Tóquio2020 | Arrancam hoje uns dos mais estranhos Jogos Olímpicos da Era Moderna

Realiza-se hoje a cerimónia de inauguração dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, com o habitual cortejo das comitivas dos países participantes e quatro horas de espectáculo. Tudo o resto será inédito nestas olimpíadas, das medidas sanitárias, à ausência de público, passando pela possibilidade de cancelamento e o estado de emergência em Tóquio. Até ontem, a organização dava conta de mais de 90 infecções de covid-19 entre pessoas credenciadas para os jogos, enquanto Tóquio

 

Ao final da tarde de hoje, 19h de Macau, arrancam oficialmente os Jogos Olímpicos Tóquio2020. A cerimónia de inauguração terá como palco o novo Estádio Olímpico da capital japonesa, e seguirá o protocolo tradicional com a abertura oficial a cargo do Imperador Naruhito, seguido dos juramentos da praxe e da habitual parada das comitivas de todos os países participantes.

A primeira nação a entrar no Estádio Olímpico será, como dita a tradição, a Grécia, seguida de uma comitiva de atletas refugiados e dos restantes países por ordem alfabética do país organizador. O cartaz prossegue com a apresentação de uma série de espectáculos.

A grande diferença para as edições anteriores é a ausência de público nas bancadas e as medidas sanitárias de controlo da propagação da covid-19. Como não poderia deixar de ser, a pandemia tem sido o foco principal das olimpíadas, depois de adiamento no ano passado, dos protestos contra a realização e dos múltiplos casos de infecção.

Aliás, o próprio chefe do comité organizador do Tóquio2020 Toshiro Muto, afirmou na quarta-feira que não excluía a possibilidade do cancelamento dos Jogos Olímpicos, que estaria atento aos números de infecção.
Importa referir que mais de 90 pessoas credenciadas para as olimpíadas testaram positivo à covid-19 antes da cerimónia de abertura. Além disso, a capital japonesa atravessa um novo pico de infecções, com o registo de 1.832 novos casos na quarta-feira.

A cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos vive, neste momento, o seu quarto estado de emergência, que se manterá até 22 de Agosto, abrangendo a duração total dos Jogos Olímpicos, que terminam a 8 de Agosto.
Especialistas da área da saúde alertaram que o número de novos casos de infecção pelo coronavírus em Tóquio vai agravar-se nas próximas semanas.

O médico Norio Ohmagari, membro do painel de especialistas do governo da área metropolitana de Tóquio, considera que a média diária de casos na capital poderá atingir cerca de 2.600 em duas semanas, se continuarem a surgir ao mesmo ritmo.

Apesar de tudo, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) Thomas Bach afirmou na quarta-feira que o cancelamento “nunca foi uma opção”.

Portugueses na aldeia olímpica

“Se há um país que consegue organizar uns Jogos Olímpicos no meio desta pandemia é o Japão. Na semana de treinos em Kaga era ridículo o pormenor a que chegavam”, elogiou Rui Bragança, representante único do taekwondo luso em Tóquio2020.

O atleta vimaranense, que também é médico, recordou a zona isolada em que a comitiva viajou no avião, com direito a instalações sanitárias privadas, e contou que, já no Japão, os guias “controlam tudo”, para que nada falhe em termos de segurança sanitária.

“Os nossos guias controlavam tudo ao máximo. Todos os voluntários fazem tudo por tudo para as regras serem seguidas. Fui treinar ao local oficial e estava tudo desinfectado, com divisórias no ringue e tudo. Estes Jogos Olímpicos são uma amostra de que com esforço e dedicação tudo é possível”, vincou o lutador, que compete amanhã.

A judoca Catarina Costa, igualmente formada em medicina, garante que se tem sentido “bastante segura” na aldeia olímpica, uma vez que “quase todos os atletas cumprem as regras”. “É raro ver alguém sem máscara. Tenho alguma preocupação extra e evito estar tão perto de outras pessoas, como no refeitório. Está tudo a correr muito bem e todos estão a tomar as devidas medidas”, assegurou a atleta, oitava classificada no ‘ranking’ de qualificação na categoria de -48 kg, que também se estreia amanhã.

O nadador José Paulo Lopes, de apenas 20 anos, entende que a pandemia “está controlada” na aldeia olímpica, uma vez que “quase toda a gente cumpre com os requisitos”.

“Não nos afecta assim tanto, pois já estamos habituados a viver assim. Não foge à normalidade que estamos a viver em Portugal”, desdramatizou o bracarense, que vai competir nos 800 metros livres e 400 metros estilos.

Se a segurança em termos de saúde pública não é preocupação para estes competidores lusos, já a falta de público limita um pouco a experiência e até a preparação.

Por exemplo, no Rio2016, Júlio Ferreira, que falhou a qualificação, foi parceiro de treino de Rui Bragança, situação que se repete agora em Tóquio2020, com a diferença do companheiro não poder, desta vez, ficar instalado no complexo que alberga os competidores.

“A família e amigos que não vieram (…), mas isso até pode ser motivação extra, pois continuaram a apoiar-nos neste ano e meio. Nos momentos mais difíceis estiveram sempre lá e agora vamos lutar por eles. As bancadas estão vazias, mas eles estão em casa de madrugada a gritar por nós”, disse o nono classificado no Rio2016.

Glória ao pescoço

Portugal chega a Tóquio2020 com o judoca Jorge Fonseca com o estatuto de bicampeão do mundo de -100 kg e outros ‘vices’, como os irmãos velejadores Diogo Costa e Pedro Costa, o marchador João Vieira, a lançadora Auriol Dongmo e a surfista Yolanda Sequeira.

Também Pedro Pichardo detém a melhor marca mundial no triplo salto, numa lista de ‘candidatos’ que tem de incluir o canoísta Fernando Pimenta e a judoca Telma Monteiro, ambos já medalhados, mas também o skater Gustavo Ribeiro, a selecção de andebol e o ‘eterno’ Nelson Évora, o único campeão olímpico português em actividade, apesar dos recentes resultados menos positivos.

“O ano de 2019 foi muito forte com resultados em Mundiais. Também não deixámos de ser mais ambiciosos quando assinámos o contrato-programa do que aquilo que já tínhamos logrado alcançar, com uma medalha em cada uma delas. Contratualizámos duas medalhas para Tóquio, e essa ambição foi sendo acompanhada pelos resultados conquistados”, afirmou o Chefe de Missão de Portugal, Marco Alves.

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, admitiu que esperava o apuramento de atletas em karaté, tiro e futebol, ficando, por isso, aquém do objectivo de 19 modalidades em prova nesta edição dos Jogos Olímpicos.

“Estou satisfeito em relação aos objectivos atingidos, de número de atletas, percentagem de género, tínhamos estabelecido como limite os 60 por cento de homens. Com algumas boas surpresas que o apuramento suscitou, como a questão do andebol, as duas mulheres no surf, o jovem das águas abertas [Tiago Campos], mas não estou satisfeito relativamente ao número de modalidades previstas”, afirmou.

O presidente do COP considera que o valor da missão “está em linha” com a apresentada no Rio2016, onde Portugal conquistou uma medalha de bronze, pela judoca Telma Monteiro, e 10 diplomas (classificações entre o quarto e oitavo lugares), confirmando que as expectativas de resultados estão “em consonância com essa avaliação”.

Dias bizarros

“[Vão ser] uns Jogos estranhos, difíceis, muito diferentes do que estamos habituados, porque os constrangimentos, limitações, dificuldades estabelecidas criam-nos a expectativa de que as coisas vão correr bem, mas num quadro completamente diferente”, advertiu o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).

Apesar das dificuldades anunciadas, e da oposição por parte da maioria da população japonesa, Constantino disse esperar que as exigências sejam amenizadas.

Na véspera do início dos Jogos Olímpicos, Tóquio parece viver alheado do maior evento desportivo do mundo, algo só possível numa sociedade altamente respeitadora, face a um vírus que levou ao inédito adiamento da competição.

As 43 infraestruturas alocadas aos Jogos Olímpicos estão devidamente ‘protegidas’ dos japoneses, impedidos de assistir ao evento presencialmente – depois de já ter sido negada essa possibilidade aos estrangeiros -, pelo que o habitual ‘circo’ olímpico, que apaixona milhões, funciona absolutamente fechado, como nunca aconteceu.

Os XXXII Jogos vão ter bancadas despidas de entusiasmo, ficando entregues somente a atletas, dirigentes, árbitros, jornalistas, organizadores e milhares de voluntários, transformando o evento global e agregador de culturas e povos num produto, apenas e só, mediatizado. Pela primeira vez desde a primeira edição, em Atenas1896, não haverá o que os Jogos têm de mais especial, o intercâmbio e partilha entre culturas, em espírito de tolerância, compreensão e harmonia, enquanto são desafiadas as melhores aptidões do Homem.

Com ou sem o mais puro espírito olímpico, serão cerca de 11.000 os desportistas a lutarem pela honra de ser um dos 339 campeões olímpicos, em provas distribuídas por 33 modalidades.

De Portugal viajaram 92 atletas, em representação de 17 desportos, com o objectivo de atingirem, pelo menos, duas medalhas, 12 diplomas, com lugares até ao oitavo, bem como 26 resultados até ao 16.º.

A esperança lusa

O atletismo é a modalidade com mais portugueses em prova, com 20 atletas, um acima de Pequim2008, mas longe dos 24 no Rio2016 e dos 25 em Londres2012.

Aos 37 anos, Nelson Évora, campeão no triplo salto em Pequim2008, vai estar pela quarta vez nos Jogos Olímpicos, depois de um sexto lugar no Rio2016 e do 40.º em Atenas2004, tendo falhado Londres2012 por lesão.

Também Pedro Pablo Pichardo e Patrícia Mamona, que se sagraram campeões europeus em pista coberta, asseguraram a presença no triplo salto, tal como os estreantes Evelise Veiga e Tiago Pereira.
Auriol Dongmo, campeã continental em pista coberta, vai participar no lançamento do peso, assim como Francisco Belo e Liliana Cá, no disco, novatos em Jogos.

João Vieira, aos 45 anos, vai estar nos 50 quilómetros marcha, na sexta vez em Jogos — apesar de qualificado, por motivos de doença, não chegou a participar na prova de marcha (20 km) em Sydney2000 —, tornando-se no segundo luso com mais presenças, a uma do velejador João Rodrigues. Ainda na marcha, Ana Cabecinha assegurou a quarta participação olímpica e na maratona Portugal estará representado por Carla Salomé Rocha, Sara Catarina Ribeiro e Sara Moreira.

A estes nomes juntam-se Salomé Afonso, nos 1.500 metros, distância a que regressa Marta Pen, 36.ª no Rio2016. Carlos Nascimento estreia-se nos 100 metros, assim como Ricardo dos Santos nos 400, distância que Cátia Azevedo, 31.ª no Rio2016, volta a correr.

Irina Rodrigues, que falhou Rio2016 por lesão, também se qualificou, e Lorene Bazolo, a mulher mais rápida de Portugal e que também já foi aos Jogos pelo Congo, somou aos 100 metros por marca os 200 por ‘ranking’.

Transmissão grátis

A cerimónia de inauguração do Tóquio2020 é transmitida hoje às 19h na TDM. O HM tentou apurar junto do Gabinete de Comunicação Social se o Governo da RAEM terá pago para transmitir os Jogos Olímpicos na TDM. O organismo liderado por Inês Chan revelou que relativamente ao “acordo entre a TDM e o China Media Group para a transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio e dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, tratou-se de uma das políticas do Governo Central favoráveis a Macau e os direitos de transmissão são gratuitos”. Com Lusa e J.S.F.

23 Jul 2021

Turismo | Retorno da média diária de 30 mil visitantes

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anunciou ontem que Macau voltou a receber uma média diária de 30 mil visitantes, algo que não acontecia desde desde 28 de Maio. Nos dias 16 e 17 de Julho (sexta-feira e sábado) entraram em Macau mais 33 mil e 32 mil visitantes, respectivamente.

O Governo refere também que nos primeiros cinco meses do ano, o número de visitantes seguiu uma tendência de subida, fenómeno que se verificou igualmente na taxa de ocupação hoteleira, com particular destaque para a primeira metade do mês corrente. Entre 1 e 15 de Julho, a taxa de ocupação hoteleira atingiu 52,1 por cento, o que representou uma subida de 8,4 por cento em relação a Junho.

Para esta estatística, a DST realça o contributo das excursões locais “Passeios, gastronomia e estadia para residentes de Macau”, que representou cerca de 38 mil hóspedes em hotéis. “O número de residentes que participam nas excursões durante as férias de Verão continua a subir, o que permite apoiar a recuperação da indústria turística e da economia local”, refere a DST.

