Hoje Macau China / ÁsiaEx-ministro da Defesa sul-coreano detido formalmente sob acusação de rebelião Um ex-ministro da Defesa sul-coreano foi formalmente detido hoje por alegada conivência com o Presidente Yoon Suk Yeol e outros na imposição da lei marcial na semana passada, enquanto as autoridades investigam se os seus atos constituem uma rebelião. O Tribunal Distrital Central de Seul aprovou um mandado de captura contra o antigo ministro da Defesa sul-coreano Kim Yong Hyun, acusado de rebelião e abuso de poder. A lei marcial, a primeira em mais de 40 anos, durou apenas cerca de seis horas, mas desencadeou uma tempestade interna e grandes protestos de rua. Yoon e os seus associados estão agora a braços com investigações criminais e tentativas de destituição. O Ministério da Justiça proibiu Yoon e oito outras pessoas de saírem do país, uma vez que as autoridades os consideram suspeitos importantes no caso da lei marcial, sendo a primeira vez que um Presidente em exercício na Coreia do Sul é objeto de uma proibição de viajar. Kim está detido desde domingo e os procuradores têm até 20 dias para decidir se o acusam ou não. A condenação por rebelião implica uma pena máxima de morte. O ex-ministro da Defesa foi a primeira pessoa a ser detida no âmbito deste processo, tendo sido acusado de ter recomendado a lei marcial a Yoon e de ter enviado tropas para a Assembleia Nacional para impedir os deputados de a votarem. Um número suficiente de deputados conseguiu finalmente entrar numa câmara do parlamento e rejeitou por unanimidade o decreto de Yoon, obrigando o Governo a levantá-lo antes do amanhecer de 04 deste mês. Hoje, Kim renunciou a uma audiência no tribunal, destinada a questão da emissão do mandado, dizendo, através do seu advogado, que pedia desculpa por ter causado grande ansiedade e incómodo ao povo. Os procuradores interrogaram Kim três vezes desde que ele foi detido no domingo, depois de ter comparecido voluntariamente para a investigação. Durante o interrogatório, Kim terá admitido que propôs a lei marcial a Yoon, mas afirmou que as suas ações não eram ilegais nem inconstitucionais. Com a detenção formal de Kim, espera-se que a investigação do Ministério Público sobre Yoon acelere. Yoon foi registado como suspeito no processo da lei marcial, acusado de insurreição e impedido de viajar para o estrangeiro. Por lei, o líder de uma alegada insurreição pode ser condenado à pena de morte ou a prisão perpétua. As pessoas que participem na conspiração de uma insurreição ou que se envolvam noutras atividades “essenciais” podem ser punidas com a morte, com prisão perpétua ou com uma pena de prisão de pelo menos cinco anos. Além do Ministério Público, também o Gabinete de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Nível e a polícia estão a investigar as circunstâncias em torno da imposição da lei marcial. O principal partido da oposição da Coreia do Sul classificou a imposição da lei marcial por parte de Yoon como “rebelião inconstitucional e ilegal ou golpe”. O Partido Democrático (PD) apresentou queixas junto da polícia contra pelo menos nove pessoas, incluindo Yoon e o ex-ministro da Defesa. Embora o Presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver em funções, tal não se estende a alegações de rebelião ou traição. Também hoje, a oposição criticou o Partido Popular do Povo (PPP), no poder, por se recusar a destituir Yoon. “Por mais que tentem justificar (…) este é um segundo ato de rebelião e um segundo golpe, ilegal e inconstitucional”, disse Park Chan-dae, líder parlamentar do PD. No sábado, Yoon escapou por pouco a uma primeira moção de destituição, submetida ao Parlamento. O PPP boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Em comunicado, o PPP afirmou ter obtido, em troca do bloqueio da moção, a promessa de que Yoon se retiraria para deixar a governação do país à sua formação e ao primeiro-ministro. No domingo, o PD anunciou que vai tentar novamente destituir o Presidente a 14 deste mês.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Sul | Vozes de jovens femininas estão a ser reconhecidas A participação das mulheres em protestos na Coreia do Sul faz-se sentir com cada vez maior intensidade. Na mais recente manifestação pela destituição do presidente conservador que decretou a lei marcial, as vozes femininas foram as que mais se fizeram ouvir As mulheres jovens sul-coreanas votam mais à esquerda e estão a emergir como líderes de opinião, incluindo nos últimos dias, quando saíram em força para as ruas a exigir a destituição do Presidente conservador. Nos protestos, à frente da Assembleia Nacional, ouviam-se sobretudo mulheres a gritar, recorda Jung Hyun-joo. E enquanto ali estava, a professora da Universidade Nacional de Seul não conseguia deixar de pensar em como a voz feminina ocupa um papel cada vez mais central na contestação. Esta presença, reflecte em entrevista à Lusa, é um fenómeno recente. Mulheres “na casa dos 20 e 30 anos emergiram como um grupo importante de líderes de opinião em todos os aspectos da vida social, incluindo, mas não se limitando, a questões políticas”, disse. “Nas últimas presidenciais, ficou claro que as mulheres jovens deram um apoio esmagador ao partido progressista [Partido Democrático], em contraste com os pares masculinos, que emergiram como um novo grupo conservador”, exemplifica. Nessas eleições, em 2022, 58,7 por cento dos homens com idades entre os 18 e os 29 anos escolheram Yoon Suk-yeol, actual Presidente, ficando apenas atrás da faixa etária mais velha (mais de 60 anos). Já as mulheres com menos de 30 anos foi quem menos apoiou o líder conservador entre todos os grupos analisados – apenas 34 por cento, indicam sondagens à boca das urnas. Kim, de 22 anos, e Na, de 21, são estudantes da área das Humanidades da Universidade de Dankooku, fora de Seul, e têm participado nos protestos. “Há aqui tantas mulheres porque os homens apoiam o Partido do Poder Popular [PPP]”, diz Kim. “O PPP tem sido durante muito tempo o partido dos mais fortes [homens] e parece que as mulheres, a minoria, levantam mais a voz”, diz Na, que também prefere não ser identificada pelo nome completo. Na madrugada que antecedeu a votação da moção de destituição de Yoon Suk-yeol – que impôs há uma semana a lei marcial, suspendendo-a poucas horas mais tarde – um grupo de pessoas ficou a guardar os portões da Assembleia Nacional. Estes vigilantes nocturnos, conta Chan Mi, outra manifestante, eram sobretudo jovens mulheres. “As mulheres coreanas, seja qual for a idade, sempre participaram durante crises nacionais nos protestos tanto quanto os homens – e agora mais do que os homens, penso. Mas os ‘media’ sempre as sub-representaram e a história não lhes deu justo crédito”, analisa. Despertares Mas a especialista Jung Hyun-joo, ligada aos estudos de género, considera que houve um momento recente que levou ao “despertar político” das mulheres mais novas: um femicídio, em 2016, numa casa banho pública de um bar de karaoke em Seul. Kim Seong-min, um homem de 34 anos, esfaqueou até à morte uma mulher que não conhecia. As adolescentes, grupo mais afectado pelo evento “são agora jovens adultas”, nota Jung. “Estimuladas pelo rápido desenvolvimento da Coreia e com um elevado nível de formação, mas confrontadas com antigas tradições patriarcais que ainda existem em muitos setores da sociedade coreana, as jovens mulheres na casa dos 20 e 30 anos têm uma energia e uma sensibilidade política diferente das gerações mais velhas e dos pares masculinos”, contextualiza. Outro episódio ocasionou este afastamento político entre homens e mulheres mais novos, sugere Kim Hun-joon, cientista político da Universidade da Coreia. Como parte da estratégia da campanha, em 2022, Yoon anunciou, “um dia, do nada”, a intenção de abolir o Ministério da Igualdade de Género e Família. “Foi uma estratégia polarizadora, ele queria o apoio dos jovens homens eleitores e então tornou isto num assunto fundamental”, recorda. A luta antifeminista tem vindo a conquistar espaço com o actual Presidente. Kim, investigador na área dos Direitos Humanos, considera que os jovens conservadores sentem que “têm tido um tratamento social e noutras áreas desigual em relação às mulheres”. Rhee Jane, de 22 anos, activa nos recentes protestos, defende que as mulheres mais novas são quem mais tem saído à rua. Antes “não lhes prestavam muita atenção”, mas neste movimento pró-destituição, “têm sido reconhecidas, as pessoas estão a ouvi-las”, diz a estudante de Antropologia. Já Chan Mi lembra outros tempos para explicar a mobilização feminina. “Sabemos que as mulheres, especialmente as jovens, são sempre o grupo mais vulnerável quando o país se torna instável. Tendo em conta a história da Coreia, as mulheres são as primeiras a serem despedidas quando há um abalo na economia”, refere. A jovem de 30 anos diz ainda que a população feminina é também o “primeiro alvo do crime quando a segurança é ameaçada”. “A liberdade das mulheres é a primeira a ser oprimida em tempo de ditadura. É por isso que as mulheres agem”, sublinha. Reportagem de Catarina Domingues, Lusa
