Hong Kong | PM chinês pede a Carrie Lam que analise problemas sociais

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês considerou ontem que os protestos em Hong Kong prejudicaram a sociedade da região semi-autónoma “em todas as frentes” e apelou à chefe do Executivo local que analise os problemas sociais na cidade.
Durante uma reunião com a líder do território, Carrie Lam, Li Keqiang pediu-lhe que analise os “conflitos e problemas profundamente enraizados” em Hong Kong e que acabe com a violência e o caos nas ruas.
Lam está em Pequim para reunir com Li e o Presidente chinês, Xi Jinping, na sua primeira visita à capital chinesa desde que os candidatos pró-democracia venceram as eleições para os conselhos distritais em Hong Kong, no mês passado, reflectindo o descontentamento popular com a sua governação e o amplo apoio aos protestos que há seis meses abalam o território.
“O Governo central reconhece plenamente os seus esforços, mas Hong Kong ainda não superou as dificuldades: o governo da cidade deve continuar a fazer esforços para conter a violência e acabar com o caos, de acordo com a lei, e restaurar a ordem”, disse Li, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.
O primeiro-ministro chinês lamentou ainda a recessão que atinge a economia de Hong Kong: “Podemos dizer que a cidade está a enfrentar uma situação sem precedentes, grave e complicada”, realçou.

Regresso à anormalidade

O encontro decorreu no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen. O vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng, o director do gabinete de ligação de Pequim em Hong Kong, Wang Zhimin, e o director do gabinete para os assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Zhang Xiaoming, também estiveram presentes, segundo o SCMP.
“Ao longo do ano, a nossa política, economia e sociedade enfrentaram realmente graves problemas”, admitiu Lam, durante a reunião com Li, citada pelo jornal.
Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas por um projecto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.
Os protestos têm assumido contornos cada vez mais violentos, com actos de vandalismo e confrontos com as forças de segurança.
Na noite de domingo, manifestantes atiraram tijolos contra a polícia, que respondeu com disparos de gás lacrimogéneo. Segundo as autoridades, os manifestantes incendiaram barricadas, bloquearam estradas e partiram semáforos com martelos.
A violência e os confrontos em vários centros comerciais da região, no domingo, onde a polícia usou ainda gás pimenta e fez várias detenções, puseram fim a uma pausa de duas semanas nos confrontos entre polícia e manifestantes.

17 Dez 2019

EUA | Pequim apresenta queixa formal após expulsão de diplomatas

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês negou ontem que os dois diplomatas chineses expulsos dos Estados Unidos tenham entrado numa base militar no Estado da Virgínia e revelou ter apresentado formalmente queixa às autoridades norte-americanas.

“As acusações são completamente falsas e é por isso que apresentamos uma queixa formal”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, em conferência de imprensa.

“Pedimos aos EUA que corrijam o erro, cancelem esta decisão e protejam adequadamente os direitos dos diplomatas chineses, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, disse o porta-voz.

Segundo a imprensa norte-americana, Washington expulsou os dois diplomatas chineses este ano, depois de estes terem entrado naquela base militar. Um dos diplomatas foi identificado como agente dos serviços de inteligência chineses, que operava sob protecção diplomática.

Os dois diplomatas conseguiram percorrer cerca de um quilómetro e meio no complexo, em Setembro passado, mas foram detidos por militares.

Em Outubro passado, Washington anunciou que os diplomatas chineses passam a ter que informar o Departamento de Estado dos EUA com antecedência antes de qualquer reunião oficial nos Estados Unidos.

O Departamento de Estado norte-americano considerou a medida “recíproca”, face às condições de acesso dos diplomatas norte-americanos na China.

Em retaliação, a China confirmou a imposição de restrições aos diplomatas norte-americanos no país asiático.

China e Estados Unidos vivem um período de crescente rivalidade, à medida que uma prolongada guerra comercial se alargou à tecnologia, diplomacia ou Defesa.

17 Dez 2019

EUA | Pequim apresenta queixa formal após expulsão de diplomatas

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês negou ontem que os dois diplomatas chineses expulsos dos Estados Unidos tenham entrado numa base militar no Estado da Virgínia e revelou ter apresentado formalmente queixa às autoridades norte-americanas.
“As acusações são completamente falsas e é por isso que apresentamos uma queixa formal”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, em conferência de imprensa.
“Pedimos aos EUA que corrijam o erro, cancelem esta decisão e protejam adequadamente os direitos dos diplomatas chineses, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, disse o porta-voz.
Segundo a imprensa norte-americana, Washington expulsou os dois diplomatas chineses este ano, depois de estes terem entrado naquela base militar. Um dos diplomatas foi identificado como agente dos serviços de inteligência chineses, que operava sob protecção diplomática.
Os dois diplomatas conseguiram percorrer cerca de um quilómetro e meio no complexo, em Setembro passado, mas foram detidos por militares.
Em Outubro passado, Washington anunciou que os diplomatas chineses passam a ter que informar o Departamento de Estado dos EUA com antecedência antes de qualquer reunião oficial nos Estados Unidos.
O Departamento de Estado norte-americano considerou a medida “recíproca”, face às condições de acesso dos diplomatas norte-americanos na China.
Em retaliação, a China confirmou a imposição de restrições aos diplomatas norte-americanos no país asiático.
China e Estados Unidos vivem um período de crescente rivalidade, à medida que uma prolongada guerra comercial se alargou à tecnologia, diplomacia ou Defesa.

17 Dez 2019

MNE | Sugerido a Ozil que visite Xinjiang após comentários sobre abusos

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês sugeriu ontem que Mesut Ozil visite a região de Xinjiang, no extremo oeste da China, depois de o futebolista de origem turca ter criticado o tratamento de minorias étnicas muçulmanas por Pequim.

“Se Ozil tiver a oportunidade, ficaremos felizes que ele visite Xinjiang para observar a situação”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, em conferência de imprensa.

O porta-voz considerou que o julgamento do médio do Arsenal foi “influenciado por informações falsas”.
Nas redes sociais Twitter e Instagram, Ozil criticou a China pela perseguição da minoria étnica de origem muçulmana uigur e os países muçulmanos por manterem o silêncio.

“Alcorãos estão a ser queimados. Mesquitas estão a ser fechadas. Escolas muçulmanas estão a ser banidas. Estudiosos religiosos estão a ser mortos um a um”, descreveu o jogador do Arsenal, em mensagens escritas em turco.

“Apesar de tudo isto, os muçulmanos ficam calados”, frisou. “O que será lembrado daqui a alguns anos não é a tortura pelos tiranos, mas o silêncio dos seus irmãos muçulmanos”, apontou.

As autoridades chinesas mantêm mais de um milhão de uigures em campos de doutrinação na região de Xinjiang, no extremo oeste do país, numa campanha de assimilação cultural.

Antigos detidos dizem ter sido obrigados a renunciar ao Islão, jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês e sujeitos a tortura e outros abusos. Outros dizem terem sido forçados a assinar contratos de trabalho com fábricas, onde são forçados a trabalhar longas jornadas por salários baixos, e proibidos de deixar as instalações durante os dias da semana.

O Governo chinês, que inicialmente negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratar-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade e erradicar o “extremismo” da região. Apesar da pressão internacional, os países muçulmanos têm-se mantido relutantes em criticar Pequim.

Transmissão cortada

Como retaliação pelos comentários do médio, a televisão estatal chinesa CCTV cancelou no domingo a emissão do jogo entre o Arsenal e o Manchester City.

