Artesanato, prémios e música na Tap Seac

Vinte sete de Maio é a data marcada para a inauguração da Feira de Artesanato do Tap Seac que continua nos dois fins-de-semana que lhe seguem, havendo ainda uma extensão na Praça do Lago Nam Van de 3 a 12 de Junho. Em fim-de-semana de inauguração – às 18h00 de sábado – acontece ainda a Cerimónia de Abertura, a Entrega dos Prémios e o Concerto do Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais.
É esperada nesta edição a presença de cerca de 200 stands onde estarão representados, para além de profissionais do sector cultural e criativo local, participantes do sector de Hong Kong, Guangzhou, Taiwan, Malásia, Singapura e Coreia. Em coordenação com o Projecto de Melhoria da Zona Junto ao Lago Nam Van e com as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão, o projecto, este ano, entende-se às margens do lago e contará ainda com workshops e espectáculos de música.
Por sua vez, no âmbito do Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais, serão homenageados os oito beneficiários, onde se inclui a Tuna Macaense, Queena Tam, Sean Pang, Fall to Fly (em representação de Bobby Lio), Forget the G, Eunice Wong e Riejohn, que irão interpretar ao vivo canções seleccionadas a partir dos álbuns contemplados. Segundo a organização, esta Feira que decorre desde 2008 é a primeira plataforma integrada de exibição e comercialização de produtos culturais e criativos em larga escala de Macau.

24 Mai 2016

Aurelio Porfiri lança livro de poesia

Chama-se “Dança das Palavras: Poemas no Exílio” e é o nome do livro da autoria de Aurelio Porfiri, que se encontra agora disponível em edição portuguesa com tradução de Mariana Pereira. O autor, nascido em Roma e especialista em música, passou sete anos em Macau, tendo regressado recentemente a “casa”. Foi durante a estadia na RAEM que deu início à escrita de poesia, como adianta Mariana Pereira no texto de apresentação da versão portuguesa desta obra. A tradutora refere ainda que o autor abarca a vida “na perspectiva de alguém que durante vários anos viveu e trabalhou numa terra estrangeira, numa espécie de ‘exílio’ voluntário do seu amado país” e onde terá sentido ausência de condições para o desenvolvimento dos seus projectos. Esta é uma colectânea que reflecte ainda este espaço “que lhe é metafísico” e com o qual desenvolveu uma relação aqui espelhada de amor/ódio em que são abordadas as várias forças, positivas e negativas que movem esta Cidade do Nome de Deus.

24 Mai 2016

Festival das Artes arranca para semana final

O próximo fim-de-semana marca o final do XXVII Festival de Artes de Macau onde cabe a música portuguesa e novas reinterpretações em ópera sul africana e de Macau

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]ermina mais uma edição daquele que representa um dos maiores eventos anuais dedicado às artes na RAEM, o Festival de Artes de Macau. O fim-de-semana conta com um cartaz de luxo, que arranca com produção portuguesa.
Sexta e sábado são dias de “Coppia”, que vem de terras lusas num projecto musical que convida a “uma viagem pelo que, em todos nós, só faz sentido a dois”, afirma a organização. O projecto integra Manuela Azevedo, vocalista dos Clã, e dois “parceiros de crime”, Hélder Gonçalves – que tem a cargo a direcção musical – e Victor Hugo Pontes, com a direcção cénica e cenografia. Este é um projecto que remete não só para a dualidade e a parelha, como para a réplica e o reflexo. É no sentido de explorar todas estas vertentes que “Coppia” vai buscar canções de artistas como David Byrne, Sérgio Godinho, Gilberto Gil, Sonny and Cher ou Clã enquanto pontos de partida para um espectáculo de música e dança num campo de ténis. O evento tem lugar no Teatro Sands, sendo que na sexta é às 20h00 e no sábado às 15h00.
Os mesmo dias são ainda dias de ópera no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau pelas 20h00, desta feita com a Associação de Representação Teatral Hiu Kok. A convite do FAM a Associação leva a cena “Alguém em ‘Foragidos do Pântano’”, com o intuito de representar uma comédia capaz de combinar os estilos chinês e ocidental enquanto marco de uma nova era na opera cantonense.
Esta é uma reinterpretação da história original, que narra a saga de duas personagens desconhecidas com toques de humor e sátira em que os estereótipos dos heróis de “Salteadores do Pântano” são despojados do seu carácter sagrado e chamados à sua pertença humana. Após o espectáculo de dia 27, os interessados poderão participar de uma conversa com os artistas.

Mais um clássico

Em tom de encerramento, o festival volta a acolher um clássico de Shakespeare, “Macbeth”, numa adaptação em ópera feita por  Giuseppe Verdi e que chega à RAEM pelas mãos da companhia sul-africana Third World Bunfight. Exultada pela crítica internacional, esta é uma oportunidade de assistir a uma ópera renovada e adaptada ao mundo contemporâneo em que, e segundo o “The Telegraph”, “não se pode negar o poder e a originalidade desta extraordinária apropriação de Macbeth”. O espectáculo tem lugar sábado e domingo pelas 21h00 no grande auditório no Centro Cultural de Macau, sendo que para domingo está agendada uma conversa pós-espectáculo.
O FAM termina, mas não sem deixar rasto e de 27 de Maio a 9 de Outubro vai ter em exposição “O Encantador Barco Vermelho – Um episódio da Cultura da opera Cantonense” no Museu de Macau. Para tal, a entidade anfitriã procedeu a uma selecção dos artefactos mais representativos desta ópera que desde 2009 integra a Lista Representativa do Património Cultural Intangível da Humanidade. É objectivo desta exposição proporcionar ao publico um momento de contemplação da beleza desta arte tradicional, do seu percurso e desenvolvimento em Macau, bem como a vida e técnicas dos seus encenadores.

23 Mai 2016

“Nuvem” no lago

Numa colaboração entre os estudantes de Arquitectura da Universidade de S. José e dos alunos de Média da City University de Hong Kong está a ser posta de pé a estrutura “Nuvem”, que será inaugurada na quarta-feira pelas 19h30 no Lago Sai Van. O pavilhão “Nuvem” constitui-se como uma estrutura construída com recurso a materiais como o bambu, cabos de aço e painéis de tecido ao mesmo tempo que é envolvida numa instalação de luz e som. Nesta conjunção entre a aplicação de técnicas de design avançadas e matérias tradicionais é objectivo representar a ligação entre as tradições de construção históricas de Macau e a paisagem contemporânea. A cerimónia de abertura contará ainda com um conjunto de performances a cargo de artistas que vivem na RAEM na praça dos lagos Sai Van e a “Nuvem” estará montada até 3 de Junho.