Hoje Macau China / ÁsiaNvidia | Investigada empresa norte-americana por alegada violação das leis anti-monopólio A Administração Estatal para a Regulação do Mercado da China anunciou na segunda-feira uma investigação contra o gigante norte-americano dos semicondutores Nvidia, por “suspeitas de violação da lei anti-monopólio” do país asiático. A investigação examinará as recentes práticas comerciais da Nvidia, incluindo possíveis irregularidades ligadas à sua aquisição da Mellanox Technologies, de Israel, em 2020, uma compra que foi previamente aprovada pelos reguladores na China, União Europeia e Estados Unidos. A SAMR vai tentar determinar se a Nvidia violou os regulamentos nas suas operações locais. O anúncio surge num contexto de tensões tecnológicas entre Pequim e Washington, agravadas pelas recentes restrições impostas pelos EUA a 140 empresas chinesas do sector dos semicondutores, com o objectivo de limitar os progressos do país asiático no desenvolvimento da tecnologia de circuitos integrados. A tecnologia da Nvidia para a inteligência artificial e a computação avançada é considerada fundamental para a indústria mundial, o que torna o caso particularmente relevante.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Registado aumento das exportações e queda das importações em Novembro As exportações da China aumentaram 6,7 por cento e as importações caíram 3,9 por cento, em Novembro, em termos homólogos, ficando abaixo das previsões dos analistas, numa altura em que a liderança chinesa tenta impulsionar a economia, que enfrenta pressões deflacionistas. O aumento das exportações, em termos homólogos, ficou também aquém do crescimento de 12,7 por cento, registado em Outubro. Os analistas previam um aumento superior a 8 por cento. A queda das importações, em relação ao mesmo período do ano anterior, reflecte a fraca procura por parte das indústrias e dos consumidores, uma das principais causas de abrandamento da segunda maior economia mundial. O excedente comercial da China fixou-se em 97,4 mil milhões de dólares. Os dados foram publicados um dia depois de Pequim ter prometido flexibilizar a política monetária e estimular a segunda maior economia do mundo. O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aplicar taxas alfandegárias de 60 por cento ou mais sobre as importações de produtos chineses, complicando os esforços de Pequim ao ameaçar um sector que tem sido crucial, face à prolongada crise no imobiliário e fraco consumo interno. Alguns analistas dizem que o abrandamento nas exportações é provavelmente temporário. “Esperamos que as exportações voltem a acelerar nos próximos meses, apoiadas por ganhos na competitividade e pela antecipação da [entrada em vigor] de taxas por parte dos exportadores”, afirmou Zichun Huang, da consultora Capital Economics, numa nota. “Os volumes de importação diminuíram no mês passado, mas é provável que recuperem a curto prazo, uma vez que a aceleração das despesas orçamentais impulsiona a procura por produtos de base industriais”, afirmou. Os efeitos das taxas provavelmente só serão sentidos em meados de 2025, escreveu Huang. Preço a pagar As exportações para a União Europeia aumentaram 7,2 por cento, em termos homólogos, enquanto as vendas para os Estados Unidos cresceram 8 por cento. No entanto, as exportações para a Rússia caíram 2,6 por cento, em termos homólogos, depois de uma subida de 27 por cento, em Outubro. O declínio ocorre vários meses depois de os EUA terem imposto sanções secundárias sobre bens considerados importantes para as operações militares da Rússia, o que afectou algumas empresas chinesas que Washington acusou de ajudarem Moscovo a contornar as sanções. Num outro sinal de fraca procura interna na China, a inflação fixou-se em 0,2 por cento, em Novembro, de acordo com os dados divulgados na segunda-feira, principalmente devido à descida dos preços dos produtos alimentares. No entanto, no final do mês passado, um inquérito oficial do Gabinete Nacional de Estatística chinês revelou que a actividade fabril da China se expandiu pelo segundo mês consecutivo em Novembro, subindo para 50,3 pontos, o valor mais elevado registado em sete meses. Um valor superior a 50 pontos sugere crescimento, enquanto um valor inferior a 50 representa uma contracção. Segundo os analistas, o aumento das encomendas às fábricas pode também reflectir os esforços dos importadores para realizar compras antes da entrada em vigor das taxas.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA/China | Xi diz que não haverá vencedores em guerra comercial Xi Jinping lança o alerta de que só haverá perdedores se o caminho anunciado por Donald Trump de confrontação comercial se tornar uma realidade O Presidente chinês advertiu ontem que “não haverá vencedores” numa guerra comercial entre Pequim e Washington, quando o regresso de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos faz antever um agravamento das tensões bilaterais. Pequim está a preparar-se para o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em Janeiro. O seu primeiro mandato ficou marcado por uma guerra comercial com a China, que acusou de usurpação de propriedade intelectual e de outras práticas comerciais injustas. Trump prometeu durante a campanha impor taxas alfandegárias ainda mais elevadas sobre as importações chinesas, correndo o risco de paralisar um motor de crescimento crucial para a segunda maior economia do mundo. “As guerras tarifárias, as guerras comerciais e as guerras tecnológicas vão contra as tendências históricas e as regras económicas e não haverá vencedores”, afirmou Xi Jinping, durante uma reunião com os dirigentes de várias instituições financeiras, citado pela televisão estatal CCTV. A declaração do Presidente chinês surge pouco depois da publicação de dados oficiais que revelam um crescimento contínuo das exportações chinesas em Novembro (ver texto secundário). As vendas ao estrangeiro aumentaram 6,7 por cento, em termos homólogos, de acordo com os dados em dólares publicados pelas alfândegas chinesas – um aumento sólido, embora abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg e muito abaixo do desempenho de Outubro. Esta resistência pode ser explicada, em parte, pelo facto de as empresas estrangeiras terem acumulado produtos chineses, face à perspectiva da entrada em vigor de novas taxas, após a tomada de posse de Trump. Zichun Huang, economista da Capital Economics, salientou que esta expectativa sugere “uma aceleração das exportações nos próximos meses”. O comércio externo tem sido um dos pontos positivos da economia chinesa este ano. É “uma das principais razões pelas quais a China deve atingir o seu objectivo de crescimento de cerca de 5 por cento”, argumentou Lynn Song, economista do banco ING. Sem dúvidas Xi afirmou ontem que o país tem “total confiança” na sua capacidade de atingir o objectivo de crescimento para 2024. A esperada intensificação das tensões comerciais com Washington está a preocupar Pequim, que recebeu esta semana os líderes das principais organizações económicas multilaterais. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou na segunda-feira para o facto de a economia mundial estar a enfrentar desafios crescentes devido a uma tendência para a “desglobalização”. Em Novembro passado, o Governo chinês anunciou uma série de medidas para estimular o comércio, incluindo a extensão do seguro de crédito à exportação e a facilitação de acordos comerciais transfronteiriços. No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, a China reduziu a percentagem das suas exportações para os EUA, aligeirando potencialmente o impacto de um novo confronto comercial. “A procura de outros destinos deve manter-se relativamente estável e pode ajudar a compensar parte do impacto”, confirmou Lynn Song. Mas o país asiático registou outra queda inesperada das importações em Novembro, um barómetro do consumo interno persistentemente fraco. As importações chinesas caíram 3,9 por cento em termos homólogos, acentuando a queda registada em Outubro (-2,3 por cento). Perante a débil situação económica, que pode ser agravada por uma guerra comercial com Washington, o Partido Comunista Chinês afirmou na segunda-feira que vai adoptar “uma flexibilização adequada da política monetária” e “uma política fiscal pró-activa”.
