CCM | Décimo Festival de Cinema e Vídeo arranca a 21 de Abril

São 13 filmes internacionais e 26 produções locais aquelas que vão dar vida ao ecrã do Centro Cultural de Macau. Portugueses incluem a lista, num evento que pretende chegar a todo o público

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rranca a 21 de Abril e vai até 5 de Junho a 10.ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo (FICV), evento de carácter anual que acontece no Centro Cultural de Macau (CCM) e traz uma selecção de projectos locais e produções internacionais. São obras provindas de mais de uma dezena de países as que se vão juntar em Macau, paralelas a um conjunto de actividades promotoras da cultura cinematográfica.
Abrem as hostes a projecção de 13 filmes internacionais, que abarcam um leque que vai dos “mestres conceituados” aos “realizadores emergentes e aos destaques de festivais de cinema de autor”. Para abrir o apetite, a organização adianta que farão parte desta rubrica a exibição de “Mamã, trabalho realizado pelo jovem talento Xavier Dolan, galardoado pelo Festival de Cannes, “De Longe”, uma produção venezuelana vencedora do Leão de Ouro para Melhor Filme no Festival de Veneza em 2015, “Coração Canino”, o mais recente trabalho de Laurie Anderson que lida com a temática do amor, da paz e da perda e o inspirador documentário “Meru”, que conta uma “história triunfante”.
“Jacky no reino das Mulheres”, uma comédia com Charlotte Gainsbourg no principal papel que aborda as questões de género numa perspectiva inversa, e “Festa de Despedida” e “A Façanha” são outras das películas, que trazem os temas da sobrevivência e da morte ao CCM.
Mas, o evento pretende abraçar um público de todas as idades, pelo que as famílias e os mais pequenos têm a si dedicados “A Múmia do Príncipe” e “Operação Árctico”.

Made in Macau

Do programa fazem parte obras dos “Macau Indies” que, segundo a organização, “foca as suas lentes em perspectivas mais familiares” em que as estrelas são as produções independentes locais. A presente edição vai contar com um total de 26 trabalhos distribuídos entre curtas-metragens, animação e documentário.
Nesta secção integram os nomes dos portugueses Filipa Queiroz (com “Boat People”), António Caetano Faria (com “Eric – Caminhar no Escuro”) e Catarina Cortesão Terra (com Macau – Tempo do Bambu).
“As crónicas de Wu Li”, de James Jacinto, e “Uma Década de Blademark”, de Emily Chan e que retrata o percurso da banda com o mesmo nome, são outras das atracções.
Os bilhetes já estão disponíveis e contam com vários preços e descontos.

Para todos, mesmo todos

Acompanham ainda toda a edição workshops, seminários, mostras e projecções e, como o objectivo geral é de aproximação do cinema a todos, o CCM lança ainda outro desafio: “Filme a la Minute” propõe aos interessados a criação de um filme usando como câmara o telefone numa realização com duração máxima de um minuto num período de 24 horas. Estes “tele” realizadores são ainda convidados a publicar as mini-produções na página do Facebook dedicada ao evento, sendo que o filme com mais “gostos” vencerá o desafio. As inscrições para esta rubrica terminam às 18h00 de 20 de Maio.

1 Abr 2016

Quase um milhão para os ursos

O Banco da China (BOC) entregou no passado dia 20 de Março ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, numa cerimónia realizada no Parque do Seac Pai Van, um donativo no montante de 924.420 patacas destinada ao Fundo dos Pandas. A verba foi recebida pelo Presidente do Conselho de Administração deste Instituto, José Tavares. O objectivo deste contributo, informa aquela entidade bancária, é o de “elevar o conhecimento da população sobre os pandas gigantes e chamar a atenção para necessidade da sua preservação”. Os fundos são resultantes do Cartão de Crédito Panda Gigante do Banco da China.

31 Mar 2016

Boogarins – “Avalanche”

“Avalanche”

A maior demonstração
De propagação do ser é o eco
Com ele o meu grito tem força
Para derrubar todos os prédios

Que não me deixam ver o sol
Eles não deixam eu ver o sol
Que não me deixam ver o sol
E eles não deixam eu ver o sol

Que não me deixam ver o sol
Eles não deixam eu ver o sol
Que não me deixam ver o sol
Para me prender nesse labirinto de tédio

Boogarins

FERNANDO “DINHO” ALMEIDA / BENKE FERRAZ / RAPHAEL VAZ / YNAIÃ BENTHROLDO

31 Mar 2016

Pearl Horizon | Proprietários querem protestar em Pequim

Os proprietários do Pearl Horizon estão a pensar fazer uma manifestação na capital da China, Pequim, disse o presidente da União dos Proprietários do edifício, Kou Meng Pok. A continuação da construção do prédio é o único desejo de todos os proprietários, afirmou, mas se não houver resolução do problema, “podem vir a apanhar um voo para protestar em Pequim”. Kou Meng Pok disse que vai continuar a organizar manifestações e encontros até haver uma resolução e queixa-se que, desde a declaração da caducidade do lote onde estava a ser construído o edifício de luxo, nada tem sido resolvido, nem da parte do Governo, nem da Polytec. Segundo a Mastv, mais de 30 proprietários manifestaram-se no domingo passado na Praça das Portas do Cerco. Um dos manifestantes, com apelido Io, criticou o presidente do Grupo Polytec, Or Wai Shen, porque nunca se reuniu com os promitentes-compradores. O Grupo Polytec já assegurou ser impossível perder em tribunal.
 

30 Mar 2016

Vacinas do Governo apenas para residentes

O Governo lançou ontem um comunicado onde assegura que as vacinas adquiridas pelos Serviços de Saúde “são destinadas gratuitamente aos residentes e não são distribuídas aos não-residentes”. “Os visitantes de Macau apenas podem aceder, por conta própria, à administração de vacinas e somente em casos urgentes, como por exemplo em caso de ferimentos, será administrada a vacina contra o tétano”, explica o organismo, que justifica o comunicado por terem sido manifestadas “preocupações” da parte da população. Preocupações que chegam devido ao escândalo relacionado com o fornecimento de vacinas na China continental e que levaram a população a pensar “que os cidadãos do interior da China podem recorrer ao território”. Os SS dizem que há vacinas suficientes e relembram que o Plano de Vacinação inclui vacinas que previnem 13 doenças, além de ter ainda “uma reserva de vacinas e instrumentos contra a evolução das doenças infecto-contagiosas”.

30 Mar 2016

mART | Nova publicação online divulga cultura de Macau, Portugal e não só

“mART” dá nome à publicação que se dedica exclusivamente à cultura, de cá e de lá, dando o pontapé para a inovação da comunicação na área. É a nova revista digital criada por três residentes da RAEM: Luciana Leitão, Sofia Jesus e Sérgio Rola

Macau dispõe agora de uma nova publicação totalmente virada para a cultura da casa e não só. Chama-se “mART” e, segundo Luciana Leitão, co-fundadora do projecto, a ideia terá nascido de um desejo partilhado com Sofia Jesus de criar uma revista cultural que abrangesse de uma forma diferente as actividades da região. Não contentes com a restrição geográfica, viram em “mART” um projecto capaz de ser uma ponte de partilha com o que se vai passando em Lisboa e daí passaram para a Europa e outras partes do mundo, representado a capital portuguesa uma “metáfora”.
Se, numa fase inicial a edição em papel estava em cima da mesa, a edição em formato digital foi ganhando pontos pelas vantagens que apresentava, não só a nível prático e custos inerentes, como enquanto plataforma capaz de uma maior acessibilidade e partilha. E também como portadora de uma maior diversidade de linguagens, incluindo conteúdos multimédia. A esta ideia veio juntar-se Sérgio Rola, a “cara” gráfica da “mART”.

