Hoje Macau China / Ásia MancheteMacau, o “exílio dourado” para onde Kim Jong-nam regressava quando foi morto [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau foi para Kim Jong-nam, irmão do líder da Coreia do Norte, assassinado na segunda-feira, uma “exílio dourado”, onde passou parte do seu tempo e onde os dois filhos frequentaram a escola e até os escuteiros lusófonos. “Dizer que estava à espera disto seria claramente um exagero, mas ele era de facto uma pessoa que estava numa situação de grande risco”, disse à Lusa Ricardo Pinto, jornalista em Macau e que, ao longo dos anos, escreveu e acompanhou a passagem do filho mais velho do ‘Querido Líder’ Kim Jong-il. O meio-irmão do actual líder Kim Jong-un morreu no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, envenenado por duas mulheres. O destino do voo que nunca chegou a apanhar era Macau, uma cidade onde pelo menos desde 2001 viveu e passou temporadas e onde os seus filhos e mulher moraram. Kim Jong-nam chegou a ser apontado como o sucessor do pai, mas tudo mudou depois de ser apanhado a entrar no Japão, em 2001, com um passaporte falso da República Dominicana. “Ao que parece, essa tentativa de entrada no Japão não foi dada a conhecer a Kim Jong-il, o que o terá feito cair em desgraça. Para grande parte dos observadores, a sua presença em Macau passou a ser uma espécie de exílio dourado”, descreve o dono do jornal Ponto Final. Poucas certezas Como quase tudo o que se sabe sobre a Coreia do Norte, nada é definitivo e os verbos são conjugados no condicional: terá sido desde 2001 que Kim Jong-nam passou a viver em Macau de forma permanente, situação que terá mudado após ter sido alvo, anos depois, de uma tentativa de homicídio na cidade, o que terá feito com que passasse a dividir o seu tempo em Pequim; a mulher e os filhos terão, no entanto, permanecido em Macau até irem para a universidade. “Grande parte da informação que chegava era veiculada pelos serviços de inteligência [e transmitida pelos media sul-coreanos]. Ao longo de todos estes anos, sempre que noticiávamos sobre a presença do Kim Jong-nam aqui em Macau isso não nos ajudava muito a ter absoluta certeza das informações que cá chegavam, porque vinham muito pouco associadas a fontes”, explica. Segundo Ricardo Pinto, entendia-se que Kim veio para Macau como “uma espécie de representante do regime numa zona exterior, responsável por alguns negócios que o regime teria a fazer aqui”. No entanto, “pelo que sempre foi noticiado, o seu estilo de vida dava conta que, mais do que um homem de negócios, era um ‘bon vivant’, uma pessoa que estava mais preocupada em viver bem a vida, fazendo aqui uma vida de constante permanência em bons hotéis, bons restaurantes, de jogo”. Apesar de Kim ter frisado o seu desinteresse pela política do seu país, seria visto “por algumas fontes ligadas a estas questões”, incluindo o Governo chinês, como um potencial líder de “mentalidade mais aberta” e reformista. Isso fez com que, segundo Ricardo Pinto, se mantivesse sempre como “um alvo” e o seu homicídio parece confirmar que o Governo norte-coreano quis “eliminar de uma vez por todas a possibilidade de ser utilizado como futuro dirigente do país”. O jornalista nunca conheceu pessoalmente Kim Jong-nam, mas, num artigo em 2009, descreveu, com o pormenor possível e recorrendo sempre a fontes que pediram anonimato, as rotinas dos dois filhos adolescentes, que frequentavam inclusive os escuteiros lusófonos. Ricardo Pinto aponta para uma situação “surreal”, em que os “netos de Kim Jong-il frequentavam os escuteiros lusófonos, cantavam cânticos alentejanos”. “Só não estiveram nunca no jardim do consulado português no 10 de Junho a cantar o hino nacional e a olhar para a bandeira a erguer-se no mastro pela simples circunstância de não ser feriado em Macau e a escola internacional que frequentavam ter aulas. Participavam em todas as cerimónias dos escuteiros lusófonos, desde os passeios, idas à missa. Não eram sequer católicos, mas havia essa preocupação de os pôr em contacto com outros miúdos da mesma idade”, resume. “Por favor, poupa-me e à minha família” Kim Jong-Nam tinha pedido ao líder norte-coreano para lhe poupar a vida Kim Jong-Nam, implorou ao líder norte-coreano para lhe poupar a sua vida e a da sua família após uma tentativa de assassínio em 2012, afirmaram ontem deputados sul-coreanos aos jornalistas, após uma reunião à porta fechada com o chefe do Serviço Nacional de Inteligência (NIS, na sigla em inglês), Lee Byung-Ho. Agentes da Coreia do Norte tentaram assassinar Kim Jong-Nam em 2012, incidente que levou depois o meio-irmão de Kim Jong-Un a implorar ao líder norte-coreano que poupasse a sua vida e a da sua família. “Segundo [Lee Byung-Ho], ele foi vítima de uma tentativa de assassínio em 2012 e Kim Jong-Nam enviou em Abril desse ano uma carta a Kim Jong-Un dizendo: ‘Por favor, poupa-me e à minha família’”, relatou Kim Byung-Kee, membro de comissão parlamentar sobre os serviços de informação, aos jornalistas. A família de Kim Jong-Nam – a sua actual e anterior mulher e os seus três filhos – vive actualmente em Pequim e em Macau, segundo Lee Cheol-Woo, um outro membro da mesma comissão parlamentar sul-coreana. “Eles estão sob a protecção das autoridades chinesas”, afirmou, confirmando que Kim Jong-Nam entrou na Malásia no dia 6, ou seja uma semana antes de ser morto. Entretanto, o corpo de Kim Jong-Nam foi transferido numa ambulância, escoltada por diversos veículos da polícia, até ao Hospital Geral de Kuala Lumpur, para a realização da autópsia, de modo a determinar-se a causa da morte e a confirmar a identidade, segundo o jornal The Star. Pelo menos três carros com matrícula diplomática e pertencentes à representação da Coreia do norte no país encontram-se estacionados no recinto hospitalar. Alertas do Sul Ontem o primeiro-ministro e actualmente Presidente em funções da Coreia do Sul, Hwang Kyo-Ahn, declarou que o assassínio de Kim Jong-Nam por agentes ao serviço da Coreia do Norte, se confirmado, ilustra “a brutalidade do regime” de Pyongyang. “A confirmar-se que o assassínio foi levado a cabo por parte do regime norte-coreano tratar-se-ia de um flagrante exemplo da sua natureza brutal e desumana”, afirmou Hwang Kyo-Ahn, durante a referida reunião, convocada ontem de urgência pelo Executivo para analisar a situação, segundo a agência noticiosa Yonhap. Hwang Kyo-Ahn sublinhou a “grande importância” de se esclarecer o caso, assinalando que Seul se encontra a “analisar de perto os movimentos da Coreia do Norte” para determinar o seu eventual impacto na segurança da Coreia do Sul.
