Milhares protestam em Hong Kong contra projecto multimilionário na ilha de Lantau

[dropcap]Q[/dropcap]uase seis mil pessoas da ilha de Lantau protestaram no domingo em Hong Kong contra a criação de uma ilha artificial que pode custar cerca de 500 mil milhões de dólares de Hong Kong, noticiou hoje o South China Morning Post (SCMP).

Em causa está o projecto proposto pela Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, intitulado de “Visão Lantau Amanhã”, que prevê a construção de um centro residencial e de negócios em 1.700 hectares de terras recuperadas, que deverão abrigar cerca de um milhão de pessoas, noticiou hoje o SCMP.

“Primeiro, há o ambiente, segundo, eles estão efetivamente a atacar os cofres públicos, e seria mais prudente gastar o dinheiro em áreas como a saúde e educação”, defendeu uma manifestante citada pelo SCMP, numa alusão ao facto do investimento estimado representar cerca de metade das reservas fiscais daquele território administrado pela China.

Outros opositores ao projeto sugeriram também impulsionar o aproveitamento dos terrenos de forma mais rentável para a ilha, incluindo o desenvolvimento de mil hectares de terras agrícolas ou de 1.300 hectares de áreas industriais abandonadas.

A esmagadora maioria dos residentes de Lantau são originários da ilha, muito desabitada e coberta de montanhas, caracterizada pelos vastos espaços verdes e procurada turisticamente pelas suas praias e mosteiros.

De acordo com Carrie Lam, a metrópole proposta para a zona leste da ilha pode tornar Lantau no terceiro distrito comercial de Hong Kong, logo depois de Central e Kowloon (Este).

15 Out 2018

Celebridade chinesa da Internet detida por “desrespeitar” hino da China

[dropcap]U[/dropcap]ma celebridade ‘online’ chinesa foi detida pela polícia, por cinco dias, ao abrigo da Lei do Hino, depois de ter cantado parte da Marcha dos Voluntários de forma “desrespeitosa”, durante a transmissão de um vídeo.

Yang Kaili, de 21 anos, que tinha 44 milhões de seguidores numa plataforma chinesa de transmissão de vídeos, “insultou” o hino nacional, em 7 de Outubro, segundo um comunicado da polícia do distrito de Jingan, em Xangai.

Yang falava de um festival de música, quando cantou o início da Marcha dos Voluntários, enquanto movimentava os braços no ar como um maestro.

O comunicado da polícia descreve o comportamento de Yang como “um insulto à dignidade do hino nacional”, que “causou repúdio aos internautas”.

A detenção de Yang decorre sob uma lei aprovada no ano passado, que determina que quem modificar o conteúdo ou cantar o hino de forma “distorcida ou desrespeitosa, em público”, pode ser detido até 15 dias ou condenado a uma pena de prisão até três anos.

Semelhante legislação foi também aprovada em Macau e Hong Kong, depois de vários incidentes na antiga colónia britânica envolvendo o hino chinês, incluindo ter sido vaiado em jogos de futebol.

Em Macau não há registo de manifestações públicas de desrespeito.

Yang publicou dois pedidos de desculpa na rede social Weibo, admitindo ter cometido um “erro estúpido”.

“O que eu fiz foi magoar os vossos sentimentos. Peço desculpa à pátria, aos fãs, aos internautas e à plataforma”, afirmou.

Yang revelou que vai suspender as transmissões para “estudar” e “assistir a filmes patrióticos”.

A plataforma Huya eliminou imediatamente os vídeos de Yang e bloqueou a sua conta.

O Vídeo

15 Out 2018

Hong Kong | Ex-deputada pró-democracia afastada de eleições

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong rejeitou, na sexta-feira, a candidatura de uma ex-deputada pró-democracia às eleições do Conselho Legislativo, decisão imediatamente contestada por activistas e grupos de direitos humanos. De acordo com o jornal South China Morning Post, Lau Siu-lai foi impedida de concorrer às eleições do Conselho Legislativo, no próximo dia 25 de Novembro, por já ter defendido a autodeterminação da região administrativa especial chinesa. A organização não-governamental (ONG) Hong Kong Watch, que monitoriza as liberdades e o Estado de direito no território, referiu que a decisão comprova que existe “uma avaliação política de candidatos de quem Pequim não gosta” que “viola o direito de participar em eleições justas e livres”. Na noite de sexta-feira, Lau e uma dúzia de activistas pró-democracia protestaram no exterior da sede do Governo de Hong Kong e marcharam até ao gabinete da Chefe do Executivo do território, de acordo com o mesmo jornal.

15 Out 2018

Espaço | Brasil celebra trinta anos de parceria com a China

A cooperação entre as duas nações já permitiu a produção de cinco satélites sino-brasileiros. O sexto lançamento deverá acontecer em 2019. Na calha está também uma parceria com Portugal

[dropcap]O[/dropcap] Brasil e China celebram este ano três décadas de cooperação bilateral na área de satélites e o director da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Coelho, afirmou ter também em vista projectos futuros com Portugal.

“O nosso relacionamento com Portugal, na área espacial, sempre foi muito pretendido. Portugal, há cerca de três anos, começou a pensar seriamente em desenvolver um programa espacial, envolvendo a Europa, mas procurou-nos (ao Brasil) também. Nós achamos esse projecto muito bom, uma oportunidade de retribuir o facto dos portugueses terem descoberto o nosso país”, afirmou José Raimundo Coelho, em entrevista à agência Lusa.

O director da Agência Espacial Brasileira (AEB) adiantou que a  oportunidade de parceria com Portugal já deu os primeiros passos, com a criação de um centro de desenvolvimento na área espacial nos Açores. José Raimundo Coelho disse ainda que, no momento, Portugal encontra-se a “atender uma chamada pública” que a Agência Espacial Europeia lançou, e espera que o Brasil possa ajudar nesse projeto.

“Essa seria uma forma de começarmos um projecto espacial com Portugal. Se não acontecer dessa maneira, o Brasil vai batalhar para que aconteça de outra forma”, afirmou o diretor da AEB, que confidenciou à Lusa ter ascendência portuguesa.

Laços fortes

No entanto, se as relações entre o Brasil e Portugal, na área espacial, ainda estão a começar, com a China a ligação já está bem consolidada, celebrando 30 anos de colaboração.

A parceria, conhecida como Programa Cbers (sigla em inglês para Programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), permitiu a produção de cinco satélites sino-brasileiros [pertencentes à China e ao Brasil] de recursos terrestres.

O sexto equipamento, o Cbers-4A, tem o seu lançamento previsto para o próximo ano, na cidade de Taiyuan.

Coordenado pela Agência Espacial Brasileira e pela Administração Nacional Espacial da China, o programa permitiu o desenvolvimento de um sistema completo para o fornecimento de imagens gratuitas a ambos os países e a mais de 20 nações da América do Sul, do sul de África e do sudeste asiático.

Para José Raimundo Coelho, esta parceria duradoura não podia ter melhores frutos: “Os resultados são excepcionais. Os brasileiros e os chineses já conversavam sobre a possibilidade de colaboração desde o ano de 1984, só que num outro segmento da área espacial”, disse.

No início, “os chineses já estavam um pouco avançados em relação ao Brasil, mas não muito, e isso foi óptimo, porque se estivessem muito avançados, essa união de esforços e competências não daria os resultados que acabou por dar”, afirmou o diretor da AEB.

Ao longos das últimas três décadas, foram lançados com sucesso o Cbers-1 (1999), Cbers-2 (2003) e Cbers-2B (2007). O Cbers-3 teve uma falha ocorrida no lançamento em Dezembro de 2013. O Cbers-4 foi lançado em Dezembro de 2014 e continua em operação.