Primeiros passos

Estando ainda num processo embrionário, que Luciana Leitão apela de “teste”, a publicação ainda é predominantemente preenchida com conteúdos de Macau, onde residem os seus fundadores, mas já com alguns “pozinhos de Lisboa”. O objectivo é um futuro crescimento com a possibilidade de uma equipa maior e em que uma divisão equitativa entre a proveniência de conteúdos seja possível. Ainda acerca desta fase, Luciana sublinha ao HM a satisfação perante a aceitação do público, não só português mas também fornecida pelo feedback dos leitores chineses. A responsável salienta que os mesmos têm referido o aspecto inovador da publicação, não só a nível de forma como também de conteúdo dado o carácter único na região.
O barómetro das reacções neste momento é, essencialmente, o Facebook, visto que a “mART” é uma coisa nova “e ainda não entrou na rotina das pessoas”. Assim, a rede social serve de referência pelo progressivo aumento de partilhas e seguidores.
Acerca da opção por uma publicação em Inglês, Luciana Leitão adianta que numa fase inicial o objectivo até seria uma abordagem trilingue – Chinês, Português e Inglês – mas, dadas as dificuldades nomeadamente no que respeita à qualidade de conteúdos em Chinês, optaram por atingir todo e qualquer público que entenda o Inglês e que abrange também uma comunidade cada vez mais internacional que também reside em Macau.
Umas das características distintivas da “mART” prende-se com a colaboração bilateral entre artistas portugueses e de Macau. Relativamente a esta iniciativa de carácter trimestral e materializada pela rubrica “showcase” é impulsionada a interactividade entre os intervenientes, bem como entre os diferentes agentes culturais. Neste sentido é lançado, pela edição, um tema para o qual são convidados artistas a fazer uma pequena “amostra” do seu trabalho tendo como referência a ideia proposta.
Para o futuro, para além da continuação do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, é ambição da “mART” dar forma a uma secção do site que albergue perfis de artistas, associações e agentes culturais, capaz de, quem sabe, vir a servir de base de dados de modo a confluir numa maior interacção e comunicação. Novidades para breve passam também pela criação de uma newsletter e de uma agenda online.
Fazem parte da equipa da “mART”, para além dos fundadores, Maria Caetano e Clara Tehrani e a publicação está disponível em https://martmagazine.net/.

30 Mar 2016

Taiwan | Assassínio de criança debilita oposição à pena de morte

O recente assassínio de uma criança aqueceu o debate a pena de morte em Taiwan. O movimento abolicionista reforçou o activismo mas os defensores ficaram ainda mais motivados pelo macabro episódio. A grande maioria da população, por seu lado, pretende que a pena se mantenha

A decapitação de uma menina, esta segunda-feira, em frente da mãe e em plena luz do dia, desencadeou a ira social em Taiwan e os opositores da pena capital têm evitado defender claramente a sua posição, que anteriormente já não granjeava apoio popular.
O director executivo da Aliança de Taiwan contra a Pena de Morte, Lin Hsin-yi, declarou à imprensa e escreveu na sua página no Facebook que estava “muito, muito, muito triste” pela tragédia e que gostaria de encontrar formas de pôr fim a este tipo de incidentes.
Freddy Lim, conhecido por ser líder da banda de “death metal” Chthonic, ex-homem forte da Amnistia Internacional em Taiwan e agora deputado do Partido Novo Poder, questionado se o assassínio da menina poderá afectar a sua oposição à pena capital, disse já propôs reformas do sistema penal e uma maior protecção das crianças e familiares das vítimas.
Na frente favorável à pena de morte, as vozes são mais contundentes, algo visível na Internet, onde se pede a execução automática de condenados por “homicídio com dolo” e que os assassinos “paguem pelo que fizeram” com a morte.
A deputada do Partido Kuomintang Wang Yu-min pediu apoio público para a sua proposta de penas de morte e prisão perpétua automáticas para assassinos de menores de 12 anos, a qual vai ser debatida na próxima quinta-feira.
A nova presidente da mesma formação política, Hung Hsiu-chu, atacou os que se opõem à pena capital e perguntou se, após o brutal assassínio, ainda eram capazes de apoiar “a abolição da pena de morte”.
Segundo a agência estatal Central News Agency, o suspeito do crime de segunda-feira, de apelido Wang, tem cadastro por delitos relacionados com droga e foi submetido no passado a um tratamento psiquiátrico.
Segundo relatos citados na imprensa, o homem, de 33 anos, agarrou a criança por trás e decapitou-a com uma faca, num aparente ataque ao acaso numa rua de Taipé.

Maioria do contra

Taiwan regista taxas de criminalidade baixas, com menos de três homicídios por cada 100.000 habitantes.
Em 2015 foram registadas seis execuções, contra cinco em 2014, precedidas por uma moratória na aplicação da pena capital entre 2006 e 2009.
Todas as sondagens de opinião em Taiwan mostram um apoio maioritário contra a abolição da pena de morte. Na mais recente, realizada em meados de Fevereiro pela Universidade Chung Cheng, 83% dos inquiridos defendeu a sua manutenção.

30 Mar 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | O homem sem rosto

Quando a viúva ficou em silêncio, ouviu-se claramente o chilrear de um pássaro através da vidraça. Um som que se prolongou durante algum tempo, até que se ouviu um bater de asas e o pássaro voou para um qualquer outro lugar.
As pálpebras da viúva tremem de raiva quando fala. Por momentos está em silêncio. Mantém a calma. Pouco depois perde-a e os lábios mexem, e as pálpebras tremem de raiva. Tenta recordar-te. Quem poderá saber da nossa existência? Quem poderá ter encomendado este trabalho? Observa bem o espaço. O que poderá ser usado para nos libertar?  Tem que existir alguma coisa. Tem que existir uma saída. A viúva não vai ficar o tempo todo nesta sala. Quieto nesta sala sombria. A viúva continua a remexer nos armários. Ali daquele lado existe uma pequena janela. Existe esperança. Uma esperança diferente daquela que vivi nos dias seguintes aos teus olhos se apagarem. Uma esperança que perdi na base da colina, atrás da casa. Atrás de um alto monte de terra. Uma casa com a entrada escondida por ervas daninhas. Uma casa modesta. Uma casa onde me escondi até esquecer que nome era o meu. Até esquecer que nome era o teu. Entre as ervas daninhas floresceu um grupo de flores de cor azul. Violetas. De um azul forte. Um azul brilhante.

O que a viúva não sabe é que nessa casa, com a entrada escondida, uma estranha aparição surgiu uma vez à porta. Uma estranha mulher que parecia estar em baloiço. Para frente e para trás. Parecia que estava realmente em baloiço. Talvez fosse por causa da paisagem ao fundo. Uma paisagem com grossas folhas e sobrepostas camadas de gelo. Grossas folhas que antecipavam uma cadeia de montanhas nevadas. Nevadas como só as montanhas podem ser e com aquela sensação de imensidão que só as montanhas possuem. Essa estranha mulher parecia em baloiço mas podia ser o fundo. Lembro-me que eu próprio me senti em baloiço. Em baloiço com aquela cascata de montanhas nevadas que eram de um branco-neve fria. E eis que o frio da neve tornou-se cor quente soltando uma música inebriante. A mulher começou a soltar sons. Consonantes.

