Economia | Banco internacional proposto pela China inclui dois novos membros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, anunciou ontem a inclusão do Quénia e da Papua-Nova Guiné, alargando o número de países membros para 86.

“O BAII tem agora 86 membros de seis continentes”, anunciou o vice-presidente da instituição Danny Alexander, citado pela agência oficial Xinhua.

Com uma participação de 65 milhões de dólares, Portugal é um dos 57 países fundadores do BAII. O Brasil é o nono maior accionista, com uma quota de 3.181 milhões de dólares.

Proposto pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, aquela entidade é vista como uma reacção do Governo chinês ao que considera o domínio norte-americano e europeu em instituições globais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Entre as grandes economias do planeta, apenas Estados Unidos da América e Japão não fazem parte.

Com sede em Pequim, o BAII tem um capital inicial de 100.000 milhões de dólares (30,34 por cento pertence à China) e é assumido como o principal instrumento de financiamento da iniciativa chinesa “Uma Faixa e Uma Rota”, um gigante plano de infraestruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

3 Mai 2018

Coreias desmantelam altifalantes de propaganda da altura da Guerra Fria

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s coreias do Norte e do Sul anunciaram ontem o desmantelamento dos altifalantes instalados na época da Guerra Fria para difusão de propaganda junto à fronteira. O anúncio aconteceu no dia em que o Presidente da Coreia do Sul pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) que verifique o plano dos norte-coreanos para o encerramento do local dos testes nucleares, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
A retirada de dezenas de altifalantes estava prevista no acordo de reconciliação assumido pelos líderes das coreias, no encontro da última sexta-feira.
Contudo, ainda não está claro se estas medidas podem trazer paz permanente, uma vez que não houve, na cimeira, nenhum grande avanço no impasse relativo à questão nuclear da Coreia do Norte.
Soldados sul-coreanos desmontaram os altifalantes em várias áreas da linha de frente, na presença de jornalistas, antes de os retirar da fronteira, disse o ministro da Defesa.
Um oficial militar da Coreia do Sul, que pediu anonimato, afirmou ontem que a Coreia do Norte também começou a retirar, ao início do dia, os seus altifalantes de propaganda. Ambas as Coreias cancelaram as emissões de propaganda ao longo dos 248 quilómetros da fronteira, na semana passada, antes do encontro entre os dois líderes.
Na sexta-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, concordaram tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana e procurar pôr permanentemente fim à guerra, de acordo com a declaração conjunta que os dois dirigentes assinaram.
A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício que nunca foi substituído por um tratado de paz, o que significa que os dois países continuam tecnicamente em guerra.
A cimeira, realizada na cidade fronteiriça sul-coreana de Panmunjom, foi a primeira entre líderes coreanos em 11 anos e Kim Jong-un foi o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da guerra que separou os dois países.

2 Mai 2018

Brasil | Michel Temer cancela pela segunda vez uma deslocação oficial à Ásia

[dropcap style’circle’] O [/dropcap] Presidente do Brasil, Michel Temer, cancelou pela segunda vez uma deslocação oficial que estava programada para Maio a vários países do sudeste asiático.

Michel Temer tinha previsto visitar, entre os dias 7 a 14 de Maio, Singapura, Tailândia, Indonésia e Vietname. A primeira viagem, que chegou a estar prevista para Janeiro, foi cancelada porque o chefe de Estado brasileiro enfrentava problemas de saúde. Michel Temer, de 77 anos, havia sido hospitalizado um mês antes para corrigir um problema urinário após fazer uma cirurgia à próstata e uma angioplastia em três artérias coronárias.

Desta vez, fontes do Palácio do Planalto alegaram que o Presidente precisou de adiar a deslocação porque nas próximas semanas vai “concentrar-se” na “agenda legislativa” do país.

As mesmas fontes acrescentaram que a viagem será feita mais tarde, mas, por enquanto, não há uma data definida.

A decisão de cancelar pela segunda vez uma deslocação ao sudeste asiático coincide com o aparecimento de novas informações sobre uma investigação contra o chefe de Estado brasileiro. O jornal Folha de São Paulo publicou na passada sexta-feira que há suspeitas de que Michel Temer branqueava dinheiro de suborno através da compra de bens adquiridos em nome da mulher e do filho, de 9 anos.

 

Dinheiro branco

Perante esta notícia, o Presidente fez uma declaração à imprensa em que protestou contra a investigação, que classificou de “mentiras” que afectaram a sua honra e a da família. Actualmente, a Polícia Federal do Brasil está a investigar se um decreto sancionado pelo Presidente para o sector dos portos beneficiou a empresa Rodrimar e se a mesma empresa pagou suborno para o partido de Temer, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mudar esta lei.

A abertura da investigação contra Michel Temer foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Setembro de 2017 a pedido do antigo procurador-geral do Brasil Rodrigo Janot, que acusou o Presidente de actos de corrupção em duas ocasiões.

Em ambas as ocasiões o Congresso, responsável por decidir se deve ou não abrir um julgamento contra um Presidente com mandato em exercício, rejeitou as acusações impedindo a abertura dos processos contra Michel Temer.

2 Mai 2018

Taiwan | Taipé afirma que não vai ceder à pressão de Pequim

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] Presidente de Taiwan afirmou ontem, numa cerimónia militar, que a ilha não vai ceder “à pressão de Pequim”, na sequência do corte de relações diplomáticas entre Taipé e a República Dominicana.

O Gabinete da Presidência de Taiwan instou a China a “suspender de imediato” todas as acções que afectem negativamente as relações bilaterais e a paz e a estabilidade na região. Taiwan acusou a China de prejudicar “a paz e a estabilidade” da região, num momento em que na península coreana se procura a reconciliação através do diálogo, de acordo com um comunicado.
Pequim está a aumentar a intimidação militar e a manipular a política de “uma só China” para obrigar Taipé a aceitá-la, e as suas acções “aumentaram as tensões no estreito de Taiwan”, indicou a Presidência, o que na opinião das autoridades da ilha “não deve ser o comportamento de uma parte interessada responsável”.
Taipé disse que “lamenta profundamente” a decisão da República Dominicana de reconhecer a China, mas não cederá à ameaça ou à pressão de Pequim. “O Governo não cederá à pressão de Pequim, e fará tudo o que é possível para salvaguardar os interesses da nação, defender a soberania e a dignidade da República da China (Taiwan) e trabalhar com amigos da comunidade internacional para garantir a paz e a estabilidade regionais”, segundo o comunicado.
Deputados da oposição e peritos afirmaram que a pressão diplomática chinesa vai continuar até que a Presidente Tsai rejeite o “consenso de 1992”, o que significa aceitar que a ilha é parte da China. “É de esperar que a China continue a conquistar aliados de Taiwan até que haja um sinal de mudança na posição da Presidente”, disse a professora do Instituto da América Latina da Universidade Tamkang, Elisa Wang.
Outros especialistas consideraram que a China não vai lançar uma campanha para conquistar muitos dos 19 aliados diplomáticos de Taipé, mas poderá tentar que o Paraguai, ou outro país de maior importância económica ou estratégica, deixem de reconhecer Taiwan.

Sem efeito
Nas últimas semanas, Taipé entregou ajuda à República Dominicana no valor de 29 milhões de euros, dois helicópteros, 90 camiões militares e 100 motociclos, para consolidar os laços bilaterais, lembrou na edição de ontem o diário Jinji Ribao.
Em conferência de imprensa, na manhã de ontem, em Taipé, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Joseph Wu, anunciou o fim das relações diplomáticas com a República Dominicana “para manter a dignidade nacional” e “a suspensão imediata de todos os projetos de cooperação e ajuda”.
O ministro atribuiu a responsabilidade pela ruptura à China e às ofertas de “incentivos financeiros”, promessas de investimento e ajuda ao país das Caraíbas, destinadas a levar ao corte diplomático com Taiwan. Em Pequim, o chefe da diplomacia da República Dominicana, Miguel Vargas, anunciou o fim das relações diplomáticas com Taiwan, em conferência de imprensa, na presença do homólogo chinês, Wang Yi. “Anunciamos à nação dominicana que decidimos estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China, com a convicção de que esta decisão será extraordinariamente positiva para o futuro do nosso país”, declarou o executivo, em comunicado. O acordo foi formalizado em Pequim, na segunda-feira, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros dominicano, Miguel Vargas.
Ao mesmo tempo, o consultor jurídico do Governo dominicano, Flavio Dario Espinal, fazia o mesmo anúncio no palácio da presidência, em Santo Domingo. Dario Espinal disse que o Governo dominicano apoiava, a partir de agora, o princípio de “uma só China”, passando a reconhecer Taiwan como parte do país.
“A República Dominicana reconhece que, no mundo, existe apenas uma única China e Taiwan é parte inalienável do território chinês”, de acordo com o comunicado, que agradece a Taipé a cooperação mantida ao longo dos anos e a realização de numerosos programas.
Mas “a história e a realidade socioeconómica obrigam agora a uma mudança”, indicou. “O Governo está confiante de que a nova situação resultante desta decisão será gerida da forma mais construtiva e mais harmoniosa possível”, referiu o comunicado.

