Projecto dedicado à gastronomia internacional passa pela RAEM

Gonçalo Loureiro e João Delicado são os mentores do projecto que quer pôr o mundo a saber o que nele se come, sendo Macau o ponto de partida numa “feliz coincidência”, dado o simbolismo que acarreta

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Nas bocas do mundo” é o projecto de Gonçalo Loureiro e João Delicado, iniciado há cerca de dois anos e meio, que pretende abordar “tudo aquilo que anda literalmente nas bocas do Mundo” como sobressai na apresentação do blogue que concretiza o projecto. O primeiro, publicitário e crítico gastronómico, também colaborador da revista Sábado, e Luís Delicado, colega do mundo da publicidade, querem, através de imagens textos e vídeos, contar as histórias cujo enredo consista “nos segredos da gastronomia no mundo”, como diz Gonçalo Loureiro ao HM.
Foi com a introdução do vídeo que João Delicado foi convidado a participar: esta é uma plataforma importante em que, através do registo multimédia, é possível “transportar as pessoas aos lugares”, como afirma João Delicado.
Sendo seu intuito percorrer os sabores do mundo, muitos têm sido os esforços para que, nas suas tentativas de apoio, sejam vistos enquanto mais que “uns miúdos que querem comer e beber”, como diz um dos mentores referindo-se às dificuldades que têm tido no que respeita à aquisição das ajudas necessárias à continuidade do projecto.
No entanto, e numa “feliz coincidência”, a primeira resposta de interesse veio de Macau por parte do Rudolfo Faustino, coordenador do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal, que considerou relevante esta iniciativa de querer conhecer e divulgar “mais do que os casinos, museus ou os pastéis de nata de Macau”, adianta Gonçalo Loureiro ao HM. COMIDAS_JOAO_DELICADO_2
Para os criadores do projecto, a região tem ainda um interesse simbólico a ter em conta, na medida em que terá sido um importante ponto de chegada da gastronomia portuguesa e sendo agora o ponto de partida deste projecto na sua incursão por terras mais distantes.
Sem perder a oportunidade, Gonçalo Loureiro e Luís Delicado põem as mãos à obra e tiram férias para vir trabalhar. Ficaram cinco dias na região e, sem serem derrotados pelo jet lag, afirmam a gratificação que sentem com a abordagem nos sabores locais.

Da rua ao luxo

Em Macau, imperou o improviso num conjunto de experiências que andaram desde a comida de rua aos mais prestigiados restaurantes. Num primeiro momento, com a condução do chef Martinho Moniz, puderam ir à pesca com os pescadores locais e daí, em cooperação com uma loja de comida de rua, fizeram a tradicional cataplana portuguesa, tendo sido também confeccionada a feijoada macaense.
Gonçalo Loureiro adianta ainda a surpresa sentida quando verificaram o “crescente número de pessoas que os iam rodeando movidas pela curiosidade”.
Por outro lado, e com o gastroenterologista Shee Vá, surgiu a ideia que “no fundo dá mote a toda a iniciativa,” de fazer uma “viagem” que percorra a cozinha de Macau nos estômagos de cada um, sendo que foi ainda uma oportunidade de perceber tanto a autenticidade, como a segurança do que se vai ingerindo com a “comida de rua”. A experiência permitiu ao mesmo tempo salientar outros aspectos, como a ligação que sentiram entre as duas culturas – Portugal e Macau – ilustrada com as semelhanças sentidas entre mercearias e farmácias da medicina tradicional chinesa, bem como este “interface entre a gastronomia e a medicina”. COMIDAS_JOAO_DELICADO_3
O “Tacho” não foi esquecido e terá sido apreciado por ambos aquando do seu conhecimento por Florinda Morais Alves, da Confraria da Gastronomia Macaense, em que se fica com a sensação, dizem, de “um cozido à portuguesa de cá”.
Pela passagem de Macau fica ainda a ideia da necessidade de mais promoção da gastronomia macaense e de Macau, sendo que aqui a comida está “no melhor que se poderá encontrar na Ásia”. Além disso, diz, há que perceber que “as tradições da terra” se possam diluir, remata Gonçalo Loureiro.
Os dois mentores do “Bocas do mundo” chegaram a Macau, já passaram por Hong Kong e estão agora na Tailândia, sendo que a descoberta dos segredos das mesas onde se vão sentando podem ser acompanhados em https://nasbocasdomundo.com.

19 Abr 2016

Justiça | Joana Marques Vidal quer aprofundar cooperação

A Procuradora-geral da República portuguesa, Joana Marques Vidal, iniciou ontem uma visita oficial a Macau e garantiu que a cooperação vai ser reforçada nas áreas da corrupção e formação de magistrados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, disse ontem que o Ministério Público (MP) está disponível para aprofundar a cooperação com Macau em áreas como a luta contra a corrupção ou a formação de magistrados. Joana Marques Vidal iniciou uma visita a Macau com um encontro com a Associação dos Advogados de Macau (AAM).
À saída da reunião a PGR disse à agência Lusa que “o Ministério Público está consciente e percebe” a importância do legado [do Direito de Macau] e da manutenção da cooperação com as autoridades de Macau, que a AAM e outras vozes no território têm sublinhado, sobretudo nos últimos meses, na sequência da notícia avançada pelo HM sobre a não renovação de licenças ao abrigo das quais magistrados portugueses exercem funções em Macau.
“O MP está consciente e percebe essa importância e está disponível para aprofundar essa cooperação que pode passar por muitas formas”, como “acordos de cooperação na luta contra a corrupção” ou pela “formação de magistrados”, disse Joana Marques Vidal, prometendo novas declarações para depois de se reunir com o Procurador de Macau, Ip Son Sang, encontro que decorre hoje.
Joana Marques Vidal referiu que ouviu da AAM “o interesse na manutenção da cooperação com o MP”, tendo havido uma troca “de impressões” sobre “a forma como essa cooperação se pode concretizar”. A PGR manifestou também a “intenção de continuação do bom relacionamento e das relações institucionais e não institucionais” entre a associação e a Procuradoria-Geral da República portuguesa.
A PGR convidou, neste âmbito, o presidente da Associação, Jorge Neto Valente, a ir a Lisboa para se reunir com os órgãos do MP e da Procuradoria. “E continuaremos depois, após isso, o aprofundamento deste relacionamento”, acrescentou.