A imprensa e redes sociais na China foram inundadas de críticas a Ozil, enquanto a Associação Chinesa de Futebol disse estar “extremamente zangada e decepcionada” com os comentários “inapropriados” do jogador.

“O que Ozil disse claramente magoou os seus fãs chineses e o povo chinês em geral”, apontou.
O jornal oficial do Partido Comunista Chinês condenou ainda Ozil por se referir à região como ‘Turcomenistão Oriental’, um “termo separatista defendido pelo Movimento Islâmico do Turquistão Oriental (ETIM), uma organização que a ONU qualifica como terrorista” e fazer acusações “sem fundamento” e usar “falsas narrativas” sobre as políticas da China em Xinjiang.

17 Dez 2019

MNE | Sugerido a Ozil que visite Xinjiang após comentários sobre abusos

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês sugeriu ontem que Mesut Ozil visite a região de Xinjiang, no extremo oeste da China, depois de o futebolista de origem turca ter criticado o tratamento de minorias étnicas muçulmanas por Pequim.
“Se Ozil tiver a oportunidade, ficaremos felizes que ele visite Xinjiang para observar a situação”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, em conferência de imprensa.
O porta-voz considerou que o julgamento do médio do Arsenal foi “influenciado por informações falsas”.
Nas redes sociais Twitter e Instagram, Ozil criticou a China pela perseguição da minoria étnica de origem muçulmana uigur e os países muçulmanos por manterem o silêncio.
“Alcorãos estão a ser queimados. Mesquitas estão a ser fechadas. Escolas muçulmanas estão a ser banidas. Estudiosos religiosos estão a ser mortos um a um”, descreveu o jogador do Arsenal, em mensagens escritas em turco.
“Apesar de tudo isto, os muçulmanos ficam calados”, frisou. “O que será lembrado daqui a alguns anos não é a tortura pelos tiranos, mas o silêncio dos seus irmãos muçulmanos”, apontou.
As autoridades chinesas mantêm mais de um milhão de uigures em campos de doutrinação na região de Xinjiang, no extremo oeste do país, numa campanha de assimilação cultural.
Antigos detidos dizem ter sido obrigados a renunciar ao Islão, jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês e sujeitos a tortura e outros abusos. Outros dizem terem sido forçados a assinar contratos de trabalho com fábricas, onde são forçados a trabalhar longas jornadas por salários baixos, e proibidos de deixar as instalações durante os dias da semana.
O Governo chinês, que inicialmente negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratar-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade e erradicar o “extremismo” da região. Apesar da pressão internacional, os países muçulmanos têm-se mantido relutantes em criticar Pequim.

Transmissão cortada

Como retaliação pelos comentários do médio, a televisão estatal chinesa CCTV cancelou no domingo a emissão do jogo entre o Arsenal e o Manchester City.
A imprensa e redes sociais na China foram inundadas de críticas a Ozil, enquanto a Associação Chinesa de Futebol disse estar “extremamente zangada e decepcionada” com os comentários “inapropriados” do jogador.
“O que Ozil disse claramente magoou os seus fãs chineses e o povo chinês em geral”, apontou.
O jornal oficial do Partido Comunista Chinês condenou ainda Ozil por se referir à região como ‘Turcomenistão Oriental’, um “termo separatista defendido pelo Movimento Islâmico do Turquistão Oriental (ETIM), uma organização que a ONU qualifica como terrorista” e fazer acusações “sem fundamento” e usar “falsas narrativas” sobre as políticas da China em Xinjiang.

17 Dez 2019

Versão animada de “Um Panorama dos Rios e das Montanhas” na Exposição do Museu do Palácio  

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau e o Museu do Palácio vão receber uma série de exposições dedicada ao tema “A Grande Viagem”. Amanhã é inaugurada a primeira fase da série na Galeria de Exposições Especiais do Museu de Arte de Macau com a exposição “Um Panorama dos Rios e das Montanhas”.

Recorrendo à mais recente tecnologia interactiva digital, esta exposição apresenta uma visão diferente de “Um Panorama dos Rios e das Montanhas”.

“A Grande Viagem” tem o intuito de exibir vários tesouros culturais relacionados com a Rota Marítima da Seda e de dar a conhecer ao público a história do intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente.

“Um Panorama dos Rios e das Montanhas” é composto por dez obras de pintura célebres da China, através de experiências interactivas digitais e de exibições encenadas, que procuram evocar paisagens naturais. Esta colecção faz parte do acervo do Museu do Palácio e integra a única obra ainda existente do pintor Wang Ximeng da dinastia Song do Norte.

O rolo gigante da pintura apresenta uma composição impressionante, acreditando-se ser o auge da pintura paisagística verde-azulada (qing lü shan shui) da dinastia Song do Norte. A pintura caracteriza-se por uma composição primorosamente elaborada que retrata cordilheiras imponentes e uma vasta área coberta de rios, evocando a coexistência harmoniosa entre o homem e a natureza.

O longo rolo digital de 35 metros de comprimento e 7 metros de altura usa a primeira tecnologia multicanal do mundo, que permite a interacção em tempo real com o público e possuindo ainda a funcionalidade de alteração da aparência para representar diferentes estações e condições atmosféricas.

Através de efeitos de luz e sombra, a obra expressa a demanda filosófica que tem por objectivo “movendo-se, viajando, vendo e vivendo”, apresentando ao público uma imagem animada, tal como se fosse uma paisagem real. Uma zona de experiência interactiva em torno da pintura será criada no local, incluindo “Poesia Mundana”, “Grande Imagem Sem Forma”, “Vida Reclusa Musical”, “Paisagem Sublime” e “Parede Sensorial”, a fim de partilhar com o público a verdade da beleza subjacente a este rolo.

A segunda fase da série de exposições incluirá as exposições “A Grande Viagem – A Cidade Proibida e a Rota Marítima da Seda” e “Produtos culturais e criativos do Museu do Palácio e área educacional”, as quais serão inauguradas em Janeiro de 2020.

17 Dez 2019

Fotografia | Exposição de João Palla inaugura dia 19 na UM

[dropcap]É[/dropcap] já esta quinta-feira, 19, que é inaugurada na Universidade de Macau (UM) uma exposição de fotografia sobre rostos femininos de Macau, da autoria do arquitecto João Palla. A mostra estará patente até ao dia 16 de Janeiro na Galeria E1. De acordo com um comunicado, são 30 imagens que “retratam traços inconfundíveis de luso-descendentes residentes em Macau, da autoria de João Palla Martins.

O arquitecto dispõe de um “acervo de mais de 500 imagens que captou, durante 10 anos, em diferentes locais por onde os portugueses passaram, desde o Myanmar ao Japão, e da Indonésia à Índia”, estando prevista uma nova exposição em 2020, altura em que será apresentada “uma obra sobre o tema”.

Esta é uma iniciativa do Instituto Internacional de Macau (IIM) e já esteve patente na Universidade de Aveiro, em Portugal, integrada no 2º Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China”. O autor das fotografias é licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, mestre em Design e Cultura Visual do IADE e doutorado em Ciências da Arte na Faculdade de Belas Artes de Lisboa.

João Palla é também membro fundador da Associação de Arquitectos Sem Fronteiras em Portugal, exercendo de momento a profissão de arquitecto em Macau, expondo ocasionalmente trabalhos na área das artes plásticas.