Reacção em cadeia
Com esta ruptura, Taiwan mantém apenas 19 aliados, dez dos quais na América Latina e Caraíbas.
Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe cortou as relações diplomáticas com Taipé e passou a reconhecer Pequim. Na mesma altura, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu dar protagonismo à ilha, com um telefonema a Tsai Ing-wen, o que agravou o relacionamento entre Pequim e Taipé.
Depois da vitória de Tsai nas presidenciais, Pequim interrompeu as negociações e contactos oficiais com Taipé, enviou navios e aviões militares para zonas mais próximas da ilha Formosa, e tem procurado isolar o Governo de Tsai.
O Vaticano, único Estado europeu com relações diplomáticas com Taiwan, está a negociar uma aproximação com Pequim, o que pode resultar numa mudança de apoio.
O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes.

2 Mai 2018

Xi Jinping apela à cooperação com a Índia

O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à cooperação intensa com a Índia durante uma cimeira informal na sexta-feira com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, numa altura em que ressurgem tensões fronteiriças e rivalidades no domínio da influência local

 

[dropcap style≠‘circle’]X[/dropcap]i cumprimentou Modi no museu da cidade de Wuhan, no início de dois dias de encontros entre os líderes das duas nações mais populosas do mundo.

“Concretizar uma grande cooperação entre os nossos dois grandes países pode gerar influência mundial”, afirmou Xi, segundo a emissora estatal CCTV. Xi disse esperar que a reunião “introduza um novo capítulo nas relações China-Índia”.

Após a conversa, os dois líderes jantaram à beira do lago num dos ‘resorts’ preferidos do ex-líder chinês Mao Zedong, que estabeleceu fortes laços com a Índia independente antes de as relações se deteriorassem devido a disputas territoriais.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Raveesh Kumar, descreveu na rede social Twitter que os dois líderes “iriam rever a evolução das relações bilaterais numa perspectiva estratégica e de longo prazo”. As relações China-Índia datam de séculos, mas nas últimas décadas foram ensombradas pela corrida à liderança na Ásia.

Os países travaram uma guerra fronteiriça em 1962 e, no ano passado, envolveram-se num impasse de 10 semanas no Estado vizinho do Butão. Nova Deli ficou também alarmada com as iniciativas chinesas de construir laços estratégicos e económicos com países do Oceano Índico, incluindo o Sri Lanka, as Maldivas e o rival de longa data da Índia, o Paquistão.

A China, por sua vez, ressente-se do facto de a Índia acolher o líder espiritual tibetano exilado, o Dalai Lama, bem como o seu controlo de um território que Pequim diz pertencer-lhe.

 

Disputas territoriais

A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, enquanto a Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados e terras no planalto de Aksai Chin, no oeste dos Himalaias. As autoridades de ambos os países reuniram-se pelo menos 20 vezes para discutir as respectivas reivindicações fronteiriças, sem avanços significativos.

Após um impasse de anos, a Índia concordou, no ano passado, retirar as tropas do disputado planalto de Doklam (Himalaias) onde as tropas chinesas haviam começado a construir uma estrada. A China reclama esta região estrategicamente importante, mas a Índia diz que pertence ao seu aliado Butão.

Apesar dessas diferenças, Modi espera que a China possa ajudar a impulsionar o crescimento económico indiano antes das eleições nacionais de 2019. No entanto, seu governo tem-se mostrado relutante no apoio à iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota” com a qual Pequim quer ligar a sua economia às da Ásia, Médio Oriente, África e Europa, através de empréstimos e avultados investimentos.

Tendo em conta as actuais relações, a cimeira de Wuhan está a ser encarada como uma tentativa consciente de conduzir os laços numa nova direcção, disse Wang Lian, professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade de Pequim.

Independentemente do resultado da visita actual, Modi parece ter a intenção de construir um forte relacionamento pessoal com Xi, que será o líder da China nos próximos anos. Modi viajará novamente até à China em Junho para uma cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, com oito membros, dominada por Pequim e Moscovo

Juntamente com a China, a Rússia e a Índia, esse grupo inclui os Estados da Ásia Central do Cazaquistão, do Quirguistão, do Tadjiquistão, do Uzbequistão e do Paquistão.

1 Mai 2018

Diplomacia | Encontro entre líderes coreanos traz esperança de paz à península

O que parecia impensável aconteceu mesmo. Kim Jong-un atravessou a fronteira do Paralelo 38 para um memorável aperto de mão. Um momento histórico que marcou a cimeira da passada sexta-feira entre os líderes dos países da península coreana. O encontro resultou na assinatura de uma declaração conjunta para a desnuclearização da Coreia do Norte e ficaram ainda promessas de mais visitas e de uma paz permanente. Trump e Abe estão confiantes no compromisso firmado
Com agências

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá assinado e prometido. Os líderes das Coreias assinaram um acordo para a “completa desnuclearização da península”. Além disso, está no horizonte o fim de um conflito que manteve a região em clima de guerra permanente. É o que se lê no comunicado conjunto divulgado no final da cimeira histórica entre os dois líderes, 65 anos após o conflito armado ter terminado.

“O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira histórica.

Naquele que foi o primeiro encontro entre os dois líderes em mais de uma década, os dois responsáveis comprometeram-se com um acordo para estabelecer uma paz “permanente” e “sólida”, um objectivo que pretenderá ser alcançado em parceria com os Estados Unidos e talvez também com a China, refere o texto.

Para já ficou estabelecido, com o encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, o compromisso de elaborar medidas para a “completa desnuclearização” .

Kim Jong-un prometeu fazer com que o acordo com Moon Jae-in seja implementado, ao contrário do que aconteceu com compromissos anteriores.

O líder norte-coreano admitiu que possam existir “dificuldades e frustrações no caminho”, mas adiantou que as duas Coreias se concertarão estreitamente para evitar “repetir o passado”.

Maduro Maio

O líder norte-coreano “disse na cimeira (…) que procederá ao encerramento do local de testes nucleares em Maio”, referiu o porta-voz sul-coreano, citado pela France Press.

Segundo a mesma agência, Pyongyang vai convidar peritos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul para verificar o encerramento do centro de testes, de modo a “revelar o processo à comunidade internacional de forma transparente”.

A Associated Press refere, por seu lado, que Kim Jong-un afirmou que Trump irá perceber que ele “não é pessoa” para apontar mísseis contra os Estados Unidos e que a Coreia do Norte planeia ainda reajustar os seus relógios com os da Coreia do Sul, que se encontram, desde 2005, com uma diferença horária de 30 minutos.

Visitas entre a vizinhança

Foi agendado para Outubro um novo encontro, desta feita com a ida do presidente sul-coreano a Pyongyang. Paralelamente, ficou ainda acordado que os dois líderes se encontrarão regularmente e falarão ao telefone através de uma linha criada para o efeito. Norte e Sul concordaram ainda com a abertura de um escritório de comunicação permanente na cidade norte-coreana de Kaesong.

Foi acordado também o recomeço das reuniões temporárias entre famílias separadas pela guerra da Coreia (1950-1953). “A Coreia do Sul e a Coreia do Norte decidiram continuar o programa de reunião das famílias separadas por ocasião do Dia da Libertação Nacional a 15 de Agosto”, indicaram, referindo-se ao dia que assinala a rendição japonesa no final da Segunda Grande Guerra.

Na final da histórica cimeira na cidade fronteiriça sul-coreana de Panmunjom, Kim e Moon comprometeram-se ainda a aumentar os intercâmbios e a realizarem conjuntamente iniciativas desportivas e culturais.

A cimeira foi a primeira entre líderes coreanos em 11 anos e Kim Jong-un foi o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia. As duas cimeiras anteriores inter-coreanas, em 2000 e 2007, decorreram em Pyongyang.

Entretanto, Donald Trump reagiu ao encontro entre os líderes coreanos com optimismo. No sábado, o presidente norte-americano, disse a Moon, num telefonema, que estava satisfeito com a completa desnuclearização, de acordo com as autoridades de Seul.

“Trump disse que foi uma boa notícia, não só para as duas Coreias, mas para o mundo inteiro, afirmar o objectivo de conseguir uma península coreana livre de armas nucleares através de uma completa desnuclearização”, disse Kim Eui-kyeom, porta-voz da Casa Azul.

País aberto a inspecções

De acordo com a agencia Reuters, Kim disse a Moon que vai convidar especialistas e jornalistas para “mostrarem à comunidade internacional” o desmantelamento das instalações, informou a Casa Azul.

“Os Estados Unidos, apesar de serem um país hostil à Coreia do Norte, vão saber, de uma vez por todas, que não sou o tipo de pessoa que usa armas nucleares contra o sul ou contra os Estados Unidos do outro lado do Pacífico”, disse o secretário de imprensa de Moon, Yoon Young-chan, citando o líder norte coreano.

“Não há nenhuma razão para que tenhamos armas nucleares se a confiança mútua com os Estados Unidos for construída através de reuniões frequentes a partir de agora, e o fim da guerra e da não-agressão forem prometidos”.

A promessa de Kim mostra sua disposição de “preventiva e activamente” responder aos esforços de inspecção a serem feitos como parte do processo de desnuclearização, disse Yoon.