22 Jul 2021

SSM | Anomalias informáticas levam a cancelamento de consultas e vacinas

Falhas no sistema de marcação levaram ao cancelamento de consultas externas ontem de manhã no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) e em todos os centros de saúde de Macau, segundo informação veiculada pelos Serviços de Saúde (SSM) e relatos de utentes ouvidos pelo HM.

As filas de utentes generalizaram-se no hospital público e afectaram inclusive os serviços de vacinação.
Segundo um comunicado dos SSM, “a avaria foi causada por uma anormalidade desenvolvida na pesquisa dos dados de marcação de consultas externas, que tornou muito lento o processo de consulta dos dados no sistema. Após a intervenção técnica o sistema voltou ao funcionamento normal por volta da 13h”.

Os serviços liderados por Alvis Lo Iek Long garantem que durante o incidente não houve perda de dados e que foi activado “um plano de contingência para lidar com os diversos serviços afectados”.

O caso foi relatado ao HM por um utente, que preferiu não se identificar, que acorreu ao Hospital São Januário antes das 11h, onde encontrou uma atmosfera de confusão. Face ao panorama, dirigiu-se para o piso onde em condições normais se daria a consulta. Pelo caminho, até à zona dos elevadores, formavam-se filas “com cerca de 30 pessoas, amontoadas, sem distanciamento social.

“Disseram-me que o sistema tinha caído, que não há hipóteses de hoje [ontem] haver consultas e que iria receber uma mensagem no telefone com a marcação para outro dia”, contou. Até ao fecho da edição, a fonte do HM ainda não tinha recebido qualquer mensagem.

Remediar as falhas

Ainda segundo as autoridades de saúde, quem teve a vacinação contra a covid-19 cancelada pode dirigir-se ao local da marcação original nos próximos quatro dias, com o talão de marcação original, para ser inoculado sem necessidade de nova marcação.

Quanto ao serviço de consultas externas no CHCSJ, os SSM garantem que os utentes afectados serão informados das novas marcações nos próximos quatro dias úteis através de telefone ou mensagem. O mesmo esquema será utilizado para os centros e postos de saúde.

Até ao fecho da edição, às autoridades de saúde não revelaram ao HM quantas consultas foram canceladas na sequência da falha informática.

22 Jul 2021

Habitação para idosos | Rendas não andarão longe do preço de mercado

Ainda não existem valores para as rendas da habitação para idosos, mas o presidente do IAS dá a entender que vão ser próximas dos valores de mercado. Por outro lado, dos mais de 80 mil idosos residentes em Macau, cerca de 12 mil estão no mercado de trabalho. Destes 2.400 ocupam cargos de gestão

 

As vagas para a habitação para idosos só começam a ser preenchidas em 2024, mas, para já, os responsáveis do Instituto de Acção Social indicam que os candidatos devem ter alguma base financeira para gozarem do benefício, o que aponta no sentido contrário ao de uma renda baixa. Porém, o processo está longe de decisões finais.

O ponto de situação foi dado ontem por Hon Wai, director do Instituto de Acção Social (IAS), no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, que afirmou que o valor das rendas poderá ir a reboque das flutuações do mercado imobiliário.

Em Janeiro deste ano, Hon Wai afirmava, em resposta a interpelação de Song Pek Kei, que as rendas cobradas nos edifícios residenciais para idosos serão abaixo dos valores praticados no mercado, “para que possam suportar as despesas.”

No entanto, o responsável do IAS indicou ontem que o conceito habitacional em questão ficará entre a habitação para a classe sanduiche e o mercado privado, ou seja, o segmento mais elevado de residências disponibilizadas com o apoio do Governo.

Neste tipo de apartamentos, a prioridade será a saúde dos moradores, os cuidados e assistência, a prevenção de quedas e a oferta de instalações recreativas para os idosos.

Vida activa

Importa recordar que os lotes onde serão construídos os edifícios para residências de idosos são no antigo local destinado ao empreendimento Pearl Horizon, na Areia Preta. A empreitada para conceber o projecto foi adjudicada em Novembro à Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau), pelo preço de 2,1 mil milhões de patacas. O prazo para concluir a obra é 860 dias.

Outro dado destacado pelo presidente do IAS, foi a vivacidade como a terceira idade de Macau participa na vida activa da cidade. O responsável adiantou que os mais de 80 mil residentes acima dos 65 anos, cerca de 12 mil estão inseridos no mercado de trabalho. Entre o universo de trabalhadores “seniores”, perto de 20 por cento, ou seja 2.400, ocupa cargos de gestão, supervisão, em indústrias tão variadas como o turismo, restauração e gestão imobiliária.

Hon Wai considera que a tendência de presença no mercado de trabalho deste tipo altamente experiente de mão-de-obra deverá manter níveis estáveis, enquanto o seu papel social deverá ganhar cada vez maior importância.

Outro facto destacado pelo responsável, é a motivação demonstrada pelos idosos na participação de acções de formação do IAS em alta tecnologia e uso de aplicações de telemóvel.

22 Jul 2021

Receitas do jogo subiram 6% na segunda semana de Julho

O aumento de visitantes de Guangdong voltou a trazer sinais positivos à indústria do jogo. Durante a segunda semana de Julho, os cofres dos casinos amealharam mais 6 por cento de receitas, em comparação com a primeira semana, enquanto as receitas diárias subiram um terço em relação ao apurado no mesmo período de Junho

 

Causa e efeito. Assim que foram aliviadas as restrições fronteiriças com a província vizinha de Guangdong, origem do maior volume de jogadores, a indústria do jogo de Macau voltou a mostrar sinais de recuperação. Foi o que indicou a corretora Sanford C. Bernstein Ltd, ao estimar que na segunda semana deste mês as receitas brutas aumentaram 6 por cento (consecutivamente no período de sete dias que terminou a 18 de Julho), em comparação com os primeiros 11 dias do mês.

O impacto torna-se mais visível analisando a média diária de receitas brutas desde o início de Julho até dia 18 que revelam uma subida de um terço em relação ao mesmo período no mês anterior.

A Sanford Bernstein aponta que as suas fontes no mercado do jogo deram conta de receitas brutas entre 1 e 8 de Julho na ordem das 5,2 mil milhões de patacas, correspondentes a médias diárias de 288 milhões de patacas. Face aos resultados antes da pandemia (Julho de 2019), quando as receitas brutas diárias foram de 789 milhões de patacas, a primeira semana deste mês mostra uma diminuição de 63 por cento.

Numa nota prévia, a corretora já havia anunciado o aumento sequencial de 16 por cento nos primeiros 11 dias deste mês, em comparação com o mesmo período em Junho. Além disso, foi estimado que as receitas brutas do mês de Julho irão registar quebra de cerca de 60 por cento em comparação com Julho de 2019, mas um crescimento de 40 por cento face ao mês anterior.

Bons vizinhos

A equipa de analistas da Sanford Bernstein atribuiu as melhores receitas à remoção dos “requisitos adicionais de quarentena para os visitantes vindos da província de Guangdong”, “que não tem registado novos casos locais desde 22 de Junho”.

O alívio das restrições fronteiriças entrou em vigor a 10 de Julho e teve reflexo imediato nos cofres dos casinos, com particular destaque para a necessidade de mostrar o certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico à covid-19 nos últimos 7 dias, quando antes o prazo de validade do teste era apenas 48 horas.

21 Jul 2021

Habitação Social | Primeiras famílias assinam contratos para edifício em Mong Há

Sessenta famílias assinaram ontem os primeiros contratos de arrendamento para o edifício de habitação social de Mong Há. No total, serão disponibilizadas 768 fracções, com predominância para a tipologia T2. Entre o universo de beneficiários de habitação social, cerca de 90 por cento não paga renda

 

“Esperei perto de quatro anos por este momento”, desabafa Hong, um dos primeiros arrendatários de um T2 no Edifício Mong Tak, o complexo de habitação social de Mong Há. Hong, um dos candidatos vencedores, compareceu ontem à celebração dos primeiros contratos de arrendamento entre o Instituto de Habitação (IH) e cerca de 60 famílias que vão estrear o edifício com 768 apartamentos.

Mesmo com chuva e tempo cinzento, Hong chegou ao edifício da Rua de Francisco Xavier Pereira bem-disposto. O residente, que partilha casa com a mãe (que tem 60 anos), providencia o único rendimento do agregado familiar. Mãe e filho planeiam mudar-se para a casa nova já no início de Agosto.

Apesar de ter submetido a candidatura em 2017, Hong entende que o tempo de espera foi mais curto do que esperava. Para já, o residente suspira de alívio com a folga orçamental que a mudança de casa lhe vai trazer. “Estava a pagar quase 6.000 patacas mensais, enquanto aqui vou pagar cerca de 1.300 patacas”, conta.

O Edifício Mong Tak, na Rua de Francisco Xavier Pereira, tem 37 andares, com três pisos de cave, está dividido entre 256 fracções T1 e 512 apartamentos com tipologia T2, com 35,92 metros quadrados e 42,36 metros quadrados de área, respectivamente.

Em termos de instalações, os moradores têm 16 lojas no piso térreo, um parque de estacionamento público no terceiro piso da cave com capacidade para 450 veículos ligeiros e 240 motociclos.

Os primeiros três pisos do edifício são ocupados por uma gama de serviços sociais, como um Centro de Serviços Integrados Familiares e Comunitários, uma creche, Centro de Alojamento e Serviço Integral para Deficientes, assim como um Gabinete dos Serviços Sociais e um Centro Ambiental Alegria.

O quarto piso está vocacionado para lazer e desporto, com um terraço ajardinado, com áreas recreativas e desportivas e zonas com sombras para descansar.

Sem nunca formar uma multidão, cumprindo escrupulosamente as medidas sanitárias típicas dos tempos de pandemia, os futuros arrendatários foram chegando gradualmente ao edifício da Rua de Francisco Xavier Pereira, formando uma fila na sala do porteiro. À medida que iam assinando os contratos, os residentes recebiam logo as chaves. O primeiro a chegar foi um idoso, que recusou falar aos jornalistas, mas que denotava evidentes sinais de nervosismo.

Liu, uma residente na casa dos 50 anos, vai finalmente morar com os dois filhos depois de já ter perdido a esperança de conseguir uma casa no prédio de habitação social. No entanto, no momento de receber as chaves, tinha a felicidade espantada no rosto. “Tive muita sorte”, comentou acrescentando que com a pandemia ela e o filho mais velho, com 25 anos, apenas podiam contar com salários de emprego a tempo parcial. Com o rendimento familiar a mal chegar para pagar a renda de oito mil patacas mensais, Liu confessa que ter conseguido o apartamento no Edifício Mong Tak foi como agarrar uma tábua de salvação, oportuna, quando a hipótese de viver na rua começava a ganhar contornos de realidade. Devido à complicada situação financeira, a família de Liu ficou isenta, temporariamente, de pagar renda.

Quase 50 por cento

A sobriedade e simplicidade são as imagens de marca para quem entra num apartamento do Edifício Mong Tak. Com uma vista desafogada para a zona ribeirinha, as fracções são equipadas com gás natural, aparelhos economizadores de água, enquanto as áreas comuns e zonas públicas utilizam equipamentos de luz economizadores de energia.

Ainda no capítulo dos equipamentos, o IH informa que o prédio tem uma série de instalações adaptadas para pessoas portadoras de deficiência. Nos elevadores estão instalados botões de comando para deficientes, a entrada e saída do átrio contam com acessos sem barreiras e no terraço ajardinado está instalado piso táctil direccional.

De todas as fracções do edifício de habitação social de Mong Há, o Instituto de Habitação atribuiu mais de 360 residências, e garante reunir condições para assinar cerca de seis dezenas de contratos por dia. O organismo liderado por Arnaldo Santos afirmou ontem o empenho no atendimento às necessidades de habitação das famílias economicamente desfavorecidas.

Desde que foram abertas as candidaturas permanentes para habitação social, em Agosto do ano passado, o IH recebeu 3.500 pedidos (dos quais, cerca de 200 foram submetidos electronicamente). Perto de 1.400 foram aceites, após confirmação da elegibilidade dos candidatos, sendo-lhes atribuída pontuação. Cerca de 600 foram rejeitadas, ou estão em disputa através de processo judicial pendente, principalmente devido a alegados rendimentos brutos mensais superiores aos limites legais, ou por os candidatos serem proprietários de imóveis e já beneficiarem de habitação pública ou da bonificação de juros de 4 por cento. De momento, cerca de um milhar de candidaturas ainda estão a ser analisadas.