As consonantes dos teus olhos que ao chocarem na neve não eram mais um uniforme branco. Estas consonantes não eram um uniforme branco mas sim muitas cores harmonizadas. Eram consonantes com muitas cores e muitas outras tonalidades dentro de cada cor. Com variações de vermelho, e verde, e azul, e roxo, e amarelo, e muitas outras cores, e muitos outros tons. Talvez fossem os pinheiros vermelhos. Os mesmos pinheiros que se erguiam para além do telhado de palha. Essa estranha aparição que parecia em baloiço, para frente e para trás, e que parecia desvanecer-se nesse movimento tinha os mesmos olhos consonantes. Essa estranha aparição tinha os teus olhos e eu levei esses olhos até uma sala ao fundo da casa. Uma sala onde comemos bagas de uvas e todas as pétalas das violetas de azul forte que floresceram por entre as ervas daninhas. Essa mulher não me mostrou logo todo o seu rosto. Não me mostrou logo tudo. Demoraram meses até que ela me mostrasse as marcas dos meus dedos no seu pescoço. No teu pescoço. O que a viúva não sabe é que tu voltaste para nunca mais me deixares. O que a viúva não sabe é que me acompanhas para todo o lado e que estás agora aqui sentada no sofá e que tudo vês, e que tudo ouves, e que tudo sentes.

A viúva desloca-se a espaços, para observar a sopa que tem no fogão. Ali ao fundo existem umas portas de vidro deslizantes. Penso que dêem para a casa-de-banho. Levanta-te e vai até lá. Espera até que ela aqui volte e investiga se existe algo que possamos usar. Podes olhar-te ao espelho para te certificares de que não há problemas com a tua aparência. Enquanto isso investiga o espelho. Vê se é grande e se o poderemos de algum modo utilizar. Investiga se tem banheira. E depois segue até ao corredor e investiga o resto da casa.
A viúva respirou fundo várias vezes antes de dizer. “Tu vais ser o meu último trabalho. Uma vez que faça isto desapareço”. Vai já. Vai agora que ela se inclina sobre mim. Estamos aqui agora, mas não amanhã. Eu amanhã nem vou saber quem sou, nem vou voltar a ter um nome diferente, nem uma cara diferente, nem sequer te vou conseguir ver. Vai agora. Por favor. Não consigo sacudir a consciência. Sinto a minha respiração a aumentar ao mesmo tempo que o meu bater de coração acelera. Sinto uma gota de suor. Um formigueiro na pele. Sinto a droga que ela me injectou começar a fazer efeito. Não quero ter nenhuma premonição. Mas sinto algo de mau. Como um aviso. Desta vez é diferente. Estou a ficar demasiado tenso. Não quero dar indícios de medo à viúva. Olha. Ela vai aumentar o som da televisão. Vai agora.

“A polícia revelou que foi descoberta uma outra mulher grávida morta na Vila da Taipa. A mulher, também com 32 anos, foi igualmente encontrada com o abdómen aberto. O marido terá chamado a polícia depois de ter chegado a casa e ter encontrado a mulher na sala de jantar do apartamento. O feto, de 7 meses, foi encontrado deitado ao lado dela, dando ideia que o assassino não teve tempo para o levar como nos casos anteriores. A polícia está agora num impasse, procurando por novos indícios, depois de ter preso um suspeito de 23 anos que havia confessado ser o responsável dos anteriores casos. Em relação à rapariga da ponte não existem mais desenvolvimentos.”

José Drummond

30 Mar 2016

Centro de Ciência acolhe exposição de dinossauros

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Dinossauros em carne e osso” já podem ser vistos no Centro de Ciência de Macau. Uma exposição “espectacular e única”, como indica a organização, que tem como objectivo dar uma melhor compreensão ao público sobre esta espécie que terá assumido o domínio do planeta durante cerca de 160 milhões de anos e cujo desaparecimento ainda hoje permanece envolto em controvérsia.
Esta é a oportunidade de entrar em contacto com as diferentes espécies, com o seu comportamento e habitat, bem como com o papel que desempenharam nesta era geológica – a Mesozóica. Para o efeito estão à disposição dos visitantes 14 réplicas mecânicas de dinossauros, jogos interactivos de realidade virtual e realidade aumentada, 72 modelos de dinossauros em escala reduzida e livros electrónicos referentes à exposição.
Para enriquecer a experiência, o Centro de Ciência de Macau alarga ainda o leque de actividades oferecidas, sendo que tem preparadas diferentes acções tendo em vista um público de todas as idades. Entre elas destacam-se a organização de palestras como a colaboração com escolas locais, palestras científicas, workshops para famílias, visitas guiadas dramatizadas, teatro científico e concursos de desenho e de escrita.
Em destaque está um convite de regresso ao passado com a exibição do filme premiado na cúpula do planetário – “Dinossauros ao Entardecer: as origens do voo 3D” convida o público a acompanhar a vida e extinção destes “míticos” seres.
A organização sublinha ainda a realização do Concurso Multimédia e o Concurso de Pintura de Dinossauros enquanto forma de promoção da exposição, em que terão sido superadas as expectativas com a recepção de 1500 trabalhos dos mais pequenos através da participação de 47 escolas primárias locais e cujos vencedores estão expostos no átrio do Centro. Outra novidade vai para os guias da exposição, em que o visitante pode ser surpreendido com a companhia de estudantes locais com idades compreendidas entre os 8 e 12 anos dentro da iniciativa formativa de “Pequenos Comunicadores de Ciência”.
A exposição estará patente até 11 de Setembro.

 

29 Mar 2016

PLP | Centro de Exposição de Produtos abre quinta-feira

[dropcap style=’circle’]O[/dropca]Centro de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa em Macau vai ser inaugurado na quinta-feira para fomentar as oportunidades de negócios para as empresas do universo lusófono, anunciou o Governo. O Centro vai abrir oficialmente a 31 de Março com cerca de 700 produtos alimentares vindos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste, incluindo alimentos naturais, petiscos, alimentos enlatados, café e bebidas alcoólicas, refere um comunicado do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).
“Com vista a desempenhar a função de plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, o Centro é composto por dois andares com uma área de cerca 390 metros quadrados.
A inauguração do espaço, no centro comercial da Praça do Tap Seac segue o lançamento, a 1 de Abril de 2015, do Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa(www.platformchinaplp.mo).
Organizado pelo Ministério do Comércio da República Popular da China e pela Secretaria para a Economia e Finanças, e coordenado pelo IPIM, o portal é composto por uma base de dados de quadros e serviços profissionais bilingues (Chinês-Português), base de dados dos produtos alimentares dos países de Língua Portuguesa, informação sobre convenções e exposições, informação económica e comercial e legislação dos vários países.
Já em Janeiro deste ano, o IPIM instalou em Fuzhou, no interior da China, “a primeira zona de exposição de produtos alimentares dos países de Língua Portuguesa”.
“A par disso, o IPIM irá analisar a viabilidade de instalação da “Zona de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa” nos seus gabinetes de ligação em Shenyang, Hangzhou, Chengdu, Guangzhou e Wuhan”, refere o comunicado.
As trocas comerciais entre a China e os países de Língua Portuguesa caíram 24,38% em Janeiro, face ao mesmo mês do ano passado, totalizando 6,15 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais divulgados este mês. Comparando com o mês anterior, o comércio entre a China e os países de Língua Portuguesa recuou 18,69%.
A China comprou a esses países bens avaliados em 3,80 mil milhões de dólares – menos 3,69% – e vendeu produtos no valor de 2,35 mil milhões de dólares, menos 43,9% face a Janeiro de 2015.
 