Para facilitar a futura cooperação transfronteiriça, Kim prometeu também eliminar o fuso horário exclusivo criado por Pyongyang em 2015. O presidente norte coreano referiu que adiantaria os ponteiros do relógio 30 minutos para estar em sincronia com o sul.

Ventos nipónicos

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe também já se pronunciou acerca da cimeira da passada sexta-feira, referindo que espera que daí resultem “acções concretas”, de acordo com a Reuters.

“Quero saudar este passo positivo em direcção a uma resolução conjunta de várias questões relacionadas com a Coreia do Norte”, declarou Abe à comunicação social, classificando as conversações como “discussões sinceras sobre a desnuclearização da Coreia do Norte”.

O Japão, que foi recentemente sobrevoado por dois mísseis norte-coreanos, mantém há muito tempo uma posição dura face às negociações com Pyongyang, pedindo que não se “discuta por discutir”.

Antes da histórica cimeira intercoreana e de um encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Abe surgiu com declarações mais positivas. “Quero manter uma estreita coordenação entre o Japão, os Estados Unidos e a Coreia do Sul em direcção a uma solução abrangente sobre os problemas dos raptos (japoneses), e dos misseis”, disse Abe.

A questão dos japoneses raptados pelo regime norte-coreano nos anos 1970 e 1980 continua a ter uma forte carga emocional no Japão, salientou. A Coreia do Norte admitiu em 2002 ter raptado 13 japoneses nas décadas de 1970 e 1980 para treino de espiões. Cinco deles regressaram ao Japão, mas Tóquio suspeita que existam centenas ainda por voltar ao país.


Notícias atrasadas

Os meios de comunicação social norte-coreanos classificaram como um “novo marco”, o resultado da cimeira entre as duas Coreias ocorrido na sexta-feira na zona desmilitarizada que separa os dois países.

Depois de um silêncio de praticamente 24 horas em torno do assunto, a comunicação social estatal norte-coreana mencionou o compromisso incluído na declaração conjunta de alcançar a “completa desnuclearização” da península.

Na sua notícia, a agência assegura que os dois países partilham a ideia de que “as medidas adoptadas pelo Norte e pelo Sul são significativas para a desnuclearização da península da Coreia”, pelo que ambos “acordaram cumprir com as respectivas responsabilidades no futuro”.

Os meios de comunicação de Pyongyang sempre louvaram o programa nuclear do país, considerando-o motivo de orgulho para os cidadãos e uma garantia de sobrevivência do regime.

Noutra notícia, a agência KCNA classifica como “um novo marco” os esforços conjuntos para a prosperidade e a reunificação das Coreias.


Direitos ainda pouco humanos

A questão dos direitos humanos continuou a ser um assunto tabu na cimeira entre os líderes das duas coreias, apesar dos apelos da ONU. O relator especial da ONU para a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, Tomás Ojea Quintana, disse na passada quarta-feira (25) aos Estados envolvidos nas negociações para a desnuclearizada do país que evitar o tema dos direitos humanos pode comprometer futuros acordos sustentáveis. “A Coreia do Norte tem provado ser um negociador difícil, e se os direitos humanos não forem sequer mencionados neste primeiro estágio de negociações, seria um passo em falso e uma oportunidade perdida”, declarou. De acordo com o responsável, “qualquer acordo de desnuclearização que marginalize os direitos e as necessidades da população norte-coreana será frágil. A paz e a segurança não podem ser alcançadas somente sob a forma de acordos intergovernamentais, mas também, e sobretudo, sob a forma de políticas domésticas que garantam os direitos humanos, sem discriminação”, disse o especialista em comunicado. “Em linha com o que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem defendido, peço que todos os governos interessados defendam os direitos humanos como um mecanismo para a prevenção de conflitos e um dispositivo para a construção da paz”, disse.


Intenções desconhecidas

A promessa de desnuclearização anunciada pelo presidente norte coreano Kim Jong-Un pode ser uma estratégia para ganhar tempo e reduzir as sanções que o país vive. A ideia é lançada por vários analistas, refere o New York Times. “Analistas da região estão profundamente divididos sobre os motivos de Kim”, lê-se na publicação americana. “Alguns argumentam que Kim só quer usar as negociações para ganhar tempo e aliviar as sanções internacionais, nunca pretendendo abandonar suas armas nucleares”, refere a mesma fonte. Por outro lado, há quem acredite que Kim acabaria por desistir de seu arsenal nuclear se tivesse os incentivos certos, como garantias de segurança, um tratado de paz, laços normalizados com Washington, e ajuda financeira que necessita para reconstruir a economia.

30 Abr 2018

As duas Coreias vão procurar um “regime de paz permanente” – declaração

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s duas Coreias vão procurar este ano acabar com a guerra de modo permanente, segundo um comunicado conjunto divulgado hoje no final de uma cimeira histórica, 65 anos após o conflito ter terminado com um armistício.

Os dois vizinhos procurarão com os Estados Unidos e talvez também com a China – ambos signatários do cessar-fogo, na ausência de um tratado de paz – “declarar o fim da guerra e estabelecer um regime de paz permanente e sólido”, refere o texto.

Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e Moon Jae-in, acordaram hoje tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana.


Líderes das duas Coreias acordam “completa desnuclearização” da península

Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e Moon Jae-in, acordaram hoje tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana, durante a histórica cimeira realizada na fronteira entre os dois países.

“O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira.

O Presidente da Coreia do Sul anunciou ainda que vai visitar a Coreia do Norte no outono deste ano.

27 Abr 2018

Reunião histórica inter-coreana centrada em actos simbólicos de amizade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder norte-coreano vai hoje atravessar a pé a fronteira das duas Coreias e ao chegar ao Sul será recebido pelo Presidente sul-coreano para uma reunião histórica, marcada por simbolismos, afirmaram ontem fontes sul-coreanas.

Kim Jong-un e Moon Jae-in vão caminhar juntos cerca de 10 minutos, até uma praça onde vão passar em revista uma guarda de honra sul-coreana, afirmou o porta-voz da presidência sul-coreana, Im Jong-seok, em conferência de imprensa.

Im Jong-seok afirmou que os dois líderes vão tirar fotografias, juntos, na “Casa da Paz”, local onde se realiza a reunião, na parte sul-coreana da zona desmilitarizada, na fronteira entre os dois países.

As reuniões formais vão começar às 10:30, seguindo-se depois um cerimónia em que vão plantar um pinheiro, de 1953, ano em que a guerra entre os dois países terminou, com terra tirada do solo das montanhas dos dois países e de água dos respectivos rios, explicou o porta-voz. A árvore vai ter uma gravura de pedra ao lado, onde se poderá ver a seguinte frase: “Paz e prosperidade são plantadas”, bem como as assinaturas dos líderes. As reuniões prosseguem depois à tarde e à noite vai ser realizado um banquete.

A reunião entre Kim Jong-un e Moon Jae-in vai estar repleta de simbolismo, pois é a primeira entre líderes coreanos em 11 anos, sendo que Kim Jong-un vai ser primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53). As duas anteriores cimeiras intercoreanas, em 2000 e 2007, decorreram em Pyongyang.

Resultados práticos

Os principais temas a tratar na reunião serão a desnuclearização da península, a melhoria dos laços intercoreanos e a paz entre os dois países, tecnicamente em guerra desde o final do conflito, que terminou com um simples armistício.

“O mais complicado será perceber como os dois líderes vão chegar a acordo sobre as intenções de desnuclearização norte-coreanas e de que forma é que isso será firmado na prática”, afirmou Im Jong-seok. “O objectivo de Seul é que o documento assinado entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, vá além dos acordos anteriores firmados [1992 e 2000] entre os dois países em relação à desnuclearização”, argumentou o porta-voz sul-coreano.

A delegação norte-coreana terá nove altos funcionários, incluindo a irmã de Kim, Kim Yo-jong, que já havia sido delegada nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Fevereiro no Sul e que desempenharam um papel importante no actual processo de apaziguamento entre os dois vizinhos.

Não é claro que os líderes coreanos anunciem os resultados da cimeira de sexta-feira.

27 Abr 2018

Tibete | Macron propõe ser mediador entre China e Dalai Lama

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem agir como mediador entre o Dalai Lama e a China para solucionar a crise do Tibete. “Se a França puder ser útil para resolver a situação entre o Dalai Lama e o seu povo e a China, eu farei o meu melhor”, afirmou Macron, durante uma conversa com estudantes na Universidade George Washington, na capital federal norte-americana.

“Pressinto os primeiros sinais de que o Presidente [chinês] quer agir, espero”, prosseguiu. O chefe de Estado francês afastou, contudo, a ideia de um encontro em França com o líder espiritual dos tibetanos. “Se me reunir com ele, isso criará uma crise com a China”, observou, embora recordando que se encontrou com o Dalai Lama durante a campanha eleitoral em França. Recebê-lo em Paris “sem condições prévias, só para enviar um sinal, penso que seria inútil e contraproducente”, sustentou.

27 Abr 2018

Filipinas | Boracay encerrada aos turistas por seis meses devido à poluição

As autoridades Filipinas fecharam ontem, por seis meses, a ilha mais popular do arquipélago, vítima do turismo de massa e que a tornou numa “fossa séptica”, segundo o Presidente Rodrigo Duterte

 

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]oracay, uma ilha paradisíaca com águas cristalinas, está a sofrer com a repercussão do desenvolvimento acelerado. O seu polémico encerramento visa a limpeza do local e, em particular, a construção de estações de tratamento de esgotos.

