Corrupção | Antigo dirigente do atletismo condenado a 13 anos de prisão

O antigo presidente da Associação Chinesa de Atletismo Yu Hongchen foi ontem condenado a 13 anos de prisão por aceitar subornos.

O Tribunal Popular Intermédio de Huangshi, na província central de Hubei, proferiu a sentença depois de considerar que o antigo responsável pelo atletismo na China, cargo que ocupou entre 2022 e finais de 2023, aceitou pagamentos ilegais no valor de mais de 22,5 milhões de yuan.

O acórdão indicou que as infracções foram cometidas entre 2010 e 2023, quando Yu Hongchen ocupou vários cargos importantes no desporto chinês, desde director de atletismo a vice-presidente da Associação Chinesa de Futebol (CFA) e presidente da Superliga Chinesa (CSL).

A decisão do tribunal também considerou provado que Yu se aproveitou dos cargos para prestar assistência em questões como transações comerciais, favorecimento de clubes de futebol, penalização de árbitros ou transferências de jogadores. O tribunal afirmou que as ações de Yu “prejudicaram gravemente a ordem da concorrência leal e o ecossistema desportivo” e causaram “grandes danos” ao desporto e à indústria do futebol.

De acordo com o acórdão, Yu Hongchen confessou a maior parte das infrações e parte do dinheiro desviado foi recuperado, o que levou a uma pena menor. O mesmo tribunal condenou o antigo presidente da CFA Chen Xuyuan a prisão perpétua por ter recebido subornos no valor de mais de 81 milhões de yuan durante 13 anos.

27 Mar 2024

China perde 155 bilionários em 2023, aponta relatório Hurun

Um total de 155 magnatas chineses desapareceram em 2023 da lista anual de pessoas com fortunas superiores a mil milhões de dólares divulgada no relatório Hurun. Embora o número de bilionários chineses tenha diminuído em relação ao ano anterior, a China continua a ser o país com mais bilionários do mundo. A nação asiática soma 814 bilionários, ultrapassando os Estados Unidos, com 800 bilionários.

A nível mundial, o relatório Hurun, com dados até 15 de janeiro de 2024, indicou que o número total de bilionários aumentou 167, para 3.279, e a riqueza total acumulada cresceu 9 por cento, para 108 biliões de yuan. Os Estados Unidos são o país que registou o maior aumento do número de bilionários, com 109 novos nomes na lista.

A Índia segue em segundo lugar, com um aumento de 84, enquanto o Reino Unido ultrapassou a Alemanha e ficou em quarto lugar, com 146 bilionários. Este crescimento foi largamente impulsionado pela ascensão da inteligência artificial (IA), que gerou mais de metade da nova riqueza em 2023.

No país asiático, Zhong Shanshan, de 70 anos, o fundador da empresa de água Nongfu que é conhecido como o “rei da água engarrafada”, continua a ser o homem mais rico do país, com 450 mil milhões de yuan. Colin Huang, fundador da empresa de comércio electrónico Pinduoduo, tornou-se o empresário tecnológico mais rico da China, com 385 mil milhões de yuan.

Huang subiu na classificação depois de um aumento do valor das suas acções cotadas nos Estados Unidos, ultrapassando Pony Ma, da Tencent, com 250 mil milhões de yuan e Zhang Yiming, da Bytedance, com 245 mil milhões de yuan, para ocupar o segundo lugar no país asiático.

“Pelo segundo ano consecutivo, Huang é o empresário mais rico da China”, declarou Rupert Hoogewerf, presidente e investigador principal da Hurun Report.

Poder artificial

Ao mesmo tempo, vários executivos do sector de tecnologia em rápida mudança da China tornaram-se alguns dos bilionários chineses de crescimento mais rápido, impulsionados pela ascensão da IA. Entre eles contam-se Cai Haoyu, fundador do estúdio de jogos miHoYo, sediado em Xangai, e Chen Tianshi, fundador da Cambricon Technologies, empresa de desenvolvimento de semicondutores para sistemas de IA sediada em Pequim.

A lista da Hurun destaca que Elon Musk é a pessoa mais rica do mundo pela terceira vez em quatro anos, com uma fortuna de 231 mil milhões de dólares, um aumento de 74 mil milhões de dólares graças ao crescimento das acções da Tesla.

Pequim perdeu o primeiro lugar que ocupava no ano anterior como a cidade com a maior concentração de bilionários do planeta, passando para o quarto lugar, sendo ultrapassada na Ásia por Mumbai (3), bem como por Nova Iorque (1) e Londres (2).

A China fixou um objectivo de crescimento de cerca de 5% para 2024, o mesmo objectivo do ano passado, embora muitos analistas tenham questionado se Pequim conseguirá atingir este valor sem medidas de estímulo adicionais que não estão actualmente previstas.

27 Mar 2024

Taiwan | Ma Ying-jeou disposto a reunir-se com Xi Jinping

O antigo líder de Taiwan, Ma Ying-jeou, está disposto a reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a sua viagem à China continental, prevista para o início de Abril, disse ontem um dos seus assessores. Este seria o primeiro encontro entre os dois desde a histórica reunião de Singapura em 2015.

Segundo Hsiao Hsu-tsen, director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, o antigo líder taiwanês (2008-2016) não exclui a possibilidade de se encontrar com o seu “velho amigo” do continente, referindo-se à reunião de Singapura, que marcou a primeira ocasião em que os líderes da China e de Taiwan se encontraram desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949.

“Ma está fora do poder há oito anos e não ocupa nenhum cargo no partido [Kuomintang, actualmente na oposição] ou na função pública. É um cidadão comum. No entanto, como construímos juntos esta importante história em 2015, é claro que gostaríamos de ver o nosso velho amigo”, disse Hsiao.

Relativamente ao conteúdo deste eventual encontro, que dependerá da disponibilidade da parte chinesa para acolher a viagem, Hsiao disse que Ma, independentemente da pessoa com quem se encontrar, transmitirá os “desejos” da sociedade taiwanesa de abraçar a paz e evitar um conflito armado com a República Popular da China.

O antigo líder taiwanês, de 73 anos, acompanhará um grupo de estudantes à China entre os dias 1 e 11 de Abril, uma viagem que inclui paragens nas províncias de Guangdong (sul) e Shaanxi (noroeste), bem como na cidade de Pequim, o que tem alimentado rumores de um possível encontro com Xi.