Isabel Castro China / Ásia MancheteÓbito | Kim Jong-nam, irmão do líder norte-coreano, assassinado na Malásia Era esperado ontem em Macau para um jantar com amigos. Kim Jong-nam, o filho mais velho do Querido Líder, morreu a caminho do hospital, depois de ter sido encontrado inconsciente no Aeroporto de Kuala Lumpur. Por cá, quem o conhecia ficou em choque [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hegou a viver em Coloane, com os dois filhos e a mulher, numa altura em que dividia o tempo entre Pequim e Macau. Nos últimos anos, já não passava temporadas tão longas no território como nos primeiros anos, mas por cá tinha ainda familiares e mantinha uma casa. Também tinha amigos, pelo que vinha, de quando em vez, até à cidade que o acolheu depois de ter deixado a Coreia do Norte. Era esperado para jantar por alguns amigos de Macau, que receberam a notícia da morte “em estado de choque”, segundo apurou o HM. Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un, morreu na Malásia na passada segunda-feira. A notícia só foi tornada pública ontem ao princípio da noite, através da Yonhap, a agência de notícias oficial da Coreia do Sul, que citava fonte do Governo de Seul. A TV Chosun, uma televisão por cabo sul-coreana, avançou o motivo da morte do filho primogénito de Kim Jong-il: Kim Jong-nam foi envenenado no aeroporto de Kuala Lumpur por duas mulheres que, acredita-se, são operacionais da Coreia do Norte. As suspeitas encontram-se em paradeiro desconhecido, depois de terem apanhado um táxi. A televisão citava também fontes governamentais da Coreia do Sul. Na Malásia, o comandante da polícia responsável pelo Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, Abdul Aziz Ali, explicou à Agência France-Presse que um homem coreano na casa dos 40 foi encontrado doente no aeroporto, na segunda-feira. Foi transportado para o hospital, tendo morrido no caminho. “Não temos quaisquer outros detalhes acerca deste homem coreano. Não sabemos a sua identidade”, disse Abdul Aziz Ali, não obstante o facto de o indivíduo em causa se encontrar num aeroporto, o que pressupõe estar na posse de documentos de viagem. Ao Channel NewsAsia, a polícia avançou que foi pedida uma autópsia. Uma fonte das autoridades policiais acrescentou ao canal que o incidente aconteceu no HKIA2, o novo aeroporto da capital malaia. Uma fonte do Governo de Kuala Lumpur garantiu que a polícia está a levar a cabo investigações para “encontrar impressões digitais”. “Amigo do seu amigo” Kim Jong-nam, o filho mais velho do Querido Líder, nasceu em Maio de 1972, fruto da relação que Kim Jong-il manteve com a actriz Sung Hae-rim, natural da Coreia do Sul. O homem que comandou os destinos da Coreia do Norte entre 1994 e 2011 nunca chegou a casar com a mãe do seu primogénito, que acabaria por morrer em Moscovo. Em tempos considerado o herdeiro de Kim Jong-il, caiu em desgraça aos olhos do pai em 2001, depois de ter tentado entrar no Japão com um passaporte falso. Pretendia visitar a Disneylândia. Desde então, viveu no exílio, sendo que as agências de notícias internacionais indicam que passou grande parte do tempo em Macau. Após a morte de Kim Jong-il, em Dezembro de 2001, foi o filho mais novo – Kim Jong-un – que assumiu o poder em Pyongyang. O irmão mais velho, conhecido por não concordar com o modo como era gerido o regime mais isolado do mundo, não escondia, nas entrevistas que foi dando, que se opunha à transmissão dinástica do poder. A confirmar-se o homicídio, Kim Jong-nam terá sido a figura de maior relevo da Coreia do Norte a ser assassinada a mando do actual líder, depois de o jovem Kim Jong-un ter ordenado a execução do tio, o outrora influente Jang Song Thaek, em Dezembro de 2013. Kim Jong-nam e Jang Song Thaek, que era dado como mentor do actual líder, mantiveram, em tempos, uma relação de proximidade. Houve alturas em que Kim Jong-nam era avistado em Macau. Apesar de procurar ter uma presença discreta, tinha alguma vida social. Ao HM, foi descrito como sendo “um bom vivant, amigo do seu amigo, que deixa saudades”. Era apreciador de vinho português e francês. Os filhos, Kim Han-sol e Kim Sol-hei, chegaram a fazer parte dos escuteiros lusófonos de Macau. A família deixou de ser vista em público depois de vários artigos publicados, sobretudo pela imprensa japonesa, numa altura em que o caso Delta Asia dava muito que falar, por causa das sanções aplicadas ao banco pelos Estados Unidos devido a fundos norte-coreanos. Supõe-se que Kim Jong-nam terá tentado preservar a privacidade dos filhos e da mulher. Quem o conheceu dizia que o filho mais velho de Kim Jong-il só queria viver em paz. As outras vezes A notícia da morte deixou em choque os amigos de Macau, mas não é totalmente surpreendente, atendendo às características obscuras do país de onde vem e a outras tentativas que terão sido feitas no passado. Em Outubro de 2012, o Ministério Público sul-coreano revelou ter detido um norte-coreano acusado de espionagem, que admitiu estar envolvido num esquema que tinha como objectivo a morte de Kim Jong-nam. O homicídio estava a ser planeado na China – o alvo seria apanhado num acidente rodoviário. Já em 2009, a estação de televisão sul-coreana KBS avançava que as autoridades do Continente tinham abortado um plano para abater o primogénito de Kim Jong-il, na altura ainda no poder, mas já bastante doente. A estratégia estaria a ser elaborada por aliados de Kim Jong-un. A estação de televisão dizia que o plano consistia em assassinar pessoas próximas de Kim Jong-nam, sendo que o principal alvo seria morto em Macau. A partir do momento em que deixou a Coreia do Norte, o paradeiro do filho mais velho do Querido Líder foi sempre objecto de especulação por parte da imprensa asiática. Em 2014, foi dado como estando em Jacarta. Terá sido então visto num restaurante italiano acompanhado por um empresário japonês. Dizia-se então que dividia o tempo entre a Indonésia, a Malásia e França. Em 2012, um jornal de Moscovo contava que Kim Jong-nam estava a enfrentar problemas financeiros depois de ter deixado de receber verbas da Rússia, em retaliação às críticas que fez sobre a política de sucessão da Coreia do Norte. No ano passado, a Coreia do Sul lançou um aviso sobre possíveis tentativas de homicídio no país levadas a cabo por agentes norte-coreanos. O alerta tinha Kom Jong-nam como principal destinatário. O defensor da reforma Deu poucas entrevistas na vida, mas as que concedeu serviram para ilustrar como via a política do país onde nasceu. Em 2009, numa conversa com o jornal japonês Shimbun, Kim Jong-nam garantia não estar interessado em suceder a Kim Jong-il. O pai viria a morrer dois anos depois, mas discutia-se a questão da sucessão, sendo que já era apontado Kim Jong-un, o que acabou por acontecer. Na altura, o primogénito do Querido Líder defendia que tinha chegado a hora da “abertura e reforma” na Coreia do Norte. E afirmava que a passagem da chefia do Estado norte-coreano através de uma lógica de sucessão hereditária não era o desejo do pai. A decisão de passar o poder para o irmão mais novo tinha sido tomada apenas “para garantir a estabilidade nacional”. “Acredito que a decisão tenha sido tomada para estabilizar a nação. A instabilidade na Coreia do Norte significaria instabilidade para toda a região envolvente”, afirmou. Na mesma entrevista, Kim Jong-nam deixava um apelo ao meio-irmão, para que melhorasse a vida da população norte-coreana, pedido que terá caído em saco roto, tanto quanto é possível perceber pelas notícias que chegam de Pyongyang. Uns anos mais tarde, em 2012, num texto publicado pelo Guardian, o homem que agora morreu na Malásia dizia acreditar que o regime de Pyongyang tinha os dias contados – com ou sem reformas. O diário tinha como ponto de partida um livro escrito por um jornalista do Shimbun, a partir de conversas do autor com Kim Jong-nam. Na obra, o filho mais velho de Kim Jong-il descrevia a sucessão dinástica como “uma piada para o mundo cá fora” e reiterava a ideia de que esse não era o desejo do seu pai.
Hoje Macau China / ÁsiaJilin | Dezenas de missionários sul-coreanos expulsos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China expulsou dezenas de missionários sul-coreanos que trabalhavam no nordeste do país, incluindo alguns que ajudavam refugiados da Coreia do Norte, informaram ontem activistas, numa altura de renovada tensão entre Pequim e Seul. Cerca de 170 sul-coreanos – incluindo 70 missionários e respectivos familiares – na província de Jilin, que faz fronteira com a Coreia do Norte, foram expulsos entre 10 de Janeiro e 10 de Fevereiro, disse à agência France-Presse o padre e activista Kim Hee-Tae. “As autoridades chinesas invadiram as casas dos missionários, com o pretexto de que o visto destes tinha irregularidades, e exigiram que saíssem”, afirmou Kim, acrescentando que a maioria estava no país com vistos de turista ou de estudante. Existem cerca de 500 missionários sul-coreanos registados na China. Activistas estimam que mais de 2.000 cristãos fazem trabalho humanitário no país, incluindo ajudar refugiados da Coreia do Norte a chegar à Coreia do Sul. Citado pela AFP, Kim disse que cerca de 20% dos missionários expulsos ajudavam refugiados da Coreia do Norte e que cerca de 40 refugiados foram repatriados em resultado da operação. Os refugiados norte-coreanos escapam primeiro para a China, a partir de onde tentam chegar à Coreia do Sul, passando por um terceiro país. Caso sejam apanhados e repatriados, sofrem castigos. Fraca tolerância O ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul avisou os grupos de missionários para que tenham “cuidados extra” quando trabalham no exterior. Apesar de a China proibir a permanência de missionários no país, as autoridades tinham alguma tolerância com os grupos que operam em regiões empobrecidas do nordeste do país. Seul e Washington concordaram no ano passado em instalar o sistema antimísseis Terminal High Altitude Area Defence (THAAD), após a Coreia do Norte realizar sucessivos testes nucleares e com mísseis. A decisão levou Pequim a protestar, devido aos receios de que o THAAD seja capaz de recolher informações sobre a sua capacidade de mísseis balísticos. Pequim adoptou o que Seul considera uma série de retaliações, incluindo novas restrições à actuação de celebridades coreanas no país e um reforço das normas aduaneiras para os produtos sul-coreanos. Na semana passada o grupo Lotte Group, a quinta maior empresa da Coreia do Sul, disse que foi forçada a suspender a construção de um parque de diversões avaliado em milhares de milhões de dólares, depois de as autoridades terem levantado questões de segurança.