Para quem precisa

Desde a publicação da lista definitiva de espera da candidatura a habitação social de 2017 até ao presente, entre as 6.354 candidaturas, foram analisadas 5.380, das quais 3.280 estão habilitadas (cerca de 60 por cento do total). Ainda a aguardar análise, estão cerca de 550 candidaturas, trabalho que deve ser concluído no próximo ano, de acordo com o IH.

O tempo médio de espera pela análise das candidaturas de 2017, segundo o organismo público, é de 420 dias (cerca de um ano e dois meses), e o tempo máximo de espera foi de 870 dias (cerca de dois anos e cinco meses).

“Foi mantida a isenção de pagamento das rendas de quase 90 por cento dos arrendatários de habitação social durante todo o ano em curso, para aliviar a pressão de recessão económica enfrentada pelos arrendatários”, garantia o secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa de 2021 da sua tutela.

O IH corroborou o compromisso de Raimundo do Rosário, referindo entre os actuais 13.245 arrendatários de habitação social, 12.684 estão isentos de pagar rendas até ao valor máximo de isenção mensal de 2.000 patacas. “Os agregados familiares que estão isentos do pagamento das rendas representam cerca de 90 por cento do total dos arrendatários”.

Mil por ano

Arnaldo Santos prevê que o Instituto de Habitação receba por ano cerca de 1.000 candidaturas à habitação social e que o tempo de espera desde a apresentação do pedido até receber as chaves seja de quatro anos. Quanto às 5.254 fracções de habitação económica na Zona A dos Novos Aterros, o director do organismo apontou que os agregados familiares com pais mais jovens podem ter prioridade.

19 Jul 2021

Covid-19 | Governo estuda hipótese de administrar terceira dose da vacina

Está a ser estudada a administração da terceira dose da vacina contra a covid-19. Entretanto, a coordenadora do núcleo de prevenção de doenças infecciosas reiterou que as restrições fronteiriças entre Macau e Hong Kong dependem das medidas impostas pelo Interior da China em relação à região vizinha. A contenção é justificada com a hipótese de pessoas com dupla residência provenientes de Hong Kong entrarem na China através de Macau

 

 

Afinal, poderá haver mais uma dose da vacina contra a covid-19 por administrar. A hipótese foi avançada por Tai Wa Hou, da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, na passada sexta-feira durante a conferência de imprensa de ponto de situação da pandemia.

“De acordo com dados e situações mundiais, alguns países estão a planear ou implementar medidas para a terceira dose de vacinação e a Autoridade de Saúde está também a estudar a matéria”, afirmou Tai Wa Hou, alertando para o facto de as autoridades do Interior da China estarem a considerar reforçar a imunização com uma terceira dose do fármaco da BioNTech.

O médico indicou que a vacinação com duas doses pode “efectivamente prevenir doenças graves e evitar em alguns casos a morte, mas não é suficiente para prevenir a infecção e transmissão e, com a passagem de tempo, a protecção da vacina gradualmente irá diminuir”. Como tal, o clínico que dirige o hospital público entende que “face à situação actual, a terceira dose da vacina é necessária”. Em relação aos destinatários e altura em que será administrado o reforço, ainda nada está decidido e a Autoridade de Saúde está a estudar a situação.

Para já, Tai Wa Hou acrescentou que a administração da terceira dose não se vai limitar a quem foi inoculado com a Sinopharm, “embora o nível de anticorpos da vacina inactivada de Sinopharm seja inferior ao da vacina BioNTech mRNA”. O médico esclareceu que o reforço “não deve apenas considerar o índice de anticorpos”, dependendo igualmente do stock de vacinas.

Seguir a tendência

Nesta semana, as autoridades de Hong Kong vão discutir a possibilidade de administrar a terceira dose da vacina a pessoas com sistema imunitário mais fraco. A hipótese foi adiantada por Wallace Lau, um dos especialistas do painel de conselheiros do Governo de Carrie Lam sobre vacinação, em declarações à emissora RTHK.

A possibilidade de reforço para quem tem níveis mais baixos de anticorpos não é, no entanto, prioritária face à necessidade de aumentar a taxa de vacinação. Para atingir imunidade de grupo, uma comunidade deve ultrapassar a taxa de vacinação de 70 por cento. Para já, a região vizinha regista cerca de 2,73 milhões de pessoas que levaram, pelo menos, a primeira dose da vacina.

Esta é uma tendência que se vem constatando a nível internacional. Há cerca de uma semana, Israel passou a disponibilizar uma terceira dose da vacina da BioNTech a adultos com sistemas imunitários mais fracos. A medida foi anunciada na sequência da rápida propagação da variante Delta, que trouxe de regresso a preocupação do Governo de Telavive com a pandemia, que reforçou o stock de vacinas da Pfizer.

A questão da terceira dose está em discussão também nos Estados Unidos e na União Europeia. Há cerca de uma semana, Bruxelas dava sinais de estar a preparar a eventualidade de administrar à população uma terceira injecção da vacina contra a covid-19 da Pfizer/BioNtech.

O estado de prontidão foi admitido a comissária europeia da Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides. “Estamos desde já preparados para o caso de ser necessário, tanto a nível europeu como de uma estratégia” comum para compra e distribuição de vacinas, declarou a comissária durante uma conferência de imprensa em Madrid, ao lado da ministra espanhola da Saúde, Carolina Darias.

“Trabalhamos continuamente, mas a decisão sobre o assunto virá da ciência”, explicou Stella Kyriakides. A sua equipa “trabalha constantemente com a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) e o Centro Europeu de Prevenção de Doenças (ECDC) para adoptar uma posição nas próximas semanas ou nos próximos meses”, acrescentou.

Apesar do avanço da campanha de vacinação na UE (65 por cento dos cidadãos receberam a primeira dose e 47 por cento as duas), a comissária cipriota avisou: A Europa está “numa situação muito frágil, devido ao aumento de casos constatado em muitos Estados-membros, na sequência da variante Delta”.

Prateleiras por encher

Desde o início, a RAEM comprou meio milhões de doses da vacina da Sinopharm, com mais de 370 mil já administradas e 50 mil agendadas para administração. A manter-se o actual ritmo de vacinação, com cerca de 5 mil doses diárias, as autoridades de saúde estimam que o stock desta vacina dá para mais de meio mês. Neste aspecto, ainda não é possível confirmar quando chega a Macau o próximo lote de vacina da Sinopharm, com as autoridades a não afastarem a possibilidade de o stock do fármaco esgotar.

Quanto à vacina da BioNTech mRNA, as autoridades têm 140 mil doses disponíveis. “Após o cálculo das doses vacinadas e agendadas, há ainda 70.000 doses a fornecer. Com base na inoculação de 1.000 doses por dia, estas vacinas podem ser fornecidas por 70 dias”, de acordo com o centro de coordenação de contingência.

Em relação aos poucos benefícios que Macau oferece a quem completa a vacinação, Tai Wa Hou afirmou que a tendência internacional contempla restrições de deslocações a quem não foi vacinado. O médico destacou as medidas referentes à participação em actividades culturais, recreativas e desportivas que isentam de apresentação de certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico de 7 dias para quem completou a vacinação. Sem mais exemplos para dar, o responsável adiantou que estão a ser estudadas mais “medidas de facilitação na vida ou deslocação para aqueles que foram vacinados”.

Jogo das fronteiras

Depois de muito se falar sobre a possível abertura de uma bolha de viagens entre Macau e Hong Kong, as autoridades locais afastaram a antiga tese de que a região vizinha precisava acumular 28 dias sem casos locais e passaram a decisão para a esfera nacional. No fundo, Macau só terá ligação a Hong Kong quando a RAEHK retomar a ligação ao Interior.

A coordenadora do centro de contingência, Leong Iek Hou, reiterou que as restrições fronteiriças entre as duas regiões administrativas especiais se devem ao receio de que pessoas com dupla residência, oriundos de Hong Kong, entrem na China através de Macau.

Sem referir mecanismos nos postos fronteiriços que identificassem as pessoas nessas condições, a responsável afirmou que “as medidas de Macau devem ser compatíveis com as implementadas pelo Interior da China, não podendo ser facilitada a passagem transfronteiriça entre Macau e Hong Kong se essa decisão influenciar as passagens entre Macau e o Interior da China”. Para já, vão continuar as conversações entre os departamentos relevantes das três jurisdições.

Quanto à possibilidade de atenuar as exigências de exibição de código de saúde em estabelecimentos e espaços em Macau, face à estabilidade pandémica na província de Guangdong, Leong Iek Hou esclareceu que devido à ascensão global da variante Delta da covid-19, caracterizada por um curto período de incubação e velocidade de propagação, as viagens transfronteiriças levarão inevitavelmente a um aumento no risco de transmissão e infecção.

Como tal, a coordenadora vincou que o número de pessoas sujeitas a quarentena obrigatória à entrada em Macau “tem sido elevado”, resultado de muitos “códigos amarelos na comunidade”. Esta foi a razão invocada por Leong Iek Hou para manter a necessidade de mostrar código verde à entrada de estabelecimentos.

No caminho certo

Desde o início da inoculação até às 16h de ontem, foram administradas 451.972 vacinas, abrangendo um total de 268.722 pessoas. Deste universo, 184.637 pessoas foram inoculadas com a segunda dose, o equivalente a 27 por cento da população de Macau. Desde o início da vacinação, de entre as quase 452 mil vacinas administradas, os serviços contaram apenas 6 eventos adversos graves.

19 Jul 2021

Homem detido no posto de Gongbei com 1,3 milhões de dólares de Hong Kong

As autoridades alfandegárias de Zhuhai apanhara um indivíduo que tentava entrar em Macau, pelas Portas do Cerco, transportando 1,3 milhões de dólares de Hong Kong, a maior apreensão de moeda estrangeira dos últimos dois anos. No Cotai foi apanhado outro homem suspeito de roubar mais de 700 baterias de automóvel

 

Às 17h de terça-feira, Xue preparava-se para passar atravessar para Macau pelas Portas do Cerco, quando as autoridades alfandegárias do posto fronteiriço de Gongbei o interceptaram no canal onde passam pessoas “sem nada a declarar”.

Os problemas para homem oriundo do Interior da China começaram quando a sua bagagem foi inspecionada através da máquina de raio-x, e agravaram-se quando lhe foi pedido para abrir a mala. No interior da bagagem foram encontrados 1,3 milhões de dólares de Hong Kong, a maior apreensão de dinheiro estrangeiro dos últimos dois anos. As autoridades de Zhuhai detiveram Xue e processaram os maços de dinheiro apreendido.

Recorde-se que dinheiro em numerário é um item cuja entrada e saída é restrita nas fronteiras e sujeita a declaração caso ultrapasse o limite. De acordo com os regulamentos nacionais, a quantia máxima de dinheiro para entrar ou sair do país é 20 mil yuans. Quanto a moeda estrangeira, a lei obriga à sua declaração à saída do país. Sem registo de declaração, o limite para a primeira saída, no prazo de 15 dias, com moeda estrangeira é 5 mil dólares norte-americanos, limite que vai baixando consoante o número de passagens dentro de 15 dias. Xue foi detido pelas autoridades do Interior e vai ser julgado por um tribunal chinês.

Apontar baterias

A Polícia Judiciária (PJ) revelou ontem a detenção de um homem suspeito de roubar 748 baterias de carro avaliadas em cerca de 260 mil patacas, para pagar dividas de jogo.

O caso veio a lume após um hotel do Cotai ter apresentado queixa sobre o desaparecimento recorrente de baterias de automóvel destinadas a reciclagem, que eram armazenadas no parque de estacionamento dos funcionários.

Após consultar as câmaras de vigilância do hotel, a PJ conseguiu comprovar que, efectivamente, desde Junho, um homem entrou diversas vezes no parque de estacionamento para roubar as ditas baterias, que eram depois transportadas para um centro de reciclagem para venda.

Na passada quarta-feira, o suspeito acabou por ser detido no Fai Chi Kei, acabando por admitir também que, o facto de trabalhar como reparador de ar-condicionado no hotel, facilitou o furto. Segundo a PJ o suspeito lucrou 20 mil patacas com o crime.

16 Jul 2021

Eleições | Análise ao impacto das listas excluídas na campanha e na configuração do plenário

A confirmar-se a exclusão de duas dezenas de candidatos às próximas eleições legislativas, Macau terá uma Assembleia Legislativa como nunca se viu antes. O vazio deixado pela ala-democrata pode ser aproveitado pelas listas de Pereira Coutinho, Agnes Lam e das alas tradicionais, mas uma coisa parece certa: a próxima legislatura irá reforçar as forças patrióticas e pró-governamentais

 

“Vamos assistir a um grande virar de página na lógica da Assembleia Legislativa”. Esta é opinião do advogado Miguel de Senna Fernandes em relação ao futuro elenco da 7.ª legislatura, face à possível desqualificação de 20 candidatos e de cinco listas das eleições que vão moldar daqui em diante o paradigma legislativo de Macau.