29 Mar 2016

Cinemateca Paixão| Palestra sobre montagem cinematográfica

A Cinemateca Paixão vai ser palco da palestra intitulada “Como pode uma história ser contada através da montagem cinematográfica?”, proferida pelo “experiente” produtor de Hong Kong, Wong Hoi, no dia 23 de Abril, das 15h00 às 17h00 horas. Wong Hoi irá abordar o processo de montagem cinematográfica, tendo como foco não só os aspectos técnicos inerentes, como o lado criativo que a compõe. O público é convidado a entrar na construção de todo um universo cinematográfico. Fazem parte da filmografia do orador a edição de “Inisharu D”, “Bodyguards and Assassins” e “As The Light Goes Out”. Com “Cold War” foi vencedor do prémio de Melhor Montagem na 32ª edição dos Hong Kong Film Awards e no 50º Festival de Cinema da Ásia-Pacífico. É ainda referência o seu trabalho em diversas produtoras televisivas de Hong Kong. A entrada é livre mas limitada a 60 lugares pelo que se aconselha a reserva online antecipada através do site do IC, até às 12h00 do dia 22 de Abril.

29 Mar 2016

UM | Conferência sobre “Português como segunda língua”

É já no dia 8 e 9 de Abril que a Universidade de Macau, em conjugação com a Universidade de Lisboa e a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, vai apresentar uma conferência internacional para discutir a aprendizagem do Português como segunda língua. O objectivo, diz a organização, é o de estimular a ligação entre universidades asiáticas no ensino e aprendizagem do idioma. Assim, vão ser discutidos na conferência a interacção na sala de aula, perfil dos estudantes chineses, métodos de ensino do Português como segunda língua, ensino por conteúdos, análise e produção de materiais didácticos, Português para propósitos específicos, proficiência e avaliação, ensino de e política de idiomas na China, tradução como ferramenta de ensino, novas tecnologias, design do curriculum para ensino de língua estrangeira, formação de professores para contextos asiáticos, ensinar Português como uma língua transnacional e literatura e cultura na segunda língua.

29 Mar 2016

Turismo | Macau pode oferecer bons serviços, diz Roger Coles

Roger Coles, presidente da Organização Mundial de Lazer (OML), considera que Macau vai enfrentar um problema de não poder prestar serviço a turistas internacionais. O responsável diz que o território deve melhorar a qualidade dos serviços turísticos neste âmbito.
Citado pelo canal chinês da TDM, Roger Coles, que falou no âmbito do Fórum Boao, em Hainão, garantiu que o número de turistas chineses é cada vez maior e que uma grande parte vai ter contacto com os serviços de turismo de Macau. Roger Coles referiu que a China tem potencial para oferecer um bom serviço turístico e que Macau também pode desempenhar um papel mais importante nessa área, mas sem descurar os turistas internacionais.
Entretanto, na terça-feira, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, teve um encontro com o presidente do Conselho do Turismo da RAEHK, Peter Lam Kin-Ngok, que liderou uma delegação do Conselho da Indústria do Turismo de Hong Kong a Macau. Peter Lam Kin-Ngok disse acreditar que, tendo em conta que Hong Kong e Macau partilham do mesmo ambiente, “ambos devem apoiar-se mutuamente”. O mesmo responsável fez votos para que, após a conclusão da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, os dois territórios também possam desenvolver mais a relação existente assim como a cooperação na área do turismo.
A questão da diversificação das fontes de turismo esteve também em cima da mesa, com o director-executivo do Conselho do Turismo da RAEHK, Anthony Lau, a prever uma possibilidade de uma nova diminuição no número de turistas para este ano, “devido ao impacto de vários factores”. A cooperação com Macau na meta “uma viagem, vários destinos” e o explorar do mercado indiano, “devido ao seu potencial”, foram outros dos temas em conversa.

24 Mar 2016

DSEJ | Concedidos mais de mil milhões em apoios para escolas

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) atribuiu mais de mil milhões de patacas em apoios. O organismo divulgou ontem a lista de apoios financeiros a particulares e a instituições no último trimestre do ano passado, tendo sido estes publicado em Boletim Oficial.
No total foram de 1,028,682,426 patacas os apoios financeiros concedidos. Deste montante, cerca de 2,5 milhões de patacas foram para o Plano de Financiamento da Internet nas Escolas. Cerca de 3,5 milhões serviram para o plano de financiamento “Cuidar do crescimento dos jovens” e perto de 4,5 milhões em subsídios para viagens de finalistas do ensino secundário complementar.
De acordo com os dados, 6,5 milhões de patacas serviram para apoiar o associativismo juvenil e foram ainda gastos perto de dois milhões de patacas no “Programa de visitas de estudo à ilha de Hengqin”.
As maiores parcelas foram, todavia, para a aquisição de materiais escolares, (perto de 188 milhões de patacas) e para o “subsídio para melhoria do rácio turma/professor ou do rácio professor/aluno do ano lectivo de 2015/2016”, que ascenderam a 272 milhões de patacas. Neste capítulo, a Escola São Paulo (12 milhões), as escolas Pui To e Pui Ching (dez milhões cada) e o Colégio de Santa Rosa de Lima – Secção Chinesa (com nove milhões) foram as entidades mais beneficiadas.
Individualmente, o maior subsídio foi atribuído a Lam Oi Man (144 mil patacas) como concessão complementar de subsídio para o desenvolvimento profissional e subsídio directo e prémio de antiguidade para o pessoal docente, dos anos lectivos de 2012/2013 e 2013/2014.
A Associação das Águias Voadoras, cujo trabalhador foi no último trimestre do ano passado acusado de assédio sexual de seis alunos, recebeu um milhão de patacas precisamente nesta altura para actividades.

24 Mar 2016

Presidente da Alemanha em visita de Estado à China

Sem papas na língua. Num discurso para estudantes universitários, Gauck criticou fortemente os regimes comunistas, advogou a liberdade académica e mostrou-se preocupado com as recentes as recentes restrições impostas à sociedade civil chinesa. Um tom que rompe com os habituais elogios às relações económicas dos Chefes de Estado que visitam a China

O Presidente da Alemanha, Joachim Gauck, condenou ontem o regime ilegítimo comunista na antiga Alemanha de leste e enalteceu a importância dos direitos humanos durante um discurso para estudantes universitários em Xangai, a “capital” económica da China.
Evocando episódios da história alemã e da sua vida na antiga Alemanha do leste, Gauck condenou aquela “ditadura”: “A maioria das pessoas não eram nem felizes, nem livres. Todo o sistema carecia legitimidade”, afirmou.
Desde 1949, o “papel dirigente” do Partido Comunista Chinês (PCC) é um “princípio cardial” da governança da China.
Durante a actual liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Referindo-se à antiga Alemanha do leste, Gauck disse que “não existiam eleições livres, igualitárias e com voto secreto”
“O resultado era uma falta de credibilidade, que acompanhava a desconfiança entre governadores e aqueles que eram governados”, acrescentou.
“Era um Estado que, como parte da união de países comunistas dependentes da União Soviética, silenciava o seu próprio povo, prendendo-o e humilhando aqueles que recusavam seguir a vontade dos seus líderes”, disse ainda.