17 Dez 2019

Fotografia | Exposição de João Palla inaugura dia 19 na UM

[dropcap]É[/dropcap] já esta quinta-feira, 19, que é inaugurada na Universidade de Macau (UM) uma exposição de fotografia sobre rostos femininos de Macau, da autoria do arquitecto João Palla. A mostra estará patente até ao dia 16 de Janeiro na Galeria E1. De acordo com um comunicado, são 30 imagens que “retratam traços inconfundíveis de luso-descendentes residentes em Macau, da autoria de João Palla Martins.
O arquitecto dispõe de um “acervo de mais de 500 imagens que captou, durante 10 anos, em diferentes locais por onde os portugueses passaram, desde o Myanmar ao Japão, e da Indonésia à Índia”, estando prevista uma nova exposição em 2020, altura em que será apresentada “uma obra sobre o tema”.
Esta é uma iniciativa do Instituto Internacional de Macau (IIM) e já esteve patente na Universidade de Aveiro, em Portugal, integrada no 2º Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China”. O autor das fotografias é licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, mestre em Design e Cultura Visual do IADE e doutorado em Ciências da Arte na Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
João Palla é também membro fundador da Associação de Arquitectos Sem Fronteiras em Portugal, exercendo de momento a profissão de arquitecto em Macau, expondo ocasionalmente trabalhos na área das artes plásticas.

17 Dez 2019

Economia | Fitch desce perspectiva de estável para negativa 

A agência de rating Fitch mantém a economia de Macau numa boa posição, com a classificação de “AA”, mas decidiu baixar a perspectiva de estável para negativa face ao ano de 2020. São apontados factores como a dependência dos turistas do interior da China e a falta de diversificação económica

 

[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira internacional Fitch anunciou ontem que manteve a classificação de ‘AA’ para a economia de Macau, mas reduziu a perspectiva para 2020 de estável para negativa.

A dependência do fluxo turístico do interior da China associado ao jogo é uma das razões. Outra, é a falta de diversificação da economia, cuja indústria explorada pelas operadoras de casinos representa 51 por cento da actividade e 22 por cento da população empregada. Tal “expõe a economia a choques e contribuiu para o nível historicamente alto de volatilidade do PIB [Produto Interno Bruto] em Macau”, concluiu a agência.

A nível externo, a Fitch disse não acreditar “que seja provável que as operações de Macau dos operadores de casino dos EUA sejam envolvidas nas tensões comerciais EUA-China, dadas as possíveis ramificações que isso poderia ter no emprego local e na estabilidade social do território”, mas ressalvou que as perspectivas de crescimento “podem ser indirectamente afectadas por novas escaladas” da guerra comercial.

Pontos fortes

A agência voltou a destacar as “excepcionalmente fortes” finanças públicas de Macau, as políticas governativas que demonstram “compromisso com a prudência fiscal”, mas lembrou que “o crescimento mais lento da China continental teve um efeito de abrandamento no sector de jogos de Macau, com a receita bruta (…) a cair 2,4 por cento nos últimos nos 11 meses de 2019”, razão pela qual prevê uma contracção da economia de 2,5 por cento em 2019.

A mesma entidade destacou que “o desempenho fiscal continua forte, apesar da crise económica” e previu mesmo um excedente fiscal de 11,5% do PIB em 2019, “já que os resultados orçamentais até o final de Outubro apontam para a arrecadação de receita que excede consideravelmente a meta de 2019, enquanto as despesas correntes e de capital permanecem bem abaixo do orçamentado”.

Outros dados positivos que contribuem para Macau continuar classificada dois níveis acima da China continental passam pelas reservas fiscais, que deverão atingir 152 por cento do PIB em 2019, e pela ausência de dívida pública.

Factores que a Fitch antecipa que não se alterem com o novo Governo de Macau, que toma posse na sexta-feira. A agência considerou que a exposição dos bancos de Macau ao interior da China como o único maior risco financeiro para o sector. Por outro lado, a classificação de ‘AA’, explicou a Fitch, “assenta na suposição de que a governança do território, o estado de direito, a estrutura da política económica e os ambientes de negócios e regulatórios permanecem distintos do continente”.

“Essas premissas estão a evoluir, à medida que as regiões administrativas especiais chinesas se tornam mais intimamente integradas ao sistema de governança nacional, que foi acelerado por eventos em Hong Kong, bem como por meio de iniciativas políticas como a Grande Baía, que buscam melhorar oportunidades de crescimento regional a longo prazo, integrando mais estreitamente as economias do sul da China”.

17 Dez 2019

Economia | Fitch desce perspectiva de estável para negativa 

A agência de rating Fitch mantém a economia de Macau numa boa posição, com a classificação de “AA”, mas decidiu baixar a perspectiva de estável para negativa face ao ano de 2020. São apontados factores como a dependência dos turistas do interior da China e a falta de diversificação económica

 
[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira internacional Fitch anunciou ontem que manteve a classificação de ‘AA’ para a economia de Macau, mas reduziu a perspectiva para 2020 de estável para negativa.
A dependência do fluxo turístico do interior da China associado ao jogo é uma das razões. Outra, é a falta de diversificação da economia, cuja indústria explorada pelas operadoras de casinos representa 51 por cento da actividade e 22 por cento da população empregada. Tal “expõe a economia a choques e contribuiu para o nível historicamente alto de volatilidade do PIB [Produto Interno Bruto] em Macau”, concluiu a agência.
A nível externo, a Fitch disse não acreditar “que seja provável que as operações de Macau dos operadores de casino dos EUA sejam envolvidas nas tensões comerciais EUA-China, dadas as possíveis ramificações que isso poderia ter no emprego local e na estabilidade social do território”, mas ressalvou que as perspectivas de crescimento “podem ser indirectamente afectadas por novas escaladas” da guerra comercial.

Pontos fortes

A agência voltou a destacar as “excepcionalmente fortes” finanças públicas de Macau, as políticas governativas que demonstram “compromisso com a prudência fiscal”, mas lembrou que “o crescimento mais lento da China continental teve um efeito de abrandamento no sector de jogos de Macau, com a receita bruta (…) a cair 2,4 por cento nos últimos nos 11 meses de 2019”, razão pela qual prevê uma contracção da economia de 2,5 por cento em 2019.
A mesma entidade destacou que “o desempenho fiscal continua forte, apesar da crise económica” e previu mesmo um excedente fiscal de 11,5% do PIB em 2019, “já que os resultados orçamentais até o final de Outubro apontam para a arrecadação de receita que excede consideravelmente a meta de 2019, enquanto as despesas correntes e de capital permanecem bem abaixo do orçamentado”.
Outros dados positivos que contribuem para Macau continuar classificada dois níveis acima da China continental passam pelas reservas fiscais, que deverão atingir 152 por cento do PIB em 2019, e pela ausência de dívida pública.
Factores que a Fitch antecipa que não se alterem com o novo Governo de Macau, que toma posse na sexta-feira. A agência considerou que a exposição dos bancos de Macau ao interior da China como o único maior risco financeiro para o sector. Por outro lado, a classificação de ‘AA’, explicou a Fitch, “assenta na suposição de que a governança do território, o estado de direito, a estrutura da política económica e os ambientes de negócios e regulatórios permanecem distintos do continente”.
“Essas premissas estão a evoluir, à medida que as regiões administrativas especiais chinesas se tornam mais intimamente integradas ao sistema de governança nacional, que foi acelerado por eventos em Hong Kong, bem como por meio de iniciativas políticas como a Grande Baía, que buscam melhorar oportunidades de crescimento regional a longo prazo, integrando mais estreitamente as economias do sul da China”.

17 Dez 2019

Ponte HKZM | Cidadão “desaparecido” é suspeito de contrabando

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Segurança Pública da Província de Guangdong afirmaram através da sua conta oficial da rede social Weibo, que o cidadão de Hong Kong que “desapareceu” na passada sexta-feira quando vinha para Macau através da Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau foi detido por suspeita de contrabando. Recorde-se que o caso só veio a público depois do filho do desaparecido ter denunciado a situação aos meios de comunicação social.