Hoje Macau Eventos50 anos de carreira do cartoonista António revistos hoje na FRC A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje a sessão “António: 50 anos de cartoons”, que aborda a carreira de António Antunes, um dos mais importantes cartoonistas portugueses, colaborador de longa data do semanário Expresso. A conversa, moderada pelo jornalista Gilberto Lopes, começa às 18h30. António iniciou a carreira como cartoonista no vespertino “República”, na mesma data em que ocorreu a tentativa de golpe de Estado a partir das Caldas da Rainha, onde se desenhou uma antevisão da Revolução de Abril. António começou a sua jornada na imprensa como uma “brincadeira”, tendo colaborado com publicações como “Diário de Notícias”, “A Capital”, “A Vida Mundial” e “O Jornal”, antes de se tornar colaborador do “Expresso”, onde permanece até hoje. A sua habilidade inegável de comunicar com humor – muitas vezes mordaz – provoca emoções complexas e gera diálogos construtivos, resultando em uma carreira repleta de prémios e distinções, destaca uma nota de imprensa. Desenhos ou terramotos? Na sessão de hoje pretende-se analisar também se a “arte de um cartoon pode realmente provocar terramotos políticos e sociais à escala global”, dando-se o exemplo do cartoon, de 1993, com a imagem do então Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, uma reacção às suas declarações durante a epidemia de sida em África. Este cartoon levou a discussões no Parlamento, após a reunião de 29 mil assinaturas por parte da comunidade católica contra o cartoon. Mais recentemente, o cartoon “Pax Canina”, publicado no jornal New York Times, retratou o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, gerando acusações de antissemitismo e levando o jornal a abandonar a publicação de cartoons na sua edição internacional. Outro exemplo marcante, é o cartoon “O gueto Varsóvia em Shatila”, que recebeu o Grande Prémio do Salão Internacional de Cartoon de Montreal em 1983, mas também provocou a ira da comunidade judaica. A imagem foi inspirada numa fotografia de um jovem do gueto de Varsóvia, retratando um campo de refugiados palestinianos em Shatila. Assim, segundo uma nota da “Somos!”, a associação que promove o encontro, o debate de hoje pretende encontrar respostas para questões em torno do papel do cartoon, nomeadamente se este deve “ter limites na forma de expressão artística e satírica”. Actualmente, existe “uma pressão sobre a liberdade de expressão, que cria um clima desfavorável para o cartoon”, tendo “muitos cartoonistas sido despedidos, censurados, presos ou exilados”, destaca a mesma nota. Nascido em Vila Franca de Xira em 1953, António Antunes sempre assinou os seus cartoons como António, tendo-se formado em Pintura na Escola Artística António Arroio, de Lisboa. Começou a publicar cartoons a 16 de Março de 1974 no jornal República, sendo colaborador permanente do semanário Expresso desde o final de 1974. É um cartoonista premiado internacionalmente.
Hoje Macau EventosAlbergue SCM | Taoísmo expresso em nova mostra de Gao Shiqiang É hoje inaugurada uma nova exposição no Albergue da Santa Casa da Misericórdia. Trata-se de “Teatro Shanshi – Exposição Individual de Arte de Gao Shiqiang: Comemoração do 25.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China”, com obras em vídeo ligadas ao universo e paisagens taoistas O Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) acolhe hoje, a partir das 18h30, a mostra de Gao Shiqiang intitulada “Teatro Shanshi – Exposição Individual de Arte de Gao Shiqiang: Comemoração do 25.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China”, uma exposição onde o público local poderá ver trabalhos de vídeos relacionados com o conceito de “Sanshi”, ligado ao espírito e corpos humanos, mas mantendo igualmente uma conexão ao taoísmo e à cultura chinesa. Podem ser vistas obras que “têm como pano de fundo montanhas e águas”, revelando-se “a paisagem do desenvolvimento da China”, transmitindo-se “a diversidade de consciências e a profundidade do tempo e do espaço no mundo das montanhas e águas”. Patente no Albergue SCM até ao dia 5 de Janeiro, esta mostra é organizada pelo Círculo de Amigos da Cultura (CAC) do Albergue SCM, e conta com curadoria de Noah Ng, ligado à direcção do CAC, e de Wu Qiong, vice-presidente do departamento de Arte Experimental da School of Intermedia Art [Escola de Arte Intermédia] da Academia Chinesa das Artes. Segundo o manifesto apresentado pelos curadores, esta exposição nasce de um projecto desenvolvido na Escola de Arte Intermédia intitulado “Shanshi, a Cosmotechnic”. No âmbito desta iniciativa, foram desenvolvidas actividades por um colectivo de criadores coordenado por Gao Shiqiang. “Entendemos o ‘Teatro Shanshi’ como o esforço de um colectivo criativo para recriar uma performance em torno da ‘cena Shanshi'”, levando as paisagens e tradições taoistas para “ambientes urbanos e espaços de exposição” através do trabalho criativo. Desta forma, a ideia de “Teatro Sanshi” remete para a apresentação “de um contexto de desenvolvimento completo de ‘Shanshi’ que transita da ideia de ‘oculto’ para um lado ‘visível’ através da justaposição das obras dos artistas de diferentes fases”. O chamado “espírito shanshi”, que está “enraizado nas tradições filosóficas taoistas, há muito que está impresso nos genes culturais do povo chinês, manifestando-se como uma forma holística única de percepcionar, compreender e ligar com o mundo”. Há, depois, uma interligação com a arte contemporânea, com a ideia de “Shanshi” a ser “constantemente objecto de uma viagem de ‘partida – regresso’ para a maioria dos artistas chineses”. Para os curadores, esta mostra no Albergue SCM constitui “uma prova deste fenómeno”. Seis partes Na galeria do Albergue SCM podem ser vistas seis obras de Gao