Economia | Governo lança pacote de apoio às PME e trabalhadores

O Governo anunciou oito medidas destinadas às PME e trabalhadores. Entre acesso a financiamento, isenção de rendas e apoios pecuniários, o objectivo é “aliviar” a pressão operacional e as dificuldades dos trabalhadores. Albano Martins considera as medidas “vagas” e pouco audazes. Jorge Neto Valente fala num “bom passo” para as empresas respirarem um pouco

 

O Governo de Macau anunciou ontem oito medidas para “manter a sobrevivência de estabelecimentos comerciais e assegurar o emprego”, em resposta à crise provocada pela pandemia de covid-19. Entre elas, está um apoio de 10 mil patacas destinado a trabalhadores que auferiram rendimentos baixos em 2020.

O pacote de apoio anunciado pelo Gabinete do secretário para a Economia e Finanças define a atribuição de apoio pecuniário de 10 mil patacas a todos os contribuintes do imposto profissional, com rendimentos obtidos em 2020 inferiores a 144 mil patacas, ou seja, remunerações mensais de cerca de 12 mil patacas. Abrangidos estão também os profissionais liberais que reúnam os mesmos requisitos.

Da medida denominada “Prestação de apoio aos operadores e às pessoas empregadas” fazem ainda parte os contribuintes do imposto complementar de rendimentos e do segundo grupo do imposto profissional que não obtiveram lucros operacionais em 2020. A estes contribuintes será atribuído um apoio pecuniário entre 10 mil e 200 mil patacas, “calculado com base em 5 por cento da média dos custos operacionais por si efectuados nos últimos três anos”.

Outro benefício anunciado ontem é a bonificação de juros de créditos bancários para pequenas e médias empresas (PME), alterações às condições de pedido de empréstimos sem juros para as PME e o ajustamento do reembolso de empréstimos sem juros.

Sobre a bonificação de juros de créditos, o Gabinete do secretário para a Economia e Finanças esclareceu que às PME interessadas será prestada bonificação até 4,0 por cento, com prazo de três anos. O prazo de candidatura é de 12 meses.

No capítulo do aligeiramento das condições de pedido de empréstimos sem juros a PME, a medida implica a redução de dois para um ano, do tempo mínimo de exercício de actividade, para poder aceder a um empréstimo sem juros até 600 mil patacas, com prazo de reembolso até 8 anos. Quanto ao ajustamento do reembolso de empréstimos sem juros foi definido que será prorrogada até 31 de Janeiro de 2023 o prazo da medida provisória intitulada “Ajustamento de reembolso de diversos planos de apoio”.

Incentivos e isenções

O Governo prometeu também, por intermédio da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), incentivar a banca a ajudar empresas no reembolso dos empréstimos e as instituições financeiras aderentes ao serviço Simple Pay, a oferecerem benefícios nas taxas cobradas [ver texto].

Foi anunciada também a isenção do pagamento de rendas e retribuições dos bens imóveis pertencentes ao Governo, por um período de três meses e incentivo a proprietários de estabelecimentos comerciais na redução das rendas.

Relativamente ao incentivo para baixar rendas, a Direcção dos serviços de Finanças (DSF) esclareceu que “reajustará o valor efectivo da colecta da contribuição predial urbana e do imposto do selo sobre os prédios arrendados, segundo o mês em que a renda comece a ser reduzida” pelos proprietários.

Em comunicado, o Governo justifica que as medidas de apoio visam, não só “consolidar a confiança do mercado”, mas também aliviar a pressão operacional das PME e as dificuldades dos trabalhadores.

O Executivo sublinha ainda estar “empenhado” em acelerar a implementação do pacote de apoio e que irá levar “o mais breve possível”, à Assembleia Legislativa a proposta de alteração orçamental que as medidas implicam.

“Dado que as medidas em causa implicam a alteração do orçamento, o Governo da RAEM (…) esforçar-se-á para que a proposta de alteração orçamental seja submetida, o mais breve possível, para a discussão e aprovação célere na nova legislatura da Assembleia Legislativa após a sua entrada em funcionamento, a fim de beneficiar, com a maior rapidez possível, os comerciantes e trabalhadores que reúnem os requisitos”.

Apoio a prazo

Contactado pelo HM, o economista Albano Martins considera que o plano de apoio é “muito vago” e não contém “dados de quantificação”, sendo que apenas metade das medidas avançadas “implica perda de receita” orçamental para os cofres públicos. As restantes medidas, apontou, “são apelos a bancos e a operadoras”. Por isso, o economista espera que o impacto seja reduzido.

“O plano é relativamente fraco. Não é muito audaz. Um documento destes devia conter dados da quantificação das medidas porque, como economista, tudo é vago se não for quantificado. Ainda se está à espera de ver como vai ser a quantificação, mas considero que as medidas não têm grande impacto. Irão auxiliar claro, mas não me parece que venham a ter um grande impacto orçamental”, referiu.

Sobre o apoio pecuniário de 10 mil patacas para trabalhadores, Albano Martins defende que, além de o montante ser “baixo”, a medida falha ao deixar de fora muitos residentes que auferiram em 2020 salários dentro da mediana salarial, ou seja, até 15 mil patacas. Isto, quando o tecto definido apenas prevê apoiar os trabalhadores que obtiveram remunerações até 12 mil patacas.

“Um rendimento desses [de 144 mil patacas], para quem recebe 14 vezes, significa cerca de 10.800 patacas por mês. Estas pessoas vão receber um incentivo de 10.000 patacas, ou seja, cerca de 800 patacas por mês a mais. Se eu fosse Governo diria para olhar para a mediana salarial e, como nos estamos a referir ao ano de 2020, esta foi de 15.000 patacas. Na minha opinião, toda a gente que auferisse até 15 mil patacas por mês, deveria ganhar um salário extra de 15 mil patacas”, partilhou o economista.

Albano Martins sublinha ainda que, da forma como está pensado, o apoio deve chegar a cerca de 180 mil pessoas, de um universo de 388 mil trabalhadores. Além disso, frisa, as medidas anunciadas passam essencialmente por incentivos e “empréstimos que têm de ser pagos”.

O economista refere ainda que “dificilmente” vão entrar em vigor ainda em 2021 e que, por isso, pode não haver necessidade de alterar o orçamento este ano por causa dos apoios.

“A nova Assembleia Legislativa toma posse no final da semana e por isso temos dois meses. Não acredito que nenhuma destas medidas possa entrar em vigor já. As medidas deviam ter sido preparadas com tempo, ainda antes do fim da anterior legislatura ter saído”.

Respirar um pouco

Também para o empresário Jorge Neto Valente o novo pacote de medidas são “alívios temporários” para as PME que, apesar de não atribuir montantes a fundo perdido, chegam numa altura em que “há muita gente aflita”, num contexto atípico em que a semana dourada não passou de uma miragem.

De acordo com o empresário, há já “muita gente” a estudar formas de pedir alguns dos apoios para que possam “respirar” agora e, daqui a três meses, tentar ultrapassar a situação. “É preciso ver que muita gente vai ser deixada para trás, nem toda a gente vai sobreviver”, estima, contudo.

Apesar de não ser um apoio pecuniário concreto, o empresário concorda com a medida de incentivo para os proprietários reduzirem rendas. Isto quando considera que em Macau “há muita gente que tem propriedades, mas que não quer reduzir as rendas”.

“Conheço bastantes casos de pessoas que pedem descontos, ou redução de rendas aos proprietários porque não aguentam o encargo e os proprietários não aceitam reduzir as rendas em 20 ou 30 por cento a longo prazo. O máximo que vi foi a redução de meio mês ou um mês para um contrato de cinco anos, o que não é quase nada”, partilhou.

Mensagem de esperança?

Se por um lado, o alcance das medidas anunciadas pode ser visto como uma limitação, pode igualmente ser prenúncio para melhores dias, ou seja, para a reabertura das fronteiras a médio prazo.

Segundo Albano Martins, dado que estamos perante medidas “com uma validade de três meses”, nomeadamente, e apenas, a isenção do pagamento de rendas e retribuições dos bens imóveis pertencentes ao Governo, isso poderá significar o relaxamento das restrições transfronteiriças dentro dessa janela temporal, com o objectivo de relançar progressivamente a economia.

“Estamos perante uma medida de três meses, o que pode significar que o Governo está a dar uma mensagem de que espera, que em três meses, as fronteiras estejam abertas de novo. É essa a esperança que aí está, pois não faz sentido o Governo lançar medidas por três meses sabendo que a situação económica vai continuar a piorar”, apontou ao HM.

Para o economista, se a abertura de fronteiras não for equacionada e o território continuar a ser considerado como zona de médio e alto risco, “Macau não vai conseguir segurar a sua economia”.

Também Jorge Neto Valente defende que a abertura de fronteiras é bastante importante, não só para o sector do turismo, mas sobretudo para permitir que os trabalhadores não residentes venham ao território.

“Existe bastante gente no Interior da China que já não quer vir trabalhar para Macau, porque a diferença de salários (…) já não é tão grande e porque (…) não querem arriscar vir a Macau (…) e ficar sem quem tome conta dos filhos. Tenho trabalhadores que já me disseram que no fim deste mês, ou quando abrirem as fronteiras, quando voltarem a Zhuhai já não regressam”, rematou o empresário.

PME | Medidas não entusiasmam residentes

As medidas anunciadas ontem pelo Governo tiveram uma reacção “mista” por parte da população, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau. À emissora, um residente de apelido Lam afirmou que o Governo está sobre forte pressão financeira, mas que as medidas anunciadas não apoiam os desempregados. Por isso, desejou que o Executivo lance apoios adicionais de forma faseada.

Por sua vez, uma funcionária do sector do jogo, de apelido Leong, apontou que está em licença sem vencimento, mas que mesmo assim não cumpre os requisitos para receber os apoios. Porém, defendeu que como o seu agregado familiar inclui idosos e crianças, o Governo deveria ter em conta estes segmentos demográficos.

Já uma responsável de uma loja de lembranças na Rua do Cunha, de apelido Wong, referiu que os descontos nas transacções com pagamentos electrónicos podem ajudar a reduzir custos, mas sublinhou que as outras medidas só beneficiam lojas que precisam urgentemente do fluxo do dinheiro.

Finamente, o proprietário de uma loja de sobremesas, de apelido Ho, afirmou que as medidas são melhores que nada e que espera redução das rendas.