“Uma honra”

Jorge Neto Valente, presidente da AAM, disse à Lusa que, “sobretudo, foi uma honra” receber a PGR e que está satisfeito e optimista em relação à cooperação entre as autoridades de Macau e as de Portugal.
“É sempre útil podermos ter a oportunidade de trocar impressões e ver que há uma comunhão fácil de pontos de vista sobre a colaboração com o MP e a necessidade de trazer para Macau magistrados do MP da República portuguesa”, afirmou.
Joana Marques Vidal está até amanhã em Macau, a convite das autoridades do território. No âmbito desta “visita oficial”, foi mandatada pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) para “estabelecer com as autoridades da RAEM um acordo relativo ao exercício de funções de magistrados do Ministério Público em tal região”.
“Esta visita oficial tem como objectivo prosseguir o aprofundamento da cooperação judiciária entre os dois Ministérios Públicos, designadamente no âmbito da formação de magistrados e do combate à corrupção e ao branqueamento de capitais. Será igualmente abordada a matéria relativa ao exercício de funções de magistrados do MP de Portugal na RAEM”, lê-se ainda numa nota da Procuradoria portuguesa.
Depois de Macau, a PGR segue para Pequim, na sequência de um convite da Suprema Procuradoria da China, segundo explicou à Lusa. HM/LUSA

18 Abr 2016

Biblioteca de Macau lança semana para promoção da leitura

Arranca no próximo sábado a Semana da Biblioteca de Macau, pelas 11h00 horas, no edifício do Antigo Tribunal. O dia serve, ao mesmo tempo, para comemorar o Dia Mundial do Livro, que se celebra anualmente nesta data, e dá início para uma série de actividades que visam a promoção de hábitos de leitura.
A iniciativa é subordinada ao tema “Livros que Aguardam a Sua Abertura”, compreendendo uma série de actividades de promoção da leitura a realizar durante os meses de Abril e Maio. As principais actividades estão agendadas entre os dias 23 e 26 de Abril, no edifício do Antigo Tribunal, e incluem acções organizadas pela Biblioteca Pública de Macau – com “Troca de Livros”, “Venda de Revistas Arquivadas para Fins de Caridade”, “Livros Livres” e “Workshop de Histórias Pop-Up” -, actividades organizadas pela DSEJ – com o “Workshop de Acessórios de Leitura”, a “Oficina de Manipulação de Balões” e o “Workshop de Barro Leve” e que são dirigidas a crianças acompanhadas pelos pais – e ainda as “Cabines de Jogos de Leitura” e a “Exposição de Fotografia de Bibliotecas Mundiais”, promovidas pela Associação de Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau.
Também na agenda estão programas de extensão nos meses de Abril e Maio, nos quais se incluem o “Teatro de Marionetas de Livros Pop-up”, a “Cerimónia de Entrega de Prémios do Concurso Criativo (Macau) do Dia Mundial do Livro 23/04/2016 da Província de Cantão, Hong Kong e Macau”, a palestra “À Conversa com Celebridades”, o programa de promoção da leitura nas escolas, a “Exposição de Obras de Shakespeare”, o Concurso Infantil de Coloração e o 6º Concurso de Conhecimentos para Trabalhadores Voluntários e Trabalhadores-Estudantes da Biblioteca de Macau. A entrada é livre.

18 Abr 2016

Deficientes | Novo centro para crianças em funcionamento para o ano

[drocap style=’circle’]S[/dropcap]ão, no total, 366 as medidas que compõem o Planeamento dos Serviços de Reabilitação, que se encontra em processo de consulta pública até ao final do próximo mês de Maio. Sem grandes novidades, do grupo de propostas salienta-se um concurso para formação de 200 médicos especializados entre 2014 e 2018, da competência dos Serviços de Saúde (SS), e a redução do tempo de espera de diagnóstico.
Os responsáveis anunciaram que o centro para crianças portadoras de deficiências, prometido pelo Governo, estará pronto até 2017, mas não trará qualquer serviço novo, para além daqueles que já existem no Hospital Conde São Januário.
Choi Siu Un assegura que o plano vai trazer melhorias ao sistema de avaliação infantil, mas pede calma: “É preciso ter paciência. Os pais estão sempre preocupados com o período de avaliação. Os pais querem um diagnóstico, uma avaliação, rapidamente. Compreendemos, mas isso tem que ver com o nosso trabalho no futuro”.
“Para qualquer projecto novo, é preciso desenvolver com base nas coisas existentes. Alguns projectos já estão a ser desenvolvidos, procuramos melhorar”, explicou o Chefe de Departamento de Solidariedade Social, Choi Siu Un, à Rádio Macau.
O responsável do Instituto de Acção Social garante, no entanto, que “há projectos completamente novos”, como a oferta de serviços de reabilitação no Centro de Saúde do Carmo, na Taipa. E isto, destaca Choi Siu Un, é “só um exemplo”.
Está também prevista a interpretação de linguagem gestual em alguns programas de televisão e a criação de normas contra barreiras arquitectónicas em obras públicas ou financiadas pelo Governo.
O responsável explica ainda que qualquer criança com problemas de desenvolvimento recebe o apoio necessário, antes mesmo de haver um diagnóstico. Só que o resultado pode demorar mais de um ano.

18 Abr 2016

Abertas as candidaturas para o MultiFormas 2017

[drocap style=’circle’]E[/dropcap]stão abertas, até 9 de Maio, as candidaturas para a série MultiFormas 2017, numa iniciativa promovida pelo Instituto Cultural com o objectivo de incentivar a criatividade local num convite à exploração de novas possibilidades teatrais capazes de serem levadas a palco no próximo ano.
Este ano, a iniciativa envolve, segundo a organização, consultores artísticos já experientes no que respeita à orientação de sessões criativas e audições internas de modo a incentivar e dinamizar a criatividade, qualidade e praticabilidade das ideias apresentadas sendo que, desta forma, é dada aos finalistas a oportunidade de levarem os seus projectos a esta plataforma especialmente concebida para que possam mostrar o seu talento enquanto ousam explorar novos caminhos performativos.
Os espaços destinados à apresentação teatral não se resumem a um único local estando disponíveis diversas opções que incluem o Pequeno Auditório, a sala multi-usos ● ART, ou espaços ao ar livre de modo a dar um leque mais abrangente para as necessidades artísticas e criativas dos candidatos bem como estabelecer uma maior proximidade entre o palco e o público, adianta a organização.
As produções seleccionadas serão apresentadas no Centro Cultural de Macau em Fevereiro de 2017 e o convite é aberto a todos os artistas de Macau das mais diversas áreas.

