Filipinas | China contra novas leis de domínio marítimo

O Presidente filipino, Ferdinand Marcos, promulgou sexta-feira leis que delimitam as águas territoriais das Filipinas e impõem corredores fixos para a passagem de navios e aviões estrangeiros, suscitando de imediato um protesto da China.

A primeira lei define as águas territoriais das Filipinas, bem como aquelas sobre as quais o país tem direitos, com base na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. As águas territoriais filipinas incluem algumas das áreas disputadas com Pequim, que reivindica a maior parte do Mar do Sul da China.

“Ao definir e afirmar as nossas zonas marítimas, estamos a mostrar à comunidade internacional que estamos firmemente empenhados em manter, cultivar e proteger o nosso domínio marítimo”, afirmou Marcos, citado pela agência francesa AFP.

O Governo chinês considerou que a medida “infringe gravemente a soberania territorial da China e os direitos e interesses marítimos no Mar do Sul da China”. “A China condena veementemente e opõe-se firmemente a esta medida”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, citada pela agência norte-americana AP.

Para Pequim, trata-se de uma tentativa de “solidificar a decisão ilegal do caso de arbitragem do Mar do Sul da China através de legislação nacional”, afirmou. Mao disse que o Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador das Filipinas em Pequim para apresentar um “protesto severo”.

A porta-voz apelou para que Manila ponha “imediatamente termo a qualquer acção unilateral suscetível de agravar o litígio e complicar a situação e a manter a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China”. “A China reserva-se o direito de adoptar todas as medidas necessárias”, acrescentou, segundo a transcrição da conferência de imprensa regular disponibilizada pelo ministério.

Caminhos (in)seguros

A segunda lei autoriza o Presidente a impor rotas marítimas e aéreas fixas que os navios ou aviões estrangeiros devem utilizar para atravessar as águas filipinas sem comprometer a segurança nacional.

Os navios e aviões estrangeiros que exerçam o direito de passagem “não ameaçarão nem usarão a força contra a soberania, a integridade territorial ou a independência política” das Filipinas, segundo o diploma.

A lei também proíbe os navios estrangeiros de pescar e de realizar exercícios militares, actividades de vigilância ou de recolha de informações, bem como interferir com os sistemas de telecomunicações. Os comandantes de navios e os pilotos de aviões podem ser condenados a até dois anos de prisão e a multas de até 1,2 milhões de dólares em caso de infração.

11 Nov 2024

Visita | Xi Jinping recebeu homólogo indonésio Prabowo Subianto

O Presidente chinês encontrou-se sábado em Pequim com o seu homólogo indonésio, na primeira viagem ao estrangeiro de Prabowo Subianto, que quer que Jacarta assuma um lugar mais proeminente na cena internacional.

A visita de Estado do antigo general de 73 anos à China começou na sexta-feira, dia em que aterrou na capital chinesa, e terminou ontem.

Segundo a China News, o Presidente Xi Jinping conduziu sábado uma pomposa cerimónia de boas-vindas ao seu convidado, no monumental Palácio do Povo, junto à famosa Praça Tiananmen, antes iniciarem conversações.

Pequim disse esta semana que esperava que a visita de Prabowo Subianto “promovesse, a um novo nível, a construção de uma comunidade de destino” entre os dois países.

“A China está disposta, juntamente com a Indonésia, a aproveitar a oportunidade desta visita para consolidar a confiança política mútua de alto nível”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa na terça-feira.

Prabowo Subianto deverá também encontrar-se com o primeiro-ministro Li Qiang e com a terceira figura do Partido Comunista, Zhao Leji.

O Presidente indonésio tomou posse em 20 de Outubro, prometendo prosseguir a política externa tradicionalmente não-alinhada de Jacarta. Pretende também tornar a quarta nação mais populosa do mundo mais visível na cena internacional.

11 Nov 2024

China destina 6 biliões de yuan para sanear “dívida oculta” das administrações locais

As autoridades chinesas revelaram sexta-feira um plano avaliado em 6 biliões de yuan (777,883 mil milhões de euros), para converter a “dívida oculta” das administrações locais e regionais do país, visando sanear os seus balanços.

O projecto de lei, proposto pelo Conselho de Estado (Executivo), visa permitir o aumento dos limites de endividamento dos governos locais, como forma de “substituir as dívidas ocultas existentes”, contraídas através de canais de financiamento informais conhecidos como “veículos financeiros da administração local” (LGFV).

O anúncio foi feito na sequência de uma reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, e surge quase um mês depois de o ministro das Finanças, Lan Fo’an, ter falado do plano de conversão.

Um dos problemas económicos que o país enfrenta é o da “dívida oculta” das administrações locais e regionais, que observadores estimam ultrapassar o equivalente a 8,5 biliões de euros.

A baixa procura interna e internacional, riscos de deflação e uma prolongada crise imobiliária são outras das razões apontadas pelos analistas para explicar o abrandamento da segunda maior economia do mundo.

O ministro das Finanças disse que esta “dívida oculta” dos governos locais ascendia a cerca de 14,3 biliões de yuan no final de 2023, e que a iniciativa sexta-feira anunciada vai reduzir esse valor para cerca de 2,3 biliões de yuan (, até 2028.

No entanto, as estimativas do Fundo Monetário Internacional apontam para uma “dívida oculta” acumulada através dos LGFV de cerca de 66 biliões de yuan, o dobro do valor registado em 2017. Alicia Garcia Herrero, economista-chefe do banco de investimento francês Natixis, avaliou recentemente a dívida acumulada pelos LGFV em cerca de 39,7 biliões de yuan.

História que se arrasta

Pequim está focada neste problema há anos: em 2018, apelou aos governos locais para que deixassem de acumular passivos através dos LGFV, entidades semi-públicas que foram criadas para contornar as restrições no acesso ao crédito e se espalharam pela China após a crise financeira de 2008.

“Manteremos uma postura de tolerância zero e investigaremos e puniremos quaisquer novas dívidas ocultas que descobrirmos”, avisou Lan sexta-feira, chamando à proibição de acumular mais passivos deste tipo uma ‘regra de ferro’. O valor final do plano está em linha com as previsões da maioria dos analistas.

11 Nov 2024

Encontro | Presidente italiano rejeita regresso aos “blocos rivais”

A visita do Presidente italiano a Pequim serviu para reforçar os laços entre as duas nações e reafirmar o desejo de ambas as partes de trabalhar em conjunto para um futuro global mais harmonioso, rejeitando o regresso à confrontação entre blocos adversários

 

O Presidente italiano alertou sexta-feira contra a tentação de regressar a uma ordem mundial de “blocos rivais” e saudou o diálogo construtivo durante uma visita de Estado à China para promover as relações entre os dois países.

“Colocar-nos um diante do outro” é uma “atitude” que ajuda a evitar a tentação de um “retorno anacrónico a um mundo de blocos rivais”, disse Sergio Mattarella.

O Presidente italiano destacou como “os italianos, membros fundadores da União Europeia, são defensores da importância de iniciativas que agreguem países que partilham interesses ou sensibilidades”, saudando o “multilateralismo, baseado em regras certas, partilhadas e vinculativas para todos”.

