Pequim diz estar “mais perto” do centro na governação internacional

A China assegurou ontem que está “cada vez mais perto” do centro na governação dos assuntos internacionais, afirmando que a “grande ameaça à ordem mundial” é quem “insiste no confronto e intimidação”, numa referência aos Estados Unidos.

“O mundo atravessa mudanças sem precedentes e a tendência histórica actual é de paz, desenvolvimento e cooperação, mas existem forças que insistem em manter uma mentalidade da Guerra Fria”, disse Ma Zhaoxu, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa realizada à margem do 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), que decorre, esta semana, em Pequim.

Numa alusão implícita aos Estados Unidos e aos seus aliados, Ma disse que há forças que “criam panelinhas, traçam linhas ideológicas, incitam o confronto e baseiam a sua política externa no poder hegemónico”.

“Essas são a grande ameaça à ordem mundial”, acusou. “Um mundo dividido não beneficia ninguém e o confronto só leva a becos sem saída”, acrescentou.

Na mesma conferência de imprensa, Shen Beili, vice-ministro do Departamento Internacional do Comité Central do PCC, disse que a China “luta pelo progresso de toda a humanidade” e “está a aproximar-se cada vez mais do centro da governação dos assuntos internacionais”.

Compromissos e defesa

O vice-ministro Ma Zhaoxu ressaltou que o país asiático está comprometido com o “verdadeiro multilateralismo” e que, durante a próxima cimeira do G20, a China “vai desempenhar um papel positivo na promoção da recuperação económica global”.

O governante também citou outros campos de cooperação, como a “energia, cadeias alimentares e segurança”, mas não confirmou se Xi Jinping vai participar na cimeira, que se realiza, no próximo mês, em Bali, na Indonésia.

“Estamos num período de grande instabilidade e transformação. Xi tem uma visão global profunda, com novas iniciativas que reflectem claramente o mundo que a China quer promover, o que inclui permanecer firme para defender a justiça e defender-nos contra quem nos ataca”, disse.

Ma acrescentou que o PCC “defende a sua liderança e o seu sistema” e “rebateu vigorosamente” a recente visita da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan, e outras “acções malignas”.

“Nós opomo-nos firmemente contra quem defende a ‘independência de Taiwan’ e impedimos qualquer interferência de forças estrangeiras nesta questão”, disse.

20 Out 2022

Défice da balança comercial do Japão mais que triplica em setembro

O Japão registou um défice comercial de 2,1 biliões de ienes (14,3 mil milhões de euros) em setembro, mais de três vezes superior ao registado em igual mês do ano passado, avançou hoje o Governo.

De acordo com dados oficiais divulgados pelo Ministério das Finanças japonês, o valor de setembro foi ainda assim 25,7% inferior ao de agosto, mês em que o país tinha registado um défice recorde, de 2,82 biliões de ienes. Setembro foi o quarto mês consecutivo em que a terceira maior economia mundial teve um défice na balança comercial.

Apesar do défice as exportações cresceram 28,9%, para 8,8 biliões de ienes. No entanto, as importações subiram ainda mais, 45,9%, para 10,9 biliões de ienes.

O défice japonês deveu-se sobretudo às trocas com a China, o maior parceiro comercial nipónico, nas quais Tóquio teve um défice de 575,8 mil milhões de ienes, quase o dobro do registado em setembro de 2021.

Pelo contrário, o Japão teve um resultado positivo de 606,9 mil milhões de ienes nas trocas comerciais com os Estados Unidos, a maior economia do mundo, mais 54,8% do que em igual mês do ano passado.

Com a União Europeia, o terceiro maior parceiro comercial japonês, o país asiático registou um défice de 183,5 mil milhões de ienes, uma descida homóloga de 16%. Já o défice do Japão com o Brasil subiu 38,6% em setembro para 88,7 mil milhões de ienes.

20 Out 2022

Chefe do executivo de Hong Kong aposta na atração de talento estrangeiro e inovação

O chefe do executivo de Hong Kong, John Lee, comprometeu-se ontem a atrair talentos estrangeiros, promover a cidade como centro de inovação, aumentar a oferta de habitação e aprofundar os laços da região administrativa chinesa com a China continental.

Num discurso político no Conselho Legislativo (LegCo), Lee anunciou uma série de estratégias, incluindo permitir que os trabalhadores com rendimentos elevados e os licenciados das 100 melhores universidades do mundo permaneçam em Hong Kong durante dois anos sem inicialmente receberem uma oferta de emprego.

“Nos últimos dois anos, a força de trabalho local diminuiu em cerca de 140.000 pessoas”, afirmou Lee, assegurando que “para além de encorajar e reter ativamente os talentos locais, o governo irá procurar incessantemente por talentos em todo o mundo”.

Lee, eleito chefe do executivo em maio, também revelou um plano milionário para reindustrializar a região de Hong Kong e estabelecê-la como um centro de inovação e tecnologia.

O projeto terá como objetivo atrair empresas estrangeiras de tecnologias de informação para criar empresas em Hong Kong, financiar investigadores universitários e desenvolver as “Metrópoles do Norte” (“Metropolis of the North”) na parte norte da cidade.

Ao mesmo tempo, alguns escritórios governamentais atualmente localizados no distrito empresarial de Hong Kong serão relocalizados para a metrópole, que tirará partido da sua proximidade com a fronteira continental para criar sinergias com cidades do sul da China, como Shenzhen e Cantão.

Este plano de inovação anunciado por Lee surgiu duas semanas depois do governo dos EUA ter anunciado um movimento para cortar o acesso da China a semicondutores (‘chips’) feitos em qualquer parte do mundo com equipamento dos EUA.

Quanto à habitação, Lee prometeu aumentar a oferta pública em 25% e reduzir os tempos de espera dos candidatos num território recentemente classificado como a cidade mais cara do mundo para se viver, de acordo com um relatório anual da empresa de mobilidade global ECA International.

No entanto, o político de Hong Kong não fez qualquer menção a uma nova mudança nas restrições impostas para enfrentar a pandemia, apesar das últimas semanas de esperança e especulação de que as medidas anticovid de Hong Kong seriam ainda mais relaxadas.

Desde 26 de setembro, Hong Kong retirou a exigência de quarentena obrigatória nos hotéis como medida de precaução e requer apenas um período de observação de três dias para as chegadas ao estrangeiro. Não obstante, para viajantes internacionais, as pessoas que atravessam a fronteira para a China continental ainda têm de fazer uma semana de isolamento num hotel.

Comentando o discurso político de Lee, George Leung, diretor da Câmara Geral de Comércio de Hong Kong, disse que a atual fuga de cérebros de Hong Kong tem sobretudo a ver com as regras anticovid da cidade.

Acrescentou que embora novas medidas para atrair talento ajudassem, não são particularmente mais atrativas do que as oferecidas por lugares como Singapura e Londres.

20 Out 2022

Mercado rural na China é agora um espaço de oportunidades de negócios

O mercado rural chinês, devido às políticas recentes da China, está a transformar-se num espaço vibrante para o consumo, o que tem atraído alguns empresários ocidentais, mas sobretudo chineses. Recentemente, a Harvard Business Review (HBR) explicou aos seus leitores como ter lucros no mercado chinês, despertando as multinacionais ocidentais para o papel frequentemente negligenciado do enorme mercado rural da China na sustentação do sucesso empresarial.

Segundo a HBR, o mercado chinês está para além dos seus centros urbanos, devido à rápida ascensão do consumo no mercado rural, resultado da luta contra a pobreza, fomentada pelo governo chinês na última década.

O enorme mercado rural, o local de nascimento de muitos trabalhadores com rendimentos médios e de um grande número de pessoas que aspiram a uma vida melhor, será cada vez mais utilizado pelas empresas nacionais e estrangeiras para venderem os seus produtos, refere a HBR.

O artigo da HBR, datado de 12 de Outubro, serve como um alerta para as empresas ocidentais alinharem as suas estratégias de mercado na China de acordo com o recente e vibrante mercado de consumo rural do país.

“Talvez valha a pena considerar a ideia de que em muitos casos o problema não é tanto geopolítico como estratégico”, lê-se no artigo do HBR, que cita exemplos contrastantes de multinacionais que tiveram de se retirar do mercado chinês ou continuar a ter sucesso nesse mesmo mercado.

A escolha da estratégia de entrada no mercado decidiu o destino diferente do gigante americano da electrónica Best Buy e da empresa de semicondutores AMD, também sediada nos EUA. A Best Buy optou por “concentrar-se nos centros urbanos chineses, mais ricos mas disputados” enquanto a AMD “concentrou-se na venda de produtos mais baratos para atrair consumidores sensíveis aos preços nos mercados rurais”.

Eventualmente, a Best Buy decidiu sair do mercado chinês, anos depois da sua incursão nos maiores centros urbanos da China, com a abertura de enormes lojas com gigantescas salas de exposições. Em forte contraste, “o sucesso da AMD forçou a Intel a responder com uma estratégia semelhante, desenvolvendo processadores e telefones de preços acessíveis para o mercado rural”. O artigo da HBR aponta o enorme mercado rural da China como uma parte frequentemente negligenciada das histórias de sucesso da China.

“Demasiadas empresas apostaram nos mercados urbanos, o que fez com que as exigências do mercado urbano se tornassem saturadas, enquanto que a concorrência nos mercados rurais é escassa”, afirma Li Guoxiang, um investigador do Instituto de Desenvolvimento Rural da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O sucesso chinês na batalha contra a pobreza, bem como o seu projecto de prosperidade comum, foi fulcral para a construção deste emergente mercado. “A população rural é de cerca de 500 milhões na China, cuja escala é ainda relativamente grande. Isto irá provocar uma grande quantidade de consumo básico”, explica Chen Ming, um investigador do Instituto de Ciência Política da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

“A capacidade de consumo da população rural tem vindo a aumentar significativamente, o que significa que parte da população rural terá passado de uma prosperidade moderada para a riqueza”, acrescenta Chen Ming.