Segundo as informações das autoridades do interior da China o homem detido, de apelido Chung, tem 53 anos, é residente de Hong Kong e era procurado pelas autoridades de Shenzhen desde de Agosto de 2012, por suspeita de contrabandear telemóveis através de condutores de camiões entre Guangdong e Hong Kong.

A pensar na vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações dos 20 anos da RAEM, as autoridades do interior da China contam com mais postos de controlo de segurança instalados nas ilhas artificiais da ponte, de forma a proceder à inspecção de todos aqueles que se deslocam para a cidade chinesa de Zhuhai ou para a RAEM provenientes de Hong Kong.

17 Dez 2019

Ponte HKZM | Cidadão “desaparecido” é suspeito de contrabando

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Segurança Pública da Província de Guangdong afirmaram através da sua conta oficial da rede social Weibo, que o cidadão de Hong Kong que “desapareceu” na passada sexta-feira quando vinha para Macau através da Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau foi detido por suspeita de contrabando. Recorde-se que o caso só veio a público depois do filho do desaparecido ter denunciado a situação aos meios de comunicação social.
Segundo as informações das autoridades do interior da China o homem detido, de apelido Chung, tem 53 anos, é residente de Hong Kong e era procurado pelas autoridades de Shenzhen desde de Agosto de 2012, por suspeita de contrabandear telemóveis através de condutores de camiões entre Guangdong e Hong Kong.
A pensar na vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações dos 20 anos da RAEM, as autoridades do interior da China contam com mais postos de controlo de segurança instalados nas ilhas artificiais da ponte, de forma a proceder à inspecção de todos aqueles que se deslocam para a cidade chinesa de Zhuhai ou para a RAEM provenientes de Hong Kong.

17 Dez 2019

Segurança | Metro encerra três dias

[dropcap]A[/dropcap] Sociedade do Metro Ligeiro de Macau anunciou ontem que a única linha existente vai estar encerrada durante três dias, devido às “medidas especiais de segurança”.

“Em coordenação com as medidas especiais de segurança do Governo da RAEM, será suspenso a partir das 13H00 do dia 18 até ao dia 20 de Dezembro de 2019 o serviço público de transporte de passageiros na linha da Taipa do Metro Ligeiro de Macau, sendo restabelecido o funcionamento normal no dia 21 de Dezembro”, consta no comunicado de ontem à noite.

“A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, S.A, solicita a atenção do público para esta situação. Pedimos desculpa pelo incómodo causado”, foi acrescentado.

17 Dez 2019

Segurança | Metro encerra três dias

[dropcap]A[/dropcap] Sociedade do Metro Ligeiro de Macau anunciou ontem que a única linha existente vai estar encerrada durante três dias, devido às “medidas especiais de segurança”.
“Em coordenação com as medidas especiais de segurança do Governo da RAEM, será suspenso a partir das 13H00 do dia 18 até ao dia 20 de Dezembro de 2019 o serviço público de transporte de passageiros na linha da Taipa do Metro Ligeiro de Macau, sendo restabelecido o funcionamento normal no dia 21 de Dezembro”, consta no comunicado de ontem à noite.
“A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, S.A, solicita a atenção do público para esta situação. Pedimos desculpa pelo incómodo causado”, foi acrescentado.

17 Dez 2019

RAEM, 20 anos | Gémeos nascidos antes da transferência dizem que Macau é “cada vez mais China”

Pouco antes da meia-noite, a 19 de Dezembro de 1999, os gémeos Rodrigo e Santiago Castanheira tornaram-se nos últimos a nascerem em Macau sob administração portuguesa, numa cidade que, dizem os próprios, “é cada vez mais China”

 

[dropcap]A[/dropcap] partir dos 15 anos deixaram de ir a Portugal. Deixaram de seguir as novelas brasileiras nas televisões portuguesas, mas ainda assistem aos ‘telejornais’. Seguem religiosa e orgulhosamente a selecção portuguesa de futebol, mas não votam. Gostam de pasteis de nata, mas franzem o sobrolho “às réplicas chinesas” e preferem aqueles que vêm congelados de Portugal. Não falam cantonês ou mandarim, elogiam a qualidade de vida de Macau, mas criticam a falta de civismo, sobretudo daqueles que vêm do Interior da China.

Rodrigo e Santiago, que nasceram separados por cinco minutos, hesitam, mas são assertivos na conclusão: são tão macaenses como portugueses. Mas macaenses fruto da união dos “pais que são mesmo portugueses”, que “não são mistura”.

A política é assunto raro na conversa com os amigos. Contudo, os gémeos dizem sentir um “clima cada vez mais impositivo” em Macau, que “é cada vez mais China”. E conseguem traçar uma diferença significativa entre a população, mas sobretudo entre os jovens, do território e da cidade vizinha de Hong Kong que tem sido marcada há meio ano por manifestações violentas: “Em Macau não há razões para se protestar”, sentencia Rodrigo, com Santiago a admitir que durante muito tempo não sabia qual a origem das marchas pró-democracia.

Da ‘margem’ de Macau, que só tem recebido elogios de Pequim pelo sucesso na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, traçam uma certeza política sobre o que se passa na região vizinha: “Se querem a independência de Hong Kong, se querem ser Taiwan, é claro que a China não vai deixar. Aqui e em Hong Kong é a China que decide”.

Lamentam a falta de civismo e comparam, mais uma vez a realidade de Macau com a de Hong Kong. Dizem que “ao lado, fazem filas nas escadas rolantes, nos autocarros, no metro, não se veem beatas de cigarros no chão e não é frequente cuspirem para o chão”. Em Macau, destacam, já não é assim.

Depois do pôr do sol

Nas deslocações entre a praia de Hac Sá, onde vivem, no sudeste da ilha de Coloane, e a península de Macau, viram crescer a economia idealizada por Pequim: os hotéis, os casinos e todos os equipamentos associados à exploração do jogo, onde antes apenas existia pouco mais do que um pântano.

À ‘boleia’ do jogo chegou alguma criminalidade, mas que não é visível à luz do dia, explicam, exemplificando: “à noite é que aparecem os mafiosos e a prostituição”. Uma criminalidade insuficiente, contudo, para ‘contaminar’ uma cidade que é “uma das mais seguras do mundo, de certeza”, algo que valorizam e que contribui para apontarem “a qualidade de vida que existe em Macau”.

Em Macau, “cidade muito pequena (…) onde já não se fala praticamente o português”, habituaram-se a percorrer as ruas sem que quase ninguém perceba o que conversam, pelo que lhes causa alguma estranheza os relatos bem diferentes do irmão mais velho, que estuda Direito em Portugal.

Diferentes, são “os melhores amigos que vivem na mesma casa”. Santiago já terminou o 12.º ano, está a fazer “uma pausa” para melhorar as notas na disciplina de português e quer estudar gestão empresarial em Portugal. Rodrigo está a concluir o 12.º, quer continuar a jogar râguebi, mas profissional, e seguir a área de desporto, em Hong Kong ou em Macau.

Adoram o antigo território administrado por Portugal, uma “cidade multicultural”. Santiago defende que Macau devia apostar mais nas políticas ambientais. Rodrigo sustenta que a ‘Las Vegas da Ásia’ tem que “investir em outras coisas porque o jogo não vai durar para sempre”.

Santiago sintetiza o sentimento comum dos gémeos, quando vem à baila a história associada aos seus nascimentos: “Já não há muito para acrescentar, mas é sempre giro dizer que fui o último a nascer no Império português!”.