As mudanças radicais em curso em todo o mundo, que exigiriam harmonia, tornam as relações bilaterais particularmente importantes, e a China é um “protagonista fundamental” para a Itália, argumentou Sergio Mattarella antes das conversações com Xi Jinping em Pequim.

Sublinhando as “grandes, intensas, profundas e rápidas mudanças” no mundo, o chefe de Estado italiano sublinhou a necessidade de enfrentá-las num clima de “harmonia para serem examinadas conjuntamente” e de relações bilaterais, acrescentando que a China representa para a Itália um “protagonista fundamental”.

Grandes civilizações

A visita de Mattarella ocorre cerca de um ano depois de Itália se ter retirado da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” da China, um enorme projecto de infraestrutura global com o objectivo de construir uma ‘Rota da Seda’ moderna, e após uma visita realizada pela primeira-ministra, Giorgia Meloni, em Julho.

Na reunião com o Presidente italiano, realizada no Grande Salão do Povo, Xi Jinping afirmou que “a China e a Itália são grandes civilizações” e que estão a ocorrer “mudanças nunca vistas no último século”.

Por isso, acrescentou o Presidente chinês, os dois países devem trabalhar em conjunto “para resolver as divergências através do diálogo” com o objectivo de “alcançar uma coexistência harmoniosa”.

Bons amigos

Xi Jinping também considerou Mattarella “um velho amigo do povo chinês e um bom amigo” seu, sublinhando que foi “bem-vindo a outra visita ao Estado da China” sete anos após a sua última viagem.

O chefe de Estado chinês lembrou que este ano marca o 20.º aniversário da parceria estratégica global entre a China e a Itália. Em Julho, a primeira-ministra Giorgia Meloni “visitou com sucesso a China”, disse Xi Jinping.

“As duas partes elaboraram um plano de acção para fortalecer a parceria estratégica global e concordaram em apoiar o espírito da Rota da Seda e em promover as relações bilaterais para entrar numa nova fase de desenvolvimento”.

Dirigindo-se a Mattarella, o Presidente chinês disse acreditar que a visita dará um impulso mais forte às relações entre a China e a Itália num “novo ponto de partida histórico” que proporcionará “maiores benefícios às duas populações”.

Lembrou também que 2024 marca o 700.º aniversário da morte do famoso comerciante e explorador veneziano Marco Polo, cujos contos são o primeiro relato europeu da Rota da Seda. A Itália retirou-se da “Faixa e Rota” em Dezembro do ano passado, depois de ter aderido em 2019, tornando-se o único país do G7 a fazê-lo, mas a decisão de não renovar o envolvimento era esperada.

Durante a visita à China em Julho, Meloni anunciou que foram assinados seis acordos em áreas desde a indústria à segurança alimentar e educação.

Entretanto, durante a visita de Mattarella, China e Itália assinaram 10 acordos e memorandos, numa cerimónia com a presença dos presidentes dos dois países como parte da sua participação no Fórum Cultural Itália-China. Os acordos dizem respeito a uma série de sectores, incluindo a indústria cinematográfica e a concorrência.

11 Nov 2024

Ucrânia | Seul não exclui envio de armas para Kiev

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, disse ontem que o país não exclui a possibilidade de entregar armas directamente à Ucrânia, num eventual ajustamento da política de Seul neste domínio. A decisão foi anunciada na sequência de informações que dão conta do possível envolvimento de soldados da Coreia do Norte na guerra na Ucrânia.

“Dependendo do nível de envolvimento norte-coreano, ajustaremos gradualmente a nossa estratégia de apoio em várias fases. Isto significa que não estamos a excluir a possibilidade de fornecer armas”, declarou o chefe de Estado, em conferência de imprensa em Seul.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou na quarta-feira “os primeiros combates” das tropas ucranianas contra soldados norte-coreanos que se juntaram ao Exército russo na frente de batalha.

O responsável ucraniano voltou a pedir à comunidade internacional para que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que este passo russo para expandir a guerra falhe”.

O G7 – grupo das sete nações mais industrializadas do mundo -, a Nova Zelândia e a Austrália anunciaram na terça-feira que estão a preparar uma resposta coordenada à entrada de efectivos norte-coreanos na guerra russo-ucraniana.

8 Nov 2024

Japão | Lucro líquido da Nissan caiu 93,5% entre Abril e Setembro

O lucro líquido do fabricante japonês Nissan caiu 93,5 por cento entre Abril e Setembro, para 19.223 milhões de ienes, sobretudo devido à quebra nas vendas e ao ajustamento da produção. No mesmo período, que corresponde à primeira metade do ano fiscal japonês, o lucro operacional caiu 90,2 por cento, para 32.908 milhões de ienes, anunciou a empresa.

A Nissan Motor não publicou ontem a estimativa de lucro líquido para todo o ano fiscal, que terminará em Março de 2025, devido a “dificuldades em calculá-lo num ambiente de negócios em rápida mudança”, segundo disse o presidente e director executivo da empresa, Makoto Uchida, em conferência de imprensa. Entre Abril e Setembro, o volume de vendas caiu 1,3 por cento, para 5,9 biliões de ienes.

Cortes a direito

A quebra nas vendas levou ontem a Nissan a anunciar um corte de 9.000 postos de trabalho em todo o mundo, assim como um ajustamento na sua capacidade de produção

O responsável da Nissan Motor anunciou ainda que haverá mudanças na liderança da empresa, nos próximos meses, bem como cortes na remuneração dos seus executivos de topo, fruto dos resultados negativos ontem apresentados.

“Não vamos tornar a nossa empresa mais pequena, mas sim torná-la mais ágil e adaptável a um ambiente de negócios em rápida mudança”, disse Uchida, que também admitiu que a Nissan Motor “não foi capaz de se adaptar aos tempos” ou “capaz de ser rápida o suficiente.”

O responsável aludiu especificamente a “um mercado cada vez mais difícil e com mais concorrentes”, ao aumento do preço das matérias-primas, à escassez de semicondutores ou a um plano de vendas da empresa “excessivamente esticado” como factores para o agravamento da saúde financeira da Nissan.

8 Nov 2024

China/UE | Negociações intensas sobre tarifas de veículos eléctricos

A China e a União Europeia (UE) estão actualmente empenhadas em consultas intensivas sobre os detalhes específicos do plano de compromisso de preços de veículos eléctricos chineses, revelou o Ministério do Comércio.

A porta-voz da pasta, He Yongqian, fez as observações em conferência de imprensa esta quinta-feira, em resposta a uma pergunta sobre a imposição de tarifas da UE sobre veículos eléctricos da China, indica a Xinhua. A equipa técnica da UE chegou a Pequim a 2 de Novembro e as consultas entre os dois lados seguem os princípios de “pragmatismo e equilíbrio”, disse He.

Ao anunciar a imposição de tarifas em 29 de Outubro, o lado europeu disse também que continuará com as negociações sobre preços com o lado chinês.

Após uma discussão por videoconferência em 25 de Outubro entre o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, e o vice-presidente executivo e comissário do Comércio da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, ambos os lados reiteraram a sua vontade política de resolver as diferenças através do diálogo e comprometeram-se a discutir os preços para solucionar o diferendo.

