Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Supremo Tribunal recusou recursos de Aung San Suu Kyi O Supremo Tribunal de Myanmar recusou ouvir os recursos especiais da líder deposta do país, Aung San Suu Kyi, contra condenações em seis casos de corrupção em que foi considerada culpada. O somatório de todas as penas a que foi condenada implica que Aung San Suu Kyi fique o resto da vida atrás das grades A ex-líder do Myanmar, Aung San Suu Kyi, viu recusada na sexta-feira a possibilidade do Supremo Tribunal do Myanmar ouvir os recursos que apresentou para refutar as sentenças que a condenaram a 27 anos de prisão na sequência de seis casos de corrupção. Aung San Suu Kyi foi condenada por abusar da autoridade e por aceitar subornos, acrescentou um funcionário judicial. Suu Kyi, de 78 anos, que foi presa quando o exército derrubou o seu Governo eleito em Fevereiro de 2021, está a cumprir penas de prisão que totalizam 27 anos, depois de ter sido condenada por uma série de acusações criminais, na sua maioria apresentadas pelos militares. Os seus apoiantes e analistas independentes afirmam que as acusações, todas elas contestadas por Suu Kyi e pelos seus advogados, são falsas e constituem uma tentativa de a desacreditar e legitimar a tomada do poder pelos militares. Inicialmente, Suu Kyi foi condenada a um total de 33 anos, mas o general Min Aung Hlaing, chefe do governo militar, concedeu-lhe clemência em cinco casos e reduziu a pena em seis anos, no âmbito de uma amnistia mais ampla para mais de 7.000 prisioneiros, por ocasião de um feriado religioso budista em Agosto. O funcionário judicial, que está familiarizado com os processos judiciais de Suu Kyi, disse que os recursos que o tribunal da capital, Naypyitaw, se recusou a ouvir incluíam quatro processos em que Suu Kyi foi condenada por abusar da sua posição para arrendar parcelas de terreno e propriedades em Naypyitaw e Yangon, a maior cidade do país. Os processos alegavam que ela tinha obtido os terrenos a preços inferiores aos do mercado para uma fundação de beneficência a que presidia e que tinha construído uma residência para si própria num dos terrenos com dinheiro doado para a fundação. O funcionário judicial falou sob condição de anonimato porque não está autorizado a divulgar informações. Os advogados de Suu Kyi, que tinham sido uma fonte de informação sobre o processo, foram notificados com ordens para não se pronunciarem no final de 2021. O funcionário judicial acrescentou ainda que os outros casos de recurso estavam relacionados com duas acusações de corrupção em que Suu Kyi foi considerada culpada de receber um total de 550.000 dólares entre 2018 e 2020 de Maung Weik, um magnata que em 2008 foi condenado por tráfico de drogas. Os recursos especiais são normalmente a fase final do processo judicial em Myanmar. Todavia, podem ser reexaminados pelo Tribunal de Recursos Especiais ou pelo Tribunal Plenário se o Presidente do Supremo Tribunal considerar que são do interesse público. Os recursos das condenações de Suu Kyi por acusações que incluem fraude eleitoral, violação da lei dos segredos oficiais e seis outros casos de corrupção ainda estão a ser processados, disseram vários funcionários judiciais. Barreiras intransponíveis A equipa jurídica de Suu Kyi tem enfrentado vários obstáculos, incluindo a impossibilidade de se encontrar com ela para receber instruções enquanto preparam os recursos. Desde a última vez que a viram pessoalmente, em Dezembro, solicitaram, pelo menos cinco vezes, autorização para se encontrarem com Suu Kyi, mas não obtiveram qualquer resposta, informaram os funcionários judiciais. Em Setembro, houve relatos de que Suu Kyi estava a sofrer de sintomas de tensão arterial baixa, incluindo tonturas e perda de apetite, mas que lhe tinha sido negado tratamento em instalações qualificadas fora do sistema prisional. Os relatos não puderam ser confirmados de forma independente, mas Kim Aris, o filho mais novo de Suu Kyi, disse em entrevistas que tinha ouvido dizer que a sua mãe estava extremamente doente e que sofria de problemas nas gengivas e não conseguia comer. Aris, que vive em Inglaterra, apelou para que o governo militar de Myanmar fosse pressionado a libertar a mãe e outros presos políticos.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia | Cheias no norte do país causam pelo menos 77 mortos O número de mortos devido às inundações no norte da Índia aumentou ontem para 77, enquanto mais de 100 pessoas estão desaparecidas, adiantaram as autoridades indianas. De acordo com as autoridades de Sikkim, mais de 2.400 pessoas foram retiradas de casas na consequência da subida das águas que destruiu mais de uma dúzia de pontes e enterrou veículos e casas à medida que passavam rio abaixo. As operações de resgate foram dificultadas por bloqueios de estradas e condições climatéricas adversas, que impediram o envio de helicópteros militares. As inundações repentinas, uma das piores da história desta região que faz fronteira com o Nepal, a China e o Butão, ocorreram no início desta semana, após o transbordamento do lago glaciar Lhonak. Juntamente com uma semana de chuvas intensas na região, o rompimento deste lago destruiu casas e estradas e transbordou a barragem hidroeléctrica de Chungthang, provocando uma inundação entre quatro e seis metros de altura. O rompimento desta barragem, com capacidade de gerar 1.200 megawatts e uma das maiores do tipo no país asiático, amplificou a inundação repentina. As chuvas intensas causam perdas humanas e materiais significativas nos países do sul da Ásia todos os anos, especialmente durante o período das monções, entre Maio e Setembro. Além disso, o aumento das temperaturas globais causado pelas alterações climáticas ameaça multiplicar os incidentes de explosões glaciais.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Parceria com Embraer quer produzir carros voadores em 2026 A japonesa Nidec e a brasileira Embraer formaram uma parceria com o objectivo de começar a construir em massa automóveis voadores em 2026. A ‘joint venture’, apresentada na 54.ª edição do Paris Air Show, já tem o primeiro cliente: a Eve Air Mobility, uma subsidiária da brasileira Embraer Uma parceria entre a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a fabricante japonesa de motores eléctricos Nidec pretende iniciar a produção em massa de carros voadores em 2026, foi anunciado na sexta-feira. Num comunicado conjunto, as duas empresas revelaram que a nova ‘joint venture’, chamada Nidec Aerospace, pretende investir mais de 77 milhões de dólares nos próximos anos. O objectivo é desenvolver “sistemas eléctricos de propulsão para o sector aeroespacial”, incluindo para aeronaves eléctricas de descolagem e aterragem horizontal (eVTOL, na sigla em inglês), denominados de carros voadores. O comunicado confirmou a aprovação, por parte dos reguladores, do estabelecimento da Nidec Aerospace, com um capital inicial de 12 milhões de dólares, em que a Nidec detém uma participação de 51 por cento e a Embraer 49 por cento. O documento revelou ainda que Vincent Braley, até agora líder das operações para veículos eléctricos da Nidec Motor Corp, uma subsidiária da fabricante japonesa nos Estados Unidos, foi nomeado presidente executivo da parceria. “Juntas, as nossas extraordinárias equipas poderão desenvolver soluções avançadas para colaborar com o futuro da aviação sustentável”, disse o vice-presidente sénior de Estratégia Corporativa, Digital e Inovação da Embraer, Dimas Tomelin. No mesmo comunicado, o vice-presidente sénior da Nidec, Michael Briggs, disse que a aposta em aeronaves eléctricas parte de uma “visão conjunta de avançar e electrificar a maneira como o mundo se move”. Ligação lusa A Nidec Aerospace será localizada em Saint Louis, no centro-oeste dos EUA, na sede da Nidec Motor Corp, e irá contar com o suporte das fábricas da Nidec e da Embraer no Brasil e no México, revelaram as duas empresas em Junho. A ‘joint venture’, apresentada na 54.ª edição do Paris Air Show, em Junho, já tem o primeiro cliente para o sistema eléctrico para os eVTOL, a Eve Air Mobility, uma subsidiária da brasileira Embraer. A Eve pretende desenvolver e construir um ecossistema de mobilidade urbana sustentável, que inclua o eVTOL e a respectiva rede de serviço e apoio, bem como toda a infra-estrutura que vai apoiar esta nova forma de transporte, incluindo os aeroportos de aterragem e descolagem verticais. A Eve assinou em Junho de 2022 uma carta de intenção para entregar até 35 aeronaves eléctricas à Falcon Aviation Services, que opera na região do Médio Oriente e África, a partir de 2026. No final de Abril, a Embraer, a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, assinou um memorando de entendimento com várias empresas aeroespaciais portuguesas para desenvolver a Base Tecnológica e Industrial de Defesa de Portugal. A empresa brasileira opera duas fábricas no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora e é também accionista da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, com 65 por cento do capital, em Alverca.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Sunac obtém luz verde da justiça para reestruturar dívida O grupo Sunac, uma das maiores construtoras da China, obteve autorização judicial para reestruturar a sua dívida offshore, a primeira resolução deste tipo desde o início da crise no sector imobiliário do país. O Supremo Tribunal de Hong Kong aprovou o plano de reestruturação de dívida no valor de 10 mil milhões de dólares no final da semana passada, abrindo caminho para os credores recuperarem o seu dinheiro após a Sunac ter falhado no pagamento de vários títulos. A Sunac tinha pedido em Setembro a protecção de bancarrota, ao abrigo do Capítulo 15 do Código de Bancarrotas dos EUA, em Nova Iorque, e tornou-se agora a primeira construtora chinesa a conseguir luz verde da justiça para a restruturação da dívida. Os credores, que detêm 98,3 por cento do valor total dos títulos da Sunac, tinham aprovado em Setembro o plano de reestruturação da dívida offshore da construtora, recebendo em troca obrigações convertíveis em acções, assim como novas notas de dívida a dois e nove anos. O sector imobiliário na China registou um crescimento meteórico nas últimas décadas, num país onde a venda de imóveis em planta permite financiar outros projectos. No ano fiscal de 2021, a Sunac era a terceira maior construtora chinesa neste tipo de vendas. Em 2020, a situação financeira de muitas construtoras chinesas deteriorou-se, depois de os reguladores chineses terem exigido às empresas um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, agravada pelas medidas de combate à pandemia da covid-19. Esta crise tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas, cerca de 70 por cento, de acordo com diferentes estimativas.