Maior cooperação

Ma, que se tornou o primeiro ex-líder taiwanês a visitar a República Popular em Março do ano passado, apelou durante a sua anterior visita a mais intercâmbios entre estudantes chineses e taiwaneses porque “partilham a mesma cultura e identidade étnica”.

O responsável taiwanês, Chen Chien-jen, do Partido Democrático Progressista (DPP), afirmou ontem que o governo de Taiwan “respeita” a viagem de Ma à China, aconselhando-o a ser cauteloso nas suas interações com os funcionários chineses.

“Espero que ele tenha em conta e esteja à altura das expectativas do povo taiwanês em matéria de soberania, democracia, Estado de Direito e outros valores durante a sua visita”, disse Chen, acrescentando que o governo taiwanês prestará a assistência necessária ao antigo líder.

27 Mar 2024

Israel: Autoridade Palestiniana e Hamas saúdam resolução de cessar-fogo da ONU

A Autoridade Palestiniana e o movimento islamita Hamas saudaram hoje a aprovação, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução de cessar-fogo na Faixa de Gaza e pediram maior pressão sobre Israel para que a aplique “imediatamente”.

Numa reação citada no diário Filastin, um dos mais importantes diários árabes no Médio Oriente, o Hamas, congratulando-se com a resolução aprovada com 14 votos a favor e uma abstenção (Estados Unidos), exigiu que Israel seja pressionado a respeitar a medida, que surge depois de mais de 32.300 pessoas terem sido mortas em ataques israelitas no enclave palestiniano.

“Congratulamo-nos com o apelo do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo imediato em Gaza. Sublinhamos a necessidade de um cessar-fogo permanente que conduza à retirada de todas as forças sionistas e ao regresso dos deslocados”, declarou o Hamas, segundo o diário Filastin. “Apelamos ao Conselho de Segurança para que pressione a ocupação [israelita] a aderir ao cessar-fogo e a pôr termo à guerra de genocídio e de limpeza étnica contra o nosso povo”, declarou o movimento islamita.

O Hamas manifestou igualmente disponibilidade para participar num processo “imediato” de troca de “prisioneiros”, sublinhando simultaneamente a necessidade de liberdade de circulação no enclave palestiniano para a distribuição adequada da ajuda humanitária.

Por fim, o Hamas agradeceu à Argélia, país impulsionador desta última resolução, pelos seus esforços, bem como aos outros países do Conselho de Segurança que têm trabalhado para “travar a agressão sionista e o genocídio”. Em Ramallah, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana também se congratulou com a aprovação da resolução e apelou à sua aplicação imediata e à adoção de medidas práticas e “consequências” para obrigar Israel a cumpri-la.

Num comunicado, o Governo palestiniano sublinhou o “consenso internacional” alcançado, mas apelou aos Estados membros do Conselho de Segurança para que “tomem medidas” e assumam as suas “responsabilidades legais e históricas” para “implementar imediatamente a decisão” e “parar a guerra de genocídio”.

O apelo a um cessar-fogo é “um passo na direção certa”, mas exige “uma paragem completa e sustentável da agressão” e a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza, a entrada de ajuda humanitária e o regresso das pessoas deslocadas, prosseguiram as autoridades palestinianas na mesma nota informativa.

A resolução aprovada “exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadão, respeitado por todas as partes, levando a um cessar-fogo duradouro e sustentável”. O Ramadão, o mês sagrado dos muçulmanos, começou em 10 de março e termina em 09 de abril, o que significa que a exigência de cessar-fogo abrange duas semanas.

A Autoridade Palestiniana apelou também ao Conselho de Segurança da ONU para que “assuma a responsabilidade de proteger os civis e o povo palestiniano” do “crime de genocídio que Israel tem vindo a cometer deliberadamente desde 07 de outubro”. O comunicado menciona especificamente os países que pressionaram a resolução e destaca o apoio dos membros permanentes (e com poder de veto) do Conselho de Segurança, como foi o caso da Rússia, França e China.

Este é o primeiro texto a obter consenso no Conselho de Segurança, após três vetos anteriores dos Estados Unidos (também membro permanente), que se abstiveram nesta ocasião, posição fortemente contestada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que decidiu cancelar a viagem a Washington de uma delegação de alto nível do seu executivo.

Na passada sexta-feira, a Rússia e a China utilizaram os seus vetos para rejeitar uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, considerando-a insuficiente para pôr termo às hostilidades na Faixa de Gaza.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

26 Mar 2024

Mais de 20.000 jardins-de-infância fechados na China

Mais de 20.000 jardins-de-infância fecharam na China nos últimos dois anos, ilustrando o impacto da queda na taxa de natalidade, apesar das medidas governamentais para aumentar a oferta de lugares e incentivar os nascimentos.

A China tinha 274.400 jardins-de-infância em 2023, face a 289.200, no ano anterior, e 294.800, em 2021, indicou ontem o portal de notícias económicas Yicai, com base em dados do Ministério da Educação chinês. O encerramento de jardins-de-infância está concentrado nas zonas rurais e nas regiões com baixa densidade populacional, enquanto os jardins-de-infância públicos urbanos foram menos afectados.

Os peritos citados pela imprensa local alertaram para um efeito de dominó no sistema educativo chinês devido à diminuição do número de crianças nos jardins-de-infância. Os analistas preveem uma diminuição do número de escolas primárias e secundárias necessárias no futuro.

No que respeita às escolas primárias, o número poderá descer para 92.800, em 2035, em comparação com 144.200, em 2020, enquanto a oferta de escolas secundárias também sofrerá uma redução de cerca de 3.800.

A redução do número de estudantes no país asiático vai também gerar um excedente de professores, especialmente no ensino primário, o que exigirá ajustamentos no planeamento educativo. Esta tendência contrasta com as medidas do governo central para aumentar a oferta de lugares nos jardins-de-infância.

Contra o declínio

O vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde, Li Bin, afirmou no início de Março que mais de 5 mil milhões de yuan tinham sido reservados para apoiar a abertura de jardins-de-infância a preços acessíveis, desde 2022. A China quer aumentar o número de lugares nos jardins-de-infância por cada 1.000 habitantes, que actualmente é de 3,36, para 4,5, até 2025.

As medidas para aumentar a taxa de natalidade incluem também o alargamento da licença de maternidade para, pelo menos, 158 dias em muitas regiões, o aumento do limiar das deduções fiscais para a guarda de crianças com menos de três anos para 2.000 yuan por mês e a possível inclusão de uma lei sobre serviços de guarda de crianças nos planos legislativos.