8 Nov 2024

China | Antigo vice-ministro da Justiça detido após anúncio de “inspecções disciplinares”

A China anunciou ontem que o antigo vice-ministro da Justiça Liu Zhiqiang foi detido por alegadamente ter aceitado subornos, dias após Pequim lançar nova ronda de “inspecções disciplinares” no seio do Partido Comunista e do Estado.

O caso de Liu Zhiqiang (2016-2023) está agora nas mãos da Procuradoria Popular Suprema, para ser examinado e subsequentemente processado, depois de a Comissão Nacional de Supervisão – o principal organismo estatal anticorrupção da China – ter concluído a investigação, informou a instituição num breve comunicado.

A Procuradoria Popular Suprema também comunicou na quarta-feira a detenção do antigo vice-presidente da Câmara Municipal de Pequim, Gao Peng, por suspeita de suborno e negligência no exercício das suas funções.

Ambas as detenções ocorreram depois de o Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), a liderança máxima do partido, ter lançado nova ronda de “inspecções disciplinares de rotina”, que irá examinar as práticas de 34 departamentos centrais do PCC e do Estado.

De acordo com a agência de notícias oficial Xinhua, os inquéritos vão centrar-se no “desempenho das funções” das organizações do Partido, em particular na implementação de “planos de reforma”, na prevenção e mitigação de “grandes riscos” e na promoção de uma governação interna “rigorosa e abrangente”.

Os inspectores permanecerão nos departamentos acima mencionados durante cerca de dois meses, período durante o qual serão criadas linhas telefónicas e caixas de correio “para receber relatórios sobre violações disciplinares e outros problemas envolvendo funcionários do partido”, disse a Xinhua.

Plano de limpeza

Após ascender ao poder em 2012, o actual Presidente da China e secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, lançou uma campanha anticorrupção que resultou na condenação de milhares de altos funcionários chineses, tanto institucionais como de empresas públicas.

A 9 de janeiro, o Presidente instou o PCC a avançar com a “auto-reforma” e a redobrar a luta contra a corrupção, que, segundo ele, continua a representar uma situação “grave e complexa”.

Cerca de 470.000 casos de corrupção foram investigados pelas agências de supervisão e disciplinares do país nos primeiros nove meses de 2023 e resultaram em acusações contra 45 funcionários do Comité Central do PCC, o número mais elevado dos últimos dez anos.

8 Nov 2024

Economia chinesa | Exportações crescem em ritmo acelerado

Há mais de dois anos, que os números do comércio externo chinês não cresciam tão rapidamente. O mês de Outubro trouxe um aumento de quase 13 por cento nas exportações do país, superando por larga margem as melhores expectativas dos analistas

 

As exportações da China aumentaram 12,7 por cento, em Outubro, em termos homólogos, o crescimento mais rápido em mais de dois anos, de acordo com dados divulgados ontem pelas alfândegas do país asiático.

Os dados mostram que as importações caíram 2,3 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, enquanto o excedente comercial da China fixou-se em 95,7 mil milhões de dólares em Outubro, acima do valor de Setembro, de 81,7 mil milhões de dólares.

As exportações superaram em muito as estimativas dos analistas, que previam uma taxa de crescimento de cerca de 5,5 por cento. O valor supera também o crescimento de Setembro, de apenas 2,4 por cento. Foi a expansão mais rápida desde Julho de 2022.

As perspectivas para o comércio externo da China tornaram-se mais incertas depois da vitória de Donald Trump na eleição de terça-feira.

Trump prometeu aumentar as taxas alfandegárias sobre as importações da China para 60 por cento. O crescimento das exportações em Outubro sinaliza uma procura sustentada por produtos chineses no exterior, enquanto a procura no mercado interno permanece moderada.

Os economistas afirmaram que o efeito de taxas alfandegárias mais elevadas sob a égide de Trump só produziria efeitos no próximo ano.

“Embora as taxas propostas por Trump possam prejudicar o sector das exportações, o seu impacto será menos significativo do que muitos receiam – pensamos que poderão reduzir os volumes de exportação em cerca de 3 por cento – e poderá não se fazer sentir até ao segundo semestre de 2025”, afirmou Zichun Huang, da consultora Capital Economics, num relatório.

“Enquanto isso, o retorno de Trump pode criar um impulso de curto prazo para as exportações chinesas, já que os importadores americanos aumentam as suas compras para se anteciparem às tarifas”, disse.

Pacote surpresa

Espera-se que Pequim revele um pacote de estímulo há muito aguardado hoje, após uma reunião do órgão máximo legislativo do país, com o objectivo de revitalizar a economia, face a pressões deflaccionárias e fraca procura interna. Os dirigentes chineses têm-se esforçado por relançar a economia desde o fim da pandemia da covid-19.

Os Estados Unidos e a Europa aumentaram recentemente as taxas alfandegárias sobre as exportações chinesas de veículos eléctricos e outros produtos, o que obscureceu as perspectivas do comércio chinês como motor de crescimento. A queda prolongada do sector imobiliário também continua a ser um grande entrave à economia chinesa.

Os decisores políticos chineses já anunciaram uma série de medidas para impulsionar a economia, incluindo a antecipação de 200 mil milhões de yuan do orçamento do próximo ano para despesas e projectos de construção.

8 Nov 2024

EUA/Eleições: Laços ancestrais indianos de Usha Vance e de Harris entre orgulho e desilusão

Nos antípodas das ruidosas celebrações que eclodiram nos Estados Unidos, a aldeia indiana de Vadluru (sul) saudou hoje sem alarde a vitória de Donald Trump, orgulhosa da promoção da sua descendente mais ilustre ao posto de “segunda-dama”. Filha de imigrantes indianos, Usha Vance, 38 anos, é a mulher de JD Vance, futuro vice-Presidente.

O contraste acontece em Thulasendrapuram, 730 quilómetros mais a sudoeste de Vadluru, na aldeia do avô da candidata democrata derrotada nas presidenciais norte-americanas, onde a família da mãe de Kamala Harris tem laços ancestrais e onde as pessoas acabaram por sentir grande desilusão. Na aldeia de Vadluru, os sorrisos, porém, são muitos por verem JD Vance na vice-presidência.

Considerado um brilhante advogado, formado pelas universidades norte-americana de Yale e pela britânica de Cambridge, JD Vance nasceu nos subúrbios de San Diego (Califórnia), filho de uma pai cuja família é natural de Vadluru, no estado de Andhra Pradesh.

“Estamos felizes”, sorri um dos moradores da aldeia, Srinivasa Raju, 53 anos, ao anunciar o regresso de Donald Trump à Casa Branca. “Estamos orgulhosos”, acrescenta, entre as casas brancas e as palmeiras da pequena cidade, Venkata Ramanayy, 70 anos.

“Todos os indianos, não só eu, mas todos os indianos, estão orgulhosos de Usha por causa das suas origens indianas”, insistiu, afirmando esperar que a ‘segunda-dama’ “não se esqueça da aldeia e a beneficie”.

Os moradores de Vadluru rezaram para que Trump vencesse Harris, diz o padre hindu Appaji, 43 anos, vestido com uma túnica cor de açafrão. “Apoio Usha Vance e, portanto, apoio Trump”, explica depois de colocar uma vela para o Presidente eleito em frente à estátua do deus hindu com cabeça de elefante, Ganesh.