Hoje Macau China / ÁsiaCooperação | Presidente queniano vai a Pequim pedir novo empréstimo O Presidente do Quénia, William Ruto, vai deslocar-se à China para pedir um empréstimo de mil milhões de dólares (cerca de 950 milhões de euros) para concluir projectos rodoviários paralisados. Além disso, William Ruto irá negociar o alargamento do prazo de reembolso dos empréstimos concedidos por Pequim O presidente queniano, William Ruto, tem na agenda uma viagem a Pequim para alargar o empréstimo, em mil milhões de dólares, para terminar a construção de projectos rodoviários paralisados por falta de investimento, relevou na sexta-feira o vice-presidente do país, Rigathi Gachagua. O chefe de Estado queniano vai também pedir a Pequim uma extensão do prazo de reembolso dos empréstimos existentes com o gigante asiático, que ascendiam a cerca de 6,3 mil milhões de dólares (5,97 mil milhões de euros) em Março passado. “Nestas negociações, o Presidente vai pedir ao Governo chinês que reveja os termos dos juros para os empréstimos existentes e nos conceda um aumento do crédito para que possamos concluir os projectos rodoviários parados”, explicou hoje Gachagua, em declarações a uma estação de rádio local. “Se conseguirmos mil milhões de dólares, podemos dar a estas pessoas (os empreiteiros responsáveis pelas obras paradas) o dinheiro que lhes é devido para que, enquanto estamos a pagar a dívida, as estradas possam ser concluídas”, acrescentou. O vice-presidente sublinhou que o Quénia quer ser um “bom devedor, que cumpre as suas obrigações”, mas pediu aos credores “indulgência” e “paciência”. Gachagua negou também as acusações de que o seu Governo tenha endividado muito o país, argumentando que, como a maioria dos empréstimos são em dólares norte-americanos, a debilitação do xelim queniano fez com que o serviço da dívida “disparasse”. “Vamos sair desta armadilha da dívida de forma graciosa. Não vamos ser colocados na lista negra como muitos países africanos… Vamos saldar todas estas dívidas e começar a aliviar o custo de vida do nosso povo”, concluiu. Vida a crédito Depois do Banco Mundial, a China é o segundo maior credor estrangeiro do Quénia, muito por efeito de vários empréstimos contraídos pela anterior administração do presidente Uhuru Kenyatta (2013-2022), que financiou a construção de várias grandes infra-estruturas no país com recurso a créditos concedidos por Pequim. De tal forma que o país enfrenta actualmente uma dívida equivalente a 67 por cento do seu produto interno bruto (PIB), o que levou à aprovação, em Junho passado, de uma nova lei que, entre outras medidas, aumentou os impostos sobre os combustíveis para 16 por cento, gerando fortes tensões e descontentamento entre a população. A China é um importante parceiro comercial de África e, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, Estados Unidos), entre 2000 e 2019, entidades chinesas assinaram com governos africanos ou empresas públicas do continente mais de 1.100 compromissos de empréstimos no valor de cerca de 153 mil milhões de dólares. Os críticos do expansionismo chinês em África acusam Pequim de “debt-trapping”, expressão que se traduz por um alegado uso estratégico da dívida para tornar os países africanos cativos dos desejos e exigências chinesas.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | “Profundas preocupações” em Pequim devido à escalada de violência A China disse ontem estar “profundamente preocupada” com os confrontos entre Israel e palestinianos, que já causaram quase um milhar de mortos, e pediu “contenção” a todas as partes “A China está profundamente preocupada com a actual escalada de tensão e violência entre a Palestina e Israel e apela a todas as partes envolvidas para que se mantenham calmas e exerçam contenção, cessem imediatamente o fogo, protejam os civis e evitem uma maior deterioração da situação”, afirmou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. O Governo da Indonésia, o país com o maior número de muçulmanos do mundo, pediu ontem também a “cessação imediata da violência”, desencadeada pela ofensiva do Hamas. “A Indonésia está profundamente preocupada com a escalada do conflito israelo-palestiniano. A Indonésia apela ao fim imediato da violência para evitar mais vítimas humanas”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado publicado na rede social X (antigo Twitter). Jacarta, que apoia publicamente a causa palestiniana e mantém relações complicadas com Israel, apontou “a ocupação” dos territórios palestinianos por Telavive como a origem do actual conflito. “A raiz do conflito, nomeadamente a ocupação dos territórios palestinianos por Israel, deve ser resolvida de acordo com os parâmetros acordados pela ONU”, sublinhou o departamento governamental na nota. Dano colateral O primeiro-ministro do Camboja confirmou ontem a morte de um nacional cambojano em Israel durante o ataque do Hamas, enquanto os governos da Tailândia e das Filipinas procuram informações sobre cidadãos destes países a viver na região. A vítima cambojana é um estudante que não foi identificado, escreveu Hun Manet nas redes sociais, afirmando que três outros estudantes cambojanos foram resgatados de zonas de conflito e encontram-se em segurança. Na mensagem, Manet expressou “tristeza e pesar pela família do estudante que perdeu a vida”. O primeiro-ministro tailandês, Srettha Thaivin, disse ontem, em conferência de imprensa, que Banguecoque está a tentar confirmar informações sobre um tailandês que terá morrido nos combates, além de outros onze raptados pelo Hamas. Srettha Thaivin disse ainda que um avião da Força Aérea está a postos para voar para Israel caso seja necessário levar a cabo a retirada dos cidadãos tailandeses. “Quero que todos os tailandeses regressem a casa em segurança”, declarou o dirigente no sábado à noite na rede social X (antigo Twitter). De acordo com as autoridades tailandesas, cerca de 25.000 tailandeses estão em Israel, muitos deles trabalham na agricultura perto da Faixa de Gaza. As Filipinas, com cerca de 30.000 cidadãos em Israel, também estão a investigar informações que dão conta do rapto de nacionais pelo Hamas. “A embaixada das Filipinas em Telavive recebeu estas informações não confirmadas. Estamos ainda a verificá-las”, declarou a representação diplomática. Cerca de 600 cidadãos israelitas morreram na ofensiva do Hamas, enquanto mais de 4.200 ficaram feridos, de acordo com meios de comunicação social israelitas, que citam fontes médicas. Do lado palestiniano, morreram pelo menos 400 pessoas e mais de 2.000 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007. O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar. Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como “Espadas de Ferro”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está “em guerra” com o Hamas.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Condenado a quatro meses de prisão por importar livros Um homem de Hong Kong foi condenado a quatro meses de prisão na sexta-feira por importar livros infantis considerados “sediciosos”, retratando os activistas pró-democracia da cidade como ovelhas que defendem a sua aldeia dos lobos. Kurt Leung, 38 anos, funcionário de uma empresa financeira, foi condenado a quatro meses de prisão por um tribunal de Hong Kong, depois de se ter declarado culpado de “importação de publicações sediciosas”, segundo um jornalista da Agência France Presse no terreno. Os procuradores concluíram que Kurt Leung e o seu patrão tinham colaborado na importação de 18 livros ilustrados – três conjuntos de seis – do Reino Unido por via postal. Kurt Leung recebeu a encomenda no escritório e foi detido a 13 de Março. Estes livros ilustrados, destinados a jovens leitores, explicam o movimento a favor da democracia em Hong Kong através de uma história fictícia de ovelhas que tentam defender a sua aldeia contra lobos que supostamente representam Pequim. Os livros correm o risco de transmitir “valores falsos e mensagens inexactas” às crianças ao retratarem Pequim como “um invasor maléfico e bárbaro”, sustentou o juiz Victor So na decisão. O advogado de defesa Anson Wong sublinhou na audiência que não havia provas de que os livros tivessem sido distribuídos ou que o arguido tivesse intenções sediciosas. Numa carta dirigida ao tribunal, Kurt Leung apresentou “sinceras desculpas”. O crime de importação de uma publicação sediciosa é punido com uma pena máxima de dois anos de prisão em caso de primeira condenação. Nos últimos anos, o crime de sedição tem sido frequentemente utilizado pelos procuradores de Hong Kong a par da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020. Em Setembro de 2022, os criadores da série de livros “Aldeia das Ovelhas” – cinco terapeutas da fala – foram condenados, cada um, a 19 meses de prisão num julgamento por sedição.