17 Dez 2019

RAEM, 20 anos | Gémeos nascidos antes da transferência dizem que Macau é “cada vez mais China”

Pouco antes da meia-noite, a 19 de Dezembro de 1999, os gémeos Rodrigo e Santiago Castanheira tornaram-se nos últimos a nascerem em Macau sob administração portuguesa, numa cidade que, dizem os próprios, “é cada vez mais China”

 
[dropcap]A[/dropcap] partir dos 15 anos deixaram de ir a Portugal. Deixaram de seguir as novelas brasileiras nas televisões portuguesas, mas ainda assistem aos ‘telejornais’. Seguem religiosa e orgulhosamente a selecção portuguesa de futebol, mas não votam. Gostam de pasteis de nata, mas franzem o sobrolho “às réplicas chinesas” e preferem aqueles que vêm congelados de Portugal. Não falam cantonês ou mandarim, elogiam a qualidade de vida de Macau, mas criticam a falta de civismo, sobretudo daqueles que vêm do Interior da China.
Rodrigo e Santiago, que nasceram separados por cinco minutos, hesitam, mas são assertivos na conclusão: são tão macaenses como portugueses. Mas macaenses fruto da união dos “pais que são mesmo portugueses”, que “não são mistura”.
A política é assunto raro na conversa com os amigos. Contudo, os gémeos dizem sentir um “clima cada vez mais impositivo” em Macau, que “é cada vez mais China”. E conseguem traçar uma diferença significativa entre a população, mas sobretudo entre os jovens, do território e da cidade vizinha de Hong Kong que tem sido marcada há meio ano por manifestações violentas: “Em Macau não há razões para se protestar”, sentencia Rodrigo, com Santiago a admitir que durante muito tempo não sabia qual a origem das marchas pró-democracia.
Da ‘margem’ de Macau, que só tem recebido elogios de Pequim pelo sucesso na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, traçam uma certeza política sobre o que se passa na região vizinha: “Se querem a independência de Hong Kong, se querem ser Taiwan, é claro que a China não vai deixar. Aqui e em Hong Kong é a China que decide”.
Lamentam a falta de civismo e comparam, mais uma vez a realidade de Macau com a de Hong Kong. Dizem que “ao lado, fazem filas nas escadas rolantes, nos autocarros, no metro, não se veem beatas de cigarros no chão e não é frequente cuspirem para o chão”. Em Macau, destacam, já não é assim.

Depois do pôr do sol

Nas deslocações entre a praia de Hac Sá, onde vivem, no sudeste da ilha de Coloane, e a península de Macau, viram crescer a economia idealizada por Pequim: os hotéis, os casinos e todos os equipamentos associados à exploração do jogo, onde antes apenas existia pouco mais do que um pântano.
À ‘boleia’ do jogo chegou alguma criminalidade, mas que não é visível à luz do dia, explicam, exemplificando: “à noite é que aparecem os mafiosos e a prostituição”. Uma criminalidade insuficiente, contudo, para ‘contaminar’ uma cidade que é “uma das mais seguras do mundo, de certeza”, algo que valorizam e que contribui para apontarem “a qualidade de vida que existe em Macau”.
Em Macau, “cidade muito pequena (…) onde já não se fala praticamente o português”, habituaram-se a percorrer as ruas sem que quase ninguém perceba o que conversam, pelo que lhes causa alguma estranheza os relatos bem diferentes do irmão mais velho, que estuda Direito em Portugal.
Diferentes, são “os melhores amigos que vivem na mesma casa”. Santiago já terminou o 12.º ano, está a fazer “uma pausa” para melhorar as notas na disciplina de português e quer estudar gestão empresarial em Portugal. Rodrigo está a concluir o 12.º, quer continuar a jogar râguebi, mas profissional, e seguir a área de desporto, em Hong Kong ou em Macau.
Adoram o antigo território administrado por Portugal, uma “cidade multicultural”. Santiago defende que Macau devia apostar mais nas políticas ambientais. Rodrigo sustenta que a ‘Las Vegas da Ásia’ tem que “investir em outras coisas porque o jogo não vai durar para sempre”.
Santiago sintetiza o sentimento comum dos gémeos, quando vem à baila a história associada aos seus nascimentos: “Já não há muito para acrescentar, mas é sempre giro dizer que fui o último a nascer no Império português!”.

17 Dez 2019

Economia | Macau espera por Xi Jinping para ser centro financeiro

[dropcap]O[/dropcap] papel que Macau poderá vir a assumir enquanto centro financeiro é um cenário que está cada vez mais em cima da mesa, no seguimento do pacote de medidas financeiras a ser anunciado pelo Presidente chinês Xi Jinping por ocasião do 20º aniversário da RAEM, de acordo com as fontes citadas pela agência Reuters. Destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, Xi Jinping deverá anunciar o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, um centro de liquidação de renminbi e ainda, a atribuição de mais terrenos em Hengqin.

Para o presidente da Associação Económica de Macau, Lao Pun Lao, é preciso esperar pela visita do Presidente Xi Jinping a Macau para confirmar tais políticas. No entanto, segundo o responsável, citado pelo Jornal do Cidadão, Macau tem potencial para se desenvolver no sector financeiro e comercial e, caso venha mesmo a assumir um papel importante no sector, no seio da Grande Baía, então teria um grande potencial de crescimento no futuro.

Também Sio Chi Wai, Presidente do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau vê vantagens na implementação pacote de medidas financeiras que deverá ser anunciado durante a visita presidencial e afirmou, de acordo com a mesma fonte, que Macau dever ter uma nova visão no actual contexto, acreditando que o facto de a região poder vir a tornar-se num centro global de financiamento de capital de risco é uma nova oportunidade de desenvolvimento, sobretudo pela vantagem única que existe enquanto plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

17 Dez 2019

Economia | Macau espera por Xi Jinping para ser centro financeiro

[dropcap]O[/dropcap] papel que Macau poderá vir a assumir enquanto centro financeiro é um cenário que está cada vez mais em cima da mesa, no seguimento do pacote de medidas financeiras a ser anunciado pelo Presidente chinês Xi Jinping por ocasião do 20º aniversário da RAEM, de acordo com as fontes citadas pela agência Reuters. Destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, Xi Jinping deverá anunciar o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, um centro de liquidação de renminbi e ainda, a atribuição de mais terrenos em Hengqin.
Para o presidente da Associação Económica de Macau, Lao Pun Lao, é preciso esperar pela visita do Presidente Xi Jinping a Macau para confirmar tais políticas. No entanto, segundo o responsável, citado pelo Jornal do Cidadão, Macau tem potencial para se desenvolver no sector financeiro e comercial e, caso venha mesmo a assumir um papel importante no sector, no seio da Grande Baía, então teria um grande potencial de crescimento no futuro.
Também Sio Chi Wai, Presidente do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau vê vantagens na implementação pacote de medidas financeiras que deverá ser anunciado durante a visita presidencial e afirmou, de acordo com a mesma fonte, que Macau dever ter uma nova visão no actual contexto, acreditando que o facto de a região poder vir a tornar-se num centro global de financiamento de capital de risco é uma nova oportunidade de desenvolvimento, sobretudo pela vantagem única que existe enquanto plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

17 Dez 2019

Petição | Entrega de missiva com cinco exigências de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s órgãos de comunicação social foram convidados no domingo à noite, através de correio electrónico, para assistir à entrega de uma petição no Gabinete de Ligação em que se pede a Xi Jinping que aceite as cinco exigências dos manifestantes de Hong Kong. Além disso, é igualmente pedido ao Presidente Xi que aprove o sufrágio universal.

