Ilhas Salomão | Pequim elogia corte de laços com Taipé

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês enalteceu ontem a decisão das autoridades das Ilhas Salomão de “reconhecer o princípio ‘uma só China'” e romper os laços diplomáticos com Taiwan como a confirmação “da irresistível tendência desta era”.
“Apoiamos esta importante decisão, que as Ilhas Salomão tomaram por si, como um Estado soberano independente”, lê-se no comunicado da porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.
Segundo a agência noticiosa oficial de Taiwan CNA, 27 dos 33 deputados da coligação maioritária de quatro partidos no Parlamento de Salomão – que tem 50 cadeiras – votaram a favor de passar a reconhecer Pequim como o Governo legítimo de toda a China, em detrimento de Taipé, enquanto os restantes seis se abstiveram.
A decisão foi posteriormente aprovada pelo governo do primeiro-ministro, Manasseh Sogavare, que assumiu o cargo após eleições em Abril.
“A decisão do Governo das Ilhas Salomão de reconhecer o princípio ‘uma só China’ e estabelecer laços diplomáticos com a China atesta que este princípio atende ao desejo dos cidadãos e constitui uma tendência irresistível desta era”, defendeu o Governo chinês.
Hua enfatizou que “existe apenas uma China no mundo” e que “o governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China”, sendo Taiwan “parte inalienável do território chinês”.
Desde que Tsai Ing-wen, do Partido Progressivo Democrático (PPD), pró-independência, foi eleita Presidente, em 2016, seis países, incluído São Tomé e Príncipe, cortaram relações diplomáticas com Taipé, que tem agora apenas 16 aliados diplomáticos.
A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, acusou Pequim de “causar instabilidade na sociedade internacional” e praticar “diplomacia do dólar”, com “promessas de cheques chorudos”, que “muitas vezes não são cumpridas”.

18 Set 2019

Petróleo | Preocupações com preços após ataque na Arábia Saudita

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês admitiu ontem estar preocupado com o impacto nos mercados do petróleo do ataque com veículos aéreos não tripulados (drones) a instalações petrolíferas na Arábia Saudita, ocorrido no fim de semana.

“A China está obviamente muito preocupada com o impacto do ataque na estabilidade e segurança do mercado internacional de fornecimento de petróleo”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Os preços do petróleo caíram na terça-feira, depois de subirem no dia anterior, após o ataque.
A China é um dos maiores clientes do petróleo do Médio Oriente.

Hua afirmou ainda que o país condena os ataques a uma refinaria e a um campo de exploração petrolífera em Aramco, que forçou a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, a reduzir a produção para metade.

O porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês Fu Linghui considerou ontem que é muito cedo para avaliar o impacto nos mercados de energia, e observou que os preços do petróleo estavam em queda antes do ataque.

Os rebeldes iemenitas Huthis, apoiados pelo Irão e que enfrentam uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, há cinco anos, assumiram a responsabilidade pelos ataques.

O incidente foi condenado pela Casa Branca. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou Teerão de “lançar um ataque sem precedentes ao fornecimento global de energia”.

18 Set 2019

Petróleo | Preocupações com preços após ataque na Arábia Saudita

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês admitiu ontem estar preocupado com o impacto nos mercados do petróleo do ataque com veículos aéreos não tripulados (drones) a instalações petrolíferas na Arábia Saudita, ocorrido no fim de semana.
“A China está obviamente muito preocupada com o impacto do ataque na estabilidade e segurança do mercado internacional de fornecimento de petróleo”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.
Os preços do petróleo caíram na terça-feira, depois de subirem no dia anterior, após o ataque.
A China é um dos maiores clientes do petróleo do Médio Oriente.
Hua afirmou ainda que o país condena os ataques a uma refinaria e a um campo de exploração petrolífera em Aramco, que forçou a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, a reduzir a produção para metade.
O porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês Fu Linghui considerou ontem que é muito cedo para avaliar o impacto nos mercados de energia, e observou que os preços do petróleo estavam em queda antes do ataque.
Os rebeldes iemenitas Huthis, apoiados pelo Irão e que enfrentam uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, há cinco anos, assumiram a responsabilidade pelos ataques.
O incidente foi condenado pela Casa Branca. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou Teerão de “lançar um ataque sem precedentes ao fornecimento global de energia”.

18 Set 2019

Comércio | Confirmada ida aos EUA para preparar encontro de alto nível

O vice-ministro das Finanças Liao Min vai chefiar a delegação que se deslocará a Washington para preparar o terreno da décima terceira ronda de negociações entre os Estados Unidos e a China com vista a acabar com a guerra comercial que opõe os dois países

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês confirmou ontem que uma delegação sua vai viajar para os Estados Unidos, visando preparar a reunião de alto nível que tentará, em Outubro, concluir um acordo que ponha fim à guerra comercial.

A agência noticiosa oficial Xinhua informou que o vice-ministro das Finanças Liao Min liderará a delegação, que chega na quarta-feira aos Estados Unidos.

“A visita abrirá caminho para a décima terceira ronda de consultas económicas e comerciais de alto nível China – Estados Unidos, em Outubro, em Washington”, lê-se no despacho da agência.
Pequim e Washington, que travam há mais de um ano uma guerra comercial, têm vindo a dar sinais de apaziguamento.

Na semana passada, a China anunciou que excluirá alguns produtos norte-americanas de taxas alfandegárias adicionais, nomeadamente químicos industriais e fármacos, e que retomará a compra de soja e carne de porco aos EUA.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu também adiar o aumento de taxas alfandegarias, de 25 por cento para 30 por cento, sobre um total de 250 mil milhões de bens importados da China.

Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Ameaça global

No cerne da guerra comercial está a política de Pequim para o sector tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os Estados Unidos consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

As disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo ameaçam também a economia mundial: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu este mês as suas projecções de expansão global para 3,2 por cento, em 2019, um décimo a menos do que as previsões feitas em Abril.

18 Set 2019

Comércio | Confirmada ida aos EUA para preparar encontro de alto nível

O vice-ministro das Finanças Liao Min vai chefiar a delegação que se deslocará a Washington para preparar o terreno da décima terceira ronda de negociações entre os Estados Unidos e a China com vista a acabar com a guerra comercial que opõe os dois países

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês confirmou ontem que uma delegação sua vai viajar para os Estados Unidos, visando preparar a reunião de alto nível que tentará, em Outubro, concluir um acordo que ponha fim à guerra comercial.
A agência noticiosa oficial Xinhua informou que o vice-ministro das Finanças Liao Min liderará a delegação, que chega na quarta-feira aos Estados Unidos.
“A visita abrirá caminho para a décima terceira ronda de consultas económicas e comerciais de alto nível China – Estados Unidos, em Outubro, em Washington”, lê-se no despacho da agência.
Pequim e Washington, que travam há mais de um ano uma guerra comercial, têm vindo a dar sinais de apaziguamento.
Na semana passada, a China anunciou que excluirá alguns produtos norte-americanas de taxas alfandegárias adicionais, nomeadamente químicos industriais e fármacos, e que retomará a compra de soja e carne de porco aos EUA.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu também adiar o aumento de taxas alfandegarias, de 25 por cento para 30 por cento, sobre um total de 250 mil milhões de bens importados da China.
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Ameaça global

No cerne da guerra comercial está a política de Pequim para o sector tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.
Os Estados Unidos consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
As disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo ameaçam também a economia mundial: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu este mês as suas projecções de expansão global para 3,2 por cento, em 2019, um décimo a menos do que as previsões feitas em Abril.

18 Set 2019

Coreia do Sul detecta primeiro surto de peste suína africana no país

[dropcap]O[/dropcap] Governo da Coreia do Sul informou ontem ter detectado o primeiro surto de peste suína africana no país, numa exploração agropecuária perto da fronteira com a Coreia do Norte, onde cinco porcos morreram na sequência do vírus.

O ministro da Agricultura sul-coreano, Kim Hyeon-soo, explicou ter sido já activado um protocolo que inclui o abate de cerca de quatro mil porcos em três explorações agropecuárias, incluindo a que abrigava os animais afectados, perto da cidade de Paju (fronteira norte).

Durante 48 horas, está interdita a deslocação de suínos para qualquer exploração do país e os matadouros devem interromper todas as operações durante o mesmo período, de acordo com a ordem emitida pelo Governo de Seul.

Em conferência de imprensa, Kim Hyeon-soo prometeu “o máximo esforço” das autoridades para evitarem a propagação do vírus e adiantou que estão a ser investigadas as possíveis vias de contágio, que se acredita serem originárias da Coreia do Norte.

O surto sul-coreano ocorre quatro meses após a Coreia do Norte ter notificado a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) sobre um primeiro caso detetado perto da fronteira com a China.

A peste suína africana não é transmissível aos seres humanos, mas é fatal para porcos e javalis. A actual onda de surtos começou na Geórgia, em 2007, e espalhou-se pela Europa do leste e Rússia, antes de chegar à China, em Agosto passado.

Inicialmente, Pequim indicou que a situação estava sob controlo, mas os surtos acabaram por se alastrar a todas as províncias do país.

Portugal agradece

As autoridades chinesas autorizaram, desde o final do ano passado, os matadouros portugueses Maporal, ICM Pork e Montalva a exportar para o país.

As estimativas iniciais apontavam que as exportações portuguesas para China se fixassem em 15.000 porcos por semana, movimentando, no total, 100 milhões de euros.
Visto pelos produtores portugueses como o “mais importante” acontecimento para a suinicultura nacional “nos últimos 40 anos”, a abertura do mercado chinês deverá ter efeitos inflaccionários em Portugal.

18 Set 2019

Empresas recusam trabalho de relações públicas pedido pelo Governo de Hong Kong

[dropcap]E[/dropcap]mpresas de relações públicas rejeitaram o pedido de ajuda do Governo de Hong Kong, que procura restaurar a imagem do território após mais de três meses de protestos, anunciou a chefe do Executivo.

As empresas, que não foram identificadas por Carrie Lam, alegaram que “o momento não é propício”, já que a violência e a agitação na antiga colónia britânica não mostram sinais de abrandamento.

Os protestos foram desencadeados em Junho contra as emendas propostas à lei de extradição, que muitos viam como um exemplo da crescente interferência da China e de uma erosão nas liberdades de Hong Kong.

Após meses de agitação social, com manifestações quase diárias, o Governo retirou, formalmente, a controversa proposta no início deste mês, mas as manifestações prosseguem, com os manifestantes a exigirem outras quatro reivindicações, incluindo o sufrágio universal.

No domingo, dezenas de milhares de pessoas desafiaram a proibição da polícia de sair à rua para se manifestarem e participaram numa marcha não autorizada, que começou em Causeway Bay, para comemorar o Dia Internacional da Democracia.

A violência acabou por eclodir mais tarde, com a polícia disparar canhões de água e a lançar gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes na zona onde se encontra a sede do Governo. A intervenção da polícia ocorreu depois de actos violentos de vários grupos de manifestantes, que atiraram tijolos, ‘cocktails molotov’ e ovos contra as autoridades.