No relatório ao 20º Congresso Nacional do CPC no domingo, Xi Jinping disse que o PCC no seu centenário deu início a uma nova era de socialismo com características chinesas, erradicando a pobreza absoluta e construindo uma “sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, completando assim o Primeiro Objectivo do Centenário”, disse ele, chamando aos três grandes eventos “façanhas históricas”.

Xi prometeu construir “uma economia de mercado socialista de alto nível, modernizar o sistema industrial, promover a revitalização rural, promover o desenvolvimento regional, e promover um nível de vida elevado”.

De acordo com o relatório, estão também “a ser envidados esforços no sentido de promover a revitalização constante de empresas, talentos, cultura, ecossistemas e organizações”. Segundo Xi, “o país continuará a colocar o desenvolvimento agrícola e rural em primeiro lugar, prosseguirá o desenvolvimento integrado das zonas urbanas e rurais”.

O caminho chinês para o desenvolvimento rural

Segundo o governo chinês, “o caminho socialista para o desenvolvimento rural depara-se como tendo incubado um vasto mercado no interior, uma componente menos conhecida, mas substancial da ascensão da economia como motor do crescimento global”. Hong Tao, director do Instituto de Economia Empresarial da Universidade de Tecnologia e Negócios de Pequim, disse que, tendo sido direccionado um grande volume de investimento para a revitalização, os mercados rurais tornar-se-ão cada vez mais activos. “Mas o desenvolvimento rural tem as suas próprias características distintivas, e os investidores devem preparar-se para investimentos a longo prazo neste sector”, adverte.

“Tudo considerado, face ao contexto de revitalização rural e ao desenvolvimento integrado das indústrias primárias, secundárias e terciárias nas zonas rurais, o PIB da China rural congregar-se-á e a sua proporção aumentará gradualmente. Em particular, as indústrias secundárias e terciárias das zonas rurais assistirão a uma melhoria da qualidade e escala industrial”, disse Hong.

Além disso, a escala e a proporção do mercado de consumo rural também irá aumentar gradualmente. “É possível que as zonas rurais contribuam para mais de 15% do consumo total da China a curto prazo”, afirmou Hong.
Tian Yun, economista, disse que “embora o consumo rural não seja o maior contribuinte em termos de proporção de consumo, o seu crescimento ultrapassará o do consumo urbano”. Uma das razões por detrás deste fenómeno é a política de diminuição da pobreza e revitalização da economia rural, o que resultou na colocação de um grande número de recursos públicos nas zonas rurais do país, tais como infra-estruturas.

Por outro lado, os salários rurais aumentaram significativamente, já que muitas pessoas estão a trabalhar na indústria ou no sector dos serviços, depois da produtividade agrícola aumentar continuamente, graças à mecanização, observou Tian.

Com este pano de fundo, os economistas salientam que os mercados rurais podem efectivamente proporcionar um mercado com enorme potencial para as empresas, tanto da China como estrangeiras, e tornar-se no seu novo ponto de crescimento, agora que os mercados urbanos estão praticamente saturados após estas décadas de desenvolvimento.

Na fase actual, os clientes rurais podem ainda preferir produtos de baixo custo. Mas, no futuro, necessitarão também de mais produtos com elevado valor acrescentado à medida que os seus rendimentos vão aumentando.

Espera-se que “o crescimento do consumo na China rural ultrapasse o consumo urbano em um a dois pontos percentuais nos próximos anos”, referiu o economista.

“Penso que as zonas rurais serão um poderoso impulso para o crescimento do consumo futuro da China, uma vez que a base da população rural é muito elevada, e as suas exigências para uma vida de qualidade estão longe de ser satisfeitas”, concluiu.

Segundo Tian, “este mercado proporcionará oportunidades tanto para empresas nacionais como estrangeiras. Especialmente para estas últimas que, no entanto, necessitam de equipas de localização que possam compreender as exigências e desejos dos clientes rurais”.

19 Out 2022

Secretário-geral da ONU critica histórico dos direitos humanos na Índia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou hoje o histórico dos direitos humanos da Índia, que, segundo observadores, regrediu durante o mandato do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi.

“Como membro eleito do Conselho de Direitos Humanos, a Índia tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos em todo o mundo e de proteger e promover os direitos de todos os indivíduos, incluindo membros de comunidades minoritárias”, disse Guterres durante um discurso em Mumbai.

Saudando o desenvolvimento da Índia desde a sua independência do Reino Unido em 1947, o responsável da ONU, no entanto, lamentou que a noção da “diversidade ser uma riqueza” não esteja a “ser garantida” no país.

Este pensamento, segundo o secretário-geral da ONU, deve “ser nutrido, fortalecido e renovado a cada dia”.

Os ativistas dos direitos humanos dizem que desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014 num país de maioria hindu e com cerca de 1,4 mil milhões pessoas, houve um aumento da perseguição e do discurso de ódio contra minorias religiosas.

A minoria muçulmana foi particularmente atingida na parte indiana da Caxemira, desde que o Governo de Modi impôs a sua autoridade direta na região em 2019.

A pressão também aumentou sobre críticos do Governo e jornalistas, especialmente mulheres jornalistas, que estão a ser violentamente assediadas na internet.

A Índia deve “proteger os direitos e liberdades de jornalistas, dos ativistas de direitos humanos, de estudantes e de académicos” e garantir “a manutenção da independência do sistema judicial indiano”, declarou ainda António Guterres.

“A voz da Índia no cenário mundial só pode ganhar autoridade e credibilidade a partir de um forte compromisso com a inclusão e o respeito pelos direitos humanos no país”, disse.

Guterres enfatizou que “muito ainda precisa ser feito para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres”. “Peço aos indianos que sejam vigilantes e invistam mais em comunidades e sociedades inclusivas, pluralistas e diversas”, afirmou o secretário-geral da ONU.

Em fevereiro, especialistas em direitos humanos da ONU pediram o fim dos ataques “misóginos e sectários” na internet contra uma jornalista muçulmana que criticou fortemente o primeiro-ministro Modi.

Os Repórteres Sem Fronteiras classificaram a Índia no 142.º lugar do seu índice mundial de liberdade de imprensa, sublinhando que está a “aumentar a pressão sobre os meios de comunicação para seguir a linha do Governo nacionalista hindu”.

19 Out 2022

Pelo menos oito mortos e 18 feridos em explosão numa cadeia da Birmânia

Pelo menos oito pessoas morreram e 18 ficaram feridas na sequência de uma explosão ocorrida hoje numa prisão em Insein, Rangum, a maior de Myanmar e onde se encontra a grande parte dos presos políticos do regime militar vigente.

A explosão foi registada às 09:40, perto de uma dependência onde o pessoal da cadeia recolhe as encomendas com comida e outros bens enviados aos reclusos pelos familiares.

De acordo com um comunicado da junta militar, a sala onde ocorreu a detonação fica próxima da entrada principal do estabelecimento prisional, tratando-se de um ataque terrorista.

“O terrorista colocou a bomba dentro de uma das encomendas e provocou a explosão”, refere o documento acrescentando que durante a evacuação do edifício foi encontrada “outra bomba dentro de um outro pacote e que foi desativada”.

Na sequência da explosão morreram três trabalhadores da prisão e cinco civis. A maior parte dos 18 feridos são civis, exceptuando cinco que são funcionários do estabelecimento prisional.

Imagens do local mostram manchas de sangue e vidros partidos. De acordo com o jornal independente birmanês Myanmar Now foram ouvidos disparos de armas de fogo após a explosão.

Os disparos foram feitos pelos guardas que se encontravam numa torre de vigilância e provocaram a fuga dos visitantes que se encontravam na entrada do edifício.

Outro testemunho, recolhido pela mesma publicação, indica que os guardas dispararam “de forma indiscriminada” contra a “população” e que as balas atingiram várias pessoas.

No comunicado oficial, a Junta Militar não refere os disparos de armas de fogo. As autoridades encerraram o estabelecimento prisional aos visitantes dos presos.Na maior cadeia de Myanmar (antiga Birmânia), situada a norte da cidade de Rangum, encontram-se cerca de dez mil reclusos.

Segundo a imprensa local, o “ataque” não foi reclamado sendo que a Junta Militar anunciou que vai “tomar medidas contra os terroristas, de acordo com a lei”.

Desde o golpe de Estado militar de fevereiro de 2021 que derrubou o governo democrático, vários grupos políticos da oposição optaram por recorrer à luta armada contra o regime no poder.

O autodenominado Governo de Unidade Nacional, leal à líder detida Aung Saan Suu Kyi criou as próprias Forças Armadas que costumam atuar nas zonas de fronteira.

A Associação de Assistência aos Presos Políticos, um grupo de defesa de direitos humanos birmanês, indica que, pelo menos, 2.367 morreram na sequência da repressão das autoridades militares e que mais de 12.600 pessoas foram presas de forma arbitrária.

19 Out 2022

Há mais jovens timorenses a compreender o português, mas falta a prática escrita

Especialistas disseram hoje que mais jovens timorenses do que nunca entendem português, mas que é necessária mais prática de uso da língua, em todos os níveis de ensino, para fomentar o uso oral e escrito.

No arranque das VII Jornadas Pedagógicas, na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), académicos referiram-se ao progresso feito no ensino do português em Timor-Leste, destacando o crescente número de jovens que conhecem a língua.

Mas, ao mesmo tempo, apontaram preocupações sobre um processo que tem que ser reforçado a todos os níveis de ensino, da pré-primária em diante, para que possa depois ser consolidado no ensino superior.

“Desde que existe a UNTL que temos trabalhado na introdução da língua portuguesa, apesar das dificuldades iniciais. Tem sido algo gradual e já estamos num patamar diferente, com a língua portuguesa mais desenvolvida”, sublinhou o vice-reitor para Assuntos Académicos, Samuel Freitas, na abertura das jornadas.