O sexto satélite está em fase de testes e é desenvolvido em conjunto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial.

Um dos pontos mais importantes do programa Cbers é a distribuição das imagens geradas pelos satélites, cobrindo as áreas ambientais e agrícolas. A distribuição das imagens é gratuita e, actualmente, mais de 20 mil instituições brasileiras já receberam o material.

O Cbers-4A irá garantir a continuidade do fornecimento de imagens para monitorizar o meio ambiente, a expansão da agricultura e das cidades.

“Todas as pessoas do mundo podem precisar de usar (estas imagens). Por exemplo, se precisar de melhorar alguma infraestrutura, o governo (brasileiro) exige que se apresente imagens de satélite. Para se fazer uma escritura de um terreno, eles pedem imagens de satélite”, garantiu José Raimundo Coelho, assegurando que a distribuição dessas imagens é totalmente gratuita.

Estando o Brasil a atravessar um atípico período eleitoral, o director da Agência Espacial Brasileira assumiu que espera que o novo Presidente da República brasileiro apoie o desenvolvimento espacial no país.

“Essa é uma esperança constante nossa, de que todos os governos apoiem e reconheçam a importância que essa área tem para o país. Isso não quer dizer que esse apoio já tenha ocorrido no nível que devia. Nós temos muitas queixas a esse nível”, explicou.

“Tentamos usar exemplos de países que dão a devida importância à área espacial para sensibilizar o nosso governo. Às vezes conseguimos, outras vezes não”, lamentou.

15 Out 2018

Secretário dos Transportes de Hong Kong desconhece data de abertura da ponte HZM

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Transportes de Hong Kong afirmou desconhecer quando a ponte que liga a cidade a Macau e a Zhuhai vai abrir à circulação, desmentindo que a abertura ocorra no final deste mês.

“[Sobre a abertura] da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau no final deste mês, devo dizer que, para mim, isto é uma novidade. Não tenho qualquer ideia de quando a ponte vai abrir” à circulação, declarou Frank Chan Fan, no final de um programa de rádio em que participou no sábado, de acordo com o jornal South China Morning Post.

O secretário para os Transportes e Habitação da antiga colónia britânica afirmou que as três cidades continuam à espera que o Governo central dê “luz verde” para a inauguração.

Há 15 dias, à margem da cerimónia do 69.º aniversário da implantação da República Popular da China, também o chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, admitiu aos jornalistas desconhecer a data de abertura e indicou que a mesma será divulgada “em tempo oportuno”.

As autoridades de Hong Kong, Macau e Zhuhai realizaram, no final do mês passado, três dias de testes na ponte. Os resultados destes testes foram enviados para Pequim e deverão determinar a data de abertura, indicou o diário.

Considerada a maior travessia marítima do mundo, a ponte é um marco do projeto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e nove localidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing).

A estrutura principal mede 29,6 quilómetros, com uma secção em ponte de 22,9 quilómetros e um túnel subaquático de 6,7 quilómetros, numa extensão total de 55 quilómetros.

A construção começou em 2011 e previa-se a abertura para 2016, mas vários problemas, como acidentes de trabalho, uma investigação de corrupção, obstáculos técnicos e derrapagens orçamentais obrigaram a um adiamento da inauguração.

14 Out 2018

Capital Airlines quer voos directos entre Xi’an e Lisboa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] companhia aérea chinesa Capital Airlines pediu autorização às autoridades chinesas para iniciar um voo directo entre Xi’an, noroeste da China, e Lisboa, depois de ter suspendido, este mês, a ligação a partir de Pequim.

Segundo um comunicado da Administração da Aviação Civil da China, a que a agência Lusa teve acesso, a empresa quer arrancar com o novo voo em Dezembro deste ano.

A informação detalha que o voo terá duas frequências por semana e ficará a cargo dos aviões Airbus A330, com capacidade máxima para 440 passageiros.

Com cerca de 12 milhões de habitantes, Xi’an é a capital da província de Shaanxi, a cerca de mil quilómetros de Pequim.

Trata-se de uma das mais importantes cidades da China Antiga, servindo de capital ao longo de dez dinastias, incluindo os Qin (255 a 206 a.C.), Han (206 a.C. a 220 d.C.) e Tang (618 d.C. a 907 d.C.), e acolhe o ‘Exército de Terracota’, uma das principais atracções turísticas do país.

O pedido da Capital Airlines surge no mesmo mês em que suspendeu o voo direto, entre Hangzhou, na costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, lançado a 26 de julho de 2017, com três frequências por semana.

Contactada pela Lusa na altura em que anunciou a suspensão do voo, a empresa recusou detalhar os motivos, referindo apenas “razões operacionais”.

No primeiro ano que voou para Portugal, a Capital Airlines transportou mais de 80 mil passageiros, segundo dados divulgados por altura do aniversário. A taxa média de ocupação do voo fixou-se nos 80%, nos meses mais fracos, enquanto na época alta superou os 95%.

Em dívida

A Capital Airlines é uma das subsidiárias do grupo chinês HNA, que enfrenta uma grave crise de liquidez, depois de ter fechado o ano passado com uma dívida de 598 mil milhões de yuan, de acordo com os dados divulgados na apresentação dos resultados anuais da empresa.

A escalada nos custos de financiamento desencadeou uma onda de venda de activos do grupo, que tem sido um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas sobre “investimentos irracionais” no estrangeiro, que podem “acarretar riscos” para o sistema financeiro chinês.

No lançamento da ligação aérea, o primeiro-ministro português, António Costa, disse esperar que os voos directos Lisboa-Pequim fossem um reforço de Portugal como “grande ‘hub’ intercontinental” (centro de operações).

A afirmação de António Costa foi feita a 11 de julho de 2017 durante a cerimónia de inauguração dos voos directos Lisboa-Pequim, com a presença do presidente do parlamento da China, Zhang Dejiang, em visita a Portugal. Para António Costa, a abertura da rota Lisboa-Pequim tem um “enorme simbolismo” e “é a nova rota da seda do século XXI”.

12 Out 2018

Economia | Pequim pede ao Canadá que proteja livre comércio

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pediu ontem ao Canadá que proteja o comércio livre e rejeite medidas proteccionistas, numa aparente referência ao novo acordo comercial com Washington, que permite aos EUA travarem um acordo comercial entre Otava e Pequim.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, pediu a Otava que trabalhe em conjunto com a China para avançar com o acordo de livre comércio China-Canadá, durante uma conversa por telefone com a homóloga canadiana, Chrystia Freeland.

O apelo de Pequim surgiu dias após a conclusão das negociações para o acordo EUA-México-Canadá [USMCA, na sigla em inglês], que dá a Washington o direito de vetar um acordo entre os países vizinhos e uma “economia que não seja de mercado”, numa referência à China.

“A China espera que o Canadá adopte medidas concretas para proteger o comércio livre com a China, e que avance com a zona de comércio livre China-Canadá”, afirmou Wang Yi, segundo um comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“[Pequim] opõe-se a qualquer tipo de proteccionismo e comportamento que revele critérios duplos”, acrescentou. “Nenhuma tentativa que vise travar a modernização da China será bem sucedida”, sublinhou.

De acordo com o comunicado do Ministério chinês, Chrystia Freeland afirmou que o USMCA “não deve prejudicar os interesses legítimos” de outros países, e que o Canadá vai continuar a negociar acordos de livre comércio.

Esta semana, o secretário do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, afirmou que Washington vai tentar incluir a mesma cláusula em outros acordos, nomeadamente com a UE, o Japão e o Reino Unido.

Criticas e protestos

A embaixada chinesa em Otava condenou já o artigo 32.10 do USMCA, afirmando que “fabrica noções do que é, ou não, uma economia de mercado fora do quadro da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e serve de “desculpa para alguns países fugirem às suas obrigações e recusarem cumprir os seus compromissos internacionais”.