Shiqiang realizadas entre os anos de 2007 e 2022. São elas “Butterfly Lovers”, uma peça inspirada “na pungente história de amor popular chinesa de Liang Zhu”, em que “duas figuras históricas que não existem no mesmo espaço-tempo são fundidas num contexto narrativo especial”. Para este trabalho, o artista recorreu ao “reflexo mútuo de três casais para restaurar o amor e a história retratados na lenda”. Segue-se a peça “The Other There”, que “observa com frieza as aldeias ao longo da fronteira entre a China e a Rússia, as fábricas em Mudanjiang e as paisagens urbanas em Hangzhou”. Neste caso, há uma “exploração de temas populares, como a modernização e o consumismo que parecem ser meramente superficiais”, sendo que, aqui, “o artista procura um outro olhar que consiga transcender” uma certa lógica causal. “Spring” e “QingBang”, duas instalações-vídeo em Zhoushan, uma cidade costeira em Zhejiang, foram criadas simultaneamente. Gao refere-se a estes dois trabalhos de forma humorística, descrevendo “QingBang” como o cenário de “Spring”. “QingBang” é, assim, descrito como um vídeo que “desperta sentimentos de nostalgia através do sonho de amor de dois jovens, reflectindo ainda mais a contemplação do artista” sobre esse tal olhar próprio. No caso de “Spring”, revela-se “o desenvolvimento de Zhoushan, uma cidade situada na vanguarda da costa sudeste”, um dos símbolos do movimento económico de Reforma e Abertura vivido na China a partir de meados dos anos 80. As restantes peças, nomeadamente “Shanshi, a Cosmotechnic” e “Dawn”, pertencem à “Série Shanshui” de Gao. O primeiro inaugura a série, enquanto “Dawn” apresenta “uma vista panorâmica da ‘paisagem de mil milhas’ das montanhas Taihang através de um único take longo sob a forma de um rolo longo”. Em termos gerais, a “Série Shanshi” visa “revitalizar a tradição, partilhando a experiência de ‘Shanshi’ e a visão do mundo que lhe está subjacente, criando um novo ‘caminho para a compreensão contemporânea do mundo”. Ainda segundo os curadores, todos os trabalhos expostos nesta mostra permitem uma observação de “múltiplas camadas de ligações ou contrastes”, sob os conceitos de “tempo – espaço, narrativa – não narrativa, tradição – modernidade, templo – floresta de montanha, natureza – civilização”. Gao Shiqiang nasceu em Shandong em 1971, estando ligado à criação e investigação de escultura situacional, instalação e vídeo experimental desde meados dos anos 90. No início da década de 2000, os seus trabalhos de investigação e ensino começaram a centrar-se na arte da imagem em movimento, dedicando-se também à investigação narrativa.
Hoje Macau PolíticaZonas antigas | Demolidos dois edifícios em estado de ruína A Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) procedeu à demolição de dois edifícios em estado de ruína na Rua dos Ervanários e Pátio do Espinho, duas zonas antigas na península. Segundo uma nota da DSSCU, “as despesas e multas [com as demolições] serão cobrados aos proprietários”, sendo que, nos dois casos, os donos foram notificados previamente sobre a necessidade de obras de restauro e ignoraram os avisos. A DSSCU aponta que “até finais de Novembro deste ano registaram-se 404 casos de realização de acções de inspecção devido à falta de conservação dos edifícios”, com a ocorrência de 235 notificações dos proprietários para a realização de inspecções e reparações. Foram ainda registados 12 casos em que os donos foram notificados para apresentar relatórios sobre o estado dos edifícios, e mais 13 casos de vistoria a prédios privados. A ausência do relatório entregue ao Governo pode originar uma multa de 2.500 a 50.000 patacas para uma pessoa singular, com valores a ascenderem entre 5.000 e 100.000 para entidades colectivas. A não realização de obras pode levar a multas que variam de 5.000 a 200.000 patacas para individualidades ou entre 15.000 a 500.000 para entidades.
Hoje Macau Manchete PolíticaSA | Alerta para carros abandonados em Henqgin Os Serviços de Alfândega (SA) de Macau lançaram ontem um apelo aos condutores de veículos com matrícula única que podem circular na Ilha da Montanha para não excederem três meses de permanência em Hengqin. As autoridades referem ter contactado os proprietários dos veículos, mas que quatro veículos permaneceram em Henqgin devido ao insucesso em contactar os donos, ou por motivos de avaria mecânica. Além de violar os regulamentos da permissão para circular em Hengqin, os SA afirmam que o abandono de veículos ou excesso de permanência aumenta os custos de gestão e afecta o desenvolvimento da zona de cooperação aprofundada. Porém, as autoridades sublinham que a grande maioria dos condutores advertidos retiraram as viaturas em excesso de permanência.
Hoje Macau PolíticaZona A | Exigido planeamento dos lotes C4 e C5 O deputado Leong Sun Iok defende, numa interpelação escrita, que o Governo deve anunciar o mais cedo possível o planeamento dos lotes C4 e C5 da Zona A dos novos aterros, que terão finalidade educativa. Ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, o deputado lembrou que foi lançado um concurso público para a construção no lote B1 na mesma Zona A, o que significa que o projecto de uma “Vila Escolar” está na agenda. Assim, o deputado deseja que o Governo dê mais informações sobre o planeamento dos dois lotes em questão, para que a sociedade saiba mais dados sobre a futura “Vila Escolar”, pois está previsto o seu funcionamento a partir do ano lectivo de 2027/2028. Na mesma interpelação, é explicado que os lotes terão um terreno para fins desportivos partilhados por oito escolas, com uma área de 29 mil metros quadrados. Porém, Leong Sun Iok referiu que existem preocupações por parte dos residentes de que o terreno não consiga dar resposta à procura, pelo que apelou a resoluções governamentais.