A China registou um declínio da sua população em 2022 e 2023, as primeiras contracções desde 1961, quando o número de habitantes diminuiu devido ao fracasso da política de industrialização do Grande Salto em Frente e à fome que se seguiu.

O país foi ultrapassado no ano passado pela Índia como a nação mais populosa do mundo. Durante o 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da parentalidade”.

26 Mar 2024

Taiwan | Antigo líder Ma Ying-jeou desloca-se a Pequim em Abril

O antigo líder de Taiwan Ma Ying-jeou (2008-2016) vai visitar novamente a China continental, no início de Abril, numa deslocação que vai incluir uma paragem em Pequim, foi ontem anunciado.

Numa declaração à imprensa, o director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, disse que o antigo líder do Partido Kuomintang (KMT), agora na oposição, vai acompanhar um grupo de estudantes numa deslocação à China entre 1 e 11 de Abril, na segunda viagem ao continente desde que deixou o cargo.

O itinerário de Ma inclui actividades em Pequim e nas províncias de Cantão e Shaanxi, disse Hsiao, esclarecendo que os possíveis encontros do antigo líder de Taiwan com figuras políticas na China vão depender da vontade dos anfitriões.

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China deu “boas-vindas” à visita de Ma. O porta-voz do Gabinete, Chen Binhua, manifestou “esperança de que os compatriotas de ambos os lados do estreito de Taiwan promovam o rico património cultural da China”, descrevendo a viagem como “uma oportunidade” para “reforçar a compreensão mútua e a ligação espiritual entre os jovens de ambos os lados do estreito” e “contribuir para o desenvolvimento pacífico das relações”.

Chen referiu que a delegação liderada por Ma vai participar no Dia do Finados, no qual os chineses prestam homenagem a entes queridos falecidos, numa cerimónia em honra do imperador Amarelo, considerado um dos pioneiros da civilização chinesa.

Ma, que se tornou o primeiro líder de Taiwan a visitar a República Popular da China em Março do ano passado, pediu um maior intercâmbio entre estudantes chineses e taiwaneses durante a anterior visita, por “partilharem a mesma cultura e identidade étnica”.

26 Mar 2024

Mar do Sul | Protestos de Pequim e Manila após novo incidente

China e Filipinas disseram ontem ter apresentado protestos em simultâneo junto dos dois Governos, depois de um novo incidente no mar do Sul da China, onde Pequim e Manila mantêm reivindicações territoriais.

As Filipinas disseram ter convocado um diplomata da embaixada chinesa em Manila, na sequência de “acções beligerantes” da guarda costeira chinesa e de um navio chinês perto de um recife no mar do Sul da China.

Manila expressou “forte protesto contra as acções agressivas levadas a cabo no sábado pela guarda costeira chinesa e pela milícia marítima” contra um navio de abastecimento filipino ao largo do atol Tomás Segundo, um recife disputado naquelas águas.

De acordo com as Filipinas, a guarda costeira chinesa bloqueou um navio de abastecimento e danificou-o com canhões de água, ferindo três soldados. A guarda costeira chinesa descreveu as manobras como “regulação, intercepção e expulsão legítimas” de um navio estrangeiro que “tentou entrar em águas chinesas pela força”.

Também a embaixada da China em Manila afirmou ter enviado também um “protesto solene” às Filipinas na sequência do incidente.

“No dia 23 de Março, as Filipinas violaram os próprios compromissos, ignoraram a firme oposição e os avisos prévios da China e insistiram em enviar um navio de abastecimento e dois navios da guarda costeira para entrar arbitrariamente nas águas perto do recife Ren’ai, nas ilhas Nansha da China”, afirmou a embaixada, em comunicado, utilizando o nome chinês para o atol.

26 Mar 2024

Israel | Pequim apoia nova proposta para cessar-fogo em Gaza

A nova proposta para um cessar-fogo humanitário imediato durante o mês do Ramadão foi elaborada por oito dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança, Argélia, Malta, Moçambique, Guiana, Eslovénia, Serra Leoa, Suíça e Equador

 

A China anunciou ontem o seu apoio a um novo projecto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que apela ao cessar-fogo imediato em Gaza, alguns dias após ter vetado uma proposta dos Estados Unidos. “A China apoia este projecto de resolução e felicita a Argélia e os outros países árabes pelo seu trabalho árduo nesta matéria”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

“Esperamos que o Conselho de Segurança o aprove o mais rapidamente possível e envie um sinal forte para a cessação das hostilidades”, acrescentou. A votação, que estava prevista para sábado, foi adiada para ontem, numa tentativa de evitar novo fracasso.

Na sexta-feira, a Rússia e a China vetaram um projecto de resolução dos Estados Unidos que sublinhava a “necessidade” de um “cessar-fogo imediato” em Gaza, no âmbito das negociações para a libertação dos reféns capturados durante o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, a 7 de Outubro, em que morreram cerca de 1.200 pessoas e foram raptadas mais de duas centenas.

Alguns observadores viram nisto uma mudança substancial na posição de Washington, que está sob pressão para limitar o seu apoio a Israel. Até então, os Estados Unidos tinham-se oposto sistematicamente ao termo “cessar-fogo” nas resoluções da ONU, tendo bloqueado três textos desse tipo.

Mas a proposta norte-americana não apelava explicitamente a um cessar-fogo imediato, utilizando uma redação considerada ambígua pelos países árabes, pela China e pela Rússia, que denunciaram o “espetáculo hipócrita” dos Estados Unidos enquanto Gaza é “virtualmente varrida do mapa”.

“Se os Estados Unidos estão a falar a sério sobre um cessar-fogo, então votem a favor do outro projecto”, disse o embaixador chinês na ONU, Jun Zhang.

Munição política

Oito dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança (Argélia, Malta, Moçambique, Guiana, Eslovénia, Serra Leoa, Suíça e Equador) elaboraram um novo projecto de resolução, cuja votação era desconhecida à hora do fecho desta edição.

A última versão, apoiada pelo grupo árabe, “exige um cessar-fogo humanitário imediato durante o mês do Ramadão (…), que conduza a um cessar-fogo duradouro”, enquanto a ofensiva israelita em Gaza já causou mais de 32.000 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

No projecto de texto apela-se também à libertação incondicional dos reféns e à eliminação de “todos os obstáculos” à ajuda humanitária. “Este projecto de texto adopta uma posição clara, exigindo um cessar-fogo e a extensão da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, o que corresponde à orientação correcta das acções do Conselho de Segurança”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa.