Appaji não esconde agora a esperança de um retorno mais concreto. “Se ela puder lembrar-se das suas raízes e fazer algo de bom pela aldeia, seria ótimo”, sublinhou o padre hindu, repetindo as palavras de Venkata Ramanayy.

No entanto, Usha Vance, que disse ainda praticar a religião hindu, nunca visitou Vadluru. Mas o mesmo Appaji garante que o seu pai esteve lá há cerca de três anos e que aproveitou para perguntar sobre o estado do templo.

Depois de o seu bisavô ter deixado a aldeia, o pai de Usha, Chilukuri Radhakrishnan, foi criado em Chennai (antiga Madras), antes de se mudar para os Estados Unidos para estudar. Tal como ele, milhões de indianos optaram por partir para os Estados Unidos.

Tornaram-se, de acordo com as estatísticas oficiais mais recentes, a segunda maior comunidade de origem asiática, com 4,8 milhões de representantes em 2020. A atmosfera era um pouco menos alegre 730 quilómetros mais a sudoeste, na aldeia do avô de Harris, que, apesar da derrota, os residentes de Thulasendrapuram afirmaram estar orgulhosos da democrata.

“Ela é uma fonte de inspiração para a aldeia”, garante T.S. Anbarasu, 63 anos, sublinhando que “todas as escolas da região conhecem Kamala Harris”. Nascida na Califórnia, a ainda vice-presidente norte-americana visitou várias vezes a aldeia indígena da sua família com a sua mãe.

Os residentes da aldeia, que seguiram atentamente os resultados das eleições nos seus ‘smartphones’, ficaram em silêncio quando o entusiasmo inicial se desvaneceu, pouco depois de começaram a ser noticiados os primeiros resultados que davam vantagem a Trump.

Os habitantes de Thulasendrapuram esperavam uma vitória de Harris e, na terça-feira, organizaram orações hindus especiais num templo local onde o nome da candidata democrata está gravado numa lista de doadores. Alguns planeavam também lançar fogo de artifício e distribuir doces se ela ganhasse.

“Estamos tristes com isso. Mas o que é que podemos fazer? Estava nas mãos dos eleitores daquele país. Foram eles que fizeram Trump ganhar. Só nos resta desejar o melhor a Trump”, disse J. Sudhakar.

À medida que os resultados se tornavam mais claros, um grupo de repórteres indianos que se encontrava no exterior do templo da aldeia também se dispersou rapidamente. A aldeia – palco de um breve espetáculo mediático e de euforia desde terça-feira – ficou então quase deserta.

7 Nov 2024

Monte Fuji | Registada primeira queda de neve mais tardia em 130 anos

O icónico vulcão e pico mais alto do Japão, o monte Fuji, registou ontem a primeira queda de neve da estação, sendo o momento mais tardio do ano em 130 anos.

O cume do Fuji, com 3.776 metros e situado entre as prefeituras de Shizuoka e Yamanashi, a oeste de Tóquio, costuma mostrar as primeiras manchas brancas no início de Outubro. No entanto, as temperaturas extremamente quentes dos últimos meses fizeram com que não caísse neve até agora.

O tempo quente persistiu nas últimas semanas, com uma temperatura média no cume de 1,6º C durante o mês passado, a mais elevada para Outubro desde que se iniciaram os registos em 1932, e 3,6°C acima da média.

Em 2023, a primeira vez que se viu neve na montanha foi a 05 de Outubro, enquanto o antigo recorde de atraso deste fenómeno meteorológico no local foi estabelecido em 1955 e 2016, quando nevou a 26 de Outubro em ambos os anos.

O Japão viveu este ano o Verão mais quente de que há registo, com temperaturas superiores a 40°C nos dias mais extremos, entre Junho e Agosto.

Em Setembro, as temperaturas continuaram mais elevadas do que o habitual, com cerca de 1.500 zonas do país a registarem dias “extremamente quentes” acima dos 35°C. O monte Fuji é um dos marcos naturais ou culturais do Japão onde se começou recentemente a implementar medidas para travar o impacto do excesso de turismo.

A vista do monte coberto de neve é uma das maiores atracções do país ao longo de todo o ano, um pico que é visível da capital japonesa em dias claros e que também aparece com destaque em obras de arte japonesas.

7 Nov 2024

Guiné-Bissau| Concedida à China prospecção e exploração de minério na zona de Boé

A Guiné-Bissau e a China Aluminium Corporation (CAC) assinaram um “acordo de parceria estratégica” para prospecção e exploração de minas no território guineense de Boé, disse ontem à Lusa o ministro dos Recursos Naturais, Malam Sambu.

À luz desse acordo, rubricado no início desta semana em Bissau, o Governo guineense cedeu à CAC parte de um território na localidade de Boé, no leste do país, onde se acredita existir um “importante jazigo” de bauxite, adiantou Sambu.

“Vão iniciar os estudos brevemente para determinar a quantidade de bauxite existente naquela mina”, disse o ministro dos Recursos Naturais.

O acordo assinado entre o Governo guineense e a CAC é o seguimento do memorando de entendimento rubricado aquando da visita do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, à China em Julho passado.

Estudos geológicos apontam que a Guiné-Bissau terá na localidade histórica de Boé – onde foi proclamada, de forma unilateral, a independência do país, em 1973 -, mais de 113 milhões de toneladas de bauxite, a principal fonte natural de alumínio.

Em 2007, o Governo guineense concedeu uma licença de exploração daquele minério à Bauxite Angola, uma empresa mista de direito angolano, que viria a interromper os trabalhos de prospecção, iniciados em Abril de 2012, na sequência de um golpe de Estado na Guiné-Bissau.

Por diversas vezes, desde então, a Bauxite Angola ensaiou o seu regresso, mas o projecto nunca mais avançou, até que em Dezembro de 2022, o Governo guineense anunciou, em Conselho de Ministros, a rescisão do contrato ao abrigo do qual havia concedido licença de exploração àquela empresa.

Em Março último, Malam Sambu anunciou que a licença de exploração de bauxite “está livre”, depois de o Governo guineense considerar que a Bauxite Angola abandonou a concessão.

7 Nov 2024

Fitch | Economia chinesa em risco de entrar em espiral deflacionária

A agência de notação financeira Fitch Ratings alertou ontem que a economia chinesa arrisca entrar numa espiral deflacionária, apesar das recentes medidas fiscais e monetárias anunciadas pelas autoridades do país, visando estimular a procura interna.

Num relatório, a Fitch Ratings apontou que a “potencial exacerbação das actuais tendências de oferta e procura, juntamente com desafios demográficos e de sobre-endividamento, representa um risco de queda sustentada dos preços”.

“A procura interna é fraca e um abrandamento do sector imobiliário mais prolongado do que o previsto constitui um risco significativo para as nossas previsões de crescimento”, lê-se na mesma nota.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno, que reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento, é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Observando que “as despesas de capital estão a aumentar mais rapidamente nos sectores orientados para a exportação”, a agência de ‘rating’ afirmou que um abrandamento da economia mundial em 2025 vai “provavelmente limitar o crescimento das exportações”.