23 Mai 2016

“Final Fantasy” em concerto

O conhecido jogo “Final Fantasy” sai da consola para versão musical desta feita em concerto da Orquestra de Macau a 11 de Junho no Venetian. “Mundos Distantes – música de Final Fantasy” será dirigido pelo maestro Arnie Roth, que terá a seu cargo a orientação das composições do japonês Nobuo Uematsu, conhecido pelo seu trabalho para a banda sonora de jogos, entre eles o “Final Fantasy”. Segundo a organização, esta interpretação é mais que um concerto, uma vez que pretende ser um espectáculo que pretende proporcionar “uma experiência audio-visual onde serão projectadas imagens do jogo durante a apresentação musical”.
O concerto “Final Fantasy” estreou-se no Japão em 2002, sendo posteriormente apresentado e aclamado mundialmente. Depois de ter estado em Hong Kong em 2013, chega agora a vez Macau receber o espectáculo sob a liderança do maestro músico e vencedor de um Grammy Award.
Os bilhetes já se encontram à venda e têm valores entre as cem e as 300 patacas.

23 Mai 2016

Bélgica com sabor

A Bélgica quer mostrar-se a Macau que vê como “a plataforma ideal para introduzir os produtos do país aos clientes locais, aos da China e do resto da Ásia”. Como, para além de diamantes e moda também produz alimentos e bebidas de qualidade, o Consulado-Geral da Bélgica em Hong Kong – em colaboração com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) – vai apresentar hoje ao fim da tarde um evento chamado “Sabor da Bélgica”. No local, vão estar uma dúzia de fornecedores de produtos belgas, com o objectivo de proporcionarem aos representantes dos sectores hoteleiro e de retalho de Macau uma oportunidade para experimentarem os produtos alimentares, bebidas e o estilo de vida da Bélgica.
O evento inicia-se com uma apresentação das marcas e dos produtos presentes e, durante a sessão de bolsas de contacto, os convidados poderão também degustar algumas das melhores cervejas, chocolates, bolachas e outros produtos da Bélgica. O evento terá lugar no restaurante “The Seasons” da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Taipa, hoje, pelas 18h00. O acesso é efectuado por inscrição, processada por ordem de chegada, junto do Núcleo de Serviço às PMEs do IPIM.

23 Mai 2016

Mak Soi Kun sugere pontos para calcular imposto de jogo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Mak Soi Kun sugeriu a criação de um regime de pontos para o cálculo do imposto sobre o jogo, a fim de garantir a competitividade da principal indústria da cidade.
“Segundo especialistas e académicos, o Governo pode criar um regime de pontuação para o cálculo do imposto do jogo e para decidir acerca das futuras concessões e renovações dos contratos para a exploração do jogo”, afirmou na passada sexta-feira, na Assembleia Legislativa. “Por exemplo, pode definir-se, expressamente, no respectivo contrato de exclusividade, medidas de incentivo fiscal, tais como a redução de imposto, para as concessionárias que assumirem as suas responsabilidades sociais e que promoverem, com sucesso, projectos não ligados ao jogo. E quando, pelo contrário, tal não acontecer, o Governo pode descontar pontos e aumentar a taxa do imposto”, sublinhou.
Na semana passada, foi apresentado o relatório da revisão intercalar do sector do jogo após a liberalização, em 2002, que traça um retrato macro da indústria, sem facultar, no entanto, pistas sobre o futuro das actuais seis licenças de jogo, que expiram entre 2020 e 2022.
O deputado adverte que o Governo “deve preparar-se, antecipadamente, para reforçar a sua competitividade a nível regional”, dado que jurisdições vizinhas “já estão a liberalizar, progressivamente, o jogo” e o imposto cobrado é “bastante diferente” do de Macau, dando o exemplo das Filipinas e do Vietname, onde o valor corresponde a 15% e 10%, respectivamente.
As receitas dos casinos encontram-se em declínio há aproximadamente dois anos, um cenário que Mak Soi Kun também não ignorou. “Tudo isto é um risco para o desenvolvimento a longo prazo dos elementos extra-jogo e do próprio sector, o qual terá de enfrentar a possibilidade da redução sucessiva da sua competitividade a nível regional”, apontou. “Como é que Macau, sob a influência de tantos factores, vai manter as vantagens concorrenciais do seu sector do jogo e, ainda, manter ou reforçar o desenvolvimento dos outros sectores? Trata-se de uma missão importante para o Governo.”

Trabalho sim, mas mais

Ella Lei também usou o relatório sobre o jogo para a sua intervenção, mas colocou a tónica no mercado laboral.
“É verdade que o desenvolvimento do sector do jogo, ao longo de mais uma década, criou muitos postos de trabalho. Segundo a revisão intercalar, seis empresas concessionárias de jogo recrutaram mais de 95 mil trabalhadores e, face à pressão das aspirações sociais, nos últimos anos, entre 94 e 97% dos postos na área do jogo passaram a ser desempenhados por residentes, assim, o emprego destes é relativamente estável”, começou por observar.
No entanto, ressalvou, o número de trabalhadores locais na área não ligada ao jogo só é um pouco maior do que o dos não residentes.
“É de notar que neste sector ainda há 2247 cargos de gerente, ou de categoria superior, desempenhados por não residentes, registando-se um aumento anual desde 2010, o que contraria, evidentemente, a política de ascensão dos residentes para um patamar superior”, acrescentou. “Estas concessionárias devem assumir a responsabilidade social de criar mais oportunidades de emprego para os residentes e o Governo também tem a responsabilidade de não permitir tantos trabalhadores não residentes em postos não ligados ao jogo e adequados aos residentes”, defendeu ainda.