18 Abr 2016

AFA | Tong Chong expõe pinturas na próxima semana

“Quanto mais depressa correres mais seguro estarás” dá o mote para “The Good World”. A mais recente exposição de pintura de Tong Chong convida a entrar num mundo em que, não havendo mais onde viver, é altura de fugir, de procurar um novo lar, de regressar a uma segurança desejada

[drocap style=’circle’]A[/dropcap]bre ao público no próximo dia 27 de Abril, pelas 18h30, a exposição de pintura de Tong Chong “The Good World”, na Art for All Society (AFA). A mostra inclui um total de 26 trabalhos da série “Wilderness”.
Nascido em 1977, Tong mudou-se para Macau em 1984 e tem-se dedicado à criação artística há mais de dez anos, tendo neste momento e segundo a organização, um papel central na arte contemporânea da região. O nome da exposição é inspirado no Cantonês “zau dak fai, ho sai gaai”, cujo significado será “quanto mais depressa correres, mais seguro estarás”. AFA_AFA
Ao olhar para as criações de Tong podem ser notados alguns elementos humorísticos, sendo que por detrás das suas pinturas há sempre uma questão digna de reflexão, adianta a organização. Tong recorre ao uso de animais enquanto personagens nos seus trabalhos da série “Wilderness”, em que os mesmos apesar de representados com características de felicidade, estão muitas vezes inseridos num fundo desértico e vazio constituindo um conceito marcado pelo contraste em que o artista pretende que o público se debruce, acerca da questão da relação entre o homem e o animal.
Numa sociedade contemporânea em que os desenvolvimentos tecnológicos também abarcam o levantamento de questões e dilemas relativos ao progresso e com o aumento das necessidades das pessoas, os animais que anteriormente viveriam entre a natureza também têm que mudar hábitos. Nas pinturas de Tong estes animais são representados constantemente a correr, a fugir, como quem perdeu o seu lar.
“Zau dak fai, ho sai gaai”, pode assim ser interpretado como aquando da chegada de problemas o melhor será fugir enquanto possível, levantando ainda a questão de se haverá ou não algum lugar de destino a salvo.
A exposição estará patente até 21 de Maio e conta com entrada livre.

18 Abr 2016

Céu – “Perfume do Invisível”

“Perfume do Invisível”

No dia em que eu me tornei invisível
Passei um café preto ao teu lado
Fumei desajustado um cigarro
Vesti a sua camiseta ao contrário
Aguei as plantas que ali secavam
Por isso o cheiro impregnava

O seu juízo
O meu juízo
Invisível
E o mundo a meu favor
Para me despir
E ser quem eu sou
Logo que o perfume do invisível
Te inebriou
Você me viu
E o mundo também
E o que tava quietinho ali
Se mostrou, meu bem…

Céu

16 Abr 2016

Índice de preços turísticos cai

O Índice de Preços Turísticos (IPT) voltou a cair no primeiro trimestre deste ano, depois de em 2015 ter registado a primeira diminuição desde que é divulgado. O IPT caiu 6,67% em comparação com o primeiro trimestre de 2015 e 3,43% em relação aos três meses anteriores, segundo dos dados divulgados pelos serviços de estatística.
O decréscimo mais acentuado foi nos preços dos alojamentos em que a queda foi de 23,80% em relação aos mesmos meses de 2015 e de 11,81% comparando com o trimestre anterior.
Mantém-se assim a tendência de queda iniciada no terceiro trimestre de 2015 dos preços dos bens e serviços adquiridos pelos visitantes.
Em 2015, o PIB de Macau caiu 20,3%, naquela que foi a primeira contracção anual da economia desde 1999.

15 Abr 2016

25 de Abril | João Afonso actua terça-feira no CCM

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] músico português João Afonso vai actuar em Macau na próxima terça-feira, num concerto integrado nas comemorações do 25 de Abril em que vai dar a conhecer o seu mais recente álbum “Sangue Bom”. O álbum foi editado em Fevereiro de 2014 e é constituído por 14 canções, todas compostas por João Afonso, exclusivamente com poemas dos escritores José Eduardo Agualusa e Mia Couto, de quem é amigo e “grande admirador das suas obras”.
“Neste concerto vamos apresentar as canções de ‘Sangue Bom’ mas iremos também viajar no universo do meu trabalho, desde [o álbum] ‘Missangas’, e apresentar canções do meu tio José Afonso relacionadas com o 25 de Abril e com a liberdade”, disse à agência Lusa João Afonso.
“Sangue Bom” é o sexto álbum de João Afonso, seguindo-se a “Missangas” (1997), “Barco Voador” (1999), “Zanzibar” (2002), “Outra Vida” (2006) e “Um Redondo Vocábulo” (2009).
“Com a excepção de ‘Um Redondo Vocábulo’, que se compõe de canções de José Afonso, “Sangue Bom” tem a particularidade de não ter palavras ou textos meus, ao contrário dos restantes CD. Este trabalho tem músicas minhas sobre os poemas de dois grandes escritores e grandes amigos: José Eduardo Agualusa e Mia Couto”, destacou.

Macau no coração

Com várias passagens por Macau e outras partes da Ásia, o músico recordou a actuação na RAEM em 2008 com o pianista João Lucas para fazer a apresentação do trabalho “Um Redondo Vocábulo”.
“Macau está presente na minha vida e no meu imaginário desde sempre pois o meu pai viveu aí na infância e ainda hoje tenho familiares muito próximos e alguns amigos em Macau. No ‘Barco Voador’ tenho uma canção dedicada a Macau chamada ‘Rio das Pérolas’”, afirmou. “Todos os públicos são especiais e com características diferentes. Macau é particular e, apesar da distância geográfica, sinto que há uma atenção especial pelo que se faz em Portugal. Tenho sido sempre recebido com muito carinho por um público atento e participativo com o qual tenho muita vontade de partilhar as novas canções”, acrescentou.
Por outro lado, considerou emocionante cantar e comemorar em Macau a “Revolução da Liberdade”.
O concerto de terça-feira, que acontece no Centro Cultural de Macau às 20h00, é promovido pela Casa de Portugal em Macau. No âmbito das comemorações do 25 de Abril vai ser ainda apresentado um disco com poemas alusivos à data de vários poetas portuguesas e musicados por artistas que trabalham com esta associação, disse a presidente Casa de Portugal, Amélia António, à Rádio Macau. Os bilhetes custam 50 patacas. LUSA/HM