“A evolução do lado da oferta vem agravar estas tendências. Os indicadores do mercado de trabalho sugerem que a oferta está a ultrapassar a procura. Os custos unitários do trabalho diminuíram em 2023 pela primeira vez desde 2000. Tudo isto indica um certo grau de folga na economia chinesa”, apontou.

A voz dos números

O índice de preços ao consumidor, principal indicador da inflação na China, subiu 0,4 por cento em Setembro, em termos homólogos. A inflação subjacente, que exclui os preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade, aumentou apenas 0,1 por cento.

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede os preços à saída das fábricas, afundou 2,8 por cento, em Setembro, reflectindo o excesso de oferta apontado pela Fitch. “Uma vasta gama de preços está a cair. Por exemplo, o PPI mantém-se em território negativo desde 2022”, afirmou o relatório.

O excesso de oferta na China está já a suscitar uma escalada de medidas proteccionistas, à medida que vários parceiros comerciais acusam o país asiático de ‘dumping’ – venda a preço inferior ao custo de produção.

A prática é susceptível de eliminar os concorrentes estrangeiros, incapazes de competir com os preços praticados pelos exportadores chineses.

A Fitch espera, no entanto, que a política fiscal se torne mais favorável, após Pequim ter anunciado uma redução das taxas de juro e outras medidas que visam injectar liquidez no mercado e estimular o consumo doméstico.

“Mas se a política orçamental se mantiver neutra, em vez de estimular a economia, isso constituirá outro risco fundamental para as perspectivas de crescimento e a dinâmica dos preços”, frisou.

7 Nov 2024

Líder da junta do Myanmar parte para primeira ida a Pequim desde golpe de Estado

O líder da junta militar do Myanmar (antiga Birmânia), Min Aung Hlaing, partiu ontem para a China na sua primeira visita desde o golpe militar de 2021, que mergulhou o país num conflito que Pequim tem procurado mediar.

O general deixou ontem de manhã o Myanmar, de acordo com a rede de televisão MWD, detida pelo exército do país, para participar numa cimeira de cooperação económica entre os países por onde passa o Rio Mekong (China, Myanmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietname) na cidade de Kunming, na região de Yunnan, no sudoeste da China, nos dias 6 e 7 de novembro.

Esta é a primeira viagem à China e uma das poucas viagens ao estrangeiro do líder da junta, que também se deslocou à Rússia e à Indonésia pouco depois do golpe de 1 de Fevereiro de 2021, para uma cimeira do Sudeste Asiático, para a qual foi posteriormente desconvidado.

Neste caso, a sua visita à China, que não condenou o golpe e que, tal como a Rússia, fornece armas ao Myanmar, reforça a legitimidade questionada de Min Aung Hlaing, numa altura em que o exército está enfraquecido por um movimento de guerrilheiros étnicos e pró-democracia.

A China, que enviará o primeiro-ministro Li Qiang à cimeira de Kunming, mas não está confirmado que se encontre com o general, minimizou a importância da visita, tendo o porta-voz da diplomacia chinesa sublinhado ontem apenas que o Myanmar é um “país importante na região” que tem participado “consistentemente” em tais reuniões.

No entanto, a visita surge num período de novas tentativas da China para garantir a estabilidade num país com o qual partilha mais de 2.200 quilómetros de fronteira e no qual tem vários projectos em andamento.

Águas passadas

Em Agosto passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, encontrou-se com o líder do golpe e instou-o a realizar “eleições inclusivas”. Um mês depois, a junta do Myanmar apelou às guerrilhas étnicas e às forças pró-democracia para que negociassem uma via política para a realização de eleições, proposta que foi rejeitada e repetida em Outubro.

Em Janeiro passado, também em Kunming, Pequim serviu de mediador entre a junta e uma poderosa aliança de guerrilheiros, que lançou a maior ofensiva do ano passado contra o exército – Operação 1027 – para um acordo de cessar-fogo que foi posteriormente violado.

Os apelos de Pequim à realização de eleições, bem como a visita do general à China, não foram bem acolhidos pela oposição do Myanmar.

Kyaw Zaw, porta-voz do Governo de Unidade Nacional (GUN), composto em parte por antigos membros da legislatura derrubada pelos militares e que reivindica ser a autoridade legítima do Myanmar, instou a China a reconsiderar o seu convite a Min Aung Hlaing num vídeo publicado no Facebook.

6 Nov 2024

CHRD | Condenada activista que denunciou uso de vacinas defeituosas

A activista chinesa He Fangmei, conhecida por denunciar a utilização de vacinas de baixa qualidade na China, foi recentemente condenada a cinco anos e seis meses de prisão, disse ontem a organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD).

A CHRD, que apelou à libertação imediata de He por uma condenação que considera “errada”, explicou na rede social X que, desde Outubro de 2020, a activista está em prisão domiciliária ou prisão preventiva e que vai cumprir pena por “provocar brigas e distúrbios”.

De acordo com a ONG, o gabinete de Segurança Pública de Huixian colocou He em prisão domiciliária por “provocar brigas e disputas”.

Em 2019, as autoridades chinesas aprovaram uma lei sobre a gestão de vacinas para conseguir uma supervisão mais rigorosa do sector, a fim de evitar escândalos como os que abalaram o país nos anos anteriores, impondo punições severas a quem produzir ou vender vacinas falsas ou de qualidade inferior.

Esse regulamento surgiu na sequência do escândalo social gerado por um caso de vacinas adulteradas, depois de as autoridades terem detectado que a empresa farmacêutica Changsheng Bio-Technology tinha utilizado materiais fora de prazo na produção de vacinas contra a raiva liofilizadas para uso humano e não tinha registado correctamente as datas ou os números de série dos produtos desde, pelo menos, 2014.

6 Nov 2024

Subianto em Pequim na primeira deslocação do seu mandato como PR indonésio

O Presidente indonésio, Prabowo Subianto, vai visitar a China esta semana, anunciou ontem Pequim, na primeira visita ao estrangeiro do seu mandato, numa altura em que pretende reforçar a posição internacional do seu país.

O antigo general, de 73 anos, vai realizar uma visita de Estado entre 8 e 10 de Novembro, informou Hua Chunying, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. Prabowo Subianto, que tomou posse a 20 de Outubro, prometeu prosseguir a política externa tradicionalmente não-alinhada de Jacarta. O responsável pretende também tornar a quarta nação mais populosa do mundo mais visível na cena internacional.

A visita à China ocorre depois de a Indonésia e a Rússia terem iniciado os primeiros exercícios navais conjuntos na segunda-feira. Pequim e Jacarta são parceiros económicos próximos.

Entre gigantes

Nas primeiras visitas ao estrangeiro desde que chegou ao poder, Prabowo Subianto também participa na cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico no Peru e na cimeira do G20 no Brasil, de acordo com Jacarta.

O Presidente deverá ainda visitar os Estados Unidos e o Reino Unido, informou o jornal Kompas no mês passado, citando fontes do palácio presidencial. Após a vitória eleitoral em Fevereiro, Prabowo Subianto aproveitou o período de transição de oito meses na chefia do Estado para visitar cerca de dez países, incluindo a China.