O convite dá um contacto de um homem com o apelido de Ching e a entrega está agendada para as 15h00 de hoje. Horas antes, às 10h30, uma petição com um conteúdo semelhante vai ser entregue no Edifício do Gabinete de Ligação da RAEHK.

17 Dez 2019

Petição | Entrega de missiva com cinco exigências de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s órgãos de comunicação social foram convidados no domingo à noite, através de correio electrónico, para assistir à entrega de uma petição no Gabinete de Ligação em que se pede a Xi Jinping que aceite as cinco exigências dos manifestantes de Hong Kong. Além disso, é igualmente pedido ao Presidente Xi que aprove o sufrágio universal.
O convite dá um contacto de um homem com o apelido de Ching e a entrega está agendada para as 15h00 de hoje. Horas antes, às 10h30, uma petição com um conteúdo semelhante vai ser entregue no Edifício do Gabinete de Ligação da RAEHK.

17 Dez 2019

Grande Baía | Diversificação económica e lusofonia devem ser apostas para 2020

Analistas disseram à Lusa que o novo Governo de Macau deve apostar, para o ano, em políticas concretas para o projecto da Grande Baía, diversificação económica, futuro do jogo e reforçar a aposta nos países de língua portuguesa

 

[dropcap]O[/dropcap] líder do Executivo que inicia funções no dia 20 de Dezembro, Ho Iat Seng, tem pela frente, no ano que se avizinha, “uma série de trabalhos na área da integração económica com a zona da Grande Baía e também o objectivo de uma maior interacção com os países lusófonos, que coincide com a entrada em funcionamento do novo edifício do Fórum de Macau”, afirmou à Lusa o conselheiro do executivo Leonel Alves.

Leonel Alves, um dos três conselheiros que transitou para o novo Conselho Executivo, antevê que as políticas de integração económicas inscritas no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que tem como finalidade a aceleração de integração de Macau no país, sejam reforçadas no próximo ano.

“É uma tarefa que tem de ser continuada, creio que Macau pode ser uma plataforma de elucidação de questões administrativas e jurídicas”, considerou, concretizando: “como plataforma de prestação de serviços, Macau deve dotar-se de serviços adequados para dar informações sobre projectos de investimento [na Grande Baía], na parte jurídica, administrativa, registo das sociedades, registo das propriedades, registo de marcas, como é que se protegem investimentos, etc”.

Em relação à chegada de um novo elenco governativo, o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés, aposta que será melhor do que o anterior Executivo, chefiado durante 10 anos por Chui Sai On. “Não que o anterior tenha sido mau, mas espera-se sempre melhorias. Caras novas, ideias novas, visão de futuro para uma cidade que se depara com problemas de crescimento e que está numa altura decisiva para o que serão as políticas sociais, de habitação e de diversificação da economia”, enfatizou o sócio português da Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados, em resposta à Lusa.

Ganhar músculo

No capítulo da diversificação, a tónica do Executivo será no reforço do frágil sector financeiro do território, na opinião de Leonel Alves.

“O Governo tem de arranjar uma plataforma financeira de nível internacional, precisa de massa crítica, precisa de especialistas. É uma tarefa urgente, complicada, mas necessária”. Uma tarefa vista como urgente, até porque, segundo o conselheiro, o território “está na terceira divisão do campeonato”, no que diz respeito a infra-estruturas financeiras” e, por isso, muito atrasado comparando com o vizinho Hong Kong e Shenzhen.

“Antevejo uma cruzada bastante grande para vencer esta batalha de adoptar Macau com infra-estruturas na área financeira e robustecer as nossas estruturas no que diz respeito ao intercâmbio com os países lusófonos”, apostou.

Em relação à indústria do jogo, naquela que é a capital mundial dos casinos, que este ano se espera receitas inferiores às do ano passado, “as expectativas sobre o que pode vir a ser a indústria têm uma acuidade maior em face do fim das concessões”, considerou o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés. As licenças expiram em 2022 e o futuro líder já prometeu “definir o número de licenças de concessão de jogo, tratar de forma adequada os problemas herdados da história, e resolver, gradual e ordenadamente, a situação da renovação, sem sobressaltos”.

Ho Iat Seng garantiu ainda que “vai concretizar os respectivos trabalhos de revisão da legislação” do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino.

Para Pedro Cortés “seria de todo conveniente que se definisse qual a política”. “Seria também importante definir e dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia”, sublinhou. Esse “chavão” de dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia, que se ouve “há anos e que não sai, com pequenas excepções, do papel”, criticou o advogado português.

17 Dez 2019

Grande Baía | Diversificação económica e lusofonia devem ser apostas para 2020

Analistas disseram à Lusa que o novo Governo de Macau deve apostar, para o ano, em políticas concretas para o projecto da Grande Baía, diversificação económica, futuro do jogo e reforçar a aposta nos países de língua portuguesa

 
[dropcap]O[/dropcap] líder do Executivo que inicia funções no dia 20 de Dezembro, Ho Iat Seng, tem pela frente, no ano que se avizinha, “uma série de trabalhos na área da integração económica com a zona da Grande Baía e também o objectivo de uma maior interacção com os países lusófonos, que coincide com a entrada em funcionamento do novo edifício do Fórum de Macau”, afirmou à Lusa o conselheiro do executivo Leonel Alves.
Leonel Alves, um dos três conselheiros que transitou para o novo Conselho Executivo, antevê que as políticas de integração económicas inscritas no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que tem como finalidade a aceleração de integração de Macau no país, sejam reforçadas no próximo ano.
“É uma tarefa que tem de ser continuada, creio que Macau pode ser uma plataforma de elucidação de questões administrativas e jurídicas”, considerou, concretizando: “como plataforma de prestação de serviços, Macau deve dotar-se de serviços adequados para dar informações sobre projectos de investimento [na Grande Baía], na parte jurídica, administrativa, registo das sociedades, registo das propriedades, registo de marcas, como é que se protegem investimentos, etc”.
Em relação à chegada de um novo elenco governativo, o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés, aposta que será melhor do que o anterior Executivo, chefiado durante 10 anos por Chui Sai On. “Não que o anterior tenha sido mau, mas espera-se sempre melhorias. Caras novas, ideias novas, visão de futuro para uma cidade que se depara com problemas de crescimento e que está numa altura decisiva para o que serão as políticas sociais, de habitação e de diversificação da economia”, enfatizou o sócio português da Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados, em resposta à Lusa.

Ganhar músculo

No capítulo da diversificação, a tónica do Executivo será no reforço do frágil sector financeiro do território, na opinião de Leonel Alves.
“O Governo tem de arranjar uma plataforma financeira de nível internacional, precisa de massa crítica, precisa de especialistas. É uma tarefa urgente, complicada, mas necessária”. Uma tarefa vista como urgente, até porque, segundo o conselheiro, o território “está na terceira divisão do campeonato”, no que diz respeito a infra-estruturas financeiras” e, por isso, muito atrasado comparando com o vizinho Hong Kong e Shenzhen.
“Antevejo uma cruzada bastante grande para vencer esta batalha de adoptar Macau com infra-estruturas na área financeira e robustecer as nossas estruturas no que diz respeito ao intercâmbio com os países lusófonos”, apostou.
Em relação à indústria do jogo, naquela que é a capital mundial dos casinos, que este ano se espera receitas inferiores às do ano passado, “as expectativas sobre o que pode vir a ser a indústria têm uma acuidade maior em face do fim das concessões”, considerou o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés. As licenças expiram em 2022 e o futuro líder já prometeu “definir o número de licenças de concessão de jogo, tratar de forma adequada os problemas herdados da história, e resolver, gradual e ordenadamente, a situação da renovação, sem sobressaltos”.
Ho Iat Seng garantiu ainda que “vai concretizar os respectivos trabalhos de revisão da legislação” do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino.
Para Pedro Cortés “seria de todo conveniente que se definisse qual a política”. “Seria também importante definir e dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia”, sublinhou. Esse “chavão” de dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia, que se ouve “há anos e que não sai, com pequenas excepções, do papel”, criticou o advogado português.