A manter-se a exclusão por completo da tradicional ala democrática e da nova geração representadas nos últimos quatro anos por Ng Kuok Cheong, Au Kam San e Sulu Sou, abre-se um vazio eleitoral, que no último sufrágio totalizou cerca de 17,5 por cento dos votos válidos. Deste universo, mais de 12 por cento foram captados pela velha dupla Ng Kuok Cheong (deputado desde 1992) e Au Kam San (deputado desde 2001).

Apesar de constituírem um bloco minúsculo no desenho global do plenário, apenas três deputados, num total de 33, em termos de representação junto do eleitorado a questão ganha outra dimensão.

Na ausência deste bloco mais activo na oposição, como irá ficar o cenário político da Assembleia Legislativa (AL)?
O académico Eilo Yu acredita que, primeiro que tudo, a campanha eleitoral será menos competitiva com 14 assentos no plenário disputados por 14 listas no sufrágio directo. Numa primeira análise, Eilo Yu considera que as listas menos conhecidas e com menor capacidade para mobilizar o eleitorado vão continuar sem representação na AL, mas listas que antes apenas elegiam um deputado podem ganhar presença reforçada no plenário. Recorde-se que Angela Leong, única candidata eleita pela Nova União para Desenvolvimento de Macau, abandonou o sufrágio directo, tendo o lugar na próxima legislatura praticamente garantido pela via indirecta.

Assim sendo, as forças políticas ligadas a Pereira Coutinho, Agnes Lam, e mesmo Wong Kit Cheng podem sair reforçadas.

Pátria ao rubro

O analista Sonny Lo não tem dúvidas de que o patriotismo sairá reforçado na 7.ª legislatura da AL, ainda que possam entrar deputados novos. No entanto, o académico não acha que vai faltar diversidade de opiniões, apesar do corte severo numa ala tradicionalmente de oposição. “Penso que ainda se vão escutar vozes diversas no hemiciclo, porque alguns dos novos legisladores eleitos vão ter de mostrar à população de Macau que estão a fazer um bom trabalho. Prevejo um cenário em que algumas questões críticas ainda serão levantadas, apesar da ocupação esmagadora da ala patriótica”, estima o analista.

Se juntarmos os votos conquistados nas últimas eleições por Agnes Lam e Pereira Coutinho aos de Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Sulu Sou chegamos a um total de quase 1/3 dos votos válidos, mais precisamente 31,4 por cento.
Sonny Lo, face à exclusão das listas pró-democracia, prevê “boas hipóteses de Agnes Lam e Pereira Coutinho captarem votos de candidaturas excluídas e mais um assento no hemiciclo para as suas listas”.

Para tal, o analista ressalva que os bons resultados dependem da capacidade destas listas para mobilizarem apoiantes na “romaria” de 12 Setembro às urnas. Ainda assim, será expectável, na óptica de Sonny Lo, “que os votos que tradicionalmente são conseguidos pelas listas pró-democracia se dirijam para os democratas moderados Agnes Lam e Coutinho, que podem alcançar resultados fortes”.

Miguel de Senna Fernandes calcula que o afastamento de candidatos das urnas irá beneficiar os sectores mais conservadores da política local, mas que “as alas do meio” também podem colher alguns frutos. Quanto a uma transferência directa de votos, o advogado mostra algum cepticismo na forma como será preenchido o “vazio político”. “Não vejo o eleitorado que sempre votou na Novo Macau saltar para uma outra lista, acho que podemos ver mesmo alguma abstenção”, comenta o advogado.

Larry So prevê uma competição menos severa nesta campanha eleitoral, mas não inexistente, com primazia dos “suspeitos do costume”. “Acho que as listas que já têm deputados eleitos têm mais vantagens. As associações tradicionais são representadas por listas com mais experiência, com bom apoio comunitário e capacidade para eleger mais candidatos. Não me parece que os novatos tenham mais hipóteses nestas eleições”, sentencia Larry So.

Pianíssimo

Na última legislatura, a AL foi palco de alguns debates intensos, com ânimos exaltados e discussões apaixonados. Face à possibilidade da proporção das alas patrióticas e pró-governo aumentarem ainda mais a sua presença, Sonny Lo prevê um cenário de divisão entre conservadores motivada pela diversidade de assuntos internos, de gestão local, analisados pelo plenário.

“A curto prazo, pressinto que as discussões podem ser menos apaixonadas, menos intensas, mas a longo prazo acho que podemos assistir ao interessante fenómeno da fragmentação das alas pró-Pequim e pró-Governo. É difícil que todos os membros da assembleia estejam unidos em todos os assuntos. Este vai ser o indicador mais importantes a observar no futuro”, vaticina o académico.

Já Miguel de Senna Fernandes encara a variação de intensidade de debate como uma grande incógnita. “Será que a actuação dos deputados e o debate político se vão tornar mais amorfos com a exclusão da ala democrata?”, questiona. Apesar da inexistência de certezas absolutas, o advogado espera que o debate político se centre mais em questões locais, como a habitação. “Mas o tom não vai ser o mesmo, digamos que não prevejo debates muito barulhentos”, projecta.

Trabalhos e campanha

Além de candidaturas ligadas a forças políticas já com presença na AL, a configuração da casa das leis pode ser influenciada pelo afastamento da lista de Cloee Chao e a especificidade das suas bandeiras de campanha, principalmente face à passagem de Angela Leong para o sufrágio pela via indirecta.

A possível transferência de eleitores para a ala que representa a Federação das Associações dos Operários de Macau, na visão de Sonny Lo, “é algo que ainda está em aberto, apesar da grande vantagem da capacidade de mobilização”.

O analista acha que a transferência de votos de Angela Leong para Cloee Chao dependeria do reconhecimento da activistas entre a fracção de eleitoras mais tradicionais, pró-Pequim e pró-Governo, que foram a força eleitoral da dirigente da SJM.

Miguel de Senna Fernandes traça um panorama pouco homogéneo do eleitorado ligado ao jogo e teoriza que “o que está em causa não é apenas uma questão política, mas sócio/laboral”. Assim sendo, entende que os votos que iriam naturalmente para Cloee Chao se podem dispersar, algo que pode favorecer a lista de Pereira Coutinho.

A desqualificação de candidatos foi “uma decisão que chocou a sociedade de Macau, foi a primeira vez que aconteceu, mas é uma decisão de Pequim consistente com a tendência de maior intervenção nas regiões administrativas especiais”, conta Eilo Yu, acrescentando que “esta é precisamente a forma como Pequim gostaria de moldar as eleições legislativas”.

O académico diz ter observado nas redes sociais uma relativa “falta de esperança” e resignação de eleitores e simpatizantes das listas desqualificadas, mas não prevê a ocorrência de manifestações, ou de largas massas de abstenção, porque “a sociedade de Macau é relativamente conservadora”. Posição seguida por Sonny Lo, que não afasta a hipótese de haver um pouco significativo aumento da abstenção.

Larry So também não prevê reacção, apesar da insatisfação de um sector do eleitorado. “Não me parece que se verifiquem protestos, acho que as pessoas em Macau são mais patrióticas que em Hong Kong.”

15 Jul 2021

Sector acha que privados não serão afectados com habitação económica

Ontem abriram as candidaturas para 5.254 apartamentos de habitação económica que serão construídas nos cinco lotes da zona A dos Novos Aterros. Além das repercussões no volume da procura de casa, tanto o sector imobiliário, como as associações tradicionais, fizeram contas à vida.

Chong Sio Kin, presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, disse ao jornal Ou Mun que as casas que o Governo irá disponibilizar não vão influenciar o mercado privado, pelo menos a médio/longo prazo.

No entanto, considera que os privados podem sentir algum impacto a curto prazo, algo que não será imediato porque estes edifícios só devem ser inaugurados a partir de 2024 e as fracções podem demorar cerca de três anos a ser distribuídas. Assim sendo, Chong Sio Kin acha que a oferta destes 5.254 apartamentos será gradualmente absorvida por um sector específico da sociedade, que terá de cumprir os requisitos mais apertados da nova legislação, mas que pode ter um ligeiro impacto a curto prazo no sector privado.

O dirigente acabou mesmo por elogiar a oferta de habitação económica como uma política destinada a satisfazer o bem-estar da população, mas ressalvou que o Executivo deve acautelar o desenvolvimento saudável do mercado imobiliário e proteger os proprietários e o mercado de arrendamento.

O representante do sector imobiliário aproveitou a ocasião para sugerir ao executivo de Ho Iat Seng que flexibilize, ou elimine, algumas restrições na compra de imóveis, como os limites às hipotecas na primeira habitação, permitindo aos bancos regressar à liderança do mercado.

Chong Sio Kin gostaria de ver o estabelecimento de rácios hipotecários com base nas capacidades dos clientes e avaliações de risco, assim como a abolição do limite de idade para compra da primeira habitação.

Fadas do lar

O método de candidatura foi um dos destaques de Ma Io Fong, vice-presidente da Associação da Construção Conjunta de Um Bom Lar, que elogiou o pragmatismo e operacionalidade do sistema de candidaturas, que permite entrega de documentos online, e congratulou o Executivo por ter cumprido a promessa de abrir o concurso ainda este ano.

Além disso, o colega de Wong Kit Cheng concorda as alterações ao método de pontuação, em particular com a prioridade dada aos residentes que vivem há mais tempo em Macau.

O dirigente está também de acordo com a tipologia dos apartamentos colocados à venda, factor que pode funcionar como incentivo à natalidade, afirmando que parece que o Governo atendeu às sugestões da Associação do Bom Lar e teve em conta as necessidades de habitação das famílias.

A proporção de fracções multi-familiares aumentou para 95 por cento (as unidades de dois quartos e três quartos representaram 85 por cento e 10 por cento respectivamente), um aumento de 21 por cento em comparação com os projectos imobiliários 2019.

14 Jul 2021

Habitação temporária | Abre hoje mostra de modelos de fracções

A Macau Renovação Urbana vai disponibilizar a partir de hoje uma exposição de modelos de fracções para habitação para troca e habitação temporária, no Lote P da Areia Preta, no antigo terreno do Pearl Horizon. Os visitantes podem assim ficar a conhecer a concepção e plano das fracções de alojamento temporário.

Segundo a Macau Renovação Urbana, as unidades habitacionais seguem padrões do sector privado, e consistem em oito torres com altura entre 37 e 50 andares, oferecendo no total 2.803 fracções, cerca de 1.100 lugares de estacionamento para automóveis e 590 para motociclos. “O projecto contará com uma gama variada de instalações recreativas e de lazer, incluindo zonas recreativas e desportivas tanto em áreas exteriores como cobertas, parques infantis, passeios, para além de relvados” e uma ampla área verde, informou ontem a Macau Renovação Urbana.

Os modelos estão patentes no 3.º andar do Edifício Mong Tak, na Rua de Francisco Xavier Pereira.
Recorde-se que a construção do projecto foi entregue a duas empresas, com a primeira empreitada a cargo da China Construction Engineering (Macau) Company Limited (4 mil milhões de patacas), e a segunda empreitada da responsabilidade da joint venture entre a Coneer Engineering Limited-China Road and Bridge Corporation e a Top Design Consultants Company Limited (878 milhões de patacas).

13 Jul 2021

Habitação Económica | Amanhã abrem candidaturas para 5.254 fracções

Começa amanhã o período de candidatura para compra de 5.254 fracções de habitação económica construídas em cinco lotes da zona A dos Novos Aterros. A larga maioria dos apartamentos são T2 e estima-se que o preço ronde os 2,6 milhões de patacas. Será a primeira vez que as candidaturas podem ser submetidas online e que terão de respeitar a nova lei

 

O próximo concurso para compra de habitação económica começa a aceitar candidaturas a partir de amanhã, até 12 de Novembro, com a possibilidade de entrega de documentos em falta até 13 de Dezembro. O anúncio foi feito ontem por Arnaldo Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH).

No total, serão disponibilizados para compra 5.254 fracções, a larga maioria (85 por cento) são da tipologia T2 (4.478). As fracções T1 são 242, e as restantes 534 da tipologia T3. As casas disponíveis para compra neste concurso serão construídas nos cinco lotes da zona A dos Novos Aterros, a saber as zonas A1 a A4 e A12.

O preço das fracções será fixado por despacho do Chefe do Executivo, mas Arnaldo Santos prevê que um T1 ronde 1,9 milhões de patacas, o T2 tenha um custo aproximado de 2,6 milhões de patacas, enquanto o T3 ande perto de 3,2 milhões de patacas. Quanto às áreas, foi anunciado ontem que serão de 36,63 metros quadrados para apartamentos com um quarto, enquanto os T2 terão 48,55 metros quadrados e, finalmente, as fracções com três quartos vão ter 61,14 metros quadrados.