“Actualmente, o conflito em Gaza está a arrastar-se e a provocar uma crise humanitária, pelo que a comunidade internacional espera que o Conselho de Segurança cumpra os seus deveres na prática e de forma abrangente”, acrescentou.

26 Mar 2024

Hong Kong | Nova lei de segurança nacional em vigor

A nova lei de segurança nacional de Hong Kong, que prevê penas de prisão perpétua por traição ou insurreição, entrou em vigor no sábado.

A nova legislação, que complementa a lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020 após as grandes manifestações do ano anterior, foi aprovada pelo parlamento da região autónoma chinesa na terça-feira, por unanimidade.

São acrescentadas várias categorias de infracções em relação ao texto de 2020: a traição, a insurreição, a espionagem e o roubo de segredos de Estado, a sabotagem que põe em perigo a segurança nacional e a “interferência externa”.

25 Mar 2024

Ministro britânico lança dúvidas sobre versão russa do atentado

O ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, lançou ontem dúvidas sobre a versão de Vladimir Putin após o ataque a uma sala de espectáculos nos arredores de Moscovo, afirmando ter “muito pouca confiança” no que diz o governo russo.

Num discurso televisivo, no sábado, Vladimir Putin prometeu “punir” os responsáveis pelo ataque na sexta-feira à noite, que resultou na morte de pelo menos 133 pessoas, referindo que os responsáveis tinham sido detidos a caminho da Ucrânia, não fazendo referência à revindicação do ataque pelo Estado Islâmico (EI).

“Qualquer perda de vidas civis é completamente horrível, mesmo que aconteça em países cuja governação desaprovamos fortemente, e só podemos esperar que os actores sejam apanhados”, disse Jeremy Hunt na Sky News. Mas questionado sobre as explicações avançadas por Moscovo, o ministro britânico disse ter “muito pouca confiança no que diz o governo russo”.

“Sabemos que está a criar uma cortina de fumo de propaganda para defender uma invasão totalmente diabólica da Ucrânia”, acrescentou, citado pela AFP. “Tomo o que o governo diz com muita precaução […] depois do que vimos da parte deles nestes últimos anos”, disse ainda o ministro britânico.

Luto nacional

A Rússia cumpriu ontem um dia de luto nacional na sequência do ataque ocorrido na sexta-feira à noite e que é já o mais mortífero em solo europeu reivindicado pelo EI.

De acordo com os investigadores, os atacantes entraram de rompante na sala de espectáculos Crocus City Hall antes de abrirem fogo, com armas automáticas, sobre a multidão e atearem um incêndio.

Líderes mundiais, entre os quais, Xi Jinping, enviaram mensagens de condolências a Vladimir Putin. De acordo com a imprensa chinesa, na carta, Xi disse estar “chocado” com o ocorrido e expressou as suas “profundas condolências” às vítimas e suas famílias, bem como a sua “sincera solidariedade” com os feridos. O líder chinês sublinhou que o seu país se opõe a qualquer forma de terrorismo, condena firmemente os ataques terroristas e apoia os esforços do Governo russo para manter a segurança e a estabilidade nacionais. O ataque em Moscovo, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico, tornou-se um dos cinco temas mais comentados da rede social Weibo.

25 Mar 2024

Filipinas | Pequim adverte Manila para pôr fim a “infracções e provocações”

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China advertiu as Filipinas de que deverão por fim de imediato “às infrações e provocações e abster-se de minar a paz e a estabilidade”, no mar da China meridional. O aviso surge após o último incidente, no sábado, em que uma patrulha da Guarda Costeira da China disparou canhões de água contra um barco filipino.

“Apesar da forte oposição da China, as Filipinas enviaram um barco de abastecimento e dois barcos da Guarda Costeira a 23 de Março, sem permissão do Governo chinês, para invadirem as águas adjacentes de Ren’ai Jiao do Nansha Qundao da China, numa tentativa de enviar materiais de construção ao navio militar encalhado ilegalmente em Ren’ai Jiao, para reparação e reforço”, declarou o porta-voz, citado pela agência Xinhua.

A mesma fonte defendeu que a Guarda Costeira da China tomou “as medidas necessárias no mar para salvaguardar direitos, bloqueou firmemente os barcos filipinos e frustrou a tentativa das Filipinas” e acrescentou que Nansha Qundao e as águas adjacentes, incluindo Ren’ai Jiao, “sempre foram território da China”.

“Isto está estabelecido no largo curso da história e cumpre com o direito internacional”, advogou.

“Se as Filipinas insistirem em seguir o seu próprio caminho, a China continuará a adoptar medidas decididas para salvaguardar a soberania territorial e os seus direitos e interesses marítimos. As Filipinas devem estar preparadas para suportarem todas as consequências”, insistiu.

25 Mar 2024

Economia | PM chinês promete maior abertura a líderes empresariais

Li Qiang manifestou o desejo de uma cooperação global com menos barreiras na abertura do Fórum de Desenvolvimento da China, que reúne em Pequim 400 líderes de grandes empresas e organizações internacionais

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, garantiu ontem que implementará medidas para eliminar as barreiras que as empresas estrangeiras enfrentam, sustentando que “uma China mais aberta trará ao mundo mais oportunidades de cooperação para benefício mútuo”.

Num discurso na sessão de abertura do Fórum de Desenvolvimento da China, que reunirá durante dois dias em Pequim 400 líderes de grandes empresas e organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, bem como académicos, funcionários e especialistas, Li destacou o potencial para atrair investimento estrangeiro.

O líder chinês destacou sectores como o desenvolvimento urbano, a “economia verde” e a modernização industrial e insistiu que o Governo de Pequim criará maiores oportunidades para o capital estrangeiro através de políticas macroeconómicas.

O executivo presidido por Xi Jinping já afirmou que está a estudar “cuidadosamente” alguns dos problemas de que as empresas estrangeiras que operam na China têm repetidamente reclamado, como as barreiras de acesso ao mercado ou o fluxo transfronteiriço de informação e dados.

Ontem, Li garantiu que Pequim melhorará a eficiência dos serviços governamentais e procurará proteger os direitos e interesses de todos os tipos de empresas.

“A economia chinesa está hoje mais integrada do que nunca com a economia mundial”, disse o primeiro-ministro, que enfatizou a “calorosa recepção” do seu país às “empresas de todo o mundo que investem na China e abraçam as grandes oportunidades”.