A Guarda Costeira está a patrulhar as águas e cerca de 600 polícias fortemente armados colocaram-se nos pontos de entrada da pequena ilha. Segundo o chefe de polícia regional, Cesar Binag, o encerramento entrou em vigor à meia-noite.

Os turistas não tiveram acesso à balsa, que é o principal meio de chegar à ilha de dez quilómetros quadrados, que fica a 300 quilómetros ao sul de Manila.

“Boracay está oficialmente fechada para turistas. Nós não fechamos os estabelecimentos, mas os turistas não podem entrar. Estamos a implementar a decisão do Presidente”, disse Binag.

Um representante do Ministério do Interior filipino, Epimaco Densing, disse à agência de notícias AFP que a mobilização das forças de segurança era “apenas parte dos preparativos para evitar o pior”.

Sem rede

O Presidente Duterte ordenou o encerramento no início deste mês, depois de chamar a ilha de “fossa séptica”, acusando hotéis e bares de despejar os seus esgotos directamente no mar. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente filipino, grande parte dos estabelecimentos da ilha não tem sistemas de esgotos.

Apenas os cerca de 30.000 habitantes da ilha poderão embarcar em ferries que servem Boracay durante este período.

A polícia começou a patrulhar as praias para impor o regulamento, proibindo os banhos no mar fora de uma área específica designada para esse fim.

Os barcos estão proibidos de navegar a menos de três quilómetros da costa e apenas os habitantes podem pescar.

27 Abr 2018

Seul | Cimeira vai servir para verificar compromisso para desnuclearização

A ministra dos Negócios Estrangeiros sul-coreana afirmou ontem que a cimeira de sexta-feira entre Seul e Pyongyang vai servir para verificar “o compromisso da Coreia do Norte relativamente à desnuclearização”

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]ois dias antes do histórico encontro, Kang Kyung-wha disse esperar que “a cimeira Sul-Norte seja um fórum de discussão do tema da desnuclearização com franqueza e no qual se verifique o compromisso da Coreia do Norte relativamente à desnuclearização”, indicou a ministra dos Negócios Estrangeiros a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

A responsável explicou que os principais temas a tratar serão a desnuclearização da península, a melhoria dos laços intercoreanos e a paz entre os dois países, que se mantêm tecnicamente em guerra desde o final da Guerra da Coreia (1950-53).

Seul e Pyongyang não anunciaram uma agenda oficial para a cimeira do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e do líder norte-coreano, Kim Jong-un, embora o destaque vá para o tema da desnuclearização e o Sul tenha referido apresentar uma fórmula que ponha fim ao estado de guerra técnica. A cimeira intercoreana vai ser a primeira entre líderes coreanos em 11 anos.

Kang considerou que através da criação de um “regime de paz” (termo usado por Seul para se referir a um hipotético tratado que substitua o atual armistício) será possível restabelecer a cooperação económica entre os dois países, tema que poderá estar presente na cimeira.

“Um regime de paz tornará possível a prevenção de potenciais conflitos militares e permitirá uma cooperação económica próspera”, explicou.

Questão nuclear

O último projecto de cooperação económica intercoreana foi suspenso por Seul em 2016, em resposta aos ensaios atómicos do regime norte-coreano e, embora o actual governo do liberal Moon Jae-in tenha retomado a ajuda humanitária ao Norte, os níveis actuais de cooperação bilateral continuam a ser muito reduzidos relativamente a épocas anteriores.

Kang considerou também que, além de servir como “base para a futura desnuclearização da península”, o êxito da cimeira será um roteiro para a futura reunião entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, a primeira entre líderes destes dois Estados.

A cimeira entre Kim Jong-un e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não tem uma data, mas deverá realizar-se entre final de Maio e início de Junho.

26 Abr 2018

Economia | EUA vão enviar delegação à China para discutir conflito comercial

Donald Trump fala no balanço do comércio externo entre Estados Unidos e China como uma enorme injustiça económica desde as primárias republicanas. Depois de eleito, Trump aumentou tarifas às importações de alguns produtos chineses, manobra que levou a uma conflito comercial. Agora surge a altura de pacificar um conflito que tem destabilizado os mercados financeiros

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Casa Branca vai enviar nos próximos dias à China uma delegação ministerial, chefiada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para “chegar a um acordo” no comércio. “Penso que temos uma possibilidade muito grande de chegar a acordo”, disse o presidente norte-americano, Donald Trump, na terça-feira, ao receber o seu homólogo francês, Emmanuel Macron.
Trump acrescentou que o presidente chinês, Xi Jinping, que qualifica como “um dos seus amigos”, afirmou, “há quatro dias, que a China ia abrir-se”, deplorando: “De momento, ela não está aberta. Fazem comércio connosco, mas nós não fazemos com eles”.
O Governo norte-americano impôs tarifas aduaneiras suplementares sobre as importações de aço e alumínio provenientes da China, entre outras.

Sentar à mesa

Descontente com a dimensão do défice comercial dos EUA com a China e as práticas comerciais chinesas, que classificou como “desleais”, Trump ameaçou reforçar aquela medida com novas tarifas sobre importações chinesas, no montante de 41 mil milhões de euros.
“É por isto que vai uma delegação” a Pequim, “a pedido da China […] nos próximos dias”, indicou, acrescentando que seria liderada por Mnuchin. Esta vai ser a primeira viagem do secretário do Tesouro à China, enquanto os seus três antecessores se deslocaram a Pequim nos primeiros meses de exercício do cargo.
No domingo, o Ministério do Comércio chinês reagiu com satisfação à viagem. “A China recebeu bem a informação segundo a qual a parte norte-americana deseja deslocar-se a Pequim para realizar consultas sobre as questões económicas e comerciais”, segundo o comunicado que emitiu.

26 Abr 2018

Líderes populistas ameaçam liberdade de imprensa nas democracias

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] liberdade de imprensa está sob ameaça tanto em grandes democracias como em Estados repressivos, com desenvolvimentos preocupantes nos Estados Unidos, Polónia Hungria e França, entre outros, segundo um relatório anual divulgado ontem. O relatório “Ataques ao vivo: O estado da liberdade de imprensa no mundo 2017-2018”, da organização não-governamental Freedom House, destaca “a ameaça às democracias” que representam os políticos populistas, mas também “o poder do jornalismo”, que continua a ter “um papel vital mesmo nos ambientes mais hostis”.

“Há apenas cinco anos, a pressão global sobre os ‘media’ não parecia afectar os Estados Unidos ou as democracias instituídas da Europa de nenhuma maneira significativa”, lê-se no documento. “Hoje, líderes populistas representam uma importante ameaça à liberdade de expressão nestas sociedades abertas”, acrescenta, frisando que “uma imprensa que denuncia as falhas dos governos é fundamental ao funcionamento de todas as democracias”.

O relatório dá exemplos: a Polónia, onde o regulador multou o canal TVN24 em 350.000 euros por “promover actividades ilegais” com reportagens sobre protestos antigovernamentais. França, onde um jornalista que questionou a líder da extrema-direita Marine Le Pen sobre desvios de fundos do Parlamento Europeu foi agarrado e agredido por um segurança, e os Estados Unidos, onde o Presidente Donald Trump critica e ameaça regularmente jornalistas ou grupos de comunicação por notícias que não lhe agradam.

Mas o exemplo apontado como mais grave é o da Hungria, onde aliados de Viktor Orban “adquiriram a maioria dos últimos bastiões de jornalismo independente”.

O documento afirma por outro lado que estes desenvolvimentos foram “agravados por forças externas”, entre as quais se destaca “o Governo autoritário da Rússia”.

“Quando Moscovo planta desinformação nos ambientes mediáticos de países democráticos, aumenta o sentimento do público de que a imprensa não é fiável”, lê-se.

 

Ligações perigosas

Na segunda parte, o relatório apresenta casos em que o jornalismo desafiou interesses poderosos para informar a opinião pública, entre os quais a denúncia de ligações à máfia de importantes figuras do Hoverno na Eslováquia, dos escândalos de corrupção que marcaram o mandato de Jacob Zuma e ditaram a sua demissão da presidência da África do Sul ou da repressão dos homossexuais promovida pelo Estado russo.

O documento identifica ainda países aos quais o mundo deve estar atento em termos de liberdade de expressão: Cuba, Irão, México, Polónia, Tunísia, Uzbequistão ou Zâmbia.

E Espanha, onde a ONG registou um aumento das condenações ao abrigo da legislação antiterrorista de uma série de pessoas por “declarações controversas”, o que “suscita a preocupação de autocensura neste país em tudo o resto democrático”.

O documento baseia-se nos mais recentes relatórios da organização sobre Liberdade no Mundo e Liberdade na Internet e nos projectos que desenvolve em vários países.

26 Abr 2018

Timor-Leste/Eleições: Fretilin não viabilizará eventual Governo AMP com cheque em branco, diz Mari Alkatiri

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder da Fretilin, maior partido timorense, disse que não passará “um cheque em branco” para viabilizar um eventual Governo da AMP, se a coligação da oposição vencer as eleições de Maio sem maioria absoluta.