Liberdades fundamentais

Os comentários de Gauck contrastam com as afirmações da maioria dos chefes de Estado que visitam a China e que preferem enaltecer publicamente a importância das relações comerciais com a segunda maior economia do mundo.
Gauck, que se reuniu no início desta semana com Xi Jinping, em Pequim, afirmou que a Alemanha estava “preocupada” com as recentes notícias que dão conta de maiores restrições impostas à sociedade civil chinesa.
“Uma sociedade civil activa e vibrante traduz-se sempre numa sociedade flexível e inovadora”, afirmou.
O Presidente da Alemanha disse ainda aos estudantes que a liberdade académica beneficia toda a sociedade.
“A universidade tem de ser um local de investigação e discussão livre e franca”, realçou, perante cerca de 100 estudantes e professores. “Esta liberdade é um bem precioso”, disse.
Gauck rejeitou ainda que a noção de direitos humanos que consta da Declaração Universal das Nações Unidas seja um “produto do ocidente”, como é frequentemente defendido pelos líderes chineses.

Direitos humanos? Uma banalidade

No mês passado, a China qualificou de “irresponsáveis” os comentários do responsável pelos direitos humanos da ONU Zeid Ra’ad Al Hussein, que apelou à libertação imediata de advogados defensores dos direitos humanos e activistas detidos por Pequim.
Zeid disse estar preocupado com a detenção de 250 advogados e activistas pelas autoridades chinesas desde Junho, na sequência de uma campanha repressiva sobre os dissidentes em todo o país.
Na segunda-feira, a edição em inglês do jornal oficial do PCC Global Times afirmou em editorial que a questão dos direitos humanos não seria uma prioridade da visita do Presidente alemão, mas antes uma “questão banal”.
“O ocidente deveria avaliar os direitos humanos na China com base em factos. O progresso que a China fez nos direitos à vida e desenvolvimento dos seus 1,3 mil milhões de habitantes merecem um aplauso”, defendeu o jornal.

24 Mar 2016

Treze empresas portuguesas visitam China em Abril

Treze empresas portuguesas do sector turístico visitam em Abril a China, o maior emissor mundial de turistas, para uma série de encontros com operadores locais, anunciou ontem à Lusa o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo.
“É uma maneira de as empresas sentirem as necessidades específicas dos turistas chineses”, explicou Araújo em Pequim, à margem de uma visita de quatro dias à China.
Segundo o responsável, o número de turistas chineses que visitaram Portugal no ano passado cresceu 36%, face a 2014, para “cerca de 150 mil”.
Em média, o turista chinês foi o que mais gastou em compras ‘tax free’ – 641 euros por transacção -, de acordo com estimativas da empresa Global Blue.
“Dá uma ideia da curiosidade que existe relativamente a Portugal como destino turístico e de investimento, duas componentes que temos de ter em consideração quando falamos do mercado chinês”, frisou Luís Araújo.
O homem que sucedeu em Fevereiro no cargo a João Cotrim de Figueiredo destacou ainda os novos centros para emissão de vistos para Portugal, com abertura prevista em cinco cidades chinesas (Shenyang, Nanjing, Fuzhou, Wuhan e Chengdu).

Consulado em Cantão

A abertura de um consulado-geral em Cantão, capital da província de Guangdong, no sul da China, “está também na recta final”, segundo confirmou a embaixada de Portugal em Pequim.
“Hoje em dia os vistos são emitidos em 24 horas. Isso é algo reconhecido por todas as entidades com quem estivemos”, enalteceu Luís Araújo.
Pelas contas do Governo chinês, 120 milhões de chineses viajaram para fora da China Continental em 2015, um aumento de 19,5% face ao ano anterior.
Em 2014, o Turismo de Portugal passou a ter uma representante permanente na China, Inês Cunha Alves, 39 anos, especialista em relações internacionais e empreendedorismo.
No mesmo ano, o Governo português lançou uma campanha de promoção no país centrada na imagem de “C Luo” (Cristiano Ronaldo, em chinês), a figura portuguesa mais conhecida entre os chineses.
O turista chinês “viaja durante o ano todo” e é o que “gasta mais e fica mais tempo”, apontou Araújo. “E isso representa algo que nós queremos”, concluiu.

24 Mar 2016

AFA | Época de exposições abre com fotógrafos locais

A Art for All Society (AFA) abre a sua temporada de exposições no próximo dia 30 de Março, com “Paisagens Escondidas”, que integra imagens da dupla de autores da terra Season Lao e Tang Kuok Hou. Pelas 18h30, a exposição “Paisagens Escondidas” reúne fotografias de Macau e do Inverno de Hokkaido com trabalhos da série “Dialects”, de Lao.
Ao falarem de si, os autores – apesar das proximidade etárias – consideram que assumem estilos artísticos francamente diferentes. Lao, que vive neste momento no Japão, apresenta trabalhos que visam essencialmente a natureza numa perspectiva “zen”- Já Tang, graduado pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Macau, terá optado pelo trabalho artístico debruçando-se nos conceitos identitários, temporais e referentes aos problemas culturais.
“Paisagens Escondidas” é também percepcionada de forma diferente por ambos. Lao, que visitou Hokkaido enquanto estrangeiro, terá ficado absolutamente fascinado pelas paisagens naturais da região bem como pelas suas florestas brancas de neve, o que o terá levado à ânsia de fotografar cada um destes cenários. Por outro lado, Tang procede a uma abordagem da actual Macau, numa tentativa de captura de cenários distintivos locais, longe do estilo Las Vegas, mas antes em busca do silêncio da cidade.
Apesar das diferenças, ambos estão no encalce de uma paisagem que se esconde na sua mudez e beleza. A exposição estará patente ao público até 30 de Abril e tem entrada livre.

24 Mar 2016

Bruxelas | Irmãos el Bakraoui são os responsáveis dos atentados

Os dois bombistas suicidas responsáveis pelos atentados em Bruxelas são os irmãos Khalid e Ibrahim el Bakraoui, de 27 e 30 anos, confirmou esta quarta-feira o procurador federal belga, Fréderic Van Leeuw, numa conferência de imprensa. Ibrahim el Bakraoui fez-se explodir no aeroporto de Zaventem, enquanto  Khalid el Barakoui foi o responsável pelo atentado no metro de Bruxelas, avançou ainda Leeuw.
A polícia encontrou o computador de Ibrahim el Brakaoui, que continha o seu testamento, dentro de um caixote do lixo em Schaerbeek. No documento, citado pelo procurador federal belga, lê-se que Ibrahim sentia-se “pressionado” por estar a ser “procurado em todo o lado”, temendo ser capturado pelas autoridades por não estar em segurança. 
Van Leeuw confirmou que os atacantes chegaram ao aeroporto de táxi, provenientes da comuna de Schaerbeek. O taxista que levou os três suspeitos que se fizeram explodir no aeroporto afirma que os três homens queriam, inicialmente, transportar cinco malas, mas que o táxi apenas tinha espaço para três.
No atentado do aeroporto, um segundo bombista fez-se explodir mas ainda não foi identificado. O terceiro suspeito dos atentados, que foi identificado pelas câmaras de segurança do aeroporto, na foto vestido de branco e de chapéu na cabeça, continua em fuga e ainda não se sabe a sua identidade. 
Foram ainda feitas buscas em Anderlecht, tendo sido uma pessoa detida pelas autoridades belgas. Não se conhece a identidade do suspeito, mas confirma-se que não se trata de Najim Laachraoui, que continua em fuga. 