Subianto pretende seguir uma política externa mais activa do que a do antecessor, Joko Widodo, que se concentrou mais nas questões internas, nomeadamente na economia.

Desde há muito que Jacarta privilegia uma política externa neutra, recusando-se a tomar partido na guerra entre a Rússia e a Ucrânia ou a escolher entre a China e os Estados Unidos, duas grandes potências rivais. Mas Prabowo Subianto apelou ao estreitamento das relações com Moscovo, apesar das pressões do Ocidente.

6 Nov 2024

Economia chinesa | Li Qiang “plenamente confiante” no crescimento

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, disse ontem que está totalmente confiante na capacidade do seu país para atingir os seus objectivos económicos para 2024, sugerindo novas medidas de estímulo.

O Governo espera alcançar um crescimento do PIB de cerca de 5 por cento este ano. Mas a recuperação pós-Covid tem sido lenta, e a China registou o seu crescimento trimestral mais fraco em ano e meio no período entre Julho e Setembro.

As autoridades anunciaram medidas para estimular a actividade, incluindo cortes nas taxas de juro e a flexibilização das restrições à compra de habitação. No entanto, muitos analistas criticaram o facto de ainda não existir um plano de estímulo de grande envergadura.

Esse anúncio poderá ser feito esta semana, após uma reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China. “Estamos plenamente confiantes de que os objectivos deste ano serão alcançados e que a economia chinesa crescerá nos próximos tempos”, afirmou Li Qiang, em Xangai.

Oficialmente responsável pela política económica enquanto primeiro-ministro, Li discursou na cerimónia de abertura da Feira Internacional de Importação da China (CIIE), um importante evento comercial anual em que participam centenas de empresas estrangeiras.

O responsável sugeriu que as autoridades ainda têm margem de manobra para adoptar novas medidas. “Estamos a enfrentar uma pressão descendente sobre a economia, mas ainda há espaço para medidas fiscais e monetárias”, afirmou.

Altos e baixos

Após uma subida em flecha da bolsa há algumas semanas, alimentada pela esperança de um grande plano de estímulo, o optimismo recuou face a políticas que os mercados não consideram suficientemente fortes.

No entanto, recentemente, houve alguns sinais positivos. A actividade fabril aumentou no mês passado pela primeira vez desde Abril, de acordo com os dados oficiais publicados na semana passada.

No sector dos serviços, a actividade também acelerou em Outubro, de acordo com um índice independente publicado ontem pela S&P Global e pela revista Caixin.

Li Qiang afirmou: “Recentemente, os principais indicadores económicos da China recuperaram globalmente, a confiança do mercado aumentou significativamente (…) e verificaram-se muitas mudanças positivas na economia”. Mas a economia chinesa enfrenta um sério obstáculo: as crescentes tensões comerciais com alguns dos seus parceiros comerciais mais próximos, liderados pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.

Perante uma plateia de dignitários estrangeiros, incluindo os primeiros-ministros da Malásia, Eslováquia e Sérvia, reunidos na Feira Internacional de Importação da China, Li Qiang assegurou que a China está mais aberta ao investimento.

No entanto, alertou para o aumento do unilateralismo e do proteccionismo. “De um ponto de vista global (…) surgiram muitos problemas que não deveriam ter surgido”, sublinhou. “Em particular, todo o tipo de comportamentos desonestos, que provocaram um efeito destrutivo das regras”, sublinhou.

A China está particularmente irritada com as taxas alfandegárias punitivas impostas pela UE e pelos Estados Unidos sobre veículos eléctricos fabricados no país asiático. Em resposta, Pequim ameaça aumentar as taxas sobre aguardentes da Europa. Desde meados de Outubro, exige que os importadores depositem uma caução nas alfândegas chinesas. A China também lançou investigações antidumping sobre a carne de porco e os produtos lácteos importados da Europa, ameaçando estes sectores.

6 Nov 2024

Fukushima | Encerrado reactor nuclear que voltou a funcionar após desastre

Um reactor nuclear japonês que voltou a funcionar na semana passada, pela primeira vez em mais de 13 anos, após o desastre de 2011 na central de Fukushima, foi ontem encerrado, anunciou o operador. O reator n.º 2 da central nuclear de Onagawa, na costa norte do Japão, foi reactivado a 29 de Outubro e esperava-se que começasse a produzir energia no início de Novembro.

No entanto, teve novamente de ser encerrado devido a uma falha ocorrida, no domingo, num dispositivo relacionado com os dados de neutrões no interior do reactor, indicou o operador da central, a Tohoku Electric Power Co.

A empresa indicou que se decidiu pelo encerramento para reexaminar o equipamento e responder às preocupações de segurança dos residentes. Não foi anunciada nova data para o reinício da actividade.

O reactor é um dos três existentes na central de Onagawa, que fica 100 quilómetros a norte da central de Fukushima Daiichi, onde três reactores derreteram na sequência de um sismo de magnitude 9 e de um tsunami em Março de 2011, libertando grandes quantidades de radiação.

A central de Onagawa foi atingida por um tsunami de 13 metros desencadeado pelo sismo, mas conseguiu manter os sistemas de arrefecimento cruciais a funcionar nos três reactores e proceder ao encerramento destes em segurança.

Após a catástrofe de Fukushima, todas as 54 centrais nucleares comerciais do Japão foram encerradas para serem submetidas a verificações e melhorias na segurança. O reactor n.º 2 foi o 13.º dos 33 ainda em utilização a arrancar.

No ano passado, o Governo japonês adoptou um plano para maximizar a utilização da energia nuclear e está a tentar acelerar o arranque dos reactores para garantir um fornecimento estável de energia e cumprir o compromisso de atingir a neutralidade carbónica até 2050.

5 Nov 2024

Pyongyang-Moscovo | Seul pede medidas contra cooperação militar

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, apelou ontem à adopção de medidas contra a “cooperação militar ilegal” entre a Coreia do Norte e a Rússia, que disse representar uma ameaça à segurança da Coreia do Sul.

“A recente situação da segurança internacional e a cooperação militar ilegal entre a Coreia do Norte e a Rússia representam uma ameaça significativa para a nossa segurança nacional”, afirmou Yoon, citado pela agência sul-coreana Yonhap.

Seul receia que Pyongyang possa receber tecnologia militar da Rússia em troca do destacamento de tropas e, assim, modernizar as suas forças armadas.

Num discurso no parlamento de Seul lido pelo primeiro-ministro, Han Duck-soo, Yoon comprometeu-se a reforçar a segurança e a defesa no contexto do envio de tropas norte-coreanas para a Rússia para apoiar a guerra na Ucrânia.

“Iremos analisar minuciosamente todos os cenários possíveis para preparar contramedidas”, afirmou, também citado pela agência espanhola Europa Press. Yoon disse que Seul reforçou a aliança com os Estados Unidos e a cooperação com o Japão, e referiu que continuará a aumentar a capacidades de defesa e a preparação para eventuais ataques da Coreia do Norte.

Comprometeu-se também a alargar o apoio aos desertores norte-coreanos e a aumentar a sensibilização internacional para as questões dos direitos humanos na Coreia do Norte.

