Mulher enforca-se no Jinmei

A Polícia Judiciária (PJ) encontrou um cadáver de uma mulher na casa de banho do casino Jinmei. Um funcionário do espaço disse que a casa de banho estava fechada desde as seis da manhã e que, por isso, chamaram os Bombeiros. Depois de deitarem a porta abaixo, os soldados da paz encontraram uma mulher que tinha utilizado um cinto para se enforcar. A PJ indicou que não encontrou qualquer testamento no casino, nem ferimentos suspeitos no cadáver, pelo que considera que o caso é um suicídio. A mulher era do interior da China e tinha 42 anos.

20 Jul 2016

Engenheiro pede construção de ponte em vez de túneis ao pé da Nobre de Carvalho

O responsável pelos empreendimentos One Central e MGM diz que o solo da zona não é bom para a construção de túneis ao lado da Nobre de Carvalho, como o Governo anunciou. Os custos e o tempo também seriam mais baixos

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]iu Yin Wai não acha viável a construção de dois túneis ao largo da Ponte Nobre Carvalho. O engenheiro, responsável por empreendimentos como o One Central e o MGM, diz que está familiarizado com a zona e que esta não é indicada para escavações.
A ideia do Governo em construir dois túneis foi avançada este mês e tem como objectivo escoar o trânsito entre Macau e Taipa. Mas, a intenção está a gerar celeuma entre alguns profissionais, que recomendam a construção de uma outra ponte – além da quarta ligação que vai nascer – para que se possa poupar tempo e dinheiro.
Para Siu Yin Wai, engenheiro sénior de Macau e Hong Kong e professor convidado da Faculdade da Construção Civil da Universidade de Macau (UM), a situação não é viável. O Executivo anunciou que encomendou a uma empresa um estudo sobre a possibilidade, mas facto de não ter mencionado a construção de uma ponte indica, para o profissional, que o Governo já tomou a decisão.
“A construção de uma ponte ou um túnel não pode ser decidida somente pelo factor da paisagem, há outras contingências e a construção da ponte parece-me mais indicada”, disse em declarações ao jornal Ou Mun.

Pontos a favor

Siu Yin Wai foi o responsável pelos projectos de construção do One Central e MGM e assume que está familiarizado com a geologia da zona. O engenheiro frisa que a camada de pedra sob a Ponte Nobre de Carvalho é “demasiado profunda”, pelo que a penetração através da camada de solo “será difícil”. Siu Yin Wai também aponta a existência de altos custos e lentidão nos trabalhos. Pela sua experiência, diz, a construção da ponte iria demorar menos de cinco anos e seria mais fácil, barata e rápida. Siu Yin Wai sugere, por isso, que o Governo lance também um estudo sobre a viabilidade de construção de uma ponte.
Lei Hei Wa, director de administração da Macau Association for Geotechnical Engineering, também falou do assunto no programa Macau Talk no sábado, onde sugeriu que o Governo estude os prós e contras da construção de uma ponte ao invés do túnel.
“Os engenheiros só vão considerar a construção de um túnel se a proposta da ponte for impossível”, disse, revelando que o custo de manutenção da Ponte Nobre de Carvalho é de seis milhões por ano e a do túnel da Ilha da Montanha é quase o triplo, de 20 milhões por ano. O responsável estima que o período de construção dos túneis demore entre cinco a dez anos porque vai envolver os projectos dos novos aterros.
Lei Hei Wa considera mesmo que o Governo pode pensar na demolição da velha ponte depois de ter esta quinta ligação feita.
O estudo da viabilidade dos túneis não foi adjudicado por concurso público, tendo sido incumbido à CCCC Highway Consultants Macau Branch. O deputado Ho Ion Sang considera que o Governo adoptou esta forma de convite devido à experiência da empresa.

* por Angela Ka

19 Jul 2016

Ambiente | Tarifas diferentes para consumos diferentes, pedem associações

* por Angela Ka

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo deve estabelecer um regime de recompensa e punição para cessar o gradual crescimento do consumo da energia. A sugestão é feita por associações de defesa ambiental, que dizem que o exemplo deve vir de cima e, concretamente, do Governo, com uma boa gestão no consumo. As grandes empresas também são visadas já que, sendo das maiores gastadoras também deveriam ser incentivadas a ser as grandes poupadoras, dizem associações.
As declarações foram feitas ao Jornal Ou Mun, onde Joe Chan, presidente da Macau Green Student Union frisou que, para as grandes empresas poderem tomar decisões neste sentido, o Governo deve tomar a iniciativa e dar o exemplo. Chan refere que as medidas energéticas que Macau adopta não são sustentáveis. Relembra ainda que, com a pequena dimensão do território, não se justifica o investimento em energia alternativa, sendo que se encontra dependente da compra ao exterior de gás natural e electricidade.
“O consumo de energia nos últimos dez anos duplicou, mas como não existe outra saída, o que Macau pode fazer é controlar o aumento do consumo de energia per capita. Ultimamente a consciência da população já aumentou muito, mas o consumo de electricidade comercial tem aumentado, sobretudo no Jogo”, referiu.
Chan defende que o Governo “provavelmente não consegue negociar com as companhias” de Jogo porque está ligado a essas receitas por um lado e, por outro, porque não consegue fazer uma gestão correcta do seu próprio consumo de energia.
A sugestão da Associação vai no sentido de estabelecer um regime de recompensa e punição para fiscalizar o consumo excessivo dentro das entidades pertença do Executivo.
A Associação Energia Cívica, liderada por Agnes Lam, organizou no sábado as Mesas Redondas Cívicas onde também se discutiram medidas de poupança energética. Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam relembrou que o consumo de energia per capita também aumentou em cerca de 30% no ano passado. Lam U Tou frisa que há quatro anos, o Governo procedeu a uma consulta pública sobre a possibilidade da aplicação de tarifas diferentes a entidades de diferentes dimensões, mas o plano foi abandonado. O presidente apelou ainda para o regresso a essa estratégia de execução tarifária.

Menos golfinhos brancos

O número de exemplares de golfinhos brancos caiu de 87 para 65 exemplares no prazo de um ano. A notícia foi ontem avançada pela imprensa local, que refere dados do relatório do Departamento de Agricultura, Pescas e Conservação da RAEHK. A culpa será da construção de infra-estruturas de grande envergadura nas águas ao largo de Hong Kong, que estarão a pôr em risco a existência da espécie. Os responsáveis pela Sociedade de Conservação de Golfinhos Brancos de Hong Kong receiam o total desaparecimento da espécie num futuro próximo.