“A Fretilin quer que este país vá para a frente, mas não vamos apoiar um Governo do CNRT que falhou durante 10 anos, com um cheque em branco. Para viabilizar tem que ser claro quais são os limites”, disse Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e atual primeiro-ministro, em entrevista à Lusa.

Questionado sobre se isso leva a supor que a Fretilin considera ter dado esse cheque em branco nos últimos anos ao Governo liderado pelo CNRT, Alkatiri admite que “de certa forma sim, foi um cheque em branco” considerando que a governação “durante 10 anos foi negativa”.

Alkatiri falava à Lusa numa pausa da campanha para as legislativas antecipadas de 12 de maio, marcadas por uma reviravolta nas alianças do passado, com Xanana Gusmão e o seu anterior rival, Taur Matan Ruak, juntos na Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).

Num cenário de derrota da Fretilin, Alkatiri considera ainda “muito pouco provável” que continue com as suas funções de presidente da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) no enclave de Oecusse-Ambeno.

“Com este clima que se esta a gerar durante a campanha, não haverá mais ambiente para o entendimento. Só que é uma pena. Não quero dizer que sou o melhor dos melhores, mas fundamental na ZEESM é o modelo de gestão que eu ainda não deixei”, afirmou.

Os comentários de Mari Alkatiri confirmam a degradação do relacionamento entre si e Xanana Gusmão e entre os dois partidos, o CNRT que liderou os últimos três Governos e a Fretilin que ajudou a viabilizar o executivo entre 2015 e 2017.

Os dois partidos estiveram juntos na candidatura do presidente da Fretilin Francisco Guterres Lu-Olo a Presidente da República em 2017 mas a relação começou a degradar-se depois da formação do VII Governo, liderado por Mari Alkatiri.

Na campanha de 2017, em que Xanana Gusmão se mostrava convicto de uma vitória por maioria absoluta do seu partido, o líder timorense disse à Lusa, sobre o futuro e a relação do CNRT com a Fretilin, que os dois partidos continuam com “excelentes relações, de respeito” e que “não terão êxito” tentativas de outros partidos “provocar distúrbios ou problemas entre os dois”.

Para Mari Alkatiri a aliança acabou por falta do “respeito mutuo” que é necessário “para que ambos sejam iguais mas que, neste caso, não existiu verdadeiramente”.

“Éramos aliados, entendíamo-nos num projeto nacional e entre nós parecia que havia uma aliança entre iguais, mas a tendência do Xanana é que se pode aliar com todos, mas ele tem que estar sempre acima dos outros”, defendeu.

“Não aceita resultados democráticos. Baseia-se na legitimidade dita histórica para dizer que está sempre acima dos outros, a comandar”, referiu.

Questionado sobre o facto de muitos fazerem a mesma avaliação quanto à atuação de Mari Alkatiri, o ainda primeiro-ministro é enfático: “mas eu ganhei as eleições e se era para consolidar esta mesma aliança ele devia aceitar isso”.

“Era isso mesmo que o povo queria, que passasse a Fretilin a liderar mas com a consolidação da aliança”, afirmou, mostrando-se convicto de que a situação atual não aconteceria num cenário inverso, da vitória, ainda que por margem curta, do CNRT.

“Não, porque a Fretilin teria respeitado, para manter a estabilidade no país”, afirmou.

Questionado sobre o falhanço das negociações para conseguir um Governo maioritário – e em particular as críticas de que esse falhanço se deve ao facto de ter tentado negociar modelos diferentes com todos – Alkatiri diz que lidou com a realidade e o caráter de cada partido, tendo havido demasiadas exigências do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

“As pessoas entendem que a aliança não deve ter como base o respeito pelos resultados eleitorais. E então pedem demais. Como pode um partido com 5 deputados querer 7 lugares no Governo e querer lugares chave, segurança e defesa”, disse.

“Como pode um que diz que vai fazer incidência parlamentar, o CNRT, porque não quer participar no governo, mas quer manter elementos da sua confiança nas áreas fundamentais da governação: infraestruturas, finanças, petróleo, solidariedade e de certa forma mantendo a influência sobre educação? Seria eu o primeiro-ministro mesmo num cenário destes?”, questiona.

Sobre o seu próprio futuro na Fretilin e se se demitiria em caso de derrota, Alkatiri disse que “Xanana perdeu e não se afastou” da liderança do CNRT, afirmando que os querem a sua saída pretendem enfraquecer o partido.

“Mas já tenho uma nova geração com coragem para enfrentar Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak. Mas isso foi formado. Levou tempo”, disse.

Timor-Leste/Eleições: Ataques da campanha são tentativa de passar esponja na história

O líder da Fretilin, no Governo em Timor-Leste, afirmou que os ataques de que tem sido alvo durante a campanha para as eleições antecipadas de 12 de maio são uma tentativa de “passar uma esponja pela história”, a que não vai responder à letra.

“É uma tentativa de passar uma esponja pela história, para se afirmar o culto da personalidade. Isso não é de agora, a tentativa de matar a Fretilin e as Falintil que são os capitais simbólicos da resistência, para aparecer o culto da personalidade”, afirmou Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Alkatiri referia-se assim a várias críticas que têm marcado a primeira metade da campanha, insistindo que não está a responder a “insultos” e que prefere explicar ao eleitorado e o programa do partido.

“Não há troca de insultos porque não insultei ninguém. O insulto é num sentido só. Não faço campanha contra ninguém, faço campanha para tirar o povo da pobreza e da pobreza extrema que existe aqui. Essa é a única campanha”, afirmou.

Os líderes e militantes da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), incluindo Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, têm marcado parte do seu discurso por duras críticas à Fretilin, ao ex-Presidente e atual ministro, José Ramos-Horta e a Mari Alkatiri.

Muitos dos comentários referem-se ao passado da luta contra a ocupação indonésia e pela independência de Timor-Leste, com tentativas de alguns dirigentes de politizarem os diferentes braços da resistência: armada, clandestina e diplomática.

“As pessoas querem afirmar-se matando outros pela segunda ou pela primeira vez porque sabem que não conseguem afirmar-se sem matar outros, no sentido figurado, claro. Mas têm que se convencer que não vão conseguir isso”, afirmou.

Questionado sobre o regresso de José Ramos-Horta ao partido – tem feito ativamente campanha pela Fretilin – Alkatiri diz que traduz uma “consciência nacional, da nação toda, de que é tempo de se fazer justiça, de não se deixar que uma pessoa só se afirme como dono deste país”.

E recua ao passado, reiterando o reconhecimento pelos que lutaram no mato, mas insistindo que se deveu à Fretilin a formação da rede clandestina nacional que apoio os guerrilheiros e os laços com a rede externa.

“Se as populações nas zonas ocupadas, depois de 1981, 82, 83 se organizaram e se criou a frente clandestina, para servir de base de apoio às Falintil e de trampolim de informação para o exterior, foi porque esta gente teve três anos a ter uma edução patriótica intensiva nas zonas controladas pela Fretilin. Não nasceu pela cara bonita de A, B ou C”, disse.

“Os guerrilheiros quando estavam a ser perseguidos nas montanhas refugiavam-se nas populações. Já nos anos 90 Xanana escreveu uma carta para nós em que disse: “os indonésios perguntam à Fretilin se viu a Fretilin e a Fretilin responde que não viu a Fretilin”, explicou.

Ainda que seja necessário par ao país escrever a sua história, Alkatiri discorda que isso se tente fazer em campanha, quando há posições extremadas em que cada um quer vencer “e falseia a história”.

“Eu não tenho interesse nenhum nisso. Fiz o meu trabalho. Dentro das limitações que todos tínhamos. E acho que cumprir a minha missão. Mas não me declaro herói. Cada um fez o seu trabalho e tudo juntos é que conseguimos levar o pais a restaurar a independência”, afirmou.

“Tudo o que eu já fiz podem levar, dizer que é vosso. Mas o que eu ainda vou fazer só me pertence a mim, porque sai da minha cabeça, do meu coração e do meu pensamento”, disse.

Sobre as eleições, insiste que a Fretilin está “muito mais forte que em 2017”, com muitas organizações divididas a regressar ao partido e que a vantagem matemática com que a AMP parte – os três partidos tiveram, juntos, 85 mil votos mais que a Fretilin – não se manterá.

“Esta coligação é para subtrair não para adicionar, porque é contranatura. Não existe vantagem. Por isso sempre lhes disse que eles dançam com os 35 [deputados] no salão [do Parlamento Nacional] que nós vamos cantar e dançar com o povo”, disse.

A AMP é formada pelos três partidos da oposição – CNRT, PLP e KHUNTO – que em conjunto controlam 35 dos 60 lugares do parlamento e que bloquearam o programa e orçamento do Governo.

“Eles estão a descer cada dia, porque têm reagido de forma emocional, pouco racional. Espero que parem por aí, porque se não isso é prejudicial para eles. Especialmente para figuras como Xanana e Taur Matan Ruak que são figuras incontornáveis da luta, são património da luta. E eu não nego o papel de ninguém na história da luta”, afirmou.