“Mas cabe a cada um fazer esse trabalho. A língua portuguesa vai para a frente, dependendo da vontade de cada um. E há muitos estudantes que entendem, mas para quem falar ou escrever é mais difícil, o que mostra a falta de prática da língua”, disse.

Intervindo na mesma ocasião, Benjamim Corte-Real, diretor do Centro de Língua Portuguesa da UNTL, disse que a evolução dos últimos anos, com cada vez mais jovens a entenderem a língua portuguesa, mostra que o português “deixou de ser a língua da elite”.

“Essa visão, de há 10 anos, era uma ilusão. Até porque na prática a decisão do português como uma das duas línguas oficiais foi feita na Assembleia Constituinte que, de facto, era uma representação da vontade democrática do povo timorense”, disse o docente.

“E não nos devemos ficar por dizer só que é a língua oficial. É a língua do povo, porque o povo assim o quis, porque entrou no seu reportório diário. Não é a elite que canta em português nos bailes e nas festas de casamento aos sábados. É o povo, jovens e adolescentes”, ilustrou.

Mostrando-se convicto na contínua progressão do português em Timor-Leste, Corte-Real disse que a língua portuguesa “não pode ser desvinculada da afirmação de identidade” do povo timorense.

“O português, pela sua parceria linguística, cultural, histórica com o tétum, já é uma realidade. É uma realidade pela sua complementaridade com o tétum, na afirmação do pilar da entidade e é com este objetivo e visão que continuamos a trabalhar”, afirmou.

Também Afonso de Almeida, vice-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UNTL, destacou a progressão registada no ensino e no uso do português na instituição, afirmando que toda a direção e várias faculdades continuam muito empenhadas neste processo.

O dirigente destacou recentes apresentações de trabalho de mestrado em que os alunos usaram o português, mas vincou que é preciso fazer mais, especialmente fora de faculdades “pioneiras” nesta questão como as de Direito, Educação e Ciências Exatas.

“Fizemos um estudo para ver se as faculdades estão a ensinar em língua portuguesa, mas dizem-nos que em várias ainda estão em fase de transição [o indonésio é uma das opções]. Mas essa transição vai até quando? Vamos ter que estar com esta transição até quando?”, questionou Afonso de Almeida.

“Obviamente isto não depende só da UNTL, mas das qualidades do ensino secundário, de jovens que até tentam fazer trabalho em português, mas depois com professores não dão essa oportunidade de trabalhar em português. É algo que temos que melhorar”, disse.

Para a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos, estes esforços podem ser apoiados com a “produção de materiais didáticos”, permitindo enquadrar e apoiar professores a todos os níveis de ensino.

Fortalecer a capacitação de professores, mas também de funcionários e do público em geral é “fundamental e necessita de ser encarado com meios e recursos agressivos”, disse Bairos.

A diplomata defendeu mais programas infantis em língua portuguesa nas televisões, planos de leitura, bibliotecas municipais e o reconhecimento de que o sistema de ensino “não vive em compartimentos fechados”, tendo por isso que se atuar a todos os níveis de escolaridade.

“Vejo com satisfação a vontade de jovens, pais e sociedade em geral em investir na aprendizagem da língua portuguesa como parte da sua identidade de nação”, disse ainda, reiterando o compromisso de Portugal em apoiar no fortalecimento do ensino e da consolidação do português “em aliança com o tétum”, em Timor-Leste.

Organizadas pelo Centro de Língua Portuguesa da UNTL e na sua sétima edição, as jornadas são subordinadas ao tema “Ler e falar o mundo em português”.

Promovidas no âmbito do projeto FOCO-UNTL e em articulação com a Embaixada de Portugal em Díli, as jornadas incluem seminários e debates sobre vários temas, incluindo a situação geral do ensino da língua portuguesa em Timor-Leste.

19 Out 2022

Coreia do Norte dispara artilharia na fronteira com o Sul pelo segundo dia consecutivo

A Coreia do Norte disparou hoje, pelo segundo dia consecutivo, projéteis de artilharia na fronteira marítima com a Coreia do Sul, que iniciou na segunda-feira exercícios militares anuais, com a participação de forças norte-americanas.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul avançou, em comunicado, que o regime de Pyongyang disparou cerca de 100 projéteis na costa oeste, por volta das 12:30 (04:30 em Lisboa), que caíram no mar.

O Estado-Maior Conjunto voltou a insistir que este disparo de artilharia é “uma clara violação” de um acordo militar de 2018, no qual os dois países prometeram evitar manobras ou exercícios com fogo real em águas próximas às fronteiras marítimas.

Na terça-feira, a Coreia do Norte tinha disparado cerca de 100 projéteis na costa oeste e 150 na costa leste. Sobre este últimos disparos, Pyongyang disse tratar-se de um “sério alerta” e de uma resposta aos exercícios militares anuais que Seul iniciou.

Os militares norte-coreanos acrescentaram, num comunicado divulgado horas depois dos disparos, terem ordenado às unidades no leste e oeste do país que disparassem “tiros ameaçadores e de advertência” em direção ao mar.

Um porta-voz do Estado-Maior da Coreia do Norte indicou que o objetivo foi servir como “uma poderosa contramedida militar” a exercícios militares do Sul junto à fronteira leste, considerados “uma provocação” por Pyongyang.

“A situação na península coreana está a piorar devido às repetidas provocações militares dos inimigos na área avançada”, sublinhou o comunicado norte-coreano. “Os inimigos devem parar imediatamente as provocações imprudentes e incitadoras que aumentam a tensão militar”, acrescentou o porta-voz militar norte-coreano.

Esta é a segunda vez que a Coreia do Norte dispara projéteis nas zonas de fronteira desde sexta-feira, quando disparou centenas de projéteis, em violação direta do acordo de 2018.

Na segunda-feira, as forças militares da Coreia do Sul iniciaram exercícios de campo, de 12 dias, para aprimorar as capacidades operacionais de resposta a vários tipos de provocações norte-coreanas, com a participação de forças norte-americanas.

As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.

19 Out 2022

Manchester | China defende direito de proteger consulados

A China defendeu ontem que as suas missões diplomáticas no exterior têm o direito de “tomar as medidas necessárias” para manter a segurança, após a polícia britânica ter anunciado uma investigação à agressão dum manifestante num consulado chinês.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China Wang Wenbin disse, em conferência de imprensa, que o manifestante “entrou ilegalmente” no consulado e “comprometeu a segurança das instalações diplomáticas chinesas”.

“As missões diplomáticas de todos os países têm o direito de tomar as medidas necessárias para manter a paz e a dignidade das instalações”, afirmou Wang. “Quero enfatizar que a paz e a dignidade das embaixadas e consulados chineses no exterior não devem ser violadas”, acrescentou.

Wang disse que o Governo britânico deve aumentar a protecção para os postos e funcionários diplomáticos chineses no Reino Unido.

A polícia da cidade inglesa de Manchester disse que o protesto pacífico, realizado à porta do consulado por um grupo de Hong Kong, no domingo, se transformou numa situação “hostil” quando homens não identificados saíram do terreno da missão diplomática chinesa, puxaram um dos manifestantes para dentro do consulado e o agrediram.

A polícia disse que um dos seus agentes interveio para retirar o homem. O manifestante foi levado para o hospital e não foram ainda feitas detenções.

Na TV

Um vídeo difundido pela cadeia televisiva BBC mostra uma luta em frente ao consulado, depois de homens mascarados terem saído do edifício e retirado os cartazes dos manifestantes. O mesmo vídeo mostra os homens a arrastar o manifestante para dentro do consulado e a agredi-lo.

O Governo britânico disse que o incidente é “profundamente preocupante”, acrescentando que a polícia intensificou as patrulhas na área. Em conferência de imprensa, o líder de Hong Kong, John Lee, afirmou ontem que não tinha todos os pormenores sobre o caso, mas confia que o governo do Reino Unido lidará com o incidente de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares e a lei britânica.

Andy Burnham, prefeito da Grande Manchester, disse que era importante que todos os factos fossem estabelecidos, mas acrescentou: “Com base no que vi, quero deixar claro que nunca é aceitável que manifestantes pacíficos sejam agredidos. Os responsáveis devem ser responsabilizados pelas suas ações”.

O porta-voz para as relações externas do Partido Trabalhista, da oposição, David Lammy, pediu ao Governo britânico que convoque o embaixador chinês para explicar o que aconteceu. De acordo com uma declaração difundida pelos organizadores do protesto, cerca de 60 manifestantes reuniram-se do lado de fora do consulado de Manchester para protestar contra a “reeleição de Xi Jinping”.

O actual secretário-geral do Partido Comunista Chinês deve assegurar um terceiro mandato durante o congresso da organização, que se realiza esta semana, quebrando com a tradição política das últimas décadas na China.

18 Out 2022

Tradutores estrangeiros salientam aspectos do discurso de Xi Jinping

O relatório lido no domingo por Xi Jinping, no 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), foi imediatamente vertido para diversas línguas (inglês, francês, russo, espanhol, árabe, alemão, japonês e lao) por tradutores estrangeiros que não deixaram de dar a sua opinião sobre o que leram ao fazer o seu trabalho.

Ao irlandês Sean Slattery, por exemplo, pareceu um documento “muito voltado para o futuro”. “O relatório mostra grande visão, mas é também muito prático”, disse o irlandês. “Vai ter uma grande influência no desenvolvimento da China no futuro”.

A cada um a sua modernização

A “modernização chinesa” foi considerada pela maioria dos tradutores estrangeiros como sendo uma das principais mensagens do relatório de domingo. Descrevendo a modernização chinesa como “de grande importância” para o mundo, Slattery disse que as suas características especiais são distintamente diferentes dos caminhos que outros países escolheram no passado ao prosseguirem a modernização.