Hoje, Carrie Lam descreveu como “decepcionante” a descida do ‘rating’ de Hong Kong, esta semana, pela agência Moody’s, a segunda agência de notação financeira a fazê-lo, depois da Fitch.

17 Set 2019

Japão denuncia incursão de navios chineses em águas territoriais nipónicas

[dropcap]O[/dropcap] Japão denunciou ontem uma incursão de navios chineses em águas territoriais sob administração nipónica, o terceiro incidente do género registado em menos de um mês nas remotas Ilhas Senkaku.

De acordo com o canal de televisão público NHK, que cita fontes da Guarda Costeira do Japão, quatro navios da Marinha Chinesa entraram nas águas de Senkaku esta segunda-feira de manhã.

A incursão, que durou cerca de uma hora e meia, ocorreu em águas próximas da Ilha Uotsuri, a maior do arquipélago, que é desabitada e que está localizada no sudoeste do Japão.

Os navios chineses deixaram a área depois de receberem avisos da Guarda Costeira do Japão, de acordo com a NHK. Incidentes semelhantes foram registados a 25 e 29 de Agosto.

O Japão mantém uma disputa com Pequim sobre a soberania de Senkaku (Diaoyu em chinês), administrada por Tóquio, mas reivindicada por Pequim. A tensão entre os dois países aumentou após a construção de ilhas artificiais e instalações militares por parte de Pequim, no Mar do Sul da China.

A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar das reivindicações dos países vizinhos. Nos últimos anos, construiu sete recifes em ilhas artificiais, capazes de receber instalações militares. As novas ilhas ficam próximas de outras ocupadas pelo Vietname, Filipinas e Taiwan.

Malásia e o Brunei são outros dos territórios que disputam a jurisdição sobre ilhas e recifes, ricos em pesca e potenciais depósitos de combustíveis fósseis.

17 Set 2019

HRW pede à China que devolva crianças uigures mantidas em internatos sem consentimento

[dropcap]U[/dropcap]ma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos apelou ontem à China que devolva as crianças da minoria étnica de origem muçulmana uigure, mantidas em internatos no extremo noroeste do país sem consentimento das famílias.

Segundo a Human Rights Watch (HRW), as autoridades chinesas estão a abrigar em instituições e internatos estatais, sem o consentimento ou acesso das famílias, crianças uigures cujos pais estão detidos em campos de doutrinação política ou exilados.

A China mantém detidos cerca de um milhão de uigures em campos de doutrinação política, na região de Xinjiang, extremo noroeste do país.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora que se tratam de centros de “formação vocacional”, destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo “moderno e civilizado”, e eliminar a pobreza em Xinjiang.

Antigos detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

“A separação forçada de crianças pelo Governo chinês é talvez o elemento mais cruel da sua opressão em Xinjiang”, escreveu a diretora da HRW para a China, Sophie Richardson.
“As crianças devem ser imediatamente devolvidos à custódia de parentes na China ou autorizados a juntarem-se aos pais fora do país”, apelou.

A organização relata o caso de cinco famílias de Xinjiang, radicadas fora da China, que perderam o contacto com as suas crianças.

A HRW aponta ainda que que o número de crianças em Xinjiang colocadas em instituições estatais e internatos sem consentimento é desconhecido, já que o controlo e vigilância exercidos pelas autoridades na região, incluindo punições severas para quem falar ou tiver contactos no exterior, impedem uma informação abrangente.

Segundo reportagens difundidas pela imprensa estatal chinesa, as crianças uigures colocadas em internatos são ensinadas em chinês – levantando preocupações sobre o direito de aprenderem o seu próprio idioma.

Os órgãos de Pequim têm ainda exaltado os benefícios para as crianças que vivem em instalações estatais, incluindo evitar que sejam influenciadas por “pensamentos extremos” e desenvolvam melhores hábitos e higiene pessoal.

Desde que, em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.

O Governo chinês considera que a repressão é necessária para combater o separatismo e o extremismo islâmico, enquanto activistas uigures afirmam que serve apenas para alimentar as tensões.

17 Set 2019

Taiwan | Governo põe fim às relações diplomáticas com Ilhas Salomão

[dropcap]T[/dropcap]aiwan anunciou ontem que cortou relações diplomáticas com as Ilhas Salomão depois de saber que o novo Governo deste Estado do Pacífico decidiu transferir o seu reconhecimento diplomático para a China.

“O Governo declarou hoje [ontem] o fim das suas relações diplomáticas com as Ilhas Salomão”, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, numa conferência de imprensa em Taipei.

Este anúncio é a consequência da decisão do “Governo das Ilhas Salomão de transferir as suas relações diplomáticas para a República Popular da China”, explicou Joseph Wu.

O novo primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, considerou, numa entrevista áudio transmitida há alguns dias em formato ‘podcast’, que no plano económico e político Taiwan era “totalmente inútil”.

Essa mudança de aliança é um novo golpe para Taiwan. A lista de países ainda ligados a Taipei diminuiu consideravelmente ao longo das décadas, caindo para 16 com a saída das Ilhas Salomão.

Em Agosto de 2018, Taiwan anunciou o corte de relações diplomáticas com El Salvador.
Também Burkina Faso rompeu as relações diplomáticas com Taipé, depois de a República Dominicana ter anunciado, em 1 de Março desse ano, a ruptura com Taiwan.

Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe também rompeu relações diplomáticas com Taiwan e passou a reconhecer a República Popular da China.

Após a ruptura do Burkina Faso, a Suazilândia é o único país africano a manter relações com Taipé.
Desde 2000 que diversos países africanos, incluindo o Chade e o Senegal, que recebiam ajudas de Taiwan, romperam as suas relações com a ilha para beneficiar da cooperação chinesa.