Hoje Macau China / ÁsiaPoluição | Índia iguala China no número de mortes prematuras [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ar na Índia já rivaliza com o da China como o mais mortífero do mundo, sendo responsável por 1,1 milhões de mortes prematuras a cada ano, indica um novo estudo publicado ontem. O estudo conjunto de dois institutos de investigação sobre saúde norte-americanos indica que o nível anual de mortes prematuras na Índia é quase igual ao da China, resultado de uma subida abrupta e constante nos últimos anos. Já os números chineses têm vindo a estabilizar no mesmo período. As medições feitas ao “smog” (em termos genéricos, nevoeiro contaminado com fumos) nas cidades indianas passam muitas vezes os índices seguros de exposição. Entre 1990 e 2015, a Índia registou um aumento de quase 50% no número de mortes ligadas a partículas no ar (índice conhecido como PM2.5), conclui o relatório. Estas partículas microscópicas são tão leves que flutuam no ar e alojam-se dentro dos pulmões, sendo causadoras de bronquite crónica e doenças cardíacas. Também estão associadas a taxas mais altas de cancro nos pulmões. “A Índia agora aproxima-se da China no número de mortes atribuíveis ao PM2.5”, indica o relatório do Instituto dos Efeitos para a Saúde e o Instituto para as Métricas e Avaliação na Saúde. Sobe e desce Em conjunto, os dois gigantes asiáticos, Índia e a China, representam mais de metade de todas as mortes no mundo atribuídas à exposição a PM2.5, acrescenta o documento. Os esforços das autoridades chinesas para reduzir o “smog” nas cidades estabilizaram o número de mortes prematuras associadas a PM2.5 nos 1,1 milhões por ano desde 2005. Mas na Índia esse mesmo número subiu de 737,4 mil por ano 1990 (estimativa), para 1,09 milhões em 2015. A China e a Índia também surgem quase empatados na corrida ao título de país mais poluído do mundo. Confrontada com crescentes necessidades de energia, a Índia continua muito dependente do carvão para fornecer electricidade aos seus 1,25 mil milhões de habitantes. Ainda assim, as autoridades indianas fixaram metas ambiciosas para a produção de energia eólica e solar. “O carvão não vai desaparecer rapidamente. A poluição ambiental derivada do carvão será sempre muito significativa na Índia”, considerou Sumant Sinha, a presidente da ReNew Power, uma empresa indiana de energia limpa.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | História de um designer português ao serviço da IKEA [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]adicado na China desde 2012, o português Filipe Martins trabalha para a multinacional sueca Ikea em Tianjin, cidade portuária do nordeste chinês, onde aprendeu a viver com uma “raiz humana completamente diferente da nossa”. “Tem sido muito interessante: ver a cultura corporativa sueca aplicada a um contexto do norte da China, que é bastante particular”, conta à agência Lusa o designer de 33 anos. “Sinto que a minha cultura está um pouco entre estas duas culturas”, diz. Natural de Lisboa, Martins desembarcou em Tianjin há quatro anos para estudar chinês. “Cheguei a uma altura em que queria mudar de vida”, recorda. A primeira visita ao país asiático ocorreu em 2009, numa viagem organizada pelo Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua chinesa. “Foi um admirável mundo novo”, recorda. “Viver na China é capaz de ser das experiências mais semelhantes a viver noutro planeta”. “Com pessoas que são iguais a nós e que têm os mesmos prazeres na vida, mas que fazem isso de uma forma muito diferente da nossa e que agem por princípios completamente distintos”, diz. No ano passado, foi contratado pelo grupo de mobiliário Ikea como designer da loja em Tianjin: “Sou responsável por tudo o que estimula a visão”, explica. A partir da sua experiência no país, Filipe Martins contraria a ideia de que os chineses são pouco criativos. “A criatividade existe. Simplesmente, não têm muito à-vontade”, afirma. “Os chineses temem muito o erro, devido à responsabilidade que não querem assumir”. Nas lojas do Ikea na China é frequente ver pessoas que recorrem aos móveis expostos para descansar, em lazer ou até para dormir. Em Outubro passado, a direcção do grupo em Xangai proibiu mesmo os clientes de permanecerem muito tempo no restaurante da loja sem consumirem, depois do espaço se ter tornado local de convívio entre idosos. “Os chineses estão muito à vontade para na loja do Ikea se sentarem, deitarem ou adormecerem”, conta Filipe Martins. “Não têm as mesmas inibições sociais que nós temos”, explica. Influências limitadas A conversa com a agência Lusa decorreu na zona antiga de Tianjin, cidade outrora sob domínio estrangeiro e hoje uma das quatro cidades com estatuto de município – as outras três são Pequim, Xangai e Chongqing. Em Tianjin, a China foi forçada, no final do século XIX, a conceder uma área com oito quilómetros quadrados às principais potências estrangeiras, criando uma malha urbana de raiz europeia que ainda hoje se mantém. Os edifícios, de traço arquitectónico alemão, francês ou italiano, servem agora como restaurantes, cafés ou galerias, onde ocorre a emergente classe média local. No entanto, Filipe garante que a influência estrangeira na cidade se ficou pela arquitectura. “O ‘software’ é ainda muito tradicional”, diz. Quanto ao que sente mais falta em Tianjin, o designer responde sem hesitar: “O mar”. “Tianjin tem um mar, mas é um mar interno. Não tem ondas. Sinto muitas saudades das ondas da costa da Caparica, da espuma, da ferocidade do mar no inverno”, afirma. “Quando descrevo aos chineses o mar de onde venho, o oceano, eles ficam assustados e maravilhados ao mesmo tempo”.
Hoje Macau China / ÁsiaEnsaio nuclear norte-coreano condenado pela China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês condenou ontem o lançamento de um míssil de médio alcance realizado pela Coreia do Norte no domingo e apelou a todos os países envolvidos para que assumam as suas responsabilidades. Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Geng Shuang condenou a acção de Pyongyang e apelou aos Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão para que se abstenham de realizar acções que possam provocar o aumento das tensões. Guang desvalorizou ainda o apelo de outros países para que a China pressione a Coreia do Norte e apelou para que os países implicados no conflito “assumam a sua responsabilidade” e trabalhem em prol de uma solução “apropriada e pacífica”. “A China está a fazer esforços para resolver o problema. Os nossos esforços são evidentes”, afirmou Geng, pouco depois de o Governo japonês ter pedido a Pequim que pressione a Coreia do Norte a abandonar os seus programas nuclear e de mísseis. Todos juntos Japão, Coreia do Sul e EUA pediram ao Conselho de Segurança da ONU para que se reúna urgentemente, após o novo ensaio de Pyongyang, e Geng disse que a China vai participar na reunião de “forma construtiva”. O porta-voz recusou, no entanto, precisar se Pequim vai apoiar um reforço das sanções impostas à Coreia do Norte. “Todas as partes envolvidas deveriam manter a calma e actuar com moderação”, disse Gang, afirmando que Pequim sempre promoveu o diálogo, face às “diferenças” entre a Coreia do Norte e os EUA. O Conselho de Segurança da ONU aprovou no ano passado dois pacotes de sanções contra a Coreia do Norte, depois de o país ter feito dois testes atómicos no espaço de oito meses e ter lançado 20 projécteis balísticos. O último, realizado em 7 de Fevereiro de 2016, é considerado pela comunidade internacional como um ensaio encoberto de um míssil balístico de alcance intercontinental. A China é o principal aliado internacional de Pyongyang e EUA e Japão consideram que o país poderá fazer mais para travar os avanços do regime de Kim Jong-un.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Aviões da China e dos EUA em aproximação “perigosa” [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois aviões de vigilância da China e dos Estados Unidos protagonizaram, esta semana, uma rara e “perigosa”, mas “inadvertida” aproximação em pleno voo, perto de uma zona disputada no Mar do Sul da China, informou o Pentágono. As duas aeronaves ficaram a 300 metros de distância uma da outra na sequência do incidente de quarta-feira ocorrido perto do atol de Scarborough, cuja soberania é disputada pela China e pelas Filipinas, explicou Jeff Davis, porta-voz do Pentágono, na sexta-feira. O mesmo responsável afirmou que o incidente ocorreu “uma única vez” e que não existe qualquer sinal que aponte que a manobra foi intencional. “Evidentemente, temos os nossos desencontros com a China sobre a militarização do Mar do Sul da China, relativamente às suas reivindicações de soberania das ilhas e a alguns dos seus objectivos estratégicos mais amplos, mas quando se trata de interacções estas devem ser profissionais e seguras”, acrescentou. Pequim reduziu, esta semana, as perspectivas de um conflito com os Estados Unidos por causa do Mar do Sul da China, no seguimento de uma retórica agressiva da Administração norte-americano, dizendo que ambos os lados sairiam perdedores. O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse, durante uma visita à Austrália, que a guerra não iria aproveitar a ninguém. “Qualquer político em seu juízo perfeito reconhece que não pode haver um conflito entre a China e os EUA”, disse em Camberra, citado pela emissora ABC. Foco de embate Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas. Vietname, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, rica em recursos e hidrocarbonetos, o que tem alimentado intensos diferendos territoriais com a China. As ilhas artificiais são consideradas um potencial foco de conflito e comentários recentes do porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, e do secretário de Estado, Rex Tillerson, elevaram a temperatura. Em Janeiro, Spicer afirmou que os Estados Unidos “iriam certificar-se de que os seus interesses eram protegidos” no Mar do Sul da China, enquanto Tillerson afirmou que o acesso da China às ilhas poderia ser bloqueado, elevando as possibilidades de um confronto militar. O chefe da diplomacia chinesa destacou, por seu lado, as declarações recentes do secretário da Defesa, James Mattis, que salientou a importância de dar prioridade aos esforços diplomáticos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina classifica como “muito boa” conversa entre Trump e Xi Jinping [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China classificou sexta-feira como “muito boa” a conversa entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, agradecendo a decisão de Washington de se comprometer com a política “Uma só China”. Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, detalhou que ambos os mandatários falaram sobre comércio, investimento, infra-estruturas, ciência, tecnologia e cultura, sem avançar mais detalhes. Após enviar na quinta-feira uma carta a Xi a desejar um bom Ano Novo Lunar, Trump falou por telefone com o líder chinês, tendo assegurado que respeitará a política “Uma só China”. Aquele princípio é visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território e não uma entidade política soberana. Depois de ser eleito, Donald Trump disse que iria reconsiderar aquele princípio, que Pequim impõe como a base nas relações diplomáticas com qualquer país, levando aos protestos da China. O porta-voz chinês disse que os dois chefes de Estado esperam reunir-se “em breve”, sem detalhar a data desse encontro. Antes de falar com o Presidente da China, Trump conversou com mais de dez líderes estrangeiros após tomar posse. Lu Kang não precisou se Pequim pôs como condição que Trump reconhecesse o princípio “Uma só China” para que a chamada entre ambos se realizasse. O porta-voz chinês rejeitou também confirmar se os dois líderes abordaram assuntos que motivam tensão entre ambos os países, como as disputas territoriais no Mar do Sul da China ou o sistema de mísseis THAAD, que os EUA vão instalar na Coreia do Sul. “Os EUA estão plenamente conscientes da postura da China nesses assuntos”, afirmou Lu. Outros detalhes A agência oficial Xinhua difundiu mais detalhes do diálogo, destacando que Xi considerou que ambos os países “são totalmente capazes de se converterem em bons sócios”. “A China reforçará a coordenação e a comunicação com os EUA em assuntos regionais e internacionais para salvaguardar conjuntamente a paz mundial e a estabilidade”, afirmou Xi, transmitindo a sua vontade de impulsionar uma cooperação “benéfica para ambas as partes”. Segundo a Xinhua, Trump disse estar contente por poder falar com Xi por telefone e expressou a sua admiração pelo “histórico desenvolvimento” atingido pelo país asiático.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Sul | Mais de 400 artistas processam Presidente devido a lista negra [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 400 artistas intentaram ontem uma acção contra a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, e outros membros do Governo, devido à alegada lista negra de figuras da cultura críticas do executivo. Um total de 461 artistas intentaram a acção junto de um tribunal do distrito central de Seul, por via da qual exigem que o Governo, Park, o seu ex-conselheiro Kim Ki-choon e o ex-ministro de Cultura, Choo Yoon-sun, compensem cada demandante com um milhão de won (815 euros) pelos prejuízos causados. Apesar de a referida lista ainda não ter sido revelada publicamente, os meios de comunicação social e artistas sul-coreanos falam há meses da criação desta lista para que as quase 9.500 pessoas do mundo das artes consideradas críticas da administração incluídas na mesma não recebessem subvenções públicas. Entre os nomes figuram actores e realizadores de cinema de prestígio internacional, como Song Kang-ho, Park Chan-wook, Kim Ki-duk, Lee Chang-dong, Lee Woo-jin ou Ryoo Seung-wan, ou escritores de peso como ou escritores como Han Kang, vencedora do Man Booker International Prize 2016 com o romance “A Vegetariana”. “A lista negra vulnerou os direitos pessoais dos artistas, assim como a sua liberdade de expressão e o seu direito a proteger a privacidade”, afirmou a associação Defensores de uma Sociedade Democrática, que representa os demandantes, num comunicado citado pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap. Kim e Cho já foram acusados formalmente, na terça-feira, a par com outros sete ex-funcionários, de abuso de poder e coacção por supostamente criarem e administrarem esta lista negra, enquanto a Presidente da Coreia do Sul se salvaguardou na sua imunidade para não prestar declarações até ao momento junto do Ministério Público. Rico esquema Segundo a acusação, esta lista seria mais um instrumento ao serviço do esquema de extorsões alegadamente orquestrado por Choi Soon-sil, a figura central do escândalo de corrupção e tráfico de influências, apelidada de “Rasputina” pela sua relação próxima com a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye. Choi, de 60 anos, está acusada, entre outros, de tirar proveito da sua amizade de longa data com Park para interferir em assuntos de Estado apesar de não desempenhar qualquer cargo público; e de articular um esquema para extorquir, alegadamente com a conivência de Park, empresas de modo a que fizessem elevadas doações a fundações que controlaria em troca de favores. O escândalo, um dos piores da história da Coreia do Sul, tem desencadeado enormes protestos populares. O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro por causa deste caso, um dos maiores escândalos políticos da história recente da Coreia do Sul, uma decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva. O tribunal tem até Junho para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo. Os seus poderes presidenciais estão suspensos, com o primeiro-ministro a liderar o Governo.
Hoje Macau China / ÁsiaMais de 13 mil milhões de euros investidos para Nova Rota da Seda em 2016 A China investiu, em 2016, um total de 14.500 milhões de dólares na iniciativa Nova Rota da Seda, um conjunto de projectos internacionais de infra-estruturas e telecomunicações lançado por Pequim, informou ontem o ministério chinês do Comércio. Aquele montante foi investido nos 53 países que integram a iniciativa, anunciada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático. O valor refere-se apenas ao investimento directo realizado pelo Governo chinês. As empresas chinesas investiram 117.775 milhões de euros em actividades integradas na iniciativa – 51,6% do total do investimento feito por entidades privadas do país além-fronteiras no ano passado. O porta-voz do ministério do Comércio, Sun Jiwen, assinalou que aqueles projectos “beneficiarão todos os países que integram a rota, melhorando as infra-estruturas e a interconexão regional”. “Vamos continuar a impulsionar a construção e aprofundamento do investimento nos países ao largo destas rotas”, afirmou o porta-voz. Sun destacou projectos como a nova rede ferroviária que liga a Hungria à Sérvia. Os projectos, que são financiados pelo Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), de que Portugal é membro fundador, são comparados ao norte-americano ‘Plano Marshall’, lançado a seguir à Segunda Guerra Mundial. Em Maio deste ano, Pequim vai acolher uma cimeira internacional com os países abrangidos pela iniciativa e que, segundo a imprensa chinesa, poderá trazer à China mais chefes de Estado do que a reunião do G20, que se realizou em Setembro passado em Hangzhou, leste do país. Portugal à espreita Portugal tem afirmado a sua intenção de integrar a iniciativa, particularmente com a inclusão do porto de Sines. “Podemos ser de facto uma grande ponte entre a Europa, África, América do Sul e Ásia”, afirmou o primeiro-ministro, António Costa, durante a visita que fez à China, em Outubro passado, numa alusão à abertura do novo canal do Panamá e às novas rotas que permitirá entre o Pacífico e o Atlântico. “Essa é uma posição que nós assumimos e estamos empenhados em trabalhar com o Governo chinês para sermos inseridos neste projecto”, disse. O jornal oficial Diário do Povo assinalou ontem num artigo que a cimeira ajudará a “curar o proteccionismo”, numa alusão à postura da nova administração dos EUA, liderada por Donald Trump, e à saída do Reino Unido da União Europeia.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio com países de língua portuguesa continua a cair [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram pelo segundo ano consecutivo em 2016, totalizando 90,87 mil milhões de dólares, menos 7,72% do que em 2015, indicam dados oficiais. Trata-se do segundo ano consecutivo de queda, depois de o comércio sino-lusófono ter caído 25,73% em 2015 naquela que foi a primeira diminuição desde 2009. Dados dos Serviços de Alfândega da China publicados no portal do Fórum Macau indicam que, entre Janeiro e Dezembro do ano passado, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 61,28 mil milhões de dólares (– menos 1,64% – e vendeu produtos no valor de 29,59 mil milhões de dólares, menos 18,19% face a 2015. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 67,56 mil milhões de dólares em 2016, menos 5,91% relativamente a 2015. As exportações da China para o Brasil atingiram 22,16 mil milhões de dólares, traduzindo uma quebra de 19,20%, enquanto as importações chinesas totalizaram 45,40 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 2,31% relativamente a 2015. Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 20,94%, para 15,57 mil milhões de dólares entre Janeiro e Dezembro do ano passado. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,76 mil milhões de dólares – menos 52,69% face a 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 13,81 mil milhões de dólares, ou seja, menos 13,54%. Vantagem de cá Já com Portugal – terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa –, o comércio bilateral ascendeu a 5,61 mil milhões de dólares – mais 28,54% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 4,03 mil milhões de dólares – mais 39,30% – e comprou produtos avaliados em 1,58 mil milhões de dólares (, mais 7,36%. Só no mês de Dezembro, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa ascenderam a 7,64 mil milhões de dólares, um decréscimo de 1,23% face ao mês anterior. Os dados divulgados sempre incluíram São Tomé e Príncipe, apesar das relações diplomáticas que mantinha com Taiwan e de não participar no Fórum Macau. A 20 de Dezembro, o Governo são-tomense anunciou o corte com Taiwan e, dias depois a China anunciou o estabelecimento de laços diplomáticos com São Tomé e Príncipe. Na sequência disso, o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau afirmou ter uma “atitude aberta” quanto à participação de São Tomé e Príncipe no Fórum Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim estabelece rede única para monitorar níveis de poluição [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China estabeleceu uma rede única para monitorar a qualidade do ar no país, numa altura em que o Governo tenta controlar a difusão de informações sobre os níveis de poluição devido à insatisfação popular. O anúncio surge depois de no mês passado os serviços meteorológicos nacionais da China terem ordenado os gabinetes de meteorologia regionais a parar de emitir alertas de poluição. Até à data, os dados sobre a poluição têm sido sobretudo compilados a partir de estações locais, mas a nova rede nacional deve agora rastrear o nível de emissão de poluentes, utilizando uma combinação de amostragem manual, satélites de detecção e plataformas aéreas, segundo o jornal oficial Diário do Povo. “Apesar dos dados colectados por estações terrestres poderem ser manualmente falsificados, os dados fornecidos por satélite em tempo real não podem ser alterados”, disse ao jornal He Kebin, da Universidade Tsinghua. A iniciativa visa reduzir a emissão de poluentes e eliminar dados forjados, escreveu o Diário do Povo. Em Outubro passado, funcionários do gabinete de Protecção Ambiental em Xi’an, na província de Shaanxi, foram detidos por manipular os dados de monitorização da qualidade do ar. Toca a apagar A criação de uma rede nacional coincide com os esforços do governo em eliminar denúncias sobre as vagas de poluição que frequentemente atingem as principais cidades do país. De acordo com o jornal China Digital Times, as autoridades ordenaram todos os ‘sites’ chineses a “encontrar e apagar” uma história com dois anos publicada pelo portal de notícias com sede em Xangai The Paper, sobre os riscos da poluição para a saúde. A peça cita um estudo da Universidade de Pequim que aponta que as partículas PM 2.5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – causaram a morte de 257.000 pessoas em 31 cidades da China.Estas partículas causam bronquite crónica, cancro do pulmão e doenças cardíacas. Pelos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS), a densidade das partículas PM2.5 não deve exceder os 25 microgramas por metro cúbico. No mês passado, em Pequim, aquele índice chegou a exceder os 500, tornando a atmosfera “gravemente poluída” e as autoridades locais colocaram a cidade em alerta máximo. No mesmo mês, um funcionário da Comissão Nacional da Saúde e Planeamento Familiar contrariou aquele estudo, afirmando que “é ainda muito cedo para tirar conclusões sobre a consequência da poluição para a saúde, particularmente a longo prazo”. No mês passado, um homem de 29 anos, natural de Chengdu, no sudoeste da China, foi detido por cinco dias, por ter alegadamente espalhado rumores sobre os níveis de poluição. A poluição é uma das principais fontes de insatisfação popular na China, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Amnistia Internacional denuncia repressão contra dissidentes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) denunciou ontem a repressão de que são alvo activistas, políticos e membros da sociedade civil na Tailândia por parte da junta, a qual acusa de utilizar os tribunais para perseguir a liberdade de expressão. Segundo a organização, pelo menos 64 activistas pró-direitos humanos e pró-democracia são vítimas de uma campanha de “criminalização e castigo” que a junta, no poder desde o golpe de Estado de 2014, impulsiona contra os seus críticos. Num novo relatório, a AI indica que advogados, jornalistas, estudantes e académicos, entre outros, são investigados e acusados ao abrigo de uma série de leis que as autoridades utilizam como “ferramentas de coacção” para silenciar os seus opositores. Entre as leis a que recorrem figuram as relativas aos delitos de sedição, difamação, lesa-majestade ou a crimes informáticos, as quais prevêem pesadas penas de prisão, havendo casos julgados em tribunais militares. A AI refere ainda ordens ditadas pela junta militar após o golpe, ainda vigentes, como a que proíbe concentrações de cariz político no espaço público de cinco ou mais pessoas. “As autoridades criaram um clima de medo em que as pessoas não podem falar nem reunir-se pacificamente sem arriscar serem detidas ou acusadas”, afirmou a directora para o Sudeste da Ásia da AI, Champa Patel, num comunicado. Muitos são acusados por terem feito o seu trabalho como jornalistas ou advogados ou por denunciar torturas ou casos de corrupção, expressar opiniões sobre assuntos do governo ou por exigir liberdade académica, refere a organização no relatório. Segundo a AI, “os acusados não fizeram outra coisa que não exercer direitos humanos que a Tailândia está obrigada a respeitar ao abrigo da lei internacional. Ninguém recorreu ou instigou a violência”. A organização sustenta que a campanha contra a dissidência levanta dúvidas relativamente às eleições que a junta militar prevê convocar em 2018, apelando às autoridades para retirar de imediato todas as acusações e processos-crime abertos. “Desde a sua chegada ao poder, o governo militar da Tailândia desmantelou as protecções dos direitos humanos e asfixiou a liberdade de expressão no país”, afirmou Patel. “Se não se reformarem ou revogarem rapidamente estas leis e ordens repressivas as restrições aos direitos humanos podem acabar por ficar enraizadas”, alertou. Quem lesa a majestade? Na segunda-feira, David Kaye, relator especial das Nações Unidas para a Liberdade de Expressão, também manifestou a sua preocupação relativamente à situação dos direitos humanos no país asiático, instando a Tailândia a parar de utilizar a lei contra a lesa-majestade como um instrumento de repressão política. O apelo foi desencadeado pelo caso de Jatupat Boonpatararaksa, um activista pró-democracia que foi detido em Dezembro por ter partilhado no Facebook um perfil do novo rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, escrito pela BBC em tailandês. Milhares de tailandeses partilharam o mesmo perfil mas Jatupat Boonpatararaksa – crítico proeminente da junta militar conhecido pela alcunha de “Pai” – foi a única pessoa a ser acusada até ao momento, naquele que constitui o primeiro caso de lesa-majestade desde que Maha Vajiralongkorn Bodindradebayavarangkun assumiu o trono a 1 de Dezembro, poucas semanas depois da morte do seu pai, que reinou na Tailândia durante 70 anos. Múltiplas audiências foram realizadas à porta fechada e o estudante enfrenta uma pena de até 15 anos de prisão no caso de ser condenado. David Kaye afirmou estar preocupado com as audiências secretas, criticando de uma forma genérica a lei sobre a lesa-majestade, cujo uso disparou desde que a junta militar tomou o poder em 2014. “As figuras públicas, incluindo as que exercem a mais elevada autoridade política, podem ser sujeitas à crítica, e o facto de algumas formas de expressão serem consideradas insultuosas para uma figura pública não é suficiente para justificar restrições ou sanções”, afirmou na terça-feira David Kaye, citado num comunicado. Para o relator especial da ONU, tais leis “não têm lugar num país democrático”.
Hoje Macau China / ÁsiaJuiz do Supremo da China diz que Trump é “inimigo do primado da lei” [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m juiz da máxima instância judicial chinesa acusou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ser um “agressor” e um “inimigo do primado da lei”, depois de este ter atacado o sistema judicial norte-americano. Trump referiu-se a James Robart como “alegado juiz”, após este ter suspendido o seu decreto que proibia temporariamente a entrada de refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos nos EUA. He Fan, do Tribunal Supremo da China, associou as críticas de Trump ao homicídio de um juiz na China no mês passado. “O Presidente a criticar juízes e o bandido que mata juízes são ambos inimigos do primado da lei”, afirmou He, na sua página oficial no WeChat. “Num país que se diz ser o mais democrático e respeitador do primado da lei, o Presidente liderar os ataques a um juiz faz dele nada mais do que um agressor sem dignidade”, afirmou. Desde que Trump tomou posse no mês passado, a imprensa estatal chinesa tem criticado a “crise sistémica” das democracias ocidentais, realçando a superioridade do sistema autoritário de Pequim. Princípios do sistema Na China, o “papel dirigente” do Partido Comunista (PCC), que governa o país desde 1949, é um “princípio cardial”, estando o sistema judicial subordinado ao poder político. Em Janeiro passado, o presidente do Supremo Tribunal Popular da China, Zhou Qiang, disse que os tribunais do país devem resistir à “ideologia errada” do ocidente, como a democracia constitucional, separação de poderes e independência do sistema judiciário. Após ascender ao poder, em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou uma reforma no sistema legal, visando garantir o primado da lei. No entanto, o regime promoveu também uma campanha repressiva contra activistas pró-democracia e advogados que trabalham em casos considerados sensíveis para o Governo. Os tribunais chineses têm uma taxa de condenação de 99,92%.