Os interessados podem visitar a partir de hoje uma exposição dos vários modelos de tipologia de habitação económica no Edifício Mong Tak, na Rua de Francisco Xavier Pereira, sendo necessário para tal marcação prévia através do site do IH.

Regras do lar

Este é o primeiro concurso que decorre ao abrigo da nova lei que regulamenta a compra de habitação económica. Assim sendo, comporta um conjunto de novos requisitos como a possibilidade de candidatura em nome individual de residentes que tenham completado 23 de idade. É necessário que o candidato resida em Macau há, pelo menos, sete anos e que tenha permanecido na RAEM, pelo menos, 183 dias no ano anterior ao fim do prazo do concurso.

Além disso, os candidatos não podem ser proprietários de casas nos 10 anos anteriores à apresentação da candidatura, excepto se a propriedade for adquirida por sucessão.

Fica de fora do concurso quem tenha desistido de candidaturas para compra de habitação económica nos cinco anos anteriores à apresentação de candidatura e quem já tenha uma fracção deste tipo ou tenha beneficiado de bonificação de juros de 4 por cento. Finalmente, fica também excluído, enquanto elemento do agregado familiar ou candidato individual, quem tenha sido afastado de concursos anteriores devido a prestação de declarações falsas, ou tenha usado meios fraudulentos para adquirir habitação económica, quem tenha arrendado habitação social e beneficiários de abono de residência. Além disso, ficam também de fora quem tenha visto o contrato de habitação económica resolvido ou declarado nulo.

Quanto aos rendimentos dos candidatos, o Chefe do Executivo estabeleceu ontem em despacho o limite mínimo para um candidato individual em 12.750 patacas por mês e máximo de 38.350 patacas mensais. Para agregados familiares, o limite máximo de rendimento mensal é 76.690 patacas. Famílias com duas pessoas têm limite mínimo de 19.270 patacas, enquanto três de 26.020 de patacas. As restantes tipologias de agregados têm os limites fixados pelo despacho assinado por Ho Iat Seng e publicado ontem.

Enxotar abutres

Fazendo questão de frisar a natureza do que é a habitação económica, nomeadamente afastando a possibilidade de ser usada para investimento imobiliário, as novas regras do jogo ditam que as fracções apenas podem ser vendidas ao IH volvidos seis anos da aquisição e pelo mesmo preço a que foram compradas. Ao preço original serão deduzidas “despesas com as obras de reposição das condições de habitabilidade da fracção, entre outras”, adianta o organismo presidido por Arnaldo Santos.

Outra das novas medidas estabelecidas para prevenir abusos, é a obrigatoriedade de a casa ser mesmo usada para habitação. Assim sendo, “o candidato e os elementos do agregado familiar, incluídos no memento da candidatura que, sem motivos devidamente justificados, não residam na habitação económica, pelo menos 183 dias por ano, são punidos com multa de 5 por cento a 15 por cento do preço da venda inicial”.

No total, o Governo irá construir 28 mil fracções na zona A dos Novos Aterros, “que serão lançadas de forma gradual para a venda”, sendo expectável que dentro de quatro anos estejam prontas 24 mil fracções, e que destas 10 mil sejam destinadas a habitação económica.

Além da zona A, está prevista a construção deste tipo habitação na Avenida Wai Long, Taipa, a Habitação Social de Mong Há – Edifício Mong Tak, da Habitação Social na Rua Central de Tói San e a Habitação Social na Avenida de Venceslau de Morais.

13 Jul 2021

TUI | Confirmada pena de 16 anos de prisão para agente da CPSP

O Tribunal de Última Instância negou o recurso de um guarda condenado a 16 anos de prisão efectiva devido à prática de crimes de corrupção passiva, falsificação informática, violação de segredo, entre outros. O agente aproveitava a sua função para falsificar registos de entrada a favor de emigrantes ilegais, em troca de dinheiro, permitindo a saída através do posto fronteiriço onde trabalhava

 

Sem mais possibilidades de recorrer e com decisão judicial transitada em julgado, um guarda do Corpo de Polícia de Segurança Pública foi condenado a 16 anos de pena de prisão efectiva depois de o Tribunal de Última Instância lhe ter negado, no passado dia 3 de Junho, o último recurso. A decisão foi divulgada na sexta-feira pelo gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.

O tribunal no topo da hierarquia judicial da RAEM acompanhou o acórdão do Tribunal de Segunda Instância que já havia negado provimento ao recurso, confirmando assim a condenação da primeira instância. Assim sendo, o guarda foi condenado na pena única de prisão efectiva de 16 anos, pela prática de três crimes de corrupção passiva para acto ilícito, um crime de acolhimento, um crime de falsificação informática e 66 crimes de violação de segredo.

O caso foi desvendado pelo Comissariado contra a Corrupção que descobriu que o guarda “recebia interesses ilícitos de terceiro há muitos anos e aproveitava a função que desempenhava para falsificar registos de entrada a favor de um emigrante ilegal e ajudando-o a sair através do posto fronteiriço onde trabalhava.”

O agente era suspeito também de ter revelado, durante um longo período de tempo, informações de entrada e saída de várias pessoas determinadas a terceiro, a fim de receber uma remuneração mensal. Além disso, era suspeito de praticar crimes de corrupção passiva para acto ilícito, de acolhimento, de falsificação informática e de violação de segredo.

Quarteto fantástico

Além deste guarda, foram sujeitos a punições disciplinares outros quatro agentes policiais, oriundos de diversas subunidades, por terem ajudado o principal suspeito na consulta e revelando-lhe dados policiais confidenciais, como “registos de entrada e saída fronteiriça e dados de vigilância respeitantes a outras pessoas, bem como dados respeitantes a casos em fase de investigação”, refere o gabinete de Wong Sio Chak.

Foram instaurados processos disciplinares aos quatro agentes, “um deles foi alvo de uma ordem judicial de suspensão de funções, em 29 de Junho de 2020, e aos restantes três foram aplicadas a suspensão preventiva de funções em 14 de Abril de 2021”.

O secretário para a Segurança exigiu uma “revisão séria” da fiscalização interna e o reforço da “gestão disciplinar, garantindo a integridade do corpo policial”.

12 Jul 2021

Hospital das Ilhas | Gestão pode ficar a cargo de empresa chinesa

O Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas poderá ser gerido por uma empresa privada do Interior da China. A hipótese está a ser estudada, de acordo com o director dos Serviços de Saúde, que acrescentou que independentemente da natureza da entidade gestora, o hospital será público. Song Pek Kei e Nelson Kot concordam com o modelo

 

“A sua natureza será definitivamente pública.” Foi desta forma que Alvis Lo definiu o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. Apesar da ressalva, o director dos Serviços de Saúde (SSM) deixou em aberto a possibilidade de o hospital ser gerido por uma empresa privada do Interior da China. “Não vamos descartar a possibilidade de ter parceiros que nos ajudem a melhorar a eficácia. Estamos ainda numa fase de preparação, a estudar e discutir hipóteses. Não é apropriado revelar muito nesta fase”, afirmou na sexta-feira Alvis Lo, citado pelo Canal Macau da TDM.

O director dos SSM adiantou, à margem de uma conferência de imprensa do Conselho Executivo, que a opinião pública será auscultada ao longo do processo.

Para já, ainda não há informação relativamente à empresa responsável pela gestão do complexo hospitalar, mas a ideia avançada por Alvis Lo é encontrar um bom modelo de funcionamento e gestão e melhorar o planeamento do sistema de saúde de Macau.

Quanto à data de abertura do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, o director dos SSM reiterou a dificuldade de indicar um calendário preciso devido à complexidade e dimensão do mega-projecto.

Ver com bons olhos

Song Pek Kei e Nelson Kot concordam com a entrada de uma empresa privada chinesa na gestão do Hospital das Ilhas.

A deputada e candidata pela lista ligada a Fujian declarou ao jornal Cidadão que Macau pode ficar a ganhar com a gestão por uma instituição do Interior da China com a prestação de serviços de melhor qualidade.
Song Pek Kei entende que entregar a gestão a um privado chinês pode encurtar a entrada em funcionamento do hospital, principalmente se for uma empresa com experiência na área, pelo menos eliminando a fase de recrutamento de pessoal médico.

Outro ponto destacado por Song Pek Kei foi a razoabilidade de ter apenas uma entidade a gerir o complexo hospitalar, por considerar que se a administração foi entregue a diversas instituições a articulação pode tornar-se complicada.

Porém, a deputada declarou ser imperioso evitar as mesmas queixas que recaem sobre o Centro Hospitalar Conde de São Januário, nomeadamente quanto ao tempo de espera para consultas.

Nelson Kot, também em declarações ao jornal Cidadão, acha boa ideia entregar a gestão do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas a uma empresa chinesa, sugerindo duas vias possíveis para que tal aconteça: a criação de uma parceria pública/privada ou de um contrato de concessão.

O candidato a deputado frisou ainda que os serviços médicos básicos do Hospital das Ilhas devem ser assumidos pelo Governo, enquanto incumbência natural de um hospital público. Quanto às especialidades, como oncologia ou procedimentos médicos minimamente invasivos, Nelson Kot refere que a colaboração de equipas médicas oriundas da China ou Hong Kong podiam reduzir os tempos de espera.

Os especialistas

O Conselho Executivo apresentou na sexta-feira um regulamento administrativo que estabelece regras para habilitações académicas ou profissionais de quinze categorias de profissionais de saúde. Assim sendo, “considera-se habilitado com grau académico a pessoa titular de mestrado ou doutoramento que corresponda a um ciclo de estudos integrados que não confira o grau de licenciatura”.

O Conselho dos Profissionais de Saúde, que inicia funções em Outubro, será responsável pela definição de “requisitos de duração do curso, finalidade do curso, estrutura curricular, plano de estudos e número de créditos do curso do respectivo grau académico obtido no exterior da RAEM”, esclarece o Conselho Executivo.

Ficaram também definidas 41 especialidades médicas e 13 especialidades de enfermagem reconhecidas na RAEM. O director dos Serviços de Saúde afirmou que existem médicos suficientes para todas as especialidades e que confia na capacidade da Academia Médica de Macau para formar mais quadros. Além disso, Alvis Lo adiantou que, de modo geral, os cursos leccionados no Interior da China serão reconhecidos em Macau.

12 Jul 2021

Consumo | Índice de confiança caiu 9,35% no segundo trimestre

O Índice de Confiança do Consumidor de Macau voltou a cair no segundo trimestre deste ano, desta feita 9,35 por cento em relação aos primeiros três meses do ano. O estudo realizado pela MUST concluiu que os piores indicadores foram “compra de casa”, “situação de emprego”, “economia local” e “investimento em acções”

 

O declínio do índice de confiança do consumidor de Macau é algo que se vem verificando ao longo dos últimos anos. Em 2017, (no mesmo período analisado) já se registava diminuição de 1,21 por cento, em comparação com os primeiros três meses desse ano, sobretudo devido ao desânimo em torno da habitação.

Porém, em 2017, numa escala de 0 a 200, o índice atingia os 85.30, revelando uma ligeira desconfiança quanto ao panorama económico. Segundo os resultados divulgados pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês), no segundo trimestre de 2021 o índice caiu 9,35 por cento em relação aos primeiros três meses do ano, para um total de 68.11 pontos, já bem longe dos resultados de 2017, e uma quebra significativa para o primeiro trimestre de 2021 quando o índice se fixou em 75.13.

Apesar de no segundo trimestre de 2021 se ter verificado um ligeiro aumento quanto à expectativa face ao “nível de vida”, sub-índices como “compra de uma casa”, “situação de emprego”, “economia local”, “investimento no mercado de acções” caíram. Entre estes indicadores, o que corresponde à compra de habitação foi o que mais diminuiu, caindo 19,6 por cento em relação aos primeiros três meses do ano, seguindo pelo índice de confiança na economia local, que desceu 16,45 por cento.

Cenário minado

Para a realização deste estudo, a equipa da MUST entrevistou 804 residentes de Macau, maiores de 18 anos, entre os dias 5 e 30 de Junho. Sem vislumbre de optimismo quanto à recuperação da economia, em particular da indústria do jogo, dos seis itens que constituem o índice global de confiança, cinco baixaram.

A MUST enquadra estes resultados referindo que “no segundo trimestre deste ano a economia do Interior da China fortaleceu-se, mostrando sinais de melhorias constantes e estabilidade, mas o ambiente económico doméstico e internacional continua grave e complexo”.