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Brasil fazem negócios em moedas locais pela primeira vez A China e o Brasil concluíram um acordo comercial nas suas moedas locais pela primeira vez, com transacções financiadas e liquidadas em renminbi (RMB) e convertidas diretamente em reais, de acordo com o Banco da China Brasil SA. A transacção foi uma exportação de celulose de 43 caixas da Eldorado Brasil, uma das empresas líderes no sector de celulose brasileiro, transportada em Agosto do porto brasileiro de Santos para o porto de Qingdao, na China. As transacções financeiras foram realizadas ao longo do mês seguinte e concluídas em moeda brasileira em 28 de setembro. A empresa brasileira concordou que uma empresa chinesa de importação adoptasse o yuan como moeda nominal do contrato em Agosto e nomeou o Banco Central do Brasil como o banco recebedor para testar a liquidação. O banco recebeu uma carta de crédito diferida em RMB emitida pela importadora e, posteriormente, a empresa brasileira foi informada, após a auditoria dos documentos de carga e cartas de crédito, ter sido concluída. A transacção ocorreu após a assinatura de um memorando de entendimento sobre a cooperação entre os dois governos para promover o comércio em moedas locais, em Abril. Primeiro ou talvez não A Eldorado Brasil, que em 2022 teve lucro de R$ 3,53 mil milhões (cerca de 5,4 mil milhões de patacas), embarcou no dia 26 de agosto 43 contentores de celulose no Porto de Santos com destino ao Porto de Qingdao, na China. Em Fevereiro deste ano teria havido uma transação pioneira entre outras empresas brasileiras e chinesas, segundo o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), mas os participantes não foram divulgados. Desta vez, contudo, os negócios fecharam um ciclo completo em yuan e real. Segundo a agência China News Service, a transação foi de ponta a ponta, envolvendo precificação, liquidação, financiamento e câmbio direto em renmimbi. No caminho de Lula A possibilidade de realizar transações em renmimbi, nome oficial da moeda chinesa, mais conhecida como yuan, é uma prática em vários países – até os EUA têm uma câmara de compensação – mas, no Brasil, ganhou contornos mais fortes de disputa geopolítica considerando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem defendendo uma moeda própria para o comércio das nações que compõem o Brics, sempre confrontando o dólar: “por que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?”. Recentemente, em agosto, Lula sugeriu que o comércio entre Brasil e Argentina poderia adotar o yuan, em vez do dólar, para ajudar o país vizinho, que passa por uma severa crise financeira. Eldorado diz que operação foi um teste Em nota, a Eldorado confirmou o primeiro embarque de celulose negociado em moeda chinesa. O país asiático é principal cliente da companhia, destino de 40% das exportações. Segundo o director-financeiro da Eldorado, Fernando Storchi, a operação “contou com apoio do Bank of China, serve de teste e pode abrir acesso a novas linhas de crédito no mercado chinês”. O Banco Industrial e Comercial da China no Brasil (ICBC) fez o desconto das cartas de crédito em yuan para a Eldorado, que pôde converter instantaneamente os valores para reais. O memorando de cooperação para promover o comércio em moedas locais tinha sido assinado em abril deste ano, durante visita do presidente Lula a Pequim. Disputas geopolíticas à parte, o consultor em negócios asiáticos Sérgio Quadros, da SQ Asia Business Consulting, observa que a transação directa em reais e yuans “queima” a etapa de conversão ao dólar, e, ao fazer isso, implica em redução de custos na taxa de câmbio e despesas financeiras. Quadros morou dez anos na China e foi responsável pela instalação e abertura da primeira agência do Banco do Brasil no país asiático. “Isso com certeza vai ter um impacto positivo no aumento do comércio entre o Brasil e a China. Porque as empresas vão diminuir a necessidade de ter acesso obrigatório a linhas de crédito em dólar, podendo usar somente sua moeda local. Você não está substituindo o dólar pelo yuan. O dólar vai continuar sendo moeda forte e hegemónica por muito tempo. Podemos aumentar o comércio com a China usando uma facilidade da moeda chinesa, assim como usamos o euro nas exportações para a Europa e o iene nas transações com o Japão. Não significa que 100% das exportações para a China serão em yuan”, sublinha. Do ponto de vista geopolítico, a consolidação de um canal de comércio em yuan e real pode ser uma espécie de “vacina” contra eventuais sanções nas disputas internacionais. “Imagine se surge um atrito entre os países em que as transacções da China sofram sanções, como ficaria o comércio do Brasil?”, indaga Quadros. Tal cenário de sanções não é sem sentido, diante das tensões diplomáticas e militares entre China e Estados Unidos. A Eldorado Brasil tem como seu principal acionista a J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, que controla também a maior empresa de carnes do mundo, a JBS.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Polícia detém duas pessoas ligadas a tiroteio em centro comercial A polícia da Tailândia anunciou ontem a detenção de mais duas pessoas alegadamente ligadas a um tiroteio, na terça-feira, num dos principais centros comerciais de Banguecoque, que resultou em duas mortes e cinco feridos. As detenções foram feitas na noite de quarta-feira na cidade de Yala, no sul da Tailândia, e as autoridades emitiram também um mandado de captura para um terceiro suspeito, que estaria em Banguecoque, disse à agência de notícias EFE o diretor da polícia de Yala, Piyaphat Thongpanlertkul. A polícia disse que os três suspeitos podem ser acusados de posse e modificação ilegal de armas e acredita que foram estes a vender a arma de plástico modificada para disparar balas verdadeiras que o atacante usou no tiroteio. De acordo com uma investigação preliminar, o adolescente de 14 anos comprou através da Internet, em troca de 16 mil baht (cerca de 410 euros) a arma que usou no tiroteio no centro comercial Siam Paragon, um dos maiores e mais luxuosos da capital. O adolescente, que está desde quarta-feira num centro de detenção juvenil, está acusado de cinco crimes, incluindo homicídio premeditado, tentativa de homicídio, pelo ataque que resultou na morte de duas mulheres, de nacionalidade chinesa e birmanesa. De acordo com a autópsia, a turista chinesa de 34 anos morreu após levar um tiro no torso, enquanto uma trabalhadora birmanesa, de 30 anos, foi baleada três vezes. O ataque também deixou outras cinco pessoas feridas. O chefe da polícia, Torsak Sukvimol, revelou que o adolescente tinha um historial de tratamento por doença psiquiátrica e, após a detenção, fez um relato incoerente das suas acções, alegando que vozes lhe tinham dito para realizar o ataque. A violência armada não é invulgar na Tailândia, embora os tiroteios em massa sejam raros. Existem cerca de 10 armas por cada 100 pessoas no país, incluindo as ilegais, em contraste com menos de uma por cada 100 pessoas na vizinha Malásia, de acordo com o GunPolicy.org, um projeto da Universidade de Sydney, na Austrália. O ataque armado de terça-feira ocorreu dias antes de os tailandeses assinalarem o aniversário do maior assassínio em massa perpetrado no país por um indivíduo: um ataque com arma de fogo e arma branca numa creche rural de uma província do nordeste que fez 36 mortos, a maioria dos quais crianças em idade pré-escolar, a 6 de outubro de 2022.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong sobe para 2º lugar no ranking de inclusão financeira global Hong Kong é o segundo mercado financeiramente mais inclusivo entre os 42 mercados analisados globalmente, subindo duas posições ano a ano, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira. Hong Kong continua a ser um dos mercados financeiramente mais inclusivos do mundo, com todos os três pilares de inclusão financeira entrando no top 10, de acordo com o Índice de Inclusão Financeira Global de 2023, divulgado pela gigante de gestão de investimentos Principal Financial Group. O pilar de apoio do governo foi o que mais teve melhora significativa na condução do estado de inclusão financeira, subindo seis posições. Hong Kong continua em primeiro lugar em “conectividade online” e liderou o ranking de “níveis de alfabetização financeira”, subindo 17 posições. Em linha com o aumento dos rankings, Hong Kong viu uma melhora na percepção pública de inclusão financeira, com 89% dos entrevistados dizendo que se sentem incluídos financeiramente. “Recuperando-se a toda velocidade dos impactos da COVID-19, Hong Kong continua sendo um forte líder regional na promoção da inclusão financeira”, disse Thomas Cheong, presidente da Principal Asia. O segundo maior mercado do ano passado, os Estados Unidos, caiu para o quarto. O Índice de Inclusão Financeira Global classifica 42 mercados em três pilares de inclusão financeira – governo, sistema financeiro e apoio ao empregador – usando pontos de dados em fontes públicas e baseados em pesquisas. Esses pilares representam os principais atores responsáveis por promover a inclusão financeira de toda a população. O índice foi realizado em parceria com o Centro para Pesquisa Económica e Empresarial, uma das principais consultorias de economia do Reino Unido.