Hoje Macau China / ÁsiaONU questiona investigação birmanesa sobre abusos contra minoria étnica [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ONU questionou ontem a credibilidade da comissão governamental birmanesa que investigou a violência contra a minoria muçulmana rohingya, após denunciar que as acções das forças de segurança são passíveis de se considerar “limpeza étnica”. Adama Dieng, enviado especial da ONU para a prevenção do genocídio, mostrou-se “chocado e alarmado” com o relatório, divulgado na semana passada, pelo Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que denuncia uma série de abusos perpetrados desde Outubro, altura em que o exército lançou uma grande ofensiva no estado de Rakhine (oeste) após ataques mortíferos de rebeldes contra postos fronteiriços. Esses abusos incluem execuções sumárias, violações, desaparecimentos forçados, tortura e tratamento desumano ou detenção arbitrária, de acordo com o relatório que indica que centenas de membros da comunidade rohingya terão sido mortos. A campanha militar levou aproximadamente 65.000 pessoas a fugir para o Bangladesh e 22.000 outras a deslocarem-se para o interior da Birmânia, segundo calculou o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. A zona do norte de Rakhine mantém-se fechada ao acesso da ajuda humanitária, da qual dependem milhares de pessoas, e de observadores e jornalistas independentes. Adama Dieng congratulou-se com o compromisso anunciado pelo governo birmanês de investigar os abusos denunciados no relatório, publicado depois de uma comissão liderada pelo vice-presidente Myint Swe não ter encontrado provas dos referidos abusos por parte das forças de segurança, mas contestou o resultado. “A actual comissão não é uma opção credível para levar a cabo uma nova investigação”, disse Dieng, ao mostrar a sua preocupação relativamente às diferenças entre as conclusões do relatório do grupo governamental e as do organismo das Nações Unidas. “Apelo para que qualquer investigação seja realizada por um grupo realmente independente e imparcial, que inclua observadores internacionais”, afirmou o enviado especial da ONU. Em comunicado, o mesmo responsável insta o governo birmanês a demonstrar a sua sinceridade em resolver o conflito em Rakhine, onde a organização Human Rights Watch (HRW) também denunciou, na segunda-feira, novos casos de violência contra os rohingya. Casa dos horrores O grupo de defesa dos direitos humanos com sede em Nova Iorque documentou violações de mulheres, incluindo meninas de 13 anos, perpetradas por soldados e guardas fronteiriços que insultaram, agrediram e ameaçaram as vítimas por razões étnicas ou religiosas. “Estes horríveis ataques a mulheres e meninas rohingya por parte das forças de segurança acrescentaram um novo e brutal capítulo ao longo e repulsivo historial de violência contra as mulheres por parte do exército birmanês”, disse a investigadora da HRW, Priyanka Motaparthy. A activista culpou ainda o governo birmanês pelo seu fracasso na investigação das violações e de outros crimes contra os rohingya, apelando também à realização de uma investigação internacional e independente. “O governo deveria parar de questionar estas denúncias de violações e em troca oferecer apoio às vítimas e acesso a cuidados médicos”, sustentou Motaparthy. Mais de um milhão de rohingya vive em Rakhine e sofre discriminação na Birmânia, de maioria budista. A maioria não tem cidadania e é considerada como imigrante ilegal do Bangladesh, ainda que alguns vivam no país há várias gerações. Os rohingya são uma minoria muçulmana apátrida considerada uma das mais perseguidas do planeta pelas Nações Unidas.
Hoje Macau China / ÁsiaAssinado acordo de ajuda humanitária à Síria [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] embaixada chinesa e a Comissão de Planeamento e Cooperação Internacional da Síria (ICC, na sigla em inglês), assinaram dois acordos no domingo, sob os quais a China oferecerá dois lotes de ajuda humanitária no valor de 16 milhões de dólares ao governo sírio. Os acordos foram assinados no próprio dia pelo embaixador chinês na Síria, Qi Qianjin, e Imad Sabuni, diretor da ICC. De acordo com Qi, a entrega da ajuda humanitária terá lugar em breve. Durante a cerimónia de assinatura do acordo, realizado na sede da ICC, em Damasco, Qi frisou que a China está satisfeita por oferecer ajuda humanitária à Síria, destacando o empenho do país em apoiar a Síria, devastada pela guerra nos últimos anos. O embaixador chinês disse ainda estar optimista relativamente aos recentes esforços políticos para alcançar uma solução para a crise, aludindo às recentes conversas realizadas em Astana, onde os rebeldes e o governo sírio se encontraram cara a cara pela primeira vez e chegaram a acordo para um cessar-fogo, patrocinado pela Rússia e Turquia. Qi mencionou ainda as conversas a terem lugar no final do mês, em Genebra, onde uma solução política deverá ser discutida, depois do sucesso das negociações em Astana. “Estamos muito satisfeitos pelo o facto destes esforços estarem a dar frutos. Esperamos que 2017 seja o ano do retorno da paz à Síria,” afirmou o embaixador.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Empregadas domésticas protestam contra Trump [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 200 pessoas convocadas pela Aliança Internacional dos Migrantes de Hong Kong voltaram domingo a protestar contra a ordem do Presidente Donald Trump para vetar a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados. Sob o lema “Abaixo o veto!” e “Parem a tirania de Trump!”, os manifestantes percorreram várias ruas de Hong Kong, deslocando-se até ao Consulado dos Estados Unidos para protestarem contra a medida do Presidente norte-americano que foi entretanto revogada por um juiz mas pode voltar a entrar em vigor. A maioria dos participantes no protesto foram mulheres de origem indonésia, que residem na cidade com um visto especial para trabalharem como empregadas domésticas e que usaram a sua única folga semanal para estar na manifestação. Hong Kong tem uma comunidade de cerca de 340 mil trabalhadores domésticos, a maioria mulheres, quase metade da Indonésia e cujas condições de trabalho têm sido duramente criticadas por sindicatos, já que têm um salário mínimo de 500 dólares norte-americanos mensais e são obrigados a viver em casa das famílias que os contratam, sendo que o seu visto não lhes permite obter residência permanente. Em comunicado, a activista, representante do grupo e organizadora do protesto Eni Lestari qualificou a ordem de “racista, anti-imigrante e anti-refugiados”. “Com as suas políticas e ordens, a presidência de Trump representa uma ameaça à solidariedade, ao entendimento racial e à justiça que muitos de nós defendemos e promovemos. Não permitiremos que isso aconteça”, afirmou Lestari. “Os muçulmanos não são terroristas” e “Contra a islamofobia” eram algumas das mensagens que se podiam ler nos cartazes dos manifestantes, que gritavam “Não ao veto, não ao muro”, em referência à intenção da administração Trump de erguer um muro na fronteira com o México. À espera de asilo Trata-se do segundo protesto que acontece em Hong Kong contra a política migratória de Trump desde que este tomou posse no passado dia 20 de Janeiro. A marcha anterior aconteceu na passada quarta-feira, 1 de Fevereiro, e atraiu uma centena de pessoas, incluindo políticos, activistas e representantes de grupos religiosos de Hong Kong. A ex-colónica britânica acolhe cerca de 11 mil requerentes de asilo, segundo dados oficiais de Setembro de 2016, dos quais meio milhar são menores e a maioria vem do Vietname, Índia e Paquistão. A situação destes requerentes de asilo tem sido debatida publicamente nos últimos meses, dado que a sua condição não permite que trabalhem em Hong Kong e o processo para obterem o estatuto de refugiado pode durar anos. Enquanto esperam recebem subsídios sociais no valor de 400 dólares norte-americanos mensais.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Duterte põe fim a negociações com rebeldes maoistas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, pôs fim às negociações de paz com insurgentes comunistas depois de tanto Governo como rebeldes terem cancelado unilateralmente o cessar-fogo que tinha como objectivo acabar com o conflito de décadas. Duterte, um autoproclamado socialista que chegou a libertar líderes comunistas de modo a impulsionar as negociações de paz, condenou enfaticamente os insurgentes por terem recomeçado as hostilidades, dizendo estar pronto para um conflito prolongado. “Disse aos soldados para se prepararem para uma longa guerra. Disse que [a paz] não surgirá na nossa geração”, afirmou no sábado à noite. Os dois lados declararam separadamente cessar-fogos em Agosto, e o acordo informal funcionou, ao mesmo tempo que continuavam as discussões em Roma. O Presidente disse estar agora a ordenar aos negociadores do Governo para “fazerem as malas e regressarem a casa”, deixando as negociações com os líderes rebeldes que decorrem no estrangeiro. “Não estou interessado em falar com eles. Recuso-me a falar mais do assunto”, disse aos jornalistas. “Estamos a combater há 50 anos. Se querem estender por outros 50 anos, que seja”, afirmou. A ordem surgiu depois de os rebeldes terem anunciado, na semana passada, o fim do seu cessar-fogo de cinco meses, acusando o Governo de Duterte de traição e abusos de direitos humanos. O Governo respondeu cancelando também o seu cessar-fogo unilateral. Duterte acusou também o Novo Exército Popular, uma força comunista com 4.000 membros, de matar quatro soldados em ataques na semana passada, dizendo que uma das vítimas foi atingida com 76 balas. A insurgência comunista no país, que começou 1968, é uma das mais antigas do mundo e já causou a morte de cerca de 30 mil pessoas, de acordo com o exército.