17 Set 2019

Taiwan | Governo põe fim às relações diplomáticas com Ilhas Salomão

[dropcap]T[/dropcap]aiwan anunciou ontem que cortou relações diplomáticas com as Ilhas Salomão depois de saber que o novo Governo deste Estado do Pacífico decidiu transferir o seu reconhecimento diplomático para a China.
“O Governo declarou hoje [ontem] o fim das suas relações diplomáticas com as Ilhas Salomão”, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, numa conferência de imprensa em Taipei.
Este anúncio é a consequência da decisão do “Governo das Ilhas Salomão de transferir as suas relações diplomáticas para a República Popular da China”, explicou Joseph Wu.
O novo primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, considerou, numa entrevista áudio transmitida há alguns dias em formato ‘podcast’, que no plano económico e político Taiwan era “totalmente inútil”.
Essa mudança de aliança é um novo golpe para Taiwan. A lista de países ainda ligados a Taipei diminuiu consideravelmente ao longo das décadas, caindo para 16 com a saída das Ilhas Salomão.
Em Agosto de 2018, Taiwan anunciou o corte de relações diplomáticas com El Salvador.
Também Burkina Faso rompeu as relações diplomáticas com Taipé, depois de a República Dominicana ter anunciado, em 1 de Março desse ano, a ruptura com Taiwan.
Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe também rompeu relações diplomáticas com Taiwan e passou a reconhecer a República Popular da China.
Após a ruptura do Burkina Faso, a Suazilândia é o único país africano a manter relações com Taipé.
Desde 2000 que diversos países africanos, incluindo o Chade e o Senegal, que recebiam ajudas de Taiwan, romperam as suas relações com a ilha para beneficiar da cooperação chinesa.

17 Set 2019

Economia | Vendas de activos além-fronteiras superam compras pela 1ª vez

Apesar do abrandamento do crescimento económico e da guerra comercial com os Estados Unidos, as empresas chinesas mudaram de estatuto e, pela primeira vez, passaram de compradoras a vendedoras líquidas de activos globais

 

[dropcap]A[/dropcap]s empresas chinesas tornaram-se este ano, pela primeira vez, vendedoras líquidas de activos globais, depois de, na última década, terem sido das principais protagonistas em fusões e aquisições internacionais, incluindo em Portugal.

A mudança de estatuto ocorre numa altura em que o crescimento económico da China cresce ao ritmo mais baixo dos últimos trinta anos e Pequim tenta combater um ‘boom’ do endividamento corporativo, que ameaça a estabilidade financeira do país, enquanto trava uma guerra comercial com Washington.

Desde 2017, o Governo chinês aumentou também o escrutínio sobre investimentos além-fronteiras, apontando a “irracionalidade” de algumas das aquisições.

Segundo a consultora financeira Dealogic, desde o início do ano, as empresas chinesas puseram à venda cerca de 40 mil milhões de dólares em activos no exterior.

Durante o mesmo período, os grupos chineses compraram 35 mil milhões de dólares em activos além-fronteiras, tornando o país um vendedor líquido global.

Exemplos lusos

Em Portugal, por exemplo, o conglomerado chinês HNA anunciou, em Março passado, a venda da participação de 9 por cento que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, por 55 milhões de dólares.

A HNA, que detém ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, enfrenta uma grave crise de liquidez e está sob supervisão de um grupo de credores.

Desde o final de 2017, o grupo vendeu 20 mil milhões de dólares em activos fora do país.
Também o grupo chinês Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, deparou-se nos últimos anos com várias dificuldades.

O fundador, Wu Xiaohui, foi condenado à prisão, no ano passado, e o Estado chinês acabou por assumir a gestão do grupo, forçando a venda de grande parte do seu portfólio global.

Muitos dos activos colocados agora à venda por grupos chineses foram adquiridos em 2016, antes de Pequim ter aumentado o escrutínio sobre os investimentos.

Nesse ano, os investimentos chineses além-fronteiras atingiram um pico de 200 mil milhões de dólares, contribuindo para o rápido crescimento das dívidas corporativas.

Analistas associam ainda a escalada de vendas este ano a uma escassez de divisas, devido à fraqueza na balança de pagamentos, causada em parte pelas disputas comerciais com os EUA.
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.

Segundo dados das alfândegas da China, em Agosto, as exportações chinesas caíram 1 por cento.
O excedente comercial da China recuou, assim, para 34,8 mil milhões de dólares, depois de, no mês passado, se ter fixado nos 45 mil milhões de dólares.

17 Set 2019

Economia | Vendas de activos além-fronteiras superam compras pela 1ª vez

Apesar do abrandamento do crescimento económico e da guerra comercial com os Estados Unidos, as empresas chinesas mudaram de estatuto e, pela primeira vez, passaram de compradoras a vendedoras líquidas de activos globais

 
[dropcap]A[/dropcap]s empresas chinesas tornaram-se este ano, pela primeira vez, vendedoras líquidas de activos globais, depois de, na última década, terem sido das principais protagonistas em fusões e aquisições internacionais, incluindo em Portugal.
A mudança de estatuto ocorre numa altura em que o crescimento económico da China cresce ao ritmo mais baixo dos últimos trinta anos e Pequim tenta combater um ‘boom’ do endividamento corporativo, que ameaça a estabilidade financeira do país, enquanto trava uma guerra comercial com Washington.
Desde 2017, o Governo chinês aumentou também o escrutínio sobre investimentos além-fronteiras, apontando a “irracionalidade” de algumas das aquisições.
Segundo a consultora financeira Dealogic, desde o início do ano, as empresas chinesas puseram à venda cerca de 40 mil milhões de dólares em activos no exterior.
Durante o mesmo período, os grupos chineses compraram 35 mil milhões de dólares em activos além-fronteiras, tornando o país um vendedor líquido global.