O Fórum de Desenvolvimento da China é um dos poucos cenários em que dirigentes de empresas estrangeiras podem ter contacto directo com as lideranças do país asiático e realiza-se este ano num contexto de desaceleração da segunda maior economia do mundo, que ainda não recuperou na taxa esperada das consequências de permanecer totalmente fechada por três anos devido à pandemia.

Ao alcance

A China estabeleceu uma meta de crescimento de cerca de 5 por cento para 2024, o mesmo objectivo do ano passado, embora muitos analistas tenham questionado se Pequim atingirá este valor sem implementar medidas de estímulo adicionais que não estão actualmente planeadas.

Li considerou ontem que a economia chinesa começou com boas perspectivas este ano, citando aspectos como os lucros industriais, o consumo de energia e os dados mais recentes sobre transporte de mercadorias e viagens. O dirigente reconheceu, ainda, a necessidade de impulsionar o emprego, melhorar os salários e prevenir riscos.

Segundo o primeiro-ministro, a economia do seu país tem “grande resiliência, potencial e vitalidade, e os alicerces que permitiram o seu crescimento sustentado a longo prazo não mudaram”. “Queremos proporcionar maior certeza e energia positiva para a recuperação e estabilidade económica global”, acrescentou.

Entre os líderes empresariais presentes no fórum este ano estão o CEO da Apple, Tim Cook, e os dos fabricantes de chips norte-americanos Qualcomm e Micron.

No âmbito deste evento, o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, reuniu-se com Cook e representantes de diversas empresas tecnológicas, financeiras e farmacêuticas. Somaram-se reuniões com os presidentes ou diretores-gerais da Visa, Broadcom, Mercedes Benz e Hewlett Packard.

25 Mar 2024

Indonésia | Xi Jinping felicita vencedor das presidenciais

O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou ontem o antigo general Prabowo Subianto, que foi declarado vencedor das eleições presidenciais indonésias realizadas a 14 de Fevereiro. Xi destacou a “amizade tradicional” entre China e Indonésia, sublinhando o “rápido desenvolvimento dos laços bilaterais”, a “crescente confiança política” e o “aprofundamento da cooperação” entre os dois países.

O líder chinês expressou a “grande importância” que atribui às relações com a nação insular e o seu desejo de trabalhar em conjunto com o Presidente eleito para “alcançar um maior sucesso” e “dar um impulso à prosperidade e estabilidade regional e global”. Após mais de um mês de contagem dos votos, a Comissão Eleitoral da Indonésia declarou na quarta-feira que o controverso antigo general, acusado de violações dos Direitos Humanos durante o regime militar, obteve 58 por cento dos votos.

Desde as eleições, registaram-se vários protestos denunciando alegadas fraudes eleitorais e outros candidatos anunciaram a sua intenção de contestar legalmente os resultados, alegando que Prabowo recebeu apoio não oficial do Presidente cessante, Joko Widodo.

22 Mar 2024

Taiwan | China reitera “reunificação pacífica” e ‘linha vermelha’ da independência

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou ontem que Pequim quer a “reunificação pacífica” de Taiwan “com total boa-fé” e que a ‘linha vermelha’ é a oposição firme a qualquer tentativa da ilha de obter independência.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que a “região Ásia – Pacífico deve ser uma zona de desenvolvimento pacífico” e “não um palco de confrontos geopolíticos”, lembrando que Taiwan “faz parte da China” e é um “assunto interno” do país asiático.

Lin reagiu assim às declarações do chefe do Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos, o almirante John Aquilino, que declarou na quarta-feira acreditar que o Exército chinês estará pronto para invadir Taiwan em 2027 e que as Forças Armadas chinesas simulam há anos operações contra a ilha, incluindo bloqueios marítimos e aéreos.

O porta-voz da diplomacia chinesa advertiu que a “determinação, vontade e capacidade do povo chinês” para “defender a sua soberania nacional e integridade territorial” não devem “ser subestimadas”.

22 Mar 2024

Xangai | Ministro angolano acompanha construção de navio para Agogo

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, deslocou-se ontem aos estaleiros navais de Xangai para acompanhar os trabalhos de construção de um navio flutuante que vai ser utilizado no campo petrolífero Agogo.

Trata-se de um navio para produção, armazenamento e descarga (FPSO, na sigla em inglês) que vai ser utilizado no bloco 15/06 do campo Agogo. A embarcação permitirá o processamento e armazenamento do crude até que possa ser transferido para um navio-tanque para transporte e refinação adicional.

No estaleiro naval situado na ilha de Chongming, a cerca de 100 quilómetros do centro de Xangai, a “capital” económica da China, Diamantino Azevedo frisou a importância do projecto para alavancar a produção petrolífera em Angola, “contribuindo assim, em grande parte, para contrariar o declínio natural da produção” do país.

“Queremos que este projecto promova também a transferência de conhecimento para os angolanos, para que a seu tempo constituam a força motriz para alavancar cada vez mais o desenvolvimento da indústria do petróleo e gás em Angola”, apontou o ministro, segundo uma nota a que a agência Lusa teve acesso.

No evento estiveram presentes os presidentes dos conselhos de administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis de Angola e da Sonangol e representantes da estatal chinesa Sinopec.

Diamantino Azevedo enfatizou o significado da construção do navio FPSO no estaleiro em Chongming para o reforço da aposta de Angola e China no “alargamento da cooperação”. “Isto evidencia o compromisso mútuo dos nossos países, com o desenvolvimento económico e social dos nossos povos”, disse.

Práticas presidenciais

A deslocação do ministro angolano a Xangai decorre após uma visita oficial à China de três dias do Presidente angolano, João Lourenço.

Em Pequim, Lourenço frisou o esforço de Luanda para executar um conjunto de reformas que visam “melhorar o ambiente de negócios do país, ajustando-o às boas práticas internacionais” e convidou os investidores chineses a investirem na refinaria do Lobito, em fase de construção, e em blocos petrolíferos ‘offshore’ e ‘onshore’.

A China é o maior destino para o petróleo angolano. O Presidente angolano disse também querer atrair mais investimento privado e público da China, “desde que seja sem o petróleo a servir como colateral”, como foi prática nas últimas décadas.

22 Mar 2024

Instituto Camões revela estratégia para Sudeste Asiático

O Camões – Instituto da Cooperação e da Língua está a desenvolver uma “aposta grande” no Sudeste Asiático, utilizando Macau como plataforma, para “dinamizar mais na Ásia a presença do português”, disse à Lusa a presidente do instituto.