Na mesma nota, a embaixada chinesa protestou contra a “atitude hegemónica” dos EUA e disse “sentir pena” pelo Canadá, por ter renunciado à soberania económica.

A postura norte-americana ilustra a crescente bipolarização em torno das disputas comerciais entre Pequim e Washington, à medida que os EUA tentam isolar a China, visando contrariar as ambições chinesas no sector tecnológico.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas do país asiático.

“O risco de a China e os EUA entrarem numa nova guerra fria está a aumentar”, admitiu recentemente Tu Xinquan, professor na Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim.

Os EUA, a UE e o Japão recusam reconhecer a China como “economia de mercado”, por considerarem que a intervenção do Estado chinês a nível económico continua a ser forte.

12 Out 2018

Associação guineense alerta para ameaça à pesca ilegal no país da China, entre outros 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação guineense que participa no Festival da Lusofonia de Macau escolheu como tema a pesca tradicional daquele país, ameaçada por actores internacionais, entre eles a China, disse à Lusa a presidente daquela entidade.

“Hoje em dia tem havido fluxos de barcos da China que acabam por pôr em causa esse modo de vida”, afirmou a presidente da Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau em Macau.

Grazia Lopes criticou a pesca indiscriminada na zona económica exclusiva no país feito pela China, mas também pelos vizinhos da costa de África, como o Senegal, que na sua opinião estão a afectar “o modo de viver” dos guineenses, principalmente nas ilhas.

“A nós cabe-nos chamar a atenção às autoridades e às pessoas que têm alguma influência nesta área”, referiu a presidente, constatando que a associação não tem poderes para intervir, mas sim para mudar mentalidades e avisar para o problema.

Nesse sentido, a associação decidiu usar ‘palco’ do Festival da Lusofonia, que todos os anos acolhe em Macau milhares de pessoas dos países de língua portuguesa e também residentes locais, para mostrar “a importância da pesca tradicional na cultura guineense”, apontou a presidente.

“Dá-nos a oportunidade de mostrámos a nossa cultura e a forma como as famílias vivem”, disse.

O Festival da Lusofonia de Macau regressa às Casas-Museu da Taipa, entre 19 e 21 de Outubro, para recriar o ambiente das festas populares portuguesas, com música, artesanato e gastronomia dos países de língua portuguesa.

Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau vão ter expositores com artesanato e “petiscos e bebidas típicas” junto às Casas-Museu da Taipa.

11 Out 2018

Governo australiano trata “com cuidado” relacionamento com a China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro australiano disse hoje que o relacionamento de Camberra com a China é importante e tratado “com cuidado”, embora tenha admitido que as duas nações se mantêm distantes.

“A realidade é que temos relações comerciais muito construtivas com a China, [mas] não partilhamos os mesmos valores e princípios”, afirmou Scott Morrison à estação de rádio australiana 3AW.

A China é o principal parceiro comercial da Austrália, mas as relações bilaterais têm estado tensas nos últimos meses devido às suspeitas de que Pequim interferiu na política interna de Camberra.

Em relação às diferenças comerciais e à crescente tensão entre os Estados Unidos e a China, Morrison destacou o papel da Austrália na aproximação entre as duas nações.

“O nosso papel é fechar a lacuna” entre essas duas potências, argumentou Morrison. “Nós partilhamos valores e mantemos uma aliança profunda com os Estados Unidos e temos uma aliança estratégica com a China”, afirmou.

11 Out 2018

Timor-Leste está “viciado pelo petróleo” e sem alternativas económicas, diz presidente

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]imor-Leste é um país “viciado pelo petróleo”, cujo potencial “não está a ser estimulado, desenvolvido, trabalhado”, importando quase tudo o que consome e sem políticas públicas geradoras de emprego, disse hoje o Presidente timorense.

“Estamos a importar quase tudo. Temos um desemprego considerável e até agora uma teimosa incapacidade de políticas públicas geradoras de emprego”, afirmou, em Díli, Francisco Guterres Lu-Olo.

Na análise da situação atual, o Presidente timorense repetiu uma mensagem antiga, de que “a economia está excessivamente dependente das receitas petrolíferas”.

“O êxodo rural é um problema sério que desde já tem implicações negativas no nosso país. O reforço do setor privado, um verdadeiro imperativo na esfera económica”, afirmou num discurso perante os principais empresários do país.

Francisco Guterres Lu-Olo falava na abertura do 3.º Congresso Nacional da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste (CCI-TL), numa altura em que o país atravessa uma grave crise económica, provocada por mais de um ano de tensão política, ainda não totalmente resolvida.

O encontro conta com a presença de vários dos principais empresários timorenses e representantes de associações, cooperativas e entidades dos 12 munícipios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).

Sob o tema “Por um Setor Privado Mais Criativo, Produtivo e Sustentável”, esta reunião marca uma vontade de reforço da capacidade organizativa e de capacitação empresarial nacional para responder aos desafios nacionais, considerou.

“O setor privado tem um papel importante no desenvolvimento de qualquer economia. O Estado não pode deter o monopólio de potenciar a atividade económica do país, ou seja, não pode dinamizar a economia do país, detendo competência exclusiva”, disse Lu-Olo.

O chefe de Estado lembrou que quase 90% do orçamento é financiado através do Fundo Petrolífero de onde, desde a sua criação em 2005 e até 2017, “foram levantados mais de 9,6 mil milhões de dólares” (8,3 mil milhões de euros), com as receitas domésticas não petrolíferas a representarem pouco mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Um dos principais desafios da economia de Timor-Leste é o enorme desequilíbrio da sua balança comercial devido a importações muito grandes que não são compensadas por exportações significativas”, afirmou.

No ano passado, as importações de bens e serviços corresponderam a 58% do produto interno bruto não-petrolífero, com um défice comercial anual de mais de 900 milhões de dólares, referiu.

Lu-Olo insistiu que é urgente fortalecer outros setores da economia, com destaque para agricultura e pescas, o que ajudaria igualmente a combater a subnutrição no país e a fortalecer o emprego.

“O desemprego é um dos problemas mais graves da nossa sociedade atual. Apesar do setor privado timorense contribuir com mais de 60 mil empregos, ainda não é suficiente para acomodar os mais de 15 mil jovens que anualmente entram no mercado de trabalho”, alertou.

Aos empresários, o chefe de Estado sublinhou que “o setor privado nacional ainda é muito fraco” e exige esforços de capacitação, comprometendo-se a articular com o Governo para ajudar “a dotar de meios e de recursos o setor privado nacional” na fase atual de arranque.

11 Out 2018

Mais de metade da população chinesa viajou durante Semana Dourada

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de metade da população chinesa viajou dentro do país e gastou, no conjunto, 75.200 milhões de euros, durante as viagens, entre 1 e 7 de Outubro, período que assinala a fundação da China comunista.

No período conhecido como ‘semana dourada’, um total de 726 milhões de chineses realizaram viagens domésticas. Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo.

Segundo o ministério chinês do Comércio, durante aquela semana, os sectores da restauração e retalho facturaram 1,4 biliões de yuan, sobretudo em comida orgânica, têxtil, televisões de alta definição ou veículos.

Durante o último dia de férias, 15,2 milhões de pessoas viajaram de comboio, de acordo com o operador nacional China Railway Corporation, que reforçou as ligações ferroviárias com 800 comboios durante aquele período.

Fotografias difundidas nas redes sociais chinesas mostram uma densa massa humana ao longo de várias secções da Grande Muralha, uma das principais atracções turísticas da China.