12 Out 2021

Revolução de 1911 | Ho Iat Seng destaca a eficácia de “Um País, Dois Sistemas”

Por ocasião do 110.º aniversário da Revolução de 1911, o Chefe do Executivo afirmou que a RAEM apoia “firmemente” a reunificação pacífica do país, e opõe-se “com resolução” à independência de Taiwan. Ho Iat Seng apontou “Um País, Dois Sistemas” como caminho a seguir pela Formosa, salientando que o princípio resolveu os “problemas históricos” de Macau e Hong Kong

 

Há 110 anos a China fechava um capítulo histórico com o derrube da Dinastia Qing e a queda da monarquia e entrava numa nova Era republicana com o advento da Revolução de 1911. A data foi assinalada pelo Presidente chinês, que num discurso focado na questão de Taiwan sublinhou que “a reunificação completa” do país “pode e será alcançada, mencionando o princípio “Um País, Dois Sistemas” como caminho a trilhar.

“A reunificação nacional por meios pacíficos é do interesse geral da nação chinesa, incluindo os nossos compatriotas de Taiwan”, disse o Presidente chinês num discurso que teve eco na classe política de Macau.

O Chefe do Executivo publicou ontem um artigo no jornal Ou Mun declarando que “a RAEM apoia firmemente a reunificação pacífica do país, e opõe-se com resolução à independência de Taiwan” e à intervenção de forças externas nos assuntos internos da China.

A receita a seguir será aplicar à Formosa o princípio “Um País, Dois Sistemas”, fórmula que serviu para solucionar “os problemas herdados da história de Hong Kong e Macau, assim como a forma para Macau manter a prosperidade e estabilidade a longo prazo”.

Desde a fundação da RAEM, o líder do Executivo argumenta que o sistema de governação foi melhorado, facto que se reflectiu na qualidade de vida dos residentes. “Acreditamos firmemente que ‘Um País’ é o pré-requisito, a fundação, a raiz. Só com raízes profundas podemos ter folhas deslumbrantes, só com raízes sólidas os ramos podem ser prósperos”, afirmou Ho Iat Seng.

O Chefe do Executivo destacou também a criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin como o próximo passo e a “nova demonstração do enriquecimento prático de “Um País, Dois Sistemas”.

Na história da revolução

Ho Iat Seng não esqueceu o legado de Sun Yat Sen, um dos pais da Revolução de 1911, em particular a sua ligação ao território. “Macau foi uma das primeiras paragens da carreira revolucionária do Dr. Sun Yat Sen” no caminho para a modernização da China. “As gloriosas pegadas da revolução do Dr. Sun Yat Sen estão profundamente gravadas na terra de Macau. O seu pensamento, espírito e o carácter moral fazem parte da preciosa riqueza espiritual do povo chinês e influência profunda em gerações de residentes de Macau.”

A memória do revolucionário foi evocada também pelo desígnio nacional da “revitalização da China”, de sua autoria, princípio que continua a orientar as macropolíticas do Governo Central.

Sun Yat Sen é uma figura incontornável da história moderna da China, mas também um vulto político e social em Macau e Hong Kong.

Em 1892, foi convidado pela direcção do Hospital Kiang Wu para fundar o departamento de medicina ocidental, onde acabaria por trabalhar a título de voluntário como médico, diagnosticando pacientes gratuitamente. Sun Yat Sen foi o primeiro médico a praticar medicina ocidental em Macau. Abriu uma clínica na Rua das Estalagens e ganhou a admiração das gentes da terra.

12 Out 2021

Macau passa a exigir vacinação a quem chega de avião

Quem embarcar num voo directo para a RAEM ou num voo de ligação que tenha como destino final Macau terá de apresentar certificado de vacinação contra a covid-19 completa, pelo menos, há 14 dias. Não estão abrangidas na deliberação menores de 12 anos, ou pessoas detentoras de documento que certifique que não são adequadas a tomar a vacina por questões médicas.

A medida, anunciada pelo centro de coordenação de contingência, entrou em vigor às 00:00 de hoje.

Além das provas de vacinação, é também exigida a apresentação de certificado negativo do teste de ácido nucleico com amostragem recolhida nas últimas 48 horas antes do voo.

No que diz respeito a indivíduos de países de extremo/alto risco, as exigências são mais apertadas. De acordo com as autoridades, pessoas provenientes do Bangladesh, Brasil, Camboja, Índia, Indonésia, Irão, Nepal, Paquistão, Filipinas, Rússia, África do Sul, Sri Lanka, Tanzânia e Turquia têm de apresentar três certificados negativos do teste de ácido nucleico realizados nos últimos sete dias.

Estes três testes têm de ser recolhidos com pelo menos 24 horas de intervalo entre cada amostragem, sendo que o último deve ser realizado até 48 horas antes do embarque.

O centro de contingência acrescenta que os referidos certificados devem ser emitidos por uma agência de testes reconhecida pela embaixada ou consulado da China na área local. Quem apresentar certificados falsos pode assumir responsabilidades criminais.

7 Out 2021

CEO da MGM confia que racionalidade irá prevalecer na revisão da lei do jogo

O CEO da MGM Resorts International relativizou as preocupações do sector em relação às ideias do Executivo para a revisão da lei do jogo. Bill Hornbuckle não vê um “grande desafio” na reforma legal, realça a boa relação com o Governo e o papel preponderante da indústria na região

 

“Até prova em contrário, não vamos reagir exageradamente a cenários hipotéticos. Esperamos que a racionalidade impere no final, porque é a economia de Macau que está em causa”. Foi desta forma que o CEO da MGM Resorts International, Bill Hornbuckle, respondeu ao hipotético aperto regulatório que pode surgir com a revisão da lei do jogo, em entrevista ao portal Yahoo Finance.

O presidente da MGM China afastou as preocupações originadas pela divulgação do documento da consulta pública sobre a revisão da lei do jogo, que inclusivamente levou a perdas bilionárias na bolsa de valores de Hong Kong, com os prejuízos a chegarem perto dos 18 mil milhões de dólares num só dia. Aliás, ao invés de embarcar em cenários apocalípticos, o responsável mostrou-se confiante nas oportunidades de crescimento proporcionadas pela reforma legal.

Um dos pontos controversos é à constituição de delegados do Governo nas concessionárias. Segundo a explicação do secretário para a Economia e Finanças, aquando da apresentação do documento que está em consulta pública, a intenção “é aumentar as competências da fiscalização de forma directa nos casinos, para que o trabalho diário seja assegurado com maior competência e seja possível acompanhar a situação da operação e exploração por parte das concessionárias, eliminando assim todas as irregularidades que possam acontecer neste quadro”.

Neste aspecto, Bill Hornbuckle afirmou que a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos já mantem uma supervisão significativa sobre as operadoras e que pessoal do regulador marca presença constante no MGM Macau e MGM Cotai.

Questão de pragmatismo

Apesar das promessas de aperto regulatório, o presidente da MGM China está optimista de que as autoridades vão ter uma abordagem pragmática aos mecanismos de supervisão, tendo em conta que os casinos contribuem com cerca de 80 por cento das receitas dos cofres públicos. “A supervisão não é algo estranho na nossa indústria. Obviamente que a fiscalização do Governo Central implica, por vezes, algo diferente. Mas as autoridades, locais e nacionais, reconhecem o valor do sector e as receitas que as operadoras trazem à sociedade. Temos um papel muito activo na comunidade, que vai além de sermos grandes empregadores, claro. Portanto, acho que estamos numa boa posição”, afirmou.

O MGM Resorts International deu um passo significativo em direcção ao mercado japonês, com a escolha da prefeitura de Osaka para a abertura de um resort integrado a recair numa joint-venture encabeçada pela operadora. A proposta da MGM contempla 10 mil milhões de dólares para construir um resort com 2.500 quartos e instalações para conferências e exposições.

6 Out 2021

DSEDJ | Mais de 300 alunos transfronteiriços retidos em Macau

Mais de um milhar de alunos que estudam em Macau e vivem em Zhuhai foram afectados pelo cancelamento do ajuste de medidas transfronteiriças que estava previsto para as 12h de ontem. Sem poderem regressar a casa, o Governo instalou em pousadas os alunos que não têm família em Macau. Entretanto, o reinício das aulas voltou a ser suspenso

As aulas em Macau deviam ter recomeçado ontem, retomando o vai-e-vem de alunos transfronteiriços que vivem em Zhuhai, possibilitado pelo ajuste das medidas na fronteira que estava planeado para as 12h de ontem. A medida permitiria a entrada em Zhuhai de pessoas munidas de teste de ácido nucleico negativo com 48 horas e, pelo menos, de uma dose da vacina contra a covid-19.

O anúncio das autoridades do Interior ficou sem efeito a partir do momento em que foi divulgada a descoberta do 72.º caso positivo, deixando numa posição complicada mais de 1.000 alunos transfronteiriços que entraram em Macau para o regresso à escola. Sem aulas, ou possibilidade de regressarem, os alunos foram distribuídos por casas de familiares, as pousadas da juventude de Hác-Sá e Cheoc Van e o Centro de Actividades de Seac Pai Van.

Depois da notificação das autoridades de saúde sobre o novo caso, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude anunciou a “suspensão do reinício das actividades lectivas até novo aviso e enviou, imediatamente, pessoal às escolas e a todos os postos fronteiriços para apoiar os alunos transfronteiriços”.

Pouco depois de se conhecer o caso positivo revelado ontem, circularam nas redes sociais imagens de jovens estudantes retidos nos postos fronteiriços, e foi mesmo revelado que alguns teriam ficado entre os dois territórios, ou seja, atravessaram o lado de Zhuhai e antes de entrar em Macau tentaram regressar ao Interior. Retorno que não foi autorizado, tornando a entrada na RAEM inevitável.

Depois de apelar a que não permanecessem nas proximidades dos postos fronteiriços, a DSEDJ sugeriu aos alunos que fossem para casa de familiares e, caso não tivessem qualquer domicílio em Macau, que voltassem às escolas onde estudam.

Albergues estudantis

Quanto ao acolhimento de jovens impossibilitados de regressar a Zhuhai, o vice-director da DSEDJ Kong Chi Meng garantiu ontem que Macau tem alternativas suficientes para garantir a estadia segura dos alunos. “Temos postos suficientes para estes alunos”, assegurou Kong Chi Meng, acrescentando a disponibilidade de mais de duas centenas de lugares. Além disso, pessoal da DSEDJ foi encarregado de cuidar dos alunos, nomeadamente adquirindo bens essenciais para não passarem privações.

“Os pais não precisam de ficar preocupados”, afirmou o responsável da DSEDJ, apelando ao contacto dos encarregados de educação caso os alunos tenham necessidades específicas.

Face à nova suspensão das actividades lectivas, Kong Chi Meng afastou a hipótese de arrancar com aulas online durante a fase de testagem universal. “Durante o período de teste em massa não achamos adequado iniciar o ensino online porque tantos os docentes como os funcionários escolares estão a apoiar as operações de testes”, disse. Porém, finda a testagem e caso as aulas presenciais não sejam uma realidade fiável, o responsável da DSEDJ adiantou que o ensino online pode ser uma solução. Hipótese que não entende ser viável para alunos até ao 3.º ano de escolaridade, que devem continuar a cumprir trabalhos de casa e exercícios pedagógicos, “para manter o ritmo de aprendizagem”.