A equipa responsável pelo índice menciona ainda a “escalada de medidas de prevenção da pandemia”, em particular as restrições fronteiriças, como entraves à recuperação da indústria do jogo a curto prazo, mas sem alterar a tendência de recuperação a médio e longo prazo.

Em Abril deste ano, a Universidade de Macau estimou que feitas as contas a 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) da RAEM pode crescer entre 21,4 por cento e 33,5 por cento. As previsões macroeconómicas tiveram em consideração quatro cenários relativos ao número de visitantes, de acordo com o estudo do Centro de Estudos de Macau e o departamento de economia da UM, que variam entre 13,8 milhões e 21,7 milhões de visitantes.

9 Jul 2021

Orquestra Chinesa de Macau | Fim da temporada com “Herança, Desenvolvimento”

“Herança, Desenvolvimento” – 100 Anos de Música Chinesa é o nome do espectáculo que vai encerrar a temporada 2020/2021 da Orquestra Chinesa de Macau. O concerto, marcado para o dia 30 de Julho, terá lugar no grande auditório do Centro Cultural

 

Estão à venda os bilhetes para o concerto de encerramento da temporada 2020/2021 da Orquestra Chinesa de Macau. O espectáculo realiza-se no dia 30 de Julho, uma sexta-feira, às 20h no grande auditório do Centro Cultural de Macau. “Herança, Desenvolvimento” – 100 Anos de Música Chinesa fecha com chave de ouro um ano complicado para qualquer orquestra do mundo.

Sob a batuta do director musical e maestro principal Liu Sha, este concerto leva ao palco do centro cultural a experiência de uma música consagrada e a vivacidade de uma jovem estrela emergente na interpretação de instrumentos tradicionais chineses.

Assim sendo, a orquestra encerrada a temporada com um nome maior huqin, Jiang Kemei. Com um currículo que inclui a direcção da Orquestra Chinesa de Radiodifusão da China, mestre no Conservatório Central de Música e directora da Orquestra Nacional Chinesa, Jiang Kemei é um vulto dos instrumentos de cordas tradicionais. A sua abordagem ao huqin trouxe inovação e elegância acrescida ao clássico instrumento, além da graciosidade que esbanja durante as suas performances ao vivo, elevando o requinte do legado clássico.

No capítulo do “desenvolvimento”, o maestro Liu Sha irá dirigir a jovem Wang Yuje no yangqin, um instrumento clássico de corda percutidas. Nesta confluência geracional, o Instituto Cultural (IC) afirma que “com estas instrumentistas emergentes e de renome reunidas no concerto, os aficionados podem desfrutar do legado e do desenvolvimento da música chinesa e passar um serão inesquecível”.

Desenho sonoro

O concerto de fim de temporada vai contar no reportório com a apresentação de uma obra encomendada a um jovem compositor, nascido na década de 1990, Li Bochan. O nome da obra é “Esboço de Macau”, uma peça orquestral que “tem como pano de fundo as culturas inclusivas de Macau, retratando o espírito humanista de Macau através de uma melodia fluente”, descreve o IC.

A vez de Jiang Kemei pegar no huqin será na apresentação do concerto para Banhu “Impromptu”, de autoria do compositor Wang Danhong, que expressam as características da ópera tradicional local de Shanxi, Bangzi. A intérprete terá a seu cargo também a peça Banhu e Ensemble “Flor Vermelha de Pessegueiro” de autoria da própria Jiang Kemei e Shen Dan, uma peça que promete trazer para o centro cultural “o encanto artístico da ópera Laoqiang de Huayin”.

Neste concerto, Wang Yujue irá interpretar o Concerto para Yangqin N.º 2 “Harmonia” de Zhang Chao.
Os bilhetes estão à venda desde terça-feira e custam 200, 160, 140 e 120 patacas. O concerto tem duração de cerca de 1 hora e 30 minutos, incluindo um intervalo.

8 Jul 2021

BOK | Festival vai celebrar teatro experimental com mais de 100 actividades

Entre 31 de Julho e 8 de Agosto, o teatro experimental terá como epicentros locais a freguesia de São Lázaro e a Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2, em mais uma edição do BOK Festival, evento organizado pelas associações Own Theatre, Macau Experimental Theatre e MyLand Culture.

O BOK Festival começou em 2013 fruto do sonho e do trabalho de associações privadas, tornando-se num evento bienal dedicado ao experimentalismo e à expressividade artística não constrita conceptualmente.
Este ano, o tema do festival é ‘Demo for Mary’, que representa a ideia de que a música liga todas as peças da programação num cruzamento de diversas formas de performance.

O evento será dividido em dois momentos. O primeiro e mais recheado é o BOK Movement, que consiste em actuações de “seis unidades artísticas multidisciplinares” de Macau, Pequim, Xangai e Japão.

Uma das performances, intitulada “There is no day as usual”, será interpretada no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais n.º 2 nos dias 4 e 5 de Agosto, às 19h30. Da autoria de Iat U Hong, Akitsugu Fukushima e Ivan Wing, a actuação tem como pano de fundo o conceito da música ambiente num contexto que se aproxima da ideia de concerto que musica um dia normal, “como outro qualquer”, descreve a organização do evento.

Baseado na sinergia criada no anterior BOK, de 2019, Iat U Hong volta a colaborar com o guitarrista japonês Akitsugu Fukushima e o baterista Ivan Wing. O trio pretende levar o público a “examinar o quotidiano normal”, através de sonoridades evocativas do imaginário do cinema.

Outro dos destaques será “After Party”, uma mistura entre djset, com Zarah responsável pelas batidas, e show visual multimédia. Este espectáculo segue-se a “There is no day as usual”, no mesmo local e dias, às 21h30.

São Lázaro reerguido

Como se estivesse a sair da cova, de regresso à vida, o BOK Festival volta a transferir sangue novo no bairro de São Lázaro, com eventos marcados para a Calçada da Igreja de São Lázaro, o Albergue SCM e o Armazém do Boi na Rua do Volong.

Entre os dias 31 de Julho e 3 de Agosto, das 11h às 22h, o Albergue terá uma atracção original que usa a realidade virtual para simular durante 20 minutos um mundo de dança. A instalação multimédia chama-se “Or Bit”, realizada pelo artista de Xangai Daming Zhang, coreografada por Fan Jiang, que também dança com Ge Lu.

Para usufruir da experiência, o público (três pessoas de cada vez) equipado com óculos de realidade virtual, embarca numa viagem de exploração do corpo e da linguagem.

8 Jul 2021

Bienal Internacional de Arte arranca a 15 de Julho em toda a cidade

A segunda Bienal Internacional de Arte de Macau está à porta, com a cidade inteira a transformar-se numa galeria. Além dos espaços expositores normais, a arte vai invadir locais como a Praça do Tap Seac, as Casas-museu da Taipa, Anim’Arte Nam Van ou o Largo da Barra. A partir de 15 de Julho, até ao final de Outubro, podem ser visitadas 30 exposições espalhadas por 25 locais

 

A segunda edição da Bienal Internacional de Arte de Macau está prestes a começar, com o dia 15 de Julho a colocar a RAEM no calendário da arte contemporânea asiática. Até ao final de Outubro, Macau irá mergulhar num oceano de cultura, transfigurar-se numa galeria e jardim de arte, aberto a residentes e turistas e gratuito para quem quiser desfrutar das exposições.

“A nossa intenção, alicerçada na participação colectiva de entidades públicas, empresas, artistas e público geral, é estimular diálogos sobre tópicos relacionados com a cidade”, afirmou ontem Mok Ian Ian, presidente do Instituto Cultural (IC) durante a apresentação da bienal.

A responsável adiantou que o Governo vai entrar com oito milhões de patacas para o orçamento global da bienal, “para a exposição principal e divulgação do evento”. O financiamento da mostra internacional será da responsabilidade das operadoras Galaxy Entertainment Group, Melco Resorts & Entertainment, MGM, Sands China Ltd., SJM RESORTS, Wynn Macau, e do grupo empresarial Nam Kwong.

As empresas, além de financiarem exposições públicas, incluindo a mostra de trabalhos de artistas locais, atribuem prémios e cedem as instalações. Questionada sobre o orçamento global do evento, Mok Ian Ian confessou não saber, “porque as empresas não revelaram ao Governo quanto investiram”, mas garantiu que apesar do reduzido orçamento público, a dedicação do pessoal do IC será total.

O tema da bienal é “criar para o bem-estar”, respondendo às naturais aspirações e metas na busca pela felicidade.
“Muitos países e regiões mergulham ainda no sofrimento provocado pela conjuntura pandémica. Por isso, um intercâmbio de nível espiritual entre pessoas de diferentes origens, estabelecido através da beleza criada pela sua arte, torna-se particularmente significativo”, afirmou Mok Ian Ian.

Nesse aspecto, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, aproveitar a oportunidade para convidar turistas a visitar Macau durante os meses da bienal, algo que considera possível devido ao trabalho de promoção da RAEM enquanto cidade saudável e segura. Convém recordar que Macau continua com severas restrições fronteiriças.

“Entre Junho a Outubro é o momento ideal, temos as férias de Verão e semana dourada de Outubro. Espero que um evento desta envergadura possa atrair mais turistas e disponibilizar experiências culturais à população de Macau”, projectou a presidente do IC.

O que aí vem

A bienal deste ano vai estar dividida entre várias secções. O ex-líbris será a exposição principal, terá mostras espalhadas pelos espaços das operadoras de jogo, o Pavilhão de Cidade Criativa (que une Macau a outras cidades), exposições em espaços públicos, mostras de artistas locais e colaborações experimentais de docentes e alunos do ensino superior.

O foco principal desta bienal está dividido em três sessões de exposição: “O Sonho de Mazu”, “Labirinto da Memória de Matteo Ricci” e “Avanços e Recuos da Globalização”. No total, vão estar patentes, a partir de dia 16 de Julho, no Museu de Arte de Macau, mais de 100 trabalhos da autoria de mais de 40 artistas do Interior da China e estrangeiros oriundos de mais de 20 países e regiões.

Em “O Sonho de Mazu”, artistas portugueses, chineses, coreanos e do Médio Oriente reinterpretam com um olhar contemporâneo porcelana chinesa das dinastias Ming e Qing, combinando as tradicionais cores azuis e branca e materiais onde se incluem azulejos lusos. Esta exposição vai estar patente ao público até 15 de Agosto no Museu de Arte de Macau.

Outro dos focos das mostras principais é “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”, uma secção que “descreve o olhar do Ocidente sobre a China, escrito, reescrito e subvertido ao longo de 500 anos”, com destaque para um trabalho do artista Vasco Araújo composto por uma mesa de madeira, 15 fotografias digitais enquadradas em molduras de madeira e metal.

O terceiro vector das mostras principais intitula-se “Avanços e Recuos da Globalização”, que procura reflectir a forma como a pandemia forçou o mundo a parar, apesar do caracter irreversível da globalização. Neste capítulo, será exibido entre 16 de Julho e 17 de Outubro, no Museu de Arte de Macau, um trabalho da colecção Tate em vídeo de autoria da franco-argelina Zineb Sedira intitulado “Língua Materna”.

A obra centra-se nas trocas de memórias de infância da artista, da sua mãe e da sua filha em três diferentes línguas nativas: francês, árabe e inglês. O trabalho reflecte a narração de histórias como forma de preservar a identidade cultural através das gerações e sublinha a dificuldade de manter um património partilhado através das divisões nacionais e linguísticas e reconhece a complexidade da identidade.

A prata da casa

A Arte Macau 2021 irá exibir também trabalhos de artistas locais, cuja escolha resultou da selecção de 12 peças de criadores de Macau, entre pintura, instalações tridimensionais, escultura e fotografia. O local que irá reunir estes trabalhos, entre 29 de Agosto e 24 de Outubro, será o Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Entre os artistas locais estão João Miguel Barros, Konstantin Bessmertny, Cheong I Kuan, Fok Hoi Seng, Ieong Man Pan, Kun Wang Tou, Leong Lam Po, Mak Kuong Weng, Sit Ka Kit, Wong Soi Lon e Wong Weng Io.
Nesta segunda edição, a bienal vai extravasar para as ruas com a exibição de seis obras de artistas do Interior da China, Tailândia, Argentina, Egipto e Itália.

A Praça do Tap Seac recebe “Chacra”, uma obra do italiano Riccardo Cordero. Feito em aço, a escultura forma um círculo (como uma praça dentro de uma praça), proporcionando a sua apreciação a partir de diversas perspectivas. A criação de “Chacra” teve como objectivo guardar a memória de um mercado público de alimentos, que foi transferido para dar lugar à Aldeia Olímpica na cidade de Turim e representar o centro do espírito humano.