“Trabalharemos para alargar a compreensão e o apoio da comunidade internacional à visão de uma Coreia livre e unificada”, afirmou, referindo-se a uma opção descartada pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. As duas Coreias estão divididas desde a guerra de 1950-1953.

Aposta nos reforços

As autoridades sul-coreanas calculam a Coreia do Norte já enviou 11.000 tropas para a Rússia para serem destacadas para a guerra contra a Ucrânia. Seul disse que Pyongyang pagava cerca de 2.000 dólares mensais a cada soldado e que a força estava a ser treinada na Rússia, dadas as diferenças técnicas entre os dois exércitos.

Fontes governamentais admitiram a possibilidade de alguns dos soldados serem destacados para zonas de combate com as forças ucranianas, embora isso não implique necessariamente uma entrada na Ucrânia e possa limitar-se à frente de Kursk, na Rússia.

O discurso lido pelo primeiro-ministro sul-coreano destinou-se a apresentar o orçamento para 2025, no valor de 677,4 biliões de wons, um aumento de 3,2 por cento em relação ao ano anterior.

Yoon disse que a proposta de orçamento se centra na agenda de reformas do Governo nos sectores da saúde, das pensões, do trabalho e da educação, para fazer face aos desafios colocados por uma baixa taxa de natalidade e pelo envelhecimento da população.

Foi a primeira vez em 11 anos que um Presidente em exercício optou por não apresentar pessoalmente o orçamento na Assembleia Nacional, uma decisão criticada pelo líder do parlamento.

“A recusa do Presidente em apresentar o discurso sobre o orçamento é uma violação dos direitos do povo. Na qualidade de líder da Assembleia Nacional, que representa o público, lamento profundamente”, afirmou o democrata Woo Won-sik, segundo a Yonhap.

Enquanto os antigos presidentes só faziam o discurso do orçamento no primeiro ano de mandato e delegavam no primeiro-ministro nos anos seguintes, a antiga presidente Park Geun-hye estabeleceu a prática de o fazer anualmente a partir de 2013.

A decisão de Yoon de não proferir o discurso a meio do mandato de cinco anos surge num contexto de agravamento dos conflitos políticos entre o Partido do Poder Popular, no poder, e o Partido Democrático, principal formação da oposição, segundo a Yonghap.

5 Nov 2024

Hong Kong | Três mortes ligadas a ‘droga zombie’

As autoridades de Hong Kong confirmaram na sexta-feira terem suspeitas de que pelo menos três mortes estão relacionadas com uma nova droga sintética conhecida como ‘petróleo espacial’. Este narcótico, que é normalmente apresentado em cápsulas para cigarros electrónicos, contém etomidato, um anestésico que só pode ser prescrito por profissionais de saúde.

Chong Yeow-kuan, consultor do Laboratório de Referência em Toxicologia do Centro de Controlo de Venenos de Hong Kong, disse numa conferência de imprensa que, na ausência de outras causas óbvias de morte, a detecção de etomidato nos corpos dos falecidos sugere uma ligação directa com o uso desta substância.

O aumento da preocupação das autoridades com o ‘petróleo espacial’ deve-se também à subida nas detenções relacionadas com este composto, que cresceram quase 10 vezes em comparação com o ano anterior.

Até ao final de Setembro, a polícia de Hong Kong tinha detido 98 pessoas em 60 processos, confiscando um total de 2.800 gramas e 510 ml do produto. Entre os detidos, 16 eram jovens com menos de 21 anos. Em todo o ano de 2023, apenas nove pessoas tinham sido detidas em ligação ao ‘petróleo espacial’.

Esta droga é conhecida em Hong Kong como ‘droga zombie’ porque pode causar graves danos físicos e mentais, incluindo dependência, perda de memória, convulsões, perda de consciência e até morte, de acordo com o Comité de Acção contra as Drogas do governo da região chinesa.

As autoridades decidiram tomar uma posição pública mais firme contra a utilização e o tráfico do ‘petróleo espacial’, sublinhando a urgência de atacar este problema de saúde pública.

De acordo com a imprensa local, a polícia desmantelou um laboratório que produzia esta droga, apreendendo cerca de 1,5 quilogramas de etomidato, e deteve um homem de 20 anos. A polícia descreveu o laboratório como rudimentar e perigoso, alertando que o consumo de ‘petróleo espacial’ poderia facilmente levar a overdoses fatais.

5 Nov 2024

França | Pequim pede empenho para eliminação das taxas europeias sobre eléctricos

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, pediu ontem à ministra do Comércio Externo francesa, Sophie Primas, que “desempenhe um papel activo” para que as taxas impostas pela Comissão Europeia sobre veículos eléctricos chineses sejam removidas.

Wang pediu à ministra que “mostre sinceridade” e procure uma “solução intermédia” com Pequim, durante uma reunião no domingo na megalópole oriental de Xangai, onde a sétima Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) será inaugurada hoje, segundo um despacho da agência noticiosa oficial Xinhua.

A investigação levada a cabo pelas autoridades europeias “afectou seriamente” a cooperação entre a União Europeia (UE) e o sector automóvel chinês, disse o ministro, que reiterou o seu apelo ao “diálogo e consulta” para resolver as fricções comerciais.

Segundo a Xinhua, as equipas técnicas da UE e da China estão actualmente a realizar uma segunda ronda de consultas sobre as taxas alfandegárias aplicáveis sobre os automóveis eléctricos oriundos da China.

Wang assegurou que as investigações anunciadas pela China em retaliação contra estas taxas – sobre brandy, produtos lácteos e carne de porco da UE – “cumprem as regras da Organização Mundial do Comércio”, e reiterou a sua oferta à Comissão Europeia para “procurar uma solução a este respeito”.

De acordo com a Xinhua, Primas expressou a preocupação de Paris relativamente às investigações da China sobre o brandy e outros produtos, e garantiu que a França não quer que as tensões comerciais entre a China e a UE aumentem ainda mais.

A França é considerada uma das principais defensoras da imposição de taxas sobre veículos eléctricos chineses, que entraram em vigor a 30 de Outubro e que prevêem taxas adicionais até 35,3 por cento.

5 Nov 2024

China | Tripulação da estação espacial volta a casa após seis meses no espaço

Três astronautas chineses regressaram ontem à Terra após uma estadia de seis meses na estação espacial Tiangong, no âmbito dos esforços da China para liderar a próxima era de exploração espacial. Um paraquedas aparou a descida da cápsula até uma zona de aterragem remota na região autónoma da Mongólia Interior. A tripulação emergiu depois de aterrar à 01:24 da manhã.

Nos últimos anos, o programa espacial do país trouxe de volta rochas da Lua e colocou uma sonda em Marte. O próximo objectivo é pôr uma pessoa na Lua até 2030, o que faria da China a segunda nação a fazê-lo, depois dos Estados Unidos.

Os astronautas da estação espacial regressaram após terem recebido na semana passada uma nova equipa de três pessoas para a última missão de seis meses. A nova equipa, composta por uma mulher e dois homens, vai realizar experiências, fazer caminhadas espaciais e instalar equipamento para proteger a estação de detritos espaciais.