Portugueses entre os feridos

O procurador federal belga afirmou também que os atentados de Bruxelas mataram 31 pessoas e deixaram 270 feridas, rectificando os números avançados ao longo de terça-feira. Contudo, o número poderá aumentar tendo em conta a gravidade de alguns dos feridos. Entre os feridos, estão pelo menos 21 portugueses. 
Os dois irmãos tinham registo criminal e eram procurados pela polícia. Ibrahim el Bakraoui foi condenado em 2010 pelo tribunal de Bruxelas depois de ter disparado, com uma Kalashnikov, contra a polícia. Este acontecimento remonta a 30 de Janeiro daquele ano quando, na sequência de um assalto, Ibrahim disparou repetidamente contra agentes da polícia, tendo ferido um deles. Foi condenado a nove anos de prisão. Em 2011, o seu irmão, Khalid el Bakraoui, foi condenado por vários assaltos a uma pena de cinco anos. Ficou então em liberdade condicional. 
A televisão belga RTBF afirma que Khalid el Bakraoui alugou, com uma identidade falsa, um apartamento no bairro de Forest, na capital belga. Foi neste bairro que a polícia matou na semana passada, quando ainda procurava por Salah Abdeslam, Mohamed Belkaid, um argelino de 35 anos, que vivia ilegalmente na Bélgica. Na altura, as autoridades descobriram ao lado do corpo deste argelino uma bandeira do auto-designado Estado Islâmico (EI), uma arma de fogo, vários explosivos e impressões digitais de Salah Abdeslam, o principal suspeito dos atentados de Novembro, em Paris, e que foi preso dias depois. 
Os dois irmãos estavam também referenciados por terem alugado, sob nome falso, um apartamento em Charleroi, no Sul da Bélgica, onde dois atacantes se reuniram antes de partirem para Paris, em Novembro, para levar a cabo os ataques que mataram 130 pessoas. A RTBF avança também com a informação de que um dos irmãos el Bakraoui terá fornecido armas e munições para os atacantes que abriram fogo na zona dos bares e no Bataclan, em Paris. 

A monte

Najim Laachraoui, de 24 anos, que é procurado pelas autoridades desde segunda-feira continua em fuga. O seu ADN foi encontrado nos apartamentos utilizados para a preparação dos ataques de Paris, onde terá ajudado a planear os atentados bombistas e a preparar os explosivos. Com o nome falso de Soufiane Kayal alugou uma casa em Auvelais – onde se prepararam os atentados de Paris.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou na manhã desta quarta-feira que é necessário “reforçar o controlo das fronteiras externas” da União Europeia, considerando que a Europa “fechou os olhos” às “ideias extremistas do salafismo”. “É urgente adoptar o PNR [acrónimo de Passenger Name Record, um programa de vigilância de passageiros aéreos]. Estas são as propostas francesas para os próximos meses”, declarou Valls à rádio francesa Europe 1. 

24 Mar 2016

Ambiente | IPIM e DSPA lançam 9ª edição do MIECF

Começa a 31 de Março a nona edição do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF). A apresentação da feira versou sobre verde, plataforma, trocas de informação e oportunidades de negócios verdes. O grande tema para este ano é o da gestão de resíduos, com o objectivo de reduzir a sua produção

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om uma área de cerca de 17 mil metros quadrados, o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa) abre no final deste mês, a 31 de Março. A edição deste ano apresenta um programa extenso com uma série de fóruns, bolsas de contactos e várias exposições.
Presentes, além de várias dezenas de especialistas de todo o mundo, estarão 460 expositores provenientes de vários países e regiões, incluindo Portugal, registando-se ainda um aumento da presença dos países de Língua Portuguesa. O orçamento mantém-se inalterável, nos 25 milhões de patacas.
O foco para este ano, segundo Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), são os resíduos, o seu tratamento e o sensibilizar da população e agentes locais para a necessidade de reduzir o desperdício. Tam referiu ainda que o Governo pretende ver Macau como uma plataforma de intercâmbio entre empresários de empresas do ambiente do Delta do Rio das Pérolas e Europa.
Para além da gestão resíduos, a construção e a deslocação verdes são outros dos sectores em destaque no certame.

Todos a reciclar

Segundo Irene Lau, Directora Executiva do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), o pavilhão de Macau tem vindo desde 2008 a adoptar conceitos amigos do ambiente conseguindo este ano, uma redução de 70% no consumo de energia. Para esta responsável governamental, pretende-se apresentar “um conceito ecológico que se possa mostrar ao mundo”. Para o efeito são utilizados materiais recicláveis na estrutura, que se pretende que possa ser utilizada noutras feiras em Macau. Esta atitude, disse ainda Irene Lau, é algo que se quer também ver nos expositores da feira com o objectivo de diminuir os resíduos produzidos pelo evento.

Negócios verdes

Um ponto destacado na apresentação foi a da promoção dos negócios na área da gestão ambiental sendo salientado por diversas vezes a vontade de Macau em se constituir como plataforma comercial entre a região do Delta e a Europa. Para o efeito, vão ser apresentados vários modelos de negócio e casos de estudo de opções bem sucedidas.
De acordo com a organização, nesta edição já estão assegurados, pelo menos, 25 protocolos, sendo que dez vão ser subscritos por entidades da região do Delta do Rio das Pérolas.
A mobilização do público é “vital” para a organização, que pretende utilizar este evento para o familiarizar dos cidadãos com práticas ambientais. O Dia Verde do Público – o último da feira, a 2 de Abril – foi criado para habituar as pessoas reduzirem a produção de resíduos com um programa de actividades educativas como jogos, workshops, apresentações em palco e sorteios.

23 Mar 2016

IACM lança novo sistema para infracções nos espaços públicos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto para os Assuntos Cívicos Municipais (IACM) dotou os seus fiscais de meios electrónicos, para estes multarem os infractores do Regulamento Geral dos Espaços Públicos. A nova ferramenta permite a selecção dos artigos infringidos e tem um sistema GPS para registar o “local do crime”. Com esta medida, o IACM espera reduzir erros de escrita, melhorar a informação e poupar tempo.
“O objectivo”, diz o IACM, é o de “optimizar o trabalho de fiscalização na área da sanidade e higiene ambiental”. Assim, durante dois anos, o sistema foi testado, sendo que agora está já nas mãos dos fiscais. O Sistema Electrónico para Autuação (IPMS), assim se chama, é dedicado à aplicação de multas na área da higiene ambiental. Anteriormente, o sistema utilizado era exclusivamente em papel, o que possibilitava a existência de erros nos procedimentos.
O IPMS permite aos fiscais a selecção dos artigos relativos à infracção, a data e hora de acusação, visto que a nova ferramenta dispõe de um sistema GPS que permite registar com precisão o local onde foi cometida a ilegalidade. Basta aos fiscais introduzirem os dados pessoais e observações relativas aos infractores. Para o IACM, “esta medida vem reduzir as possibilidades de erros de escrita, economizar tempo e aumentar a precisão da informação de acusação”.
A par disso, lê-se ainda numa nota distribuída à imprensa, “facilita os trabalhos posteriores de processamento de texto e apresenta vantagens para efeitos de análise de dados e estatísticas”. Assim, garante o IACM, “a comunicação entre os serviços é aperfeiçoada e o tempo de processamento de infracções é reduzido, o que melhora significativamente a eficiência de todo o processo”.
Segundo a mesma nota, o aumento populacional da cidade, que já ultrapassa as 600 mil pessoas adicionadas a 30 milhões de turistas por ano, tem provocado um impacto nos trabalhos de manutenção da sanidade e da limpeza ambiental do território e da aplicação da lei. Assim, informa aquele instituto, “no ano de 2015, foram registadas 21.040 infracções ao Regulamento Geral dos Espaços Públicos, enquanto nos dois primeiros meses do corrente ano foram registadas 4712 infracções”.