Hoje Macau China / ÁsiaSemana Dourada | Fogo de artifício, viagem conveniente e ambiente confortável O fluxo de passageiros de Zhuhai para a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau atingiu os 141.000 entre sexta-feira e sábado, enquanto o fluxo de tráfego no porto de Zhuhai atingiu os 23.100 durante o mesmo período, à medida que a ponte inaugura o pico de viagens durante o Festival de Outono e os feriados do Dia Nacional deste ano, informou a emissora estatal CCTV no domingo. Li Yao, uma residente de Pequim, disse que optou por viajar para Hong Kong e Macau para celebrar o quarto aniversário da sua filha durante a Semana Dourada. “A viagem é conveniente e o ambiente é confortável. Para além do espectáculo artístico nas Ruínas de S. Paulo em Macau, o espectáculo de fogo de artifício no Parque Vitória, no domingo, era o que mais aguardávamos”, disse. Os dados mostram que o número de viajantes que chegaram e partiram de Macau atingiu quase 400.000 até à noite de sábado. Entretanto, espera-se que um total de um milhão de turistas da China continental visite Hong Kong durante os oito dias de férias que decorrem de 29 de Setembro a 6 de Outubro, noticiou no domingo o jornal Shenzhen Special Zone Daily. Cerca de 720 grupos de excursões da China continental deslocar-se-ão a Hong Kong. Além disso, um grande número de viajantes de Hong Kong e Macau estão a visitar o continente durante as férias. De acordo com os dados divulgados pelo Departamento de Imigração de Hong Kong, um total de 256.200 viajantes do continente chegaram a Hong Kong através dos principais portos, incluindo Luohu e Shenzhen Bay, na sexta-feira e no sábado, com 551.900 residentes de Hong Kong a entrarem no continente através desses portos. Desde a reabertura da fronteira entre a China continental e Hong Kong e Macau, o sector do turismo nas duas regiões administrativas especiais continua a registar uma recuperação estável este ano. A partir de 15 de Maio de 2023, a China retomou o programa nacional de autorizações de viagem de grupo para os residentes da China continental para Hong Kong e Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaMissão chinesa terminará estrutura básica de uma estação lunar em 2028 A missão de exploração lunar da China, Chang’e-8, está planeada para ser lançada por volta de 2028 e juntar-se-á à Chang’e-7 para formar a estrutura básica de uma estação de investigação lunar. A missão Chang’e-8 tem por objectivo explorar e investigar múltiplos campos físicos lunares, perfis geológicos regionais, observações e investigação da Terra com base na Lua, análise de amostras lunares in situ e utilização de recursos, bem como pequenos ecossistemas terrestres fechados na superfície lunar. A estação de investigação lunar constituirá a estrutura básica de uma estação de investigação lunar, juntamente com a Chang’e-7. O projecto de exploração lunar da China segue os princípios de “igualdade, benefício mútuo, utilização pacífica e cooperação vantajosa para todos” e está aberto à comunidade internacional. A CNSA dá “as boas-vindas aos países e às organizações internacionais para participarem, envolverem-se na cooperação ao nível da missão, do sistema e da unidade, alcançarem em conjunto novas descobertas científicas significativas e contribuírem para a construção de um futuro partilhado para a humanidade”. A cooperação internacional para a missão Chang’e-8 dará prioridade a tarefas que envolvam “interacções” entre naves espaciais, exploração conjunta, robôs da superfície lunar com capacidades operacionais básicas, cargas científicas complementares e projectos inovadores de cooperação científica. O módulo de aterragem da Chang’e-8 oferece 200 quilogramas de recursos de carga útil, com uma massa de módulo independente não superior a 100 quilogramas, que pode ser utilizada para projectos de cooperação a nível de sistema e a nível de unidade. O prazo para a apresentação de cartas de intenção para projectos de cooperação internacional para a missão Chang’e-8 termina a 31 de Dezembro de 2023. A selecção preliminar está programada para ser concluída em Abril de 2024, com a confirmação da selecção final em Setembro do mesmo ano. Para além da Chang’e-8, o programa de exploração lunar da China inclui a Chang’e-7, cujo lançamento está previsto para 2026, com a missão principal de procurar indícios de água lunar na região do pólo sul lunar, segundo o documento. A missão lunar Chang’e-6, que tem como objetivo recolher amostras do lado mais afastado da Lua, também está a progredir de acordo com o calendário e o seu lançamento está previsto para 2024. Esta missão irá explorar o terreno lunar relativamente mais antigo do lado mais afastado da Lua, incluindo a Bacia de Aitken, uma das três maiores bacias da Lua, o que a torna cientificamente valiosa. A área de aterragem preliminar da Chang’e-6 está localizada na região do Pólo Sul lunar – Bacia de Aitken. Para reforçar a cooperação internacional, a Chang’e-6 transportará cargas úteis e projectos de satélites de países e regiões como a França, a Agência Espacial Europeia, a Itália e o Paquistão.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum de cooperação Trans-Himalaias realizado no Tibete O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês incitou os vizinhos dos Himalaias a respeitarem a “integridade territorial” num fórum perto da fronteira com a Índia. O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, incentivou os países dos Himalaias a reforçarem a sua cooperação em matéria de ambiente e a respeitarem a “integridade territorial”, ao receber diplomatas perto da fronteira com a Índia. Wang Yi fez estes comentários ontem, quinta-feira, durante um fórum internacional sobre a cooperação regional trans-himalaia, na região autónoma chinesa do Tibete. O evento contou com a presença de funcionários de mais de uma dúzia de países, incluindo vários que partilham uma fronteira com a China. Mas a Índia esteve notoriamente ausente. A cidade anfitriã do fórum, Nyingchi, fica a 160 km da área disputada de Arunachal Pradesh, onde Nova Deli e Pequim têm reivindicações concorrentes. Não se sabe se a Índia foi convidada, mas não participou igualmente em fóruns anteriores em 2018 e 2019. Apelos ao respeito mútuo Durante o seu discurso de abertura do fórum, Wang apelou aos países da região para respeitarem o território uns dos outros para garantir a estabilidade, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável. “Devemos aderir ao respeito e à confiança mútuos e salvaguardar conjuntamente a unidade regional e a confiança mútua”, afirmou. “Devemos respeitar a soberania e a integridade territorial uns dos outros, não interferir nos assuntos internos uns dos outros, apoiar-nos mutuamente em questões que envolvam os interesses fundamentais uns dos outros, insistir na resolução de diferenças através do diálogo e da consulta e trabalhar em conjunto para construir uma grande família de unidade em torno dos Himalaias”, reforçou o MNE chinês. Wang apelou igualmente ao reforço da cooperação em matéria de desenvolvimento ecológico, citando os resultados alcançados no passado, incluindo os acordos ambientais com a Índia, o Paquistão, o Sri Lanka e o Nepal, bem como um memorando de entendimento sobre a cooperação ecológica com o primeiro-ministro nepalês, Pushpa Kamal Dahal, durante a sua visita à China na semana passada, e prometeu que a China formaria profissionais para o Centro de Investigação sobre a Biodiversidade do Sudeste Asiático em Myanmar e para um centro de cooperação para a prevenção e o controlo da desertificação na Mongólia. Itália não sabe se fica Entre os participantes no fórum contam-se o Paquistão, o Nepal, o Sri Lanka, Myanmar e a Mongólia, países que aderiram à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e que se encontram entre os principais beneficiários do plano, que este ano assinala o seu décimo aniversário. O Ministro dos Negócios Estrangeiros em exercício do Afeganistão, Mawlawi Amir Khan Mutaqi, também esteve presente, marcando a segunda vez que um responsável dos Talibãs participa numa reunião regional, após a reunião de Moscovo, realizada na Rússia na semana passada. De acordo com os meios de comunicação social afegãos, Mutaqi deveria encontrar-se com Wang à margem do fórum para debater a agenda de desenvolvimento do seu país. Segundo a China News, outros países membros da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, como o Chile, Quénia e Itália, também enviaram representantes ao fórum. Roma continua indecisa sobre se vai abandonar a iniciativa, uma vez que o memorando de entendimento que assinou com Pequim em 2018 expira em Março.