Mas dados publicados pela agência noticiosa oficial Xinhua colocam a província de Guizhou, uma das mais pobres do país, entre os destinos mais visitados, com um total de 49 milhões de turistas, uma subida homóloga de 37,6%.

Entre 1 e 7 de Outubro, 6,63 milhões de chineses viajaram para fora do país, mais 9,8% do que durante o mesmo período do ano passado, segundo dados difundidos pela televisão estatal CCTV.

Tailândia, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Rússia, Canadá, Estados Unidos, França e Reino Unido estão entre os destinos mais visitados.

11 Out 2018

Guerra comercial | China avisa que não vai subjugar-se aos EUA

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China avisou ontem que não vai subjugar-se aos Estados Unidos, mesmo que Washington imponha mais taxas alfandegárias sobre bens chineses, num sinal de que a guerra comercial entre os dois países se deverá agravar.

“Existe a ideia nos EUA de que, enquanto continuarem a aumentar as taxas alfandegárias, a China vai recuar. Eles não conhecem a história e cultura chinesas”, advertiu o ministro do Comércio chinês, Zhong Shan, num comunicado difundido pela agência noticiosa Bloomberg.

“Esta nação inabalável sofreu ameaças de países estrangeiros várias vezes na História, mas nunca sucumbiu, nem nas condições mais difíceis”, afirmou Zhong.

O ministro chinês lembrou também que a China “não quer uma guerra comercial, mas vai erguer-se para enfrentar as disputas”.

“Os EUA não devem subestimar a determinação e vontade da China”, sublinhou.

Trata-se, até à data, da mais forte tomada de posição da China à decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de impor taxas alfandegárias sobre quase metade dos bens chineses importados pelos EUA.

O comunicado de Zhong Shan surgiu poucos dias depois da deslocação do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a Pequim, onde se reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.

Confiança minada

Wang disse que os EUA danificaram a “confiança mútua” e que devem parar com “acções incorretas” contra a China, enquanto Pompeo admitiu existirem “divergências fundamentais” entre os dois países.

Os EUA acusaram a China de forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia, enquanto protege as firmas domésticas da concorrência externa. Mas Zhong Shan reiterou que a China não usurpa tecnologia.

“Quero enfatizar que as leis e regulações chinesas não contêm qualquer exigência sobre transferência de tecnologia, e que a compra de tecnologia e patentes é apenas um comportamento do mercado”, disse.

O ministro defendeu que “o desenvolvimento económico e o progresso cientifico e tecnológico da China devem-se à reforma e abertura [do país] e aos esforços do povo chinês”.

Mas as disputas entre os dois países superaram, nas últimas semanas, as questões comerciais, com Trump a acusar a China de interferir nas eleições intercalares norte-americanas.

Na semana passada, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, condenou ainda Pequim por usar “todos os meios ao seu dispor” para minar o sistema político norte-americano.

11 Out 2018

Mulher de ex-director da Interpol desaparecido na China revela ameaças

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mulher do ex-director da Interpol que desapareceu na China revelou que tinha recebido um telefonema ameaçador avisando-a de que agentes iriam buscá-la, mas sublinhou que continuará a lutar por informação sobre o paradeiro do marido.
Na sua primeira entrevista individual desde que Meng Hongwei desapareceu, Grace Meng negou acusações de suborno ao seu marido, uma figura destacada, e disse que falar publicamente sobre o seu desaparecimento estava a colocá-la “em grande perigo”, em declarações à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

Meng Hongwei – que é também o vice-ministro da Segurança Pública da China – desapareceu numa viagem de regresso à China no fim do mês passado.

Membro de longa data do Partido Comunista, com décadas de experiência no grande aparelho de segurança da China, Hongwei, de 64 anos, é o mais recente alto responsável a ser vítima de uma purga contra elementos alegadamente corruptos ou desleais à administração autoritária do Presidente Xi Jinping.

Falando à AP na segunda-feira à noite, num hotel em Lyon, França, onde está sediada a Interpol, Grace Meng disse que o marido estava fora há mais de uma semana, numa viagem à China, quando ela recebeu uma chamada ameaçadora no seu telemóvel de um homem que falava chinês.

Tinha acabado de pôr os seus dois filhos pequenos na cama em casa, em Lyon, e recordou que o seu último contacto com o marido foi por mensagem escrita, a 25 de setembro, quando este escreveu “espera pela minha chamada” e lhe enviou um ‘emoji’ de uma faca, depois de viajar para a China. Mas afinal, não telefonou à mulher.

Em vez dele, ligou um homem que não se identificou, dizendo-lhe “Ouça, mas não fale. Nós trouxemos duas equipas de trabalho, duas equipas só para si”.

A única pista que o homem deu sobre a sua identidade foi, segundo Grace Meng, ter dito que costumava trabalhar com o seu marido, o que sugere que fazia parte do aparelho de segurança da China, e que sabia quem ela era.

Em resultado disso, Grace Meng encontra-se agora sob proteção da polícia francesa.

Ao falar publicamente sobre o desaparecimento do marido, ela adotou uma atitude praticamente inaudita na política chinesa, onde tais jogadas são encaradas como afrontas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros não respondeu ainda a um pedido de comentário feito na terça-feira à noite, em Pequim.

As autoridades chinesas indicaram na segunda-feira que Meng Hongwei estava a ser investigado judicialmente por aceitar subornos e por outros crimes resultantes da sua “vontade”.

Algumas horas antes, a Interpol disse que Meng se tinha demitido do cargo de presidente daquela agência policial internacional, não tendo ficado claro se o fez de livre vontade.

A sua mulher sugeriu que a acusação de suborno foi só uma desculpa para o manterem detido por muito tempo.

“Como mulher dele, penso que ele é simplesmente incapaz de uma coisa dessas”, sustentou, acrescentando estar disposta a divulgar publicamente o conteúdo das contas bancárias de ambos.

Grace Meng explicou que decidiu falar na esperança de que, ao fazê-lo, isso pudesse ajudar outras famílias em circunstâncias semelhantes.

“Sinto que tenho a responsabilidade de me erguer. Só quando se por tanta dor como eu se pode compreender que mais pessoas têm estado a sofrer”, frisou.

10 Out 2018

Presidente chinês elogia combate à corrupção e reformas em Angola 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, enalteceu o combate à corrupção e reformas “profundas” lançadas pelo homólogo angolano, João Lourenço, durante um encontro no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

“Após ser eleito Presidente, [João Lourenço] impulsionou reformas profundas, combateu a corrupção e abriu-se ao mundo, com políticas que têm o apoio do povo angolano”, afirmou Xi.

“Angola está a conseguir acelerar o seu desenvolvimento e acredito que vai registar progressos ao longo dos próximos anos”, acrescentou.

João Lourenço foi recebido hoje, em Pequim, por Xi Jinping, com guarda de honra, salvas de canhão e o hino dos dois países tocado por uma banda militar.

A cerimónia decorreu junto à porta leste do Grande Palácio do Povo, de frente para a Praça Tiananmen, o centro físico e político da capital chinesa.

Os dois estadistas reuniram-se a seguir num dos salões do Grande Palácio do Povo, onde assistiram à assinatura de acordos para evitar a dupla tributação e de cooperação económica e técnica, e uma linha de crédito de 3.000 milhões de dólares, disponibilizada pelo Banco de Desenvolvimento da China.

Os dois lados assinaram ainda um memorando de entendimento para formação de recursos humanos.

João Lourenço sublinhou a “reação encorajadora” e “disponibilidade” de Pequim para financiar a construção de infraestruturas em Angola, nomeadamente estradas, caminhos de ferro, barragens, portos e aeroportos.

“Devo sublinhar que temos procurado apresentar projetos que possam contribuir para o crescimento económico de Angola, e melhorar a sua capacidade de reembolsar os créditos que recebe”, afirmou.