5 Out 2021

Economia | Desemprego baixou 0,2% entre Junho e Agosto

Entre Junho e Agosto, a taxa de desemprego fixou-se em 2,8 por cento. Olhando em detalhe, a taxa de desemprego de residentes foi de 3,7 por cento nesse período, menos 0,2 pontos em relação ao período entre Maio e Julho. Já a taxa de subemprego variou na direcção oposta, com a subida de 0,2 pontos percentuais

 

O desemprego é um dos indicadores estatísticos que reflecte mais directamente a condição socioeconómica de uma comunidade. Capítulo que parece estar a melhorar na RAEM, pelo menos, de acordo com os dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

O organismo anunciou ontem que entre Junho e Agosto deste ano a taxa de desemprego fixou-se em 2,8 por cento e que no segmento de residentes a taxa foi de 3,7 por cento, valores que representam descidas de 0,1 e 0,2 pontos percentuais em relação ao trimestre compreendido entre Maio e Julho.

Em relação ao subemprego, as autoridades dão conta de um aumento de 0,2 pontos percentuais para uma taxa de 3,7 por cento.

Quantos somos

Durante o período em análise, a população activa que vivia em Macau totalizava 387.000 pessoas, o que corresponde à taxa de actividade de 68,5 por cento. A população empregada foi composta por um universo de 376.300 trabalhadores, 279.600 deles residentes, o que representou subidas de 3.400 e 4.600 pessoas, respectivamente, em comparação com o período precedente.

Jogo e restauração foram os sectores mais beneficiados com a flutuação da taxa de desemprego entre Junho e Agosto, ao contrário do sector do comércio por grosso e a retalho que registou mais desemprego.

No período analisado, a DSEC totalizou 10.600 desempregados, menos 400 em relação ao período transacto.
Entre quem procurou novo emprego, a maioria era de trabalhadores do sector do jogo, incluindo junkets, e da construção civil.

Quanto aos jovens que procuraram o primeiro emprego, a DSEC indicou que constituíram 12,5 por cento da população desempregada, valor que demonstra uma subida de 3,3 por cento em relação ao período transacto. As autoridades justificaram a flutuação com a entrada no mercado de trabalho de recém-graduados.

29 Set 2021

Música | Achun lança Keep Da Vibez Goin’ e prepara concertos em Macau

Keep Da Vibez Goin’ é o mais recente disco de Achun, o músico local que na ausência de uma comunidade alternativa em Macau centrou a carreira em Hong Kong. Numa altura em que a ansiedade e o negativismo ganham terreno, os sons de Achun são o elixir da boa disposição, descontração e ritmo à vida

 

Apesar de tudo, a boa onda prevalece. “Keep Da Vibez Goin’”, o disco de Achun lançado recentemente, é o equivalente a abrir todas as janelas numa casa fechada há demasiado tempo, a aragem que rompe com o mofo que se expandiu na inactividade.

Situado no campo da música electrónica, distante dos marasmos barulhentos das discotecas, “Keep Da Vibez Goin’” resulta da colagem de muitos estilos que influenciam o músico de Macau, como hip hop, drum and bass, big beat e soul. “Neste último disco, muitas faixas nasceram de samples de antigas músicas de pop japonês dos anos 80, sons 8-bit e de velhos jogos de Nintendo”, conta ao HM. As melodias simples e difíceis de tirar da cabeça que servem de banda sonora de videojogos, o ambiente dos jogos de arcada e o universo digital japonês são fontes de inspiração para Achun.

Com a pandemia a congelar a vida e a remeter a carreira para a internet, sem concertos marcados e com as viagens entre Hong Kong e Macau entremeadas com quarentenas, o músico local acabou por ficar grande parte do ano passado na região vizinha. Pelo meio, o seu filho nasceu e lançou em Julho de 2020 “Unending Journey”, um disco que acabou por não ter suporte físico, apesar dos planos para o editar em vinil. O álbum encontra-se à venda em formato digital no bandcamp e Spotify do artista.

No final do ano passado, o DJ que comanda a XXX Records, editora de Achun, desafiou o artista a trabalhar no próximo registo. Foi neste cenário que nasceu “Keep Da Vibez Goin’”, o disco que soa como um grito cool de resistência ao cenário negativo que se estabeleceu.

A faixa de abertura, “Groovin’ In Da Midnite” dá algumas pistas sobre a mente criativa de Achun, com a melodia a ser entregue pela via digital 8-bit a remeter o ouvinte para um universo de videojogos. A música seguinte, “Say Goodbye”, é uma festa, plena de groove e batida drum and bass que reclama visibilidade de um artista criativo e com uma noção muito particular de melodia, longe dos produtos comerciais que geraram fenómenos como os Mirror, outras boybands semelhantes e artistas que esticam a corda do cantopop até ao infinito.

Um ninho no nicho

Apesar de somar dezenas de milhares de streamings no Spotify, Macau não acarinha nichos culturais que fujam às tendências mais convencionais de criação, em particular na música. Motivo pelo qual a carreira de Achun tenha passado mais por Hong Kong, Zhuhai e outros locais no Interior, como Xangai.

Em Hong Kong, Achun encontrou uma pequena comunidade alternativa, que foge às regras da arte mercantil ditada ainda por meios antigos como a televisão. “A maioria do meu público é de Hong Kong, antes da pandemia passava muito tempo lá e tocava muito ao vivo. Quando regressei este ano a Macau percebi que ninguém me conhece, continua tudo muito parado, a maioria das pessoas não sai, não vai a festas ou concertos”, contextualizou o músico ao HM.

Apadrinhado pela editora XXX, que nasceu de um club nocturno em Kowloon com o mesmo nome, Achun encontrou artistas com visões semelhantes com quem colaborou. Luna is a Bep, artista em ascensão na cena hip hop de Hong Kong, foi uma das colaboradoras recentes do músico de Macau. A primeira parceria aconteceu há dois anos, com um tema inspirado nos protestos em Hong Kong e nas questões identitárias das gerações mais novas.

A segunda colaboração é uma das faixas de destaque do disco do ano passado de Achun. “Tree Poisons”, tema inspirado no conceito budista dos três venenos (ignorância, apego e aversão), que fala das angústias dos mais novos na região vizinha. Disparidade entre ricos e pobres, habitação e elevado custo de vida são questões sociais fortes que estão no epicentro de uma melodia calma, com toques de soul e uma linha de baixo que faz mexer as ancas.

O gosto musical de Achun é bem representado nesta faixa. Batidas ténues, que embalam mais do que agitam, longe dos tempos de rocker, quando os sons do pop-rock britânico dominavam a discografia, com Oasis, Blur, Radiohead e Suede entre os discos predilectos. Porém, já a electrónica se infiltrava no seu gosto, através de nomes incontornáveis como The Chemical Bothers, The Prodigy e Daft Punk.

Hoje, com 37 anos, o músico de Macau evoluiu enquanto compositor, aprimorando ecletismo e múltiplas influências em melodias e ritmos que transportam o ouvinte para cenários mais optimistas do que os que vivemos.

Achun tem no calendário duas actuações em Macau. No próximo dia 30 de Outubro irá servir o prato principal da ementa da noite de Halloween no DD3 e em Novembro actua no Festival Hush!, ainda sem data marcada.

27 Set 2021

ANIMA | Angariação de fundos não tapa buracos de orçamento

A Sociedade Protectora dos Animais de Macau, ANIMA, continua a atravessar dificuldades financeiras, apesar da campanha de angariação de fundos, que começou no dia 7 de Agosto, e que até agora apurou quase 1,35 milhões de patacas.

Com o passivo que transitou de anos anteriores a rondar 1 milhão de patacas, a juntar às despesas mensais, a associação precisa de cerca de 150 mil patacas para não comprometer as contas de Setembro. Todos os meses, a ANIMA precisa de 800 mil patacas por mês para pagar salários, despesas de veterinário do mês transacto, comida para animais também do mês anterior, rendas e despesas como electricidade e combustíveis para veículos da associação.

Os crónicos problemas de finanças da ANIMA foram agravados pelas novas de atribuição de fundos pela Fundação Macau, um dos factores que levou à organização da campanha de angariação de fundos, apesar de o presidente não executivo, Billy Chan, ter perdoado 500 mil patacas das 800 mil que emprestou à associação em 2020.

Com gastos que não abrandam e fundos que diminuem, a ANIMA continua a travessia difícil para evitar cortar serviços. Até agora, os principais doadores da campanha de angariação de fundos são o público em geral e 80 mil patacas de três operadoras de jogo (Galaxy, Melco e MGM), valores que ficam aquém dos doados em anos anteriores.

24 Set 2021

DST | Gala de drones vai custar 7,6 milhões

A tradição já não é o que era, máxima transversal que se aplica também às formas de celebração. Desde que as autoridades chinesas baniram os espectáculos de fogo de artifício em mais de 400 cidades, para reduzir o impacto ambiental e o número de incêndios, uma nova forma de iluminar o céu nocturno começou a ganhar forma: espectáculos de drones.

O primeiro evento do género na RAEM está marcado para o próximo dia 1 de Outubro. De acordo com informação prestada ao HM pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), “o orçamento para a realização da ‘Gala de Drones Brilha sobre Macau’ é de aproximadamente 7,6 milhões de patacas”, valor que contrasta com as mais de 24 milhões de patacas do festival de fogo de artifício de 2019, em que participaram equipas de 12 países, com duas apresentações diárias, ao longo de seis noites.

A indústria global de drones tem como epicentro algumas cidades próximas de Macau. Para dar uma ideia da dimensão deste mercado na região, uma empresa de Shenzhen, a DJI, produz cerca de 70 por cento do mercado mundial de drones. A nível global, 80 por cento dos drones “domésticos”, sem fins militares, são construídos na China. No ano passado, esta indústria valia no Interior cerca de 67 mil milhões de dólares, depois de um crescimento de 16 por cento em relação a 2019.

A grande invasão

Com a expansão do mercado e o interesse em novas tecnologias, não é de estranhar que este tipo de shows se tenha espalhado um pouco por todo o mundo, com particular destaque para a Ásia. Nas últimas celebrações de fim de ano em Hong Kong, para tentar controlar a pandemia, o Governo de Carrie Lam apostou em celebrações online e transmitidas na televisão, além de um espectáculo de drones no Victoria Harbour, em vez do tradicional show de fogo de artifício.

Também a abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio foi abrilhantada por 1.825 drones, que pintaram o céu com imagens em 3D.

Agora chegou a vez de Macau. Ao longo de cinco noites (1, 3, 9, 16 e 23 de Outubro), o céu por cima do Lago Nam Van vai iluminar-se com a luz de mais de três centenas de drones. Cada noite da “Gala de Drones Brilha sobre Macau” terá duas sessões, às 19h30 e às 21h30, e um espectáculo para cada noite do evento, a cargo de uma empresa diferente todas as noites.

