter ilusões, sobretudo quando se trata de fazer previsões de negócios”, acrescentou.

Nos últimos anos, a Huawei foi afetada por sanções do governo dos EUA, por considerar a gigante tecnológica da China um perigo para a segurança norte-americana, devido às alegadas ligações aos serviços de informações chineses, e também pelo impacto da pandemia da covid-19. Em 2021, o volume de negócios caiu 28,5%, em relação ao ano anterior.

24 Ago 2022

Seca | China combate incêndios e raciona energia

A vaga de calor que assola o sudoeste do país é a mais grave desde 1961, ano em que começou a haver registos de temperatura, e já obrigou à deslocação de milhares de pessoas

 

Incêndios florestais forçaram à retirada de mais de 1.500 pessoas no sudoeste do país, onde o calor extremo e a seca estão a obrigar ao racionamento de energia, relataram segunda-feira os ‘media’ locais. Alguns dos centros comerciais da cidade de Chongqing foram encerrados, durante grande parte de segunda-feira, para reduzir o consumo de electricidade, informou a cadeia televisiva estatal CCTV.

A seca e o calor dizimaram também colheitas e fizeram com que os caudais dos rios, incluindo do Yangtzé, descessem, interrompendo o tráfego de carga e reduzindo o fornecimento de energia hidroeléctrica, numa altura de crescente procura por ar condicionado.

A imprensa estatal noticiou que o Governo está a tentar proteger a colheita de cereais do Outono, que representa 75 por cento do total anual da China, lançando substâncias químicas de condensação para a atmosfera, com o intuito de gerar chuva.

A interrupção aumenta os desafios para o Partido Comunista Chinês (PCC), que está a tentar impulsionar o crescimento económico, nas vésperas do evento mais importante da agenda política da China. As empresas da província de Sichuan foram informadas sobre a extensão do racionamento de energia, que ditou o encerramento temporário de fábricas.

A LIER Chemical Co. informou a Bolsa de Valores de Shenzhen que as suas instalações nas cidades de Jinyang e Guang’an, em Sichuan, receberam um pedido para racionar a energia até quinta-feira.

Fábricas em Sichuan que fabricam chips semicondutores, painéis solares, componentes para automóveis e outros produtos industriais foram obrigadas a desligar ou reduzir a actividade na semana passada, para economizar energia para o uso doméstico, já que a procura por ar condicionado aumentou substancialmente por causa das temperaturas elevadas, que chegaram a atingir os 45 graus Celsius. Os sistemas de ar condicionado, elevadores e luzes foram desligados em escritórios e em centros comerciais.

Verão quente

Sichuan, com 94 milhões de habitantes, é especialmente atingida porque obtém 80 por cento da sua energia de barragens hidroeléctricas. Outras províncias dependem mais da energia a carvão, que não foi afectada.

O Governo chinês diz que este Verão é o mais quente e seco da China desde que começou a haver registos de temperatura e de precipitação, em 1961. Os incêndios nas áreas periféricas de Chongqing, que faz fronteira com Sichuan, são o último flagelo resultante do calor e da seca.

Mais de 1.500 moradores foram transferidos para abrigos, enquanto cerca de 5.000 civis e militares foram mobilizados para apagar as chamas, informou a agência noticiosa oficial Xinhua, na segunda-feira.
Helicópteros foram enviados para lançar água nas florestas em chamas, apoiando as equipas em terra.

Em 2019, um incêndio florestal nas montanhas da província de Sichuan matou 30 bombeiros e voluntários.
Nenhuma morte foi relatada até ao momento na sequência desta vaga de calor, de acordo com a Xinhua.

24 Ago 2022

Myanmar | Mais de 860 ONG pedem eliminação do cargo de enviado da ONU para o país

Mais de 860 organizações não-governamentais (ONG) pediram hoje à Assembleia Geral da ONU que elimine o cargo de enviado especial para Myanmar, que entendem ter servido para legitimar a junta militar que assumiu o poder em 2021.

O pedido, enviado através de uma carta, ocorre depois de a atual enviada especial da ONU para Myanmar (ex-Birmânia), Noeleen Heyzer, ter visitado o país na semana passada e ter-se encontrado com o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, em Nay Pyi Taw.