Lourenço, que tomou posse como chefe de Estado angolano a 26 de setembro de 2017, lembrou ao homólogo chinês que Angola vive uma “nova era”, com “maior abertura ao mundo, maiores direitos e liberdades para os seus cidadãos” e “maior transparência e concorrência nos negócios”, com “menos burocracia e mais combate à corrupção”.

O líder angolano enfatizou ainda a importância do investimento privado chinês em Angola, numa relação que tem sido dominada pela aliança entre os dois Estados.

“Considero que este será um importante fator dinamizador da economia e do desenvolvimento do nosso país, por via da geração de recursos, aumentando a produção interna de bens e serviços de consumo e as exportações, que nos permitirão fortalecer a capacidade interna de geração de divisas”, disse.

Trata-se da segunda visita de João Lourenço a Pequim no espaço de 40 dias, depois de ter participado na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), no início de setembro.

A China é hoje o maior cliente do petróleo angolano e, depois de a guerra civil em Angola ter acabado, em 2012, tornou-se um dos principais atores da reconstrução do país, nomeadamente das suas estradas, caminhos de ferro e outras infraestruturas.

Segundo estimativas da China Africa Research Initiative, da Universidade Johns Hopkins, desde 2000, Angola recebeu um total de 42 mil milhões de dólares (36,6 mil milhões de euros) em crédito chinês.

O programa do Presidente angolano na China inclui ainda uma deslocação a Tianjin, o maior porto do norte do país, a cerca de 150 quilómetros da capital, e uma visita ao Centro Tecnológico da gigante de telecomunicações chinesas Huawei, no norte de Pequim.

10 Out 2018

Ministro dos Negócios Estrangeiros japonês vai a Díli para analisar relações bilaterais

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aro Kono vai efectuar uma visita de 24 horas a Timor-Leste para inaugurar uma ponte e assinar um novo acordo de colaboração entre as duas nações

O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês inaugura na sexta-feira uma nova ponte em Díli, durante uma visita que efectua a Timor-Leste e em que deverá ser assinado um novo acordo de cooperação, disseram ontem fontes do Governo timorense.

Taro Kono inaugura a nova ponte sobre a ribeira de Comoro, na zona ocidental da capital timorense, Díli, oferta do Governo japonês.

A ponte, que está aberta ao público desde 13 de Setembro, teve um custo de cerca de 26 milhões de dólares e permite uma ligação alternativa para uma das zonas de maior expansão da cidade.

Com um comprimento de 249 metros e ligações dos dois lados da ribeira que totalizam mais de 3,2 quilómetros, a obra inclui ainda uma estrada até perto da zona de Tasi Tolu e uma nova ligação à rotunda do aeroporto Nicolau Lobato, esta última ainda em curso.

Segundo as fontes do executivo, deverá ser assinado um novo acordo entre a agência de cooperação japonesa (JICA) e o Instituto Nacional de Administração Pública (INAP) timorense.

Dar a conhecer

O apoio à formação e capacitação de recursos humanos é um dos elementos centrais da cooperação japonesa com Timor-Leste, em particular através do projecto da Bolsa de Desenvolvimento de Recursos Humanos (JDS, na sua sigla em inglês).

Segundo a cooperação japonesa, o objectivo do projeto JDS, atualmente implementado em 15 países, é “apoiar o desenvolvimento de recursos humanos nos países receptores da ajuda japonesa, através de funcionários governamentais altamente capacitados e outros”.

O objectivo é conceder bolsas a formandos timorenses para estudarem em universidades japonesas para que adquiram “conhecimento especializado, conduzam pesquisas e construam redes” de contactos.

Durante a vista de 24 horas a Díli, Taro Kono deverá reunir-se, entre outros, com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, com o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak e com o ministro dos Negócios Estrangeiros interino, Agio Pereira.

A deslocação do chefe da diplomacia japonesa a Timor-Leste insere-se numa visita mais ampla à região, que inclui passagens pela Austrália e Nova Zelândia e ainda a participação nas reuniões anuais do FMI, que decorrem em Bali, na Indonésia.

10 Out 2018

FMI revê em baixa crescimento mundial da economia

O relatório do Fundo Monetário Internacional indica um crescimento económico global abaixo das previsões de Julho passado. O documento agora divulgado traça vários cenários possíveis da guerra comercial desencadeada pelo Estados Unidos e o seu impacto nas diversas economias mundiais

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa o crescimento da economia mundial devido ao aumento das taxas de juros e às crescentes tensões sobre o comércio.

O FMI divulgou na segunda-feira que a economia global crescerá 3,7% este ano, o mesmo que em 2017, mas abaixo dos 3,9% previstos em julho, revendo em baixa a estimativa para o desempenho de 19 países que usam o euro e para a Europa Central e Oriental, América Latina, Médio Oriente e África Subsariana.

O relatório foi divulgado no âmbito dos Encontros Mundiais do FMI e do Banco Mundial, que se prolongam até 14 de outubro em Bali, na Indonésia. O FMI indicou esperar que a maior economia mundial, a dos Estados Unidos, cresça 2,9% este ano, o ritmo mais rápido desde 2005, mantendo a previsão de Julho.

Em Bali, o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, afirmou que “o crescimento nos Estados Unidos permanece excepcionalmente robusto no momento”, atribuindo o desempenho à política fiscal da administração do Presidente Donald Trump.

Contudo, o FMI previu que o crescimento norte-americano caia para os 2,5% em 2019, por causa da guerra comercial com a China, apesar do impulso que resulta dos recente cortes nos impostos. Mas este efeito deverá diluir-se com o tempo, alertou.

Por outro lado, ainda que a organização mundial tenha notado que a inflação pareça estar sob controlo, em torno da meta de 2%, avisou que a verificar-se um aumento dos preços e da inflação “isso pode causar um aumento das taxas de juros mais rápido do que o esperado atualmente” e “um aumento do dólar com efeitos potencialmente negativos sobre a economia global”.

Efeitos da guerra

O Fundo não alterou também a sua previsão de crescimento da economia chinesa para 2017 (6,6%), mas, também devido à tensão comercial com os EUA, reviu em baixa o crescimento da China no próximo ano, estimando-o em 6,2%, o que a confirmar-se será o menor registado no país desde 1990.

As perspectivas para o comércio mundial também expressam um menor optimismo: o FMI estimou que o comércio global cresça 4,2% este ano, abaixo dos 5,2% em 2017 e dos 4,8% esperados na análise realizada em Julho.

Para o Fundo Monetário Internacional, uma guerra comercial desenfreada vai desacelerar o crescimento da economia global.

Mesmo no pior cenário em que se concretizariam todas as ameaças norte-americanas sobre os produtos importados da China e de outros países, o seu impacto seria inferior a um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB), para um crescimento global estimado em 3,7% para 2018, 2019 e 2020.

No curto prazo, os efeitos dessa guerra comercial seriam duas vezes mais prejudiciais para a economia chinesa do que para a dos Estados Unidos.

O crescimento da maior economia do mundo, a norte-americana, baixaria de 2,5% para 1,6% em 2019, enquanto o da segunda cairia de 6,2% para 4,6%, segundo cálculos divulgados pelo FMI.

Para a China, esse nível de crescimento seria o menor já registado desde que o país se começou a industrializar.

No Japão, a terceira maior economia do mundo, o crescimento passaria de 0,9% para cerca de 0,4%, enquanto a zona do euro, a menos afectada, veria o PIB descer de 1,9% para 1,5%.

Tal desaceleração, no entanto, agravaria os problemas de desemprego em alguns países europeus já afetados por altos níveis de endividamento.