E mostra-se convicto de que a aliança entre Fretilin e PD, no atual Governo, continuará depois das eleições, rejeitando o que dizem que o partido liderado por Mariano Sabino facilmente voltará a apoiar um executivo liderado por Xanana Gusmão.

O PD, disse, é um “partido de futuro”, não quer repetir o “fracasso” da Governação com o CNRT e tem com a Fretilin “uma aliança sólida” que vai permitir que “os dois partidos com raízes no povo se mantenham”.

“O CNRT sem Xanana não existe. O PD perdeu o seu líder e manteve-se, mostrou isso. A Fretilin, é parte da historia, da cultura da Fretilin que cai um e outro aparece”, disse.

25 Abr 2018

Diplomacia | Pequim refuta críticas dos Estados Unidos sobre direitos humanos

A China qualificou como parcial um recente relatório sobre direitos humanos divulgado pelos Estados Unidos e disse que o objectivo de interferir nos assuntos internos da China está “condenado ao fracasso”

[dropcap style =’circle’]P[/dropcap]equim contestou oficialmente o relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. Fê-lo através do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, que falou à comunicação social na habitual e diária conferência de imprensa.

Os comentários do porta-voz foram feitos em referencia ao relatório global dos direitos humanos 2017 publicado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, um documento que critica intensamente os direitos humanos na China. “Os Estados Unidos divulgam esse relatório ano após ano e apontam o dedo para os outros países. A maioria dos membros da comunidade internacional está insatisfeita com isso”, disse Lu. De acordo com o Ministério das Relações Externas da China, o relatório deste ano, como sempre, ignora factos e é extremamente parcial.

“A China informou claramente aos Estados Unidos que seu intento de interferir nos assuntos internos da China e dificultar o desenvolvimento da China foi em vão no passado e que não terá êxito no futuro”, disse Lu.

“O Governo chinês dá grande importância à protecção e impulso dos direitos humanos, e obteve progresso histórico em tal campo. O povo chinês é o que pode dizê-lo melhor”, assinalou.

“A China é a favor de negociações e intercâmbios entre países na área dos direitos humanos com base na igualdade e a confiança mútua”, disse o porta-voz do Governo chinês. Lu Kang explicou ainda que “a maioria dos países, incluindo a China, se opõem à politização do assunto dos direitos humanos”.

Relatório minoritário

O documento emitido pela Casa Branca não destaca, pela negativa, apenas Pequim. “Os Governos de China, Rússia, Irão e Coreia do Norte violam todos os dias os direitos humanos daqueles que estão dentro das suas fronteiras e, como resultado, gera-se instabilidade”, escreveu o secretário de Estado norte-americano John Sullivan, no prefácio do documento anual.

Porém, no que à China diz respeito, o relatório refere que as piores violações de que “foi responsável o Governo” incluíram-se as “execuções sem o devido processo prévio”, “desaparecimentos forçados”, torturas, “detenções arbitrárias” e ilegais, e restrições às “liberdades de expressão, imprensa, reunião, associação, religião e movimento”.

25 Abr 2018

Trabalho | ONG acusa China de usar anúncios de emprego discriminatórios

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) acusou ontem Pequim e as empresas privadas chinesas de usarem anúncios de emprego discriminatórios de género, apelando para que terminem com esta prática.

“Quase um em cada cinco anúncios de emprego para os serviços públicos da China, em 2018, pedia ‘apenas homens’ ou ‘homens de preferência’, enquanto grandes empresas, como o gigante do comércio electrónico Alibaba, publicaram anúncios de recrutamento que prometiam aos candidatos a possibilidade de trabalharem com mulheres bonitas”, afirmou a directora da HRW para a China, Sophie Richardson.

Durante a apresentação do relatório “Apenas os homens podem candidatar-se: discriminação de género em anúncios de emprego na China”, Sophie Richardson apelou às autoridades chinesas para que imponham “as leis existentes e que terminem com as práticas de contratação do governo e do sector privado que discriminam abertamente as mulheres”.

A HRW analisou mais de 36 mil anúncios de emprego publicados entre 2013 e 2018 em sites chineses de recrutamento e empresas e chegou à conclusão que muitos dos anúncios especificam um requisito ou preferência em homens.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos, alguns postos de trabalho exigiam que as mulheres tivessem certos atributos físicos, no que diz respeito à altura, peso, voz ou aparência facial.

 

Mad Men na China

“Há propostas de candidatura que usam os atributos físicos das actuais funcionárias das empresas para atrair candidatos do sexo masculino”, indicou o relatório. A organização usou como exemplo um anúncio de emprego do Alibaba, em Janeiro deste ano, em que mencionava a “preferência de homens” para dois cargos de especialista em apoio a operações em restaurantes.

“Os anúncios de emprego sexistas favorecem os estereótipos antiquados que persistem nas empresas chinesas”, disse Richardson, acusando as empresas de se “orgulharem de serem forças da modernidade e do progresso”, mas depois “recorrerem a estas estratégias de recrutamento, o que mostra como a discriminação contra as mulheres, profundamente enraizada, permanece na China”.

Por fim, a directora da HRW para a China diz que, “em vez de assediar e prender os activistas dos direitos das mulheres, o governo chinês devia envolvê-los como aliados no combate à discriminação de género no mercado de trabalho”.

24 Abr 2018

Presidentes da China e Índia reúnem-se no fim-de-semana

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] cooperação e a gestão adequada das diferenças vão estar em foco na reunião informal, na sexta-feira e no sábado, entre o Presidente chinês e o primeiro-ministro indiano, foi ontem anunciado.

A reunião entre Xi Jinping e Narendra Modi vai ser uma “oportunidade para aumentar a confiança mútua, aprofundar a cooperação pragmática, gerir adequadamente as diferenças, alcançar o desenvolvimento comum e contribuir para a promoção da paz e do desenvolvimento global e regional”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, no final de um encontro, no domingo, com o homólogo indiano, Sushma Sawraji.

“As relações entre a China e a Índia mantiveram um desenvolvimento positivo”, indicou Wang no final da reunião, de acordo com agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Swaraji declarou que o encontro “reflecte o forte desejo de ambos os lados de fortalecer a comunicação estratégica” e insistiu que a Índia quer que a amizade entre Xi Jinping e Narendra Modi, que estiveram reunidos em Setembro passado, seja fortalecida e a cooperação entre os dois países atinja um novo máximo.

De acordo com observadores, os dois líderes vão, no encontro que se vai realizar na capital da província central chinesa de Hubei, discutir pontos de vista sobre a situação internacional e regional e poderão ainda abordar a questão das disputas territoriais na fronteira, entre outros assuntos.

Em Junho do passado, soldados dos dois países estiveram frente a frente numa zona disputada entre a China e o Butão, Doklam, ou Donglang (em chinês). A zona é reclamada pelo reino do Butão, um aliado de Nova Deli, mas Pequim diz pertencer à China, com base num tratado de 1890, assinado com o Reino Unido.

Butão e China participaram em várias rondas de diálogo, mas nunca resolveram a disputa. China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.

24 Abr 2018

Tecnologia | Empresas acusam Alibaba de pressão para acordos exclusivos

[dropcap style=’circle’] E [/dropcap] mpresas estrangeiras acusaram o gigante do comercio electrónico chinês de punir quem recuse fazer acordos de exclusividade com o Alibaba, uma acusação que a multinacional considerou “absolutamente falsa”.

Directores executivos de cinco grandes marcas de consumo, que pediram o anonimato, disseram à agência noticiosa Associated Press (AP) que, depois de rejeitarem a proposta de exclusividade do Alibaba, as vendas nas lojas ‘online’ Tmall [plataforma ‘online’ de vendas a retalho na China e que opera através do Alibada] caíram de forma notória. Esta situação resulta, segundo a AP, do rápido crescimento de outra plataforma de venda ‘online’, a JD.com.

A American Apparel & Footwear Association, um grupo industrial com sede em Washington, disse à AP que os seus membros protestaram contra táticas injustas do Alibaba. “Pedimos às autoridades que investiguem rapidamente e que tomem medidas para garantir que tais práticas sejam eliminadas do mercado chinês”, disse Stephen Lamar, vice-presidente executivo da associação, à qual pertence a JD.com, que é também patrocinador.

No mês passado, o director financeiro da JD.com, Sidney Huang, tinha afirmado que a empresa ainda está a tentar reconquistar mais de 100 marcas chinesas que abandonaram a plataforma sob pressão do Alibaba. “Nós apoiamos a concorrência justa e aberta, porque uma maior escolha é sempre melhor para marcas e para os utilizadores”, disse a JD.com, em comunicado.

 

Conceito de liberdade

Em comunicado, o Alibaba reconheceu que oferece benefícios às empresas que assinam contratos de exclusividade, em conformidade com a lei chinesa, mas acrescentou que as empresas são livres de escolherem qualquer plataforma de comércio electrónico.

 

“Como muitas plataformas de comércio electrónico, temos parcerias exclusivas com alguns dos comerciantes da Tmall”, indicou o Alibaba, sublinhando que “o comerciante decide escolher o acordo por causa dos serviços atraentes e do valor que a Tmall lhe pode trazer”.

De acordo com a lei antimonopólio chinesa, as empresas com posição dominante no mercado não podem exigir exclusividade sem apresentar uma justificação plausível.