23 Set 2021

DST | Gala de drones vai iluminar céu de Macau no dia nacional

A partir do dia 1 de Outubro realiza-se a “Gala de Drones Brilha sobre Macau”, uma série de dez espectáculos de luz e cor que irá iluminar o céu por cima do Lago Nam Van. Mais de três centenas de drones vão criar figuras e coreografias, substituindo o tradicional festival de fogo de artifício

 

Sem o tradicional festival internacional de fogo de artifício este ano, cancelado devido à pandemia, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), organiza, pela primeira vez, a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” a partir de 1 de Outubro.

Ao longo de cinco noites (1, 3, 9, 16 e 23 de Outubro), o céu por cima do Lago Nam Van vai iluminar-se com a luz de mais de três centenas de drones. Cada noite terá duas sessões, às 19h30 e às 21h30, e um espectáculo para cada noite do evento, a cargo de uma empresa diferente todas as noites.

O espectáculo inaugural marcado para 1 de Outubro, dia que celebra a implantação da República Popular da China, intitula-se “Arte do Amor pela Pátria” e estará a cargo de uma empresa de Shenzhen.

No dia 3 de Outubro, um domingo, é a vez de uma companhia de Guangzhou apresentar a coreografia “Construa a terra dos seus sonhos”, enquanto que a 9 de Outubro o “Charme de Macau” iluminará a noite num show montado por uma equipa de Tianjin. Na noite de 16 de Outubro, outra companhia de Shenzhen comanda os drones no espectáculo “Desfrute da sua viagem em Macau”. Finalmente, a fechar a gala na noite de 23 de Outubro, uma empresa de Pequim apresenta “Paixão por Macau”. Todos os espectáculos têm duas sessões marcadas para as 19h30 e 21h30, cada uma com duração entre 10 a 15 minutos.

Barulho das luzes

A DST apresenta este evento pela primeira vez em alternativa a Festival Internacional de Fogo de Artifício, como já havia indicado a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, há cerca de um mês, enquanto ainda aguardava luz verde das autoridades de saúde. A DST explica que, devido ao impacto do surto do novo tipo de coronavírus, Macau adoptou restrições nas entradas e saídas nas fronteiras, “impedindo as equipas pirotécnicas provenientes de outros países e regiões de vir a Macau competir no Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau”. Facto que levou a que o evento fosse novamente cancelado, com a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” a colmatar a lacuna deixada em aberto.

A natureza deste tipo de espectáculos está, porém, dependente de condições meteorológicas. “O desempenho e canais de comunicação dos drones são influenciados pela intensidade do vento e da chuva”, explicam as autoridades, acrescentado que as condições mínimas exigem “velocidade do vento inferior a 31-40 km/h” e que não chova.

Caso seja necessário adiar ou cancelar espectáculos, o “público será avisado, tanto quanto possível, com uma antecedência de duas horas”. Para tal, a DST irá coordenar com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos que irá avaliar a “situação concreta na altura” e ter como referência a previsão do tempo.

De outra dimensão

Continuando o conceito de presentear o público com “artes visuais executadas no céu nocturno”, as autoridades indicam em comunicado que a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” trazem uma nova experiência de entretenimento nocturno, “através da tecnologia, design tridimensional em 2D e 3D, luzes, música, entre outros elementos”.

Em relação às empresas escolhidas, a DST refere que “possuem uma rica experiência de exibições com drones, realizado espectáculos de drones na app “yangshipin”, na contagem decrescente dos Jogos Asiáticos, na Gala do Ano Novo Chinês da CCTV, entre outras actividades no Interior da China”. Além disso, três das equipas que vão iluminar cinco noites de Outubro bateram o recorde mundial de maior número de drones a voar ao mesmo tempo e de voo mais demorado.

21 Set 2021

VIP | Alvin Chau diz que revisão da lei do jogo não vai afastar junkets

O líder da Suncity Group acredita que as novas propostas para a revisão da lei do jogo, não têm como objectivo expulsar junkets do mercado de Macau. Alvin Chau encara as regulações em consulta pública como uma forma de controlar a origem do capital usado nas salas VIP e credibilizar o sector

 

Quando foi divulgado o documento, que está em consulta pública, sobre a revisão da lei do jogo soaram alarmes em vários sectores da indústria mais lucrativa e característica de Macau. Um deles foi o do jogo VIP, que tem sofrido com a crise gerada pela pandemia e as restrições nacionais à saída de capitais. Ainda assim, o CEO do grupo Suncity, Alvin Chau, não está preocupado, nem encara as medidas propostas como uma forma de o Governo se “livrar dos junkets no mercado local”.

Em declarações ao Hong Kong Economic Journal, Alvin Chau afirmou que encara as propostas do Governo como uma forma para diferenciar o capital usado pela indústria, excluindo o que é proveniente ou usado com intenções ilegítimas. “Não é para excluir completamente a entrada de fundos de clientes. Se os clientes não nos pagam, como poderemos comprar fichas de jogo em seu nome?”, comentou o CEO ao jornal de Hong Kong, citado pelo GGRAsia.

O documento que levanta a ponta do véu sobre o que poderá ser o futuro regime legal que irá regular o jogo em Macau coloca os promotores de jogo, como o grupo Suncity, debaixo de maior escrutínio.

Purificar o mercado

Ainda sem se conhecer o formato, o documento revelado na semana passada parece seguir o caminho da credibilização dos junkets e outros operadores que desempenham cargos na concessionária ou nas sociedades gestoras.

Aliás, durante a conferência de imprensa que anunciou a consulta pública sobre a revisão da lei do jogo, o secretário da Economia e Finanças apontou a via para assegurar a defesa da lei. “Queremos que haja um mecanismo de verificação de idoneidade dos promotores de jogo porque eles também são intervenientes do sector. Através da apreciação da sua idoneidade, vamos assegurar a sua legalidade em vários aspectos como a capacidade financeira. Queremos aperfeiçoar o mecanismo de fiscalização”, sublinhou Lei Wai Nong.

Seguindo as declarações do governante, Alvin Chau entende que “o Governo não pretende banalizar ou expulsar os junkets, mas regular o sector para que não prejudique a reputação de Macau”.

Nos últimos anos, Macau registou vários roubos de quantias elevadas de depósitos em salas VIP, alguns envolvendo profissionais de junkets. Alvin Chau comentou a situação exemplificando como uma das áreas em que o Governo deverá implementar novas medidas, remediando os danos que provocam à credibilidade da indústria.

20 Set 2021

Montantes do salário mínimo e indemnização por acidentes mantêm-se iguais

O salário mínimo, o montante máximo de remuneração de base mensal para cálculo de indemnização e a reparação por danos sofridos em acidente de trabalho vão manter os mesmos valores. A aposta na continuidade surgiu da revisão de três diplomas que regulam estas matérias laborais

 

Vai tudo ficar na mesma. Assim se pode resumir o resultado da revisão feita pelo Governo a três diplomas laborais, de acordo com informação veiculada no sábado pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

Feita a revisão da legislação, irá permanecer inalterado “o montante máximo da remuneração de base mensal utilizado para calcular a indemnização em 21.000 patacas”, fixado na lei das relações de trabalho. Também os limites de indemnização por danos resultantes de acidentes de trabalho e doenças profissionais não vão sofrer alterações.

Os valores do salário mínimo vão ficar nos mesmos montantes, ou seja, 32 patacas por hora quando a remuneração é calculada à hora; 256 patacas por dia quando é calculada diariamente e 6.656 patacas por mês para salários pagos mensalmente. Recorde-se que apenas estão abrangidos pelo salário mínimo trabalhadores de limpeza e segurança “na actividade de administração predial”.

A conjuntura das coisas

Ainda em relação ao salário mínimo, a DSAL especifica que, “tendo em conta que a lei que fixa o montante remuneratório entrou em vigor a 1 de Novembro de 2020, a revisão do salário mínimo para os trabalhadores abrangidos será feita a cada dois anos”.

Concluída a revisão, O Governo enviou os três diplomas para o “Conselho Permanente da Concertação Social para discussão e auscultação das opiniões das partes laboral e patronal”.

A manutenção dos valores estatuída nas revisões legais foi justificada pelo Executivo com “o ambiente de negócios e o grande impacto no mercado de emprego derivado da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”. Circunstâncias que levaram o Governo a procurar “alcançar o equilíbrio entre os direitos e interesses das partes laboral e patronal”.

20 Set 2021

Governo vai rever as estimativas de receitas do jogo

O Executivo vai ajustar as estimativas de receitas anuais da indústria do jogo. O secretário para a Economia e Finanças adiantou que o orçamento para 2021 será revisto para reflectir o efeito devastador dos casos locais de covid-19, verificados no início de Agosto

 

O orçamento da RAEM para 2021 aponta para uma estimativa de 130 mil milhões de patacas de receitas anuais da indústria do jogo de Macau, meta que parece cada vez mais difícil de alcançar, à medida que 2021 se aproxima do último trimestre. Recorde-se que nos primeiros oitos meses do ano, os casinos amealharam 61,9 mil milhões de patacas, menos de metade da estimativa anual.

Face à cruel frieza dos números, e após algumas vozes críticas terem alertado para a missão quase impossível, Lei Wai Nong anunciou na quarta-feira que o Governo irá “definitivamente” rever, até ao final do ano, as estimativas das receitas do jogo e submeter um orçamento rectificativo à Assembleia Legislativa.

Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, o secretário para a Economia e Finanças afirmou que a revisão foi forçada pelos recentes “acontecimentos”, que marcaram a ordem do dia em Macau, referindo-se ao surto local de infecções por covid-19, que levou à paralisia da cidade, com a realização de testes de ácido nucleico a toda a população.

O governante adiantou que a nova estimativa ainda está a ser calculada, mas reforçou a esperança do Executivo quanto aos resultados do sector do jogo ao longo dos próximos dois meses.

Questões médias

Lei Wai Nong afirmou também que na terça-feira passada, Macau registou a entrada de 24.000 visitantes, número que contrasta com a média diária de 21.000 entradas na primeira metade do ano.

A posição assumida pelo Executivo chegou em sintonia com divulgação dos dados da Direcção dos Serviços Financeiros revelando que foram arrecadados aproximadamente 2,56 mil milhões de patacas em impostos oriundos do sector dos casinos em Julho. A quantia representa uma quebra acentuada, 36,3 por cento, em relação aos impostos correspondentes a Junho, quanto os casinos pagaram mais de 4 mil milhões de patacas em impostos.