“Há uma aposta grande que estamos a tentar desenvolver com o Sudeste Asiático, aproveitando a nossa presença em Macau através do IPOR [Instituto Português do Oriente], podemos também dinamizar mais na Ásia a presença do português”, afirmou à Lusa Ana Paula Fernandes, à margem da inauguração de uma cátedra em homenagem à escritora portuguesa Lídia Jorge na Universidade Federal brasileira de Goiás, a primeira cátedra da rede Camões no Brasil a homenagear uma escritora, a nona no Brasil e a 63.ª no mundo.

“Temos recebido pedidos da Coreia do Sul, mas também do Japão, onde irei em Abril, também para anunciarmos uma nova cátedra”, anunciou a responsável máxima pelo instituto que promove a língua e a cultura portuguesa no exterior.

Cátedras a caminho

Na mesma ocasião, Ana Paula Fernandes sublinhou ter a ambição de protocolar mais cátedras, mas admitiu existir um “processo de transição com o próximo Governo relativamente às prioridades que vão ser estabelecidas”.

Mas o que estava planeado para 2024 “no contexto do Orçamento de Estado que foi aprovado era efectivamente o reforço das cátedras”, frisou.

“Obviamente que temos de fazer isto de uma forma sustentável”, disse, acrescentando que em Julho tem lugar o primeiro encontro anual que servirá, entre outras coisas, para avaliar o impacto e analisar resultados.

“Em função disso perceber onde é que estão os mercados e posicionarmo-nos nesses mercados”, reforçou, acrescentando ser necessário estar atento a novas dinâmicas, como os novos fluxos migratórios de portugueses. Mas também “permitir o acesso para a língua portuguesa para outros que não têm nada a ver com Portugal, nada a ver com a cultura portuguesa, mas que querem aprender português”, disse.

21 Mar 2024

China / Austrália | Relações cimentadas após anos de tensões

A viagem do ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a Camberra visou restaurar os laços de cooperação afectados por várias disputas nos últimos anos

 

Os chefes da diplomacia da Austrália e da China reforçaram ontem as relações bilaterais, apesar de anos de tensão e divergências sobre a região do Indo-Pacífico, comércio e direitos humanos.

“Através dos esforços de ambas as partes, a China e a Austrália quebraram o gelo e estão a navegar juntas novamente, e os intercâmbios e a cooperação em muitos domínios foram gradualmente restaurados”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, em comunicado.

Wang, o primeiro responsável da diplomacia chinesa a visitar o território australiano desde 2017, participou no sétimo Diálogo Estratégico Austrália-China, em Camberra, no âmbito das medidas de normalização das relações bilaterais, enquadradas num contexto de competição na região do Indo-Pacífico entre Pequim e Washington, parceiro do país oceânico.

“Cada vez que nos encontramos, a confiança mútua é reforçada e as relações China-Austrália avançam. A comunicação estratégica é positiva e um passo em frente para dissipar dúvidas e construir confiança”, considerou Wang.

No final do encontro, a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana disse que as conversações se centraram nos australianos detidos na China, nos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang, no Tibete e em Hong Kong, na segurança marítima e regional, na invasão da Ucrânia pela Rússia e no Médio Oriente.

Penny Wong sublinhou a importância de respeitar o direito internacional no mar do Sul da China, uma zona rica em recursos e fundamental para o comércio internacional, palco de disputas territoriais entre Pequim e os países da região.

“Manifestei a nossa grande preocupação com a conduta insegura no mar, o nosso desejo de paz e estabilidade no estreito de Taiwan e na nossa região”, disse Wong, numa conferência de imprensa, no final do encontro com Wang.

O responsável chinês sublinhou que a Austrália e a China “não têm disputas ou conflitos históricos” e os “interesses comuns ultrapassam de longe as diferenças”, instando ambas as partes a respeitarem a “soberania nacional e a integridade territorial” uma da outra.

Neste contexto, Wong afirmou que Camberra procura “uma relação estável, produtiva e madura com a China”. Os dois países estão a preparar uma visita à Austrália do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em data a divulgar.

A responsável australiana destacou ainda os passos dados pela China, o principal parceiro comercial, no levantamento das tarifas sobre vários produtos australianos impostas por Pequim em 2020, na sequência de um pedido feito pelo anterior Governo do conservador Scott Morrison de uma investigação internacional sobre a origem da covid-19.

Ponto de viragem

Pequim tem vindo a levantar as restrições comerciais a uma série de produtos e as relações bilaterais têm progredido desde que o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, no poder desde Maio de 2022, visitou a China em Novembro.

“A previsibilidade nos negócios e no comércio é do interesse de todos”, observou Wong, esperando a resolução de “questões pendentes”, como o levantamento das tarifas sobre o vinho e a lagosta australianos.

Mas uma das questões prementes para a Austrália que ficou sem resposta é a situação do escritor australiano nascido na China, Yang Hengjun, condenado à morte por um tribunal chinês, com pena suspensa, por espionagem, no mês passado. “Não abandonaremos a defesa de Yang Hengjun”, prometeu Wong. A deslocação de Wang começou no domingo na Nova Zelândia e termina na quinta-feira na Austrália.

21 Mar 2024

China | Antigo responsável pelo futebol condenado a 17 anos de prisão

O antigo vice-presidente da Associação Chinesa de Futebol, Wang Dengfeng, foi ontem condenado a 17 anos de prisão por desvio de fundos e suborno, num novo golpe da campanha anticorrupção contra as autoridades do futebol do país.

Segundo a imprensa local, Wang foi ainda multado em cinco milhões de yuan, depois de se ter aproveitado dos seus cargos na Associação Chinesa de Futebol e no Ministério da Educação – onde era director do Departamento de Educação Física, Saúde e Artes – para obter favores.

Segundo o tribunal, Wang utilizou o cargo no ministério para desviar mais de 44,9 milhões de yuan em fundos públicos, e a vice-presidência do organismo encarregue do futebol na China para ajudar associados a obter contratos para projectos e eventos.

Em troca, recebeu cerca de 9,66 milhões de yuan em património. Wang, contra quem a investigação foi iniciada em Agosto de 2022 e que foi detido em Fevereiro de 2023, confessou os crimes e devolveu os fundos e os bens que tinha desviado, pelo que recebeu uma pena mais branda, segundo o jornal oficial China Daily.