19 Jul 2016

UNESCO | Quatro novos locais na lista de Património Mundial

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]UNESCO incluiu esta segunda-feira quatro novos locais na lista do Património Mundial, incluindo a obra do arquitecto suíço Le Corbusier (1887-1965), mas também o projecto urbanístico da Pampulha, em Belo Horizonte (Brasil).
A candidatura de Le Corbusier tinha sido apresentada pela Argentina, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Índia e Japão.
A maioria dos 17 edifícios escolhidos para a candidatura localizam-se em França e na Suíça, mas também incluem casa argentina Curutchet, na cidade de La Plata, o Museu Nacional de Tóquio e o complexo do Capitólio na cidade de Chandigarh, na Índia.
A lista passou também a incluir o Conjunto Arquitectónico da Pampulha, em Belo Horizonte, que foi projectado pelo arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, concluído em 1943 e construído em torno de um lago artificial.
A UNESCO colocou igualmente na lista os estaleiros britânicos da ilha de Antígua, no Mar do Caribe, construídos em 1720, e o Parque Nacional Khangchendzonga, no norte da Índia, nas encostas do monte Kanchenjunga, entre o Nepal e o Butão.
Na sexta-feira à tarde já tinham sido aceites os dolmens de Antequera, na província espanhola de Málaga, o complexo da cidade arménia medieval de Ani, no nordeste da Turquia, o conjunto histórico de Filipi, no nordeste da Grécia, e por último, o complexo de cavernas de Gorham na colónia de Gibraltar, apresentado pelo Reino Unido.
Estas cavernas figuram como património cultural, não natural, porque o seu valor reside nos vestígios da sua ocupação pelo homem de Neandertal, que viveu nesses lugares há mais de 125.000 anos.
O Comité do Património Mundial da UNESCO, reunido em Istambul, desde domingo passado, decidiu encurtar em três dias a reunião e terminar o encontro, na sequência da tentativa de golpe de Estado na sexta-feira.

19 Jul 2016

VIP volta a cair mas mantém mais de metade do mercado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas do jogo VIP de Macau caíram 15,74% no segundo trimestre, em relação aos mesmos meses de 2015, mas continuam a representar mais de metade do sector (51,53%), segundo dados oficiais ontem divulgados.
Fazendo as contas ao semestre, os grandes apostadores continuaram também a representar mais de metade das receitas brutas do jogo em Macau (52,8%), ao contrário do que o Governo do território havia anunciado no início do mês.
Num comunicado divulgado a 1 de Julho, o gabinete do secretário da Economia do Governo de Macau havia dito que o peso do jogo de massas tinha ultrapassado o VIP no primeiro semestre, representando 53,1% do mercado.
As receitas do jogo VIP caíram no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015 (variação homóloga), mas também em relação aos três meses anteriores (-12,45%), segundo os dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau.
A fatia do jogo VIP no bolo das receitas dos casinos de Macau já foi superior a 77%, mas tem vindo a diminuir. No conjunto de 2015, representou 55,3%.
As receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, estão em queda há dois anos.
Esta contracção do sector tem sido associada à desaceleração da economia da China e à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado da região os grandes apostadores chineses.
O executivo de Macau tem defendido e apostado na diversificação do sector, tradicionalmente dependente dos grandes apostadores chineses.
No mesmo comunicado divulgado a 1 de Julho, o Governo de Macau disse que há uma “enorme possibilidade” de as receitas dos casinos continuarem a cair no segundo semestre deste ano.
As receitas brutas dos casinos de Macau, pilar da economia local, caíram 8,5% em Junho, comparando com o mesmo mês de 2015, para o valor mais baixo desde Setembro de 2010, segundo dados oficiais.
Os analistas têm sido consensuais em afirmar que as receitas dos casinos vão estabilizar no segundo semestre de 2016 e interromper o longo ciclo de queda, mas discordam quanto ao momento que isso acontecerá.
No início do mês, o Governo de Macau lembrou as suas estimativas no orçamento da região para este ano, menos optimistas do que as dos analistas, que apontam para que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200.000 milhões de patacas no final do ano (numa média de 16,6 mil milhões de patacas mensais), uma quebra de 13,3% em relação a 2015.
Entre Janeiro e Junho, em termos acumulados, os casinos registaram receitas de 107.787 milhões de patacas, numa média de 17,97 mil milhões de patacas, menos 11,4% do que no primeiro semestre de 2015.
 

19 Jul 2016

HOMERO, educador ocidental

* Por Paulo José Miranda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]texto mais antigo da cultura Grega, que racionaliza os mitos, é a Ilíada de Homero. Homero nasce em 928 a.C. em Esmirna (Esmir, na actual Turquia), cidade da chamada Ásia Menor. Além de uma racionalização e antropomorfização dos deuses, Homero ensina um dos conceitos mais fundamentais para os Gregos Antigos: aretê. Aretê quer dizer excelência, isto é, agir em concordância com aquilo que deve ser feito e de modo superior, de modo bem feito. Assim, poderíamos ser levados a pensar que também há excelência em quem faz uns bons sapatos ou uma boa arma, assim como quem é superior nas artes da guerra. E certamente os gregos deste tempo também usariam a palavra nesse sentido, sem dúvida, mas aretê, neste período homérico, não é apenas alcançar a excelência nas suas competências, mas alcançar a excelência virilmente. Mais tarde, com Sócrates e Platão, a aretê será uma categoria da alma humana, em concordância com a justiça e a temperança, mas até ao século IV a.C. a excelência está fundamentalmente ligada à acção, a um fazer, a uma technê, um saber fazer, uma perícia aplicada ao combate, que tanto pode ser dos humanos quanto dos deuses. Por conseguinte, a aretê em Homero está ligada fundamentalmente à força, à destreza, à coragem, à capacidade de dominar o adversário ou o inimigo, ou à capacidade de aumentar um território. Temos de ter em conta que se tratava de um tempo em que estes atributos eram necessários à sobrevivência. Não há, por conseguinte, uma ligação entre aretê e virtude moral ou bondade. Excelente é aquele que se impõe aos outros no combate, no confronto, quer seja pela força, como é o caso de Ajax, quer seja pela astúcia, como é o caso de Ulisses. Há, no entanto, e apesar destas qualidades guerreiras, um código ético de conduta nos combates, necessário a que um guerreiro possa ser alvo de admiração. Assim, não basta vencer, há que vencer limpo, há que vencer dentro das regras e não a qualquer preço. Há que ter respeito pelo inimigo, adversário no campo de batalha, e há que reconhecer-lhe o valor, se o tiver. Isto é o que encontramos amiúde ao longo das páginas da Ilíada, e que acaba por se tornar um passo fundamental da passagem da aretê para um plano ético. Este código de combate, de respeito, vê-lo-emos mais tarde, com muito mais ênfase, nos cavaleiros medievais, que foram sem dúvida influenciados por esta tradição homérica. A nobreza da luta e da vitória será, mais tarde, levado quase à exaustão, nos poemas de Píndaro. MTE4MDAzNDEwNTU4NjgyNjM4
A aretê está não só ligada ao confronto físico, mas também aos melhores, aristeai, aos nobres, àqueles que têm uma linhagem de nobreza, de homens bons para o grito de guerra, e muitas vezes também dos deuses, como é o caso do guerreiro Aquiles. Na Ilíada, quando Glauco enfrenta Diomedes no campo de batalha, e se quer mostrar digno do seu adversário, enumera, à moda homérica, os seus antepassados ilustres: “Hipóloco me gerou, a ele devo a minha origem. Quando me enviou a Tróia, advertiu-me insistentemente que lutasse sem cessar por alcançar o poder da excelência humana e fosse sempre, entre todos, o primeiro.”
Mas a grande importância desta obra de Homero deve-se tanto à compreensão e canto da excelência guerreira, quanto à propagação de uma nova aretê: a palavra. E é quase no fim da Ilíada que ele põe na voz de Fénix, educador de Aquiles, quando este continuava afastado do campo de batalha por discordar de Agamémnon, aquilo para o qual o jovem tinha sido educado: “Para ambas as coisas: proferir palavras e realizar acções.” E o velho educador opõe esta frase aos guerreiros Ulisses, mestre da palavra, e Ájax, mestre da acção, fazendo ver que Aquiles lhes é superior por unir essas duas grandezas em si mesmo, e não apenas uma delas. Esta é a grande inovação no pensamento de Homero. Tal como quase sempre os poetas fazem, provavelmente pôs em palavras aquilo que já outros sentiam, sem que o enunciassem. Facto que contribui para que se tornasse o grande educador da Hélade, o grande educador dos Gregos Antigos. É fundamentalmente pela sua modelação da aretê que a sua obra ganha reconhecimento e grandeza. A aretê conquista um novo território. E é nesta consciência, que Homero traça o destino de grande parte da humanidade, pois é no pensamento que os seus versos são ímpares.
Deixemos também claro que A Ilíada e a Odisseia reflectem momentos históricos diferentes da Grécia arcaica. A Ilíada é muito mais antiga e não pertence sequer ao mesmo século da Odisseia. É hoje aceite, pelos investigadores, que se trata de autores diferentes. Mas independentemente das diferenças entre Ilíada e Odisseia, a verdade é que há algo que as une: a não separação da estética e da ética, que é característica do pensamento grego arcaico.