Hoje Macau China / ÁsiaCrise de crescimento é oportunidade para qualificar trabalhadores Numa conferência no Porto, o vice-director do Instituto de Economia Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhang Bin, defendeu que o arrefecimento da economia chinesa é uma oportunidade para qualificar a mão-de-obra. Zhang Bin admitiu que, nos últimos 10 anos, a economia cresceu a níveis inferiores ao de décadas anteriores, mas “esta situação deve ser olhada de forma positiva, como uma oportunidade para mais investimento e para acumular conhecimento”. “Este é o momento para a China apostar em investir nas suas infraestruturas e no capital humano intensivo”, defendeu o investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, num painel da IV conferência internacional de cooperação Portugal-China, que se realizou no Porto, assinalando os 10 anos do lançamento da Nova Rota da Seda e a parceria estratégica Europa-China 20, colocando como objetivo contribuir para o “abrandamento da tensão entre a Europa e a China”. Zhang recusou-se a atribuir a alteração estrutural no ritmo de crescimento económico chinês a fatores que, disse, muitas vezes são apontados nos ‘media’ internacionais, em particular o aparecimento de uma ‘bolha’ imobiliária de elevado nível de risco ou o aumento exponencial da dívida pública da China. “As razões devem ser procuradas noutro lugar. Desde logo no arrefecimento da procura interna e externa, que afetou os níveis de produção e de exportação dos principais setores da economia chinesa. Mas, também devem ser procuradas na falta de capital humano intensivo”, explicou o professor do Instituto de Economia Mundial e Política. O investigador defendeu que este momento de arrefecimento da economia chinesa deve ser olhado não como uma crise, mas como uma oportunidade, lembrando que nos últimos anos a China passou a fazer uma aposta na qualidade dos seus produtos e por acumular conhecimento para prosseguir essa trajetória de qualificação. “Este não é o momento para procurar mais expansão. Este é o momento para investir e para acumular ‘know how’”, disse Zhang, referindo-se às possibilidades de alargamento de zonas de influência comercial propiciados pela Nova Rota da Seda, que devem ser aproveitadas para aprender com outros sistemas, mais do que para serem vistos como novos mercados. O vice-director do Instituto de Economia Mundial e Política assinalou ainda que, quando se compara o arrefecimento da economia chinesa com o comportamento das economias de países desenvolvidos, é possível perceber a falta de procura externa. Apesar da sua perspectiva otimista sobre o desempenho da economia chinesa, Zhang Bin mostrou-se preocupado com o aumento de desemprego na China, decorrente do arrefecimento da produção. “Mais uma razão para se aproveitar este momento para qualificar a mão de obra na China”, disse o investigador. A conferência foi uma iniciativa da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento de Portugal-China (CCDPC), da União de Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China e do Observatório da China, tendo como co-anfitriões o Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-China, e realizou-se no auditório da Fundação Manuel António da Mota, no Porto.
Hoje Macau China / Ásia5G | Câmara luso-chinesa considera “preocupante” impacto da exclusão da Huawei A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) considerou na segunda-feira “preocupante o impacto que a exclusão de fornecedores como a Huawei” pode ter no desenvolvimento de Portugal e questionam a “razoabilidade” da decisão, que vai além do que é recomendado pela União Europeia. A direção e o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa reuniram-se na segunda-feira para debater a deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança (CAS), datada de maio, sobre o “alto risco para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado ou ligado permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”. A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus. Para a CCILC “esta deliberação ignora o papel dos fabricantes com origem na China como líderes no desenvolvimento e produção de equipamentos e serviços de 5G, essenciais para a digitalização e competitividade tecnológica de Portugal” e “entre as preocupações partilhadas pelos participantes da conversa está a razoabilidade da decisão portuguesa, que aparenta ser mais redutora do que a generalidade dos Estados-membros da União Europeia”, lê-se no comunicado da Câmara de Comércio. Europa não pede exclusão total “Em causa as declarações do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, num encontro com a imprensa europeia em Bruxelas no início de setembro onde referiu [que] ‘a Huawei tem algumas partes de equipamento que não têm qualquer problema, mas outras podem ter algum problema e cabe aos Estados-membros decidir'”, aponta a CCILC, questionando, a este propósito, que “se há partes de equipamento que não têm qualquer problema, porque é que o país quer optar pela exclusão total”. Na reunião de segunda-feira foi também abordada a consequência da decisão “relativamente à reputação de Portugal, no que se refere à atracção de potenciais investidores estrangeiros, aos custos agravados para operadores e consumidores, e ao possível atraso de Portugal no caminho da digitalização”. Além disso, “o Conselho Estratégico da CCILC foi vocal na convicção de que ‘Portugal não está a defender os seus interesses quando cede a pressões externas’, sendo peremptório quanto à causa da posição portuguesa”, ou seja, “quando a discussão não é técnica como devia ser, outras razões se apontam, nomeadamente de ordem política”. Contudo, “é importante olhar para os interesses de Portugal que estão em jogo”, alerta o Conselho Estratégico da CCILC. A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa afirma ainda que “a decisão do Governo português está a ter repercussão a nível mundial”. Esta “é uma situação de extremo embaraço e com custos muito elevados para os operadores” e “terá sido esta uma das razões que levou outros países da União Europeia a tomar medidas mais brandas do que a tomada por Portugal”, lê-se no documento. “A promoção e proteção dos interesses e das melhores condições para a resolução de problemas que auxiliem o desenvolvimento dos negócios bilaterais, entre Portugal e a China, são a missão central da ação da CCILC, pelo que esta discussão visou contribuir para a preservação da relação de amizade de mais de cinco séculos entre os dois países e todas as ligações que daí advêm”, remata a entidade. No início de setembro foi conhecido que a Huawei Portugal tinha entrado com uma acção administrativa contra a deliberação, com o objectivo de salvaguardar os seus direitos legais. Na altura, o Gabinete Nacional de Segurança (GNS) e o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) referiram que a deliberação da CAS zela pela utilização segura das redes. “As deliberações tomadas pela CAS, que têm como destinatários os operadores nacionais de telecomunicações, zelam pela utilização segura das redes de comunicações electrónicas nacionais, procurando mitigar as ameaças e riscos sobre as mesmas, para que se possa implementar e usar, de forma segura, a nova tecnologia de comunicações móveis 5G, que deverá ser escrutinável, transparente e confiável para o Estado, para os cidadãos e para as empresas”, afirmaram, no início do mês, o GNS e o CNCS.