O Alibaba é duas vezes mais lucrativo que a concorrente norte-americana Amazon e todos os anos serve mais pessoas do que as que vivem em toda a América do Norte.

De acordo com a AP, o Alibaba faz mais de 448 mil milhões de euros por ano em vendas, mais do que em todas as transacções ‘online’ nos Estados Unidos.

 

Destaque: Em comunicado, o Alibaba reconheceu que oferece benefícios às empresas que assinam contratos de exclusividade, em conformidade com a lei chinesa, mas acrescentou que as empresas são livres de escolherem qualquer plataforma de comércio electrónico.

24 Abr 2018

Secretário do Tesouro americano pondera ir à China para aliviar tensões

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] secretário de Estado do Tesouro dos Estados Unidos da América, Steven Mnuchin, afirmou no fim-de-semana que está a considerar fazer uma viagem à China para aliviar as tensões comerciais entre as duas maiores economias mundiais. Mnuchin falava numa conferência de imprensa em Washington, após participar nos Encontros da Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), na qual se mostrou “prudentemente optimista” em alcançar um acordo entre os dois países.

“Uma viagem está a ser considerada. Não vou fazer um comentário sobre quando, nem tenho nada confirmado”, disse Mnuchin, acrescentando que teve um encontro com Yi Gang, governador do Banco Popular de China, à margem da assembleia daquela instituição financeira internacional. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já criticou várias vezes o avultado défice comercial com a China, como causa da perda de emprego no país, e ameaçou impor taxas no valor de 150.000 milhões de dólares sobre numerosos produtos chineses, às quais Pequim respondeu com medidas semelhantes.

As tensões entre os Estados Unidos e a China, e a possibilidade de se desencadear uma guerra comercial internacional, centrou as discussões durante a assembleia do organismo dirigido por Christine Lagarde, que terminou ontem, com a participação de representantes dos seus 189 países membros.

“Houve algum progresso em direcção ao diálogo” disse Christine Lagarde, na conferência de imprensa, sublinhando a necessidade de evitar a todo o custo uma guerra comercial.

Por seu turno, Guangyao Zhu, vice-ministro chinês das Finanças, disse: “Múltiplos riscos e incertezas consideráveis revelam sentimentos anti-mundialização, unilateralismo, e proteccionismo no comércio”, enquanto Yi Gang estimou, igualmente que “a escalada das fricções comerciais causadas pelas medidas unilaterais são uma das ameaças à economia mundial”.

23 Abr 2018

Diplomacia | Coreia do Norte anuncia suspensão de testes nucleares e de mísseis

A Coreia do Norte anunciou durante o fim-de-semana que suspendeu os testes nucleares e o lançamento de mísseis de longo alcance e que tem planos para encerrar as suas instalações de testes nucleares, adiantou a Associated Press

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] agência de notícias oficial da Coreia do Norte adiantou que a suspensão dos testes nucleares tem efeito a partir de sábado, 21 de abril, na Coreia do Norte. O país disse estar a mudar o foco da sua política nacional e concentrado em melhorar a sua economia.

O anúncio acontece dias antes de o líder norte-coreano Kim Jong-un se encontrar com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in numa localidade fronteiriça para uma rara cimeira entre os dois países que tem por objectivo resolver a disputa nuclear com Pyongyang. A decisão da Coreia do Norte foi tomada numa reunião do Comité Central do partido no poder, que acordou discutir “um novo período” de políticas no país.

A Coreia do Sul felicitou a decisão de Kim Jong-Un, líder norte-coreano, de suspender os testes nucleares, salientando tratar-se de um “passo significativo” para a desnuclearização da península coreana. “A decisão da Coreia do Norte representa um passo significativo para a desnuclearização da península coreana, que o mundo aguarda”, afirmou a presidência da Coreia do Sul, em comunicado, elogiando o “ambiente muito positivo para as próximas cimeiras entre as duas Coreias e entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos”, que a decisão de Pyongyang “irá criar”.

Resposta de Tóquio

O ministro da Defesa japonês considerou insatisfatória a decisão da Coreia do Norte em suspender os testes nucleares, já que Pyongyang não mencionou “o abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance”. “Não podemos ficar satisfeitos”, afirmou Itsunori Onodera aos jornalistas, adiantando que Pyongyang não fez qualquer referência “ao abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance”, pelo que Tóquio irá manter pressão sobre a Coreia do Norte.

Ainda assim, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, celebrou a decisão da Coreia do Norte de suspender os testes nucleares e expressou a esperança que esta sirva para o desarmamento “completo, verificável e irreversível” do país vizinho. O chefe do Executivo japonês considerou a decisão como um “movimento positivo”, mas manifestou cautela, afirmando que “a única coisa importante (agora) é ver se esta acção levará a uma eliminação completa, verificável e irreversível das armas nucleares e mísseis” do país vizinho, de acordo com declarações divulgadas pela emissora pública NHK.

Abe adiantou que o seu Governo “estará atento” ao assunto e deixou claro que o Japão e os Estados Unidos coordenaram a sua actuação perante os vários cenários possíveis com a Coreia do Norte, durante a cimeira que teve com o Presidente norte-americano, Donald Trump, esta semana na Florida.

A cautela do primeiro-ministro japonês foi partilhada por outros membros do seu gabinete, como o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Taro Aso, que de Washington, onde está a participar numa reunião ministerial do G20, disse que ainda é cedo para saber se a Coreia do Norte irá abandonar as armas. Taro Aso disse que em outras ocasiões foram feitas concessões económicas e de outra índole para que Pyongyang abandonasse o seu programa nuclear, “mas os testes continuaram”, de acordo com a agência Kyodo.

Já o ministro da Defesa japonês, Itsunori Onodera, qualificou a decisão da Coreia do Norte “insuficiente” e afirmou que “este não é o momento para relaxar a pressão sobre o país”.

“Não podemos ficar satisfeitos”, afirmou Itsunori Onodera aos jornalistas, adiantando que Pyongyang não fez qualquer referência “ao abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance”, pelo que Tóquio irá manter pressão sobre a Coreia do Norte.

Xi & Trump

O Presidente norte-americano, Donald Trump, também já reagiu a este anúncio, tendo considerado uma “muito boa notícia” a decisão da Coreia do Norte, e manifestou-se desejoso de se encontrar com o líder norte-coreano, o que poderá acontecer em Maio ou Junho.

A China, principal aliado da Coreia do Norte, saudou o anúncio de Pyongyang de que irá suspender os seus ensaios nucleares e de mísseis intercontinentais, afirmando que isso contribuirá para a desnuclearização da península coreana.

“A China pensa que a decisão de suspender os ensaios nucleares e de se concentrar no desenvolvimento económico e na melhoria das condições de vida vai ajudar a apaziguar a situação na península coreana e fará avançar o processo de desnuclearização, assim como os esforços no sentido de uma solução política”, disse Lu Kang, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado.

23 Abr 2018

Geopolítica | Um novo tipo de “Guerra Fria” com Estados Unidos, Rússia e China

Os Estados Unidos estão a impor o regresso a um novo género de Guerra Fria por considerarem a Rússia e a China como adversários, e actuam como elemento que valida as actuais ambições de Moscovo, alertam investigadores em temas geopolíticos

[dropcap style≠‘circle’]”E[/dropcap]stamos a regressar a uma nova Guerra Fria, pelo facto de os Estados Unidos encararem agora Rússia e China como adversários, e não como nações pouco amistosas, mas não necessariamente hostis”, considerou Michael Klare, professor de Estudos de segurança e paz no Hampshire College em Amherst, Massachusetts, Estados Unidos, em declarações à agência Lusa.

Na sua análise, o académico sublinha que desde o final da Guerra Fria, no início da década de 1990, até recentemente, os presidentes norte-americanos ambicionavam “integrar a Rússia na ordem liberal internacional”, mas a Casa Branca, após a eleição de Donald Trump em 2016, deixou de acreditar que Rússia e China possam integrar essa ordem.

“A actual liderança dos EUA não acredita que a Rússia e a China possam integrar essa ordem, antes considera que estão empenhados em desmantelá-la. Por isso, acredita que os dois países devem ser isolados e delimitados”, sublinha o académico, autor de diversas publicações, onde se inclui The Race for What’s Left: The Global Scramble for the World’s Last Resources” (2012).

Este género de pensamento, especifica o investigador, já justificava a estratégia de contenção prosseguida pelas potências ocidentais face à URSS no decurso da Guerra fria “original”.

Na Rússia, e em particular após a subida ao poder de Vladimir Putin em 2000, o país também registou uma evolução na sua abordagem geoestratégica, e diversos analistas têm considerado o reconhecimento, pela maioria dos países ocidentais e aliados, da independência do Kosovo em 2008 à revelia das instâncias internacionais, como o elemento que conduziu a Rússia a alterar as suas políticas sobre integridade territorial e intangibilidade das fronteiras dos Estados na sua esfera de influência.

Sozinhos em Moscovo

Em artigo recente publicado na revista Russia in Global Affairs, Vladislav Surkov, conselheiro do Presidente Vladimir Putin e muito influente nos corredores do Kremlin, considerou que a Rússia abandonou as aspirações seculares de integração no ocidente, e regressa a uma nova era de “solidão geopolítica”.