19 Jul 2016

Mar do Sul | Pequim vai realizar exercícios militares

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim vai fechar o acesso a parte do Mar do Sul da China para exercícios militares, disseram ontem responsáveis políticos, depois de um tribunal internacional ter decidido contra as suas reivindicações naquelas águas.
Uma área ao largo da costa leste da ilha província chinesa de Hainan vai sediar os exercícios militares, a realizar entre terça e quinta-feira, informou a Administração Marítima da China no seu portal, acrescentando que a entrada “foi proibida”.
A área de mar está a alguma distância das ilhas Paracel e ainda mais das ilhas Spratly, sendo ambos os arquipélagos reivindicados por Pequim e outros estados vizinhos.
Na semana passada o Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, deu razão às Filipinas, que, em Janeiro de 2013, denunciaram Pequim por ter começado a ocupar áreas do Mar do Sul da China que as Filipinas consideram parte da sua zona económica exclusiva.
A decisão, que surge então três anos depois de um processo judicial que Pequim boicotou ao recusar participar, também beneficia outros países da região, como o Vietname, dado que também disputam parte das estratégicas águas do Mar do Sul da China.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
 

19 Jul 2016

Embaixadores do Património de Macau em Lisboa

Dez membros da Associação dos Embaixadores do Património de Macau estiveram em Portugal de 11 a 16 deste mês, para participarem, com painel próprio, numa conferência internacional sobre o património e o desenvolvimento sustentável. O grupo de Macau chefiado por Derrick Tam integra quadros da Função Pública e da actividade privada, bem como alguns estudantes universitários. Do roteiro constou ainda a visita a organismos culturais, entre os quais a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, no Palácio da Independência, onde funciona também a delegação do Instituto Internacional de Macau em Lisboa. A organização esteve a cabo do Green Lines Institute, organismo internacional especializado nesta temática.

19 Jul 2016

Preservativos à venda “respeitam qualidade”

Um relatório do Conselho dos Consumidores dedicado à qualidade dos preservativos conclui que todos os tipos de preservativos à venda em Macau analisados respeitam os parâmetros definidos pelos critérios nacionais chineses relativos à higiene. De modo a garantir a segurança e saúde no uso deste método contraceptivo e preventivo de doenças, o relatório alerta ainda para a necessidade dos consumidores prestarem atenção às datas de validade, bem como para não comprarem produtos de marca branca ou de fonte desconhecida. A análise incluiu 18 tipos de produtos.

19 Jul 2016

Polícia indiana procura homens acusados de segunda violação de estudante

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma estudante indiana foi hospitalizada depois de ter sido violada por um grupo de homens, incluindo alguns que já a tinham violado há três anos, disse ontem um responsável policial.
A polícia do estado de Haryana (norte) procura cinco homens, acusados de terem raptado a jovem de 21 anos no exterior da universidade que frequentava. A vítima foi drogada e violada num veículo, acrescentou Pushpa Khatri, responsável da polícia de Haryana.
A estudante, que pertence à casta dos ‘dalit’ (anteriormente conhecida como intocáveis), foi encontrada na quarta-feira inconsciente, num arvoredo que ladeia uma auto-estrada neste estado limítrofe de Nova Deli.
A vítima identificou os cinco agressores, dois dos quais se encontravam em liberdade condicional a aguardar julgamento pela violação desta mesma mulher em 2013, disse Pushpa Khatri.
“Ela identificou os cinco acusados e dois estão implicados na violação desta estudante, no distrito de Bhiwandi, em 2013”, indicou.
“Criámos várias equipas para deter os acusados”, acrescentou.
A família da vítima acusou os cinco homens de ter sido ameaçada dias antes da agressão, declarando que os atacantes tinham exigido que a queixa pela violação de 2013 fosse retirada.
“Os acusados ameaçaram-nos permanentemente para encontrar um compromisso. Chegaram a oferecer dinheiro. Mas nós recusámos”, disse o irmão da vítima ao diário Hindustan Times.
A família afirmou também ter sido obrigada a mudar-se para outro distrito, Rohtak, depois da violação de 2013 devido ao assédio de que era alvo.
No domingo, membros da casta dos ‘dalit’ organizaram pequenas manifestações de protesto em Rohtak para exigir justiça.
A violação de uma estudante por um grupo de homens num autocarro de Nova Deli, em 2012, tornou pública a violência a que estão sujeitas as mulheres na Índia.
O caso de 2012, que resultou na morte da jovem, levou ao agravamento das punições pelo crime de violação.
Oficialmente, em 2014 foram registadas 36.735 violações, mas o número real continua a ser muito superior, de acordo com os especialistas, uma vez que a condenação das vítimas trava a apresentação de queixas contra os agressores.