Um funcionário da agência espacial disse em Abril que a Tiangong teve que realizar várias manobras para evitar detritos e perdeu parcialmente a energia quando os cabos de energia da asa solar foram atingidos por detritos, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

A estação espacial Tiangong, que significa Palácio Celestial, foi concluída há dois anos e orbita a Terra.

Programa exclusivo

Até agora, apenas astronautas chineses foram para a estação espacial, mas um porta-voz da agência espacial disse na semana passada que a China está em discussões para seleccionar e treinar astronautas de outras nações para se juntarem às missões, informou a Xinhua.

Astronautas de várias nações já viajaram para a Estação Espacial Internacional, mas a China está impedida de participar nesse programa, principalmente por causa das preocupações dos EUA sobre o envolvimento do Exército chinês no programa espacial do país.

No mês passado, a China apresentou um plano ambicioso para se tornar líder na investigação científica espacial até 2050, em conjunto com os seus avanços na exploração espacial.

5 Nov 2024

China | Órgão legislativo reunido esta semana para abordar estímulos à economia

O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, está reunido em Pequim para fazer face ao abrandamento económico do país

 

 

Os principais líderes parlamentares chineses estão reunidos desde ontem para elaborar um plano de estímulos que, segundo os analistas, pode ser ainda mais ambicioso caso Donald Trump vença as eleições presidenciais norte-americanas esta semana.

Face ao abrandamento da segunda maior economia do mundo, Pequim anunciou várias medidas nas últimas semanas, incluindo a redução das taxas de juro e a flexibilização das restrições à compra de habitação. Mas o optimismo foi um pouco atenuado pelo facto de as promessas e as políticas anunciadas não terem sido consideradas suficientemente fortes pelos mercados, que esperavam um pacote de estímulos mais ambicioso.

Os analistas estão por isso atentos à reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, presidido por Zhao Leji. Este comité permanente deve examinar e aprovar toda a legislação, incluindo a relativa ao orçamento de Estado.

“Esperamos ver mais pormenores sobre as propostas que serão adoptadas”, escreveu Heron Lim, analista da Moody’s Analytics, destacando “a forma como um financiamento adicional será atribuído para resolver os problemas económicos a curto prazo”.

Os economistas da Nomura disseram esperar que os parlamentares aprovem esta semana um orçamento suplementar de cerca de um bilião de yuan, principalmente para as autoridades locais endividadas (ver caixa).

Os analistas antecipam também uma ajuda excepcional de um bilião de yuan de Pequim para os bancos, a fim de resolver o problema do crédito malparado dos últimos quatro anos. “Grande parte do dinheiro vai ser utilizada para cobrir perdas”, explicou Alicia Garcia Herrero, do banco de investimento Natixis. “Não se destinará, de facto, a estimular o crescimento”, acrescentou.

Espera-se que as potenciais medidas concretas sejam anunciadas no final da reunião, na sexta-feira. Nessa altura, já serão conhecidos os resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“Pensamos que os resultados das eleições norte-americanas terão alguma influência na escala do plano de estímulo de Pequim”, afirmou Ting Lu, economista-chefe da Nomura para a China, numa nota. Ambos os candidatos prometeram continuar a pressionar Pequim. Donald Trump afirmou que ia impor taxas alfandegárias punitivas de 60 por cento sobre todos os produtos chineses que entram nos EUA.

“A escala das medidas de estímulo fiscal (…) poderá ser 10-20 por cento maior no caso de uma vitória de Trump”, escreveu Ting. Mas “os principais desafios para Pequim vêm de dentro da China e não do exterior”, sublinhou.

Pedras no caminho

A China está a enfrentar um débil consumo interno, uma crise imobiliária e uma dívida pública galopante. Todos estes factores ameaçam o objectivo de crescimento do PIB para 2024, fixado pelo Governo em “cerca de 5 por cento”.

O sector imobiliário tem sido, desde há muito, um dos principais motores de crescimento do país asiático, mas está agora a enfrentar uma grave crise de liquidez. O preço médio das casas novas aumentou ligeiramente no mês passado, segundo a China Index Academy, após vários anos de declínio.

Mas muitas propriedades ainda estão inacabadas ou por vender. De acordo com as estimativas do Natixis, a sua aquisição por Pequim poderá custar até 3,300 biliões de yuan.

A situação do sector imobiliário está a pesar na confiança das famílias. “O consumidor médio chinês com um empréstimo imobiliário não sente que o seu poder de compra esteja a aumentar”, salientou Heron Lim, da Moody’s Analytics.

A espinhosa questão da gestão da dívida das administrações locais também estará na ordem do dia na reunião desta semana. Mas os problemas económicos da China não se limitam às casas vazias e à redução do consumo.

“A economia no seu conjunto está a perder produtividade devido à má afectação dos dinheiros públicos”, observou Alicia Garcia Herrero, em particular no que se refere à política industrial e aos subsídios. “Tudo isto tem de ser alterado”, afirmou.

Contra “dívida oculta”

O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China analisou ontem um projecto de lei do Conselho de Estado (Executivo) que visa permitir o aumento dos limites de endividamento dos governos locais, para “substituir as dívidas ocultas existentes”.

“Os legisladores analisaram um projecto de lei do Conselho de Estado sobre o aumento dos limites de endividamento das administrações locais, para substituir as dívidas ocultas existentes”, afirmou a agência noticiosa oficial Xinhua, em comunicado, sem dar mais pormenores.

5 Nov 2024

AstraZeneca | Chefe de filial chinesa sob investigação

O director da filial chinesa do gigante farmacêutico britânico AstraZeneca foi colocado sob investigação no país asiático, anunciou a empresa, após informações sobre alegada recolha ilegal de dados e importação de medicamentos não autorizados.

O presidente da AstraZeneca China, Leon Wang, está “a cooperar com as autoridades chinesas no âmbito de uma investigação em curso”, lê-se no comunicado emitido pelo grupo na quarta-feira. “As nossas actividades na China continuam sob a liderança do actual director-geral da AstraZeneca China”, acrescentou. “Caso seja solicitada, a AstraZeneca cooperará plenamente com a investigação”, lê-se na mesma nota.

A China é um mercado-chave para o grupo, que ganhou reconhecimento mundial durante a pandemia de covid-19 por ter desenvolvido uma das primeiras vacinas contra a doença.

Em Setembro, a empresa confirmou que vários funcionários estavam a ser investigados na China. Esta informação veio na sequência de notícias de que os funcionários estavam a ser questionados sobre uma possível recolha não autorizada de dados e importação ilegal de medicamentos.

As investigações levadas a cabo pelas autoridades de Shenzhen envolvem cinco pessoas de nacionalidade chinesa, algumas ainda empregadas pelo grupo e outras já não, segundo a agência de notícias financeiras Bloomberg.

Uma das investigações está relacionada com a recolha de dados de pacientes, que as autoridades acreditam ter violado as leis chinesas de protecção da privacidade, de acordo com a Bloomberg, que citou pessoas próximas do caso.

Outra investigação, envolve a importação de um medicamento contra o cancro do fígado que não foi aprovado na China continental, avançou a agência. A Astrazeneca, que tem sede em Cambridge, no Reino Unido, emprega 90 mil pessoas em todo o mundo.

1 Nov 2024