23 Mai 2016

Saúde | Mais médicos, enfermeiros e camas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de médicos e enfermeiros aumentou no ano passado 5,2% e 14,5%, respectivamente, segundo dados oficiais divulgados na semana passada. Em 2015, havia 1674 médicos no território – 2,6 por cada mil habitantes. Quanto aos enfermeiros, passaram a ser 2279 no ano passado em Macau, ou 3,5 por cada mil habitantes.
Apesar do aumento de profissionais, esta taxa de cobertura da população manteve-se quase inalterada – era 2,5 em 2014, abaixo da média da OCDE (3,2 por mil habitantes), mas acima da média dos países e regiões da Ásia (1,2). A taxa de enfermeiros é também um pouco melhor do que em 2014, quando o rácio estava nos 3,1 por cada mil habitantes, também abaixo da média da OCDE (8,7), mas acima da média na Ásia (2,8).
Em Maio do ano passado, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse que o território precisava de 2640 profissionais de saúde nos próximos cinco anos, incluindo quase 500 médicos.
“Está previsto que serão necessários nos próximos cinco anos cerca de 480 médicos, 1700 enfermeiros, 120 farmacêuticos, 200 técnicos superiores de saúde, 140 técnicos de diagnóstico e terapêutica, num total de 2640 profissionais de saúde”, na Assembleia Legislativa.
Em Dezembro, o responsável disse que no ano passado foram recrutados 529 profissionais de Saúde, incluindo 60 médicos e 188 enfermeiros. E acrescentou a intenção de contratar mais 300 médicos e enfermeiros, incluindo em Portugal.
“Temos já dados para confirmar as necessidades dos recursos humanos. E daí que, para fazermos face ao recrutamento de mais trabalhadores – mais médicos e mais enfermeiros – aumentámos o orçamento em sete mil milhões de patacas, um aumento de 13% em 2015. Mas não só: vamos aumentar o número de profissionais num total de 300 profissionais”, afirmou, tendo reconhecido que “há insuficiência de recursos humanos no hospital público” e que perante o aumento da população e visitantes há “necessidade de continuar a contratar” pessoal médico.
Segundo as estatísticas divulgadas, as camas hospitalares para internamento em Macau em 2015 também aumentaram: passaram a ser 1494, mais 73 do que em 2014. Os internamentos chegaram aos 54 mil, mais 4% do que no ano anterior.
 

23 Mai 2016

Ensino | IPM liga-se a Portugal para projectos de cooperação

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) vai desenvolver, a partir de Junho, projectos no âmbito do empreendedorismo e eficiência energética em Macau, disse à agência Lusa o presidente, Joaquim Mourato. Os contornos dos projectos começaram a ser trabalhados em reuniões à margem do 4.º Fórum Internacional entre instituições membros do CCISP e do Conselho de Reitores das Universidades Tecnológicas Polacas, que terminou este fim-de-semana em Macau.
“Trazíamos já agendadas duas formas de cooperação: uma que tem a ver a energia e outra com o empreendedorismo. Deste encontro resultou um conjunto de projectos que vamos desenvolver, e uma boa parte destes projectos também com Macau, designadamente no programa dos politécnicos portugueses: o Poliempreende”, disse Joaquim Mourato.
O presidente do CCISP explicou que se trata de um programa de empreendedorismo na comunidade académica, essencialmente para os diplomados, estudantes e professores, para promover o espírito empreendedor e para gerar projectos, ideias e criação de novas empresas.
“É um projecto com bastante maturidade em Portugal e que estamos a replicar, quer na Polónia, quer no Instituto Politécnico de Macau (IPM)”, afirmou. Joaquim Mourato adiantou que, em Junho, uma equipa de investigadores portugueses vai deslocar-se ao IPM com vista ao ensino da metodologia e criação de equipas, que podem ter estudantes de várias formações.
“Vários professores vão ajudá-los a transformar uma determinada ideia num projecto de negócio, e esse projecto de negócio pode dar depois origem ao registo de patentes, criação de empresas, ou à inovação numa empresa já existente”, adiantou. “Este trabalho será acompanhado por uma equipa nossa nas diversas escolas do IPM. Vamos fazer o mesmo na Polónia, em princípio nesta primeira fase, em cinco universidades polacas.”
Outro projecto a desenvolver em parceria com o IPM é na área da eficiência energética. “Dado que os hotéis e casinos são centrais para o desenvolvimento de Macau, provavelmente será escolhido um destes edifícios para fazer esse primeiro teste”, afirmou. O objectivo passa por “certificar um determinado edifício”, daí resultando “um conjunto de benefícios, designadamente ambientais e de redução de consumos”.
No mês de Junho, já está agendada uma reunião de ambos os grupos – de energia e do empreendedorismo – para prepararem o programa de acção e contactarem os parceiros públicos e privados, como adiantou o responsável.

Encontro com EPM

O presidente do CCISP reuniu ainda com outras entidades, nomeadamente com a direcção da Escola Portuguesa de Macau, com vista ao desenvolvimento de um programa de formação contínua de professores através das Escolas Superiores de Educação de Portugal.
Além disso, apresentou uma proposta ao Gabinete de Apoio ao Ensino Superior para a formação em Portugal de licenciados de Macau interessados em aprofundar os conhecimentos sobre a língua e cultura portuguesas durante um ou dois anos.
Joaquim Mourato esteve com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, com quem abordou a possibilidade de formação de profissionais da área da Saúde.
Antes do fórum internacional, a delegação do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos visitou a província chinesa de Guangdong – adjacente a Macau – onde foram realizados contactos para o desenvolvimento de relações bilaterais ao nível do ensino superior com politécnicos portugueses.
Segundo um comunicado oficial, Alexis Tam lembrou que Macau “é o único sítio da região Ásia-Pacífico que providencia 15 anos de escolaridade gratuita”, referindo ainda que existe “falta de recursos humanos especializados”. Alexis Tam disse também que o Governo “pretende aumentar a cooperação na área do ensino superior e que os institutos politécnicos são essenciais para a concretização daquele objectivo”.

23 Mai 2016

Quem quer tramar o São Januário?

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário tem estado a ser vítima de acusações falsas. É o que diz o próprio hospital, que indica num comunicado que a colocação de lixo alegadamente médico na via pública terá sido “provocado por alguém que intencionalmente depositou os resíduos” na rua.
Nos últimos dias tem circulado na internet uma foto de um saco plástico vermelho com as palavras “Resíduos Médicos”, que colocou o hospital sob suspeita de abandono de resíduos nas ruas. Já em Março, o São Januário tinha recebido uma foto idêntica, sendo que o cidadão que apresentou a imagem disse que o saco plástico estava colocado junto ao Edificio Merry Court, na Estrada do Visconde de S. Januário.
O hospital, que “não usa sacos plásticos vermelhos para resíduos médicos”, iniciou uma investigação mas não sabe ainda quem possa ser o autor da acção.
“A colocação intencional de lixo em vias públicas é um comportamento que afecta a saúde pública, censurado pelo hospital que se reserva no direito de pedir a responsabilidade. O CHCSJ possui procedimentos rigorosos de eliminação de resíduos, todos os serviços da acção médica pedem mensalmente três tipos de sacos de lixos, nomeadamente, sacos pretos para resíduos gerais, sacos amarelos para resíduos médicos e sacos verdes para documentos confidenciais com necessidade de ser triturados antes de ser destruídos.”
O hospital público diz ainda que após a recolha dos resíduos, os sacos são selados, pesados e registados, sendo ainda transportados por veículos especializados.