No final de Julho, Lei Wai Nong mantinha a estimativa anual de receitas do jogo, indicando que o segundo semestre de 2021 seria determinante para a recuperação. Na primeira metade do ano, as receitas atingiram as 49 mil milhões de patacas, o que representava menos 25 por cento das estimativas do Governo. Na altura, o secretário apostou que “os períodos prósperos” se iriam “concentrar no segundo semestre, nomeadamente, nas férias de Verão, na semana dourada do Dia Nacional [da China], no Grande Prémio de Macau, bem como nas férias tradicionais em Dezembro”.

10 Set 2021

FDCT enaltece conquistas da investigação científica de Macau

O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) emitiu ontem um comunicado a elencar alguns dos resultados de investigação científica que financiou, em particular através da articulação com a Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

O organismo destaca a investigação realizada na UM que desenvolveu um sistema portátil de testes genéticos rápidos e “um chip que pode detectar o novo tipo de coronavírus em 30 minutos”. A tecnologia está a ser testada em ensaios clínicos em hospitais do Interior da China. A inovação tem potencial para colocar no mercado dispositivos médicos mais pequenos e baratos, facilitando o rastreamento de vírus.

O FDCT enaltece também a pesquisa realizada na MUST, em colaboração com o Hospital Kiang Wu, no campo da oncologia, que consiste numa “estratégia para aumentar a eficácia de anticorpos no tratamento do cancro do pulmão” através do ajuste da “microecologia intestinal”. A investigação foi, aliás, publicada recentemente na revista de renome mundial Gut.

Impulso económico

Entre as conquistas da ciência local, o FDCT cita o “Sistema de Circulação e Evacuação de Fumaça em Cirurgia”, desenvolvido pelo grupo Man Lei Lai, em colaboração com equipas médicas e universitárias da investigação científica em Macau.

O equipamento médico inteligente serve para “absorver e filtrar resíduos cirúrgicos” tais como fumo e vapores gerados por facas eléctricas e ultra-sónicas durante a cirurgia abdominal”. É argumentado que o equipamento proporciona um ambiente cirúrgico mais seguro e limpo para os profissionais de saúde, a baixo custo, permitindo produção em massa.

O fundo, que tem Chan Wan Hei como presidente no conselho de administração, reiterou o empenho na promoção e “transformação dos resultados da investigação científica, no impulso à inovação científica e tecnológica através do modelo de desenvolvimento da indústria-universidade-investigação orientado para atender às necessidades do mercado”.

9 Set 2021

Eleições | CAEAL alerta para ilegalidade do uso de símbolos de listas

O presidente da comissão eleitoral sublinha que é proibido usar máscara, roupa e parafernália de promoção eleitoral, além de discutir listas e intenções de voto a 100 metros das assembleias de voto. A decisão quanto à possível suspensão das eleições, em caso de tufão, será anunciada às 18h de sábado

 

O assunto das eleições não pode ser discutido no dia do sufrágio num raio de 100 metros das assembleias de voto. Os residentes não podem revelar em quem votaram, em quem pensam votar, nem perguntar a outros eleitores que lista preferem nas imediações de locais de voto. Foi o que indicou ontem Tong Hio Fong, presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), durante o programa Fórum Macau, do canal chinês da TDM – Rádio Macau.

Além de conversas nas imediações das assembleias de voto, o magistrado alertou para a proibição no sábado e domingo do uso de máscaras, vestuário e parafernália alusiva a listas candidatas, ou ao seu número, sublinhando a possibilidade de os prevaricadores serem responsabilizados criminalmente.

Uma das questões recentemente colocadas à CAEAL prende-se com a hipótese de Macau ser fustigado por um tufão no dia das eleições. Tong Hio Fong afirmou que o organismo que dirige vai manter o contacto com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), e “estará atento à sua trajectória” e à “possibilidade de içar o sinal de tufão n.º 8 ou aviso de Storm Surge de alto nível”. Caso a comissão eleitoral entenda que as condições atmosféricas comprometem a segurança do sufrágio, “o processo de votação poderá ser adiado, ou transferido para outras assembleias de voto”. Tong Hio Fong revelou também que a CAEAL irá anunciar uma decisão às 18h de sábado.

Nulos e brancos

O tópico dos votos nulos voltou à baila, com presidente da CAEAL a indicar que em 2017 o design dos boletins de voto foi melhorado, resultando na redução de votos inválidos.

Em resposta a um ouvinte do Fórum Macau, que perguntou se haveria problema em divulgar na internet a intenção de votar nulo, o presidente da CAEAL respondeu que “o espírito da lei é garantir o sigilo do voto”. “A CAEAL nunca reconhecerá qualquer forma ou propósito de influenciar a intenção de voto e deste modo procederá ao devido acompanhamento de casos específicos para se inteirar da intenção de incomodar a ordem da eleição”, adiantou o magistrado.

Na passada terça-feira, a CAEAL visitou o Estabelecimento Prisional de Coloane para inspeccionar as condições de voto dos eleitores que cumprem pena de prisão, ou que estão em prisão preventiva. A comissão indicou que o padrão da instalação, procedimentos e horário de voto é idêntico ao das outras assembleias de voto em geral e que entre toda a população prisional, 343 são eleitores. O organismo destacou que nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa a taxa de votação nas assembleias de voto do estabelecimento prisional foi superior a 70 por cento.

9 Set 2021

Hong Kong | Residentes de Macau isentos de quarentena à entrada

O Governo de Carrie Lam anunciou ontem que a partir de 15 de Setembro pessoas oriundas de Macau e Guangdong podem entrar em Hong Kong sem terem de cumprir quarentena. As entradas na região vizinha serão limitadas a 2.000 por dia, mediante apresentação de teste de ácido nucleico negativo

 

A partir de 15 de Setembro, residentes de Macau e do Interior da China vão poder entrar em Hong Kong sem terem de cumprir quarentena obrigatória. A medida foi anunciada ontem por Carrie Lam, durante a semanal conferência de imprensa do Conselho Executivo da RAEHK.

A isenção de quarentena irá beneficiar um máximo de 2.000 pessoas por dia, divididas entre quem vem de Macau e quem vem de Shenzhen. “Será disponibilizada uma quota diária de 1.000 pessoas para o posto fronteiriço da Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau e para o posto fronteiriço de Shekou em Shenzhen”, revelou Carrie Lam.

A Chefe do Executivo da RAEHK adiantou que a política “Come2HK” (vem para Hong Kong) tem estado em cima da mesa das negociações há bastante tempo, mas foi sucessivamente adiada devido à ocorrência de surtos em Hong Kong e no Interior da China.

Carrie Lam anunciou também que a partir de hoje residentes de Hong Kong que estejam em Macau ou no Interior da China podem regressar à RAEHK sem terem de cumprir quarentena obrigatória. Esta medida, a que o Governo vizinho chama “Return2HK” (Regresso a Hong Kong), recomeçou a 5 de Agosto, apenas para quem voltava da província de Guangdong, depois de ter arrancado em Novembro do ano passado. Desde então, e depois de mais de 200.000 entradas, “não houve um único caso de infecção confirmada”, declarou Carrie Lam.

Com juízo

As políticas de entrada em Hong Kong requerem a apresentação de resultado negativo a teste de ácido nucleico no posto fronteiriço e subsequentes testes depois da entrada no território.

A novidade anunciada ontem pela Chefe do Governo de Hong Kong aconteceu exactamente 21 dias depois da descoberta do último caso local de covid-19, no passado dia 17 de Agosto. Lam frisou que a passagem dos 21 dias é uma marca temporal importante, porque reflecte o tempo de incubação do vírus. “O que significa que, basicamente, chegámos à marca de zero casos”, acrescentou, citada pelo portal de comunicação do Governo da RAEHK.

A relativa abertura das fronteiras de Hong Kong surge num contexto recente de alívio de medidas de restrição, com particular destaque para a permissão de entrada de empregadas domésticas, inoculadas com duas doses de vacina contra a covid-19, oriundas das Filipinas e Indonésia. A medida, implementada na semana passada requer a apresentação de um certificado de vacinação e quarentena obrigatória de três semanas.

7 Set 2021

Televisão | Nicole Kidman interrompe produção de “Expats” e deixa RAEHK

Nicole Kidman saiu de Hong Kong depois de uma disputa com a realizadora da série “Expats” e retornou à Austrália entre relatos de queixas relativas às condições em que a produção estava a ser conduzida. A estrela de “The Hours” e “Eyes Wide Shut” tem regresso marcado a Hong Kong para Novembro

 

Quando no mês passado Nicole Kidman foi avistada em Mong Kok a filmar no meio da característica azáfama da zona, começava a ganhar forma a polémica que haveria de estalar. A estrela australiana ficou isenta de cumprir a quarentena a que normalmente estão obrigadas as pessoas que entram em Hong Kong.

Contornada a questão, Kidman voltou este fim-de-semana ao radar mediático com a notícia de que teria deixado “temporariamente” Hong Kong depois de alegados desentendimentos com a realizadora Lulu Wang durante a rodagem da série “Expats”, para a plataforma de streaming Amazon Prime Video.

A actriz, que também é produtora executiva da série, terá entrado em rota de colisão com a realizadora devido a opiniões divergentes, acrescidas com um alegado desconforto com as condições de trabalho no local das filmagens.
Meios de comunicação de Hong Kong, citados pelo The Standard, indicam que Nicole Kidman não se conseguiu adaptar ao ambiente de filmagens, que implica a rodagem de cenas à vista de todos os transeuntes. Facto agravado pela ausência de locais para descansar isolada de multidões.

A actriz pediu uma licença de dois meses para interromper o projecto e regressou à Austrália. O The Standard adianta que a actriz deverá seguir para o Reino Unido para filmar “Aquaman” e “Lost Kingdom”, antes de regressar a Hong Kong para terminar “Expats”.

Filhas e enteadas

Os média de Hong Kong reportaram que Nicole Kidman abandonou Honk Kong num jacto privado no domingo. Porém, a sua chegada ainda agita águas. A decisão do Governo de Carrie Lam de permitir que a actriz contornasse a quarentena obrigatória para entrar em Hong Kong gerou polémica, levando as autoridades a endereçar o assunto e a explicar que Kidman reunia as condições de isenção, mas que continuaria a acompanhar a situação para assegurar que todas os requisitos de prevenção sanitária fossem respeitados.

A polémica levou mesmo à intervenção de Edward Yau Tang-wah, secretário do Comércio e Desenvolvimento Económico, defendeu a isenção Kidman de quarentena obrigatória como uma decisão que equilibrou a ajuda à actriz e o controlo da pandemia. Importa referir que foram concedidas isenções a um total de cinco membros da equipa de produção.

A dispensa implicou que Kidman se sujeitasse a pelo menos três testes de ácido nucleico nas primeiras duas semanas que esteve em Hong Kong, apresentasse um itinerário seguido ao longo da produção, limitasse as deslocações ao mínimo, apenas para trabalho, e sem usar os transportes públicos.