15 Abr 2016

Casa Garden | Exposição de pintura a óleo inaugura na terça-feira

Levou oito anos a ler o livro “O Sonho do Pavilhão Vermelho” e agora retrata-o em diversas pinturas a óleo. Obras para ver na Casa Garden a partir da próxima semana

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] galeria principal da Casa Garden vai inaugurar a 19 de Abril, pelas 18h30, a exposição de pintura a óleo de Zhang Bin “O Sonho do Pavilhão Vermelho”, numa iniciativa da Fundação do Oriente. Segundo o curador Yao Feng, esta exposição tem origem num desafio a que o artista se propôs para uma interpretação do livro homónimo do título da exposição.
O “Sonho do Pavilhão Vermelho” de Cao Xueqin é um livro clássico com uma forte conotação cultural. “Na China, não há nenhuma outra obra de literatura que expresse de forma tão magistral a beleza da natureza humana como este livro”, acrescenta o curador, sendo que existe um grande número de artistas na área da literatura, pintura, teatro, cinema e outras formas de arte que têm interpretado este clássico da literatura. Em forma de pintura, Zhang Bin é um dos poucos que terá posto mãos à obra.
“Não importa de que forma, para mostrar o profundo significado do Sonho do Pavilhão Vermelho é preciso lê-lo e amá-lo.” 15416P10T1
Zhang Bin, após oito anos de leitura, mostra agora ao mundo uma série de pinturas inspiradas na obra em que “o objecto da pintura é a alma, tentando, na sua forma original, mostrar uma ideia bonita e irreal através da alternância da cor do mundo, com a expectativa de conduzir o observador através do sonho que ele pretende representar”, remata o curador.

Identidade

O artista é natural da cidade de Harbin e estudou na Faculdade de Design e Belas Artes e no Centro de Artes Performativas em Pequim, de 1989 a 1994. Em 1994, formou-se e foi destacado pelo Governo Central para o “Orient Song and Dance Group” como designer. Tem desempenhado sempre funções de designer e foi responsável pela concepção de palcos em algumas grandes companhias de arte performativa de música e de dança, como a Beijing TV Party, a Shangai TV Party, a Shanghai International Automobile Expo, etc.
Tem exposto na China e em diversas partes do mundo, como nos Estados Unidos, Coreia, etc. As suas obras já foram referidas em diversas publicações e fazem parte de colecções nacionais e estrangeiras.
A exposição estará patente até 19 de Maio e conta com entrada livre.

15 Abr 2016

Mais de 350 punidos por venda ilegal de vacinas na China

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de 350 funcionários chineses foram despromovidos ou afastados por negligência na sequência do desmantelamento de uma rede de venda ilegal de vacinas, no maior escândalo de saúde pública ocorrido na China nos últimos oito anos.
O caso envolve o armazenamento sem condições, transporte e venda ilegal de vacinas – muitas fora de prazo – avaliadas em 570 milhões de yuan, segundo a imprensa estatal.
Na sequência do desmantelamento daquela rede, que operava desde 2011 em 24 províncias e cidades, entre as quais Pequim, a polícia chinesa deteve já 202 pessoas e abriu 192 processos criminais.
Funcionários da Administração Estatal de Alimentação e Fármacos e da Comissão Nacional da Saúde e Planeamento Familiar chinês, assim como 17 autoridades locais “serão responsabilizados”, segundo uma decisão do Conselho de Estado chinês.
“A qualidade e segurança das vacinas estão relacionadas com a vida e saúde das pessoas, especialmente das crianças, sendo por isso uma linha vermelha que não pode ser ultrapassada”, lê-se na decisão tomada após uma reunião presidida pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.
O escândalo “expôs uma supervisão negligente das vacinas e a inércia de alguns funcionários”, acrescenta.

Farmacêuticas sob investigação

Entre as vacinas vendidas, destaca-se as contra a poliomielite, raiva, garrotilho, encefalite ou hepatite B.
Segundo a agência oficial chinesa Xinhua, a polícia está a investigar 29 companhias farmacêuticas por alegado envolvimento.
O caso voltou a aumentar a preocupação entre a população chinesa para com a insegurança em vários sectores, como o alimentar.
Em 2008, a adulteração de leite infantil com melanina por 22 marcas locais resultou na morte de seis bebés e em 300 mil intoxicações.

15 Abr 2016

MP Português vai estabelecer acordo com Macau sobre magistrados

Joana Marques Vidal chega a Macau em breve para falar com as autoridades sobre a saída obrigatória de magistrados portugueses do território

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Ministério Público português vai “estabelecer” com Macau um acordo sobre o exercício de funções de magistrados portugueses, segundo informação publicada no último boletim do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP). “O Conselho deliberou, por unanimidade, mandatar a senhora conselheira procuradora-geral da República [Joana Marques Vidal] para estabelecer com as autoridades da RAEM um acordo relativo ao exercício de funções de magistrados do Ministério Público em tal região”, lê-se no boletim, que dá conta das decisões tomadas num plenário realizado na semana passada.
Segundo o mesmo texto, esta deliberação está relacionada com a “visita oficial” que Joana Marques Vidal vai fazer a Macau, anunciada em Janeiro passado. A 26 de Janeiro, o Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) mostrou “total disponibilidade” para substituir os magistrados portugueses que exercem funções em comissão de serviço em Macau, segundo uma informação da Procuradoria-Geral da República à agência Lusa. A informação foi enviada em resposta a questões sobre os magistrados que se encontram em comissão de serviço em Macau a quem o CSMP não pretende renovar a comissão de serviço, como avançado pelo HM.