Hoje Macau China / ÁsiaRelatório | Liberdades de Hong Kong diminuíram [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização norte-americana Freedom House considera que Hong Kong é menos livre do que há um ano, devido à interferência nos assuntos da cidade pela China, um país que mantém como “não livre”, segundo parte do relatório anual publicada ontem. Hong Kong foi novamente classificada como “parcialmente livre”, mas a sua pontuação global em termos de direitos políticos e liberdades civis passou de 63 para 61 em 100. O relatório da Freedom House indica que “a violação das liberdades no território por Pequim” está reflectida, entre outros aspectos, na recente interpretação da Lei Básica (miniconstituição da cidade) para impedir dois deputados pró-independência eleitos de tomarem posse no Conselho Legislativo (parlamento). A interpretação da Lei Básica de Hong Kong por Pequim aconteceu em Novembro, cerca de dois meses depois das eleições para o Conselho Legislativo de 4 de Setembro. Em Outubro, Baggio Leung e Yau Wai-ching prestaram juramento, mas pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras próprias ao texto da tomada de posse, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Os juramentos foram considerados inválidos e em Novembro, quando o caso estava a correr na justiça em Hong Kong, o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China, numa rara interpretação da Lei Básica da região, considerou que os dois eleitos não podiam repetir o juramento do cargo e tomar posse como deputados. A Freedom House também referiu as detenções pelas autoridades do interior da China de cinco livreiros ligados a uma editora de Hong Kong – um caso tornado público há cerca de um ano, após os respectivos desaparecimentos no final de 2015 – e apontou retrocessos na independência académica e liberdade de imprensa. “Os defensores da liberdade de imprensa em Hong Kong continuaram a criticar o crescimento repentino da pressão pró-Pequim sobre a expressão jornalística, acusando os proprietários dos ‘media’ de incentivarem a autocensura para favorecer os interesses do Governo central”, indica o relatório. Tendências negativas Já a China obteve 15 pontos em 100 no índice de liberdade do ‘think tank’, que coloca o país na categoria “não-livre”, e abaixo de países como o Irão, a Rússia e a República Democrática do Congo. A Freedom House referiu que o Partido Comunista chinês apertou o controlo sobre vários aspectos da governação no país, enquanto o Presidente, Xi Jinping, consolida o seu poder. Também advertiu que a China está numa “tendência descendente”, reflectindo “o efeito arrepiante” gerado por uma lei relacionada com a cibersegurança e com o aumento da vigilância na Internet, além de denunciar “as longas penas de prisão aplicadas a advogados de direitos humanos, activistas e crentes religiosos”. Aprovada em 2016, a lei sobre a cibersegurança visa, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, “controlar, defender e gerir os riscos da cibersegurança e as ameaças internas ou vindas do estrangeiro, protegendo informação chave de ataques, intrusão, alterações e danos”, e tem sido muito criticada por organizações empresariais estrangeiras e grupos de defesa dos Direitos Humanos. A Freedom House não faz referência a nenhum relatório sobre Macau na sua página de Internet. A organização Freedom House foi criada em 1941 pelo advogado do Partido Republicano norte-americano Wendel Wilkie e por Eleanor Roosvelt, mulher do Presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosvelt. O relatório anual sobre “Liberdade no Mundo” é publicado desde 1972. Globalmente, a organização apontou o declínio da liberdade a nível mundial pelo 11.º ano consecutivo, numa altura em que “as forças populistas e nacionalistas conseguem ganhos significativos em Estados democráticos”. Em 195 países ou territórios avaliados, 87 foram classificados como “livres”, 59 “parcialmente livres” e os restantes “não livres”.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Mais um desaparecimento gera especulação sobre interferência da China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mistério sobre um alegado novo desaparecimento em Hong Kong, desta vez de um milionário chinês, está a gerar desde o início da semana especulação sobre a interferência da China na cidade, segundo a imprensa local e internacional. O paradeiro do empresário Xiao Jianhua, um dos homens mais ricos da China, é incerto depois de os meios em língua chinesa publicados no estrangeiro terem noticiado que foi levado de Hong Kong por agentes de segurança do interior da China na semana passada. Estas notícias relacionam o desaparecimento de Xiao Jianhua com a campanha anti-corrupção, que muitos críticos acreditam estar a ser usada para visar os adversários políticos do Presidente chinês, Xi Jinping. Um anúncio de página inteira publicado ontem no Ming Pao – um dos jornais em língua chinesa publicado em Hong Kong – e atribuído ao próprio empresário Xiao, diz que ele “sempre amou o partido [Comunista, no poder] e o país” e que irá encontrar-se em breve com a imprensa. “Eu pessoalmente acredito que o governo chinês é civilizado e respeita o Estado de Direito”, refere o anúncio. “Eu não fui raptado”, acrescenta. Xiao, que diz na declaração ser cidadão canadiano, insistiu que estava a receber tratamento médico por doença, rejeitando mais uma vez a informação – publicada na segunda-feira pela sua empresa numa conta da rede social WeChat – de que tinha sido raptado. O empresário já tinha anteriormente negado ser alvo de uma investigação e de que tinha ido viver para Hong Kong em 2014 para escapar à campanha anti-corrupção iniciada dois anos antes pelo Presidente Xi. Xiao, de 46 anos, é o fundador do Tomorrow Group, sediado em Pequim, um conglomerado com negócios em sectores como a tecnologia, finanças ou energia, com ligações a líderes comunistas. Em 2014, Xian reconheceu à imprensa norte-americana que geria activos da família de Xi Jinping. É ilegal para agentes do interior da China operarem na região chinesa. Outros casos Em 2015, o desaparecimento de cinco livreiros com actividade em Hong Kong, e conhecidos por publicarem livros sobre a vida privada de líderes chineses, gerou preocupação sobre a alegada interferência da China na cidade. Um dos livreiros, Lee Bo, que desapareceu de Hong Kong, sem que exista qualquer registo da sua passagem na fronteira com a China, gerou a condenação internacional e protestos na cidade de que o Estado de Direito estava a ser violado. Lee insistiu sempre que passou a fronteira para a China voluntariamente. Já o livreiro Lam Wing-kee disse – que desapareceu depois de passar a fronteira -, disse quando regressou a Hong Kong, oito meses mais tarde, que tinha sido sequestrado por “forças especiais” da polícia chinesa. “Depois do fiasco do caso de Lee Bo, as pessoas estão muito preocupadas e questionam-se se os residentes de Hong Kong ou as pessoas que residem legalmente em Hong Kong estarão protegidas”, afirmou James To, do Partido Democrático, à AFP. James To disse que há uma “suspeita credível” sobre a violação do princípio “Um país, dois sistemas”, que governa a região. O Financial Times escreveu que Xiao foi levado por agentes da segurança pública chineses de um apartamento do hotel Four Seasons, em Hong Kong. Outras notícias na imprensa local informam que Xiao vivia no hotel, em aluguer de longa duração, protegido por mulheres guarda-costas. O hotel disse ontem que estava em curso uma “investigação activa”, e que não podia fazer mais comentários. Questionada sobre o caso de Xiao, a polícia de Hong Kong disse que recebeu um pedido de assistência por causa de “um cidadão do interior da China” no sábado, mas que o familiar desistiu do pedido mais tarde. Disseram que a pessoa é referida como tendo passado o posto fronteiriço entre Hong Kong e a China na sexta-feira, escreve a AFP. O consulado do Canadá adiantou que estava a par das notícias e que os oficiais estavam “em contacto” com as autoridades. Xiao acrescentou no anúncio publicado no Ming Pao que era um residente permanente de Hong Kong, e que possuía passaporte diplomático. “Por favor, não se preocupem”, referiu Xiao.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Amnistia Internacional denuncia assassínios a soldo e corrupção [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) denunciou ontem “crimes contra a humanidade” na campanha anti-droga do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, assegurando que esta encobre assassínios a soldo, falsificação de atestados e roubos levados a cabo pela polícia. “A polícia estabeleceu como principal alvo as pessoas pobres e indefesas de todo o país, colocando ‘provas’, recrutando assassinos a soldo, roubando quem mata e falsificando atestados”, disse a organização não-governamental num novo relatório intitulado “Se és pobre matam-te: execuções extrajudiciais nas Filipinas”. Para elaborar este documento, a AI examinou 33 casos em que foram assassinadas 59 pessoas em diversas partes do país e entrevistou 110, incluindo testemunhas, familiares de vítimas e agentes das forças de segurança. Um dos agentes confessou à organização que a polícia lhes paga entre 8.000 e 15.000 pesos (entre 150 e 280 euros) por cada execução, e ainda recebem uma comissão nas funerárias mais próximas. A organização afirma que “se não forem tomadas imediatamente medidas decisivas, a comunidade internacional deve recorrer ao Tribunal Penal Internacional para uma investigação preliminar a estes homicídios, incluindo a participação de altos funcionários do Governo”. Voltamos dentro de momentos O relatório foi publicado dois dias depois de Duterte ter suspenso temporariamente a sua campanha anti-droga para se centrar em “limpar” a polícia, depois do escândalo do assassínio de um sul-coreano ter evidenciado a corrupção e arbitrariedade das forças de segurança. O Presidente comprometeu-se, no entanto, a retomar a campanha em breve e admitiu mesmo prolongá-la até 2022 (inicialmente estava previsto terminar em junho). Esta “guerra contra as drogas” matou, em sete meses, 7.000 pessoas, 2.527 às mãos de agentes, em alegados confrontos com suspeitos. Segundo a AI, em muitos casos as vítimas renderam-se sem resistência mas ainda assim foram baleadas. A organização também assegurou que as listas de traficantes e viciados – ou seja, potenciais vítimas – incluem indivíduos que não têm relação com drogas, tendo os seus nomes sido adicionados por “vinganças pessoais ou devido aos incentivos para matar muitas pessoas”. “Não é uma guerra contra as drogas, mas uma guerra contra os pobres. Com provas fracas, as pessoas acusadas de consumir ou vender drogas são assassinadas por dinheiro”, resume o relatório.