20 Mai 2016

China e Índia enfrentam vasto problema de saúde mental

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um terço da população chinesa e indiana sofre de problemas mentais, mas apenas uma pequena fracção recebe tratamento médico adequado, indicam estudos ontem divulgados pela revista britânica “The Lancet”.
Há mais pessoas com problemas mentais, neurológicos ou relacionados com o uso de substâncias nos dois países mais populosos do mundo do que em todos as economias desenvolvidas combinadas, indicam as investigações.
Este problema agravar-se-á nas próximas décadas, especialmente na Índia, onde deverá afectar um quarto da população em 2025.
A China está já a enfrentar uma rápida subida de problemas de demência, uma tendência relacionada com o envelhecimento da população, fruto das políticas de controlo da natalidade iniciadas há mais de 35 anos.

Não há condições

Nenhum dos dois países está equipado adequadamente para enfrentar as necessidades relacionadas com a saúde mental, de acordo com relatórios publicados nas publicações médicas “The Lancet” e “The Lancet Psychiatry” e “China-India Mental Health Alliance”, divulgados pela agência France Presse.
Na China, apenas 6% das pessoas com problemas de saúde mental, como depressão, desordens relacionadas com a ansiedade, ou com o abuso de substâncias e demência procurou ajuda médica, indicam as investigações.
“A falta de assistência médica nas zonas rurais” é especialmente grave, explica Michael Phillips, um dos coordenadores das investigações e professor na Emory University em Atlanta e na Jiao Tong University em Shangai.
Mais de metade dos doentes com desordens psicóticas graves, como a esquizofrenia, não são diagnosticados e muitos menos recebem tratamento, acrescenta o investigador.
Na Índia, a percentagem da população com problemas mentais que recebe tratamento é igualmente pequena, o que contrasta com taxas acima de 70% verificadas nos países desenvolvidos.

No campo ainda é pior

A divisão entre as economias desenvolvidas e estes gigantes populacionais é também expressiva no que concerne os orçamentos empregues no tratamento das doenças mentais. Enquanto na China e na Índia, os orçamentos de saúde consagram menos de 1% à saúde mental, nos Estados Unidos, por exemplo, este valor ascende quase a 6% e em França e na Alemanha alcança os dois dígitos.
Tanto a Índia como a China lançaram recentemente políticas de supressão de necessidades relacionadas com as doenças mentais, mas a realidade no terreno mostra que há ainda muito caminho a percorrer.
“As carências de tratamento, especialmente nas zonas rurais, são muito grandes”, afirma a propósito da Índia Vikram Patel, um professor na London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Mas na China a realidade não é diferente. Deverá demorar décadas para que cada um destes países resolva estas necessidades, concluem os estudos. Os investigadores sugerem que um largo conjunto de praticantes tradicionais na Índia e na China podem ser treinados para reconhecer problemas de saúde mental e ajudar com tratamento.

20 Mai 2016

China | Parceria assinada com Moçambique tida como única fora da Ásia

Pequim assinou um acordo de cooperação com Moçambique como nunca foi visto fora da Ásia. Esta amizade, que vem desde a guerra de independência, resulta agora em apoios sínicos que vão do armamento um gigante plano de infra-estruturas colocando Moçambique como um ponto vital da nova Rota da Seda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica Global, assinado na quarta-feira pelo Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, torna Maputo num caso único para a diplomacia chinesa fora da Ásia.
Além do país africano, apenas Camboja, Laos, Birmânia, Tailândia e Vietname – todos países vizinhos da China – celebraram o mesmo tipo de acordo com Pequim.
Aquele documento, que estabelece os 14 princípios que deverão nortear as relações bilaterais, prevê fortalecer os contactos entre o exército, polícia e serviços de inteligência dos dois países.
Pequim compromete-se assim a ajudar Maputo a reforçar a capacidade de Defesa nacional, salvaguardar a estabilidade do país e formar pessoal militar.
Estipula ainda o comércio de armamento, equipamento e tecnologia, numa altura de renovada tensão político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Durante as conversações entre Xi e Nyusi, decorridas no Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, o Presidente chinês lembrou o papel da China na libertação nacional de Moçambique.
“A amizade [entre os dois países] surgiu da luta conjunta contra o imperialismo e o colonialismo”, sublinhou.
A China apoiou os guerrilheiros da Frelimo na luta contra a administração portuguesa e foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique, logo no próprio dia da independência, 25 de Junho de 1975.

Acordo de primeira

No aspecto económico e comercial, o mesmo acordo dedica ainda uma cláusula à iniciativa chinesa Rota Marítima da Seda do século XXI.
Aquele termo refere-se a um gigante plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.
Neste sentido, os dois países devem cooperar nas áreas transporte marítimo, construção de portos e zonas industriais portuárias, aquacultura em mar aberto e pesca oceânica.
A China divide em 16 categorias os acordos de parceria que estabelece com países estrangeiros.
No caso de Portugal, por exemplo, Pequim assinou, em 2005, um Acordo de Parceria Estratégica Global, note-se, sem o termo cooperação.
Filipe Nyusi realiza esta semana a sua primeira visita oficial à China, o principal credor de Moçambique.
Desde 2012, a China aumentou em 160% o financiamento a Maputo, segundo dados citados pela imprensa moçambicana.
A descoberta recente de empréstimos de 1,4 mil milhões de dólares que não foram contabilizados nas contas públicas ou reportados ao Fundo Monetário Internacional (FMI) descredibilizou Moçambique perante os mercados financeiros e doadores internacionais.
Já a descida do preço das matérias-primas levou a uma depreciação de 35% da moeda local, enquanto as reservas em moeda estrangeira caíram 25% no ano passado.
Em declarações aos jornalistas, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhang Ming, disse na quarta-feira que “a China vai ajudar [Moçambique] neste momento difícil (…) fornecendo tecnologia, equipamento e até apoio financeiro”.
Zhang recusou-se, no entanto, a adiantar valores: “Como não se pergunta a idade a uma mulher, não se pergunta o valor a um comerciante”, justificou.