Dos limites

Na mesma nota, a Procuradoria-Geral da República (PGR) referia que “entende o CSMP que, como acontece em todos os outros casos, tais funções devem ter limitações temporais”. “Isto, sem prejuízo da total disponibilidade do CSMP para autorizar outros magistrados, com iguais qualificações, para o exercício dessas funções”, acrescentava.
O CSMP “tem entendido que as comissões de serviço devem ter uma duração limitada no tempo, tendo mesmo deliberado no sentido da duração da comissão de serviço ser, por regra, de três anos, podendo ser renovada por igual período. Pode ainda ser autorizada, depois, por motivos de excepcional interesse público, nova renovação até ao limite máximo de três anos”, acrescentava a mesma nota.
A PGR referia ainda, no mesmo documento, que a procuradora-geral da República aceitou um convite e se deslocará, nos próximos meses, em visita oficial a Macau, na qual abordará a questão da prestação de serviço de magistrados do Ministério Público português no Ministério Público da região.
Joana Marques Vidal estará em Macau já na próxima semana, onde vai encetar contactos com Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, Chui Sai On, Chefe do Executivo, Ip Son Sang, Procurador da RAEM, entre outros, segundo a rádio Macau.

14 Abr 2016

Exposição da arte de Weingart estará patente em Macau

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura amanhã, pelas 18h30, na Galeria do Tap Seac, a exposição  “Tipografia Weingart” do designer internacional homónimo. Com a exibição de mais de 200 obras, esta mostra foi curada especialmente pelo Museu de Design de Zurique para o artista, sendo que todas as peças são pertença das colecções do próprio museu.
Weingart, segundo a organização, é visto como “enfant terrible da tipografia moderna suíça”, cabendo-lhe ainda o título de mentor da revolução desta arte na medida em que representa a “escrita de um novo capítulo na história internacional do design”. Terá dado início à violação das regras estabelecidas na tipografia a partir de meados dos anos 60, “libertando as letras do espartilho do ângulo recto, reajustando os espaços entre as letras e reorganizando a sua composição topográfica”.
Nos anos 70 começou o processo de transformação de filmes de reticula em colagens depois impressas em offset numa espécie de prelúdio da amostragem digital da “Nova Vaga” pós-moderna, ao mesmo tempo que esgotava a manualidade da impressão tipográfica. São também conhecidos os seus trabalhos posteriores em que faz uso da fotocopiadora nas suas criações. Actualmente é também professor na Escola de Design de Basileia e tem deixado marca em várias gerações de designers.

Mais abrangente

De modo a proporcionar aos visitantes a possibilidade de apreciação da arte e da composição tipográfica característica dos trabalhos do designer, marcada pelo uso da colagem e da combinação de diversas técnicas no desenvolvimento das suas obras, a organização adianta que a exposição foi especialmente concebida de modo a que incluísse um leque abrangente e representativo de trabalhos, tendo sido seleccionadas peças que contemplam diferentes temas entre os quais obras experimentais provenientes do projecto “Composições Circulares” das “Imagens de Linhas” bem como vários estudos e experiências de “ A Letra M” e ensinamentos do próprio autor através de obras dos seus alunos em que o visitante poderá aceder aos seus métodos de ensino.
Este evento é organizado pelo Instituto Cultural e conta com o apoio do Consulado Geral da Suíça em Hong Kong e Macau, do Instituto de Design, o Instituto de Educação Vocacional e da “Conecting Spaces” e estará patente até 12 de Junho, com entrada livre.

14 Abr 2016

Música | Rádio Macau convida população a assinalar dia do disco

Idos os tempos de andar na rua com o disco debaixo do braço para emprestar ao amigo, há ainda quem não queira deixar este objecto de lado. O “Record Store day” existe para o lembrar e o território também quer fazer parte. Assim, a Rádio Macau vai dar essa possibilidade a quem quiser mostrar o seu vinil preferido, num programa durante todo o dia de amanhãPessoal e transmissível

O convite é “mesmo para todos” e as escolhas são pessoais, do mais antigo ao mais recente amante do vinil e aos djs que possuem colecções substanciais. Os interessados devem dirigir-se amanhã ao longo do dia, de vinil na mão, às instalações da Rádio Macau, no sétimo andar do Edifício Nam Kwong.
O “Record Store Day” foi criado em 2007 por um conjunto de lojas de discos independentes e dos seus funcionários de forma a celebrar e divulgar a sua cultura única. O primeiro foi celebrado a 19 de Abril de 2008 e desde aí todos os terceiros sábados desse mês são festejados, sendo que actualmente a comemoração já cobre o mundo inteiro. O dia é ainda assinalado com a promoção das mais diversas iniciativas que incluem vários eventos, lançamentos de edições especiais de CDs e vinil e de produtos promocionais associados.


14 Abr 2016

Quarto caso de dengue importado

Os Serviços de Saúde (SS) confirmaram esta terça-feira a detecção de um caso de febre de dengue importado, o quarto registado. O caso foi detectado numa mulher com 35 anos de idade, residente na Avenida do Almirante Lacerda, que esteve na Malásia de 24 a 28 de Março deste ano. Após regressar à RAEM, a 3 de Abril, a doente manifestou entre outros sintomas, febre, dores de cabeça e musculares. A 9 de Abril, após a febre ter baixado, apresentou erupções cutâneas nos quatros membros. O Laboratório de Saúde Pública confirmou os resultados positivos a dengue. O caso foi classificado como o quarto importado na RAEM desde o início do ano.

14 Abr 2016

ILCM | Óscares para angariar fundos

O International Ladie’s Club of Macau (ILCM) vai promover no próximo sábado, o “Oscar Charity Ball” a decorrer no Studio City, em mais uma iniciativa de recolha de donativos para fins de caridade.
Neste baile, a ILCM pretende recriar o ambiente associado à cerimónia dos Óscares convidando todos os interessados em participar a caprichar na apresentação, não só enquanto participantes de “gala” como também se quiserem “vestir a pele” das suas estrelas do cinema ou dos seus filmes de eleição nomeados para a estatueta.
Segundo a organização, o clube, surgido em 1082 com o objectivo de ajudar os recém-chegados a Macau a estabelecerem-se, vive de trabalho voluntário contando já com cerca de 300 membros de cerca de 25 nacionalidades.
De modo a promover o sentimento de pertença a Macau, todos os anos o ILCM promove acções de angariação de fundos com fins de caridade sendo o “Oscar Charity Ball” de grande importância na medida em que o Clube estima angariar cerca de um milhão de patacas numa altura em que teme que os fundos governamentais para actividades de caridade venham a descer. A inscrição tem um valor de 1600 patacas por pessoa, que irá na totalidade para ajudar quem mais precisa e que incluem vinho e cerveja, bem como a entrada na discoteca Pacha.