“Conseguir a modernização para os 1,4 mil milhões de habitantes do país é um enorme passo em frente para a humanidade”, referiu, mas não deixou de considerar que “ao prosseguir a sua própria via de modernização, a China está a sublinhar a importância de cada país se modernizar através de um caminho que seja adequado às suas próprias condições e que o seu povo aceite e apoie”, concluiu Slattery.

“Para os outros países em desenvolvimento, a modernização chinesa oferece uma nova escolha, baseada nas suas próprias condições e mais cooperação internacional, em vez de pilhagem, guerra e sangue”, disse Mustafa Yahia, 65 anos, que foi responsável pela tradução da versão árabe.

Já Peggy Cantave Fuyet sempre quis saber como é o maior país socialista do mundo. O relatório ofereceu-lhe uma visão. “As pessoas”, “o ambiente” e “a paz” foram as suas principais conclusões do relatório. Para a especialista em língua francesa, as palavras indicam que a modernização chinesa é uma modernização que beneficia todos no país em vez de apenas alguns, que a China honrará as suas palavras ao atingir os objectivos de atingir o pico das emissões de carbono e ganhar neutralidade de carbono, e que o caminho que a China escolheu não é o imperialismo, o colonialismo ou o hegemonismo, mas um caminho de desenvolvimento pacífico.

Uma década marcante

O relatório resume as grandes realizações ao longo dos primeiros 10 anos da nova era na China. Uma grande mudança que tem sido testemunhada pelos próprios peritos estrangeiros.

Francisco J. Ayllon, de Espanha, que está na China há 18 anos, maravilhou-se com o feito da eliminação da pobreza, já que assistiu a cerca de 100 milhões de residentes rurais saírem da pobreza em menos de 10 anos. “Este é um contributo significativo para a redução da pobreza global”, considerou.

A especialista em língua russa K. Angelina observou que o povo chinês desfruta agora de céus mais azuis e água mais pura, e tem mais veículos de energia novos nas estradas.

Para Verena Menzel, da Alemanha, que vive na China há 11 anos, os pagamentos móveis, as bicicletas partilhadas e as plataformas em linha trouxeram “muita surpresa e conveniência”. A alemã disse também que tem detectado também um sentimento cada vez mais forte de confiança cultural na China.

Taguchi Nao, do Japão, diz-se impressionada com o sistema de segurança social da China, a Iniciativa China Saudável e as medidas para enfrentar o envelhecimento da população, um problema que também afecta o seu país.
Pongtay Chaleunsouk, do Laos, assistiu recentemente a uma palestra espacial ao vivo na televisão, com interacções entre astronautas chineses a bordo da estação espacial da China e crianças na Terra. Para ele, foi “inesquecível”.

“Embora tenha iniciado o seu programa espacial muito mais tarde, a China tornou-se líder na indústria espacial e está pronta a expandir a sua cooperação científica e tecnológica com outros países”, afirmou. “As tremendas mudanças na última década são de um marco importante, que provêm da forte liderança do PCC e dos incessantes esforços do povo chinês”, acrescentou.

Compreender a China, compreender o PCC

Uma das visões partilhada entre os tradutores estrangeiros passa pela noção de que “compreender a China implica uma boa compreensão do PCC, da sua história e da sua lógica de governo”. Entre as frases do relatório que, segundo eles, causaram maior impressão encontram-se: “O apoio do povo é da maior importância política”, “uma filosofia de desenvolvimento centrada no povo”, e “Este país é o seu povo; o povo é o país”.

“Termos como estes sublinham realmente o quanto o Partido valoriza a sua estreita relação com o povo, estando de todo o coração empenhado em tornar as suas vidas melhores e em servi-lo”, disse Slattery.

Mustafa lembra-se da primeira vez que esteve envolvido na tradução do relatório do congresso há cinco anos, quando o PCC prometeu no seu 19º congresso nacional assegurar uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos.

“Como esse objectivo foi alcançado como previsto, o PCC está agora a conduzir o país numa nova viagem para construir um país socialista moderno em todos os aspectos”. Acredito que irá honrar a sua promessa novamente”.
Angelina, da Rússia, encontrou novos conteúdos cada vez que traduzia um importante documento do PCC. “Devo continuar a enriquecer-me para entregar boas traduções”.

“O PCC é um partido com uma forte capacidade de investigação, acção, inovação, e de acompanhar os tempos”, referiu Cantave Fuyet, que obteve um doutoramento sobre a adaptação do marxismo ao contexto chinês.
Chaleunsouk disse que, embora muitos termos no relatório sejam expressões únicas do PCC, tais como “tirar tigres” e “caçar raposas”, são vívidos e fáceis de compreender, ilustrando a resolução de exercer uma auto-governação e auto-reforma total e rigorosa do partido.

Paz e inovação

Para tornar a China num grande país socialista moderno em todos os aspectos, o PCC adoptou um plano estratégico em duas etapas: basicamente realizar a modernização socialista de 2020 a 2035, e “tornar a China num grande país socialista moderno que seja próspero, forte, democrático, culturalmente avançado, harmonioso, e belo de 2035 até meados deste século”.

“A palavra ‘inovação’ apareceu muitas vezes no relatório”, disse Menzel, observando que está “ansiosa por mais cooperação entre a China e a Alemanha, ambos países impulsionados pela inovação”. “A China precisa de um mundo pacífico para se desenvolver e, ao mesmo tempo espera contribuir para a paz mundial com o seu desenvolvimento”, disse Slattery, tirando esta conclusão dos objectivos que o PCC está a tentar alcançar, especificados no relatório do congresso.

“O mundo é como uma família que partilha o bem e o mal”, disse Cantave Fuyet, observando que “ao promover uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade, o PCC mostra que se preocupa com o bem-estar do mundo inteiro e que está determinado a tornar a sua grande visão numa realidade”.

Mustafa recorda que Pequim, há 20 anos, só tinha duas linhas de metro, quando chegou à China pela primeira vez. Agora, a rede de metro de Pequim estende-se em todas as direcções, e o município tornou-se na única cidade do mundo a receber tanto os Jogos Olímpicos de Verão como os de Inverno. À medida que o país se desenvolveu nas últimas décadas, Mustafa disse estar confiante de que a China conseguirá a modernização. “Espero testemunhar o grande momento histórico juntamente com o povo chinês”, concluiu.

18 Out 2022

Rapazes na China rural têm mais 7,5 cm de altura e são 6,6 kg mais pesados do que há uma década

A melhoria nutricional aumentou a altura e o peso médios dos rapazes de 13 anos na China rural, que são agora 7,5 cm mais altos e 6,6 kg mais pesados do que há uma década atrás, segundo um estudo oficial.

Embora o ganho tenha sido maior entre os rapazes de 13 anos, as crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos são agora em média pelo menos 3cm mais altas e 1kg mais pesadas devido a uma dieta melhorada, de acordo com um inquérito realizado entre 2012 e 2021, junto de crianças em idade escolar provenientes de zonas rurais de cerca de 700 concelhos em toda a China.

Entre as raparigas, as de 12 anos foram as que mais beneficiaram, ganhando 6,3 cm de altura e 5,8 kg de peso em média, descobriu o estudo, que foi publicado no portal do Ministério da Educação chinês.

O aumento significativo do peso das crianças foi principalmente graças a uma iniciativa de melhoria da nutrição lançada em 2012, dirigida a estudantes de regiões rurais mais pobres, afirma o estudo.

A prevalência de crescimento atrofiado diminuiu 5,7% em relação a 10 anos atrás, afectando apenas 2,3% das crianças monitorizadas no ano passado. No entanto, no final do ano passado, cerca de 12% ainda sofriam de anemia, uma condição em grande parte ligada a deficiências nutricionais, embora esta tivesse diminuído quase 5% desde 2012.

Apesar de um aumento considerável na disponibilidade e diversidade dos alimentos fornecidos às crianças em áreas de menor rendimento, menos de um terço teve acesso a leite e fruta todos os dias no ano passado.

A iniciativa não só ajudou as crianças em idade escolar a tornarem-se mais saudáveis, como também tem sido, “uma medida importante para parar a transmissão intergeracional de pobreza e promover a igualdade na educação”, afirma o estudo.

Crianças mais altas e maiores têm sido consideradas como provas tangíveis do progresso da China na redução da pobreza nas últimas décadas, após as reformas económicas de finais da década de 1970. Embora as memórias de malnutrição e fome ainda estejam frescas entre as gerações mais velhas, a maior parte das dietas alimentares das pessoas têm sofrido grandes melhorias desde então, uma vez que centenas de milhões foram retiradas da pobreza com base nos padrões do governo chinês.

A investigação internacional sobre a evolução das alturas médias em 2020 cria um quadro ainda mais impressionante para a China, pois constata que o país testemunhou o maior aumento da altura masculina entre 1985 e 2019 entre 200 países e territórios examinados.

Os homens chineses com 19 anos cresceram quase mais 9 cm de altura durante o período, de acordo com uma pesquisa publicada na revista médica Lancet. As mulheres chinesas, na mesma faixa etária, ganharam 6 cm, marcando o terceiro maior aumento de altura a nível mundial.

18 Out 2022

Astronauta quer partilhar estação espacial chinesa com colegas estrangeiros

Wang Yaping é astronauta e delegada do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês. Actualmente, um dos seus maiores desejos é partilhar, com colegas astronautas estrangeiros, a estação espacial chinesa que está quase concluída.

“Temos sorte de ter entrado numa nova era. Do meu primeiro vôo em 2013 ao meu mais recente vôo há um ano, as missões espaciais tripuladas da China têm frequentemente alcançado, nos últimos dez anos, novos patamares,” afirmou Wang.