Hoje Macau China / ÁsiaOuro | Retomadas compras apesar dos preços recorde O banco central da China aumentou as suas reservas de ouro em Novembro, pela primeira vez em meio ano, depois de o preço do metal precioso ter atingido um máximo histórico no mês anterior, de acordo com dados oficiais. Os números divulgados ontem pela Administração Estatal de Câmbio (SAFE) do país asiático mostram que as reservas de ouro da China aumentaram em 160.000 onças para um total de 72,96 milhões, depois de se manterem estáveis em 72,8 milhões desde Abril. De acordo com a agência noticiosa Bloomberg, na sequência da divulgação dos dados, os preços do ouro subiram 0,6 por cento para serem negociados perto dos 2.650 dólares por onça, ainda abaixo do máximo histórico de quase 2.800 dólares no final de Outubro, face às tensões no Médio Oriente e na Ucrânia e à incerteza sobre as eleições nos EUA e a redução das taxas de juro. A China foi o maior comprador mundial de ouro em 2023 e também no primeiro trimestre deste ano. O facto de estar a aumentar novamente as suas participações indica que o Banco Popular da China continua interessado em diversificar as suas reservas e em proteger-se contra uma possível depreciação do yuan, mesmo a preços elevados. “Isto reflecte provavelmente as expectativas de que os preços internacionais do ouro possam manter uma tendência ascendente durante um período considerável, face às mudanças no panorama político e económico mundial após as eleições presidenciais nos Estados Unidos”, afirmou Wang Qing, analista da Golden Credit Rating, citado pelo jornal estatal China Daily. Perante a volatilidade dos mercados, a fraqueza da moeda e a prolongada crise imobiliária, os investidores chineses voltaram-se para activos considerados como portos seguros: embora a procura por joias tenha diminuído, as compras de moedas e metais preciosos mantiveram-se firmes nos três primeiros trimestres.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça sul-coreana proíbe Presidente de sair do país O Ministério da Justiça da Coreia do Sul disse ontem que proibiu o Presidente Yoon Suk-yeol de viajar para o estrangeiro enquanto estiver sob investigação devido à imposição da lei marcial, na semana passada. Durante uma audiência parlamentar, um funcionário dos serviços de imigração do Ministério da Justiça, Bae Sang-up, disse que a proibição já tinha sido emitida. Pouco antes, na mesma sessão, o procurador-chefe do Gabinete de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Nível, Oh Dong-woon, disse que tinha solicitado esta proibição. O gabinete, conhecido como CIO, é um dos vários organismos de segurança e judiciais, incluindo o Ministério Público e a polícia, a investigar as circunstâncias em torno da imposição da lei marcial por parte de Yoon. Horas antes, a imprensa local tinha avançado que também a polícia sul-coreana estava a considerar proibir o Presidente de viajar para o estrangeiro, enquanto investiga possíveis suspeitas acusação de traição, rebelião e abuso de poder. O principal partido da oposição da Coreia do Sul classificou a imposição da lei marcial por parte de Yoon como “rebelião inconstitucional e ilegal ou golpe”. O Partido Democrático (PD) apresentou queixas junto da polícia contra pelo menos nove pessoas, incluindo Yoon e o ex-ministro da Defesa. Os procuradores sul-coreanos detiveram no domingo o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, que terá recomendado que Yoon declarasse a lei marcial. Embora o Presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver em funções, tal não se estende a alegações de rebelião ou traição. Segunda tentativa Também ontem, a oposição criticou o Partido Popular do Povo (PPP), no poder, por se recusar a destituir Yoon. “Por mais que tentem justificar (…) este é um segundo acto de rebelião e um segundo golpe, ilegal e inconstitucional”, disse Park Chan-dae, líder parlamentar do PD. No sábado, Yoon escapou por pouco a uma primeira moção de destituição, submetida ao Parlamento. O PPP boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Em comunicado, o PPP afirmou ter obtido, em troca do bloqueio da moção, a promessa de que Yoon se retiraria para deixar a governação do país à sua formação e ao primeiro-ministro. “Mesmo antes da sua retirada, o Presidente não interferirá nos assuntos de Estado, nem nos assuntos externos”, certificou o líder do PPP, Han Dong-hoon, no domingo. O presidente do Parlamento sul-coreano, Won Woo-shik, disse que “o exercício conjunto da autoridade presidencial pelo primeiro-ministro e pelo partido no poder (…) é uma clara violação da Constituição”. Para Kim Hae-won, professor de direito constitucional na Escola Nacional de Direito de Busan, este acordo é semelhante a um “golpe de Estado silencioso”. No domingo, o PD anunciou que vai tentar novamente destituir o Presidente, no dia 14 de Dezembro. Yoon proclamou a lei marcial em 3 de Dezembro, uma medida que foi forçado a suspender apenas seis horas depois.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim promete flexibilização da política monetária e mais apoio orçamental O Partido Comunista Chinês (PCC) comprometeu-se ontem a prosseguir políticas orçamentais “mais proactivas” e uma “flexibilização moderada” da política monetária, visando “impulsionar vigorosamente o consumo” doméstico, numa altura em que a economia chinesa enfrenta pressões deflacionárias. Segundo a imprensa local, esta é a primeira vez desde 2011 que as autoridades chinesas alteram a sua posição relativamente à política monetária, depois de um período de flexibilização, entre 2009 e 2010, seguido por um período “estável e firme”, nos últimos 14 anos. O documento, divulgado pela agência noticiosa oficial Xinhua, refere que o PCC almeja “expandir a procura interna em todas as direcções” e “melhorar a eficiência do investimento”. “Vamos enriquecer e melhorar o nosso conjunto de instrumentos políticos, reforçar os ajustamentos contracíclicos extraordinários e oferecer uma boa combinação de ferramentas para tornar o controlo macroeconómico mais preciso e eficaz no futuro”, lê-se no documento. A decisão, que surge semanas antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca e do agravamento expectável da guerra comercial com os Estados Unidos, animou os investidores, que ficaram desiludidos após um anúncio de estímulo que se centrou mais na troca da “dívida oculta” dos governos regionais do que no aumento do consumo. O Hang Seng, índice de referência da Bolsa de Valores de Hong Kong, encerrou ontem com ganhos de 2,76 por cento, num dia de perdas até aos últimos minutos, altura em que recuperou após Pequim ter prometido uma “flexibilização moderada” da sua política monetária. As autoridades chinesas ressalvaram que manterão a sua posição de “procurar o progresso mantendo a estabilidade”, com ênfase na redução e prevenção de riscos em áreas-chave da economia: “Devemos […] manter firmemente a linha vermelha de não permitir riscos sistémicos”. O documento apelou igualmente a que “se faça um bom trabalho na protecção dos meios de subsistência, da segurança e da estabilidade das pessoas, para proteger a estabilidade da situação social global”, com vista a melhorar as perspetivas dos chineses. “Devemos envidar mais esforços para melhorar o sentimento de realização, felicidade e segurança das pessoas”, refere. Bases a fortalecer Sobre a crise imobiliária que se arrasta há três anos, o Politburo do PCC está a avançar com esforços para “estabilizar o mercado”, bem como os mercados bolsistas, lê-se no documento. O imobiliário representou em tempos quase um terço do PIB chinês e é o veículo de investimento mais popular para as famílias chinesas. Sobre os laços económicos com o resto do mundo, os dirigentes chineses apelaram a “uma abertura de alto nível ao resto do mundo e à estabilização do comércio externo e do investimento estrangeiro”.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping pede esforços para atingir objectivos económicos O Presidente chinês, Xi Jinping, reconheceu ontem que a economia chinesa “enfrenta muitas incertezas e desafios”, mas apelou a “esforços incessantes” para atingir os objectivos oficiais fixados para 2025. Durante um simpósio económico com líderes de organizações patronais, Xi Jinping, que é também secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), disse que os desafios “devem ser analisados com atenção e tratados de forma adequada”. “Todos os anos há dificuldades, mas sempre alcançámos o desenvolvimento apesar das provações e tribulações. Devemos fazer todos os preparativos para atingir os objectivos de desenvolvimento económico e social do próximo ano, através de esforços incessantes”, afirmou Xi, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Com vista a “fazer um bom trabalho” nesta área em 2025, Xi apelou a uma “firme confiança na vitória” e reiterou que as bases da segunda maior economia do mundo “são estáveis, com muitas vantagens, forte resiliência e grande potencial”. “As condições favoráveis e as tendências globais a longo prazo não se alteraram. Temos de manter o nosso foco estratégico, moldar activamente um ambiente externo favorável […] e transformar os factores positivos em resultados de desenvolvimento”, afirmou o chefe de Estado chinês. “Todo o Partido e a sociedade terão de trabalhar arduamente em conjunto”, disse, sublinhando que a China enfrentou “um ambiente internacional e interno ainda mais complexo” em 2024, o que não impediu o país de alcançar “com sucesso” os objectivos definidos pelas autoridades para o ano. Este facto, continuou Xi, deve-se à capacidade do Partido e do povo de “resistir à pressão, ultrapassar as dificuldades, responder com calma e tomar medidas abrangentes”. Objectivos e desafios Embora o simpósio tenha tido lugar na passada sexta-feira, as declarações de Xi surgem no mesmo dia em que o próprio Presidente presidiu a uma reunião do Politburo – a cúpula do poder na China -, que apelou a uma posição flexível da política monetária pela primeira vez desde 2011, bem como a um maior apoio fiscal e a iniciativas para impulsionar novamente o consumo. Além disso, os líderes chineses deverão iniciar esta quarta-feira a Conferência Central de Trabalho Económico, uma cimeira anual onde discutirão, à porta fechada e durante dois dias, os objectivos económicos para o próximo ano, em que a China terá provavelmente também de enfrentar uma intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos após o regresso de Donald Trump à Casa Branca. A economia chinesa permanece à beira da deflação há mais de um ano, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de ‘zero’ casos de covid-19, no início de 2023. A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.