19 Jul 2016

Macau e Hong Kong com acordo de livre comércio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s governos de Macau e Hong Kong anunciaram a semana passada a intenção de assinar um acordo bilateral de livre comércio, semelhante ao que já existe entre Macau e Guangdong. Segundo um comunicado do Governo, “é desejo comum de Hong Kong e de Macau” que o Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre os dois territórios (Acordo CEPA Hong Kong-Macau) seja formalmente celebrado até ao final do ano.
“O Acordo CEPA Hong Kong-Macau, um acordo de comércio livre altamente estandardizado e estabelecido em conformidade com os princípios e regras estipulados pela Organização Mundial do Comércio (OMC), tem como finalidade alargar a integração económica e o desenvolvimento comercial dos dois lados, fomentar o fluxo de mercadorias, serviços e capitais entre as duas regiões, com vista a incrementar a competitividade global dos dois territórios”, lê-se no comunicado.
Os Secretários da Economia dos governos das duas regiões “rubricaram o documento principal” deste acordo na sexta-feira, no âmbito da 9.ª reunião de alto nível de cooperação entre Hong Kong e Macau.
Esse documento define as regras que serão aplicadas, no âmbito do acordo, às áreas do comércio de mercadorias e serviços, do investimento, propriedade intelectual, entre outras. “Tendo em conta o facto de os dois territórios serem portos francos (…), as duas partes prometeram conceder a isenção de direitos aduaneiros às mercadorias importadas da outra parte”, assim como “reduzir as barreiras não tarifárias” e “avançar as medidas de facilitação de formalidades alfandegárias”, segundo o mesmo comunicado.
O texto explica que, a nível dos serviços, vão ainda ser debatidos os sectores que serão liberalizados, mas garante que as duas regiões pretendem atingir um “nível alto” neste segmento, indo além dos compromissos feitos no âmbito da OMC.
Na reunião, as duas regiões decidiram ainda avançar com a criação do primeiro grupo de trabalho para a promoção da cooperação económica bilateral.

18 Jul 2016

Nice | Cidadãos atropelados por camião nas comemorações do Dia da Bastilha

Comemorava-se o Dia da Bastilha e era anunciado o final do estado de emergência quando Nice viu as comemorações transformadas em pânico e cadáveres. Um camião irrompia pela multidão dentro somando mais um ataque à liberdade e uma labareda ao medo

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]elo menos 84 pessoas morreram e existem 18 pessoas em estado crítico depois do atentado da passada quinta-feira, em Nice, França. O incidente ocorreu perto do Hotel Negresco, no Passeio dos Ingleses, onde uma multidão passeava nas ruas para festejar o feriado nacional do 14 de Julho, Dia da Bastilha, quando um camião irrompeu por entre a multidão. Somam-se ainda 50 vítimas com ferimentos ligeiros e mais de uma centena “implicados”.
Segundo o jornal “Le Figaro” a documentação encontrada no camião que avançou contra a multidão indica que o autor do atentado era franco-tunisino e tinha 31 anos. O mesmo jornal escreve que o homem estava sozinho no camião.
Miguel Cunha, natural de Paredes de Coura e a viver em Nice há quatro anos contou ao jornal Público o cenário que testemunhou: “quando nos estávamos a encontrar, olho para o outro lado e só vejo pessoas a voar”, conta o português, ainda em choque. “Pareciam moscas a voar. Foi horrível. A rua estava cheia de pessoas, de famílias. Toda gente tinha saído, havia concertos”, continua, explicando ter visto o camião parar “uns 30 metros à frente”, antes de ainda se terem ouvido tiros. “Não foram os tiros que o pararam, ele parou antes. Deve ter tido algum problema. Ainda vi uma pessoa a tentar subir ao camião e a puxar o homem para fora.”
O camião, conta o emigrante, já vinha a atropelar pessoas desde trás. “Dizem que vinha em ziguezague para chegar a mais pessoas mas nos últimos 30 metros, o que eu vi, ele já vinha em linha recta e a abrandar. Não devia vir a mais de 50 km/h.”

Mais três meses de estado de emergência

O ataque acontece quando François Hollande tinha acabado de anunciar que o estado de emergência, que vigora desde os atentados de Paris, em Novembro do ano passado, ia ser levantado a partir de 26 de Julho. O Presidente francês já anunciou que irá prolongar o estado de emergência por mais três meses.
François Hollande dirigiu-se ao país ainda durante a madrugada, depois de reunir com o gabinete de crise em Paris e sublinhou que “não se pode negar o carácter terrorista deste ataque”. Hollande classificou o atentando como uma “monstruosidade” de uma “violência absoluta”, destacando o número de crianças mortas. 

Ao volante

A organização terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado de Nice. O assassino que transformou um camião de 19 toneladas numa arma, matando pelo menos 84 pessoas, é “um soldado do Estado Islâmico, que agiu em resposta aos apelos para tomar como alvo os cidadãos dos países da coligação que combate o EI”, afirmou a agência noticiosa desta organização que controla território na Síria e no Iraque.
Continuam no entanto a pairar dúvidas – Mohamed Lahouaiej Bouhlel, o francês de origem tunisina que conduzia o camião, nunca deu sinais de se ter radicalizado, nem deixou qualquer indício de lealdade para com o Estado Islâmico. “Até aqui, o EI nunca reivindicou de forma oportunista a autoria de atentado, embora o tivesse podido fazer muitas vezes”, analisa, em declarações ao Le Monde, o jornalista David Thomson, especialista em jihadismo.
Para o Governo de Paris, não há dúvida que se trata de terrorismo. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, declarou no sábado, após uma reunião do gabinete de crise governamental, que o autor do atentado “parece ter-se radicalizado muito rapidamente”. “Pelo menos é o que se entende, através dos primeiros elementos da investigação”, afirmou, citado pela AFP.

Doente mas culpado

Um psiquiatra de Sousse, na Tunísia que atendeu Mohamed Lahouaiej Bouhlel em 2005, quando este teve um episódio de depressão, disse à revista L’Express que recorda um jovem de 19 anos, que foi à consulta com o pai, porque tinha problemas escolares e de adaptação familiar. “Sofria de uma alteração da realidade, do discernimento e de problemas do comportamento: tinha um princípio de psicose”, recordou o psiquiatra Chemceddine Hamouda.
“Nada no seu comportamento permitia antever este massacre. Estes problemas, se não forem tratados durante anos, podem levar a uma esquizofrenia. Mas recuso categoricamente a ideia de que não possa ser responsabilizado pelo acto. Uma tal violência precisa necessariamente de endoutrinação, um delírio de radicalização em paralelo com os seus problemas psicológicos. Não é o acto de um louco, é um acto premeditado”, afirma categoricamente o psiquiatra à L’Express.

Solidariedade Internacional

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de condolências ao seu homólogo francês. Na mensagem, citada pela Lusa, o Presidente afirma que “foi com grande consternação” que recebeu a notícia “do hediondo atentado ocorrido esta noite em Nice, que teve lugar, para mais, num dia tão especial para França” – o feriado nacional em que se evoca a Tomada da Bastilha, que marcou o início da Revolução Francesa, em 1789. “Os meus pensamentos estão com as dezenas de vítimas e com os seus familiares, com todos os franceses, em solidariedade fraterna neste momento de dor e de angústia. Em meu nome e no de todos os portugueses, envio as mais sentidas condolências ao Presidente François Hollande e a todo o povo francês”, acrescenta Marcelo Rebelo de Sousa.
O primeiro-ministro um comunicado a repudiar o ataque e a informar que os consulados e a embaixada estão a trabalhar para procurar portugueses. “O Governo português repudia e condena veementemente este atentado, que, mais uma vez, ataca a França e todos os europeus”, diz num curto comunicado. Na mesma mensagem, António Costa lamenta as vítimas e manifesta “total solidariedade para com França e os franceses”.
Obama foi citado pela AFP numa declaração em que condena “aquilo que parece ser um horrível ataque terrorista”. “Estamos solidários com a França, o nosso aliado mais antigo, neste momento em que enfrenta um ataque”, disse o Presidente norte-americano, citado pela AFP, oferecendo ajuda do seu país para apurar responsabilidades neste caso.
A nova primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, segue também os “terríveis acontecimentos” de Nice, segundo um porta-voz do executivo com sede em Downing Street, que acrescentou que o novo Governo, empossado há um dia, se sente “chocado e inquieto”. “Estamos prontos a ajudar todos os cidadãos britânicos e a apoiar os nossos parceiros franceses”, acrescentou a mesma fonte, citada pela AFP.