Nos últimos anos, as autoridades chinesas detiveram ou lançaram investigações contra o presidente da Superliga de futebol, o director-adjunto da Administração Geral do Desporto e até Li Tie, antigo treinador da selecção nacional e antiga estrela do país que chegou a jogar no clube inglês Everton. Li foi acusado de crimes de corrupção, incluindo suborno.

Em Outubro passado, a Associação Chinesa de Futebol escolheu como novo presidente Song Kai, que, perante os casos de corrupção que salpicaram a instituição – incluindo o seu presidente entre 2019 e 2023, Chen Xuyuan, que enfrenta um julgamento por aceitar mais de 11 milhões de dólares em subornos, entre outras acusações – prometeu torná-la “mais aberta e transparente”.

20 Mar 2024

Sul-coreanos com doenças graves denunciam consequências da greve dos médicos

Várias associações de pacientes com doenças graves denunciaram ontem as dificuldades pelas quais as pessoas estão a passar com a greve que milhares de médicos sul-coreanos mantêm há cerca de um mês. “As principais vítimas [da greve] são pessoas com doenças raras e incuráveis”, disse o presidente da Fundação Lou Gehrig da Coreia do Sul, Kim Tae-hyun, numa conferência de imprensa realizada no Clube de Correspondentes Estrangeiros, em Seul.

Kim, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), falou através de um membro da fundação que dirige e lembrou que “é muito triste que um paciente com ELA que tem cerca de três anos de vida tenha de implorar para ser salvo”.

Exortando os médicos a não esquecerem o Juramento de Hipócrates, Kim considerou que estes devem ser “um raio de esperança para os pacientes com doenças raras e incuráveis” e “não se esquecer do seu dever”.

Mais de 90 por cento dos 13 mil médicos estagiários do país aderiram à greve desde 20 de Fevereiro em protesto contra o plano do executivo conservador Yoon Suk-yeol de aumentar as vagas nas escolas médicas em 2.000 por ano.

Uma vez que os médicos residentes representam cerca de 40 por cento do pessoal dos grandes hospitais de Seul, os maiores do país, estes centros médicos estão a ser obrigados a suspender cerca de metade das cirurgias programadas, muitas delas para pacientes com cancro, como recordaram várias associações. A greve também está a afectar pacientes pendentes ou em tratamento de quimioterapia ou radioterapia.

Portas abertas

Um representante da Associação Coreana de Pacientes com Cancro do Esófago Kim Jin-sun afirmou ontem que “esta situação é da responsabilidade do governo e deve ser abordada com urgência”. “É irónico é que haja uma recusa de praticar a medicina em protesto contra o aumento do número de estudantes nas escolas médicas”, disse.

O Governo defende que é necessário aumentar em 2.000 as vagas anuais nas escolas médicas para colmatar a escassez de médicos, especialmente nas zonas rurais e em áreas como a pediatria, a obstetrícia ou a cirurgia cardiotorácica. Mas os médicos denunciam que a decisão foi unilateral e consideram que o aumento deveria ser de 350 vagas para não afectar a qualidade da formação e do serviço, bem como para reforçar a protecção jurídica dos trabalhadores da saúde.

“Os pacientes não devem, em circunstância alguma, ser usados como instrumento político por nenhum dos lados. Os doentes são a nossa família, os nossos vizinhos. O seu sofrimento e as suas necessidades são da responsabilidade de todos”, disse Baek Min-hwan, da Associação de Pacientes com Mieloma. Baek pediu ao Governo e aos médicos que “encontrem uma solução através do diálogo e do compromisso”.

20 Mar 2024

Evergrande | Empresa acusada de inflacionar receitas

O regulador de valores mobiliários chinês acusou ontem a Evergrande e o seu fundador de adulterarem as receitas do grupo na China em quase 80 mil milhões de dólares.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários (CSRC) planeia impor uma multa de 4,2 mil milhões de yuan à Evergrande, de acordo com um comunicado da empresa enviado à Bolsa de Valores de Shenzhen. O regulador chinês disse ainda que vai banir o fundador e presidente da empresa, Xu Jiayin do mercado de valores mobiliários, para sempre.

A CSRC está “a considerar uma proibição vitalícia do presidente da Evergrande, Xu Jiayin, do mercado de valores mobiliários”, informou a empresa. A decisão concluiu que Xu Jiayin “tomou decisões e organizou a execução de uma fraude financeira, utilizando meios particularmente odiosos e em circunstâncias particularmente graves”, acrescentou.

O patrão da Evergrande “vai receber igualmente uma advertência e uma coima no valor de 47 milhões de yuan”, além de ser proibido de exercer actividade comercial, acrescentou a filial. Com sede em Foshan, a Evergrande era a maior construtora da China, empregando cerca de 70.000 pessoas a tempo inteiro no final de 2022.

A empresa acumulou dívidas ao ponto de o seu passivo ultrapassar os 300 mil milhões de dólares e tornou-se emblemática da crise no mercado imobiliário chinês, que se arrasta há vários anos e está a abalar toda a economia do país. Incapaz de reembolsar os juros dos seus empréstimos, o Evergrande entrou em incumprimento em Dezembro de 2021. Em Agosto de 2023, o grupo declarou falência nos Estados Unidos, uma medida destinada a proteger os activos norte-americanos.

20 Mar 2024

Filipinas | Pequim avisa EUA que “não têm direito de intervir” nas disputas

A China afirmou ontem que os Estados Unidos “não fazem parte” da questão do Mar do Sul da China e, por conseguinte, “não têm o direito de intervir” nas disputas marítimas entre Pequim e Manila.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que a cooperação militar entre os EUA e as Filipinas “não deve prejudicar a soberania e os direitos marítimos da China” e “não deve apoiar reivindicações ilegais”.

Lin reagiu assim às afirmações do Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que afirmou ontem, em Manila, que os Estados Unidos vão defender ataques a navios filipinos “em qualquer parte” do Mar do Sul da China, no meio de tensões crescentes entre Pequim e Manila sobre a soberania do território nessas águas.

O porta-voz sublinhou que a China “continuará a tomar as medidas necessárias para defender firmemente a sua soberania territorial e os seus direitos marítimos”, bem como “manter a paz e a estabilidade” no Mar do Sul da China.