Uma rápida desaceleração do crescimento colocaria o Japão em risco de gerir uma deflação.

Em 2023, a China e os Estados Unidos perderiam cada um 0,6 pontos percentuais do PIB, mas, no longo prazo, uma guerra comercial total seria mais prejudicial para a economia dos EUA do que para a economia chinesa, segundo o FMI.

A economia norte-americana perderia um ponto do PIB em relação a uma situação comercial estável, enquanto a China perderia apenas meio ponto. Ainda no pior cenário, em pontos percentuais, o Japão perderia 0,4 e a zona euro 0,2 em 2023.

Níveis de impacto

O FMI desenvolveu um cenário de cinco níveis com base nas medidas já tomadas ou que os Estados Unidos poderiam tomar em 2019 em relação aos parceiros comerciais, bem como em relação aos efeitos.

O primeiro é o aumento das tarifas aduaneiras já registado entre os Estados Unidos e a China, cujo impacto foi incluído na última análise económica global.

O segundo leva em conta a taxação de 25% sobre 267 mil milhões de dólares de importações chinesas para os Estados Unidos, o terceiro os efeitos de tarifas punitivas sobre todos os produtos chineses que entram no mercado norte-americano.

Nesse nível, a indústria automóvel dos Estados Unidos e os fornecedores seriam particularmente afetados, com efeitos colaterais no México, Canadá e Japão.

O quarto nível incorpora os efeitos dessas medidas nos projectos de investimento, enquanto o quinto nível inclui uma deterioração das condições de financiamento das empresas.

No entanto, o FMI concluiu a análise antes dos Estados Unidos, Canadá e México anunciarem um amplo acordo que elimina o risco de uma disputa comercial entre os três países.

10 Out 2018

Taiwan | Exercícios militares na véspera do Dia Nacional

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aiwan promoveu ontem exercícios militares na véspera do Dia Nacional, o que não acontecia há décadas, com a participação do Exército e da Força Aérea, e a presença do Presidente Tsai Ing-wen e o homólogo paraguaio Mario Abdo Benítez.

O Presidente taiwanês lançou, nos últimos anos, uma forte campanha para fortalecer as defesas, com promessas de aumentar o orçamento militar e acelerar o desenvolvimento do seu próprio equipamento de guerra, incluindo submarinos.

Na ocasião, Tsai Ing-wen supervisionou os exercícios de terra e ar do Exército em Taoyuan, norte de Taiwan, em que a defesa era simulada contra ataques inimigos no ar e na costa. Nos exercícios militares participaram tanques, aviões e helicópteros, unidades de artilharia e plataformas de defesa aérea.

10 Out 2018

China espera que visita de Mike Pompeo ajude a restabelecer a confiança

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China afirmou ontem esperar que a visita a Pequim do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, restabeleça a confiança mútua entre os dois países, apelando ao fim das “más práticas”, que levaram ao deteriorar das relações.

“Estamos dispostos a manter os contactos com a parte norte-americana, mas julgamos que as más práticas dos Estados Unidos em algumas questões não contribuíram para a cooperação”, afirmou em conferência de imprensa Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

O porta-voz disse que Washington deve voltar ao “caminho certo” e “mostrar a sua disposição em trabalhar com a parte chinesa, para alcançar uma melhoria nas relações entre os dois países”.

Pompeo reuniu-se ontem com o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, para analisar possíveis avanços na desnuclearização do regime norte-coreano, numa altura de crescentes disputas comerciais entre os dois países.

“Pompeo mostrou a sua vontade em trabalhar sobre a questão da península coreana e a China está também disposta a tratar deste assunto”, afirmou Lu.

“Como dois importantes membros do Conselho de Segurança, a China e os EUA têm necessidade de reforçar a cooperação em certas questões internacionais, e restabelecer a confiança mútua”, disse.

9 Out 2018

China | Condenada cláusula que dá aos EUA direito de veto no acordo com Canadá e México

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap[ diplomacia chinesa condenou este fim de semana a “cláusula envenenada” no novo acordo comercial entre Estados Unidos, Canadá e México, que permite a Washington travar um acordo comercial entre estes países e a China.

A embaixada chinesa em Otava afirmou, em comunicado, que o artigo 32.10 do Acordo EUA-México-Canadá [USMCA, na sigla em inglês], “fabrica noções do que é ou não uma economia de mercado fora do quadro da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e serve de “desculpa para alguns países fugirem às suas obrigações e recusarem cumprir os seus compromissos internacionais”.

Na mesma nota, a embaixada chinesa protestou contra a “atitude hegemónica” dos EUA e disse “sentir pena” pelo Canadá, por ter renunciado à soberania económica.

Em causa está a cláusula imposta pelos EUA no USMCA, que exige ao Canadá e ao México que notifiquem Washington em caso de negociação de um acordo comercial com uma “não economia de mercado”.

A cláusula obriga os países a revelarem detalhes sobre as negociações e permite a Washington romper o acordo comercial com estes, caso façam um acordo com Pequim.

Os EUA, a UE e o Japão recusam reconhecer a China como “economia de mercado”, por considerarem que a intervenção do Estado chinês na economia continua a ser forte. Uma decisão contrária retiraria poderes aos outros países ao nível das acusações de ‘anti-dumping’ – produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico – na OMC.

Fechar portas

O comunicado da embaixada chinesa é a primeira reacção pública da China à cláusula incluída no USMCA, concluído na semana passada, em substituição do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês).

No domingo, fonte da Casa Branca, citada pelo jornal Financial Times, afirmou que Washington vai tentar incluir a mesma cláusula em outros acordos, nomeadamente com a UE, o Japão e o Reino Unido.

“Será isto um precedente para o futuro? Absolutamente”, afirmou a mesma fonte. “É importante ter a certeza que qualquer acordo que façamos não é minado e que a China não encontra uma porta traseira para aceder ao mercado norte-americano”, acrescentou.

9 Out 2018

Economia | Injectados 110.000 milhões de dólares face a guerra comercial

O objectivo das autoridades chinesas visa reduzir o impacto da disputa comercial com os norte-americanos e ao mesmo tempo fortalecer o desenvolvimento económico

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China anunciou que vai reduzir o dinheiro de reserva dos bancos comerciais, permitindo libertar 110.000 milhões de dólares norte-americanos em crédito, e atenuar o impacto da guerra comercial com Washington.

O Banco do Povo (banco central) indicou, no domingo, que vai cortar o coeficiente de reservas obrigatórias em 1%, a partir de 15 de outubro, para garantir um “crescimento razoável do crédito” e impulsionar o desenvolvimento económico.

Analistas consideraram que a decisão constitui um sinal de crescente preocupação de Pequim em relação ao impacto na economia doméstica das disputas comerciais com os Estados Unidos.

“Este é um sinal de flexibilização da política monetária que visa contrariar [os efeitos] da guerra comercial EUA/China, e mostra a determinação de Pequim em manter o ritmo de crescimento [económico]”, afirmou, em comunicado, Liao Qun, economista sénior do China Citic Bank.

O investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais Zhang Ming considerou, em comunicado, que a medida do banco central é uma resposta de Pequim à desaceleração económica, relativamente às disputas comerciais.

“O aprofundamento das disputas comerciais com os EUA vai reduzir o peso do comércio externo no crescimento”, considerou.

Vários indicadores económicos apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia chinesa.

Em queda

Em Setembro, a actividade da indústria manufactureira da China caiu para o nível mais baixo desde Fevereiro, perante a queda das encomendas para exportação e da produção e inventário.

No turismo, os gastos nos primeiros quatro dias da ‘semana dourada’ aumentaram 8,1%, em termos homólogos, depois de, no ano passado, terem crescido 21%, segundo dados oficiais.