14 Abr 2016

Patrick Deville na Livraria Portuguesa este sábado

[dropcap]O[/dropcap] autor francês Patrick Deville vai estar na Livraria Portuguesa no próximo sábado, pelas 18h00 para uma conversa acerca do seu percurso enquanto autor, do seu trabalho e do projecto “Casa dos Escritores e Tradutores Estrangeiros”. Numa iniciativa promovida pela Alliance Française de Macau, em conjunto com o Festival Literário Rota das Letras, os interessados poderão conhecer mais detalhadamente Patrick Deville e o que é, para ele, ser também escritor de viagens.

Segundo a organização, Deville não escreve histórias de viagens, mas sim crónicas protagonizadas por personagens excepcionais, que o autor vai procurando aquando das suas deslocações.

Também director da “Casa dos Escritores e Tradutores Estrangeiros” em França, cargo que “encaixa nesta sua paixão pelas histórias de outros lugares”, este é ainda o lugar que representa uma espécie de “céu que dá as boas vindas a autores de todos os cantos do mundo” enquanto também organiza colóquios, tem a seu cargo a publicação de uma revista e diversos textos bilingues.

O seu trabalho “Peste e Cólera”, que retrata a vida de um bacteriologista, é considerado um dos seus mais relevantes romances estando nomeado para diversos prémios literários tendo sido já galardoado com o prémio Fnac e Femina. Esta é ainda uma ocasião para os interessados em ter esta obra ou o livro Kampuchea autografado pelo autor. A entrada é livre.

13 Abr 2016

iAOHiN | Exposição de arte tradicional e proibida marca reabertura

Para dar a conhecer um Tibete longínquo, chega a Macau a arte dos mosteiros lado a lado com o trabalho de artistas contemporâneos filhos da terra, enquanto exilados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Galeria iAOHiN vai reabrir após remodelações com a inauguração de uma exposição dedicada ao Tibete. Agendada para 22 de Abril às 18h00, a mostra “Tibete Revelado: um olhar profundo da arte do topo do mundo” tem entrada livre e, segundo a iAOHiN, muito para além do aspecto religioso, a arte tibetana do séc. XXI será apresentada de modo a dar a conhecer o espírito multifacetado da região, num caminho que vai desde as pinturas de rolo budistas oriundas de mosteiros remotos ao “olhar” de artistas agora exilados.
Tendo em conta a procura, nomeadamente, ocidental, do “exotismo” da cultura tibetana é objectivo desta exposição dar a conhecer a mesma através de diferentes abordagens.
Para Simon Lam, curador da exposição onde estarão patentes cerca de 20 pinturas contemporâneas e 30 pinturas de rolo, os chamados Thangka, a galeria pretende mostrar “como a cultura e a religião tibetana estão preservadas tanto na região como no exílio, como é que os tibetanos vivem e como a sua história é vista na sua perspectiva”.

Dos Thanka à arte contemporânea

A tradição centenária criada pelos monges budistas e com transmissão geracional, representada pelos Thanka, conta com trabalhos mais antigos cedidos pela Instituto de Arte Étnica de Pequim, alguns dos quais da altura da dinastia Qing. Peças mais recentes vêm do mosteiro de Wutun em Rebgong conhecido pela sua tradição no ensino desta arte.
Paralelamente aos Thanka estão os trabalhos, agora pela primeira vez apresentados em solo chinês, de artistas contemporâneos da região que estão exilados. O que, segundo o site da galeria, “espera pôr a mexer a controvérsia e testar o sistema independente de Macau” dada a sua proibição em território continental.
Tashi Norbu, artista da diáspora tibetana com cidadania belga e neste momento a viver e trabalhar na Holanda, cresceu na arte tradicional dos Thanka nos escritórios do Dalai Lama em Dharamsala, na Índia. Terminou a sua formação na Academia de Artes Visuais de São Lucas, Bélgica, e tem vindo a desenvolver trabalho numa perspectiva abrangente onde cabem as suas primeiras influências tradicionais ligadas ao Budismo e ao Tibete mescladas com os conhecimentos e a arte ocidental.
Tashi Norbu virá directamente da semana da Ásia em Nova Iorque para a RAEM e irá levar a cargo um workshop para crianças a 23 de Abril, também na galeria.
Também em exposição e vindos do Museu Rubin de Nova Iorque estarão trabalhos de Rabkar Wangchuk, que têm vindo a correr mundo. Filho de pais refugiados, o artista estudou Filosofia Budista Tibetana durante 17 anos na Universidade Tantrica Gyudmed, também na Índia, onde recebeu formação na pintura dos Thangka e desenvolveu trabalho na escultura em madeira e areia, nos mandalas de areia e arquitectura Stupa. Ao longo dos anos muitas têm sido as suas influências, entre as quais Dali, Gaugin ou Picasso.
Segundo a organização, de destaque é também a presença de três obras da colecção pessoal do artista de renome internacional Karma Phuntsok, agora exilado na Austrália. Nascido em Lhasa em 1952 também estudou pintura Thanka, no Nepal, depois do refúgio na Índia, e vive actualmente na Austrália. Diz a galeria que a “beleza e riqueza do seu trabalho é influenciada pela diversidade das suas experiências de vida desde a infância no Tibete sob a opressão chinesa, até à vida de refugiado na Índia, à vida actual no ‘bush’ australiano e a veneração que tem ao Dalai Lama”.
A exposição estará patente até 20 de Junho e conta com entrada livre.