Hoje Macau China / ÁsiaTurismo | Estrangeiros podem visitar sul da China sem visto em excursão A China anunciou a isenção de visto para estrangeiros que visitem, em excursões de grupo, nove cidades da província de Guangdong, no sul do país, durante até seis dias, a partir de Macau ou Hong Kong. De acordo com novas diretrizes da Administração Nacional de Imigração (NIA, na sigla em inglês) e do Ministério de Segurança Pública chineses, a isenção abrange estrangeiros “de países que tenham relações diplomáticas com a China”, uma lista que inclui todos os países lusófonos. São Tomé e Príncipe foi o último país de língua portuguesa a estabelecer, em 2016, relações com a China, rompendo laços com Taiwan, que actualmente apenas tem 13 aliados diplomáticos. As novas directrizes, divulgadas pela autarquia de Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, concede isenção de visto por um período máximo de 144 horas, ou seis dias, para os detentores de passaportes ordinários estrangeiros. De acordo com uma publicação na rede social chinesa WeChat, para obter a isenção os estrangeiros têm de entrar e sair da China continental integrados em excursões com pelo menos duas pessoas, organizadas por agências de viagens de Macau ou Hong Kong. A isenção permite aos estrangeiros visitar a cidade de Shantou, assim como nove cidades que fazem parte da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau: a capital da província, Guangzhou, Foshan, Zhaoqing, Shenzhen, Dongguan, Huizhou, Zhuhai, Zhongshan e Jiangmen. Em março, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês anunciou a retoma da concessão de vistos a turistas estrangeiros, após quase três anos de suspensão na sequência da pandemia de covid-19. O anúncio incluiu o regresso da política de permanência sem visto durante 15 dias para todos os grupos de estrangeiros que entrem na cidade de Xangai, no leste da China, num navio de cruzeiro. Outra política também retomada em março foi a isenção de visto para estrangeiros de 59 países – incluindo Portugal e Brasil – que visitem a ilha de Hainão, no sudoeste da China, onde podem ficar até 30 dias. Cerca de 168 milhões de pessoas atravessaram as fronteiras da China na primeira metade do ano, cerca de 49% do valor registado no período equivalente em 2019, de acordo com dados da NIA. Xangai, um dos principais destinos turísticos na China, recebeu cerca de 756 mil visitantes estrangeiros, no primeiro semestre de 2023, o que corresponde a 22% do número de visitas registado em 2019, revelou o China Daily.
Hoje Macau China / ÁsiaUnião Europeia abre investigação à China por apoios aos carros eléctricos Apoios e linhas de crédito de bancos estatais para empresas que produzem carros eléctricos são, no entender da EU, ilegais. Pequim responde: “o inquérito baseia-se em suposições subjectivas, carece de provas suficientes e é contrário às regras da OMC”. A Comissão Europeia abriu ontem formalmente uma investigação à China por alegadas ajudas “ilegais”, como auxílios directos e créditos, no sector sensível e com importância estratégica dos carros eléctricos, com Bruxelas a salientar ter provas suficientes contra Pequim. A informação foi publicada ontem no Jornal Oficial da União Europeia (UE), cerca de três semanas após o anúncio da instituição, indicando a Comissão Europeia que, “por sua própria iniciativa”, inicia uma investigação “com base no facto de as importações de novos veículos eléctricos a bateria, concebidos para o transporte de passageiros, originários da República Popular da China estarem a ser objecto de subvenções, causando assim prejuízo à indústria da União”. “Após uma análise aprofundada da recente evolução do mercado e tendo em conta a natureza sensível do sector dos veículos elétricos e a sua importância estratégica para a economia da UE em termos de inovação, valor acrescentado e emprego, a Comissão obteve informações sobre o mercado a partir de várias fontes independentes”, que “indiciam a existência de práticas de subvenção ilegais”, acrescenta Bruxelas na argumentação. O executivo comunitário garante ainda ter “prova suficientes de que as importações do produto objecto de inquérito, originário da República Popular da China, beneficiaram de subvenções passíveis de medidas de compensação concedidas pelo governo”, o que levou ao rápido crescimento das marcas chinesas no mercado europeu. Em concreto, a Comissão Europeia adianta ter provas de diversos auxílios directos, empréstimos, créditos à exportação e linhas de crédito concedidos por bancos estatais ou ainda benefícios fiscais. O inquérito abrange alegadas práticas ilegais entre 1 de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023. Bruxelas avisa ainda Pequim de que “caso uma parte interessada recuse o acesso às informações necessárias, não as faculte no prazo estabelecido ou impeça de forma significativa a realização do inquérito, podem ser estabelecidas conclusões provisórias ou definitivas, positivas ou negativas, com base nos dados disponíveis”. Segundo dados da Comissão Europeia, os carros elétricos chineses, que entraram recentemente na UE, já representam 8% do mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia. A dimensão do mercado chinês e fortes apoios estatais propiciaram a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng. A resposta de Pequim O governo de Pequim foi lesto na resposta: “O inquérito anti-subvenções da UE sobre os veículos de nova energia nova (VNE) chineses baseia-se em suposições subjectivas, carece de provas suficientes e é contrário às regras da OMC”, afirmou o Ministério do Comércio da China (MOFCOM) na quarta-feira, em resposta à decisão da UE de realizar o inquérito. “Manifestamos uma forte insatisfação e uma firme oposição à decisão da EU”, afirmou o MOFCOM numa declaração publicada na quarta-feira. “A China acompanhará de perto o procedimento de investigação da Europa e salvaguardará firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, afirmou o MOFCOM. “A UE exige negociações com a parte chinesa num prazo extremamente curto e não forneceu materiais efectivos para a negociação, o que infringiu gravemente os direitos da China”, aainda segundo o ministério. O ministério chinês observou ainda que, no 10.º Diálogo Económico e Comercial de Alto Nível China-UE, realizado no final de Setembro, a parte chinesa afirmou claramente que o inquérito proposto pela UE é um proteccionismo flagrante e visa proteger a indústria da UE sob o pretexto de “comércio justo”, cujas medidas irão perturbar e distorcer seriamente as cadeia global da indústria automóvel, da qual a UE faz parte, e resultar em impactos negativos no comércio e nos laços económicos China-UE. “A China exortou a UE a ser cautelosa na aplicação de medidas de correção comercial, tendo em conta o objetivo geral de manter a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento mundiais e a parceria estratégica global China-EU”, afirmou o MOFCOM. “A UE deve encorajar o aprofundamento da cooperação na nova indústria energética, que tem os veículos eléctricos novos como uma das suas pontas de lança, e criar um ambiente de mercado justo, não discriminatório e previsível para o desenvolvimento comum da indústria de veículos eléctricos China-UE”, afirmou o MOFCOM. Nos últimos anos, a indústria de veículos eléctricos da China registou um rápido desenvolvimento graças à sua incessante inovação tecnológica e à construção de uma cadeia industrial e de abastecimento completa. E os veículos eléctricos chineses têm sido preferidos pelos consumidores, incluindo os da UE. De acordo com a consultora automóvel Inovev, 8% dos novos veículos eléctricos vendidos na Europa em Setembro deste ano eram chineses, contra 6% em 2022 e 4% em 2021. Em 2022, as montadoras chinesas exportaram 545.244 VNEs para a Europa, respondendo por 48,66% de todas as exportações de VNE, mostram dados da Associação de Veículos da China.