E desde o início das disputas comerciais entre Washington e Pequim, a bolsa de Xangai caiu mais de 20%.

A redução nas taxas de reserva obrigatórias, pela quarta vez este ano, contrasta também com a política monetária dos EUA.

No final de Setembro, a Reserva Federal (Fed) norte-americana subiu as taxas de juro em 25 pontos base, no terceiro aumento desde o início do ano, para o nível mais alto da última década.

O economista do banco francês Natixis, em Hong Kong, Xu Jianwei afirmou que o Governo chinês não tem outra opção a não ser adoptar uma política monetária diferente dos EUA.

“Numa guerra comercial, a economia chinesa vai enfrentar mais dificuldades, face à menor confiança dos investidores (…) a China tem que injectar mais liquidez [na economia]”, afirmou.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas do país asiático. Pequim retaliou com taxas sobre bens norte-americanos.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

9 Out 2018

Interpol | Pequim acusa ex-presidente de ter recebido subornos

A viagem de Meng Hongwei à China em Setembro deste ano revelou-se fatal para o ex-presidente da instituição de cooperação policial. O antigo vice-ministro da Segurança Pública de Pequim está detido pela prática de alegados actos de corrupção que colocaram em “perigo” o partido

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da República Popular da China acusaram o ex-presidente da Interpol Meng Hongwei de ter recebido subornos, poucas horas depois de terem confirmado que se encontrava detido por alegada “violação da legislação estatal”.

A Comissão Central de Inspecção Disciplinar do Partido Comunista – entidade responsável pelas investigações de corrupção – informou no domingo através de um breve comunicado publicado nos jornais locais, que Meng Honngwei tinha sido acusado de “violação da legislação” do Estado.

O ministro da Segurança Pública, Zhao Kezhi, convocou ontem responsáveis do Partido Comunista para comunicar a acusação contra Meng que “aceitou subornos” e “violou a lei”.

O Comité do Partido Comunista da República Popular da China mostrou “apoio unânime” à investigação e “à luta anticorrupção liderada pelo presidente Xi Jinping”.

As autoridades chinesas destacaram também que os actos de alegada corrupção cometidos por Meng puseram em “perigo” de forma “grave” o partido e a polícia e acrescentaram que vai ser formado um grupo de trabalho para perseguir todos os “alegados cúmplices” do ex-presidente da Interpol.

Os delitos de corrupção não foram especificados.

Meng, 64 anos, foi vice-ministro da Segurança Pública do Governo de Pequim até Novembro de 2016, altura em que foi nomeado para o cargo de presidente da Interpol.

Sem regresso

A família de Meng Hongwei tinha denunciado o desaparecimento do ex-presidente da Interpol logo após uma deslocação à República Popular da China, no passado dia 25 de Setembro.

No sábado, o secretário-geral da Interpol, o alemão Jurgen Stock pediu a Pequim para “clarificar a situação” do presidente da organização.

Entretanto, no domingo a Interpol anunciava que tinha recebido a renúncia do presidente da organização “com efeito imediato”.

A mulher do ex-presidente da Interpol, Grace Meng, que tinha denunciado junto da polícia francesa o “desaparecimento preocupante” do marido disse durante o fim de semana aos jornalistas de Lyon, cidade francesa onde está instalada a sede da Interpol, que o marido se “encontrava em perigo”.

A Interpol, organização de cooperação policial, é constituída por 192 países.

9 Out 2018

Pequim e Luanda vão acabar com dupla tributação nas transacções comerciais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngola e China Pequim e Luanda vão assinar um acordo que evita a dupla tributação nas transacções comerciais durante a visita oficial que o Presidente angolano, João Lourenço, efectua hoje e amanhã a Pequim, anunciou ontem fonte oficial.

Fonte da Casa Civil do Presidente da República de Angola indicou que os dois países deverão assinar um conjunto de acordos bilaterais, mas não adiantou quais, desconhecendo-se o ponto de situação das negociações para um novo pacote de empréstimo chinês avaliado em 11.700 milhões de dólares.

Segundo a Casa Civil do Presidente da República, durante a visita, João Lourenço tem na agenda desta terça-feira, primeiro dia, encontros com Xi Jinping e com o primeiro-ministro, Li Keqiang, bem como com outros altos dirigentes governamentais.

João Lourenço, que deixou Luanda no sábado, é acompanhado por uma delegação de alto nível, composta por dois ministros de Estado, Manuel Nunes Júnior, do Desenvolvimento Económico e Social, e Frederico dos Santos Cardoso, chefe da Casa Civil do Presidente da República, bem como o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano.

Na delegação estão também os ministros das Relações Exteriores, Manuel Augusto, das Finanças, Archer Mangueira, Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, e Energia e Águas, João Baptista Borges.

Ao longo da última década, a China alcançou uma posição proeminente na economia de Angola, com as relações sino-angolanas a caracterizarem-se, por um lado, pela crescente procura chinesa por petróleo e por recursos financeiros e, por outro, pela necessidade de reconstrução e pela produção do crude do país.

9 Out 2018

Álcool | China enfrenta aumento “alarmante” de doenças de fígado

O último relatório da Organização Mundial de Saúde sobre o consumo de álcool e os problemas de saúde daí derivantes revela que a China tem vindo a enfrentar um número crescente de hospitalizações relacionadas com a ingestão de bebidas alcoólicas. As doenças de fígado mais do que duplicaram no período entre 2002 e 2013

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comportamento da população chinesa em relação ao álcool tem vindo a mudar nos últimos anos e o último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), relativo ao consumo de álcool e problemas de saúde daí derivados revela uma nova tendência.

Nos últimos anos têm-se registado cada vez mais casos de doenças de fígado causadas pelo álcool, como é o caso das cirroses, e o panorama a curto prazo não deverá sofrer grandes alterações. Os autores do relatório pegam nos casos que o Beijing 302 Hospital, um dos maiores hospitais do país, situado na capital, tem recebido ao nível das doenças hepáticas.

“O Beijing 302 Hospital é um grande hospital que trata pacientes oriundos da maioria das zonas da China, incluindo cerca de 40 mil doentes por ano com doenças de fígado. Os que são tratados com este tipo de patologias reflectem a tendência das doenças hepáticas na China. No período de 2002 a 2013, a distribuição dos tipos de doenças de fígado mudou no hospital, com uma maior proporção da doença de fígado causada pelo álcool, que mais do que aumentou.”

Além disso, “neste período a maioria dos doentes com esta patologia, cerca de 98%, eram homens”. O relatório cita mesmo um estudo publicado em 2017 onde se afirma que “o número de pacientes com esta doença constitui um sinal alarmante na China”.

O documento não contém dados relativos às regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, mas mostra que, no resto do mundo, o cenário é também preocupante. Mais de três milhões de pessoas morreram, no mesmo período, devido a complicações de saúde causadas pelo álcool, sendo que uma em cada 20 mortes é causada pelo consumo excessivo deste tipo de bebidas.

Contudo, as mortes não acontecem apenas devido a doenças de fígado. A grande causa de fatalidades no mundo dos consumidores de álcool deve-se a lesões diversas, representando uma fatia de 28 por cento. Seguem-se as mortes por doenças do foro digestivo, enquanto que 19 por cento dos consumidores morre por problemas de coração. “As restantes causas de morte devem-se a doenças infecto-contagiosas, cancros, problemas do foro mental e outros estados de saúde que se possam atribuir ao consumo de álcool.”

Citado pela CNN, Vladimir Poznyak, coordenador do departamento de abuso de substâncias da OMS, defendeu que “o consumo do álcool continua a ser bastante elevado”. E a prevenção ainda não é suficiente. “Todos os países poderiam fazer muito mais para reduzir os custos de saúde e sociais do uso prejudicial do álcool.”