Desde que chegou a Hong Kong, Nicole Kidman esteve hospedada numa casa no Peak, uma das zonas mais caras da cidade. Nas últimas semanas, a actriz foi avistada a filmar numa escola primária no Peak, num edifício em Sai Wan e no mercado de rua da Fa Yuen Street em Mong Kok.

A série “Expats” é baseado no romance “The Expatriates”, de autoria de Janice Y. K. Lee. Protagonizada por Kidman, com Jack Huston e Sarayu Rao, segue “as vibrantes vidas de uma comunidade expatriada que se mantém muito próxima, onde a riqueza é celebrada, as amizades intensas, mas reconhecidamente temporárias, e as vidas, mortes e casamentos são eventos públicos”, adiantou Jennifer Salke, presidente da Amazon Studios.

7 Set 2021

HM/20 anos | Edições iniciais mostram primeiros passos da RAEM e história circular

Volvidas duas décadas sobre o nascimento do Hoje Macau, olhámos para as primeiras edições do jornal que testemunham os passos inaugurais da RAEM e notícias que atestam a natureza cíclica da história. Macau preparava-se para as primeiras eleições desde a transferência de soberania, os Censos tinham sido um sucesso e, enquanto se caminhava para a liberalização do jogo, o Hoje Macau esclarecia a natureza da concessão do antigo Hotel Bela Vista

 

 

No dia 5 de Setembro de 2001 era publicada a edição inaugural do Hoje Macau, com a capa a incidir sobre a polémica questão da titularidade do antigo Hotel Bela Vista, que passou a ser a residência consular de Portugal em Macau, uma entrevista a Ng Kuok Cheong e a notícia do encerramento de websites “críticos à adesão de capitalistas ao Partido Comunista Chinês”.

Numa altura em que a Região Administrativa Especial de Macau tinha pouco mais de um ano e meio de idade, a actualidade local vivia dos primordiais passos institucionais e económicos, com destaque para as primeiras eleições para a Assembleia Legislativa desde a transferência e o aceleramento do processo de liberalização do jogo.

Lá fora, a Europa preparava-se para a revolução cambial da chegada do Euro, António Guterres, longe dos horizontes internacionais da ONU, visitava as obras da Barragem do Alqueva na condição de primeiro-ministro e o mundo estava prestes a ser abalado pelo ataque terrorista que derrubou as Torres Gémeas em Nova Iorque. No Afeganistão, os talibãs governavam, como uma espécie de testemunho do tempo.

Numa altura de ressaca do êxodo de parte da comunidade portuguesa pós-1999, a manchete inaugural do Hoje Macau trazia claridade a um assunto que agigantava boatos e sentimentos crispados. A questão da propriedade do edifício do antigo Hotel Bela Vista abria chagas emocionais entre as comunidades, nos primeiros tempos em que a presença oficial portuguesa no território passava para o âmbito diplomático.

O HM publicou o documento da Conservatória do Registo Predial que atesta que o edifício da residência do cônsul de Portugal em Macau não era propriedade do Estado português, mas uma concessão gratuita, com o prazo de arrendamento até 19 de Dezembro de 2042. O documento especifica que o edifício é “afecto às instalações do Consulado-Geral da República Portuguesa em Macau, nomeadamente como residências do Cônsul-Geral e de outros membros do Consulado-Geral”.

Na segunda edição do HM, é acrescentada a voz do cônsul-geral da altura, Carlos Frota, confessando pensar que a publicidade à situação jurídica do edifício teria ficado resolvida com a publicação em Boletim Oficial, a 10 de Dezembro de 1997, do acordo alcançado sobre as instalações consulares.

No dia seguinte, 7 de Setembro, o assunto ainda mexia, mas apenas no formato leve de uma breve opinativa que comentava o facto de o jornal Ou Mun ter publicado a “não novidade” de que o antigo Hotel Bela Vista não pertencia ao Estado português.

Voto na matéria

Também em destaque no número um do HM, esteve a entrevista a Ng Kuok Cheong, candidato que viria a ser o mais votado nas eleições que se avizinhavam. Em discurso directo, o histórico deputado dava voz a algumas das reivindicações que marcaram a sua carreira na vida política.

Afastando radicalismos, Ng Kuok Cheong gostava que em 2009 o Chefe do Executivo fosse eleito por sufrágio directo, desejo que seria usado, 20 anos depois, para o desqualificar das eleições. De resto, o deputado almejava à abertura das comissões da Assembleia Legislativa, criticava a falta de eficácia da fiscalização do poder legislativo e defendia que a língua portuguesa devia continuar a ser oficial. Dois dias depois, o HM colocava Ng Kuok Cheong “em alta” na “bolsa de valores”, uma coluna de opinião, como um político “mais crescido, mais lúcido, menos radical” e com uma visão “correcta e desassombrada da comunidade portuguesa”.

No capítulo das eleições, a comissão eleitoral já se pautava pela confusa regulamentação e vigilância do que era permitido e proibido durante a campanha. O HM citou mesmo uma fonte que dava conta da “fobia regulamentadora da comissão”, que “acabou por ter um resultado castrador nas acções de propaganda das listas, mesmo em pleno período de campanha eleitoral”.

Ainda assim, nem tudo era cinzento na actuação da comissão eleitoral em 2021, como demonstra a notícia de 7 de Setembro onde se refere que a entidade teria chegado a acordo com as companhias de transportes públicos para não se pagar bilhete entre as 09h e as 20h do dia das eleições.

Coisas da política e da terra

Na terceira página do segundo número do HM, o assunto de um pequeno artigo viria a mudar para sempre a face de Macau. O texto versava sobre o aceleramento do processo de liberalização do jogo, uma semana depois da aprovação da lei que permitiria transformar Macau na capital mundial do jogo. O secretário para a Economia e Finanças da altura, Francis Tam, anunciava que estavam em curso “trabalhos para a respectiva regulamentação e para a criação de um grupo coordenador para o efeito”.

Fora dos assuntos eleitorais e das questões locais, Macau abraçava e era abraçado pela China e projectava-se no plano global enquanto RAEM. O HM noticiava no dia 10, na sua primeira edição de segunda-feira, a visita de Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça a Pequim para participar no Fórum Internacional “A China e o Mundo no século XXI”. A reunião teria a participação de figuras internacionais como Helmut Kohl, Jacques Santer, Boutros Ghali e Henry Kissinger.

Voltando à natureza cíclica da história, há 20 anos, as autoridades agradeciam à população a colaboração nos Censos 2001.

No plano desportivo, a grande notícia local era a ausência do piloto português André Couto do Grande Prémio de Macau 2001, depois da participação vitoriosa no ano anterior.

Entre notícias sobre novos métodos usados no Matadouro, o desejo da Casa de Portugal em Macau em conseguir voos charters para fazer viagens entre Lisboa e Macau no Natal de 2001, ou uma burla com água mineralizada importada de Zhuhai que afinal era da torneira, o HM surge num momento de ruptura da cena internacional.

Com laivos premonitórios, a quinta edição do HM dava conta de um surto de cólera em Hong Kong, a um ano do grande pavor em que a SARS mergulhou a região, lançando alertas que chegaram rapidamente a Macau. Ainda assim, à altura, sem confirmação de casos pelos Serviços de Saúde, uma fonte do HM garantia que Macau não tinha “condições técnicas e de monitorização para fazer face a um hipotético surto de cólera com maiores dimensões”.

Este artigo foi publicado no dia 11 de Setembro. No dia seguinte, Osama Bin Laden tornava-se no homem mais procurado do mundo.

Planeta de ontem

Quanto a notícias sobre Portugal, o futebol era um dos maiores elos de ligação, o cordão umbilical desportivo, com notícias que relatavam as lesões de Mantorras, os voos goleadores de Jardel e os desaires da selecção nacional orientada por António Oliveira.

No plano político, o primeiro HM divulgava o aparato de segurança que implicava a chegada do euro a Portugal. O artigo não era sobre o campeonato europeu de futebol, mas sobre a revolução económica, política e cambial do fim da moeda escudo e o início do euro. A operação implicou a chegada de aviões carregados de dinheiro, destinado ao Banco de Portugal e à banca privada, à Base Aérea de Alcochete, com supervisão militar e de grupos privados.

Na segunda edição, este jornal noticiava a visita do Engenheiro António Guterres, enquanto primeiro-ministro, às obras da barragem do Alqueva.

Porém, o mundo estava prestes a ser abalado por um sismo geopolítico com epicentro em Manhattan.
No dia 12 de Setembro, a sexta edição do HM, na capa lia-se “Terror na América – Milhares de Mortos”, com a manchete “Apocalypse Now” e a ilustração mostrava três momentos, desde os embates dos aviões nas Torres Gémeas à derrocada.

O mundo mudava, atirando estilhaços que ainda hoje se sentem, moldando a nova configuração da geopolítica e da forma como é concebida a política internacional.

Uma mudança de viragem de século, que o HM testemunhou, como tantas outras que foram passando pelas nossas páginas nos últimos 20 anos.

3 Set 2021

Ontem foi o derradeiro dia do Caravela, um marco da comunidade portuguesa

No dia 29 de Junho de 1995, com a transferência de soberania no horizonte e numa Macau bem mais turbulenta em comparação com os dias de hoje, abria a Pastelaria Caravela, no Pátio do Comandante Mata e Oliveira, bem no coração de Macau. Ontem, mais de um quarto de século depois, o espaço que se tornou num local de culto para as comunidades portuguesa e macaense abriu pela última vez.

Segundo apurou o HM, a renda elevada, um trespasse fracassado e crise a que a pandemia votou Macau estiveram na origem do naufrágio. Nem a bóia de salvação atirada pelo Governo, na forma de apoios às Pequenas e Médias Empresas, chegou para manter o Caravela à tona.

O último dia decorreu com a languidez e calmaria que viria a ditar o encerramento. Sentado na esplanada, o advogado António Lobo Vilela, em Macau há 25 anos, é apanhado de surpresa pelo encerramento da Pastelaria Caravela. “A sério, vai fechar? Não fazia ideia”, comenta surpreendido. “É passagem obrigatória, faz parte do percurso normal de um português em Macau”, comenta o cliente que todos os dias não dispensa uma bica.

A partir de agora, António Lobo Vilela não tem dúvidas de que a comunidade portuguesa ficará órfã do local no centro da cidade. Mas, sem dramas, antevê que a adaptação será rápida. “As pessoas vão lembrar-se do Caravela, mas haverá outro poiso”, projecta o jurista.

Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, encara o fim do Caravela com emotividade. “Impressiona-me ver fechar este café, faz-me confusão. Tenho pena de ver fechar estes espaços, porque fazem parte da história da cidade e da sua diferença. Cada espaço destes que desaparece é um bocadinho da história e da identidade de Macau que se vai apagando”, reflecte Amélia António.