Exemplos lusos

Em Portugal, por exemplo, o conglomerado chinês HNA anunciou, em Março passado, a venda da participação de 9 por cento que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, por 55 milhões de dólares.
A HNA, que detém ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, enfrenta uma grave crise de liquidez e está sob supervisão de um grupo de credores.
Desde o final de 2017, o grupo vendeu 20 mil milhões de dólares em activos fora do país.
Também o grupo chinês Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, deparou-se nos últimos anos com várias dificuldades.
O fundador, Wu Xiaohui, foi condenado à prisão, no ano passado, e o Estado chinês acabou por assumir a gestão do grupo, forçando a venda de grande parte do seu portfólio global.
Muitos dos activos colocados agora à venda por grupos chineses foram adquiridos em 2016, antes de Pequim ter aumentado o escrutínio sobre os investimentos.
Nesse ano, os investimentos chineses além-fronteiras atingiram um pico de 200 mil milhões de dólares, contribuindo para o rápido crescimento das dívidas corporativas.
Analistas associam ainda a escalada de vendas este ano a uma escassez de divisas, devido à fraqueza na balança de pagamentos, causada em parte pelas disputas comerciais com os EUA.
Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.
Segundo dados das alfândegas da China, em Agosto, as exportações chinesas caíram 1 por cento.
O excedente comercial da China recuou, assim, para 34,8 mil milhões de dólares, depois de, no mês passado, se ter fixado nos 45 mil milhões de dólares.

17 Set 2019

Grande Baía Pequim aposta na inovação para criar centro mundial de comércio livre

Na cidade chinesa de Dongguan, 300 cientistas trabalham num dos raros aceleradores de partículas mundiais, cuja missão pode resumir o sonho de Pequim para a China e para a megametrópole mundial de comércio livre, anunciada para 2030

 

[dropcap]O[/dropcap] China Spallation Neutron Source (CSNS), sediado numa das cidades da anunciada megametrópole mundial, baptizada de Grande Baía, tem como ‘caderno de encargos’ três dos objectivos reiteradamente assumidos por Pequim: a segurança nacional, o desenvolvimento científico e a promoção da tecnologia de ponta, como ‘aceleradores’ da economia.

Aquele que é o primeiro acelerador de partículas de grande escala e de alta potência a ser construído na China – fruto de um investimento de quase 191 milhões de euros -, começou a operar em 2018. É recente, mas já se pensa na sua expansão, explicou aos jornalistas um dos cientistas responsáveis, Yu Bao, numa visita a cidades da Grande Baía organizada esta semana pelo Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau.

Na província de Guangdong, que ‘oferece’ uma das cidades ao projecto da Grande Baía, a ambição de Pequim traduz-se na aposta na inovação tecnológica, no investimento de larga escala em acessibilidades (aeroportos, comboios de alta velocidade e pontes de dimensões únicas no mundo), bem como na promoção das energias renováveis, num país cujo modelo de desenvolvimento económico sacrificou os índices ambientais da esmagadora maioria das principais cidades chinesas.

Em Zhongshan, um porta-voz da entidade que está a gerir a construção de uma das maiores pontes do mundo explicou os detalhes técnicos de um projecto estimado em mais de quatro mil milhões de euros que vai ligar aquela cidade à vizinha Shenzhen, localizada na fronteira com Hong Kong, sede das principais firmas tecnológicas do país, como é o caso do grupo de telecomunicações Huawei.

O projecto, cujo custo está estimado em mais de quatro mil milhões de euros e deverá estar concluído em 2024, obrigou à criação de uma ilha artificial e prevê um túnel atravessado por oito faixas de rodagem, único no mundo.

A ponte vai crescer um pouco mais a norte daquela que é a maior travessia marítima do mundo, inaugurada em Outubro e que custou cerca de dois mil milhões de euros, que liga já a província de Guangdong, através de Zhuhai, Macau e Hong Kong.

Mar de oportunidades

No início do ano, foi anunciada uma outra travessia entre as duas infraestruturas. As autoridades tornaram público o relançamento de um plano para ligar as duas zonas económicas especiais chinesas de Zhuhai e Shenzhen que, além da travessia automóvel, vai garantir uma linha ferroviária de alta velocidade.

Ainda em Zhongshan, está localizado um centro de operações da Mingyang Smart Energy, uma fabricante de turbinas eólicas e fornecedora de soluções integradas de energia limpa que ocupa o 37.º lugar entre as 500 maiores empresas mundiais de novas energias e o primeiro lugar no ‘ranking’ de inovação eólica em alto mar. Este é mais um exemplo dado pelas autoridades chinesas para legitimar a ideia de que é compatível o compromisso de viragem ambiental no país e o desenvolvimento da economia, tanto mais porque a empresa é responsável por uma receita anual na ordem dos 12,7 mil milhões de euros.

As autoridades chinesas continuam a enfatizar indicadores gerais do desempenho económico da região e do sucesso empresarial num mercado de grande escala que vai resistindo à guerra comercial com os Estados Unidos.

Em Cantão, aquela que é o quinto fabricante de automóveis da China, o Guangzhou Automobile Group, fez questão de destacar a sua aposta na produção de carros eléctricos, em sublinhar as suas parcerias internacionais e o investimento na inovação tecnológica para crescer no mercado mundial, tendo apresentado no último ano fiscal um lucro na ordem dos 1,5 mil milhões de euros, empregando quase 100 mil funcionários.