Hoje Macau SociedadeInquérito | 80% dos jovens ignora actualidade internacional Um inquérito sobre a perspectiva internacional de quadros qualificados jovens de Macau conduzido pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau revelou que cerca de 60 por cento dos entrevistados pensa que apenas tem conhecimentos básicos sobre a actualidade internacional, nomeadamente sobre as relações entre países. Por outro lado, 19 por cento admite não ter qualquer conhecimento que confira perspectiva internacional, enquanto 21 por cento dos entrevistados disseram conhecer suficientemente os assuntos internacionais. Os entrevistados do sexo masculino com habilitações académicas de pós-graduação contaram-se entre os grupos demográficos com melhores conhecimentos do panorama político e socioeconómico mundial. A associação responsável pelo inquérito sugeriu ao Governo que aposte num programa de estágios em entidades internacionais, assim como em actividades de voluntariado, mas que também organize cursos de formação sobre o desenvolvimento da China contemporânea.
Hoje Macau SociedadeHabitação | Preços voltam a cair entre Agosto e Outubro O índice global de preços da habitação caiu 0,4 por cento no período entre Agosto e Outubro, face ao período anterior (entre Julho e Setembro), revelou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os dados indicam que os preços na Península de Macau desceram 0,9 por cento, mas aumentaram na Taipa e Coloane (1,2 por cento). As quebras são mais abruptas face ao ano anterior, com a DSEC a referir que no período em análise os preços da habitação decresceram 12,4 por cento, em comparação com o período de Agosto a Outubro de 2023, com os preços na Península a caírem 13,6 por cento e na Taipa e em Coloane a descerem 8,2 por cento. Em termos de área útil, os preços de habitações do escalão dos 75 aos 99,9 metros quadrados registaram a maior quebra face ao período anterior, com a descida dos preços a atingir 3,6 por cento. Os preços de apartamentos mais pequenos, com área útil inferior a 50 metros quadrados, caíram 0,8 por cento entre Agosto de Outubro. Contudo, o índice do escalão dos 50 aos 74,9 metros quadrados subiu 0,9 por cento.
Hoje Macau SociedadeGoverno | Rosário diz que jornalistas e AL foram o mais difícil Na hora da despedida, o secretário para os Transportes e Obras Pública, Raimundo do Rosário, afirmou que a parte mais difícil do seu trabalho foi lidar com os jornalistas e com os deputados. “Vocês e a Assembleia Legislativa. Vocês são a parte mais difícil”, afirmou Raimundo do Rosário, à comunicação social, numa altura em que se prepara para deixar Macau. “Têm sempre críticas contra mim, críticas irracionais. Os órgãos da comunicação social e a Assembleia Legislativa são as partes mais difíceis”, frisou. A postura do secretário não é surpreendente, dado que ao longo dos últimos 10 anos, mostrou-se várias vezes agastado com críticas de deputados e perguntas de jornalistas. Chegou inclusive a afirmar algumas vezes no hemiciclo que os deputados só sabiam criticar. “Ao longo destes dez anos, quando andava sozinho na rua, nunca fui criticado por um residente ou tratado de forma agressiva. Fui sempre recebido com simpatia ou então com silêncio. Portanto, o que quero dizer é que aquilo que encontrei na rua é completamente diferente do que vejo referido nos jornais”, contou. “Nunca recebi queixas dos residentes na rua”, acrescentou. O governante revelou também estar a “fazer as malas” e agradeceu a colaboração das pessoas com quem trabalhou nos últimos 10 anos. “A coisa mais feliz é que estamos quase a terminar todas as coisas importantes. Estou muito feliz e tenho de agradecer aos meus 3.000 colegas pela ajuda e cooperação em diferentes tarefas, incluindo o 5G, habitação económica e social, Metro Ligeiro, pontes, hospital e outras obras. Mais de 90 por cento das construções já foram feitas”, defendeu.
Hoje Macau SociedadeMP | Ip Son Sang afirma que vai continuar “na área judicial” O ainda Procurador da RAEM, Ip Son Sang, afirma que vai “continuar na área judicial”, apesar de ter o futuro desconhecido. As declarações foram prestadas à margem da Marcha por Um Milhão. “A minha profissão é magistrado. Fui Procurador do Ministério Público nos últimos 10 anos, portanto, continuo a ser magistrado. Após deixar o cargo vou continuar na área judicial”, disse o responsável. Sem revelar o seu futuro, que poderá passar pelo Tribunal de Última Instância, de forma a evitar a despromoção, Ip fez ainda um resumo do trabalho feito nos últimos 10 anos e que começou com um dos casos mais mediáticos da RAEM, as investigações contra o ex-superior Ho Chio Meng. “Durante estes dez anos, os trabalhos no MP foram pesados, porque houve vários casos e julgamentos, como é conhecido pelos residentes. Houve até alguns casos que chocaram toda a sociedade, incluindo o caso que envolveu a gestão interna do MP”, reconheceu. “Portanto, reforçámos a fiscalização sobre os magistrados, o prosseguimento e a consulta dos casos bem como o arquivamento das investigações. Tomámos uma série de medidas para fazer estes trabalhos”, realçou. Por outro lado, Ip Son Sang deu uma prova de confiança ao sucessor, Chan Tsz King: “O próximo Procurador trabalhou anteriormente no Ministério Público e mudou-se para o CCAC. Com o regresso de Chan Tsz King ao MP, acredito que vai haver uma mudança necessária no organismo”, destacou.
Hoje Macau PolíticaComunidades | Lisboa está a acompanhar mudanças na RAEM O Governo português está a acompanhar as mudanças em Macau e preparado para apoiar os portugueses, disse à Lusa José Cesário. “Sabemos que o território está a passar por mudanças”, sublinhou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. O novo chefe do Executivo, Sam Hou Fai, irá tomar posse a 20 de Dezembro, dia em que se assinala o 25.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau. “É um momento muito especial”, disse José Cesário, de celebração “de uma forma muito significativa” da transferência da administração da região, de Portugal para a China. “É fundamental que as autoridades portuguesas não deixem de estar presentes (…) para acompanhar estas dinâmicas e, de alguma forma, para darmos algum apoio à comunidade portuguesa que aqui existe em número tão significativo”, disse o secretário de Estado. A última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal em Macau apontava para mais de 100 mil portadores de passaporte português entre os residentes nas duas regiões chinesas de Macau e Hong Kong. Cesário sublinhou que pretende “ouvir muito daquilo é o sentimento” da comunidade, mas confirmou que a passagem “muito breve” pelas duas cidades, que terminou no domingo, não inclui encontros oficiais com dirigentes locais. O secretário de Estado acrescentou que “não há desenvolvimentos” sobre as restrições à autorização de residência para portugueses em Macau. Desde Agosto de 2023 que o território não está a aceitar novos pedidos fundamentados com o “exercício de funções técnicas especializadas”, permitindo apenas justificações de reunião familiar ou anterior ligação a Macau.