20 Mai 2016

UM |Curso de Verão de Português excede expectativas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Curso de Verão de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Macau, que vai decorrer entre os dias 18 de Julho e 5 de Agosto, vai exceder o objectivo de 500 alunos traçado para a 30.ª edição. A informação foi avançada pelo Departamento de Português da Faculdade de Artes e Humanidades da UM, que organiza o curso que visa dar aos participantes de diferentes países uma oportunidade para melhorar habilidades em Português ou para começar a aprender a língua.
Até ontem foram contabilizados 275 alunos do exterior, a somar a 90 estudantes locais, mas ainda falta processar mais de 200 inscrições, pelo que o objectivo de 500 alunos traçado para a 30.ª edição vai ser excedido, indicou o Departamento de Português à Lusa.
A maior parte dos inscritos no curso vem da China, seguindo-se Coreia do Sul, Vietname ou Japão. De Timor-Leste vão chegar dois alunos com o apoio da Fundação Oriente.
Em anos anteriores chegaram a ser registadas mais de 500 candidaturas, mas o máximo de admissões, ponderado com base em factores como o contingente de professores ou na capacidade de alojamento e alimentação era bastante inferior, pelo que a selecção deixava de fora um maior número de candidatos.
A título de exemplo, em 2014 candidataram-se mais de 500 estudantes, mas apenas foram admitidos 370. No ano passado, o curso contou com aproximadamente menos cem alunos do que em 2014 (270), nomeadamente devido ao surto da Síndrome Respiratória do Médio Oriente na Coreia do Sul.
Ao longo de 30 anos, foram formados aproximadamente seis mil estudantes de todo o mundo, um terço dos quais oriundos de Macau.

20 Mai 2016

Hong Kong | Cinco detidos durante visita de dirigente chinês

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]inco pessoas foram detidas ontem em Hong Kong, num protesto relacionado com a visita do “número três” do regime chinês.
Entre os detidos está um líder estudantil de um movimento pró-democracia, Joshua Wong.
Os cinco foram detidos quando se preparavam para tentar deter uma caravana de carros onde seguia Zhang Dejiang, o presidente da Assembleia Nacional Popular da China que ontem terminou uma visita a Hong Kong.
Os cinco detidos entraram, a correr, numa estrada que tinha sido evacuada para a caravana passar.
Joshua Wong tinha um cartaz com a palavra “autodeterminação” e os cinco manifestantes foram detidos antes da chegada dos carros.
Todos pertencem ao movimento criado por Joshua Wong, que confirmou as detenções e colocou na internet um vídeo com o ocorrido.

Outras detenções

Na terça-feira, a polícia tinha também detido sete membros do partido pró-democracia Liga dos Sociais Democratas por colocarem faixas de protesto em espaços públicos, incluindo colinas e viadutos.
Zhang Dejiang disse na quarta-feira que a autonomia de Hong Kong será preservada.
Num jantar com deputados da região, a que não compareceram os pró-democratas, o dirigente chinês garantiu que Hong Kong não será “continentalizada” por Pequim.
O princípio “‘um país, dois sistemas’ é do maior interesse para o país e para Hong Kong. O Governo central vai implementá-lo sem hesitação. A sociedade de Hong Kong pode estar completamente descansada”, afirmou.
Antes do jantar, o dirigente chinês reuniu-se com deputados, incluindo quatro pró-democratas que no final do encontro disseram que “a atmosfera geral foi muito civilizada” mas não houve nada de novo.
Cerca de 200 manifestantes pró-democracia e pró-China juntaram-se na quarta-feira nas imediações do local onde Zhang jantou. Outras 100 tinham-se já manifestado de manhã noutro local onde estava Zhang.
A associação de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse na quarta-feira que as autoridades de Hong Kong “limitaram fortemente” a oportunidade da população expressar as suas críticas durante a visita do “número três” do regime chinês.
A organização disse também que as autoridades locais deviam desafiar Zhang Dejiang a “assumir compromissos concretos para respeitar a autonomia de Hong Kong em matéria de direitos humanos e democracia”.
A visita de Zhang Dejiang é a primeira deslocação de um importante responsável chinês ao território desde os protestos pró-democracia que paralisaram partes da cidade em 2014.
A deslocação a Hong Kong ocorre numa altura em que aumenta a preocupação na região de que as liberdades possam estar em risco e em que a falta de reformas políticas gerou novos grupos que defendem a ideia da independência da cidade.

20 Mai 2016

Juntos a dançar com a MDMA e John-E

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]MDMA (Macau Dance Music Association) vai voltar ao Pacha no próximo sábado com os DJs locais Erick Leong, D-Hoo e Sérgio Rola, membro do colectivo Flipside. Mas, esta sessão traz um convidado: fala-se de John-E, a.k.a. João Reis, iniciado por cá mas agora radicado em Portugal.
Com “Together we Dance”, assim se chama, esta será a terceira sessão organizada pela MDMA no Pacha, continuando assim a associação a afirmar-se com uma das principais potências do território no estabelecimento de uma base local de disc-jockeys, o seu grande objectivo. Mas a novidade para a próxima noite de sábado é mesmo a presença de John-E que começou a sua carreira como DJ precisamente aqui em Macau, corria o ano de 1994 e tinha ele apenas 17 anos. A coisa correu bem e um ano depois já actuava no Club UFO, onde viria a assentar arraiais como residente. Considerado um dos pioneiros da música de dança em Macau, João também tocou nas conhecidas festas I-Spy de Hong Kong vindo mais tarde a passar pelo Club Santa Fé, em Ko-Samui, Tailândia. Entre 1997 e 2000 viveu em Londres tocando regularmente em clubes como o 414 e o George IV (Brixton) e nalguns festivais underground. Esta experiência deu-lhe uma acentuada raiz electrónica britânica evoluindo com sons que vão do break-beat, ao techno minimal, passando ainda pelo house progressivo. Sábado, 21 de Maio a partir das 21h00.

19 Mai 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 13. O estripador

* por José Drummond

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]u não sou nada. Nada. Sinto-me como alguém lançado ao mar. À noite. Flutuando sozinho. Estendo a mão, mas não existe ninguém. Ninguém. Grito. Mas ninguém responde. Não encontro qualquer nexo em mim. Não me sinto em mim. Lembro-me que houve um momento em que tive uma família. Um momento, no qual, existia uma esperança, existia um carinho, existia um porto. Segredos. Como segurar um segredo? Não tenho forças. Como segurar um segredo? Enquanto isso, nesta cidade à beira-rio, a minha memória passa por altos e baixos. Sinto um arrepio. Hoje tudo parece repetido. Constantemente. Tudo se deteriora a cada dia. A memória. A verdade. Tudo se perde. O conhecimento. Tudo é monótono. Tudo é um pouco mais silencioso do que antes. Não sei quando tudo começou. Tudo é um névoa. Sei apenas que só me sinto bem nesta caça. À procura dela. Eu sei que ela está em algum lugar. Eu sei que devo ser obstinado e continuar a procurá-la. Esta foto dela que me serve de amuleto. Um qualquer encantamento. Estou cansado de viver em ódio e ressentimento. Estou cansado de viver incapaz de amar alguém. Não tenho um único amigo. Nem um. E, pior de tudo, não me posso amar. Porque é que não me posso amar? Porque é que não posso amar ninguém? Uma pessoa aprende a amar-se a si própria quando se ama e se é amado por alguém. Uma pessoa que é incapaz de amar outro não se pode amar a si mesmo. Não. Não. Não. Todas estas mulheres que me fazem lembrar-me dela. Estas vítimas servem apenas para me acalmar. Fechado em silêncio. Os lábios fechados. Já não há modo de voltar atrás. Uma brisa sopra pela janela. Agita as cortinas desbotadas pelo sol e as pétalas delicadas das flores. O cheiro que vem da colina é hoje mais forte do que nunca. O som suave das minhas agulhas. O som suave das minhas facas. O som do vento nas árvores. O som que se escoa e que se mistura. Os sons todos misturados uns com os outros e com os gritos das cigarras. O sons todos profundamente encharcados em tristeza.