“Encontro” é outra escultura de grande dimensão que irá trazer uma nova vida à Praceta da Arte do Centro Cultural de Macau. Da autoria do chinês Su Xinping, esta obra em cobre representa enormes mãos numa combinação de expressão figurativa com dimensões surreais evocando uma imagem de montanha.

“Cidade Global” estará na zona das Casas Museu da Taipa. A obra do argentino Leandro Erlich, feita de aço e resina, transmite o conceito da aldeia global, da indivisibilidade da vida humana e de partilha. Visualmente, “Cidade Global” materializa-se numa esfera de onde despontam formas geográficas de diversas alturas, que se assemelham a prédios.

O homem e o conceito

A segunda edição da bienal de Macau conta com a curadoria de Qiu Zhijie, um dos artistas contemporâneos chineses mais influentes, director da Faculdade de Arte Experimental da Academia Central de Belas Artes, que durante a sua estadia na RAEM irá apresentar duas palestras temáticas, “trazendo a inspiração ao pensamento curatorial e explorando as manifestações da “Ásia” na arte”, informa o IC.

Apesar de ainda não estar em Macau, Qiu Zhijie demonstrou em vídeo a felicidade pela missão curatorial e explicou as ideias que formaram o fio condutor da Arte de Macau 2021, naturalmente influenciada pela pandemia em termos artísticos.

“Devido ao surto da epidemia, fomos forçados a isolar-nos uns dos outros, ficamos em casa e mantemos distância social”, cenário que o curador encarou como desafio à globalização e incentivo ao nativismo tribalista e ao isolacionismo. Porém, por detrás da integração global, Qiu Zhijie encontra a tecnologia como fonte de ferramentas para fazer avançar o mundo. “Há 500 anos, a bússola e a tecnologia naval iniciaram as grandes navegações e trouxeram uma onda de globalização; 200 anos atrás, as ferrovias promoveram a comunicação das pessoas, e 50 anos atrás, os aviões a jacto e depois a Internet trouxeram a conectividade global.”

Além das obras já mencionadas nas exposições principais, o curador destacou “pinturas a óleo do pintor Liu Xiaodong quando esteve preso na Nova Iorque durante a epidemia, a obra sobre a logística global “Aeroporto” dos artistas suíços Peter Fischli e David Weiss” e o vídeo “Kids” do suíço Michael Frei, uma animação superficialmente simples que explora a relação entre indivíduos e grupos”.

Por esses resorts fora

No capítulo das exposições organizadas pelas operadoras de jogo, nos seus espaços, importa referir que a mostra “Justapor”, que reúne esculturas em varão de aço da autoria de malaio Tang Mun Kian, Com a coordenação do Galaxy Entertainment Group, esta exposição retrata detalhes de arquitectura, do comércio de outros tempos e festivais de Macau. A visão de Tang Mun Kian contem laivos de cartoon e, imbuída de espirituosidade e humor, faz um esboço do cenário histórico e cultural de Macau.

“O MAR”é a exposição que estará a cargo da Melco Resorts & Entertainment, que utiliza o cenário de um teatro aquático (onde era exibido o espectáculo “The House of Dancing Water”) que pretende criar uma experiência sensorial através de uma série de instalações que incluem vídeos, música, inteligência artificial e efeitos à base de água.

Com a imagem do despertar do Leão, a MGM expõe “Despertar”, um conjunto de obras dos artistas Xue Song, Liu Guofu e Hung Yi inspiradas na figura desse animal rei da selva.

Como o nome indica, o “Projecto Sands X: Para Além do Azul – Uma Exposição de Cerâmica Extraordinária” é a mostra coordenada pela Sands China Ltd. Sob a curadoria de Caroline Cheng, obras de arte de mais de 20 artistas e instituições internacionais exploram a ligação entre tecnologia e arte de cerâmica, com uma apresentação inovadora.

A SJM RESORTS terá a seu cargo a série de exposições sob o tema de “Arte · Criação · Nova Ambiência – Pensamento Transformador, Entre numa Era de Extraordinária Inovação” e “Harmonia do Oriente e Ocidente – Exposição de Famosos Artistas Locais” e a “Reformulação do Império – Exposição Individual de Heidi Lau”. As mostras centram-se “na fusão de elementos chineses e ocidentais, por artistas locais, dando a continuidade a obras clássicas intemporais”.

A exposição do Wynn Macau Limited, intitulada “Ilusões e Reflexões – Através do Olhar dos Mestres”, é constituída por dois tesouros artísticos nacionais: “A Morada das Ilusões: O Jardim de Zhang Daqian” e “Reflexão da Vida: Cerâmica Contemporânea de Zhu Legeng”.

Por fim, a exposição coordenada pela Nam Kwong (Group) Company Limited, “Exposição de Arte do Bordado Shen da China”, tem o bordado no papel principal com o intuito de difundir a cultura tradicional chinesa. Ao longo de três meses não vão faltar ofertas culturais gratuitas para todos os gostos, espalhadas um pouco por toda a cidade.

7 Jul 2021

UM | Estudantes locais questionam justiça de admissão em dormitório

Estudantes da Universidade de Macau queixam-se de injustiça nos processos de admissão para os dormitórios da instituição e da alegada prioridade dada a alunos de fora. Além disso, dá conta de falsos testemunhos de estudantes locais para conseguirem vagas no dormitório

 

“É uma injustiça”, foi assim que um residente e aluno da Universidade de Macau comentou o processo de admissão aos dormitórios da instituição. O estudante, que não se identificou, publicou uma carta no jornal universitário Orange Post, no final de Junho e no domingo no All About Macau, a queixar-se dos critérios de ingresso nos dormitórios, afirmando que os direitos e interesses dos estudantes locais não são devidamente protegidos. Esta não foi a primeira queixa de alunos da instituição em relação à política de admissão à residência universitária.

O All About Macau perguntou à Universidade de Macau quantos pedidos de admissão foram submetidos e aprovados para dormitórios entre 2019 e 2021 de estudantes locais e de fora. Em resposta, a instituição apenas repetiu as regras de inscrição para a residência universitária e garantiu tratar todos os estudantes com justiça.

Face à sensação de injustiça, o estudante seguiu a candidatura de três colegas, todos residentes, para a residência universitária. Apesar de terem casa na RAEM, os estudantes justificaram a necessidade de acomodação no campus com a distância a que as suas residências ficam.

Como tal, e para poupar tempo em viagens, as vidas dos estudantes locais seriam bem mais fáceis se pudessem ficar no dormitório, principalmente tendo em conta a participação em actividades académicas, associações de estudantes ou desporto universitário. Os três estudantes não foram aceites nas residências, enquanto alunos oriundos do exterior, que não se envolvem em actividades universitárias, foram aceites, de acordo com a declaração do aluno.

Depois de caloiro

A política de integração académica da Universidade de Macau contempla o registo de alunos do primeiro ano nos dormitórios, excepto para estudantes com mais de 23 anos, com licenciatura já completas, que tenham a seu cargo pessoas dependentes ou que tenham necessidades especiais.

Conforme a oferta de vagas e ponderadas as condições de selecção, a reitoria decide a admissão ao dormitório.
Porém, neste ponto da decisão da reitoria reside outra crítica do aluno que não se identifica na carta publicada no All About Macau. A avaliação pouco rigorosa terá levado a que alguns alunos locais, que mentiram na candidatura negando ter casa em Macau ou ter problemas familiares, tenham sido aceites na residência universitária. Além disso, outra crítica partilhada por outros alunos queixosos refere-se ao facto de a Universidade de Macau alegadamente ignorar factores como o tempo gasto em transportes, participação em actividades académicas e extra-curriculares que levem à necessidade de dormitório.

De acordo com a informação no site da instituição de ensino superior, o custo de um ano na residência universitária no ano lectivo 2020/2021 era de 15.300 patacas para alunos locais e 25.100 patacas para não-residentes, incluindo 15 refeições por semana e participação em actividades académicas e workshops. De acordo com o All About Macau, no próximo ano lectivo as refeições deixam de estar incluídas.

6 Jul 2021

FRC | “Shanghai Surprise” em exibição na próxima terça-feira

Na próxima terça-feira é exibido “Shanghai Surprise” na Fundação Rui Cunha, de Jim Goddard, filme protagonizado pelo casal, à altura, recém-casado Sean Penn e Madonna e que tem Macau como fundo escolhido para filmagens de exteriores. A projecção deste filme insere-se no programa Macau no Cinema, e é a quarta de uma série de nove

 

Há 35 anos, Sean Penn e Madonna formavam um dos casais mais falados do mundo, mediatismo alargado pelo casamento. Na próxima terça-feira, 22 de Junho, a Fundação Rui Cunha exibe “Shanghai Surprise”, filme protagonizado pelo casal recém-casado, e com grande parte dos exteriores filmados em Macau.

Com hora de início marcada para as 18h30, este é o quarto filme de uma série de nove do programa “Macau no Cinema”.

Realizado em 1986 por Jim Goddard e produzido pelo ex-Beatle George Harrison, que assina grande parte da banda sonora, o filme conta a história de um caçador de fortunas e homem de aventuras (Penn) que conhece uma enfermeira missionária (Madonna).

A personagem encarnada pela autora de “Like a Virgin” está determinada para arranjar ópio para aliviar a dor dos seus doentes. Este desígnio irá cruzar-se com a vontade do personagem de Sean Penn de embarcar com destino aos Estados Unidos.

Com estas duas demandas entrelaçadas, assim como as vidas do aventureiro e da enfermeira, “o destino leva-os a uma agitada, exótica e muito romântica busca pelas drogas roubadas”, descreve a Fundação Rui Cunha.

Como seria habitual, entrar no negócio do tráfico de droga coloca em perigo o inusitado casal, uma vez que a mercadoria que ambicionam é cobiçada por contrabandistas e assassinos.

Exteriores do interior

Passado no final da década de 30 do século passado, “Shanghai Surprise” é uma comédia de aventura passada durante o período da ocupação japonesa.

Macau foi o local escolhido por toda a equipa técnica para as gravações exteriores, tendo trazido ao território Sean Penn e Madonna, duas estrelas cujas personalidades bastante extravagantes para a época, agitavam tudo à sua volta.

Antes da exibição do filme haverá lugar para uma pequena apresentação a cargo de Filipa Guadalupe. O filme é falado e legendado em inglês e a entrada é livre, mas sujeita a limitação de lugares.

18 Jun 2021

DSEDJ | Actividades de férias na Grande Baía canceladas

A situação epidémica na Grande Baía levou ao cancelamento de actividades de férias planeadas pelo Governo para os jovens de Macau. Entretanto, os Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude vão lançar este ano um plano para alargar o sentimento patriótico, com base na história de Macau

 

“Mais e mais amor” podia ser um hino não oficial da segunda reunião deste ano do Conselho da Juventude. Após a reunião do órgão, Cheong Man Fai, da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), revelou que será lançado ainda este ano o “plano educativo de extensão do sentimento patriótico”. O plano terá como ponto estratégico central a Base da Educação do Amor pela Pátria e por Macau, e pretende mostrar pontos geográficos de aprendizagem da história local e facultar recursos pedagógicos que dêem a conhecer, “de forma animada e viva”, a história e o desenvolvimento social da pátria e de Macau.

“Em Macau há vários museus, como a Casa do Mandarim, Museu Memorial de Xian Xinghai, Museu de Macau, todos esses locais merecem ser visitados e permitem conhecer melhor a história de Macau”, afirmou Cheong Man Fai. A chefe do Departamento de Juventude indicou que estas visitas serão organizadas conjuntamente entre a DSEDJ, o IAM e o IC. A ideia é acompanhar o andamento do que é ensinado nas salas de aula. Por exemplo, quando a história sobre a Guerra do Ópio for leccionada, as escolas podem inscrever-se para este tipo de actividade e conhecer de perto episódios e locais que marcaram o período histórico focado curricularmente.

Além das visitas guiadas, Cheong Man Fai, adiantou que na base da educação do amor serão realizados espectáculos de dança do dragão interactivos, dedicadas a alunos do ensino primário.

Além de conteúdos que incidam mais sobre Macau, foram várias as vozes no Conselho da Juventude que sugeriram que a base da educação do amor se aperfeiçoasse através do recurso a novas tecnologias, como a realidade virtual, realidade aumentada e aumento dos conteúdos nas plataformas online. A aposta tecnológica não só iria colmatar os limites espaciais da base, como permitirá atrair mais visitantes, na óptica da DSEDJ, “não apenas estudantes, mas toda a sociedade de Macau”, afirmou Cheong Man Fai.

Até Maio passado, a base foi visitada por alunos de 42 escolas secundárias e primárias e 3 universidades, num total de 5000 pessoas.