Hoje Macau Manchete PolíticaFunção Pública | Juramento e lealdade não preocupa Coutinho A exigência de juramento de lealdade de funcionários públicos, incluindo por portugueses, é matéria do foro da China e de Macau que o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, não comenta. Já Pereira Coutinho, não está preocupado com implicações da proposta que, por exemplo, castiga com despedimento quem caluniar leis aprovadas pela APN A proposta de exigir um juramento de lealdade aos funcionários públicos de Macau, incluindo os de nacionalidade portuguesa, é uma matéria exclusiva da China, disse à Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. “Essa é uma questão que eu não comento, é uma questão do foro da República Popular da China e das autoridades de Macau”, sublinhou José Cesário. “É uma matéria que nos transcende completamente”, acrescentou o secretário de Estado, que se encontrou no sábado com a direcção da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). O presidente da ATFPM disse à televisão pública de Macau TDM não ter quaisquer preocupações com a proposta apresentada pelo Conselho Executivo. José Pereira Coutinho recordou que desde 2005, quando se tornou deputado, que tem de fazer um juramento semelhante. “Nunca tive algum problema ou que isto viesse causar alguma pressão à minha actividade”, garantiu o português. Pereira Coutinho disse que as mudanças propostas pelo Governo são positivas, uma vez que “não há dúvidas que as alterações introduzidas (…) vêm exigir mais responsabilidade”. Tudo bons rapazes De acordo com as propostas, apresentadas a 15 de Novembro pelo Conselho Executivo, os funcionários públicos de Macau poderão ser demitidos caso pratiquem “actos contrários” a um juramento de lealdade à China e ao território. O porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong Weng Chon, alertou na altura que os funcionários públicos podem ser despedidos devido a conversas privadas ou comentários publicados em redes sociais. Por outro lado, a proposta de lei entregue à Assembleia Legislativa elenca vagamente uma série de actos, como “não respeitar o sistema político consagrado na Constituição da República Popular da China (RPC) e na Lei Básica, atacando com má-fé, denegrindo, caluniando ou ultrajando a RPC ou a RAEM”. O funcionário público será também punido se “não respeitar as competências da Assembleia Popular Nacional e do seu Comité Permanente”, nomeadamente se “atacar com má-fé, denegrindo, caluniando ou ultrajando as leis, interpretações e decisões aprovadas pela APN”. Em 17 de Novembro, Jorge Fão, antigo presidente da ATFPM e deputado, disse à TDM que a proposta pode abrir a porta a demissões sumárias, algo que considerou como excessivo. Na quinta-feira, o deputado Leong Sun Iok, eleito pela Federação das Associações dos Operários de Macau, disse à imprensa local que as alterações devem ter em atenção a presença de funcionários macaenses e portugueses. O papel da ATFPM De acordo com o último Relatório de Recursos Humanos da Administração Pública, em 2023 Macau tinha 34.311 funcionários. O documento não refere quantos têm nacionalidade portuguesa, mencionando apenas que 257 nasceram em Portugal. No sábado, José Cesário entregou a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas à ATFPM. A associação desempenha “um papel muito importante, sobretudo no plano social”, a apoiar “muita gente que trabalhou na função pública de Macau”, sublinhou o secretário de Estado. Na sexta-feira, Cesário entregou também a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas ao Conselho das Comunidades Macaenses e ao grupo de teatro Dóci Papiaçám di Macau, em cujas peças sobrevive o patuá.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Alerta para falta de atracções e jogo na Tailândia Dois analistas disseram à Lusa que uma eventual legalização do jogo na Tailândia e a ausência de novas atracções além dos casinos pairam sob o futuro da economia de Macau, altamente dependente do turismo. Nos primeiros nove meses do ano, o Produto Interno Bruto da região recuperou para 87,3 por cento do nível registado antes da pandemia, mas os serviços turísticos continuam a representar 79,7 por cento da economia. “Há aqui uma recuperação económica fantástica na área dos casinos e tudo que está ligado ao turismo, hotelaria, restauração”, confirmou o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa Carlos Cid Álvares. Mas este admitiu que “há um não crescimento ou até uma queda nos pequenos negócios” longe dos casinos. O analista da consultora de jogo IGamix, Ben Lee, lembrou que, tal como os antecessores, o próximo líder de Macau “voltou a proferir palavras muito fortes e encorajadoras” no que toca à diversificação da economia. Glenn McCartney, professor da Universidade de Macau, acredita que as operadoras ficaram sem mãos a medir depois dos casinos se terem tornado “uma oferta muito aliciante” para os grandes jogadores. Mas este segmento VIP, que chegou a representar 60 por cento das receitas dos casinos em 2013, foi afectado pela detenção do líder do grupo junket Suncity, em Novembro de 2021. Ben Lee acredita que a formação jurídica de Sam Hou Fai poderá ajudá-lo a combater a “burocracia de Macau e os interesses instalados”. Glenn McCartney sublinhou a importância de áreas como o turismo médico e “a economia nocturna”, para garantir que os visitantes passam mais tempo e gastam mais dinheiro em Macau. O Governo tailandês está a preparar um projecto de lei que permite a construção de empreendimentos integrados de jogo, semelhantes aos de Macau, abertos a estrangeiros.
Hoje Macau Manchete PolíticaRon Lam afirma que desqualificações podem permitir sufrágio universal A desqualificação dos pró-democratas, em 2021, da corrida à Assembleia Legislativa (AL) e a exigência de lealdade à China pode permitir no futuro o sufrágio universal, disse à Lusa o deputado Ron Lam U Tou. Em 2023, a AL aprovou leis que excluem candidatos considerados não patriotas da corrida tanto ao hemiciclo como a Chefe de Executivo, sem direito a reclamação ou recurso para os tribunais. A falta de patriotismo já tinha sido usada pela comissão eleitoral como justificação para impedir, em 2021, 21 candidatos, incluindo 15 do chamado campo pró-democrata, das eleições legislativas. Ron Lam, eleito pela primeira vez para a AL precisamente em 2021, defendeu que, com estas medidas, o Governo Central deixou de ter desculpas para não implementar o sufrágio universal em Macau. “Qualquer pessoa que queira concorrer a eleições tem de ser um patriota. Porque não pode essa pessoa enfrentar a população e aceitar o teste? (…) Os patriotas que enfrentem o teste da população serão naturalmente os melhores candidatos”, defendeu o deputado. Há cinco anos, ainda antes de ser empossado, o agora líder cessante de Macau, Ho Iat Seng, tinha reiterado a possibilidade de instituir o sufrágio universal para eleição do Chefe do Executivo. “Acho que todo o sistema eleitoral tem de ser alterado. Até agora, eu sempre disse que o primeiro passo deve ser ter uma eleição competitiva para o Chefe do Executivo”, defendeu Ron Lam. Das seis votações realizadas desde a transição de administração para a China, apenas na primeira, em Maio de 1999, houve mais do que um candidato, com Edmund Ho Hau Wah a derrotar Stanley Au Chong Kit. O caminho certo Em 13 de Outubro, Sam Hou Fai recebeu o apoio de 394 membros da comissão, o número mais elevado de sempre, após uma campanha que levou a Associação dos Jornalistas de Macau a denunciar a “grave deterioração” da liberdade de imprensa. Algo que leva o antigo presidente do grupo pró-democracia Associação Novo Macau, Jason Chao Teng Hei, a dizer à Lusa que Ron Lam é “demasiado optimista”. “Receio que não seja este [o sufrágio universal] o caminho que Macau irá seguir, a não ser que haja uma grande mudança política em Pequim”, acrescentou Jason Chao. “O futuro de Macau é imprevisível”, disse à Lusa Leon Ieong Meng U, especialista em política do território. “Não podemos imaginar como será a China daqui a 25 anos”, quando termina o período de transição acordado com Portugal, explicou. O investigador da Universidade de Macau lembrou que, embora Xi Jinping “provavelmente já não terá o poder” em 2049, o actual líder chinês “quebrou as tradições tácitas para transições de poder e assim ninguém sabe quem será o próximo presidente”. Ainda assim, Ron Lam acredita que o sufrágio universal “é a forma de manter a paz e a estabilidade a longo prazo em Macau e Hong Kong, porque uma sociedade aberta exige um sistema que eleja alguém em quem as pessoas confiem”.