“Temos uma plataforma de vôo mais ampla, mais experiência e a própria estação espacial. Nesta década, gerações de astronautas continuaram a lutar”, afirmou, lembrando os inícios da sua aventura: “Quando a nave Shenzhou-5 voou pela primeira vez, teve o seu próprio sonho de voar. Porém, na época, nunca imaginei que alguma vez poderia voar para o espaço. Hoje, muitas das primeiras crianças que ouviram as minhas declarações no espaço tornaram-se meus companheiros de equipa na frente espacial”.

Para Wang, “a indústria aeroespacial representa a força dos tempos e a força do legado”. Num futuro próximo, quando a estação espacial chinesa estiver totalmente concluída, Wang disse que espera entrar na estação espacial chinesa “com colegas estrangeiros para explorarem juntos o vasto universo”.

17 Out 2022

China rejeita “mal entendidos” e reafirma “interação positiva com os mercados internacionais”

A China assegurou ontem que vai “expandir solidamente” a abertura ao exterior e promover uma globalização “benéfica para todos”, numa altura em que empresas europeias acusam o país de se isolar do resto do mundo.

“Houve alguns mal-entendidos sobre o nosso novo padrão de desenvolvimento, que é focado na economia doméstica, mas que mantém uma interação positiva com os mercados internacionais”, defendeu o vice-director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), o órgão máximo chinês de planificação económica, Zhao Chenxin, à margem do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, que decorre esta semana, em Pequim.

“É um erro pensar que, ao focar-se na economia doméstica, a China vai reduzir os seus esforços de abertura ou tornar-se numa economia ‘auto-suficiente’”, apontou. Zhao considerou que a globalização económica é uma “tendência irreversível” e que o país asiático está “profundamente integrado com a economia global e o sistema internacional”.

“As indústrias da China e de muitos outros países estão altamente interconectadas e são interdependentes”, descreveu. A China precisa agora de um “desenvolvimento de maior qualidade e mais eficiente, justo, sustentável e seguro”, apontou.

Zhao assegurou que Pequim “vai intensificar ainda mais os esforços para incentivar o investimento estrangeiro”, e que a economia do país asiático, que divulga na terça-feira os dados do crescimento do PIB no terceiro trimestre do ano, “registou uma tendência de recuperação notável”.

17 Out 2022

Taiwan | Kuomintang saúda 20º Congresso e reafirma “Consenso de 1992”

O comité central do Partido Kuomintang, de Taiwan, que governou a ilha durante várias décadas, enviou uma mensagem de felicitações ao Partido Comunista Chinês, por ocasião do 20º Congresso Nacional, em que, “com base no ‘Consenso de 1992’” e em oposição ao actual governo da ilha, afirma que “a comunicação e a cooperação entre as duas partes produziram resultados frutuosos”, e que esperam que “as duas partes continuem a comunicar e a trabalhar sinceramente em conjunto”. O “Consenso de 1992” estabelece que ambas as partes estão de acordo que “só há uma China”.

Além disso, o Kuomintang expressou ainda a esperança de que “as duas partes possam manter o diálogo, cooperar sinceramente, aprofundar a confiança mútua e procurar uma base comum, pondo de lado as diferenças para, em conjunto, trazer benefícios às pessoas de ambos os lados do Estreito de Taiwan, salvaguardar a paz e a estabilidade através do Estreito, e promover o desenvolvimento das relações entre as duas margens do Estreito”.

Numa mensagem, em resposta ao Kuomintang, o Comité Central do PCC afirmou que, “sobre a base política comum de adesão ao Consenso de 1992 e de oposição à ‘independência de Taiwan’, as duas partes promoveram conjuntamente ao longo dos anos o desenvolvimento pacífico das relações entre os dois lados do Estreito e trouxeram benefícios aos compatriotas de ambos os lados”.

Na missiva, o PCC não deixa de registar “a complicada e grave situação actual”, mas expressou “a esperança de que as duas partes possam, na base política comum existente, reforçar a comunicação, aumentar a confiança mútua, aprofundar a cooperação, e trabalhar em conjunto para a paz através do Estreito”.

Os antigos presidentes do Kuomintang Lien Chan e Hung Hsiu-chu, o presidente do Novo Partido Wu Cheng-tien, e o presidente da União de Solidariedade Não-Partidária Lin Pin-kuan também enviaram mensagens de felicitações.

Promessa solene

No domingo, Xi Jinping dissera que o PCC “vai implementar a sua política global para resolver a questão de Taiwan na nova era, e avançar inabalavelmente a causa da reunificação nacional”. “Continuaremos a lutar pela reunificação pacífica com a maior sinceridade e o maior esforço, mas nunca prometemos renunciar ao uso da força”, afirmou o presidente.

“Isto é dirigido unicamente à interferência de forças externas e aos poucos separatistas que procuram a ‘independência de Taiwan’ e as suas actividades separatistas; não é de forma alguma dirigido aos nossos compatriotas de Taiwan”, concluiu.

“A última observação é considerada uma promessa solene na nova era relativamente à forma de resolver a questão de Taiwan”, disseram especialistas citados pelo Global Times. “Também transmite um significado especial e serve como um novo aviso às forças externas e aos poucos separatistas, que são as maiores incertezas e forças destrutivas para a situação pacífica entre as duas margens do Estreito. Entretanto, a forte ligação entre a reunificação nacional e o rejuvenescimento nacional foi reconfirmada, uma vez que a reunificação nacional serve como o indicador político básico do rejuvenescimento nacional”, disseram os peritos.

Zhang Wensheng, vice-reitor do Instituto de Investigação de Taiwan na Universidade de Xiamen, afirmou que “Esforçarmo-nos pela reunificação pacífica mas nunca prometendo renunciar ao uso da força, é a nossa política existente sobre a questão de Taiwan, que é uma consideração estratégica e um juramento numa nova era”.

“Reafirmar esta linha básica da nossa política serve também como um novo aviso não só aos separatistas da ilha, mas também à interferência externa, pois a luta contra o separatismo e a interferência externa não parecia ser tão urgente no passado, mas agora é extremamente necessária, dado um ambiente global em mudança, especialmente quando as forças estrangeiras intensificam os esforços para nos conter, jogando a ‘carta de Taiwan’”, disse Zhang.

Segundo a China, nos últimos anos, os EUA, juntamente com alguns dos seus aliados, “têm usado a ‘carta de Taiwan’ com o objectivo de conter o desenvolvimento da China, violando gravemente o direito internacional e as normas básicas das relações internacionais”.

Assim entendeu o governo chinês a visita da Presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi a Taiwan em Agosto, considerada “altamente provocadora e perigosa”, e a Comissão de Relações Externas do Senado dos EUA, que aprovou a Lei Política de Taiwan de 2022 em Setembro, para além da continuação da venda de armas à ilha, medidas cujo objectivo é “esvaziar constantemente o princípio de uma só China, e encorajar e incitar as autoridades do Partido Democrático Progressista da ilha a intensificar o conflito entre as duas margens do Estreito”.

Tian Feilong, um perito jurídico da Universidade de Beihang em Pequim, disse que “a Constituição estipula as obrigações e deveres sagrados da reunificação nacional, e a Lei Anti-Secessão de 2005 estipula as circunstâncias sob as quais a reunificação nacional com métodos pacíficos ou meios não pacíficos será utilizada. E, no domingo, o relatório do 20º Congresso Nacional do PCC, esclareceu melhor as políticas e leis existentes”. “Os meios não pacíficos são opções que visam principalmente a interferência de forças externas e as actividades separatistas”, afirmou.

Questão entre chineses

Xi disse que a resolução da questão de Taiwan é um assunto para o povo chinês, um assunto que tem de ser resolvido pelo povo chinês, o que foi considerado “uma nova declaração que define e posiciona melhor a questão de Taiwan como assunto interno da China, que nada têm a ver com forças externas”.

Wang Jianmin, um perito da Universidade Normal de Minnan, disse que é também uma afirmação solene para o mundo para não interferirem na questão de Taiwan. “Se essas forças continuarem a aumentar a interferência, desencadeará uma crise no Estreito e forçará o governo chinês a tomar meios não pacíficos”.

“As rodas da história estão a rodar em direcção à reunificação da China e ao rejuvenescimento da nação chinesa”, disse Xi. “A reunificação completa do nosso país deve ser realizada, e pode, sem dúvida, ser realizada”.

“A reunificação nacional é um indicador político básico para o rejuvenescimento nacional, uma vez que não podemos imaginar que a China sem a reunificação faria o seu povo e a comunidade internacional acreditar que o rejuvenescimento nacional está completo”, disse Tian. “Em nome de todo o povo chinês, Xi declarou a forte vontade colectiva e a capacidade de completar a reunificação nacional”.

Ainda no domingo, após do discurso de Xi Jinping, o Conselho para os Assuntos do Continente de Taiwan – principal órgão do governo da ilha responsável por questões relacionadas com a China – afirmou “que a política de Pequim para Taiwan resulta de uma avaliação errada e não oferece novas ideias”.

“A República da China é um Estado soberano, e Taiwan nunca fez parte da República Popular da China”, defendeu o órgão, em comunicado após o discurso de Xi, declarações consideradas “impróprias, incendiárias e motivadas por influência estrangeira” por outras forças políticas na ilha.

17 Out 2022

Qatar vai organizar Taça das Nações Asiáticas de futebol de 2023

O Qatar, anfitrião do Mundial2022 de futebol, vai organizar a Taça das Nações Asiáticas de 2023, depois da China ter renunciado em maio devido à pandemia de covid-19, avançou hoje a Confederação Asiática de Futebol.

“O Comité Executivo da Confederação Asiática de Futebol (AFC) confirmou hoje a Federação de Futebol do Catar como a federação anfitriã da Taça das Nações Asiáticas 2023”, disse o órgão sediado na Malásia, em comunicado.