13 Abr 2016

Um mau poema, as reformas da língua chinesa e a censura 誓食十獅

* por Julie O’Yang

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]ualquer chinês culto gostaria de proferir a seguinte afirmação: “Muita gente não se apercebe de que o sistema de escrita chinês é o principal sustentáculo de uma civilização que tem continuado ao longo de 5.000 anos”. Sendo falsa, é uma mentira com boas intenções, embora incultas. O que tem continuado não é uma civilização – as civilizações chinesas (plural) são suficientemente diversas para se afirmarem individualmente – mas sim um sistema de escrita único – o sistema hanzi 汉字: os caracteres chineses – que persistem há mais de 2.000 anos, desde o séc. III AC, até aos nossos dias. O primeiro imperador Qin, fundador desta Dinastia, introduziu várias reformas: a moeda e os pesos & medidas foram padronizados e um sistema de escrita uniforme foi estabelecido. Desde então, o sistema de escrita Qin tem funcionado como o cimento cultural que manteve, e continua a manter, unida uma vastidão de diferentes povos falantes de outras tantas línguas. (O Imperador Qin lançou também as bases do grande projecto de defesa do país, a famosa Muralha da China.)
Mas então, o que vem a ser o Pinyin ou Hanyu Pinyin 汉语拼音?
Pinyin é a forma romanizada dos caracteres chineses. O sistema Hanyu Pinyin foi desenvolvido na década de 50 do séc. XX, baseado em formas anteriores de romanização, que remontam aos finais do séc. XVI, quando os primeiros Jesuítas italianos chegaram à China. O sistema Pinyin oficial foi implementado pelo Governo chinês em 1958, tendo sido várias vezes revisto. Embora continue a ser controverso, o sistema Hanyu Pinyin não deixou de ser bem-sucedido. O Pinyin sem a sinalética dos tons é muitas vezes usado em publicações estrangeiras para soletrar nomes chineses e pode servir como método para introdução de caracteres chineses em computadores.
E, no entanto, poucos sabem que a romanização foi de facto um dos sonhos da China moderna. Teve início quando um proeminente líder do Novo Movimento Cultural, Lu Xun (anos 10 e 20 do séc. XX), declarou: “Se os caracteres chineses não forem abolidos, a China irá sem dúvida falhar.” O movimento Latinista não teve nessa época tanto impacto como 100 anos antes, mas manteve um acentuado gosto esquerdista e, em Janeiro de 1941, o Presidente Mao escreveu a famosa frase: “Quanto mais implementarmos e divulgarmos o movimento Latinista, melhor!” O alcance das palavras de Mao manteve o seu impacto junto da intelligenzia chinesa até aos anos 80, altura da Reforma para a Abertura.
O poema que transcrevo a seguir pode explicar porque é que a romanização não é uma ideia a reter:

Chinês Tradicional
《施氏食獅史》
石室詩士施氏,嗜獅,誓食十獅。
氏時時適市視獅。
十時,適十獅適市。
是時,適施氏適市。
氏視是十獅,恃矢勢,使是十獅逝世。
氏拾是十獅屍,適石室。
石室濕,氏使侍拭石室。
石室拭,氏始試食是十獅。
食時,始識是十獅屍,實十石獅屍。
試釋是事。

Tradução
«O Poeta que Comia Leões na Caverna de Pedra»
Numa caverna de pedra vivia um poeta com o apelido Shi,
viciado em carne de leão. Um dia resolveu comer dez.
Ia muitas vezes ao mercado à procura de leões.
Às dez horas da manhã,
tinham acabado de chegar dez leões ao mercado.
A essa hora, Shi chegou também.
Ele viu os leões e, usando as suas fieis setas, matou-os a todos.
Levou então os corpos dos leões para a caverna de pedra.
A caverna estava suja. Pediu aos criados para a limparem.
Depois da caverna ter sido limpa, tentou comer os dez leões.
Quando os comeu, apercebeu-se que afinal os corpos eram de pedra.
Tentem lá explicar este enigma.

Em Pinyin
«Shī Shì shí shī shǐ »
Shíshì shīshì Shī Shì, shì shī, shì shí shí shī.
Shì shíshí shì shì shì shī.
Shí shí, shì shí shī shì shì.
Shì shí, shì Shī Shì shì shì.
Shì shì shì shí shī, shì shǐ shì, shǐ shì shí shī shìshì.
Shì shí shì shí shī shī, shì shíshì.
Shíshì shī, Shì shǐ shì shì shíshì.
Shíshì shì, Shì shǐ shì shí shì shí shī.
Shí shí, shǐ shí shì shí shī shī, shí shí shí shī shī.
Shì shì shì shì.

Fica assim provado que há muito mais caracteres do que sons. E é precisamente por isto que os expeditos cibernautas chineses, envolvidos em acções de cidadania, escapam à censura: substituindo caracteres censurados por outros com o mesmo som e, se dominarem bem esta técnica, esta linguagem é enriquecida com uma pitada de ironia. E este aspecto, estou convencida, representa um dos encantos dos antigos caracteres: podemos esconder-nos no nevoeiro e divertirmo-nos sem querer saber de responsabilidades!
Para dar um cheirinho deste divertimento, praticado com perícia quer pelo Governo quer pelo povo chinês, ficam aqui 12 estranhas expressões banidas do Weibo em 2015:

Tigre + vir à superfície 老虎+浮出水面
Possa o vento soprar as tuas velas 一帆风顺
Kang + massas instantâneas 康+方便面
Hoje, amanhã 今天,明天
Pato Amarelo 黄鸭子
Srª. Xi + iPhone 习夫人+iPhone
Sapo 蛤蟆
Helicóptero 直升机
Deus da Praga 瘟神
Da Hun Jun 大荤君
Velas 蜡烛
Zhan Zhan Dian 占占点

13 Abr 2016

8 – Ela

* por José Drummond

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]ínhamos um plano. Casar, ter filhos e viver felizes para sempre. Lembras-te de como entretida me demorava a criar as casas nas quais iríamos viver e de como desenhei a nossa família naquele jogo de computador? Lembras-te de como descobrimos e nos ríamos com o aspecto dos nossos filhos naquela recreação? Lembras-te como eu sonhava? Lembras-te? Eu tinha fome de ti. Tinha uma fome e uma sede de ti que não parava. Nunca. Nunca parava. Parecia que não ia acabar nunca. Lembras-te?
Agora a única coisa que vejo é este monte de pus, esta secreção amarelada e viscosa que me infecta a existência. Tenho que conseguir atravessar a ponte! Não sei porque voltei para trás? Não sei porque voltei? Para me enterrar na cama onde fomos felizes? Porque quero acreditar que o facto de voltar à cama onde fomos felizes te irá trazer de novo? Como se isso de algum modo significasse voltar aquele momento de nós mesmos onde tudo existia em suspenso. Mas sempre que volto a esta cama desde que te foste embora é como voltar a uma parte que já não me pertence. É um voltar a uma parte que devo esquecer. A esta coisa interrompida. Porque esta cama é hoje o sítio onde sou infeliz. Porque a memória é uma construção labiríntica.
Nós poderíamos ser o que quiséssemos. Poderíamos ser o mundo inteiro ou simplesmente o nosso sonho. Poderíamos ser uma praia deserta com um eterno pôr-do-sol. Poderíamos ser um banco de jardim em Budapeste, uma mesa de café com poucos clientes em Viena ou um sino de igreja imóvel em Praga. Poderíamos ser pequenos gestos que se completam em diversos andamentos. Poderíamos ser tudo. E nunca importaria o frio. E nunca importaria o calor. Nada importaria desde que nos tivéssemos um ao outro. Porque nada muda de temperatura, perde a cor ou envelhece quando somos felizes. Mas hoje, que volto a esta cama, é como ela tivesse mudado de lugar. Nada é igual a quando aqui chegámos. Esta cama é hoje indiferente. Não é mais o berço de dois namorados apaixonados, ardentes. Aparentemente nem sente a nossa falta. Não é mais cama. Não existe. Foste-te, e contigo foram todos os espelhos, e contigo foram todos os espaços. O amor ficou para trás. Perdeu. Perdeu-se. Já passou. Foi bom enquanto durou.