18 Jul 2016

Pequim, 15 de Outubro de 1977 ( continuação)

* por António Graça Abreu

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Grande Muralha correspondeu à execução de um projecto grandioso regado com o suor e o sangue de muitas centenas de milhar de chineses. O trabalho era forçado e as pessoas morriam de fadiga e exaustão, sendo enterradas nos alicerces da Muralha.
Decorreram muitos séculos e as fronteiras da China ultrapassaram a Grande Muralha que, no entanto, manteve até ao século XVIII a sua importância estratégica. Funcionou também como meio de comunicação entre regiões montanhosas, pois com os seus seis metros de largura pavimentados com grandes lajes permitia a passagem e o movimento de carroças e cavalos. Nalgumas regiões, em que tem uma altura média de sete metros e meio, a Muralha constitui uma barreira permanente que quebra os ventos frios vindos das estepes da Sibéria, o que possibilita melhores condições para o cultivo das terras.
A Grande Muralha da China é, pois, obra magnificente. Calcula-se que para a sua construção foram necessários 180 milhões de metros cúbicos de terra e 60 milhões de metros cúbicos de pedra e tijolo. Estas materiais são suficientes para circundar o globo terrestre com um muro de dois metros e meio de altura e um metro de largura.
Com o passar dos séculos, a Muralha foi-se naturalmente delapidando. Nestes últimos anos, foi objecto de obras de restauro na busca do esplendor monumental de outrora.
O autocarro onde viajo chega a um grande parque de estacionamento já apinhado de automóveis. Estamos em Badaling, uma das muitas passagens estratégicas no sopé da montanha. Os torreões com ameias quadradas, as portas duplas com grossíssimos portões de madeira lembram-me as praças fortes e os nossos castelos em Portugal. Mas aqui tudo é maior, mais pesado, os muros mais espessos e aparentemente intransponíveis. A Grande Muralha trepa em curvas para ambos os lados, o troço para a esquerda parece-me mais difícil de subir com uma inclinação muito acentuada, por vezes quase a pique. Decido subir por aí.
Há centenas e centenas de chineses espalhados por toda a parte. A maioria trepa como eu, alguns já vêm na caminhada de regresso. A visita à Muralha faz parte das excursões domingueiras de habitantes de Pequim e sobretudo de gentes vindas de outras regiões da China. Há famílias inteiras que trouxeram o farnel e vão merendar daqui a pouco. De resto, a escalada é óptima para abrir o apetite.
Subo, subo e o horizonte é cada vez mais vasto, a Muralha estende-se no seu serpentear abrupto, com curvas e ângulos inesperados. Este lugar faz a delícias dos fotógrafos e eu sigo o exemplo dos chineses que não param de se fotografar e escolho os melhores enquadramentos para disparar a minha máquina.
A ascensão é cada vez mais difícil, preciso de me agarrar ao corrimão lateral de ferro porque é real o perigo de escorregar e deslizar uns bons metros nas lajes de pedra. Imagino como não devia ser nada fácil o movimento de soldados e mercadorias neste troço. O torreão mais alto que domina todo o sector encontra-se agora mais próximo. Em mim, uma enorme caloraça, e quantos rostos afogueados à minha volta!
Estou a mais de mil metros de altitude, para baixo, na distância, tudo começa a desvanecer-se, vejo os autocarros e automóveis muito pequeninos no fundo da nervura do vale, em Badaling. Alcanço o topo do torreão e sinto a alegria que creio experimentarem os alpinistas após a escalada de um pico difícil. Adivinho um ar cansado mas satisfeito nesta gente toda que não pára de subir e descer, acredito que o meu sentir é compartilhado por muitas mais pessoas.
Permaneço longo tempo sentado nas ameias, no alto da montanha, enchendo os pulmões de ar puro, retratando com os olhos os homens e a paisagem. Fantástica, a China!
Descer a Grande Muralha será bem mais fácil do que subi-la, de resto “a descer todos os santos ajudam”. Como na China parece não existirem santos iguais aos nossos, não sei quem me levou a dar um valente trambolhão que me deixou o fundo das costas bastante maltratado. A culpa terá sido dos meus sapatos de sola lisa que deslizaram como patins nas pedras polidas.
Cá em baixo havia um excelente almoço à minha espera e depois foi o regresso a Pequim, com o trânsito praticamente paralisado. Um grande engarrafamento manteve-nos parados durante quase duas horas, carros para cima, mais carros e camionetas para baixo, tudo enviesado na estrada, atravancado e parado. À frente do nosso autocarro estava uma camioneta carregada de batatas, impedida tal como nós de avançar ou recuar. Porque a resolução do engarrafamento estava demorada, as pessoas passeavam-se fora dos carros. Fui até à grande carripana das batatas que não estavam metidas em sacos mas empilhadas a monte na caixa do veículo. Em cima das batatas sentavam-se três camponeses de meia idade.
Com a curiosidade e o gosto muito português de ver as coisas não só com os olhos mas também com as mãos, alcei a mão sobre o taipal da camioneta e peguei numa enorme batata. Mirei e apalpei. Era muito redonda, branca, de boa qualidade. Quando quis voltar a pôr a batata na camioneta, os camponeses, que não tinham tirado os olhos de mim e sorriam, não autorizaram. Já que tinha demonstrado tanto interesse pelos tubérculos, eles ofereciam-me não só aquela batata mas umas quantas mais. Foi difícil explicar-lhes na meia dúzia de palavras chinesas que conheço que, muito obrigado, mas eu só queria ver como eram as batatas. Eles insistiam na oferta e eu, delicadamente, agradeci e voltei ao autocarro. No regresso a Pequim, pensei mais maduramente no assunto. Será que os simpáticos camponeses ficaram ofendidos por eu ter recusado as batatas? Não teria sido mais correcto aceitar os tubérculos e, de volta a casa, fazer um jantarinho com batatas acabadas de chegar da Grande Muralha da China?