A luz da tarde começou a enfraquecer e mistura-se com toques de noite. A brisa da colina continua a agitar as árvores. Por vezes tudo parece um vácuo. Cruzo-lhe as mãos e olho-lhe para o rosto uma vez mais. Esta mulher não é uma concha vazia. É um ser humano de carne e sangue. O sangue a escorrer que tanto me acalma. E este estar com alma teimosa. Este estar estreito. Estas memórias sombrias. Este sobreviver por entre trancos e barrancos sobre este pedaço de terra à beira-rio. Não tenho escolha senão conviver com este vácuo que lentamente se espalha dentro de mim. Este vácuo e estas memórias em desacordo. O vácuo que tudo engole. Todas as memória engolidas. Ficam apenas os olhos assustados destas mulheres. Fica apenas o sangue destas mulheres que espirra quando aplico as minhas lâminas nos seus corpos. Quando lhes aplico as minhas agulhas. E apenas depois algo se acalma. Fica apenas esta eterna procura. Fica apenas o estrondo distante do rio misturado com a brisa do início da noite a escorregar por entre os ramos das árvores. Fica apenas a consciência do vácuo. E não preciso de médicos especialistas. Porque nada do que me possam dizer ou fazer altera quem me tornei. Os sintomas foram progredindo lentamente. E estas mulheres? Não te preocupes comigo. Tudo o que tens a fazer é morrer. No fundo só quero beber um pouco de amor. Uma última vez. Mas não a encontro. E assim não posso. Não existe mais. Porque não a encontro. 19516P15T1-A

Olho novamente para o telhado desta escondida cabana. A lua brilha. Uma luz que ocupa metade do céu. São agora três e meia da manhã e gostaria de poder ver cores. Mas já não vejo nenhuma cor. Depois de se chegar a uma certa idade, a vida torna-se apenas num processo contínuo de perda. Um constante perder uma coisa atrás da outra. Uma após o outra. As coisas que valorizamos a escaparem-se das nossas mãos da mesma maneira como um pente perde dentes. As pessoas que amamos a desaparecerem uma após a outra. E, uma dor é aliviada ou cancelada por outra dor. Mas a verdade é que ela estrava grávida e eu nunca mais a vi de novo. Mas eu sei que ela está aqui. Tenho que a encontrar. Porque existe um lado trágico no amor? Quando deixei a casa da minha mãe, para não mais voltar, passei o dia seguinte sozinho num quarto de hotel, de manhã até a noite. No dia seguinte voei para Kyoto. E tentei procurá-la. Em vão. E o tempo? Que fez o tempo? Que fez o tempo? Nada. Nada havia a fazer. Desaparecer. Nada mais. E o dia depois? E o dia depois do dia depois? E todos os dias depois do dia depois do dia depois? E o tempo? Que fez o tempo? Que fez o tempo? O último dia cheio de memórias e todos os outros dias sem nada. Nada mais que as mesmas memórias recorrentes. Nada mais. Quando nada mais havia a procurar em Kyoto voltei a esta cidade à beira-rio. Esta cidade tão pequena. Esta cidade que foi íntima um dia. Mas agora, que fez o tempo? Aquelas memórias de uma nuvem de ouro pálido, translúcida, por cima das colinas. Aquelas memórias em cor ténue, fria, e foi à noite, e foi à noite. E o tempo? Que fez tempo?

19 Mai 2016

Corrida a estúdio do Macau Design Center

Pela primeira vez desde a abertura em 2014, o Macau Design Centre (MDC) abriu um concurso para o arrendamento de um estúdio, o único dos 17 que estava disponível, e a resposta, na óptica do MDC, foi massiva. No total, foram 13 as propostas de áreas tão diversas como o design gráfico, produção multimédia, design de produto, animação, efeitos especiais, fotografia, design de interiores, produção de vídeo e artesanato. As propostas foram avaliadas por um painel de selecção constituído por membros do MDC e do Fundo das Indústrias Culturais que analisou portefólios, áreas de negócio e propostas. No final, a escolha recaiu no Cliffs Studio Co. Ltd. Segundo indica a nota distribuída à imprensa, “não foi um trabalho fácil dada a qualidade dos proponentes”. O concurso esteve aberto entre os dias 2 e 25 de Abril. O MDC disponibiliza os espaços a preços controlados por um período máximo de três anos e, a partir daí, o contrato será renovado anualmente com base no estado de desenvolvimento dos projectos.

19 Mai 2016

Residentes não respeitam proibição de fumar

Quase 60% dos infractores da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo eram residentes, enquanto que apenas 35,7% dos infractores foram turistas. Apenas 4,5% dos infractores foram cometidos por trabalhadores não residentes. Os números dizem respeito aos primeiros três meses do ano e foram divulgados ontem pelos Serviços de Saúde. Entre Janeiro e Março foram realizadas mais de 113 mil inspecções a estabelecimentos. Um total de 102 casos de infracções obrigou à intervenção das Forças de Segurança. Desde a implementação da lei, em 2012, que mais de 30 mil pessoas foram multadas. De Janeiro a Março, foram 2500 as acusações.