Há meses que as Filipinas e a China se acusam mutuamente de pequenos embates e incidentes entre navios – por vezes da guarda costeira – de ambos os países em águas próximas dos territórios que ambos reivindicam, incluindo no arquipélago de Spratly, no Mar do Sul da China. Até à data, nenhum destes incidentes accionou o tratado de defesa mútua entre os EUA e as Filipinas.

20 Mar 2024

PM da Nova Zelândia convidado a visitar a China

A China convidou ontem o primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, a realizar uma visita oficial ao país, após a deslocação do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a Wellington.

Segundo fontes oficiais neozelandesas, o Governo chinês dirigiu ainda o convite ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Winston Peters, e ao responsável pela pasta do Comércio, Todd McClay, com o objectivo de reforçar os laços bilaterais, enquanto o Governo de Wellington propôs mais visitas às autoridades chinesas.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros reuniu-se na segunda-feira em Wellington com Peters, Luxon e McClay, para “reaproximar” os seus países após anos de afastamento e no meio da competição entre Pequim e Washington para aumentar a influência no Indo-Pacífico.

Wang e Peters discutiram na segunda-feira questões como o aumento das tensões no mar do Sul da China e no Estreito de Taiwan, o papel de Pequim nos conflitos na Ucrânia, no Médio Oriente e as tensões na península coreana, bem como a situação nas regiões chinesas de Xinjiang, Hong Kong e Tibete.

Amigos de trabalho

Durante a visita de Wang, o primeiro chefe da diplomacia da China a deslocar-se à Nova Zelândia desde 2017, o executivo de Wellington procurou também impulsionar o comércio bilateral de bens e serviços com a China, o principal parceiro comercial.

O gesto surge poucos meses depois do 10.º aniversário da assinatura do acordo de Parceria Estratégica Global Nova Zelândia – China, quando o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Wellington, em Novembro de 2014.

Wang, que está a realizar um périplo pela Austrália e Nova Zelândia entre os dias 17 e 21 de Março, deverá encontrar-se hoje em Camberra com a homóloga australiana, Penny Wong, para cimentar a normalização das relações bilaterais após anos de tensões, bem como com líderes empresariais da potência oceânica.

20 Mar 2024

Mar de Bohai | Encontrado novo campo petróleo de 104 milhões de toneladas

As autoridades estimam que o achado no mar de Bohai, no nordeste da China, permita uma produção diária de um único poço de cerca de 110 toneladas de petróleo bruto

 

A China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) anunciou ontem a descoberta de um novo campo petrolífero no mar de Bohai, no nordeste chinês, com uma reserva comprovada de 104 milhões de toneladas de crude. Denominado Qinhuangdao 27-3, o campo situa-se a cerca de 200 quilómetros da cidade de Tianjin e tem uma profundidade média de água de 25 metros, informou a agência de notícias oficial Xinhua. A produção diária de um único poço está estimada em cerca de 110 toneladas de petróleo bruto.

Esta descoberta é o sexto campo com uma reserva de mais de 100 milhões de toneladas a ser encontrado no mar de Bohai desde 2019, confirmando as amplas perspectivas de exploração de petróleo e gás na região, segundo a CNOOC.

Mais profundo

Na segunda-feira, na cidade de Binzhou, província de Shandong, começou também a ser distribuído gás natural a partir de um terminal de processamento de gás, o maior do género construído pela Bohai Oil Field, o maior produtor de petróleo bruto ‘offshore’ da China.

O projecto, que faz parte do Campo de Gás Condensado Bozhong 19-6, o primeiro campo de gás com reservas comprovadas de mais de 100 mil milhões de metros cúbicos de gás natural no mar de Bohai, vai processar até 1,3 mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano.

Este projecto proporcionará um fornecimento de “energia limpa mais estável e fiável” à região de Pequim – Tianjin – Hebei e à região do mar de Bohai, o que é de “grande importância para a segurança energética nacional e para a optimização da estrutura energética”, afirmou Jiang An, director-geral da filial da CNOOC em Tianjin.

De acordo com a CNOOC, a exploração chinesa dos recursos de gás natural fora da costa está a avançar de forma constante para águas ultraprofundas.

A companhia petrolífera chinesa Sinopec descobriu, em 2023, na região ocidental de Xinjiang, um campo com 1,7 mil milhões de toneladas de petróleo, que poderia cobrir a procura interna chinesa de 800 toneladas por ano durante dois anos, explicaram na altura os peritos locais.

20 Mar 2024

China reforça protecção informática contra “forças estrangeiras”

O ministério da Segurança do Estado da China considerou ontem prioritária a protecção das “infra-estruturas-chave de informação” contra “ameaças de forças estrangeiras”, num esforço para “reforçar a soberania do ciberespaço e a segurança nacional”.

O ministério publicou na sua conta oficial na rede social WeChat uma interpretação da Lei de Cibersegurança do país, em vigor desde 2017, defendendo que as “infra-estruturas-chave de tecnologia de informação” devem “receber protecção prioritária”.

A instituição disse que a segurança das infra-estruturas de informação crítica da China é essencial para “proteger a segurança nacional contra ameaças de forças estrangeiras que procuram sondar e recolher dados”.

A lei estipula que os operadores das principais infra-estruturas de informação devem armazenar as informações e os dados pessoais recolhidos e gerados durante o seu funcionamento no território chinês e que, se for necessário fornecer essas informações ou dados no estrangeiro por motivos comerciais, deve ser obtida autorização das autoridades.

O regulamento acrescenta que os operadores de rede devem exigir que os utilizadores forneçam a sua identidade real para aceder à rede ou prestar serviços. A política de utilização da rede com nomes reais é fundamental para a construção de um “ciberespaço seguro, estável e próspero”, que é de “grande importância para o desenvolvimento económico e a estabilidade social” do país asiático, afirmou o ministério.

O ministério recordou que qualquer indivíduo ou organização que utilize a Internet deve “cumprir as leis”, “abster-se de pôr em perigo a segurança da rede” e “participar em actividades que ponham em perigo a segurança, a honra e os interesses nacionais”.

Procura-se espiões

No Verão passado, o Ministério apelou à mobilização de “toda a sociedade” para “prevenir e combater a espionagem” e anunciou uma série de medidas para “reforçar a defesa nacional” contra as “actividades dos serviços secretos estrangeiros”. A China alterou a sua Lei Contraespionagem em Abril passado para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

Nos últimos meses, as investigações sobre empresas de consultadoria e empresas estrangeiras na China suscitaram preocupações no sector e em potenciais investidores estrangeiros.

19 Mar 2024