“O lugar que o ocidente tem ocupado na política externa da Rússia pós-soviética é simultaneamente o de barómetro da ambição russa de ser reconhecida como uma grande potência e de elemento constitutivo da identidade russa, mesmo que por oposição directa, como parece ser o actual cenário”, assinalou em declarações à Lusa, Licínia Simão, professora de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Investigadora do Centro de Estudos Sociais.

“Mais do que a União Europeia [UE] ou as suas principais potências, são os Estados Unidos que têm actuado como o elemento que valida as ambições de Moscovo ser um interlocutor necessário à resolução das grandes questões da política internacional”, sustentou. Na perspectiva da investigadora, o “caminho épico da Rússia rumo ao ocidente”, que agora parece comprometido, teria expressão numa ambicionada parceria, mas que não passaria pela integração do grande país euro-asiático nas instituições ocidentais, como a UE ou NATO.

“Este caminho rumo ao ocidente era pautado pelo reconhecimento formal de Moscovo como o parceiro mais significativo da superpotência Estados Unidos na resolução dos problemas internacionais, em jeito de concerto das grandes potências, ainda que articulado no quadro de organizações multilaterais como a ONU e o seu Conselho de Segurança”, prosseguiu a académica.

A intenção de a Rússia se preparar para actuar de forma mais isolada no contexto internacional constituirá, no actual cenário, a “validação de uma estratégia em vigor há algum tempo, na medida em que ela tem efectivamente sido marginalizada pelos seus parceiros ocidentais e tem procurado sempre avançar os seus interesses particulares”, indicou ainda.

No entanto, para Licínia Simão, o impacto desta abordagem nos ‘dossiês’ em que a Rússia é efectivamente um parceiro negocial não é claro, especialmente no actual contexto da política norte-americana e europeia. “Mas será, sem dúvida, um momento de reapreciação das prioridades russas e uma oportunidade de reforçar as tendências autoritárias, conservadoras e nacionalistas do país, com importantes impactos negativos na sociedade russa e potencialmente na estabilidade regional, como é já visível na Ucrânia.”

Em clima de “nova “Guerra fria”, o sentimento de “cerco” ocidental, não será apenas perceptível na Rússia, mas também pela China, e contido na mais recente revisão estratégica do Pentágono (NPR) que assinala a entrada dos EUA numa nova era de “competição de grande potência” com Moscovo e Pequim, e que esta competição está a assumir uma forma militar, precisou ainda Michael Klare.

O académico norte-americano recordou que o NPR também assinala, “sem fornecer qualquer prova”, que a Rússia encara a utilização inicial de armas nucleares num qualquer futuro conflito com a NATO, devendo deste modo os EUA munirem-se de um vasto espectro de armas nucleares para dissuadir essa utilização, e se necessário responder em conformidade.

“O resultado poderá ser uma escalada da corrida às armas nucleares e um maior risco de utilização de armas nucleares em situação de combate”, alertou.

“E enquanto os Estados Unidos e aliados continuarem a instalar as suas forças ao longo do perímetro da Rússia e China, podemos esperar que estes países respondam através do reforço das suas próprias forças e procurarem contrariar a estratégia de cerco norte-americana. Esta situação aumentará o risco de confrontação e de escalada em todos os pontos onde forças dos dois lados se encontrem numa situação de proximidade, incluindo na Europa”.

23 Abr 2018

Pequim começa a aplicar sistema na aviação civil

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] controverso sistema de “crédito social” implementado pela China, que classifica cada cidadão, vai começar a ser aplicado na aviação civil, ao proibir pessoas com baixa pontuação de voar até um período de um ano.

Parte daquele sistema, que recorre a novas técnicas de análise de dados, começará a ser aplicado no próximo mês, informou ontem a Administração de Aviação Civil da China e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, num comunicado conjunto.

As autoridades detalham nove comportamentos que contribuirão para que o passageiro tenha um baixo crédito social, incluindo a difusão de falsos alarmes em aeroportos ou aviões, uso de identidades falsas, transporte de objectos proibidos ou “comportamento ameaçador ou problemático”.

A Aviação Civil da China elaborará mensalmente uma “lista negra” de passageiros e o tempo de interdição de voar, que poderão ser consultados no portal CreditChina.gov.cn.

O Governo chinês tem desenvolvido nos últimos anos um sistema de “crédito social”, que atribui pontos a cada cidadão segundo o seu comportamento, situação financeira, desempenho profissional e académico ou opiniões nas redes sociais. O sistema suscitou críticas, por se temer que resulte numa evasão de privacidade e em descriminação, ao impedir pessoas com baixa pontuação de aceder a melhores empregos e universidades ou migrar para cidades mais prósperas.

20 Abr 2018

Accionista da TAP vende participação em banco chinês para enfrentar dívida

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] grupo chinês HNA, accionista da TAP através do Consórcio Atlantic Gateway, vendeu uma participação num banco comercial chinês, informou a imprensa local, numa altura em que enfrenta graves problemas de liquidez

Segundo o portal chinês de informação financeira Caixin, a Aerial Wonder, subsidiária do grupo HNA, vendeu a participação de 3,1 por cento que tinha no Banco Rural Comercial de Cantão, que está cotado na bolsa de Hong Kong, por 1.500 milhões de dólares de Hong Kong. A operação faz parte do plano do grupo de vender activos próprios e das suas subsidiárias, visando enfrentar uma grave crise de liquidez.

Desde o ano passado, quando as autoridades chinesas decretaram regras mais restritivas no financiamento das empresas, visando reduzir riscos financeiros, que a empresa enfrenta dificuldades em saldar as suas dívidas.

O grupo planeia ainda vender parte da sua participação de 25 por cento na cadeia de hotéis Hilton, por 973 milhões de euros. Uma subsidiária do grupo vendeu já um edifício de escritórios em Manhattan, Nova Iorque, por 246 milhões de euros. Outra subsidiária vendeu um edifício de escritórios em Sydney, por 130 milhões de euros. Um arranha-céus detido pelo grupo na West Madison Street, em Chicago, está também à venda.

O grupo tem ainda importantes participações em firmas como Swissport ou Deutsche Bank.

Em Portugal, a empresa detém uma participação na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45 por cento da TAP. O Estado português é dono de 50 por cento da TAP, estando os restantes 5 por cento do capital nas mãos dos trabalhadores”.

Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou em Julho passado o primeiro voo directo entre a China e Portugal.

20 Abr 2018

Pequim envia 395 forças da paz para missão da ONU no Mali

A China vai enviar no próximo mês quase 400 efetivos militares e médicos para o Mali, parte de uma missão de paz das Nações Unidas, noticiou ontem a agência oficial chinesa Xinhua

 

[dropcap style≠‘circle’]T[/dropcap]rata-se do sexto batalhão que a China destaca para aquele país africano, em conflito desde 2012. O grupo é constituído por 170 tropas, 155 sapadores e uma unidade médica de 70 profissionais.

A unidade vai reconstruir vias públicas, pontes e pistas de aterragem, assim como proteger bases militares em zonas de conflito e tratamento médico de doentes e feridos, entre outras funções. Entre os 395 efectivos conta-se uma brigada de protecção contra armas químicas, que já esteve destacada no Sudão do Sul por cinco ocasiões, e cerca de 100 soldados, que já participaram em missões da paz, indicou a Xinhua.

O Mali atravessa um período de grande instabilidade, desde o golpe de estado de 2012, quando grupos rebeldes aliados a organizações extremistas tomaram o controlo do norte do país, durante dez meses.

Aquela forças foram expulsas em 2013, após uma intervenção militar liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no norte e no centro, escapam ainda ao controlo do Estado.

No domingo, o primeiro-ministro do país, Soumeylou Boubèye Maïga, ordenou o desarmamento de todos os portadores de armas, registadas ou ilegais, em todo o território do Mali.

Segundo a agência da ONU para os refugiados, a violência no centro do Mali causou nas últimas semanas a fuga de três mil cidadãos do país para o Burkina Faso.

 

Exercício no estreito

A China realizou exercícios militares com fogo real na costa sudeste, noticiou ontem a imprensa oficial, num período de renovadas tensões entre Pequim e Taipé devido ao apoio dos Estados Unidos ao governo da ilha. O Exército de Libertação Popular indicou que os exercícios envolveram a coordenação de vários tipos de helicópteros militares, que detectaram e atacaram alvos marítimos.

Segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, os exercícios terminaram às 22h de Macau. Não é claro se os exercícios são os mesmos que a China anunciou na semana passada para o estreito de Taiwan. No entanto, a televisão estatal chinesa CCTV informou que os exercícios anteriormente anunciados são dirigidos às forças independentistas de Taiwan, com a seguinte manchete no seu portal: “Não digam que não foram avisados!”.

O porta-voz do Ministério da Defesa de Taiwan, Chen Chung-chi, desvalorizou os exercícios, e afirmou que a China está a exagerar a escala das suas actividades para criar ansiedade entre a população da ilha. “O Partido Comunista Chinês jogou com intimidação verbal barata e fanfarronice através da imprensa estatal para criar pânico e mal-estar”, afirmou Chen, descrevendo os exercícios como regulares.

20 Abr 2018