Cenas de filme e teatro

Em mais de 26 anos, o Caravela coleccionou histórias, dramas, celebrações e tudo o que se possa imaginar num lugar habitado por pessoas em transição. No Pátio do Comandante Mata e Oliveira nasceram histórias dos Dóci Papiaçam di Macau, “em ambiente de plena cavaqueira”. Miguel de Senna Fernandes recorda “as belas tardes que ali se passaram” e garante que irá guardar boas memórias do Caravela.

“Tenho muita pena que feche, porque as pessoas reuniam-se ali, conversavam, era um espaço de cavaqueira. Em Macau, são fundamentais espaços deste género, onde não é apenas a cusquice, mas sobretudo o convívio que marcam. As comunidades precisam sempre de espaços de referência onde possam conviver, e o Caravela era um desses espaços”, comenta o advogado e director do grupo de teatro que mantém vivo o patuá.

Face aos factos consumados do encerramento, Miguel de Senna Fernandes remata que “é mais um espaço que se perde, mais um que diz muito respeito às comunidades portuguesa e macaense”.

Porém, nem sempre de felizes cenas se fez o espaço. Albano Martins, que foi contabilista da sociedade que fundou o Caravela, com Francisco Cordeiro, Francisco Gonçalves e Adriano das Neves ao leme, recorda como um dia ficou cravada uma bala na coluna de entrada da pastelaria. Um guarda prisional acabaria por perder a vida no Caravela, na sequência do tiroteio.

Albano Martins estava em Pequim, quando foi informado do pânico que se instalara no pátio, em especial entre os empregados da pastelaria.

O economista lembra, inclusive, que o Caravela era bastante frequentado por agentes da Polícia Judiciária durante a violenta época de guerra de seitas, facto que terá mesmo afectado o negócio porque alguma clientela receava ser apanhada por uma bala perdida de um ajuste de contas que não eram as suas.

Na larga maioria dos dias dos primeiros anos do Caravela, o maior rebuliço era comercial, chávenas a tilintar e a máquina registadora a facturar, numa época em que “só o dinheiro das bicas dava para pagar todos os custos”, lembra o economista.

Cenário que contrasta com a tarde de ontem. Com a esplanada a meio gás, conversas cruzadas entre bicas, super bocks e tostas mistas. Como quem não quer a coisa, o assunto do fim passa ao de leve entre a freguesia, cristalizado na frase uma cliente que exclama “acabou-se a esplanada!”.

Com a chegada das 18h, a clientela habitual chega para beber um último copo, o da inadvertida despedida a um lugar que ficará para sempre ligado a tempos de mudança, a chegadas e partidas. Esta é só mais uma.

1 Set 2021

Consulta | Lei dos Ascensores com pouco mais de metade de concordância

Foi ontem divulgado o resultado da consulta pública sobre o Regime Jurídico dos Ascensores, cujo documento de consulta apresentado pelo Governo recebeu 55,6 por cento da concordância dos auscultados. Quanto ao conteúdo propriamente dito, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte revelou que “a maior parte das opiniões são pouco claras/neutras (56,7 por cento – 100 por cento)”.

Em relação à entidade de manutenção e reparação, e à entidade inspectora, registaram opiniões desfavoráveis de 46,6 por cento e 48,5 por cento, números ligeiramente acima das opiniões pouco clara ou neutras (45,5 por cento e 40,6 por cento).

O Governo destaca que a produção da lei teve como base padrões actualizados da União Europeia e a legislação local sobre construção civil, partindo de um conjunto de instruções, lançadas em 2013, que nunca conseguiram garantir o papel fiscalizador por terem caracter voluntário.

As principais preocupações expressas na consulta pública prenderam-se com a imposição que a lei pode trazer ao nível do recrutamento de mão-de-obra, como engenheiros, sem aferir primeiro se existem no mercado profissionais suficientes, assim como entidades de manutenção, reparação e inspecção de ascensores.

Aliada à dúvida se existem profissionais e empresas suficientes, está a incerteza quanto à capacidade para tratar o grande volume de trabalho que o regime legal poderá acarretar Assim sendo, algumas opiniões apontaram para a necessidade de formar talentos locais para reforçar o quadro de técnicos locais responsáveis pela inspecção e reparação de elevadores.

A consulta pública decorreu entre 29 de Abril e 15 de Junho de 2021, abrangeu cinco sessões de esclarecimento destinadas ao público, ao sector dos ascensores, ao sector da construção civil e às associações cívicas e reuniu 415 opiniões.

1 Set 2021

Eleições | Associação de Jiangmen volta a oferecer lembranças

A Associação dos Conterrâneos de Jiangmen voltou a distribuir lembranças aos sócios no domingo, levando ao segundo caso em análise no CCAC relacionado com a entidade ligada à lista de Zheng Anting. As ofertas incluíram bolos lunares, guarda-chuvas, sacos para compras, ao mesmo tempo que foram dadas indicações em como votar na lista de Jiangmen

 

A benevolência da Associação dos Conterrâneos de Jiangmen antes das eleições legislativas voltou ao radar do Comissariado contra a Corrupção, depois de no passado domingo a entidade ligada à lista que tem Zheng Anting como líder ter organizado uma sessão de esclarecimento de como preencher o boletim de voto, com a entrega de um cabaz de ofertas.

Segundo o portal All About Macau, foram oferecidos bolos lunares, guarda-chuvas, máscaras, sacos reutilizáveis para compras, pequenas ventoinhas portáteis e folhetos informativos sobre a lista encabeçada por Zheng Anting.

Além disso, um dos participantes afirmou ao All About Macau que nas instalações foram dadas indicações sobre a forma correcta de votar na lista ligada aos conterrâneos de Jiangmen.

Cerca de duas centenas de pessoas acorreram ao local, na zona do Patane, formando filas na rua controladas por funcionários da associação, que informavam os participantes da possibilidade de receberem ofertas.

O All About Macau perguntou à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) se este comportamento viola a lei eleitoral, ao que a entidade liderada por Tong Hio Fong respondeu afirmando que “as listas candidatas podem distribuir materiais promocionais durante o período da campanha das eleições”. Ainda assim, o caso foi reencaminhado para o Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

O valor das coisas

A número dois da lista União de Macau-Guangdong, ligada à Associação de Conterrâneos de Jiangmen, Lo Choi In, relativizou o caso e referiu que o evento de domingo foi apenas uma actividade promocional e que os bens distribuídos não têm valor monetário. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Lo Choi In afirmou que os materiais promocionais foram declarados, de acordo com a lei, e verificados pelo CCAC e CAEAL.

Não foi a primeira vez que a lista ligada a Jiangmen organizou actividades que resultaram em casos reencaminhados para o CCAC, depois da oferta de vales de 100 patacas do supermercado Royal, verificada a meio de Junho.
Também nesse caso, apesar de enviar para o CCAC, o presidente da CAEAL negou a existência de indícios de corrupção eleitoral.

“A associação não apresentou um pedido para constituir uma comissão de candidatura. […] Sobre a eventualidade de haver corrupção, por enquanto, não verificamos indícios de corrupção eleitoral”, afirmou Tong Hio Fong, após a reunião de ontem da CAEAL. “Encaminhámos o caso ao CCAC e lembramos que esses actos, a oferta de lembranças e benefícios, não podem ter ligação com as actividades eleitorais”, acrescentou.

31 Ago 2021

Cinemateca Paixão | Filmes de acção asiática preenchem cartaz de Setembro

As artes marciais vão continuar a dominar o cartaz da Cinemateca Paixão ao longo de Setembro, com uma variedade de filmes de realizadores de todo o mundo, com particular incidência nos cineastas asiáticos. Hoje é exibido “The Master”, de Xu Haofeng, amanhã é a vez de “Zu: Warriors from the Magic Mountain”, do realizador Tsui Hark

 

O ciclo “A sombra da katana, armas, espadas – Festival das Artes Marciais, Samurai e Filme Ocidental” continua a ser a tónica cinematográfica do cartaz da Cinemateca Paixão, enchendo o ecrã da casa dos filmes de acção e violência ao longo do mês de Setembro.

No meio de um vasto cartaz, com muitos filmes já esgotados, o HM divulga as sessões para as quais ainda há bilhetes à venda.

Hoje, às 19h, é exibido “The Master”, uma megaprodução de 2015, da autoria do chinês Xu Haofeng. A narrativa gira em torno da longa e sangrenta ascensão de um homem à posição de mestre de artes marciais de wing chun, um conceito moderno baseado no tradicional wushu originário do Sul da China.

Até conseguir permissão para abrir uma escola de artes marciais, o protagonista, interpretado pelo aclamado actor Liao Fan, terá de treinar um aprendiz capaz de derrotar nove mestres de outras escolas.

Amanhã, às 15h, é a vez de “Zu: Warriors from the Magic Mountain” tomar conta do ecrã da Cinemateca Paixão, sessão que é repetida a 8 de Setembro, às 19h, para quem não gostar de filmes de kung fu à hora de matiné. Lançado em 1983, esta pérola do cinema de Hong Kong, realizada por Tsui Hark, foi uma influência enorme para John Carpenter conceber o clássico “Big Trouble in Little China”, com Kurt Russell, Kim Cattrall, Dennis Dun e James Hong no elenco.

“Zu: Warriors from the Magic Mountain” é um filme difícil de caracterizar, com elementos sobrenaturais, fantasia, artes marciais e comédia transversais a toda a narrativa, que se centra nas desventuras de um desertor do exército que tenta escapar da Montanha de Zu que, por acaso, está cheia de vampiros que encaram o militar como um banquete com pernas.

A sobrevivência do protagonista, interpretado por Yuen Biao, é garantida pela intervenção do mestre Ding Yan, desempenhado por Adam Cheng, a conhecida estrela do canto pop e actor da TVB.

Do Japão à Indonésia

Como um cocktail feito apenas com bebidas com mais de 40.º graus de álcool, “Sukiyaki Western Django” é um cruzamento bombástico entre Quentin Tarantino, Sergio Leone e Akira Kurosawa. A película, realizada pelo japonês Takashi Miike, que chegou às salas de cinema em 2007 é exibida no dia 5 de Setembro, às 15h.

O filme começa com a chegada de um pistoleiro a Yuta, uma cidade dividida por dois gangues em guerra. Depois de ignorar os convites de ambos os clãs, o pistoleiro acaba em casa de uma mulher que lhe conta como a cidade, em tempos próspera, se degradou com o embate violento dos dois gangues. A partir daqui “Sukiyaki Western Django” transforma-se num misto entre “Cães Danados” e “Os Sete Samurais”.

Nos dias 7 e 15 de Setembro, sempre às 19h, a Cinemateca Paixão exibe “The Fate of Lee Khan”, um clássico de Hong Kong, realizado por King Hu, que alia artes marciais a narrativas repletas de magia e fantasia. A acção desenrola-se durante os anos de declínio da Dinastia Yuan, quando Lee Khan, um general mongol, e a sua irmã Wan’er tentam obter informações tácticas das forças rebeldes que combatem. É com essa missão que chegam a uma estalagem na província de Shaanxi.