Hoje Macau SociedadeExportações lusófonas para a China caem 0,3% até Outubro As exportações lusófonas para a China caíram 0,3 por cento nos primeiros dez meses de 2024, com um decréscimo de 23 por cento em Outubro a inverter o melhor arranque de ano de sempre, indicam dados oficiais. As exportações atingiram 119,3 mil milhões de dólares entre Janeiro e Outubro, de acordo com dados dos Serviços de Alfândega da China divulgados na quinta-feira. Nos primeiros nove meses do ano, as exportações tinham registado o valor mais elevado desde que o Fórum Macau começou a apresentar estes dados, em 2013. Mas o cenário inverteu-se em Outubro, mês em que as exportações caíram 23 por cento, em comparação com o mesmo período de 2023, para 10,2 mil milhões de dólares. Os dados mostram que a descida se deveu sobretudo ao segundo maior fornecedor lusófono do mercado chinês, Angola, cujas vendas caíram 4,8 por cento para 14,8 mil milhões de dólares. As exportações da Guiné-Bissau para a China quase triplicaram nos primeiros dez meses de 2024, embora o país não tenha vendido mais de mil dólares em mercadorias. Outro lado da moeda Pelo contrário, no que toca ao maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, as exportações do Brasil cresceram 0,3 por cento, para 99,6 mil milhões de dólares, um novo máximo para os primeiros dez meses do ano. As vendas de mercadorias de Portugal para a China aumentaram 8,6 por cento para 2,58 mil milhões de dólares, enquanto as exportações de Moçambique subiram 11,9 por cento para 1,46 mil milhões de dólares. Na direcção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 71,9 mil milhões de dólares da China, um aumento anual de 18,3 por cento e um novo recorde para os primeiros dez meses do ano. O Brasil foi o maior comprador no bloco lusófono, com importações a atingirem 60,8 mil milhões de dólares, seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 5,12 mil milhões de dólares. Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 191,2 mil milhões de dólares entre Janeiro e Outubro, mais 6 por cento do que em igual período de 2023 e um novo máximo para os primeiros dez meses do ano. A China registou um défice comercial de 47,4 mil milhões de dólares com o bloco lusófono no período entre Janeiro e Outubro deste ano.
Hoje Macau Manchete PolíticaApontado fraco progresso como razão para mudar Chefe do Executivo O académico da Universidade de Macau Leon Ieong Meng U acha que a falta de progresso nas relações políticas com os países de língua portuguesa pode ter sido uma das razões para a mudança de liderança em Macau. Já Sales Marques afirma que Pequim encara o Fórum de Macau como “um instrumento de ‘soft power’ O académico Leon Ieong Meng U disse à Lusa que a falta de progresso nas relações políticas com os países de língua portuguesa pode ter sido uma das razões para a mudança de liderança em Macau. “Nunca saberemos o que realmente aconteceu, mas é razoável supor que o Governo Central não ficou muito satisfeito com o desempenho” do dirigente escolhido em 2019, disse Leon Ieong Meng U. Também o antigo presidente do grupo pró-democracia Associação Novo Macau, Jason Chao, disse à Lusa não saber “por que razão Ho Iat Seng perdeu a confiança de Pequim ou por que razão Pequim está tão ansiosa por fazer uma mudança que poderia acontecer daqui a cinco anos”. “Em termos de imagem, Ho fez muitas coisas boas para gerir a pandemia” e mesmo os fundos públicos dados ao filho, Jason Ho Kin Tung, “não são um escândalo tão grave como no caso de outros chefes do Executivo”, acrescentou o activista, radicado desde 2017 no Reino Unido. Leon Ieong sublinhou que em 2003, a China deu ao território “uma missão diferente” ao criar o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. “Na verdade, eles esperavam que Macau desempenhasse um papel na política externa da China”, nas ligações diplomáticas com Timor-Leste e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), disse Leong Ieong. “Todos sabemos que o Governo de Macau teve muito tempo, [mas] na prática não fez nada de muito significativo”, lamentou o investigador da Universidade de Macau. Uma nova ordem José Luís de Sales Marques disse que a ligação da região com os países lusófonos “vai continuando num ritmo e num tom muito favorável de uma convergência de intenções”, mas admitiu que “poderia estar mais desenvolvida”. Ainda assim, o antigo presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau recordou à Lusa o impacto da pandemia, “que se condicionou já as questões de ordem interna, quanto mais a ligação com os países de língua portuguesa”. Em 19 de Novembro, Ho Iat Seng sublinhou que apenas “dez dias depois” de tomar posse, teve de lidar com a pandemia, que levou Macau a praticamente fechar as fronteiras ao mundo durante quase três anos. “Isso prejudicou, por exemplo, a presença dos alunos dos países de língua portuguesa nas diversas universidades de Macau”, lamentou Sales Marques. Depois do território levantar as restrições, a primeira deslocação de Ho Iat Seng ao exterior, em Abril de 2023, foi a Portugal. “Houve obviamente uma paragem a nível de contactos cara-a-cara, mas estou a ver agora um retorno e com alguma pujança”, defendeu Sales Marques, dando como exemplo a sexta conferência ministerial do Fórum de Macau, em Abril. Desde que o líder chinês Xi Jinping subiu ao poder, em 2012, “ele tem dado extrema ênfase à política externa”, propondo a chamada “modernização ao estilo chinês”, que na prática é “um projecto de uma nova ordem global”, disse Leon Ieong. “O Governo Central quer Macau a contar uma boa história da China. Isso significa exigir que Macau aumente a influência da China junto dos países de língua portuguesa”, referiu o especialista em política do território. Sales Marques disse acreditar que Pequim vê sobretudo o Fórum de Macau como “um instrumento de ‘soft power’ [poder de influência] da República Popular da China na sua relação multidimensional com os países de língua portuguesa”, que inclui a cultura. O académico recordou ainda que a Lei Básica já prevê que a região pode “tratar por si própria (…) dos assuntos externos”.