A organização da edição de 2023 tinha sido atribuída à China em junho de 2019, sendo que a competição deveria disputar-se em 10 cidades chinesas, entre 16 de junho e 16 de julho do próximo ano. Mas em maio deste ano, a China renunciou à organização do evento, devido ao aumento de casos de covid-19 no país.

Uma nova vaga de casos de infeção com o coronavírus na China levou ao confinamento dos 25 milhões de habitantes em Xangai durante vários meses, originando igualmente o cancelamento de vários eventos desportivos no país, como foram os casos das duas etapas chineses da Liga Diamante de atletismo, o Grande Prémio de Xangai de Fórmula 1 ou os torneios de ténis do circuito ATP.

A Taça das Nações Asiáticas reúne 24 seleções e acontece a cada quatro anos. O Qatar venceu a última edição do torneio, em 2019, que decorreu nos Emirados Árabes Unidos.

Coreia do Sul e Indonésia foram os outros dois países que entraram na disputa para receber a fase final do torneio continental depois da renúncia da China. O Qatar vai organizar primeiro o Mundial2022 de futebol, que se disputa entre 20 de novembro e 18 de dezembro.

17 Out 2022

Japão | Tóquio considera “uma provocação” frequência de lançamento de mísseis de Pyongyang

O chefe da diplomacia japonesa considerou na sexta-feira passada “uma provocação” a frequência de lançamento de mísseis pela Coreia do Norte, na sequência do último disparo de um míssil balístico de curto alcance para o mar do Japão.

Os lançamentos frequentes de mísseis são “provocadores e indicam que estão a virar as costas à comunidade internacional”, disse Yoshimasa Hayashi, em conferência de imprensa. “Por isso, condenamos estes actos e estamos a considerar uma resposta”, avisou.

A Coreia do Norte lançou um míssil balístico de curto alcance na direcção do mar do Japão, chamado mar de Leste pelas duas Coreias, no nono lançamento efectuado nos últimos 20 dias, o que representa mais um passo na escalada da tensão na região.

Este último lançamento ocorreu apenas uma hora depois de pelo menos dez aviões norte-coreanos terem realizado manobras perto da fronteira com o Sul, forçando Seul a destacar aviões para uma possível manobra de intercepção. Na quinta-feira, Pyongyang tinha anunciado a realização de um outro teste de mísseis de cruzeiro na direcção do mar Amarelo.

O Governo japonês vai trabalhar com a comunidade internacional, especialmente a Coreia do Sul e os Estados Unidos, para ver qual deve ser o próximo passo, acrescentou. Neste sentido, o porta-voz do Governo nipónico, Hirokazu Matsuno, salientou que o Japão está a observar os movimentos militares da Coreia do Norte, mas escusou avançar quaisquer pormenores “para que não seja possível avaliar a capacidade de contra-ataque”.

O regime de Kim Jong-un está a realizar testes, desde 25 de Setembro, aos sistemas tácticos de armas nucleares, em resposta a manobras recentes de um porta-aviões norte-americano nas águas ao largo da península coreana.

17 Out 2022

Seul | Partido no poder admite anular acordo de 2018 com Pyongyang

Face à possível realização de mais um teste nuclear pela Coreia do Norte, o Partido do Poder Popular ameaça rasgar o acordo assinado há quatro anos que visava pôr termo às hostilidades entre as duas Coreias

 

O partido no poder na Coreia do Sul ameaçou na passada sexta-feira anular o pacto sobre o fim das hostilidades alcançado em 2018 com Pyongyang se a Coreia do Norte realizar um novo teste nuclear. A Coreia do Norte disparou durante a madrugada de sexta-feira um novo míssil balístico de curto alcance.

Tratou-se do nono lançamento em 20 dias sendo que foi acompanhado de manobras aéreas e de artilharia junto da fronteira com a Coreia do Sul que realizou exercícios com fogo real na quinta-feira.

Os disparos de artilharia (junto da fronteira) ocorrem após “contínuas provocações durante as últimas três semanas” e constituem “uma clara violação do acordo militar de 19 de Setembro (2018)”, disse Yang Kum-hee, o porta-voz do Partido do Poder Popular (PPP) no governo na Coreia do Sul.

O acordo de 19 de Setembro, como é conhecida a declaração conjunta assinada em 2018 após a cimeira entre o chefe de Estado da Coreia do Sul e o líder da Coreia do Norte, pretendia atenuar as actividades militares hostis entre os dois países.

“Se a Coreia do Norte levar a cabo mais um teste nuclear devemos considerar seriamente renunciar à declaração conjunta sobre a desnuclearização da península e ao acordo de 19 de Setembro”, disse Yang Kum-hee.

Primeiras sanções

Os serviços de informações da Coreia do Sul e dos Estados Unidos mantêm que o regime de Pyongyang está preparado para realizar um teste atómico, pela primeira vez desde 2017. O porta-voz do PPP responsabilizou as políticas de proximidade levadas a cabo pelo anterior governo da Coreia do Sul, assim como se referiu ao que considerou “falso espectáculo de paz” como razões que intensificaram as provocações de Pyongyang tendo urgindo a Coreia do Norte a parar com as “hostilidades”.

Em resposta aos disparos das últimas semanas, entre os quais um míssil balístico que sobrevoou território japonês, Seul adoptou esta sexta-feira as primeiras medidas unilaterais contra Pyongyang, dos últimos cinco anos.

As restrições afectam 15 personalidades e 16 instituições da Coreia do Norte vinculadas ao programa de desenvolvimento bélico do país, assim como afecta o comércio de materiais que pode ser potencialmente utilizado na fabricação de armas.

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, admitiu pedir aos Estados Unidos o aumento do dispositivo militar norte-americano na região perante a escalada das tensões e dos indícios de um novo teste nuclear norte-coreano.

Ameaça constante

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul acusou na passada sexta-feira os militares norte-coreanos de lançarem entre 90 e 200 projécteis de artilharia no Mar Amarelo e outros 90 nas águas do Mar do Japão. Segundo as autoridades sul-coreanas, os projécteis caíram nas ‘zonas tampão’, a leste e a oeste da Linha da Fronteira Norte, nome pelo qual é conhecida a fronteira marítima entre os dois países.

Em comunicado, o Estado-Maior Conjunto sublinhou que estas provocações da Coreia do Norte prejudicam a paz e a estabilidade na região.

17 Out 2022

XX Congresso do PCC | Dinâmica covid zero é para continuar, diz porta-voz

Sun Yeli, porta-voz do 20º Congresso Nacional do PCC , disse numa conferência de imprensa realizada no sábado, que a dinâmica da China de “zero-COVID” é para continuar. “As medidas da China para enfrentar a epidemia da COVID-19 são as mais económicas e eficazes e têm funcionado para o país. Desde o início da epidemia, a China tem dado prioridade máxima à saúde e segurança das pessoas. Este é o ponto de partida e o objectivo dos nossos esforços de resposta à epidemia”.

“A dinâmica de zero-COVID-19 é uma política de prevenção de epidemias formulada com base nas condições nacionais da China e de acordo com as leis científicas. A China é um país com uma grande população e muitos idosos, um desenvolvimento desequilibrado em diferentes áreas e uma escassez de recursos médicos. A dinâmica de zero COVID-19 assegura uma baixa taxa de infecção e mortes”, disse Sun.

“A China tem mantido um funcionamento contínuo e estável da economia e da sociedade, precisamente por se manter fiel à sua política dinâmica de zero-COVID-19, insistindo que a epidemia deve ser controlada, a economia deve ser estabilizada, e o desenvolvimento deve ser seguro”, acrescentou o porta-voz.

“As nossas estratégias e medidas de prevenção e controlo tornar-se-ão cada vez mais científicas, cada vez mais precisas, cada vez mais eficazes, e o nível de coordenação da prevenção e controlo da epidemia e do desenvolvimento económico e social tornar-se-á também cada vez mais elevado”, disse Sun, “Acreditamos firmemente que um novo dia está à nossa frente e a persistência é a vitória”.

17 Out 2022

Coreia do Norte testa mísseis de cruzeiro estratégicos de longo alcance

A Coreia do Norte testou hoje dois mísseis de cruzeiro estratégicos de longo alcance, adiantou a imprensa estatal, no âmbito de exercícios destinados a demonstrar a sua capacidade nuclear tática.

O Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, supervisionou no local o disparo dos mísseis que percorreram 2.000 quilómetros acima do mar, expressando “grande satisfação”, segundo a agência de notícias oficial KCNA.

Este teste de armas de Pyongyang trata-se de oitavo do género em três semanas, depois de o último ter ocorrido no sábado passado.

Na ocasião, a Coreia do Sul acusou a Coreia do Norte de ter disparado um míssil balístico em direção à sua costa leste.

Esse lançamento ocorreu horas depois de os Estados Unidos e a Coreia do Sul terem dado por terminado mais um exercício naval na costa leste da península coreana. Os exercícios envolveram um porta-aviões dos EUA.

13 Out 2022

Covid-19 | Taiwan reabre fronteiras sem impor quarentena

Taiwan reabriu ontem por completo as fronteiras, fechadas desde 2020 devido à pandemia de covid-19, sem impor uma quarentena obrigatória aos visitantes.

A chegada de pessoas vindas do estrangeiro fica para já limitada de momento a 150 mil por semana e os viajantes terão de monitorizar o estado de saúde durante a primeira semana, informou a agência noticiosa oficial de Taiwan, CNA.

O Aeroporto Internacional de Taoyuan, a principal porta de entrada para a ilha, confirmou que está pronto para começar a receber passageiros estrangeiros, enquanto muitos taiwaneses que vivem na China se queixaram das dificuldades em encontrar bilhetes de avião para a ilha devido aos poucos voos disponíveis.