18 Jul 2016

Mar do Sul | Cerca de mil em manifestação patriótica

Entre 500 a mil pessoas participaram numa manifestação patriótica contra a decisão de Haia sobre o Mar do Sul da China. A Associação Desportiva dos Naturais de Fujian de Macau foi a organizadora

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]il pessoas, segundo os organizadores, e 500 na versão da polícia, protagonizaram na sexta-feira uma rara demonstração patriótica em Macau, dias depois de um tribunal internacional ter considerado sem fundamento as pretensões de Pequim no Mar do Sul da China. Munidos com cartazes, vestidos com camisolas amarelas e empunhando a bandeira da China, centenas de manifestantes, na sua maioria jovens, concentraram-se no Largo do Senado para uma demonstração de apoio a Pequim que chamou a atenção.
A manifestação demorou quase duas horas e decorreu de forma pacífica, segundo confirmou à agência Lusa uma agente da PSP no local. Segundo a mesma fonte, as autoridades contabilizaram aproximadamente meio milhar de pessoas e estavam destacados no local menos de 30 agentes.
Gina Lei, vice-presidente da Associação Desportiva dos Naturais de Fujian de Macau, que organizou a iniciativa, explicou à Lusa a intenção: “É para mostrar o apoio ao nosso país.”
“Lutar pelo nosso território”, “Amamos a China” ou “Vocês não nos intimidam” eram algumas das mensagens inscritas em pequenos letreiros e cartazes.
Pedro, natural de Macau, de 30 anos, era um dos participantes da iniciativa. As calças negras e as camisas brancas do grupo que integrava confirmavam que acabara de sair do trabalho num casino para se juntar à manifestação de apoio à China.
“É injusto”, afirmou, explicando a razão pela qual decidiu aderir à iniciativa que aconteceu no Largo do Senado sob um intenso calor.
Pequim prometeu, na quinta-feira, dar “uma resposta determinada” a todos os “actos de provocação” no Mar do Sul da China, depois do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, ter considerado ilegítimas as reivindicações chinesas. O tribunal deu razão a Manila que, em Janeiro de 2013, denunciou Pequim por ter começado a ocupar áreas do Mar do Sul da China que as Filipinas consideram parte da sua zona económica exclusiva.
A decisão foi anunciada três anos depois de um processo judicial que Pequim boicotou, recusando-se a participar, qualificando-a como “naturalmente nula e não vinculativa”, pelo que “não a aceita nem a reconhece”.
Raramente ocorrem demonstrações de cariz patriótico nas ruas de Macau e a mais recente remonta a 2012, altura em que a Associação Desportiva dos Naturais de Fujian de Macau, que conta com 10 mil membros segundo a sua vice-presidente também organizou uma manifestação no Senado igualmente por causa de uma disputa territorial.
Em causa estiveram então os protestos contra o Japão, por causa das ilhas Diaoyu, que se espalharam por mais de uma centena de cidades na China e também alastraram a Macau e Hong Kong. A própria Direcção dos Serviços de Turismo de Macau cancelou o espectáculo pirotécnico de uma empresa japonesa participante no Concurso Internacional de Fogo-de-artifício, que decorre anualmente, precisamente devido ao então “estado de espírito da comunidade”.

18 Jul 2016

Um morto e quatro feridos em ataque em hospital

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas depois de um homem armado com uma faca ter atacado, este sábado, um hospital no sul da China, informou ontem a imprensa oficial.
O homem, de 26 anos, entrou, no sábado, num hospital da cidade de Huizhou e matou uma enfermeira e feriu um segurança e outros três funcionários.
A polícia deteve, mais tarde, o homem, estando a investigar os motivos do ataque.
O incidente ocorreu dias depois de o governo chinês ter ordenado o destacamento de polícias armados para hospitais para travar surtos de violência de pacientes ou familiares contra o pessoal de saúde, numa altura de reforma do sistema de saúde.
A Comissão Nacional de Saúde e Planeamento Familiar avisou, esta semana, que as pessoas que introduzam ilegalmente facas ou outras armas em unidades médicas serão detidas e que, em virtude de uma emenda à lei aprovada em Novembro, aqueles que afectarem gravemente o ritmo de trabalho daquelas instituições serão condenados a penas entre três e sete anos de prisão.
Os elevados custos da saúde para muitos cidadãos e os baixos salários dos médicos (que, em consequência, aceitam subornos de farmacêuticas para vender os seus medicamentos, o que resulta no seu encarecimento) tem criado um círculo vicioso de insatisfação para ambas as partes.
A situação tem desencadeado um mal-estar tal que os ataques violentos de pacientes ou familiares a profissionais de saúde, por vezes fatais, chegaram a uma média de 27,3 por hospital em 2012, segundo a Associação de Hospitais da China.
Apesar de as autoridades chinesas assegurarem que o número de incidentes tem vindo a diminuir desde 2013, os ataques continuam a ocorrer por todo o país.

18 Jul 2016

Turismo | Visitantes gostam menos de jogo e mais de compras. Património não encanta

Vieram cá por causa das compras, da comida e do património, deixando de lado o jogo. Os turistas têm os três primeiros itens como foco para uma visita ao território, ainda que o património esteja a desiludir

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]ompras, gastronomia e património foram os principais motivos pelos quais os visitantes escolheram Macau no primeiro trimestre do ano, com o jogo a figurar em quarto lugar, indica um estudo do Instituto de Formação Turística (IFT). Segundo o Índice de Satisfação dos Turistas de Macau, as três principais motivações que levaram à escolha de Macau como destino foram as compras (25,9%), a gastronomia (25,3%) e os locais classificados como Património Mundial (18,4%), ainda que este tenha também desiludido.
Fora do pódio das principais atracções para os visitantes ficou o jogo, com apenas 10% – contra 13,7% nos primeiros três meses do ano passado.
Globalmente, a satisfação dos turistas de Macau desceu ligeiramente em termos anuais homólogos, fixando-se em 69,6 pontos (contra 69,7 nos primeiros três meses de 2015), mas aumentou face ao quarto e último trimestre de 2015 (quando foi de 67,8). turismo património
Olhando para o desempenho de cada uma das dez áreas relacionadas com o turismo, que compõem o índice global, verifica-se que foram os eventos que granjearam o nível mais elevado de satisfação (78,9 numa escala em que o máximo corresponde a 100), seguindo-se os transportes (74,2) e os casinos (72,9).
A pontuação dada aos três sectores subiu entre Janeiro e Março relativamente ao período homólogo do ano passado, sendo que os casinos registaram o seu nível de satisfação mais elevado desde 2010 (73,1).
Melhor classificação foi dada também aos hotéis (70,3) e às atracções não ligadas ao património (71).
Em contrapartida, o nível de satisfação dos visitantes diminuiu nas restantes cinco componentes: imigração (68,8), lojas (66,8), guias e operadores turísticos (65,3), restaurantes (64,3) e património (63,6). Dos dez sectores analisados o património foi o que teve a pior pontuação.
A maioria dos inquiridos deslocou-se a Macau principalmente para férias e lazer (94,3%), para visitar amigos e familiares (3,1%) e em negócios (2,1%). Seis em cada dez entrevistados (63,1%) já tinham estado em Macau.
No ano passado, o território foi o destino escolhido por 30,71 milhões de visitantes, menos 2,57% face a 2014, registando a primeira queda anual desde 2009.