23 Mar 2016

Sound & Image Challenge | Abertas inscrições para 7ª edição

Já começaram os preparativos para aquele que será o sétimo Sound & Image Challenge, numa iniciativa da Creative Macau e de cariz internacional rumo à promoção local da criação audiovisual. As inscrições para a recepção de filmes e videoclipes estão abertas e dia 2 de Abril já há um evento

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stão abertas as inscrições para que aconteça entre 6 e 11 de Dezembro mais uma edição do festival de curtas de Macau Sound & Image Challenge, organizado pela Creative Macau. Com uma periodicidade anual, este é o momento local de excelência dedicado às curtas-metragens em que se pretende estimular a produção cinematográfica, bem como incentivar os produtores do exterior a competir em Macau. Por outro lado é também seu intuito promover de modo geral a cultura audiovisual .
Para isso, são realizados dois concursos: o “Shorts”, que incorpora quatro categorias principais – ficção, documentário, publicidade e animação, bem como filmes que integrem os valores de Macau dentro dessas mesmas categorias – e o “Volume” para a produção de vídeos musicais de bandas de Macau.
As submissões para o concurso estão abertas, sendo que o período termina no próximo dia 16 de Junho. Para os participantes do Volume, está disponível a lista de canções de bandas locais através do site do concurso (www.soundandimagechallenge.com.mo), sendo que os interessados poderão ainda utilizar temas à sua escolha desde que sejam de Macau. Farão parte do júri profissionais da indústria audiovisual e vídeo-musical.
No “Shorts”, o júri da pré-selecção é constituído por Alice Kok, artista e curadora, António Caetano Faria, realizador e produtor, Emily Chan, realizadora e argumentista, Lorence Chan, realizador, e João Cordeiro também membro do júri de pré-selecção.
Cada concorrente poderá participar com um máximo de três filmes originais, sendo que as respectivas produções terão que ter data de término entre 1 de Janeiro de 2015 e 16 de Junho de 2016.

Palcos especiais

Esta edição conta novamente com a utilização de dois espaços privilegiados de Macau: o Teatro D. Pedro V, que será o espaço das “honras da casa” e acolherá a recepção das cerimónias de abertura e entrega de prémios, a mostra das curtas finalistas, para votação da audiência para o prémio “Melhor Filme do Público”, extensões, estreias e será ainda o lugar de encontro com os realizadores internacionais que virão a Macau expressamente para o Sound & Image Challenge.
O outro espaço eleito foi a Cinemateca Paixão, conhecida pela sua dedicação à divulgação da cultura cinematográfica em Macau, onde irá decorrer entre 10 e 11 de Dezembro um programa mais concentrado na mostra de filmes e videoclipes musicais, tanto finalistas com premiados. Será também o palco de encontro entre os realizadores internacionais e locais.

Sucesso em números

Segundo a organização, o festival terá sido um “tremendo sucesso” em 2015, com destaque para a “qualidade representada nos 680 filmes submetidos, com proveniência de 65 países, não descurando a participação na área musical com a recepção de 45 videoclipes”. E como sem público não há “festa”, a organização salienta também o interesse crescente da população local.

Simpósio no MAM

O dia 2 de Abril é a data marcada para um simpósio acerca de filmografia, já inserido no âmbito do SIC 2016. O encontro a ter lugar no Museu de Arte de Macau convida os oradores Joyce Yang, crítica de cinema e membro da FSCHK, Sam Ho, curador do festivais de cinema e escritor, Albert Chu, realizador e produtor, e João Cordeiro, designer de som e animação, sendo moderado por Alice Kok e Benjamin Hodges, professor de produção de vídeo e multimédia.

Categorias e prémios

Melhor Evento do Festival – 20 mil patacas
Melhor Ficção – 10 mil patacas
Melhor Documentário – 10 mil patacas
Melhor Animação – 10 mil patacas
Melhor Publicidade – 10 mil patacas
Melhor Local – 10 mil patacas
Identidade Cultural de Macau – 10 mil patacas
Prémio do Público – 3 mil patacas
Melhor VOLUME – 10 mil patacas

23 Mar 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 5- Ele

* por José Drummond

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]or onde ficaste? Por onde andas? Por onde tenho eu saudades tuas? Consome-me este espaço em que me sinto a perder-te cada vez mais. Este espaço onde não reconheço a memória. Este espaço onde não reconheço a palpitação das coisas. Não sei o que te disse que tudo alterou. Onde estava que nada fiz? Nada mais que estar perto e longe, e amedrontar-me, e desaparecer sozinho na escuridão da noite. E desaparecer sozinho no nevoeiro da manhã. Sozinho. E agora? Onde estou que me preparo para um perigo muito maior? O perigo de me abandonar a este espaço. De me abandonar neste espaço. Este espaço onde o oxigénio carece. Onde tudo se transforma em limbo. Este espaço onde não reconheço a palpitação das coisas. Eu! Um eu qualquer que realmente não quero reconhecer. Um eu, em que, no qual, infelizmente, não posso pensar. Um eu qualquer. Um eu que não tem objectivo. Um eu que não se oferece. Que não tem corpo. Que não se indemniza. Que não é tangível. Atentamente eu. Atentamente eu. Desatentamente eu.

Por onde ficaste? Por onde andas? Naquele café em Viena enquanto nos deliciámos com bolo de chocolate? Naquela banco de jardim em Budapeste onde nos perdemos e nos encontrámos? Naquela praça em Praga onde o relógio da igreja tocou nove badaladas e as minhas palavras fizeram correr uma lágrima no teu rosto? Naquela praça em Praga onde ao mesmo tempo me disseste que estavas triste? Por onde ficaste? Por onde andas? Porque te quero tanto? A ilusão é jovem e imortaliza-se. Não é errado iludirmo-nos. É assim como uma bomba. É assim como uma explosão. Aquela explosão que recordamos sempre com nome de romance. Aquele romance que tão bem ilustra a impossibilidade do amor. Aquele romance que me faz pensar em nós. É assim e aos trinta e quatro anos és linda. Na verdade. É assim e és linda qualquer que seja a tua idade. Espera. Deixa-me dizer-te agora. Calmamente. Amo-te. Amo-te como nunca pensei. Amo-te até ao ponto de ser incapaz de te tirar retratos. Amo-te até ao ponto de fazer auto-retratos. Eu? O que significa isso afinal? Eu isto e eu aquilo. Quantos eus tem um eu? O eu do café em Viena é diferente do eu naquela rua em Budapeste e diferente daquela praça em Praga. Um eu dissemelhante? Um eu mesmo? Que eu fiz eu? Eu sei que sou um eu melhor quando estou contigo. Contigo sou um eu como o eu naquela canção do Lou Reed. “Just a perfect day/You made me forget myself/I thought I was/Someone else, someone good.

Mas deixa-me perguntar-te de novo por onde ficaste? Por onde andas? Deixa-me dizer-te de novo que fugi porque tenho medo de mim. Porque vejo em mim todos os tipos de fealdade. Porque quando tu visses o que eu vejo em mim irias ser tu a ir-te embora. E eu iria acabar a odiar-te se o fizesses. E as pessoas iriam pensar que eu era bom. E eu não sou bom. E eu não podia deixar que isso acontecesse. Porque eu só sou bom contigo. E isto não tem nada a ver com o amor. Ou tem tudo a ver com o amor. Talvez tenha medo de mim porque aquilo que vejo quando olho para mim incorpora todos os tipos de fealdade. E não importa se estou nu ou vestido. Porque os dias perfeitos só existem contigo. Porque me fazes esquecer de quem sou e penso que sou um outro e até penso que sou bom.