“A longa história de tentativas da ONU de chegar a acordos de paz com os militares birmaneses por meio de enviados especiais nunca produziu resultados significativos, mas deu legitimidade aos executores de crimes internacionais hediondos”, indica a carta assinada por 864 ONG.

Assim, organizações civis pedem à Assembleia Geral da ONU que elimine o mandato do cargo de enviado especial para Myanmar na sessão que será realizada em setembro e tome medidas para que os militares birmaneses respondam pelos abusos e pelos crimes ocorridos no país.

“Apelamos também ao secretário-geral da ONU [António Guterres] para que assuma um papel direto em Myanmar e tome medidas decisivas para mostrar o seu compromisso sério na resolução das devastadoras crises humanitária e de direitos humanos” no país, refere o documento.

A carta foi assinada por ONG de Myanmar e de outros países – das quais cerca de 320 não quiseram tornar os seus nomes públicos.

As signatárias incluem organizações com uma longa história de ativismo como a Progressive Voice, a Karen Peace Support Network, a Chin Human Rights Organization e a ALTSEAN-Burma, entre outras.

As ONG denunciam que a junta militar, que assumiu o poder em fevereiro de 2021, usou a visita de Heyzer como uma conquista diplomática e usou como propaganda nos meios de comunicações oficiais fotos da enviada da ONU e Min Aung Hlaing apertando as mãos.

Também criticam o facto de a enviada da ONU não ter conseguido encontrar-se com a líder deposta e Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que ainda está presa, e de não ter mencionado na sua declaração o Governo da Unidade Nacional, composto por políticos e ativistas pró-democracia.

“A junta é uma organização terrorista, de acordo com as leis locais de Myanmar e a definição internacional. A ONU deve aplicar o mandato da Carta da ONU para proteger o povo birmanês da crescente violência da junta” militar, afirmam os ativistas.

Na sua declaração após a visita, Heyzer indicou que pediu a Min Aung Hlaing que parasse com a violência no país, além do retorno do governo civil e democrático e também que Aung San Suu Kyi fosse autorizada a voltar para casa.

A enviada especial, que expressou a sua preocupação com os civis deslocados pelo conflito em Myanmar, disse que a sua visita não representa uma “legitimação” da junta militar birmanesa.

O Exército birmanês justificou o golpe militar de fevereiro de 2021 com uma fraude eleitoral no sufrágio de novembro de 2020, no qual o partido de Suu Kyi venceu, como havia feito anteriormente em 2015, com o aval de observadores internacionais.

22 Ago 2022

Filipinas | Escolas reabrem após mais de dois anos de encerramento

Milhões de crianças regressaram ontem à escola nas Filipinas, marcando para muitas o recomeço das aulas presenciais, interrompidas desde o início da pandemia da covid-19.

As Filipinas é um dos últimos países do mundo a reiniciar aulas presenciais a tempo inteiro, com o encerramento prolongado das salas de aula a levantar receios de um agravamento da situação educativa no país, que já se encontra em crise.

Depois do encerramento das escolas filipinas, o Governo criou um programa de “aprendizagem mista”, com a utilização de material impresso, bem como cursos difundidos através da televisão e das redes sociais. Antes da reabertura, as autoridades intensificaram a campanha de vacinação e anunciaram transportes públicos gratuito para todos os estudantes até ao final do ano civil.

No sábado, o Governo atribuiu dinheiro a estudantes e pais para ajudar nas despesas, o que levou a cenas de desordem no exterior dos centros de distribuição.

Com a reabertura das escolas, os problemas do período anterior à pandemia estão a reaparecer, como um elevado número de estudantes, métodos de ensino ultrapassados e falta de infra-estruturas essenciais.

Antes da pandemia, nove em cada dez crianças filipinas não eram capazes de “ler e compreender um texto simples”, depois dos 10 anos de idade, de acordo com um relatório recente do Banco Mundial e de outras agências. Apenas dez países estavam em pior situação, incluindo Afeganistão, Laos, Chade e Iémen.

22 Ago 2022

Estudo | Maioria dos consumidores chineses valoriza protecção de marcas

A consciência do consumidor chinês face ao valor dos direitos de propriedade intelectual, tem vindo a aumentar substancialmente nos últimos anos, indica um inquérito da CBNData e da LEGO Group

 

Os consumidores chineses têm um nível relativamente alto de consciência quando se trata de direitos de propriedade intelectual, com a maior parte a valorizar a protecção de marcas, indicou um inquérito industrial, citado pela agência estatal Xinhua.