Hoje Macau China / ÁsiaNova lista de exportações interditas para a Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China proibiu as exportações para a Coreia do Norte de materiais e tecnologias que possam ser utilizados para construir equipamento militar, como componentes para desenvolver mísseis ou sensores, informou ontem o ministério do Comércio. A lista, composta sobretudo por produtos químicos e ligas raras, inclui também programas informáticos, maquinaria, câmaras de alta velocidade e motores de aviões. O ministério explicou que as medidas, que entraram em vigor na quarta-feira, estão em linha com as últimas sanções contra o regime de Pyongyang, aprovadas pelas Nações Unidas em Novembro, em resposta a ensaios nucleares. O jornal oficial Global Times sugere que a aprovação da lista, nas vésperas da passagem do ano novo lunar na China, terá sido feita por nesta altura, no ano passado, a Coreia do Norte ter testado o lançamento de um míssil e, em 2013, ter realizado o seu terceiro teste nuclear. Recados de Pequim O anúncio “é também um aviso para o lado norte-coreano não realizar outro teste nuclear durante o festival da Primavera”, disse Jin Qiangyi, especialista na Universidade Yanbian, usando outro termo para o ano novo lunar, citado pelo jornal. A China é o principal parceiro comercial e fonte de ajuda económica da Coreia do Norte, mas a postura de Pyongyang, que tem desafiado as Nações Unidas com testes com mísseis balísticos e armas atómicas, tem resultado num afastamento entre os dois países comunistas. No entanto, Pequim teme uma queda do regime, que poderia levar uma enorme vaga de refugiados a entrar no país e ao estabelecimento de tropas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul junto às suas fronteiras. No início do mês, o Presidente norte-americano, Donald Trump, queixou-se que a China “não ajuda com a Coreia do Norte”, apesar de beneficiar dos laços comerciais com os EUA. O novo secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, acusou mesmo a China de fazer “promessas vazias” na questão da Coreia do Norte e ameaçou impor sanções contra empresas chinesas que violem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. “Se a China não cumprir com as sanções aprovadas pelas Nações Unidas, será apropriado que os EUA ponderem acções que forcem ao cumprimento”, afirmou Tillerson, no início deste mês.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Grupo de pesquisa com posições liberais silenciado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da China encerraram a página electrónica e contas nas redes sociais de um conhecido grupo de investigação em assuntos de Economia, parte de uma campanha que tem atingido académicos chineses com posições liberais. Sedeado em Pequim, o Instituto de Economia Unirule é o mais recente alvo de uma campanha repressiva que forçou um professor a reformar-se e resultou no despedimento de um quadro local, ambos por criticarem o histórico líder comunista chinês Mao Zedong. Intelectuais e analistas políticos chineses estão sob pressão devido às últimas medidas do Governo, que coincidem com a ascensão de um movimento que defende o legado de Mao e persegue os seus críticos. Desde que o Presidente Xi Jinping ascendeu ao poder, em 2012, revistas e sítios na Internet que defendem reformas políticas e económicas foram encerrados, enquanto professores universitários e membros do sistema judicial chinês foram advertidos sobre a divulgação de “valores ocidentais”. O fundador do Unirule, Mao Yushi, disse ontem que representantes do Partido Comunista Chinês (PCC) informaram na semana passada que o sítio foi encerrado por violar a lei, sem explicarem mais detalhes. “É terrível, existia há muitos anos”, disse à agência Associated Press. “Eu disse aos funcionários que isto não é a lei, mas eles não responderam. Não respondem a este tipo de questões”, explicou. Aprender a lição A Administração do Ciberespaço da China informou esta semana ter encerrado 17 portais electrónicos, como parte dos esforços para eliminar ‘sites’ contendo notícias não autorizadas ou pornografia. Mao Yushe tem sido um dos principais alvos do novo movimento de extrema-esquerda, que diz que o seu apoio ao mercado livre contraria o legado de Mao Zedong e a ideologia do PCC. Nas últimas semanas, o movimento tem organizado campanhas ‘online’ e protestos na rua para criticar académicos, com o aparente apoio das autoridades chinesas, que por norma proíbem qualquer manifestação política não autorizada. O jornal oficial Global Times, que publica na edição de ontem uma reportagem sobre o movimento, opina numa outra peça que o silenciamento de Mao Yunshi serve de lição. “Os liberais devem aprender bem esta lição: ser abertamente um crítico não leva a lado nenhum na China”, lê-se. “Tirar ideias do ocidente e tentar passá-las como genuínas irá eventualmente bater num muro”, acrescenta. Desde 2010, Mao Yunshi tem estado proibido de deixar a China, um dos métodos frequentemente utilizados pelo Governo chinês para silenciar ou punir os seus críticos. Nos últimos anos, o académico questionou abertamente se o Governo de Xi não estará a reverter décadas de reformas económicas na China, a favor de empresas e indústrias sob controlo do Estado. Avisou também para a ascensão de um movimento que se bate pelo regresso da China à ortodoxia maoista, com reminiscências da xenofobia extrema e violência praticados durante a Revolução Cultural (1966-1976), uma radical campanha de massas lanças por Mao, que mergulhou a China no caos.
Hoje Macau China / ÁsiaEx-chefe da Sinopec condenado a 15 anos de prisão [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-presidente da Sinopec, a principal refinaria da Ásia, foi ontem condenado a 15 anos e seis meses de prisão por corrupção, parte de uma campanha que atingiu várias figuras do sector petrolífero chinês. Wang Tianpu, de 54 anos, chefiou a Sinopec entre 2011 e 2014, quando foi afastado na sequência da explosão de um oleoduto na cidade costeira de Qingdao, no leste do país, que provocou a morte a 62 pessoas e cerca de 136 feridos. Wang foi ainda punido com uma multa de 3,2 milhões de yuan (437 mil euros), avançou a agência oficial chinesa Xinhua. O tribunal intermédio de Nanchang, capital da província de Jiangxi, ordenou que os bens obtidos ilicitamente por Wang sejam confiscados e que os activos desviados sejam devolvidos à Sinopec, segundo a televisão estatal CCTV. Não sou o único A sentença surge menos de uma semana depois de Liao Yongyuan, antigo executivo na “empresa-mãe” da Sinopec, a CNPC, ter sido condenado a 15 anos de prisão, também por corrupção. Wang foi acusado em Novembro de ter aceite 33,5 milhões de yuan em subornos, segundo o órgão anti-corrupção do Partido Comunista Chinês. Mais de uma centena de quadros dirigentes, alguns dos quais ministros, foram atingidos pela campanha anti-corrupção em curso na China desde que o actual presidente Xi Jinping assumiu a chefia do PCC, em Novembro de 2012. Xi prometeu combater os “tigres” e as “moscas”, numa alusão aos altos quadros do PCC que durante muito tempo pareciam agir com total impunidade. Em 2015, a Comissão de Inspecção e Disciplina do PCC prometeu investigar os grandes grupos estatais. Os observadores consideram, no entanto, que a China falhou em garantir a independência do judiciário e uma imprensa livre, permitindo que a campanha de Xi esteja sujeita à influência política. Os membros do partido suspeitos de corrupção são primeiro detidos e sujeitos a interrogatório pelo órgão anti-corrupção do partido, e só depois o caso transita para as instâncias judiciais. A Sinopec ocupa o 2.º lugar da lista das “500 maiores companhias globais” identificadas pela revista Fortune, com receitas a rondar os 389 mil milhões de euros e 313 mil milhões em activos.