Inspiração para a abertura

Na terça-feira, no primeiro dos três dias de visita, uma responsável local pela comissão de promoção da Grande Baía expressou a vontade de Cantão “aprender” com Macau e Hong Kong a desenvolver a economia num “mercado aberto”, um desejo para aquela que é ‘somente’ a quarta maior cidade chinesa, com uma população com cerca de 15 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de 290 mil milhões de euros, a registar um crescimento a rondar os 7 por cento na primeira metade deste ano.

No final da visita, o vice-director-geral do Departamento de Publicidade e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central em Macau, Yin Rutao, coincidiu na análise sobre uma das mais-valias do território junto das outras economias que integram o projecto regional: a experiência enquanto economia assente num mercado livre.

A escala da Grande Baía, que junta Hong Kong, Macau e nove cidades chinesas (Cantão, Dongguan, Foshan, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai), é sempre caracterizada pelos analistas como impressionante: tem um PIB de 1,2 biliões de euros, maior que o da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20, e uma população de 70 milhões, superior a nações como França, Reino Unido ou Itália.

Ao largo

A produção industrial da China cresceu em Agosto ao ritmo mais baixo desde 2002, segundo dados oficias divulgados ontem, acompanhando a tendência registada com outros indicadores económicos, numa altura em que Pequim e Washington travam uma guerra comercial.

Os dados do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês revelam que a produção industrial aumentou 4,4 por cento, face ao mesmo mês do ano passado, depois de, em Julho, ter subido 4,8 por cento, também em termos homólogos. Trata-se do menor crescimento homólogo desde Fevereiro de 2002, quando subiu 2,7 por cento, uma tendência que se tem vindo a verificar desde o início do ano.

A produção industrial é utilizada pelas estatísticas chinesas para medir a actividade das grandes empresas, com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan.

O crescimento homólogo das vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, fixou-se em 7,5 por cento, depois de ter crescido 7,6 por cento, em Julho.

A economia chinesa cresceu 6,2 por cento, no segundo trimestre deste ano, o ritmo mais lento em quase três décadas, mas dentro da meta definida pelo Governo chinês, e quase o dobro do crescimento mundial.

17 Set 2019

Manifestantes junto ao consulado britânico pedem que Reino Unido salve Hong Kong

[dropcap]C[/dropcap]entenas de manifestantes estão reunidos no exterior do consulado britânico em Hong Kong, procurando apoio internacional na campanha que dura há mais de três meses por reformas democráticas no território.

Os manifestantes agitam bandeiras britânicas e cantam “Deus salve a rainha”, entoando ainda palavras de ordem como “Reino Unido salva Hong Kong”.

Os manifestantes apelam ao ex-governante colonial de Hong Kong que exerça pressão para que a autonomia da cidade seja mantida com base nos acordos feitos entre o Reino Unido e a China em 1997.

Esta acção de protesto surge depois de manifestações semelhantes no início de Setembro nas instalações britânicas e no fim de semana passado no consulado dos EUA. Os protestos foram desencadeados em Junho por uma proposta de lei de extradição que muitos viam como um exemplo da crescente interferência da China e de uma erosão nas liberdades de Hong Kong.

As manifestações prosseguem, apesar de Carrie Lam, Chefe do Executivo, ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo.

15 Set 2019

EUA | Adiado aumento de taxas sobre importações chinesas

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou por 15 dias o aumento de taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China, num raro gesto de “boa vontade”, que antecede nova ronda negocial.

Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China.

A subida estava originalmente marcada para o dia 1 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China.

A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington.

A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais.

Episódios da guerra

Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.
Um primeiro período de tréguas colapsou em Maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente.

No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos.

Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial.

No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25 por cento sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos.

 

“Avanços substanciais”, precisam-se

O Governo dos EUA quer “avanços substanciais” nas negociações comerciais com a China, já no início de Outubro, mas admite todos os cenários, disse ontem o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Estados Unidos e China vão voltar à mesa das negociações, no final deste mês, para preparar um encontro em Washington entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e a delegação norte-americana, em que Mnuchin estará acompanhado do representante para o Comércio, Robert Lightizer. Mnuchin disse que o Presidente Donald Trump está disponível para todos os cenários, retirando ou aumentando as tarifas aduaneiras retaliatórias, dependendo do avanço das negociações que decorrerão em outubro, em Washington. “Podemos chegar a um acordo a qualquer momento, mas queremos um bom acordo”, explicou ontem Steven Mnuchin, numa entrevista à estação televisiva CNBC. Na entrevista televisiva, o secretário do Tesouro explicou ainda que a questão de Hong Kong, onde manifestações de protesto contra o Governo local se prolongam há várias semanas, não estará na “ementa” das reuniões comerciais entre os EUA e a China, para não perturbar a possibilidade dos necessários progressos negociais.

13 Set 2019

EUA | Adiado aumento de taxas sobre importações chinesas

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou por 15 dias o aumento de taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China, num raro gesto de “boa vontade”, que antecede nova ronda negocial.
Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China.
A subida estava originalmente marcada para o dia 1 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China.
A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington.
A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais.

Episódios da guerra

Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano.
Um primeiro período de tréguas colapsou em Maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente.
No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos.
Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial.
No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25 por cento sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos.
 