17 Dez 2019

20 Anos | Casa de Macau de Portugal em risco se não rejuvenescer

Depois de mais de meio século de actividade, a Casa de Macau de Portugal procura uma segunda vida e atrair novas gerações para o associativismo. Praticamente do outro lado do mundo, em pleno coração de Lisboa, os sabores e vivências de Macau têm sede na Avenida Almirante Gago Coutinho

 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Macau, que há mais de 50 anos mantém viva em Portugal a cultura macaense, está a “esvaziar-se” e corre o risco de morrer juntamente com a geração mais velha que ainda a mantém viva.

Por isso, a direcção quer atrair os jovens e entregar-lhes a gestão da Casa, porque só estes conseguirão adaptá-la aos novos tempos, que não se compadecem com o tradicional jogo de Mahjong, quando existem os jogos de computador, e passam cada vez menos pelo associativismo, numa era em que todo o mundo está permanentemente ligado através de um telemóvel, explica à Lusa Rui Gomes do Amaral, membro da direcção.

No interior da Casa de Macau, fundada em 1966, e situada, desde 1996, numa vivenda da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o tempo parece ter parado na história: a mobília tradicional chinesa, as loiças e os jarrões orientais, os quadros e as tapeçarias que forram as paredes, com uma profusão de pássaros, dragões ou divindades chinesas.

No amplo vestíbulo da casa, que serve também de sala de estar, onde estão dispostas poltronas de veludo verde, decorações de Natal e os jornais macaenses que diariamente ali são entregues, Rui Gomes do Amaral afirma que “para as actividades [da Casa de Macau] não se esvaziarem é preciso encontrar agilidade suficiente para atrair novas gerações”. “Para isso é preciso entregar a gestão da Casa de Macau às novas gerações. Se não fizermos essa transmissão, a casa morre connosco”, acrescentou.

Na cozinha preparam-se os pratos e iguarias tradicionais da culinária macaense para serem servidos no Chá-Gordo de Natal, uma das actividades que tem mais adesão dos associados.

Segundo Rui Gomes do Amaral, a gastronomia “é a actividade favorita” de quem frequenta a Casa de Macau, de tal forma que a direcção vai retomar em Janeiro uma série de ‘workshops’ para ensinar a confeccionar pratos tradicionais macaenses e que, na altura em que foram lançados, tiveram muita adesão. “Tudo o que é ligado à gastronomia tem sempre muita procura”, salienta.

Sangue novo

No primeiro andar da vivenda, há uma sala com mesas e cadeiras, com capacidade para albergar entre 30 a 40 pessoas, onde se realizam alguns eventos, como palestras, debates ou lançamentos de livros, e uma outra mais pequena, também mobilada com móveis chineses, que “em teoria” é onde a direcção recebe pessoas, mas que “na prática não é usada”, explica o responsável.

É também no primeiro andar que se situa a “sala de jogo” com um pequeno bar e mesas, onde os associados jogam Mahjong e cartas. Estes jogadores são “velhos habitués”. Hoje em dia não há muita procura, porque “as novas gerações já não são jogadoras”.

Uma das salas de destaque da Casa de Macau tem dispostos nas paredes os retratos de todos os sócios beneméritos, fundadores e honorários da casa, entre os quais se contam nomes como o do empresário Ng Fok ou o último governador de Macau, Rocha Vieira.

A actual presidente da Casa de Macau, Maria de Lourdes Albino, tem várias estratégias futuras planeadas, que passam pela angariação de “macaenses de origem chinesa que não falam português”, porque “a comunidade chinesa tem crescido e a Casa entende que os chineses de Macau poderão representar uma mais valia”.

Além disso, “presentemente a Casa está a desenvolver uma acção no sentido de trazer ao seu seio os estudantes bolseiros da RAEM que se encontram a estudar em Lisboa nas universidades portuguesas”, acção que se insere “numa estratégia de rejuvenescimento da massa associativa e de mudança geracional”, acrescentou, em entrevista à Lusa.

A exercer funções de Presidente da Direcção desde 2015, Maria de Lourdes Albino termina o seu segundo, e último, mandato em 2020, mas não quer sair sem dinamizar actividades que atraiam mais massa associativa, tendo por isso também planos para reintroduzir em Janeiro um curso de fotografia, “um tema do interesse dos associados” e que deixou de existir há dois anos.

Línguas afiadas

No ano passado a Casa de Macau iniciou aulas de cantonês e mantém as aulas de mandarim, que a direcção acredita ser a língua do futuro em Macau, onde, desde a transmissão da administração de Portugal para a China, em Dezembro de 1999, passou a ser leccionada nas escolas.
“Daqui a 20 anos, em Macau só vão falar mandarim, mas agora ainda falam cantonês”, considera Rui Gomes do Amaral.

Quanto ao Patuá, a Casa de Macau continua a manter algumas sessões sobre o tema, mas não investe em aulas, porque não há “massa crítica e não há como praticar”. “O Patuá caiu em desuso. Na minha geração praticamente deixou de existir. Agora os mais novos estão a recuperar em Macau, há uma geração nova a dinamizar, nesta onda dos patrimónios mundiais, como fez com a gastronomia”, explica.

Outra actividade normal da Casa de Macau, ligada às tradições macaenses, é aulas de Tai-chi – apesar de agora não terem inscrições, porque “já passou a moda” – a que se juntaram, desde o ano passado, aulas de chi-kung.

A Casa de Macau tem essencialmente como objectivo promover e reforçar os laços de amizade entre os macaenses residentes em Portugal e os residentes em Macau ou noutros locais. “Com o tempo, alargou-se este âmbito acolhendo também pessoas que, não sendo Macaenses, têm ou tiveram ligações a Macau ou que, simplesmente, se interessam por Macau e pela sua cultura”, contou Maria de Lourdes Albino.

Por estar subjacente a divulgação da cultura macaense nas suas diversas vertentes, são sempre realizados eventos no Natal, Páscoa e 24 de Junho (Dia de Macau e da Casa de Macau), em que é servido o Chá-Gordo macaense, e festejos no Ano Novo Chinês, com comida cantonense.

O dia de São Martinho também é assinalado, com castanhas e caldo verde, “uma vez que estamos inseridos na sociedade portuguesa e a nossa matriz é portuguesa”, mas é o evento gastronómico que tem menos participação.

Enquanto presidente da Casa de Macau, função que desempenha desde 2015, Maria de Lourdes Albino é da opinião que durante estes últimos 20 anos, houve sempre uma grande preocupação por parte dos responsáveis da RAEM “em manter viva a cultura e os costumes de Macau e dos Macaenses, até promovendo a sua continuidade”. Um dos exemplos é o apoio e o acompanhamento que as autoridades locais conferem à realização do Encontro das Comunidades Macaenses, evento que congrega macaenses provenientes das Casas de Macau de todo o mundo.

“Acrescento que o património português existente no território é objecto de preservação exemplar”, disse a responsável, que, ainda assim, acredita que “a cultura portuguesa tenderá a esbater-se à medida que o número de portugueses no território diminua.