18 Jul 2016

Economia cresceu 6,7% no primeiro semestre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,7% no primeiro semestre do ano, anunciou sexta-feira o Gabinete de Estatísticas do país.
No segundo trimestre, a segunda economia mundial cresceu igualmente 6,7% – face ao período homólogo de 2015 – sem mudanças relativamente ao desempenho alcançado em termos anuais nos primeiros três meses do ano.
Este valor representa a taxa de crescimento mais baixa da China registada num trimestre desde 2009.
“A economia nacional atingiu um desenvolvimento moderado, mas firme”, refere o comunicado.
O porta-voz do Gabinete de Estatísticas da China, Shen Laiyun, atribuiu os dados às “complicadas condições internas e externas” e às pressões cada vez maiores que o país enfrenta, mas sublinhou que a economia dá sinais de “estabilidade”, terminando a primeira metade do ano com uma “base sólida” para alcançar a meta de crescimento anual traçada pelo Governo.
O mesmo responsável advertiu, em todo o caso, para as “sérias” dificuldades com que o país se depara, tanto interna como externamente, apontando a necessidade de se prosseguir com as reformas estruturais anunciadas por Pequim, enquanto se potencia “adequadamente” a procura.
O PIB da China, que ascendeu a 30 de Junho a 34,06 biliões de yuan, cresceu em termos trimestrais, 1,8%, segundo os dados oficiais.
Após três décadas a crescer a uma média de quase 10% ao ano, Pequim situa a meta de crescimento anual para os próximos cinco anos entre 6,5% e 7%.
A economia da China cresceu 6,9% em 2015, ou seja, ao seu ritmo mais lento dos últimos 25 anos.

18 Jul 2016

Mar do Sul | Tusk admite dificuldade em alcançar acordos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu sábado a dificuldade em alcançar acordos com Pequim sobre as disputas que mantém no Mar do Sul da China e garantiu que o bloco comunitário “continuará a defender a lei internacional”.
“Não é fácil alcançar acordos com os nossos colegas chineses quando se trata deste assunto. As nossas conversas têm sido difíceis, duras, mas também promissoras”, sublinhou, em conferência de imprensa, no final da Cimeira do Encontro Ásia-Europa (ASEM), que terminou este fim-de-semana em Ulan Bator, capital da Mongólia.
O governo chinês manifestou a sua firme oposição a que o Mar do Sul da China fosse um dos temas discutidos na cimeira, realizada três dias depois de o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia ter considerado sem fundamento as pretensões de Pequim no Mar do Sul da China, decidindo a favor das Filipinas.
Assim, a declaração final emitida pela presidência do país anfitrião não menciona explicitamente o Mar do Sul da China, mas cita, entre outros temas, o compromisso dos líderes que participaram em promover a segurança marítima, e o seu apoio à resolução das disputas com base na lei e códigos internacionais. donald tusk
Apesar disso, a China, que enviou à cimeira o seu primeiro-ministro, Li Keqiang, classificou de “ilegal e nulo” o veredicto do tribunal.
Tusk reiterou que a União Europeia “reconhece” a decisão que, afirmou, o que ficou “claro no comunicado divulgado ontem [na sexta-feira] pela Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini”, que também assistiu à cimeira, na qual Portugal se fez representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Tusk disse ainda que a UE “não se posiciona” sobre aspectos de soberania, neste caso, e expressou a necessidade de as partes “resolverem a disputa por meios pacíficos” e também “de acordo com a lei internacional”.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
Vietname, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, o que tem alimentado diferendos territoriais com a China.
 

18 Jul 2016

Jovens dependentes da internet

Un Lai Mui, coordenadora dos serviços sociais de Sheng Kung Hui Macau, declarou ao jornal Ou Mun que a instituição recebeu 85 casos de jovens dependentes da internet. Do número total, cerca de dois terços usavam a internet mais de 35 horas por semana, o que, segundo a coordenadora, representa um estado de dependência. Un Lai Mui alerta ainda para os efeitos do uso excessivo e que este casos reflectem problemas sociais na sua origem. A coordenadora diz ainda que há um plano de apoio da instituição, que é essencialmente dirigido a residentes com idades entre os 18 e os 23 anos.

18 Jul 2016

Slow J – “Cristalina”

“Cristalina”

Se eu disser só
Tudo o que eu pensei
Transformado em voz

Se eu tiver dó e
Vir tudo o que eu neguei
Transformado em nós

Mano, eu nem sei
Eu só tentei
Chegar mais longe sem sensei

Eu supliquei
Por uma gota desse
Soro que te dei

E veio o choro
Socorro
Salvei mentira e morro

Sufoco
De um louco
Ser Cristalina é pouco ou…

Se ele quebrar
Não resistir
Se eu só calar, para te ver sorrir

Para sobreviver
Matar e morrer
é fundamental

Slow J

18 Jul 2016

Palácio imperial do Japão nega que imperador tinha intenção de abdicar

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]imperador do Japão não tem intenção de abdicar, afirmou ontem o Palácio Imperial após notícias de que Akihito exprimira o desejo de encurtar o reinado, algo raríssimo na longa história do Trono do Crisântemo.
“Não é de todo verdade”, afirmou na noite de quarta-feira, aos jornalistas, Shinichiro Yamamoto, um alto responsável da casa imperial japonesa.
A cadeia de televisão pública NHK, citando fontes do palácio, informou na tarde de quarta-feira que o imperador, de 82 anos, pretendia abdicar, intenção que teria comunicado à mulher, a imperatriz Michiko, e ao filho e príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, e adiantou que o octogenário iniciara já os preparativos para garantir uma sucessão estável.
A agência noticiosa Kyodo também revelou informações semelhantes.
A actual lei sobre a casa imperial, que rege o estatuto jurídico do imperador, não prevê um mecanismo legal de abdicação, pelo que seria necessária uma revisão do diploma para satisfazer essa eventual vontade.
Se Akihito abdicasse seria a primeira vez que tal ocorreria na linha de sucessão imperial nipónica desde a do imperador Kokaku, em 1817.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, recusou ontem tecer comentários, invocando o carácter sensível do assunto, assim como o porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga.
Yomiuri Shimbun, um jornal de grande tiragem, noticia ontem que o Governo abordou, em segredo, essa possibilidade.
Akihito chegou ao trono aos 55 anos, a 7 de Janeiro de 1989, após a morte do pai, o imperador Hirohito.
Foi o primeiro a chegar ao trono desde a entrada em vigor da nova Constituição nipónica, aprovada em 1947, após o fim da ocupação norte-americana na sequência do final da Segunda Guerra Mundial.
Os cinco anteriores imperadores do Trono do Crisântemo morrerem em funções: Hirohito (1926/1989), Taisho (1912/1926), Meiji (1867/1912), Komei (1846/1867) e Ninko (1817-1846).
 

15 Jul 2016

Mar do Sul | Pequim promete agir perante provocações

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim prometeu ontem dar “uma resposta determinada” a todos os “actos de provocação” no Mar do Sul da China, dias depois de o tribunal internacional ter considerado ilegítimas as reivindicações chinesas sobre a disputa territorial com as Filipinas.
“Se alguém tomar algum acto de provocação contra os interesses de segurança da China, com base na sentença, a China dará uma resposta determinada”, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, durante uma conferência de imprensa.
A China reagiu furiosamente à decisão do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, considerando-a ilegal e referiu que a sentença “não terá nenhum efeito sobre a política da China”, noticiou a agência AFP.
Pequim reivindica a soberania sobre 2,6 milhões de quilómetros quadrados do Mar do Sul da China, de um total de quase três milhões, contra outros países que fazem fronteira como as Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei, tendo como argumento uma linha que surge nos mapas chineses desde 1940.
Os chineses alegam ter sido os primeiros a descobrir, nomear e a explorar aquela região estratégica, quer a nível militar, quer a nível económico.
O TPA decidiu na terça-feira a favor das Filipinas no caso das disputas territoriais no Mar do Sul da China, apesar de Pequim insistir que não aceita a mediação de terceiros.
A China tem investido em grandes operações na zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas, com pretensões militares, referiu a AFP.
Pequim iniciou exercícios militares no norte do Mar da China Meridional na semana passada, ao mesmo tempo que a marinha norte-americana, com base no Pacífico, anunciou o destacamento de porta-aviões para reforçar a segurança.
Washington já referiu não querer tomar posição nestas disputas, mas a marinha norte-americana tem reforçado a presença de navios de guerra e aviões militares na zona contestada.
 