13 Out 2022

Compreender os conceitos da política externa chinesa

Por Jinghan Zeng

Nas vésperas do XX Congresso do Partido Comunista Chinês, este artigo de Jinghan Zeng (曾敬涵) ajuda o leitor ocidental a compreender melhor alguns aspectos do discurso político chinês

 

A China apresentou uma série de conceitos de política externa – nomeadamente “Novo Tipo de Relações entre Grandes Poderes”, “Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e “Comunidade Global de Futuro Partilhado”. Em termos gerais, representam as visões da China para as relações China- Estados Unidos (EUA), globalização, e um mundo globalizado, respectivamente.

Muitos analistas internacionais interpretam estes conceitos como movimentos estratégicos calculados de Pequim para construir uma ordem mundial sinocêntrica. Nas análises relevantes, estes conceitos são frequentemente considerados como planos estratégicos coerentes e consistentes, reflectindo as visões geopolíticas concretas de Pequim ou Xi Jinping. Os argumentos relevantes assumem que o sistema autoritário altamente centralizado da China pode ser facilmente mobilizado para alcançar os objectivos geopolíticos de Pequim ou Xi Jinping. Curiosamente, embora não respondendo directamente aos seus homólogos internacionais, argumentos semelhantes são feitos dentro da China.

Alguns analistas académicos e mediáticos chineses interpretam esses conceitos como parte da estratégia do Partido Comunista Chinês (PCC) para liderar o rejuvenescimento nacional da China. São produtos “de alto nível” do governo central ou do líder de topo, por isso, diz o argumento, esses conceitos diplomáticos reflectem a sabedoria dos líderes chineses para tornar a China novamente grande.

Este livro, contudo, argumenta que os pontos de vista acima referidos estão errados. Desenvolve uma abordagem política dos slogans para estudar os conceitos de política externa chinesa. O principal argumento é que esses conceitos de política externa chinesa devem ser entendidos como slogans políticos e não como planos estratégicos concretos. Neste livro, os slogans referem-se a frases políticas curtas e marcantes utilizadas “como meio de concentrar a atenção e exortar à acção”.

A utilização de slogans políticos tem uma longa história na China. Este livro defende que os slogans políticos não são completamente vazios ou retóricos, mas têm várias funções principais na comunicação política: (1) declarações de intenção, (2) afirmação de poder e um teste de apoio nacional e internacional, (3) propaganda estatal como meio de persuasão de massas, e (4) um apelo ao apoio intelectual. A principal função de um conceito de política externa é servir como um slogan para declarar a intenção, a fim de atrair a atenção e o impulso para a acção.

Muitas análises internacionais concentram-se nesta parte e tendem a sobreinterpretar a lógica estratégica desses conceitos chineses, considerando-os como planos estratégicos coerentes e bem pensados. No entanto, a natureza dos slogans mostra que são frases políticas curtas e, portanto, ideias amplas e vagas. Como este livro mostrará, quando “Novo Tipo de Relações de Grande Poder”, “Iniciativa Cinto e Estradas” e “Comunidade de Futuro

Partilhado para a Humanidade” foram apresentadas por Xi Jinping, eram ideias muito vagas que careciam de uma definição clara ou de um projecto. O processo de preenchimento dessas ideias com significados ocorreu muitas vezes de uma forma subsequente e incremental. A sua introdução e posterior desenvolvimento seguem uma abordagem de abertura “suave”.

Como Ian Johnson descreve, elas não são “concebidas e planeadas exaustivamente, depois completadas de acordo com esse desenho”, como muitos vêem no Ocidente. Em vez disso, “são primeiro anunciados a grandes fanfarras, estruturas erigidas como declarações de intenção, e só depois preenchidas com conteúdo”. Quando se trata de conceitos de assinatura, esta declaração de intenção assinala dois níveis de relações de poder: (a) a visão pessoal do líder de topo e (b) a visão da China como líder regional (se não global).

A este respeito, a introdução do conceito não se refere apenas à comunicação da visão, mas também às suas relações de poder anexas. Por outras palavras, é muito mais do que uma declaração de intenções. Isto traz consigo a segunda função dos slogans: afirmar o poder e testar o apoio. Quando um slogan crítico é apresentado por um líder de topo, ele não só assinala a sua visão, mas também espera estabelecer a sua autoridade pessoal.

Por exemplo, nos primeiros anos em que um novo líder toma o poder, ele introduzirá novos slogans para assinalar a sua própria visão de liderança, representando um gesto de sair da sombra dos seus antecessores e assim afirmar o seu poder.

A este respeito, a resposta dos actores domésticos a este slogan não representa apenas a sua reacção à visão, mas também o apoio político a este líder. O líder espera que os actores domésticos façam eco do seu slogan em formas escritas e orais para demonstrar a sua lealdade. Por outras palavras, a política do slogan contém por vezes uma componente de testes de lealdade e, portanto, está relacionada com a política de facção e de elite. Apesar de os slogans de política externa serem principalmente de face externa, os de assinatura incluindo “Novo Tipo de Relações de Grande Poder”, “Iniciativa de Cinto e Estrada” e “Comunidade de Futuro Partilhado para a Humanidade” desempenham uma função semelhante de teste de lealdade na arena doméstica, na qual se espera que os actores políticos repitam esses slogans em formas escritas e orais, a fim de assinalar lealdades ao “dono” desses slogans, ou seja, Xi Jinping. Este sloganização dos conceitos políticos associa o resultado dos conceitos com Xi e torna-os assim o legado político de Xi, definindo o seu carácter e liderança para o melhor ou para o pior.

Na arena global, os slogans chineses também funcionam de forma semelhante. Os principais conceitos de política externa funcionam como slogans para assinalar não só a nova visão da China, mas também as suas relações de poder implícitas; por outras palavras, este último é um gesto político para afirmar a liderança regional (se não global) da China. Muitos na China acreditam que só quando a China se tornar suficientemente poderosa é que as suas ideias receberão atenção global. Trata-se também de poder de estabelecimento de agenda que é normalmente propriedade de grandes potências no palco global.

Claramente, se a China for insignificante, as suas ideias são menos susceptíveis de chamar a atenção global e, por conseguinte, haverá uma resposta suave ou nenhuma resposta aos seus slogans. Assim, o governo chinês acolhe muito favoravelmente os actores internacionais a repetirem e adoptarem esses conceitos nos seus discursos e escritos, e tais acções são muitas vezes vistas não só como apoio aos conceitos em si, mas também como reconhecimento do crescente estatuto global da China, se não mesmo como liderança. Em suma, a introdução desses conceitos é uma afirmação do poder da China e funciona como um radar para discernir o apoio internacional à China. Assim, o conceito e a sua intenção declarada são por vezes deliberadamente mantidos vagos para acomodar os interesses das partes interessadas relevantes, a fim de maximizar o seu apoio.

Uma resposta global positiva aos slogans chineses seria traduzida em materiais convincentes para a propaganda interna, o que está ligado à terceira função dos slogans: a propaganda estatal como meio de persuasão de massas.

Na arena doméstica chinesa, a resposta global entusiasta pode ser facilmente interpretada como prova do crescente significado e liderança globais da China. Ajuda a enriquecer a narrativa de propaganda sobre o renascimento da China trazida pela liderança do PCC. A mensagem é bastante poderosa ao ligá-la à educação histórica da China de “século de humilhação” em que a fraca dinastia Qing deixou a China ser invadida e humilhada pelas potências ocidentais, e agora o PCC conduziu a China na trajectória do rejuvenescimento nacional e de regresso à sua posição “legítima” no mundo.

Por outras palavras, a resposta global positiva aos slogans chineses fornece exemplos concretos para apoiar as narrativas do PCC sobre o rejuvenescimento nacional da China e, assim, aumenta significativamente a sua legitimidade política interna. Embora com um desempenho diferente, estes três conceitos chineses que este livro examina – “Novo Tipo de Relações de Grande Poder”, “Iniciativa de Cinto e Estradas” e “Comunidade de Futuro Partilhado para a Humanidade” – atraíram uma atenção considerável no palco global e, assim, ajudaram o PCC a alcançar uma vitória da propaganda nacional. Esta atenção global também confere tanto ao líder de topo como ao governo chinês uma maior legitimidade internacional para consolidar o seu poder a nível interno.

Apesar da vitória da propaganda nacional, o seu impacto internacional é um quadro diferente. Este livro argumenta que a comunicação internacional desses conceitos não é muito eficaz. O governo chinês tem investido enormes recursos intelectuais e financeiros na promoção desses conceitos na cena mundial. Apesar da atenção que estes conceitos atraíram, o seu impacto na persuasão em massa para um público global, não chinês, não tem correspondido ao investimento de promoção da China.

A este respeito, para os conceitos de política externa virada para o exterior, a sua eficácia de propaganda estatal como meio de persuasão em massa reside principalmente no âmbito doméstico em vez de internacional. Este problema da comunicação internacional não é apenas uma questão de branding – como aqueles conceitos chineses cunhados sem qualidades-chave de slogans populares, ou seja, sendo cativantes e simples. Mais importante, é também o resultado da natureza muito mutável e vaga da forma como esses significados conceptuais são construídos dentro e fora da China, o que traz consigo a quarta função dos slogans: apelar ao apoio intelectual. O desenvolvimento dos conceitos de política externa chinesa segue frequentemente uma abordagem de abertura “suave”, como mencionado anteriormente. Quando são apresentados, são frequentemente ideias vagas e indefinidas que estão sujeitas a alterações.

Isto é, são ideias imaturas que precisam de ser desenvolvidas e melhoradas. Assim, a sua introdução é também um apelo ao apoio intelectual. Slogans vagos de política externa requerem poder intelectual para as traduzir em ideias mais ponderadas. Os líderes chineses esperam que a comunidade intelectual e política da China desenvolva esses conceitos vagos em algo mais concreto após a sua abertura “suave”. Por outras palavras, a introdução de um conceito serve de slogan para mobilizar os actores nacionais para o apoio intelectual. Como tal, a introdução de um conceito chave de política externa estimula frequentemente uma discussão académica e política (semi-)aberta dentro da China. Durante este processo, a comunidade académica e política chinesa enche gradualmente esses conceitos com significados concretos.