Seguindo uma toada mais calma do que “Sukiyaki Western Django”, “The Fate of Lee Khan” desenrola-se ao ritmo muito próprio, com cenas de luta a surpreenderem o espectador e a terminarem tão rapidamente como começaram, dando espaço a intriga e crescimento das personagens pelo meio.

Filme sobre filmes

Finalmente, destaque para um filme distinguido em festivais de cinema asiáticos como o Festival de Cinema Asiático Vesoul, Festival de Cinema Asiático de Hong Kong, Festival de Cinema de Taipei e no Festival Internacional de Cinema de Busan, para nomear alguns. No dia 8 de Setembro, às 21h, e às 16h30 de 18 de Setembro, é exibido “Garuda Power: The Spirit Within”, um documentário que explora a história pouco conhecida do cinema de acção indonésio.

Desde o nascimento da indústria cinematográfica na Indonésia, entre os anos 20 e 30 do século passado, o documentário do realizador Bastian Meiresonne atravessa os altos e baixos do sector, até chegar a “The Raid”, um filme de acção que mereceu aclamação global.

O cartaz da Cinemateca Paixão inclui outros filmes, muitos deles com sessões esgotadas, com este tipo de filmes em exibição a ocupar a programação de Setembro.

27 Ago 2021

Grand Lisboa Palace | Abraço entre Oriente e Ocidente através da arte

Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Eric Fok, Denis Murrell e Cai Guo Jie foram os artistas locais escolhidos para embelezar os principais espaços públicos do novo Grand Lisboa Palace, no Cotai. Trabalhos de grandes dimensões dão o toque final no resort, constituindo a maior colecção de obras de arte comissionadas a criadores de Macau

 

Os espaços amplos e sumptuosos que constituem as artérias principais do novo Grand Lisboa Palace estão repletos de quadros de grandes dimensões da autoria de artistas locais, naquela que é a maior colecção de arte comissariada a criadores de Macau por uma concessionária de jogo.

Simbolicamente, entre o lobby Este e Oeste, a fluidez entre espaços é composta por peças dos artistas locais Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Eric Fok, Denis Murrell, Cai Guo Jie e ainda uma peça de 3,6 metros por 4,5 metros da autoria de Ambrose So, o vice-presidente da administração da SJM Holdings Ltd.

O executivo, que abriu recentemente a joia da coroa do grupo no Cotai faz parte do grupo de ilustres locais que através da arte cruzam civilizações, culturas e épocas no Grand Lisboa Palace, com a peça “Humility Scroll”. O trabalho combina influências portuguesas e chinesas, através da caligrafia e azulejo pintado à mão à moda lusa. Ambrose So debruçou-se sobre o 15.º capítulo do Yi Jing, o Livro das Mutações, um texto clássico considerado um dos mais antigos e importantes livros de filosofia chinesa. O trecho escolhido é um tratado sobre a essência da virtude e humildade e está simbolicamente situado no centro dos dois lobbys .

Atrás do balcão de check-in do lobby Oeste, um painel de gravura em metal da autoria de Eric Fok dá as boas-vindas aos hóspedes. “Paradise – Grand Lisboa Palace” retrata um jardim movimentado, repleto de figuras singulares num cenário de fantasia, com uma composição arquitectónica que evoca o Grand Trianon, incorporado no Palácio de Versailles. O uso do metal como veículo para a inspiração de Eric Fok é uma referência temática ao antigo papel de Macau no comércio da prata.

O jovem criador de Macau foi comissariado também para uma peça que se encontra exposta defronte para o balcão de check-in do lobby Este, intitulado “Paradise – Ships on the Oriental Coast”, um painel tríptico composto por azulejos de porcelana portuguesa pintados a azul. Dividido em três partes, a obra retrata com bastante detalhe, a era das descobertas, quando Macau se posicionou no centro do mundo, como um importante porto de trocas comerciais e culturais entre Oriente e Ocidente.

No centro do tríptico, Eric Fok desenhou o Grand Lisboa Palace, ladeado por representações que evocam tempos idos, com o Rio das Pérolas repleto de embarcações de um lado, e do outro a alegre azáfama da Macau antiga, onde estão retratadas pessoas nas ruas, perto da igreja e com a aparição misteriosa de um elefante e uma girafa, com o casario ao fundo.

Encontros nas telas

Um dos traços característicos dos trabalhos de Konstantin Bessmertny é a profusão representações iconográficas e a atenção dada ao detalhe. As duas telas do artista local, expostas frente a frente na entrada para os elevadores lobby Este, chamam-se “E. meets W.” e “W. meets E.”.

Especialmente concebidas para o Grand Lisboa Palace, as duas obras comunicam entre si as formas como o Oriente é visto pelo Ocidente e vice-versa, num diálogo marcado pelas cores vivas, pelas representações conceptuais com o traço bem-humorado de Bessmertny e pela profusão de detalhes que, à primeira vista, podem escapar ao olhar menos atento. Exemplo disso, é o retrato de Homer Simpson que só fica perceptível a quem vê a obra do lado esquerdo do quadro, numa alusão a “The Ambassadors” de Hans Holbein, um clássico quadro do período renascentista.

A tela que representa a forma como o Oriente é percepcionado pelo Ocidente tem no centro um colorido festival fantasmagórico de templos luxuriantes, jardins plenos de exotismo, padrões e paisagens que evoca requinte, espiritualismo, calma meditativa e cerimónia. O reverso da medalha, é um labirinto de vinhas, castelos, evocações monárquicas, personagens históricas e iconografia pop.

A tarefa de absorver todos os detalhes das telas de Konstantin Bessmertny parece requerer um ou dois dias de férias para que nada escape no magnífico puzzle visual que contrapõe os dois postos cardeais, onde o sol nasce e se põe.

Glória e serenidade

Os trabalhos comissariados a Carlos Marreiros tocam-se no tema/conceito, mas distanciam-se nas formas de expressão que o artista escolheu para se expressar. “Glória” é composta por dois paneis de azulejos tradicionais portugueses que ilustram a fantástica viagem de Macau entre o século XVI e os dias de hoje. O primeiro painel retrata o encontro inicial entre chineses e portugueses, a curiosidade e o mistério que a confluência trouxe às duas partes, com a representação onírica da troca de prendas entre os dois lados a acontecer no ar, com a rural e velha Macau em pano de fundo.

O segundo painel, celebra o contínuo aprofundar dos laços entre as comunidades em Macau, com simbolismos culturais, jurídicos e um retrato surrealista de Stanley Ho a andar de bicicleta.

Todos os personagens e elementos simbólicos pairam sobre uma cidade cosmopolita, com uma narrativa urbana detalhada que retrata a evolução de Macau ao longo de quase 500 anos.

Atrás do balcão de check-in do lobby Este do Grand Lisboa Palace, a visão é dominada pela explosão de cores de “Sereno Amanhecer de Amanhã”, um quadro que é um hino à união entre a arquitectura portuguesa e a arquitectura do Sul da China. As duas matrizes que formam o núcleo da obra são as influências que moldaram Macau enquanto cidade orgânica que funde as duas concepções numa vibrante e, ainda assim, serena e natural paisagem.

Contrariando a normal noção de equilíbrios, Carlos Marreiros retrata elementos naturais como montanhas, borboletas e vegetação, em cima de edifícios num lado do painel. Enquanto que no outro, os elementos misturam-se numa paisagem idílica onde ficam eternizados marcos arquitectónicos da cidade como o antigo e carismático Hotel Lisboa, simbolizando o início da prosperidade de Macau; a Torre de Macau, a trazer o desenvolvimento e transição a REAM; e o Grand Lisboa, erguendo-se entre montanhas douradas no centro distante.

Na recepção do Lobby VIP do Grand Lisboa Palace figuram duas imponentes telas abstractas de autoria de Cai Guo Jie. A arte abstracta também domina a entrada e interior do lounge do lobby oriente com duas peças de Denis Murrell.

Outro dos destaques artísticos da colecção que acrescenta brilha ao novo resort é o painel intitulado “Auspicious Stars Shining Over Macao” de autoria de Ung Vai Meng. A obra tridimensional, composta por folha metálica recortada na forma das Ruínas de São Paulo assente em calçada portuguesa e elementos de azulejo simbolizando conchas do mar, forma um mosaico que evoca as restantes obras presentes nos balcões de check-in, tornando as entradas auspiciosas e as despedidas memoráveis.

26 Ago 2021

Hengqin | Centro de computação garante estabilidade e ordem social

As autoridades de Zhuhai anunciaram um acordo com o centro de computação de Hengqin para desenvolver ferramentas digitais de governação que garantam estabilidade e ordem social. O centro na Ilha da Montanha é descrito como a maior e mais potente plataforma de Inteligência Artificial da China

 

Sem o alarido dos filmes de ficção científica, o Governo Municipal de Zhuhai anunciou ontem que assinou um acordo com o Centro de Computação Avançada de Hengqin para o desenvolvimento de infra-estruturas digitais que respondam a exigências de governação nas mais diversas matérias sociais.

O protocolo irá alargar o papel do centro de computação no exercício do poder executivo e naquilo que as autoridades da cidade vizinha intitulam de “governação digital”. Assim sendo, o centro de computação de Hengqin irá responder a necessidades de “protecção e coordenação de assuntos de interesse público, segurança pública, estabilidade social e gestão de situações de emergência”, anunciou ontem o o Governo Municipal de Zhuhai.

O acordo assinado pelo Gabinete de Gestão de Dados da cidade vizinha na passada sexta-feira com o centro de computação vai garantir no futuro o “armazenamento seguro de dados, autorização de dados, transmissão de informação, cálculo de índice de privacidade, modelação conjunta, verificação de algoritmos, e análise de convergência”.

As autoridades da cidade vizinha destacam também que a aposta nos projectos de Inteligência Artificial e análises de dados são vias para impulsionar a inovação, a economia digital e também servir de motor de arranque tecnológico da área da Grande Baía.

Um mundo aqui ao lado

O Centro de Computação Avançada de Hengqin é, de acordo com as autoridades de Zhuhai, a maior e mais potente plataforma de Inteligência Artificial de toda a China e materializa a aposta no processamento digital da gestão de assuntos governamentais.

Na zona de Xiangzhou, centro político e financeiro de Zhuhai, a Inteligência Artificial é usada na gestão do trânsito, segurança em áreas residenciais, parques industriais, escolas, estaleiros de construção, assim como monitorização ambiental.

O centro foi estabelecido em Maio de 2019 pela Academia Chinesa de Ciências e pelos Governos de Guangdong, Zhuhai e Hengqin. As autoridades da cidade do Interior adiantaram também que, desde a sua fundação, o centro serviu uma centena de projectos, incluindo investigação científica de equipas da Universidade de Macau.

25 Ago 2021