Empurrados pela economia

O consumo de álcool per capita aumentou nos últimos anos na zona do Pacífico Ocidental e regiões do sudeste asiático, onde se incluem os territórios “altamente povoados” como a China e a Índia. E também nestes países se bebeu muito. Na China bebia-se, per capita, 4,1 litros de álcool em 2005, valor que subiu para 7,1 em 2010 e 7,2 litros em 2016. Na Índia, bebia-se, em 2005, um total de 2,4 litros, seguindo-se 4,3 litros em 2010 e 5,7 litros em 2016.

A nível mundial, aponta o relatório, “o álcool é consumido por mais de metade da população em apenas três regiões”, sendo elas as Américas, Europa e Pacífico Ocidental. Nesta última, houve um aumento do consumo de 51,5 por cento registado no ano de 2000 para 53,8 por cento em 2016, “tendo-se mantido estável na zona sul e sudeste asiático”.

O aumento de doenças hepáticas causadas pelo consumo de álcool não deverá estar dissociado do crescimento económico que a China tem conhecido nos últimos anos, uma vez que a OMS estabelece este paralelismo.

“A estabilidade económica dos países está associada a um maior consumo de álcool e uma maior prevalência de consumidores habituais em regiões abrangidas pela OMS.”

Se olharmos para o género dos consumidores de álcool, os homens continuam a liderar a tabela dos bebedores. “Em todas as regiões abrangidas pela OMS, as mulheres bebem menos frequentemente do que os homens, e quando as mulheres bebem, bebem menos do que os homens.”

Há, contudo, uma zona do mundo onde o panorama é diferente. “Em todo o mundo a prevalência do consumo por parte das mulheres reduziu na maioria das regiões, à excepção do sudeste asiático e regiões do Pacífico ocidental, mas o número das consumidoras habituais aumentou no mundo.”

Bebidas ilegais

Quase metade do álcool que é consumido no mundo, ou seja, 44,8 por cento, são bebidas espirituosas. Segue-se a cerveja, que representa no panorama global 34,3%, e o vinho, com 11,7 por cento.

A OMS declara que “ocorreram poucas mudanças em termos de preferências de bebidas desde 2010. As grandes alterações ocorreram na Europa, onde houve um decréscimo de 3% no consumo de bebidas espirituosas e um aumento de 3% no consumo de vinho e cerveja.”

O consumo no seio dos adolescentes não é ignorado neste documento. “Mais de um quarto (26,5%) dos adolescentes entre os 15 e 19 anos são consumidores de álcool, o que representa 155 milhões de pessoas. Os resultados dos inquéritos nas escolas revelam que em muitos países da América, Europa e Pacífico Ocidental o consumo começa antes dos 15 anos e a prevalência do consumo de álcool entre os estudantes de 15 anos representa uma percentagem entre 50 a 70%, com ligeiras diferenças entre rapazes e raparigas.”

No meio destes números, a OMS faz também referência ao álcool que é produzido informalmente e que escapa ao controlo das autoridades, sobretudo nos países onde o consumo é proibido.

“Cerca de 25,5 por cento do álcool consumido em todo o mundo não está registado. Trata-se do álcool que não está incluído nas estatísticas oficiais para fins de impostos ou vendas tal como é normal na sua produção, sendo vendido em canais informais que estão fora do controlo do Governo”, lê-se.

Publicidade sem controlo

As declarações de Vladimir Poznyak são sustentadas por alguns dados constantes no relatório relativamente à publicidade: se a maioria dos países não permite anúncios a marcas de álcool, a verdade é que esse controlo escapa quando esses anúncios chegam aos meios digitais.

“A grande maioria dos países têm algum tipo de restrições à publicidade a cerveja, com uma total eliminação na televisão e rádio. Cerca de metade dos países afirmaram não ter quaisquer restrições na internet e redes sociais, o que sugere que a regulação acontece fora das inovações tecnológicas e do marketing. [Por sua vez] um total de 35 países não possuem qualquer regulação nos media.”

Só em África existem 17 países onde os Governos não criaram qualquer tipo de regulação, incluindo 11 nas Américas.

No que diz respeito ao pagamento de impostos, a quase totalidade dos países abrangidos pela OMS, ou seja, 95 por cento, cobram impostos sobre o álcool, mas menos de metade têm estratégias ao nível de preços, como o ajustamento de impostos tendo em conta a inflação.

O futuro não promete uma redução do consumo, bem pelo contrário. A OMS prevê um aumento per capita nos próximos dez anos, especialmente nas zonas do sudeste asiático, Pacífico Ocidental e Américas.

“Até 2025 o total de consumo de álcool por parte de pessoas com idade igual ou superior a 15 anos deve aumentar nas Américas, sudeste asiático e Pacifico ocidental.” Contudo, “haverá uma compensação por quebras substanciais no consumo de outras regiões”. “Como resultado, o total de consumo de álcool per capita no mundo pode ser de 6,6 litros em 2020 e sete litros em 2025”, conclui a OMS.

9 Out 2018

Investimento chinês captado através dos vistos ‘gold’ cai 24% até Agosto e o de origem turca mais que duplica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] investimento chinês captado através dos vistos ‘gold’ caiu 24% entre Janeiro e Agosto em termos homólogos, para 194,3 milhões de euros, enquanto o de origem turca mais que duplicou para 69,4 milhões de euros.

De acordo com os dados fornecidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), nos primeiros oito meses do ano foram atribuídos 348 autorizações de residência para atividade de investimento (ARI) a cidadãos de nacionalidade chinesa, num total de 194,3 milhões de euros, uma redução de 24% face a igual período de 2017.

Nos primeiros oito meses do ano passado, foram concedidos 450 vistos ‘gold’ a cidadãos de nacionalidade chinesa, num total de 256,5 milhões de euros.

A China, a par do Brasil, África do Sul, Rússia e Turquia, é uma das cinco nacionalidades com maior expressividade no âmbito da concessão de vistos ‘dourados’, como também são conhecidos estes instrumentos de captação de investimento.

O investimento turco em Portugal tem vindo a aumentar, tendo o valor mais do que duplicado (148%) nos primeiros oito meses do ano, face ao período homólogo de 2017, para 69,4 milhões de euros (129 ARI).

No caso do Brasil, até Agosto foram concedidos 108 ARI, num total de 86,7 milhões de euros, menos 41,8% que um ano antes.

O investimento proveniente de África do Sul recuou 47% para 22,8 milhões de euros, tendo sido concedidos 41 ARI.

Também o investimento oriundo da Rússia recuou até agosto – redução de 202% -, para 20,3 milhões de euros e 32 ARI.

No ano passado, o número de ARI atribuídos a cidadãos de nacionalidade russa tinha sido igual – 32 -, mas o valor do investimento superior (28 milhões de euros).

O investimento captado através dos vistos ‘gold’ subiu 33% em agosto, face a igual período de 2017, para 45,7 milhões de euros e aumentou 75% face a julho.

Em termos acumulados – desde que os vistos ‘gold’ começaram a ser atribuídos, em 08 de outubro de 2012, até agosto último –, o investimento total captado ascende a 3.967.108.844,37 euros, dos quais 370.144.760,19 euros por via da transferência de capital e 3.596.964.084,18 euros pela aquisição de bens imóveis.

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 6.498 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017 e 945 em 2018.

Em termos acumulados, foram concedidos 6.141 vistos pelo requisito da aquisição de bens imóveis, 345 por transferência de capital, e 12 pela criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.

A China lidera a lista de ARI atribuídas (3.936 até Agosto), seguida do Brasil (581), África do Sul (259), Turquia (236) e Rússia (227).

8 Out 2018