19 Mai 2016

Nova linha aérea liga Macau à Rússia

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]partir de agora é possível viajar directamente para Moscovo graças à nova linha aérea inaugurada ontem no aeroporto de Macau e que será operada pela companhia russa Royal Flight. Os voos iniciaram-se ontem, com um serviço charter bissemanal entre as duas cidades. Gradualmente, a empresa espera que o serviço se transforme numa carreira regular. A empresa promete lançar três voos por semana a partir do dia 3 de Julho.
Macau passa a ser o primeiro destino da empresa na região da grande China. Na cerimónia que marcou a partida do voo inaugural, Eric Fong, Director de Marketing do Aeroporto Internacional de Macau (CAM), disse que “com o aprofundamento dos laços económicos, culturais e de turismo entre a China e Rússia, esta linha aproxima as relações e o nível de cooperação entre os dois países”.
Fong destacou ainda “os recursos turísticos da Rússia” e o papel de Macau como “uma plataforma fascinante para as trocas culturais entre a China e Portugal”, o que, na opinião do executivo, “atrairá residentes de ambos os países a viajarem para o estrangeiro”.
A Rússia é a terceira maior fonte de turistas para a China que, por contrapartida, assume-se como o segundo maior fornecedor de turistas para a Rússia. A CAM refere ainda em comunicado a sua vontade para “continuar a manter uma colaboração próxima com as companhias aéreas e expandir a rede de destinos”.
A Royal Flight é uma empresa de charters fundada em 1993, com sede em Abakan, Rússia. Actualmente, opera voos charter entre várias cidades chinesas e destinos turísticos como Egipto, Turquia, Índia, Emiratos Árabes Unidos, Espanha, Itália, Tailândia e Marrocos.

18 Mai 2016

Artista Vhils recebe prémio Personalidade do Ano da AIEP

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, recebeu em Lisboa o prémio Personalidade do Ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), por ter contribuído “para levar o nome do país ao exterior”, em 2015.
“O país – e a grande Lisboa em particular – afirmou-se como um centro da Arte Urbana. O contributo do Vhils para isso foi essencial”, afirmou a presidente da AEIP, Alison Roberts, na sessão de entrega do prémio Martha de La Cal, que decorreu no IADE – Instituto de Arte e Design, em Lisboa.
Alexandre Farto, de 28 anos, captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo, como Hong Kong.
Para Alison Roberts, no trabalho de Vhils “impressiona não só a sua habilidade com métodos e materiais, simbolicamente aliando a destruição à criação, mas a sua sensibilidade, a história do meio urbano e as vidas humanas nas comunidades onde ele trabalhou”.
Alexandre Farto contou que recentemente esteve, com a sua equipa, no México, onde fez “uma série de intervenções em várias cidades”.
“É interessante perceber como a arte tem o poder de criar uma relação com o ser humano e, a partir daí, criar diálogo e por o foco em situações nas quais a arte serve quase como uma arma para essas pessoas. É nesse sentido que o trabalho se tem espalhado e tem feito sentido em diversos sítios do mundo”, afirmou.

Do Seixal para o mundo

O prémio foi entregue pelo Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, que disse ser “admirador da obra de Vhils”. Segundo o governante, Vhils “encarna com grande brilho a dimensão internacional que os portugueses sabem assumir, não só pelas muitas exposições que tem feito, mas também pela obra notável” que espalhou pelas ruas de cidade como Nova Iorque, Berlim, Paris, Moscovo, Hong Kong e até a estação espacial internacional.
“A forma como interpela os cidadãos e as cidades assume uma linguagem universal e essa capacidade para transformar a paisagem urbana degradada num espaço de diálogo sobre a condição humana, que a APEI lhe reconhece na atribuição do prémio, vai continuar a aprofundar-se cada vez mais e a engrandecer a nossa arte”, defendeu.
Vhils cresceu no Seixal, onde começou por fazer graffiti em comboios, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins, depois de não ter conseguido média para uma faculdade portuguesa.
A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

Ano marcante

Em 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses.
Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”.
Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.
No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4), uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”.
Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa.

18 Mai 2016

China: Um olhar desassombrado | 1972年

* por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hung Kuo, Cina é um filme realizado por Michelangelo Antonioni. Em 1972, o primeiro-ministro Chu En-lai convidou o realizador italiano, conotado com a esquerda, a deslocar-se a Pequim para produzir um documentário que viria a ter uma duração de 217 minutos.
Em declarações posteriores Antonioni afirmou: “Pretendi focar-me nas relações humanas e nos comportamentos, no povo, nas famílias e na vida comunitária. Este objectivo foi a minha linha condutora durante a realização do documentário. É uma observação material e cultural a partir do olhar de um estrangeiro vindo de muito, muito longe.”
Antonioni e a sua equipa filmaram em cinco locais diferentes, Pequim, Lin County, Suzhou, Nanjing e Xangai. Encarados com desconfiança, durante as deslocações foram constantemente vigiados e controlados e foram necessários três dias para discutir o guião com as autoridades chinesas. Por fim, o realizador desistiu do plano inicial de filmar durante seis meses e terminou o projecto em apenas 22 dias.
Contudo, o documentário oferece-nos uma visão clara e detalhada das escolas, das fábricas, dos jardins de infância e dos parques. O rigor dos exercícios matinais, pessoas a correr, mulheres a trabalhar, rostos jovens iluminados por sorrisos confiantes e crianças entregues aos seus cânticos. Descobrimos ainda, no pátio de uma fábrica, um grupo de operários têxteis que após um dia de trabalho árduo em vez de irem para casa ficam para aprender citações de Mao e para discutir a situação política. Antonioni também nos leva a visitar uma sala de cesarianas onde as parturientes são sujeitas a anestesia por acupunctura, com detalhes visuais extraordinários. A câmara dá-nos imagens tão verdadeiras como se dum filme científico se tratasse, pormenorizadas e respeitadoras. O documentário termina com uma exibição de acrobatas ao longo de 20 minutos.
O filme de Antonioni, um diário da vida chinesa, foi posteriormente proibido pelas autoridades por ser considerado uma apresentação injusta do “atraso” nacional. Antonioni contrapôs nunca ter sido sua intenção ser ofensivo. Afinal de contas o realizador italiano não sabia nada sobre a China nem sobre a sua História. Este projecto tinha uma perspectiva puramente etnográfica. Podemos por isso concluir que, para Antonioni, Chung Kuo foi uma forma de compreender a China, de aprender sobre o País e o povo através da sua câmara.
Antonioni: “Fiquei muito desapontado por as autoridades chinesas terem avaliado o meu filme de forma tão ríspida e me terem sujeitado a críticas tão intensas, compararam-me mesmo aos “maus da fita”, como Confúcio e Beethoven!”
Em baixo transcrevo um poema chinês dos anos 70 que ilustra a desilusão chinesa com o simpatizante de esquerda Antonioni:
红小兵,志气高,
要把社会主义祖国建设好。
学马列,批林彪,
从小革命劲头高。
红领巾,胸前飘,
听党指示跟党跑。
气死安东尼奥尼,
五洲四海红旗飘。

Somos jovens Pioneiros Vermelhos com enormes ambições,
Iremos construir a nossa Pátria socialista.
Aprendemos Marxismo e Leninismo e condenamos Lin Biao,
Somos jovens, mas o nosso espírito revolucionário é indomável.
Com os lenços vermelhos ondulando ao peito,
Escutamos as instruções do nosso Partido e seguimos o seu caminho.
Faremos com que Antonioni fique verde de raiva,
Até ao dia em que ele veja bandeiras vermelhas desfraldadas,
por esse mundo fora.