Pausas curtas

No final da reunião de ontem do Conselho da Juventude foi revelado a cancelamento de actividades de férias que estavam planeadas para a zona da Grande Baía, devido aos casos de covid-19 detectados na região.

Segundo Choi Man Chi, da divisão de desenvolvimento geral de estudantes da DSEDJ, no final da inscrição para as actividades de férias as autoridades contaram mais de 32 mil inscrições, para um total de 38 mil vagas.

A pandemia é o núcleo principal das férias, com as autoridades a fazerem os possíveis para evitar ajuntamentos, a proporcionar distância social e uso de máscaras.

Quanto ao relatório da consulta pública sobre o Política da Juventude para os próximos 10 anos, foi revelado ontem que o documento será divulgado em breve. Sobre a polémica e possível retirada da expressão “pensamento crítico” do texto, Cheong Man Fai adiantou que as expressões “pensamento crítico” e “pensamento distintivo” se vão manter no documento, e que são essencialmente sinónimos.

Importa recordar que “pensamento crítico” não é uma forma de demonstrar oposição, mas um conceito analítico de avaliação da validade de uma asserção ou teoria.

18 Jun 2021

Caso das ofertas da Associação de Jiangmen no CCAC

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) entregou o caso da oferta de vales de 100 patacas de supermercado, pela Associação de Conterrâneos de Jiangmen, ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). No entanto, o presidente da CAEAL, o juiz Tong Hio Fong, afirma que não existem indícios de corrupção eleitoral.

“A associação não apresentou um pedido para constituir uma comissão de candidatura. […] Sobre a eventualidade de haver corrupção, por enquanto, não verificamos indícios de corrupção eleitoral”, afirmou Tong, após a reunião de ontem da CAEAL. “Encaminhámos o caso ao CCAC e lembramos que esses actos, a oferta de lembranças e benefícios, não podem ter ligação com as actividades eleitorais”, acrescentou.

A Associação de Conterrâneos de Jiangmen não está envolvida directamente nas eleições, mas conta nas fileiras com vários membros, como os deputados Zheng Anting e Mak Soi Kun, da comissão de candidatura União de Macau-Guangdong. Esta comissão que serviu de base para a lista vencedora de 2017 vai voltar a participar nas eleições, numa lista que deverá ser encabeçada pro Zheng Anting. Na segunda-feira a Associação de Conterrâneos de Jiangmen promoveu a oferta de dois vales de desconto de 50 patacas no supermercado Royal e a entrega de máscaras. A campanha levou a uma corrida à sede da associação, com a polícia a ter de intervir para garantir o cumprimento das distâncias de segurança.

Quatro no limbo

Após a reunião de ontem, o presidente da CAEAL anunciou também que das 22 comissões de candidatura, 16 foram aprovadas e quatro contactadas para resolverem questões burocráticas, como a falta de assinaturas ou problemas como os logótipos e denominações utilizadas.

Entre as comissões de candidatura com problemas burocráticos não se encontra nenhuma que tenha servido anteriormente para eleger os actuais deputados. No entanto, faz parte das quatro, a comissão Ou Mun Kong I, do potencial candidato Lee Sio Kuan, que prometeu adoptar a estratégia do “Cão Louco” durante a campanha, sem revelar a táctica secreta.

Por outro lado, foram aceites cinco listas candidatas ao sufrágio indirecto, que correspondem ao número de colégios eleitorais disponíveis. Este facto significa que assim que a ordem das listas ao sufrágio indirecto for decidida os candidatos vão ser quase automaticamente eleitos.

As cinco listas candidatas pelo sufrágio indirecto são as mesmas da edição de 2017, à excepção da comissão de candidatura União dos Interesses De Medicina De Macau. Todavia, o deputado Chan Iek Lap, eleito por essa lista, deve ser integrado na lista União dos Interesses Profissionais de Macau, pelo que deve manter o lugar na Assembleia Legislativa.

18 Jun 2021

Macau suspende funcionamento de delegação em Taiwan

O Executivo vai suspender temporariamente, a partir de sábado, o funcionamento da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan. A suspensão foi justificada com a não renovação dos documentos de funcionários do organismo. O Governo de Taiwan lamentou a posição “unilateral” de Macau. Entretanto, as autoridades da RAEM vão criar linhas abertas para apoiar os residentes que estão em Taiwan

 

O Governo anunciou ontem que vai suspender temporariamente, a partir de sábado, o funcionamento da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, justificando a decisão com o facto de a “renovação dos documentos dos actuais e dos novos funcionários do organismo, até ao momento, não terem sido aprovados”.

No entanto, o Executivo garante que “tem procedido, de acordo com a lei, com as formalidades de apreciação dos pedidos de documentos dos funcionários da Delegação de Taiwan em Macau”, ou seja, as autoridades da RAEM argumentam a falta de reciprocidade no tratamento de documentação.

Além disso, o Executivo indica que desde que a RAEM foi estabelecida “tem promovido de forma pragmática o desenvolvimento estável da relação entre Macau e Taiwan”. “Em 2011, com o reconhecimento mútuo do «consenso 1992», como fundamento político, foi alcançado consenso quanto à instalação das respectivas delegações, marcando, a partir desse momento, o início do funcionamento de ambas as delegações”, contextualiza o Executivo.

A Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, criada pelo Governo da RAEM, iniciou oficialmente as suas funções em Dezembro de 2011.

Ainda no comunicado que explica a decisão, no que toca aos assuntos entre as duas regiões, o Governo da RAEM “agirá, como sempre, de acordo com a Lei Básica, o princípio de “uma única China”, assim como o princípio e política fundamental do Governo Central sobre os assuntos entre Macau e Taiwan”.

Em resposta ao anúncio da suspensão, o Conselho dos Assuntos do Continente do Governo de Taiwan lamentou em comunicado a decisão “unilateral” da RAEM. “Sempre mantivemos uma atitude de boa vontade e benefício mútuo e tentámos o nosso melhor para prestar assistência”, referiu o organismo da Formosa, acrescentando que Taiwan irá manter aberta a representação em Macau. Até ao fecho da edição, o Governo de Taiwan não comentou a justificação dada pela RAEM, divulgada cerca de oito horas após o anúncio da suspensão de actividade da delegação na Formosa.

Por arrasto

No passado dia 18 de Maio, Hong Kong emitiu um comunicado semelhante a dar conta da suspensão do funcionamento da sua delegação em Taiwan, também sem adiantar razões. Porém, passados três dias do anúncio, o Executivo de Carrie Lam veio a público justificar a retirada de Taiwan de pessoal da delegação acusando o Governo de Tsai Ing-wen de “interferência grosseira” nos assuntos da RAEHK.

Sem dar detalhes, ou exemplos concretos, o Executivo de Carrie Lam afirmou que as relações com Taiwan estavam “severamente danificadas”, o que terá colocado em perigo os funcionários da delegação.

Alunos pendurados

Enquanto a representação estiver encerrada, o Executivo “vai criar, através da Direcção dos Serviços de Turismo, uma linha aberta de 24 horas (+853 2833 3000) para lidar com pedidos de informação em geral e prestar, não apenas serviços de apoio aos residentes de Macau em Taiwan, mas também informações relacionadas com Macau aos residentes de Taiwan”.

Para pedir informações relacionadas com a pandemia, o Executivo sugere a linha aberta (+853) 2870 0800.
De acordo com a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) estudam em Taiwan entre 3.000 e 4.000 residentes de Macau. No final de Maio deste ano, a DSEDJ indicou que mais de 800 estudantes pretendiam regressar à RAEM até Agosto. Há pouco mais de três semanas, o Governo garantia que a DSEDJ iria manter contacto próximo com as autoridades de Taiwan para apoiar os alunos.

Na conferência de imprensa do Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, os representantes do Governo foram ontem questionados sobre o encerramento da delegação, e se estaria relacionada com o aumento de casos de covid-19 em Taiwan. No entanto, foi dito que não dispõem de mais informações.

Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo, assegurou que, até à data, as autoridades de Macau receberam cerca de 37 pedidos de apoio ou informações por mês por parte de residentes em Taiwan. Relativamente ao fecho da delegação, ainda não foram feitos quaisquer pedidos.

O representante da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude frisou que um terço dos estudantes de Macau que frequentam o ensino superior em Macau já adquiriram bilhetes de avião para o regresso ao território, sendo que “alguns deles já regressaram a Macau”. “Queremos abrir mais linhas abertas e ter mais meios para apoiar os estudantes”, concluiu.

 

Paul Pun espera maior procura do serviço da Caritas em Taiwan

Um representante da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) referiu ontem que as autoridades de Macau têm contactado diversas associações que prestam apoio aos estudantes de Macau que estão em Taiwan, tendo em conta o encerramento da delegação. Uma delas é o Serviço da Caritas para Estudantes de Macau.

Ao HM, Paul Pun, secretário-geral da Caritas, diz que pode haver um aumento do número de pedidos de apoio após o fecho da delegação. “Para já vemos a necessidade de manter este serviço e poderemos ter uma maior procura no futuro, sobretudo da parte dos estudantes.”

Ainda assim, Paul Pun diz que esta entidade não tem capacidade para substituir a delegação na prestação de alguns serviços, nem pretende fazê-lo.

“A delegação é uma entidade governamental e não podemos substituir o Governo, porque somos apenas uma ONG. Não temos o objectivo de substituir nenhuma entidade porque temos uma pequena dimensão.”
Paul Pun lembrou que o serviço “pode preencher alguma lacuna se esta surgir”, lembrando que há estudantes de Macau em outros países e que esses também “enfrentam dificuldades”.

“Não sei como comentar [o fecho da delegação]. Mas, independentemente da mudança, há sempre várias reacções e necessidades. Se alguém que costumava deslocar-se à delegação e agora se depara com os escritórios fechados, pode contactar o Governo de Macau através das linhas abertas que criaram. Estamos dispostos a cooperar”, adiantou Paul Pun.

Pedidos em alta

Este serviço da Caritas funciona há vários anos, mas devido à pandemia da covid-19 o número de pedidos disparou. “Recebemos muitos pedidos de pessoas que queriam saber o que fazer, se regressavam a Macau ou se ficavam em Taiwan. Não temos estatísticas dos pedidos, mas o nosso foco principal são os estudantes.”

O serviço da Caritas presta apoio em diversas áreas, até a nível psicológico. “Recebemos os pais que viajam de Macau, tratamos de casos de falecimentos, problemas emocionais, e trabalhamos com diferentes organizações. É nosso objectivo a longo prazo ajudar os estudantes de Macau em Taiwan.”

17 Jun 2021

DD3 Verandah transmite na sexta-feira djset do espaço Maus Hábitos, no Porto

Na próxima sexta-feira, o clube DD3 Verandah terá uma janela aberta para os sons ecléticos de uma das principais casas da noite portuense, o espaço Maus Hábitos. A partir das 23h, os pratos vão estar a cargo do DJ OTSOA, até às 00h30, hora em que passa o testemunho ao DJ BENT.

O primeiro DJ, também conhecido como João Soares, é um artista multidisciplinar, com provas dadas em vários espaços culturais do Porto, como o Passos Manuel, Café Au Lait, Maus Hábitos e Ferro Bar. No currículo conta também com colaborações com as produtoras Lovers & Lollypops, Favela Discos, Arena Spa Superiora e Olec

O segundo DJ da noite será BENT, artista portuense que se move nos mundos do grafitti e da música. Com uma forte veia experimentalista, o DJ é considerado um pioneiro de future beats na noite do Porto, as suas playlists têm influências de hip hop, future beats, UK funky e soul.

Em 2013, integrado no seu colectivo Limbless Step, participou na Red Bull Music Academy, para além de ser DJ residente no Maus Hábitos- Espaço de Intervenção Cultural há seis anos com a noite intitulada “DOWNTEMPO, todas as quintas-feiras.

Semifusas em fusão

A entrada no DD3 Verandah é grátis entre as 18h e as 23h, mas acesso a bar aberto pelo preço de 200 patacas. A partir das 23h, a entrada custa 180 patacas com direito a duas bebidas.

A noite de sexta-feira resulta da parceria entre a None Of Your Business e o festival This Is My City e é segundo episódio de uma série de noites de djsets em directo com performances em simultâneo em Portugal e Macau.

Os parceiros da iniciativa são a Casa das Artes Bissaya Barreto, em Coimbra, Maus Hábitos – Espaço de intervenção Cultural, no Porto e o Musicbox, em Lisboa.

Importa frisar que o “Maus Hábitos é um espaço urbano de vanguarda, marcante da vida cultural e entretenimento do Porto há mais de duas décadas”, situado no edifício em frente ao Coliseu.

16 Jun 2021