15 Jul 2016

Chinês condenado a quase quatro anos de prisão por espionagem

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m cidadão chinês foi condenado a perto de quatro anos de prisão nos Estados Unidos da América por espionagem que envolveu informação militar norte-americana, revelaram as autoridades dos EUA na quarta-feira.
De acordo com a sentença divulgada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América, Su Bin, de 51 anos, roubou “informação militar sensível” e colocou-a ao serviço da China.
O homem foi condenado a 46 meses de prisão.
“A condenação de Su Bin é um castigo pela sua participação confessa numa trama de ‘hackers’ orquestrada pela Força Aérea do Exército Popular de Libertação [forças armadas chinesas] para roubar informação militar norte-americana sensível”, disse John Carlin, assistente do procurador-geral dos EUA.
“Su ajudou os ‘hackers’ militares chineses a aceder e a roubar informação sobre planos de aeronaves militares que são essenciais para a nossa segurança nacional”, acrescentou.
Su Bin foi detido em 2014 no Canadá e, em Março passado, no âmbito de um acordo com as autoridades norte-americanas, confessou ter conspirado com dois militares chineses com o objectivo de obter de aviões de combate dos EUA e de aeronaves de transporte militar.
A imprensa estatal chinesa referiu-se recentemente a Su Bin como um herói.
“Mostramos a nossa gratidão e o nosso respeito pelo serviço que prestou ao nosso país”, escreveu em Março, num editorial, o Global Times, jornal do grupo Diário do Povo, órgão central do PCC.
 

15 Jul 2016

Os sons nunca ouvidos

*por Fa Seong

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau, esta pequena cidade próspera e internacional, aparentemente tem tudo: grandes receitas, grandes casinos, grandes edifícios de luxo, segurança social, qualidade de vida (para alguns), pessoas de diferentes países… Mas o facto é que um espaço não pode ser meramente os seus aspectos especiais, os não vulgares, ou que apenas não trilham o caminho comum.
É triste, bem triste, quando ouço que determinadas lojas vão fechar a porta em Macau. Não estou a falar de lojas de marca, nem restaurantes que ofereçam set lunch para aumentar o volume de negócios, mas sim lojas que vendem artigos antigos, produtos criativos e artísticos, ou desta vez, uma loja onde se vendiam discos de música independente. E é este o foco desta minha crónica.
Chama-se Pin-to Música e é (ou era) uma loja escondida no Leal Senado. A entrada e o corredor do edifício onde fica é sempre utilizada por uma sapataria do primeiro andar para colocar cartazes e promover a sua mercadoria “tão barata” (99 patacas). Paisagens que nada combinam com a livraria Pin-to, mesmo no outro lado da sapataria, nem com a loja de música do andar de cima.
Não sei se algum dos caros leitores já teve a oportunidade de ir a essa loja de música, que tem precisamente dez anos de história. A livraria até é conhecida pelas pessoas de Macau – pelos menos todas as vezes que fui lá não fui a única cliente, havia vários outros a escolher livros, a ler livros no sofá ou a brincar com os dois gatos que lá habitam).
Regressei à Pin-to Música há mais de meio ano. O espaço pequeno e super calmo, é um sítio onde se pode ouvir música bem especial: electrónica, Jazz, clássicos experimental… Mesmo que sejam tipos de música que não costumo ouvir nem conheço bem, no momento em que entrei na loja senti-me confortável e especial. Acho que se deve ouvir música sem limites e, com a minha curiosidade de sempre, gosto de conhecer diversos tipos de música.
Mas a página do Facebook da loja trouxe notícias tristes na semana passada. A Pin-to Música vai fechar a porta no fim deste mês, porque o senhorio não renovou o contrato de arrendamento.
“(A abertura da) Pin-to Música foi uma decisão pessoal, caprichosa e inoportuna. Felizmente, nestes anos, a música funciona de acordo com os seus passos. Mas finalmente vamos sair deste pequeno espaço que conseguimos com esforço há dez anos”, escreveu o dono no facebook.
Sem hesitar muito, essa novidade motivou-me a dar mais uma volta à loja. Como de costume, na Pin-to Livros havia vários clientes, mas ao entrar na Pin-to Música, apenas estava a funcionária, sozinha, com a música.
Era para conversar com o dono mas ele não estava, pelo que acabei por falar com a funcionária. Pedi para que me recomendasse uns CDs, preferencialmente de música bem ligeira, e ela apresentou-me uma cantora de Inglaterra e um CD de mistura de piano, guitarra e outros instrumentos.
Durante a escolha, aproveitei para conversar com a jovem funcionária. Para ela, ali não há diferença entre os dias úteis e os fins-de-semana, porque todos os dias são iguais – com poucos clientes. Ela compreende, porque considera que em todo o mundo o mercado de livraria é sempre maior do que o da venda de CDs.
Quis saber qual é o plano depois do fecho da loja, mas a funcionária não quis falar mais sobre isso. Só através do Facebook consegui saber mais. Para o dono, a abertura da loja foi um “acto experimental”. Queria saber como é que neste mercado de música tão pequeno em Macau, as músicas que ele escolhe trazem repercussões ou ressonâncias. Confia que “cada pessoa, desde que aberta a isso, pode sentir a beleza de música” e é possível encontrar amigos do peito mesmo que se goste de música tão pouco popular. E isso tornou-se até o lema que ensinou aos seus funcionários: “apresentar músicas pouco populares com uma atitude amigável”, partilhou no Facebook.
Aprecio muito o espírito do dono: tem recursos limitados e enfrenta este mercado de “lei da selva” (em chinês弱肉強食), mas conseguiu fazer o que gosta, contrariando a regra de criar negócios iguais aos outros e dando, ao mesmo tempo, oportunidade para que sons pouco conhecidos pudessem “estrear” neste território.
“Há quem considere que aquelas músicas são tão insignificantes que não têm nenhuma força de influência, mas para nós deixar aquelas músicas expressarem-se é o significado da abertura da loja”, disse.
Como não sei se posso ainda passear numa loja de música deste estilo comprei ambos os CDs que a funcionária recomendou e tentei mudar um pouco o hábito de, quando quero ouvir música, abrir o YouTube ou uma aplicação no telemóvel. Regressei a um momento que me faz feliz: pôr o CD na aparelhagem durante uma tarde preguiçosa.

15 Jul 2016