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Kim quer mais armas nucleares devido a “nova Guerra Fria” O líder norte-coreano apelou para um aumento exponencial da produção de armas nucleares em resposta a uma “nova Guerra Fria”, informou ontem a imprensa estatal do país Kim Jong-un falava durante uma sessão de dois dias no parlamento norte-coreano, que alterou a constituição para inscrever a política de expansão do programa de armas nucleares do país, de acordo com a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA). A sessão parlamentar, realizada na terça-feira e quarta-feira, ocorreu depois de Kim ter viajado até à Rússia, este mês, para se encontrar com o Presidente russo, Vladimir Putin, e visitar instalações militares e tecnológicas. A viagem suscitou preocupações no Ocidente sobre uma possível aliança de armamento, segundo a qual a Coreia do Norte forneceria a Putin munições necessárias para alimentar a guerra na Ucrânia, em troca de ajuda económica e tecnologia russa avançada para melhorar os sistemas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte. À medida que a Coreia do Norte põe fim ao confinamento devido à pandemia, Kim tem vindo a reforçar as parcerias com Moscovo e Pequim, tentando sair do isolamento diplomático e juntar-se a uma frente unida contra Washington. Kim descreveu que o mundo está a entrar numa “nova Guerra Fria” e que a Coreia do Norte deve responder reforçando a capacidade nuclear. Ainda de acordo com a KCNA, os membros da assembleia aprovaram por unanimidade uma nova cláusula na constituição para “assegurar o direito do país à existência e ao desenvolvimento, para dissuadir a guerra e proteger a paz regional e mundial, desenvolvendo rapidamente as armas nucleares a um nível mais avançado”. “A política de construção da força nuclear da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país] tornou-se permanente enquanto lei fundamental do Estado, que ninguém está autorizado a desprezar”, declarou o dirigente norte-coreano. Kim sublinhou ainda a necessidade de “avançar com o trabalho para aumentar exponencialmente a produção de armas nucleares e diversificar os meios de ataque nuclear”, notou ainda a agência. NATO asiática O líder norte-coreano apontou para o que descreveu ser uma ameaça crescente representada por uns Estados Unidos hostis e a expansão da sua colaboração militar com a Coreia do Sul e o Japão, acusando-os de criarem a “versão asiática da NATO, a causa principal da guerra e da agressão”. “Esta é apenas a pior ameaça real, não uma retórica ameaçadora ou uma entidade imaginária”, afirmou. O dirigente pediu aos diplomatas norte-coreanos para que “promovam ainda mais a solidariedade com as nações que se opõem aos EUA e à estratégia de hegemonia do Ocidente”. As tensões na península coreana atingiram o nível mais elevado dos últimos anos, com Pyongyang a testar mais de 100 mísseis desde o início de 2022, e os Estados Unidos, em retaliação, a reforçarem os exercícios militares com os aliados asiáticos. No ano passado, a assembleia norte-coreana aprovou uma nova doutrina nuclear que autoriza ataques nucleares se a liderança da Coreia do Norte estiver sob ameaça.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Evergrande suspende acções na bolsa de valores O grupo Evergrande, uma das maiores construtoras da China, suspendeu ontem a negociação das acções na bolsa de valores de Hong Kong. A suspensão foi alargada a duas subsidiárias, dos ramos de serviços imobiliários e veículos eléctricos, um dia depois de ter sido noticiada a detenção do presidente do grupo Mais uma vez, o grupo Evergrande suspendeu a negociação das suas acções na bolsa de valores de Hong Kong. A negociação das acções de duas subsidiárias do Evergrande, a Evergrande Property Services, dedicada aos serviços imobiliários, e a Evergrande New Energy Vehicle, que opera veículos elétricos, também foi interrompida às 09h, de acordo com avisos publicados no site da bolsa de Hong Kong. As ações da Evergrande fecharam a sessão de quarta-feira a valer 32 centavos de dólar de Hong Kong. A empresa tinha retomado as negociações em bolsa a 28 de Agosto, após um interregno de 17 meses. A suspensão acontece um dia depois da agência de informação financeira Bloomberg ter avançado, citando fontes não identificadas, que o presidente do Evergrande, o bilionário Xu Jiayin, foi detido no início deste mês pelas autoridades chinesas. Em meados de Setembro, o grupo anunciou a detenção de funcionários de uma das subsidiárias, sem especificar as acusações. A revista de informação económica chinesa Caixin noticiou que dois ex-executivos da Evergrande também foram presos. Sem tecto O sector imobiliário na China registou um crescimento meteórico nas últimas décadas, num país onde a venda de imóveis em planta permite financiar outros projectos. Em 2020, a situação financeira de muitas construtoras chinesas deteriorou-se, depois de os reguladores chineses terem exigido às empresas um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, agravada pelas medidas de combate à pandemia da covid-19. O colapso da Evergrande, cujo passivo ascende a 328 mil milhões de dólares, é o caso mais emblemático desta crise, que tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas, cerca de 70 por cento, de acordo com diferentes estimativas. A crise afectou nos últimos meses outro peso pesado do sector: a Country Garden, até há pouco vista como uma empresa financeiramente sólida. Na segunda-feira, uma outra subsidiária da Evergrande, a Hengda Real Estate, anunciou que não consegue pagar os pagamentos regulares de obrigações, aumentando a pressão sobre o grupo, antes de uma audiência marcada para o final de Outubro com um grupo de credores, nos tribunais de Hong Kong.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Soldado americano que entrou ilegalmente será expulso A Coreia do Norte vai expulsar um soldado norte-americano que entrou no país através da fronteira fortemente armada entre as Coreias em Julho, noticiou ontem a agência noticiosa norte-coreana KCNA. O anúncio da expulsão de Travis King, sem referência a data e local, seguiu-se ao fim do interrogatório do militar, disse a KCNA, segundo a agência norte-americana AP. King confessou ter entrado ilegalmente na Coreia do Norte porque nutria “um mau sentimento contra os maus-tratos desumanos e a discriminação racial” no seio do exército dos Estados Unidos, segundo a KCNA. Também alegou que estava “desiludido com a desigualdade da sociedade norte-americana”, acrescentou. A AP disse ser impossível verificar a autenticidade dos comentários atribuídos pela KCNA a King, que integrava o contingente norte-americano na Coreia do Sul. O militar entrou na Coreia do Norte quando fazia uma visita civil a uma aldeia fronteiriça, em 18 de Julho, tornando-se o primeiro cidadãos dos Estados Unidos a ser detido no Norte em quase cinco anos. Na altura em que se juntou à visita civil e atravessou a fronteira, deveria estar a caminho de Fort Bliss, no Texas, depois de ter sido libertado de uma prisão sul-coreana devido a uma condenação por agressão. Após semanas de silêncio, a Coreia do Norte confirmou em Agosto que tinha detido King e que estava a investigar as circunstâncias da sua entrada no país. Na altura, o comando da força multinacional da ONU na Coreia do Sul anunciou que a questão era objecto de “discussões com o Exército Popular da Coreia [do Norte] através do mecanismo do acordo de armistício”.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Sul | Tribunal nega detenção de líder da oposição Um tribunal de Seul negou ontem o mandado de prisão solicitado pelo Ministério Público contra o líder do principal partido da oposição, Lee Jae-myung, acusado de corrupção. A decisão considerou ser “difícil ver a justificação e a necessidade” da detenção do líder do Partido Democrático (PD), uma vez que não há risco de fuga ou de destruição de provas. Pouco depois do anúncio, Lee agradeceu ao tribunal por ter “demonstrado claramente que é o último bastião dos direitos humanos”. O político de 58 anos levou a cabo uma greve de fome de 24 dias em protesto contra as políticas do Governo de Yoon Suk-yeol, que acusa de “liquidar” a ordem democrática ao endurecer leis contra os ‘media’ e ao não condenar a libertação no mar da água tratada da central nuclear de Fukushima, no Japão. Críticos dizem que a greve de fome de Lee serviu para desviar as atenções das acusações de corrupção. O político é acusado de ser responsável por a autarquia de Seongnam, uma cidade dormitório nos arredores da capital, Seul, ter perdido cerca de 20 mil milhões de won entre 2014 e 2015, depois cancelar abruptamente um plano de construção de habitações sociais e permitir que um promotor privado assumisse o empreendimento. Os procuradores disseram acreditar também que, entre 2019 e 2020, Lee pediu a uma empresa que transferisse cerca de oito milhões de dólares para as autoridades da Coreia do Norte – algo que sem autorização prévia é crime no Sul – para facilitar a visita do político ao Estado vizinho, com o qual o país ainda está tecnicamente em guerra. Na altura, Lee era governador de Gyeonggi, a província que rodeia Seul – a mais populosa do país, com mais de 13 milhões de habitantes -, e era candidato às eleições presidenciais de 2022, defendendo o diálogo e a aproximação entre as duas Coreias.