“Avanços substanciais”, precisam-se

O Governo dos EUA quer “avanços substanciais” nas negociações comerciais com a China, já no início de Outubro, mas admite todos os cenários, disse ontem o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Estados Unidos e China vão voltar à mesa das negociações, no final deste mês, para preparar um encontro em Washington entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e a delegação norte-americana, em que Mnuchin estará acompanhado do representante para o Comércio, Robert Lightizer. Mnuchin disse que o Presidente Donald Trump está disponível para todos os cenários, retirando ou aumentando as tarifas aduaneiras retaliatórias, dependendo do avanço das negociações que decorrerão em outubro, em Washington. “Podemos chegar a um acordo a qualquer momento, mas queremos um bom acordo”, explicou ontem Steven Mnuchin, numa entrevista à estação televisiva CNBC. Na entrevista televisiva, o secretário do Tesouro explicou ainda que a questão de Hong Kong, onde manifestações de protesto contra o Governo local se prolongam há várias semanas, não estará na “ementa” das reuniões comerciais entre os EUA e a China, para não perturbar a possibilidade dos necessários progressos negociais.

13 Set 2019

Polícia de Hong Kong proíbe manifestação convocada para domingo

[dropcap]A[/dropcap] Polícia de Hong Kong proibiu hoje a manifestação convocada para domingo pela Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), que tem liderado os grandes protestos pró-democracia na antiga colónia britânica.

A marcha havia sido convocada após o anúncio da líder do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, da retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, no mesmo dia do anúncio de Carrie Lam, a vice-coordenadora da FCDH, que reúne mais de uma dezena de partidos e organizações não governamentais, disse, em declarações à Lusa, que “os ‘slogans’ que têm sido entoados nas ruas são claros. ‘Cinco exigências: nem uma a menos’”, disse Bonnie Leung.

“Esta [a lei da extradição] era a mais simples de responder, mas as outras quatro são igualmente importantes”, sublinhou, defendendo que “seria também simples aceitar a criação de uma comissão de inquérito independente para averiguar a actuação da polícia” que é acusada de usar força excessiva.

Os manifestantes exigem que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

Na carta de “objecção” da polícia, enviada aos organizadores da marcha, lê-se que durante as manifestações realizadas desde Junho “alguns manifestantes não apenas cometeram actos de violência, incêndio criminoso e bloqueios de estradas, mas também usaram bombas de gasolina e todos os tipos de armas para destruir bens públicos em larga escala”.

Além disso, as autoridades policiais apontaram que os locais onde a manifestação iria acontecer são “muito próximos a prédios de alto risco”, entre os quais a estação de comboios de alta velocidade ou o quartel general da polícia.

Ao declarar a manifestação ilegal, as pessoas que participem na mesma podem enfrentar sérias consequências legais. A FCDH já anunciou que interpôs um recurso contra a decisão da polícia e deve ser notificada antes de domingo sobre a decisão.

12 Set 2019

Hong Kong | Joshua Wong expressa continuação dos protestos em Berlim

[dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong, fundador do partido de Hong Kong Demosisto, deu ontem uma conferência de imprensa em Berlim onde garantiu que a luta em prol de uma reforma do sistema político na região vizinha deverá continuar, apesar de Carrie Lam ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo.

“Há 30 anos ninguém conseguia prever que a URSS iria cair. Ninguém iria prever que o Muro de Berlim iria cair. Com a nossa paixão e determinação, apenas queremos que o mundo saiba que a população de Hong Kong merece a democracia. Culpam-me de ser um separatista, mas para ser claro, a população de Hong Kong deseja uma reforma do sistema político. Apenas queremos eleger o nosso Governo e o Chefe do Executivo”, declarou, numa conferência reproduzida pela agência Reuters.

Joshua Wong recordou que o sufrágio universal “foi uma promessa feita na mini-constituição de Hong Kong e também na Declaração Conjunta” assinada com o Reino Unido. “Vamos continuar a nossa luta até ao dia em que possamos desfrutar de um sistema”, frisou.

Washington na agenda

O activista pede que sejam canceladas as exportações de gás pimenta e material semelhante para Hong Kong, sobretudo depois dos actos da polícia durante os protestos, apelidados de “terror branco”. “Gostaria de expressar aqui as nossas preocupações relativamente ao abuso de poder levado a cabo pela polícia”, disse Joshua Wong, que relatou ainda casos de assédio sexual alegadamente perpetrados por agentes aquando das detenções de mulheres.

Apesar disso, o activista assumiu também a violência levada a cabo por muitos dos manifestantes. “(O Governo) recusou levar a cabo qualquer reforma do sistema político. Admito que a força foi usada pelos manifestantes, mas todos sabemos que as crises políticas devem ser resolvidas com uma reforma do sistema político”, rematou.

Depois da viagem a Taiwan e à Alemanha, Joshua Wong desloca-se na próxima semana a Washington. Os manifestantes têm apelado ao Congresso norte-americano que aprove uma lei que exige ao país a certificação anual de que Hong Kong permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Além disso, o diploma pode levar à possibilidade da perda de activos nos EUA e à proibição de entrada no país dos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.

12 Set 2019

Hong Kong | Joshua Wong expressa continuação dos protestos em Berlim

[dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong, fundador do partido de Hong Kong Demosisto, deu ontem uma conferência de imprensa em Berlim onde garantiu que a luta em prol de uma reforma do sistema político na região vizinha deverá continuar, apesar de Carrie Lam ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo.
“Há 30 anos ninguém conseguia prever que a URSS iria cair. Ninguém iria prever que o Muro de Berlim iria cair. Com a nossa paixão e determinação, apenas queremos que o mundo saiba que a população de Hong Kong merece a democracia. Culpam-me de ser um separatista, mas para ser claro, a população de Hong Kong deseja uma reforma do sistema político. Apenas queremos eleger o nosso Governo e o Chefe do Executivo”, declarou, numa conferência reproduzida pela agência Reuters.
Joshua Wong recordou que o sufrágio universal “foi uma promessa feita na mini-constituição de Hong Kong e também na Declaração Conjunta” assinada com o Reino Unido. “Vamos continuar a nossa luta até ao dia em que possamos desfrutar de um sistema”, frisou.