Cerca de 85 por cento dos consumidores inquiridos disseram prestar atenção às marcas genuínas na compra de produtos, de acordo com um relatório conjunto da empresa nacional de análise de dados comerciais CBNData e da gigante global de brinquedos LEGO Group, citando os resultados de 2.000 questionários online.

O relatório revela que 69 por cento dos consumidores abordados concordam com a importância da protecção das marcas e agirão de acordo com esse princípio durante as suas compras.

Concorrência justa

Os consumidores chineses acreditam que a protecção de marcas registadas ajudará a cultivar um ambiente de concorrência justa, manter a imagem e reputação corporativa e proteger os direitos e interesses dos consumidores, de acordo com o relatório.

Até ao final de junho, a China tinha cerca de 40,55 milhões de marcas registadas efectivas, um aumento de 20,9 por cento em comparação com um ano atrás, indicam os dados da Administração Nacional de Propriedade Intelectual da China.

“Como uma empresa multinacional que tem um compromisso de longo prazo na China, realmente apreciamos os esforços contínuos das autoridades chinesas em criar um ambiente de negócios mais favorável através de todo este trabalho árduo e avanço na área de propriedade intelectual, bem como outros”, disse Robin Smith, vice-presidente e conselheiro geral da China & Ásia Pacífico, LEGO Group.

22 Ago 2022

Balanço de cheias repentinas na China sobe para 23 mortos

Uma inundação repentina ocorrida esta semana no oeste da China provocou 23 mortos e oito pessoas continuam desaparecidas, segundo um novo balanço divulgado hoje pela agência oficial Xinhua. O balanço anterior era de 16 mortos e as equipas de socorro encontraram 23 pessoas que tinham sido dadas como desaparecidas.

Uma tempestade súbita provocou um deslizamento de terras, que desviou o caudal de um rio, na noite de quarta-feira, informou a televisão estatal CCTV. A enchente afetou uma área com mais de 6.000 pessoas e mais de 1.500 casas na vila de Datong, de acordo com a mesma fonte.

As autoridades declararam uma emergência de nível 2, o segundo mais alto dos quatro níveis do sistema de aviso de cheias da China. Mais de 600 bombeiros e equipas de resgate foram mobilizados para procurar sobreviventes, segundo as autoridades locais.

As inundações mataram dezenas de pessoas e deixaram mais de um milhão de desalojados em províncias como Hunan, Sichuan e Gansu desde o início do verão, segundo dados citados pela agência espanhola EFE.

A China sofreu várias inundações este verão, ondas de calor extremo e seca. A imprensa estatal descreveu a onda de calor e a seca como as mais graves desde que há registos, há 60 anos.

Na quinta-feira, as autoridades emitiram o primeiro alerta nacional devido à seca este ano, e mobilizaram equipas especializadas para proteger plantações do calor extremo no vale do rio Yangtzé.

Na escala de Pequim, o amarelo é o terceiro nível de alerta mais grave. Cerca de 66 rios em 34 aldeias do sudoeste da China secaram devido ao calor extremo e à escassez de chuva.

Os níveis de precipitação caíram 60% este ano, em comparação com os padrões sazonais, informou a televisão estatal CCTV na segunda-feira. O Centro Meteorológico Nacional da China renovou, na sexta-feira, o seu alerta vermelho para altas temperaturas, o nível máximo, somando assim 30 dias consecutivos de alertas.

Os meteorologistas disseram que a atual onda de calor só começará a diminuir em 26 de agosto. Segundo dados do Ministério de Emergências chinês, as altas temperaturas de julho causaram perdas económicas diretas de 2.730 milhões de yuans e afetaram 5,5 milhões de pessoas.

A principal agência de recursos hídricos do país disse em comunicado, na quarta-feira, que a seca em toda a bacia do rio Yangtzé está a “afetar negativamente a segurança da água potável da população rural e do gado, e o crescimento das colheitas”.

Esta seca invulgar em algumas zonas do centro da China, acompanhada por uma onda de calor sem precedentes, provocou a suspensão da atividade em várias fábricas, devido ao aumento da procura de energia para o ar condicionado das populações.

Causou também uma redução da produção, face à escassez de água nos reservatórios, em regiões dependentes de energia hidroelétrica.

21 Ago 2022