Hoje Macau China / ÁsiaDefesa | Filipinas anunciam exercícios militares com os EUA As Filipinas anunciaram ontem exercícios militares com os Estados Unidos entre 2 e 13 de Outubro, num momento de escalada de tensões com Pequim por causa das disputas territoriais no mar do Sul da China Os exercícios terão lugar na área de operações das forças navais filipinas a sul da ilha de Luzon (onde se situa a capital, Manila), com o objectivo de “reforçar ainda mais a cooperação internacional em matéria de defesa e promover um sistema internacional baseado na lei”, explica-se num comunicado da Marinha filipina. As manobras militares, que se realizam anualmente, concebidas para reforçar as capacidades de combate das forças navais, vão incluir exercícios antissubmarinos, antissuperfície, antiaéreos e de guerra electrónica. Para além dos EUA e das Filipinas, as marinhas do Japão, Austrália, Canadá, Reino Unido, França e Austrália participam nos exercícios, embora não na execução das manobras, mas na troca de informações sobre a resposta a catástrofes, entre outros assuntos, enquanto a Nova Zelândia e a Indonésia vão enviar observadores. Os exercícios militares entre os Estados Unidos e as Filipinas são uma prática habitual, como parte do tratado de defesa mútua assinado pelos dois países em 1951. No entanto, a edição deste ano surge após meses de intensificação dos laços de defesa entre os Estados Unidos e as Filipinas, depois do Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., subir ao poder no ano passado, e num momento marcado por uma recente escalada de tensões entre Manila e Pequim devido a disputas territoriais. Marés altas A China avisou as Filipinas, na terça-feira, para não “procurarem problemas”, depois de a Guarda Costeira do arquipélago ter anunciado a remoção de uma “barreira flutuante” que Manila acusou Pequim de ter instalado nas suas águas territoriais no mar do Sul da China. Este é o mais recente episódio do braço de ferro entre Pequim e Manila sobre territórios nessas águas, incluindo o Atol de Scarborough, que a China ocupou em 2012 e que se encontra dentro da zona económica exclusiva das Filipinas. Pequim reivindica a quase totalidade do mar do Sul da China, incluindo os arquipélagos de Paracel e Spratly, uma reivindicação que choca com as zonas económicas exclusivas de 200 milhas náuticas, tal como definidas pelo direito internacional, de países como as Filipinas, o Vietname e a Malásia. Embora Pequim alegue bases históricas para as reivindicações, em 2016 o Tribunal Permanente de Arbitragem decidiu a favor de Manila, uma decisão que a China se recusa a acatar.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | Aprovado terreno para Escola Portuguesa de Díli O Conselho de Ministros timorense aprovou ontem a concessão de um terreno na zona de Caicoli, no centro de Díli, para a construção das novas instalações da Escola Portuguesa de Díli A referência à decisão faz parte do comunicado da reunião de ontem do Governo, explicando que foi tomada com base numa proposta do ministro da Justiça, Amândio de Sá Benevides, sem avançar detalhes adicionais. “O terreno está localizado à frente do Tribunal de Recurso e tinha sido, no passado, concedido a uma empresa privada que ia ali fazer um hotel. Até à data, e depois de vários anos, nada foi feito, portanto o Governo decidiu entregar o terreno para a Escola Portuguesa de Díli”, disse Amândio de Sá Benevides à Lusa. “Trata-se de uma resposta a um pedido ao primeiro-ministro Xanana Gusmão feito pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, durante a sua visita a Timor-Leste”, explicou. Sá Benevides disse que a concessão do terreno, que permitirá a expansão das actuais instalações da Escola Portuguesa de Dili, confirma a importância que Timor-Leste dá à formação em língua portuguesa e à relação com Portugal. “O programa do Governo destaca a importância da educação e formação, em particular, da língua portuguesa. Isto confirma essa importância”, notou. A questão do futuro da Escola Portuguesa de Díli, que se debate com carência de espaço e um crescente número de pedidos de novos alunos, tem vindo a ser debatida há vários anos, chegando a ser proposto um projecto de alargamento das actuais instalações, localizadas perto do Cemitério de Santa Cruz. O assunto foi debatido entre os chefes dos dois Governos durante a curta visita a Timor-Leste do primeiro-ministro, António Costa, em Julho último. Na altura, num discurso perante dezenas de alunos do Externato São José, António Costa destacou a importância da língua portuguesa em Timor-Leste, o único país lusófono no continente asiático. O português “não é só mais uma língua, é a língua que faz a diferença”, defendeu António Costa. “É esta diferença que reforça a identidade de Timor-Leste, faz a identidade de Timor-Leste”, acrescentou na altura. O primeiro-ministro defendeu ser “muito importante que este ensino da língua [portuguesa] prossiga e que se desenvolva”. Responder à procura Em Díli, António Costa confirmou o apoio ao alargamento do projecto bilateral dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) – financiado conjuntamente por Portugal e Timor-Leste – a todos os postos administrativos no país. O primeiro-ministro português prometeu ainda reforçar o apoio à Escola Portuguesa de Díli. Em Março, o director da Escola Portuguesa de Díli (EPD), Manuel Alexandre Marques, disse ter reafirmado, num encontro com o Presidente timorense, José Ramos-Horta, o empenho da instituição no ensino e divulgação da língua portuguesa e a vontade de expandir as actuais instalações, que estão sobrelotadas. “O Presidente recomendou que continuemos a trabalhar, a divulgar o português entre todos os nossos alunos, e que façamos do português também uma ferramenta de comunicação entre povos, fazer com que a língua portuguesa seja um veículo de comunicação com todos e entre todos”, explicou, depois do encontro com o chefe de Estado, José Ramos-Horta. Marques Alexandre Marques, que assumiu funções este ano, recordou o papel importante da EPD no reforço das capacidades linguísticas em português da nova geração, afirmado que é essencial, para isso, ampliar a escola para responder à crescente procura. “Estamos com uma sobrelotação e também falámos sobre isso, sobre a vontade do Estado português de ampliar a escola. Estão a ser estudadas várias opções. Todo o processo está em estudo, inclusivamente pelo Governo para podermos melhorar a EPD que é uma escola de referência em Timor-Leste e vai continuar a ser”, explicou. A questão do alargamento da EPD já tinha sido um dos temas em debate na agenda da visita que o secretário de Estado da Educação português, António Leite, efectuou este ano a Timor-Leste. No caso da EPD, e como António Leite referiu à Lusa na altura, havia “três possibilidades em cima da mesa (…) partindo do princípio de que se vai alargar a escola”, estando a nova direcção a analisar o assunto antes de negociações mais amplas para que a decisão final seja tomada, disse António Leite. “No passado já houve um projecto [de ampliação]. Mas temos uma lista de espera de 600 crianças, o que tornaria a EPD uma das maiores escolas portuguesas no estrangeiro”, explicou. A EPD tem actualmente mais de mil alunos.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Antigo vice-presidente do banco central julgado Um tribunal da província chinesa de Hubei iniciou um processo judicial contra o antigo vice-governador do Banco do Povo da China (banco central) Fan Yifei, acusado de aceitar avultados subornos, noticiou ontem a imprensa local. A acusação surge na sequência de uma investigação iniciada pela Comissão Nacional de Supervisão, o órgão máximo da estratégia anticorrupção do Estado chinês, indicou a agência noticiosa oficial Xinhua. Fan Yifei, que foi um dos seis vice-governadores do banco central chinês desde 2015 até ao ano passado, é acusado de ter utilizado a sua posição para beneficiar terceiros em troca de somas “extremamente grandes” de dinheiro, avançou a agência noticiosa. O processo judicial está a ser conduzido pelo Tribunal Popular Intermédio de Huanggang, segundo um comunicado oficial divulgado ontem. No final de Fevereiro passado, o poderoso órgão anticorrupção do Partido Comunista da China (PCC), a Comissão Central de Inspecção e Disciplina, prometeu reforçar a sua estratégia contra a conduta ilícita no sector financeiro. Tal posicionamento resultou em acusações contra vários funcionários de agências reguladoras e altos executivos de empresas, incluindo recentemente antigos responsáveis do Banco da China e do conglomerado financeiro estatal China Everbright.