Washington na agenda

O activista pede que sejam canceladas as exportações de gás pimenta e material semelhante para Hong Kong, sobretudo depois dos actos da polícia durante os protestos, apelidados de “terror branco”. “Gostaria de expressar aqui as nossas preocupações relativamente ao abuso de poder levado a cabo pela polícia”, disse Joshua Wong, que relatou ainda casos de assédio sexual alegadamente perpetrados por agentes aquando das detenções de mulheres.
Apesar disso, o activista assumiu também a violência levada a cabo por muitos dos manifestantes. “(O Governo) recusou levar a cabo qualquer reforma do sistema político. Admito que a força foi usada pelos manifestantes, mas todos sabemos que as crises políticas devem ser resolvidas com uma reforma do sistema político”, rematou.
Depois da viagem a Taiwan e à Alemanha, Joshua Wong desloca-se na próxima semana a Washington. Os manifestantes têm apelado ao Congresso norte-americano que aprove uma lei que exige ao país a certificação anual de que Hong Kong permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Além disso, o diploma pode levar à possibilidade da perda de activos nos EUA e à proibição de entrada no país dos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.

12 Set 2019

Economia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional

Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades

 

[dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor.

A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira.

À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne.

O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores.

Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares.

Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings.

Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos.

“O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”.

Futuro sombrio

Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude.

Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte.

Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país.

Estancar a ferida

De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis.

Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína.

Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia.

Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio.

Feriados à porta

Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura.

Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada.

Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan.

No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia.

Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo.

Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times.

Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.

12 Set 2019

Economia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional

Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades

 
[dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor.
A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira.
À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne.
O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores.
Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares.
Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings.
Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos.
“O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”.

Futuro sombrio

Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude.
Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte.
Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país.

Estancar a ferida

De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis.
Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína.
Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia.
Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio.

Feriados à porta

Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura.
Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada.
Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan.
No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia.
Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo.
Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times.
Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.

12 Set 2019

China confirma que deteve taiwanês por partilhar fotos de polícia paramilitar

[dropcap]A[/dropcap] China confirmou hoje que deteve um homem de Taiwan por alegadamente ter “prejudicado a segurança nacional” ao partilhar fotos da polícia paramilitar chinesa junto à fronteira com Hong Kong no mês passado.

Lee Meng-chu está sob investigação por suspeita de envolvimento em actividades criminosas “prejudiciais à segurança nacional”, revelou Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, sem avançar mais detalhes.

Lee desapareceu em 20 de Agosto, depois de enviar fotos da polícia paramilitar ao prefeito de Fangliao, uma pequena comunidade de pescadores no sul de Taiwan. O prefeito, Archer Chen, disse que tentou contactar Lee nesse mesmo dia, mas que não conseguiu.

Lee costumava viajar para a China e era consultor voluntário do município para ajudar a promover os seus negócios, disse Chen. A agência noticiosa de Taiwan informou que Lee também partilhou as fotos com o seu irmão.

Veículos do exército e da polícia paramilitar da China estão reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, que há mais de três meses é palco de protestos pró-democracia.

11 Set 2019

Ministro japonês defende despejo de água radioactiva de Fukushima no Pacífico

[dropcap]O[/dropcap] ministro do Meio Ambiente do Japão, Yoshiaki Harada, defendeu ontem que a única solução para eliminar a água radioactiva da central nuclear de Fukushima é despejá-la, depois de tratada, nas águas do Oceano Pacífico.

Desde o acidente da centra nuclear de Fukushima, em 2011, a empresa proprietária da instalação, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), acumulou mais de um milhão de toneladas de água altamente radioactiva, que foi usada para arrefecer os reactores danificados.

“Penso que não há outra hipótese a não ser lançá-la ao mar”, disse Harada, quando questionado sobre o destino da água contaminada, durante uma conferência de imprensa de balanço sobre o seu mandato no ministério do Meio Ambiente.

O gabinete do primeiro-ministro, Shinzo Abe reagiu de imediato a esta declaração de Harada, dizendo que o compromete apenas a ele, recordando que o ministro está de saída, no âmbito de uma remodelação governamental.

Se o armazenamento da água radioactiva for mantido ao ritmo actual, a Tepco estima que ficará sem espaço para a preservar antes de 2022, o que levou a empresa e o Governo a procurar medidas para resolver o problema.

A solução de despejar a água no Oceano Pacífico não é nova: já em 2016, uma comissão de especialistas mandatada pelo Ministério da Indústria japonês concluiu que essa opção era a “mais rápida e menos dispendiosa”, embora não se excluíssem outras possibilidades.

Nessa altura, a comissão de especialistas calculou que demoraria sete anos e quatro meses o processo de libertação da água no oceano, após a sua diluição, com um custo estimado de cerca de 28 milhões de euros, enquanto as outras técnicas custariam 10 a 100 vezes mais e demorariam um período de oito a 13 anos.

A Tepco já realizou várias descargas específicas de centenas de toneladas de água processada, desde 2015, mas em volume abaixo do que a lei japonesa determina como limite para descargas. Uma fonte ligada à comissão de especialistas referiu as dificuldades do processo de libertação da água no Oceano Pacífico, recordando que, para ser despejada, de acordo com os tratados ambientais internacionais, ela precisa de ser sujeita a um forte controlo de níveis de diluição.

O Governo japonês tem estudado, desde 2016, várias soluções alternativas, mostrando-se preocupado com o impacto ambiental, mas também com os danos colaterais na imagem do Japão junto da comunidade internacional.

11 Set 2019