Recordo-me daquele dia em que parecias imperturbável. Parecias imperturbável mas, na realidade, o teu coração batia apressado e disseste-me estas palavras. “Estou tão feliz!” Como elas ecoam agora em mim. “Estou tão feliz!” Palavras que se insinuam. Que misteriosamente se insinuam. Recordo-me da tua pele enquanto as disseste. Do teu corpo quase encostado ao meu. Em abstracto recordo-me dessa ondulação suave e perfumada. E de como cheiravas. Recordo-me do teu rosto que me deste a ver de tantas formas. Em formas que não deixas os outros ver. Um rosto tão perfeito que quando me lembro dele o meu coração inunda-se de uma vontade de te procurar e gritar com toda a força que tenho o que sinto por ti. Um rosto que não tem imperfeições mesmo que à força, muitas vezes, me quisesses mostrar irregularidades. Mas é aí que reside o problema. É que, apesar de me quereres mostrar o contrário, são exactamente essas irregularidades que fazem com que o teu rosto seja perfeito. Recordo-me dos desenhos dos teus olhos em sobreposição de luz e sombra quando em espelho de parque de diversões soltaste estas palavras mágicas. “Estou tão feliz!”  E elas ecoam agora em mim e eu estou triste. E agora estas palavras são trágicas. E este eu não é o eu que tu conheces de mim.

Mas porque te importarias tu que eu esteja agora triste. Que esteja triste nesta cama de hotel onde posso morrer. Nesta cama de hotel sem a tua presença. Nesta cama de hotel onde revisito todas as camas de hotel onde estivemos juntos. Nesta cama de hotel onde sinto este único tipo de desconforto cinza das inúmeras pequenas rugas que apresentam os meus olhos moídos. Nesta extensão de memória onde as minhas camisas brancas estão torcidas. Neste puro desconforto de ter de existir neste lugar. E tudo me parece um pouco errado de cada vez que olho ao redor deste quarto. A sensação impressionista do padrão do sofá. A inepta posição da torneira na bacia na casa de banho sempre que lavo as mãos. O emaranhado embriagado de cada peça de roupa que usei sem lavar. As meias compradas com desconto para preencher uma necessidade imediata. Por quanto mais tempo me irei dedicar a estudar o errado no quarto para não estudar o errado do eu? O eu mais triste que se solta e sente e parece ter sido um eu usado por outro homem. Mas se agora aqui estivesses eu até diria uma piada. Só para te ver sorrir. Por exemplo se tivesse que compilar uma lista das piores cómodas esta que suporta a televisão aqui neste quarto estaria no topo. Porque escolhe o eu um lugar deliberadamente profanado para padecer? E a televisão que solta grunhidos em cantonês. E as legendas que o eu imagina. “Como foi que isso aconteceu?” “Morreu na cama de um hotel há três dias atrás sem ninguém saber nada.” “Realmente triste!” “Realmente triste!”

23 Mar 2016

Dia Internacional da Mulher: retrospectiva da condição feminina 她

* por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o início do séc. XX surgiram na China uma série de novos termos e conceitos, inventados ou reformulados, que representavam, de diversas formas, uma nova leitura de normas e princípios ancestrais relacionados com o género. Neologismos polémicos, como “nüjie女界 (universo feminino/mulher),” “nü yingxiong女英雄(heroína),” “guomin zhi mu国民之母 (mãe do cidadão),” “nü guomin 女国民” (cidadã) e “yingci英雌 (mulher heróica),” não só nomeavam, logo reconheciam, papeis que as mulheres ao tempo nunca tinham assumido nem sequer imaginado vir a assumir, mas eram também indicadores do complexo processo de mudanças sociais, políticas e culturais pelas quais passava a China moderna. A invenção e identificação de novos pronomes femininos representava a invenção e identificação de um novo universo, inexoravelmente determinado por alterações políticas e sócio-culturais.
Mas recuemos a 1920, quando Liu Bannong 刘半农 (1891-1934), figura destacada do Novo Movimento Cultural, propôs em “Questões sobre o caracter 她ta”, a invenção de um novo caracter chinês representativo do pronome feminino na terceira pessoa. Em Abril de 1920, travaram-se no seio do referido Movimento também conhecido por Movimento do 4 de Maio, discussões acaloradas sobre a reformulação ou abolição do “ta”. Foi a partir deste período que o caracter “ta” ganhou um novo significado. A diferenciação entre “ele” e “ela” na China remontava ao início da década de 70 do séc. XIX, mas o imperativo de inventar o equivalente chinês do nosso pronome “ela” foi também facilitado pela intensificação das interacções culturais e linguísticas com o Ocidente, a partir dos finais do séc. XIX. Liu Bannong e os seus contemporâneos experimentaram criar uma série de neologismos de forma a traduzir correctamente “ela” para chinês. 她ta não era de forma alguma a única tradução possível, mas apenas uma do vasto leque de possibilidades.
Enquanto em todo o mundo se celebrou o Dia da Mulher no passado dia 8, algumas estudantes fizeram questão de celebrar o “Dia da Mulher do Império do Meio” um dia antes, marcado por diversas actividades e por mensagens que eram tudo menos feministas.
Na segunda-feira a rede social Weibo foi inundada por fotografias de cartazes exortando as mulheres a – imaginem – serem boas esposas!
O hashtag introdutório do “Dia da Mulher” no Weibo chinês, apelava às mulheres para “encontrarem o amor e a compreensão junto do seu companheiro” e aos homens, para que as estragassem com mimos e as tratassem como deusas. Será que isto é feminismo à maneira chinesa? Fica-se tentado a duvidar…
À tarde, enquanto passava os olhos por um jornal europeu, fui surpreendida pelo seguinte título: “Pornografia ou Morte”. O artigo era sobre um dos pioneiros da pornografia que conseguiu a sua legalização na Dinamarca. A passagem que se segue impressionou-me especialmente:
“ Um dos critérios usados pela polícia para determinar se uma foto era ou não pornográfica era a distância entre as pernas da modelo. Mais de 20 cms era considerado violação do parágrafo 234. Menos de 20 cms já era arte.”
Corria o ano de 1967.

23 Mar 2016

Orquestra | Missa em Dó Maior na Igreja de S. Domingos

A Orquestra de Macau apresenta nos dias 24 e 25 de Março pelas 20h00 horas o Concerto de Páscoa, na Igreja de S. Domingos. O maestro Peter Tiboris chega a Macau a convite da OM. Também conhecido pelas suas actuações em Carnegie Hall, irá dirigir a “Missa em Dó Maior” de Ludwig van Beethoven e obras sacras de Franz Schubert juntamente com o Coro Filarmónico de Taipé, a soprano de gabarito internacional Eilana Lappalainen e três solistas sul coreanos: a meio-soprano Yang Songmi, o tenor Shin Dongwon e o baixo Yoo Ji Hoon.
“A Missa em Dó Maior”, que será executada nestes dois concertos, foi a primeira missa a ser composta por Beethoven, sendo apreciada pela crítica internacional pelas suas melodias doces e cativantes que transmitem uma atmosfera de paz, piedade e pureza. Nestes concertos, serão ainda apresentadas as obras “Stabat Mater”, “D. 175” e “Tantum ergo”, “D. 962”, de Franz Schubert, e obras rituais tradicionais escritas para a cerimónia da missa.
Com entrada livre, os bilhetes serão distribuídos no local uma hora antes do início do espectáculo, por ordem de chegada, sendo que serão dados individualmente um máximo de dois ingressos.

23 Mar 2016