“O avanço da cultura chinesa como consequência dos muitos chineses oriundos da região de Xangai e Pequim que se têm radicado em Macau também contribuirá para que o peso da cultura portuguesa diminua”.

17 Dez 2019

20 Anos | Casa de Macau de Portugal em risco se não rejuvenescer

Depois de mais de meio século de actividade, a Casa de Macau de Portugal procura uma segunda vida e atrair novas gerações para o associativismo. Praticamente do outro lado do mundo, em pleno coração de Lisboa, os sabores e vivências de Macau têm sede na Avenida Almirante Gago Coutinho

 
[dropcap]A[/dropcap] Casa de Macau, que há mais de 50 anos mantém viva em Portugal a cultura macaense, está a “esvaziar-se” e corre o risco de morrer juntamente com a geração mais velha que ainda a mantém viva.
Por isso, a direcção quer atrair os jovens e entregar-lhes a gestão da Casa, porque só estes conseguirão adaptá-la aos novos tempos, que não se compadecem com o tradicional jogo de Mahjong, quando existem os jogos de computador, e passam cada vez menos pelo associativismo, numa era em que todo o mundo está permanentemente ligado através de um telemóvel, explica à Lusa Rui Gomes do Amaral, membro da direcção.
No interior da Casa de Macau, fundada em 1966, e situada, desde 1996, numa vivenda da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o tempo parece ter parado na história: a mobília tradicional chinesa, as loiças e os jarrões orientais, os quadros e as tapeçarias que forram as paredes, com uma profusão de pássaros, dragões ou divindades chinesas.
No amplo vestíbulo da casa, que serve também de sala de estar, onde estão dispostas poltronas de veludo verde, decorações de Natal e os jornais macaenses que diariamente ali são entregues, Rui Gomes do Amaral afirma que “para as actividades [da Casa de Macau] não se esvaziarem é preciso encontrar agilidade suficiente para atrair novas gerações”. “Para isso é preciso entregar a gestão da Casa de Macau às novas gerações. Se não fizermos essa transmissão, a casa morre connosco”, acrescentou.
Na cozinha preparam-se os pratos e iguarias tradicionais da culinária macaense para serem servidos no Chá-Gordo de Natal, uma das actividades que tem mais adesão dos associados.
Segundo Rui Gomes do Amaral, a gastronomia “é a actividade favorita” de quem frequenta a Casa de Macau, de tal forma que a direcção vai retomar em Janeiro uma série de ‘workshops’ para ensinar a confeccionar pratos tradicionais macaenses e que, na altura em que foram lançados, tiveram muita adesão. “Tudo o que é ligado à gastronomia tem sempre muita procura”, salienta.

Sangue novo

No primeiro andar da vivenda, há uma sala com mesas e cadeiras, com capacidade para albergar entre 30 a 40 pessoas, onde se realizam alguns eventos, como palestras, debates ou lançamentos de livros, e uma outra mais pequena, também mobilada com móveis chineses, que “em teoria” é onde a direcção recebe pessoas, mas que “na prática não é usada”, explica o responsável.
É também no primeiro andar que se situa a “sala de jogo” com um pequeno bar e mesas, onde os associados jogam Mahjong e cartas. Estes jogadores são “velhos habitués”. Hoje em dia não há muita procura, porque “as novas gerações já não são jogadoras”.
Uma das salas de destaque da Casa de Macau tem dispostos nas paredes os retratos de todos os sócios beneméritos, fundadores e honorários da casa, entre os quais se contam nomes como o do empresário Ng Fok ou o último governador de Macau, Rocha Vieira.
A actual presidente da Casa de Macau, Maria de Lourdes Albino, tem várias estratégias futuras planeadas, que passam pela angariação de “macaenses de origem chinesa que não falam português”, porque “a comunidade chinesa tem crescido e a Casa entende que os chineses de Macau poderão representar uma mais valia”.
Além disso, “presentemente a Casa está a desenvolver uma acção no sentido de trazer ao seu seio os estudantes bolseiros da RAEM que se encontram a estudar em Lisboa nas universidades portuguesas”, acção que se insere “numa estratégia de rejuvenescimento da massa associativa e de mudança geracional”, acrescentou, em entrevista à Lusa.
A exercer funções de Presidente da Direcção desde 2015, Maria de Lourdes Albino termina o seu segundo, e último, mandato em 2020, mas não quer sair sem dinamizar actividades que atraiam mais massa associativa, tendo por isso também planos para reintroduzir em Janeiro um curso de fotografia, “um tema do interesse dos associados” e que deixou de existir há dois anos.

Línguas afiadas

No ano passado a Casa de Macau iniciou aulas de cantonês e mantém as aulas de mandarim, que a direcção acredita ser a língua do futuro em Macau, onde, desde a transmissão da administração de Portugal para a China, em Dezembro de 1999, passou a ser leccionada nas escolas.
“Daqui a 20 anos, em Macau só vão falar mandarim, mas agora ainda falam cantonês”, considera Rui Gomes do Amaral.
Quanto ao Patuá, a Casa de Macau continua a manter algumas sessões sobre o tema, mas não investe em aulas, porque não há “massa crítica e não há como praticar”. “O Patuá caiu em desuso. Na minha geração praticamente deixou de existir. Agora os mais novos estão a recuperar em Macau, há uma geração nova a dinamizar, nesta onda dos patrimónios mundiais, como fez com a gastronomia”, explica.
Outra actividade normal da Casa de Macau, ligada às tradições macaenses, é aulas de Tai-chi – apesar de agora não terem inscrições, porque “já passou a moda” – a que se juntaram, desde o ano passado, aulas de chi-kung.
A Casa de Macau tem essencialmente como objectivo promover e reforçar os laços de amizade entre os macaenses residentes em Portugal e os residentes em Macau ou noutros locais. “Com o tempo, alargou-se este âmbito acolhendo também pessoas que, não sendo Macaenses, têm ou tiveram ligações a Macau ou que, simplesmente, se interessam por Macau e pela sua cultura”, contou Maria de Lourdes Albino.
Por estar subjacente a divulgação da cultura macaense nas suas diversas vertentes, são sempre realizados eventos no Natal, Páscoa e 24 de Junho (Dia de Macau e da Casa de Macau), em que é servido o Chá-Gordo macaense, e festejos no Ano Novo Chinês, com comida cantonense.
O dia de São Martinho também é assinalado, com castanhas e caldo verde, “uma vez que estamos inseridos na sociedade portuguesa e a nossa matriz é portuguesa”, mas é o evento gastronómico que tem menos participação.
Enquanto presidente da Casa de Macau, função que desempenha desde 2015, Maria de Lourdes Albino é da opinião que durante estes últimos 20 anos, houve sempre uma grande preocupação por parte dos responsáveis da RAEM “em manter viva a cultura e os costumes de Macau e dos Macaenses, até promovendo a sua continuidade”. Um dos exemplos é o apoio e o acompanhamento que as autoridades locais conferem à realização do Encontro das Comunidades Macaenses, evento que congrega macaenses provenientes das Casas de Macau de todo o mundo.
“Acrescento que o património português existente no território é objecto de preservação exemplar”, disse a responsável, que, ainda assim, acredita que “a cultura portuguesa tenderá a esbater-se à medida que o número de portugueses no território diminua.
“O avanço da cultura chinesa como consequência dos muitos chineses oriundos da região de Xangai e Pequim que se têm radicado em Macau também contribuirá para que o peso da cultura portuguesa diminua”.

17 Dez 2019