Embora este processo permita ao Estado fazer uso do poder intelectual, convida à participação de um grande número de actores que frequentemente trazem complexidade. A natureza vaga dos conceitos de política externa chinesa significa que eles estão abertos à interpretação. Isto permite que os académicos e actores políticos chineses carreguem esses conceitos com significados nas suas formas preferidas. Isto produz frequentemente uma variedade de narrativas que por vezes entram em conflito umas com as outras. Em alguns casos, este fenómeno será intensificado quando um conceito de política externa envolve interesses económicos substanciais, nos quais vários actores políticos e económicos participarão activamente neste processo para procurarem influência.

Esses actores poderosos empregarão os seus recursos políticos e intelectuais para interpretar o conceito de política nas suas formas preferidas, a fim de maximizar os seus interesses. Isto convida frequentemente a um difícil problema de coordenação com o qual o governo central chinês está a lutar para lidar. Quando se trata de comunicação internacional, isto torna impossível para o governo central chinês forjar narrativas coerentes de política externa ou unificar o uso dos seus conceitos. Significa também que os líderes chineses não têm o controlo total dos seus conceitos, mesmo na arena nacional. Em alguns casos, as discussões académicas e políticas sobre o conceito podem mesmo afastar-se das intenções originais dos líderes. Quando misturado com a política de facções, este facto turva ainda mais a água da política de slogans e torna difícil discernir a intenção real de manipulação do slogan.

A este respeito, a abordagem política do slogan argumenta que, durante este processo de comunicação do slogan, não se trata apenas de como os líderes de topo ou o governo central utilizam o slogan para enviar mensagens aos actores nacionais e internacionais, mas também de como esses actores reagem a ele. Este processo de comunicação nos dois sentidos molda os seus significados conceptuais e o nível de atenção que o conceito pode concentrar e a acção que pode exortar.

13 Out 2022

Diário do Povo | Jornal assinala manutenção da política de ‘zero casos’

Os comentários no jornal estatal indicam que a estratégia chinesa de combate à pandemia não deverá sofrer grandes alterações a curto prazo

 

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) defendeu ontem a estratégia ‘zero covid’, quando se esperava alterações na política, após o Congresso do PCC, que arranca no próximo dia 16 de Outubro. A política ‘zero casos’ de covid-19 é “sustentável” e “fundamental” para estabilizar a economia e proteger vidas, escreveu o Diário do Povo, num comentário.

“A economia só pode estabilizar, a vida das pessoas ser pacífica e o desenvolvimento económico e social ser saudável quando a epidemia for travada”, observou o órgão oficial. “Devemos estar sobriamente conscientes de que a China é um país grande, com mais de 1,4 mil milhões de pessoas, disparidades regionais no nível de desenvolvimento e recursos médicos insuficientes”, apontou.

O Diário do Povo considerou que o custo de coexistir com a doença seria superior ao de manter a estratégia actual. Também na segunda-feira, o jornal declarou a política como “científica e eficaz”. Os comentários sinalizam que Pequim vai manter a estratégia actual mesmo depois do 20.º Congresso do PCC, que arranca no dia 16 e deve servir para reforçar o estatuto do actual secretário-geral da organização, Xi Jinping.

Sem tolerância

A estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 é assumida como um triunfo político por Xi. O país, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez, no final de 2019, registou cerca de 5.000 mortos pela doença, em comparação com mais de três milhões de óbitos na Europa e Estados Unidos.

A abordagem chinesa inclui o isolamento de todos os casos positivos e contactos directos em instalações designadas, o bloqueio de distritos e cidades inteiras e a realização de testes em massa. Nas principais cidades do país é obrigatório realizar um teste PCR para detecção do novo coronavírus, a cada 48 horas, para aceder a espaços públicos.

Os constantes bloqueios e isolamento de cidades inteiras têm um forte impacto nos sectores serviços, manufactureiro e logístico. O Banco Mundial já reviu em baixa a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China de “entre 4 por cento e 5 por cento” para 2,8 por cento, este ano.

A estratégia contra a covid-19 implica também o encerramento praticamente total das fronteiras da China. O país reduziu o número de ligações aéreas internacionais em 98 por cento, face ao período pré-pandemia. Quem chega à China oriundo do exterior, tem que cumprir dez dias de quarentena num hotel designado pelo governo.

Apesar destes esforços, a China continua a registar surtos. Na segunda-feira, foram detetados 1.989 casos, o maior número desde 19 de Agosto. O grupo japonês de serviços financeiros Nomura estima que cerca de 197 milhões de pessoas, em 36 cidades da China, que representam cerca de 20 por cento PIB do país, estão sob medidas de confinamento.

12 Out 2022

Agência de ‘rating’ adverte para riscos da dívida do acionista chinês da Mota-Engil

O acionista chinês da Mota-Engil pode ter de reestruturar a dívida e otimizar operações, advertiu uma agência de ‘rating’, à medida que o abrandamento da construção na China coincide com uma crise cambial nos países em desenvolvimento.

A agência de notação financeira China Chengxin International Credit Rating apontou que a China Communications Construction Group (CCCG) foi abalada pela crise de liquidez no setor imobiliário da China e por custos irrecuperáveis em projetos falhados nos países em desenvolvimento.

“As mudanças na economia global e a pandemia da covid-19 aumentaram os riscos operacionais no exterior” para a China Communications Construction Co. (CCCC), a principal unidade do grupo, apontou a China Chengxin.

A CCCG desempenha um papel importante na iniciativa de Pequim “Uma Faixa, Uma Rota”, um projecto internacional de infra-estruturas que prevê a construção de portos, linhas ferroviárias ou auto-estradas, a ligar o leste da Ásia à Europa, Médio Oriente e África.

Visando expandir a sua influência em África e na América Latina, o grupo adquiriu 23% do capital da Mota-Engil, por 169,4 milhões de euros, em 2020.

O grupo registou um lucro líquido de 30,5 mil milhões de yuans, em 2021, – um aumento de 70%, em relação a 2016. O valor total dos contratos obtidos pela empresa está a crescer e o grupo é “capaz” de garantir novos negócios, observou a agência de ‘rating’.

Mas o aumento dos investimentos alinhados com a iniciativa do Governo chinês aumentou também o endividamento da CCCG. A dívida total duplicou, nos últimos cinco anos, para 1,84 bilião de yuans, no final de junho.

A CCCC planeia investir 280 mil milhões de yuans, em 2022, mais 3% do que no ano passado. A empresa pode ter de restruturar as dívidas que resultam do financiamento de novos projetos, apontou a China Chengxin.

Em 2020, os Estados Unidos colocaram a empresa numa ‘lista negra’, que limita o acesso a tecnologia norte-americana, devido ao seu papel na militarização do Mar do Sul da China.

Entre janeiro e junho deste ano, a CCCC fechou 22% mais contratos além-fronteiras, por volume de negócio, do que no mesmo período de 2021, sobretudo em África e no Sudeste Asiático. Em setembro, a unidade anunciou um novo projeto rodoviário no Ruanda e a reforma de um porto nas Bahamas.

O aumento das taxas de juro nos EUA e a subida do preço dos alimentos e energia, no entanto, ameaçam a rentabilidade desses projetos, face ao risco crescente de uma crise cambial nos países em desenvolvimento.

A CCCG depende também cada vez mais do mercado imobiliário chinês. As receitas no exterior caíram para 13% do total dos negócios da empresa, em 2021, de um pico de 24%, em 2017. Enquanto isso, o setor imobiliário doméstico aumentou cerca de 6% para cerca de 14%.

O presidente da CCCC, Wang Haihuai, disse, no mês passado, que existe uma proposta para fundir várias subsidiárias do grupo no setor imobiliário. A CCCG está interessada num “crescimento estável” e em “prevenir riscos”, afirmou.

11 Out 2022

Líder da Coreia do Norte inaugura projeto agrícola em aniversário do partido

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, esteve presente na inauguração de um importante projeto agrícola no leste do país, por ocasião do aniversário do partido único norte-coreano, avançou hoje a imprensa estatal.

Segundo a agência de notícias oficial norte-coreana, Kim participou na “cerimónia de inauguração” do projeto Ryonpho, na província de Hamgyong do Sul, na segunda-feira.

O lançamento do projeto, que visa fornecer alimentos à segunda cidade do país, Hamhung (litoral leste), foi aprovado na reunião plenária do comité central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, realizada em dezembro, referiu a KCNA.

A exploração agrícola, com cerca de 280 hectares, várias estufas e um elevado grau de automação, foi descrita como “a referência” para a criação de um novo tipo de comunidade agrícola na Coreia do Norte.

Nas últimas semanas, satélites captaram um aumento na atividade de construção em Ryonpho para que o local pudesse ser inaugurado para coincidir com o aniversário da fundação do partido único, celebrado na segunda-feira.

A data foi comemorada com outros eventos em diferentes partes da Coreia do Norte, embora não tenha sido organizado qualquer desfile militar. Na segunda-feira, a KCNA publicou detalhes e imagens da série de lançamentos de mísseis que o regime realizou nas últimas quatro semanas, descritos pela agência como “exercícios nucleares táticos”.

Nas duas últimas semanas, a Coreia do Norte fez pelo menos sete lançamentos de mísseis balísticos, numa série de testes de armamento.

O sétimo lançamento ocorreu no sábado, horas depois de os Estados Unidos e a Coreia do Sul terem dado por terminado mais um exercício naval na costa leste da península coreana.

Na quinta-feira, a Coreia do Sul informou que 12 aviões norte-coreanos sobrevoaram a região da fronteira comum, levando Seul a acionar 30 aparelhos militares para a mesma zona, como resposta à manobra de Pyongyang.

11 Out 2022