Penso que para nós, que vivemos num mundo assombrado por “glamorosas” selfies, assistir ao realismo fotográfico de Antonioni é de certo modo outra forma de “violência”. O REAL torna-se um mito que fere como uma mentira.
Esse mundo, essa raça, há muito que morreram.
Veja fragmentos em:
bit.ly/1Ou55rr
bit.ly/1TeuIyr

18 Mai 2016

Hong Kong | “Número três” chinês promete ouvir reivindicações

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]“número três” do regime chinês, Zhang Dejiang, prometeu ontem ouvir as reivindicações políticas da população de Hong Kong, no primeiro dia de uma visita à antiga colónia britânica.
Zhang, presidente da Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês, é o mais importante responsável chinês a visitar Hong Kong nos últimos quatro anos, numa altura em que aumenta a preocupação no arquipélago de que as liberdades do período britânico possam estar em risco.
A visita já foi aliás criticada pelo impressionante dispositivo de segurança mobilizado, que implica, nomeadamente, manter quaisquer manifestações longe do dirigente chinês.
Várias organizações pró-democracia convocaram uma marcha para quarta-feira contra a crescente influência de Pequim.
Zhang Dejiang chegou a meio do dia de ontem ao aeroporto, onde foi recebido pelo chefe do executivo, Leung Chun-ying.
Num breve discurso na pista, o dirigente chinês disse iniciar a visita num “espírito de boa vontade” e transmitir “as saudações calorosas e bons votos” do presidente da China, Xi Jinping.
“[Escutarei] as pessoas de todos os estratos da sociedade quanto às suas sugestões e petições sobre a aplicação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, disse, referindo-se ao sistema de que gozam Hong Kong e Macau desde a reunificação com a China, respectivamente em 1997 e 1999, e que assenta numa ”ampla autonomia” em relação a Pequim.
A visita de Zhang, oficialmente para uma conferência económica, é considerada por observadores como um gesto para acalmar as tensões e o dignitário tem nomeadamente previsto reunir-se com deputados pró-democracia.

18 Mai 2016

Analista americano vê Jogo em Macau com potencial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Associação Americana de Jogo, Geoff Freeman, manifestou optimismo relativamente ao “potencial a longo prazo” da principal indústria de Macau, pese embora o declínio continuado das receitas dos casinos. A aposta no lado extra-jogo é apontada pelo especialista como uma medida brilhante.
“O mercado em Macau está a estabilizar, estamos a ver isso. Os números ainda são bastante fortes, ainda é um mercado [que gera receitas brutas anuais] de 27/28 mil milhões de dólares norte-americanos – o maior do mundo”, afirmou Geoff Freeman, à margem da abertura da 10.ª edição da Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que decorre até quinta-feira.
Para o presidente da Associação Americana de Jogo (AGA, na sigla em inglês), o facto de as empresas estarem “a fazer investimentos a longo prazo” demonstra que pretendem estar em Macau “durante muitos e muitos anos” e estão, portanto, “muito optimistas em relação ao futuro”.
Isto apesar da curva descendente das receitas dos casinos, encetada há aproximadamente dois anos.
Incertezas sobre o futuro “há em todos os mercados”, compreendendo-se que vivam “altos e baixos”, apontou. “Este mercado é único, há algumas questões que se têm de resolver, mas as empresas que estão a investir aqui têm confiança no potencial a longo prazo do mercado”, realçou o presidente da AGA, ao assinalar que muitas decisões foram tomadas a pensar nisso, que “é o que se deve ter em consideração”.
Além disso, Geoff Freeman vê já notas de que o mercado do jogo de Macau está “a estabilizar”.
“O primeiro trimestre do ano foi muito forte e estamos optimistas em relação ao segundo”, disse o presidente da AGA, para quem há bastante margem para crescimento do mercado de Macau e de outras jurisdições de jogo da Ásia em geral e em simultâneo, ao destacar o “óbvio interesse” que existe em torno da potencial legalização do jogo em casino no Japão.
Os casinos de Macau encaixaram entre Janeiro e Março receitas de 56.176 milhões de patacas – menos 13,3% face aos primeiros três meses do ano passado.

O outro lado

Sobre a crescente aposta – impulsionada pelo Governo – no segmento extra-jogo por parte dos operadores de casinos, com vista a uma evolução no sentido do modelo de Las Vegas, Geoff Freeman afirmou ver “um futuro brilhante”.
“Macau está já a gerar milhares de milhões em receitas não-jogo”, sublinhou, dando o exemplo da Las Vegas Sands, em que “mais de 20% das receitas vêem do não-jogo”, o que mostra que esse segmento constitui “um produto em desenvolvimento em Macau”.
“Há um futuro brilhante pela frente, o não-jogo tem enorme potencial, mas tem de se mover em consonância com o cliente, para aquilo em que ele está interessado. Está a desenvolver-se aqui em Macau, as pessoas deviam sentir-se bem com o desenvolvimento que está já a acontecer no não-jogo”, sublinhou o presidente da AGA.
Segundo dados do relatório da revisão intercalar sobre o setor do jogo em Macau após a liberalização – o primeiro estudo do tipo –, as seis operadoras geraram, em 2014, receitas operacionais de 23,2 mil milhões de patacas através de projectos não associados ao jogo.
De acordo com o documento, apresentado na semana passada, “o montante total do consumo nas actividades não jogo efectuado pelos visitantes no território pode ser comparável com o apurado em Las Vegas”. Só que “com uma receita bruta do jogo tão elevada, a percentagem proveniente dos projectos não relacionado com o jogo foi diluída”, segundo ressalva o mesmo estudo.
Esse valor representa pouco mais de 6,5% do total das receitas dos casinos apuradas no mesmo ano.

18 Mai 2016

Oficializado curso de Serviço Social na UCM

O curso de licenciatura em Serviço Social, em Chinês, da Universidade da Cidade de Macau foi oficializado, ontem, em publicação no Boletim Oficial. O despacho assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indica que a licenciatura é de quatro anos, em regime de aulas presenciais, e conta com disciplinas como Política Social e Bem-estar Social, Serviço Social para a Família, Serviço Social e Serviços de Reabilitação, Técnicas e Estratégia de Comunicação Internacional.

18 Mai 2016