E assim nos mataste. Agora podemos nos encontrar com estranhos, ter bebidas com eles, e acabar em quartos de hotel. De seguida, no quarto escuro, fechado, o jogo do sexo poderá começar. Elaborado ou impulsivo. Quem sabe com algemas, uma mordaça, uma venda nos olhos. Em pouco tempo poderá passar a selvagem e arriscado. O suor dos corpos em movimento. Consegues imaginar?… Ou ainda te causa tanta repulsa como me causa a mim? Porque sabes que isso vai acontecer e quando acontecer irá incorporar em si a tentação do abismo. Porque não importa quantas vezes forem necessárias. Porque todas elas terão uma razão exclusiva. Uma única intenção. O fazer apagar em nós o outro. Até que não exista mais nenhum traço de ti no meu corpo. Até que não exista nenhum traço de mim no teu. E os jogos irão ser perigosos, de modo a afirmar a diferença entre lascívia e amor. O cinto do roupão ao redor de um pescoço. E os nossos corpos a contorcer-se entre agonia e excitação. Até que cada orgasmo, rápido ou prolongado, nos fará esquecer um pouco mais quem somos. E iremos prosseguir assim, esperando que em cada orgasmo possamos renascer. E sei que vai ser intenso. Vai acontecer em crescendo até resultar com intervalos pequenos. Porque a carne precisa. Porque a mente precisa. E sei que não vamos querer um amante regular. Porque isso seria uma traição. É por isso que serão sempre estranhos a quem não devemos explicação. Pessoas que desaparecem das nossas vidas de seguida. Será impossível descobrir o que desejam, o que querem, o que têm escondido. E esse será o perigo real. O perigo de desaparecermos nesse momento. De nos deslocarmos tanto da realidade que poderemos ser feridos, ou até mortos, por alguém louco, alguém desconhecido. E quão melhor seria morrer nas tuas mãos.
Sei que saíste muitas vezes sozinho. Deixavas-me adormecer e saías. Deixavas-te perder na cidade sem mim. Tinhas em ti uma escuridão que te estrangulava, que te empurrava para a morte, como se não conseguisses evitar as correntes do aço frio do destino. 

Onde estás neste preciso momento? Em algum lugar seguro? Ao pé de alguém que amas? Que amas mais que tudo? E se tudo isso desaparecesse? E se, de repente, tudo o que tu pudesses fazer fosse sobreviver? Iria conseguir, certo? Tentarias pelo menos? Farias coisas, coisas horríveis, aquelas coisas horríveis. Farias essas coisas até perderes a última que realmente importa, a única que faz sentido, tu mesmo. Mas, e se pudesses voltar atrás? Se pudesses recuperar tudo? Se bastasse pressionar um botão para reiniciar tudo de novo? Pressionavas esse botão, certo? Eu quero acreditar que sim.
“A polícia acredita agora que o “estripador da Taipa” possa ser um visitante. Para além da vigilância nas ruas principais na Rua da Taipa a polícia aumentou a segurança nas fronteiras.”

13 Abr 2016

Taipa ligada a Tuen Mun

A Turbo Jet anunciou que, devido à popularidade da carreira que liga Tuen Mun a Macau e para dar resposta às necessidades dos passageiros, decidiu estender a rota para a Taipa. A ligação tornou-se efectiva a partir do dia de ontem. Alteradas ainda foram as seguintes carreiras: o barco das 8h10 de Macau e o das 16h10 de Tuen Mun passam agora para o Terminal Provisório da Taipa.

13 Abr 2016

Receitas de leilões de matrículas especiais caiu 50%

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) divulgou ontem o resultado de aquisição em leilão das matrículas especiais, números que caíram cerca de 50% comparado com o ano passado. A DSAT recebeu 340 propostas, as quais geraram uma receita de quase sete milhões de patacas. O ano passado houve 600 propostas que geraram mais de 11 milhões. Segundo o jornal Ou Mun, a DSAT lançou 281 matrículas especiais para automóveis, divididas em quatro grupos. A matrícula MU8888 foi adquirida por cerca de 400 mil patacas, um valor mais alto face o que foi cobrado no último leilão. Contudo, o preço caiu cerca de 60%, comparando com a matricula MT8888 leiloada no último ano. O Governo obteve mais de um milhão de patacas com a venda de três destas matrículas, consideradas como placas da sorte.

13 Abr 2016

Rita Santos condecorada na Guiné-Bissau

Durante a visita a Guiné-Bissau, para o Encontro dos Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Rita Santos, actual Conselheira das Comunidades Portuguesas, recebeu o grau de mérito pelo Governo da República da Guiné-Bissau pela “excelência da contribuição para a edificação da dinamização do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

13 Abr 2016

Ladrões do Tempo – “Rua”

“Rua”

Se nada eu posso ter
Aquilo que eu quiser aqui
Não será ninguém que me vai dizer
Esse tempo já sei de cor

Um retrato a mais
Num quadro de um pintor qualquer
Teorias de um senhor capaz

De conspiração
Elementar a condição de tudo ter e nada ser
Esse tempo já eu sei de cor…

Se nada eu posso ter
Aquilo que eu quiser aqui
Não será ninguém que me vai dizer
Esse tempo já eu sei de cor…

Um segredo a mais
a construir uma ilusão
de tudo ser sem ter que agir
Esta condição de tudo ser sem ter que agir
É a pura da contradição

Esse tempo já eu sei de cor…

Ladrões do Tempo

DONY BETTENCOURT / PAULO FRANCO / TÓ TRIPS / ZÉ PEDRO / SAMUEL PALITOS

12 Abr 2016