APOMAC | Funcionário do Gabinete de Ligação eleito sócio honorário

[dropcap]A[/dropcap] APOMAC aprovou, em assembleia-geral de ontem, a proclamação do empresário Ng Fok como presidente honorário e do director-geral adjunto do departamento de coordenação do Gabinete de Ligação, Bian Tao, como sócio honorário.

Tal sucedeu no dia da eleição dos novos corpos sociais para o triénio 2019/2022, à qual se apresentou uma única lista liderada por Francisco Manhão (presidente da direcção), Jorge Fão (presidente da assembleia-geral) e Manuel Maria Gomes (presidente do conselho fiscal), que obteve 130 votos válidos.

A nova direcção tem, no entanto, dois novos elementos: Alice Gomes (vogal) e José Lourenço Fão (tesoureiro), informou a APOMAC em comunicado enviado às redacções.

29 Mar 2019

Art Basel | Brasil é o único país lusófono representado na feira de arte em Hong Kong

Decorre este fim-de-semana a maior feira de arte contemporânea da Ásia. A edição da Art Basel de Hong Kong vai mostrar as obras de quatro galerias do Brasil, sem esquecer “Wave” de Ai Weiwei e de uma instalação ‘lunar’ assinada por Laurie Anderson e Hsin-Chien Huang

 

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de artistas e centenas de galerias internacionais, incluindo do Brasil, voltam a reunir-se este fim de semana em Hong Kong para mais uma edição da Art Basel, a maior feira de arte contemporânea na Ásia. O certame assume-se como o ‘centro’ do panorama artístico do continente e uma “plataforma de luxo” para artistas e galerias de renome.

Entre 29 e 31 de Março, a sétima edição da Art Basel Hong Kong (ABHK) apresenta ao público trabalhos expostos por 242 galerias, entre as quais 21 estreantes, provenientes de 36 países e territórios.

Do espaço lusófono, o Brasil é o único país representado, através de quatro galerias com presença em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em Hong Kong pela terceira vez, a galeria Bergamin & Gomide tem “expectativas bastante positivas em relação a esta edição da feira”, disse à Lusa Bárbara Tavares, da equipa de Exposições e Projectos Especiais. “Acreditamos que a Art Basel Hong Kong é uma óptima oportunidade para apresentarmos o programa da Bergamin & Gomide ao mercado asiático”, sublinhou.

A galeria paulista traz a este lado do mundo “uma selecção dos mais importantes artistas brasileiros do período pós-Guerra”, criando “um rico diálogo entre as obras exibidas”. “Nesta edição apresentamos uma cuidadosa selecção de trabalhos do período pós-Guerra, de um total de 12 artistas, dentre eles Mira Schendel, Cildo Meireles, Rivane Neuenschwander, Jac Leirner e Amadeo Luciano Lorenzato”, disse Tavares.

A Bergamin & Gomide já é uma presença assídua em Miami, desde 2014, e Basileia, desde 2016. Além da galeria paulista, viajam para Hong Kong as galerias Mendes Wood DM, Fortes D’Aloia & Gabriel (com escritório em Lisboa) e a Nara Roesler.

Outro dos destaques da edição deste ano da Art Basel de Hong Kong é a presença da obra “Wave”, de Ai Weiwei, datada de 2015, trazida para a região vizinha por uma das mais importantes galerias de arte do mundo, a Lisson Gallery.

A escultura, que mostra uma onda feita de porcelana, foi feita em parceria com artesãos de Jingdezhen, o mais importante centro de produção de porcelana da China. A imagem da onda é inspirada na pintura em madeira “Under de Wave off Kanagawa (The Great Wave)”, de Katsushika Hokusai, artista japonês que viveu entre os anos de 1769 e 1849.

A presença de Laurie

Em 2013, a Art Basel alargou a oferta ao mercado asiático, na sequência dos eventos anuais em Basileia (Suíça) e Miami (EUA), o que colocou Hong Kong no circuito e levou a uma expansão da faceta de centro internacional de arte da antiga colónia britânica.

Apesar de chamar “várias galerias ocidentais”, com destaque para as de Nova Iorque, Paris e Berlim, a Art Basel de Hong Kong reforçou nesta edição “o compromisso contínuo de mostrar a arte excepcional da Ásia e da Ásia-Pacífico”, de acordo com a página oficial do evento. Como tal, mais de metade das galerias participantes têm espaços de exposição nesta região.

“Mais uma vez, Hong Kong estará representado na feira com 25 galerias. Ao mesmo tempo, galerias da Austrália, da Índia, da Japão, da Coreia do Sul, da China continental e de Taiwan continuam a ter forte presença”, indicou a organização. Pintura, escultura, desenhos, instalações, fotografia, vídeo e obras digitais são algumas das expressões artísticas patentes nesta edição, a maior desde 2013.

“To the Moon”, uma colaboração entre a artista norte-americana Laurie Anderson e o artista de Taiwan Hsin-Chien Huang, é um dos destaques desta edição, que se apresenta como uma “instalação imersiva” e permite aos visitantes “voarem pela superfície da Lua e perderem-se no seu terreno montanhoso”, segundo um comunicado da VIVE Arts. O trabalho de 15 minutos comemora o 50.º aniversário da missão Apollo 11, que levou os primeiros homens a pisar solo lunar, e é produzido pelo HTC VIVE Arts, parceiro oficial da Art Basel na área da realidade virtual. No ano passado, 80 mil pessoas visitaram a feira, de acordo com dados oficiais.

29 Mar 2019

China | Redução até Junho de sectores interditos ao investimento estrangeiro

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse ontem que, até ao final de Junho, a China reduzirá o número de sectores interditos ao investimento estrangeiro, conhecido como “lista negativa”, avançou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Na cerimónia de abertura do fórum Boao, conhecido como “Davos asiático”, Li garantiu ainda que não serão acrescentadas indústrias àquela lista.

O primeiro-ministro prometeu maior abertura nos sectores de serviços, telecomunicações, saúde e educação, ou financeiro, incluindo bancos, seguradoras e instituições.

Em relação à recém-adoptada nova lei para o investimento estrangeiro, que entra em vigor no início de 2020, o primeiro-ministro chinês afirmou que as autoridades já estão a rever todas as regulamentações que contrariem as novas directrizes.

“A China trata as empresas nacionais e estrangeiras de forma justa e protege os direitos e interesses de todos os tipos de empresas”, disse Li Keqiang, lembrando que as transferências forçadas de tecnologia “não são permitidas”, de acordo com a nova legislação.

O texto final da lei foi aprovado este mês, durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional, com o apoio de 99,5 por cento dos cerca de 3.000 delegados.

As autoridades só poderão restringir o acesso ao mercado doméstico, de firmas estrangeiras, “em circunstâncias especiais” ou que envolvam o “interesse público”, indicou na altura a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Futuro incerto

Os governos locais vão deixar também de poder confiscar propriedade estrangeira, sem que o processo passe pelas instâncias judiciais.

Quanto à desaceleração da economia chinesa, que cresceu 6,6 por cento no ano passado, Li ressaltou que o Governo já adoptou “medidas importantes”, que trouxeram resultados “positivos” para a estabilização do crescimento.

No entanto, o primeiro-ministro admitiu que a instabilidade económica e incerteza estão a “crescer consideravelmente”, com riscos exteriores “em expansão”, o que poderá acarretar um certo nível de “volatilidade” para o crescimento mensal e trimestral do país asiático.

Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, a taxa de desemprego do país subiu para 5,3% por cento, entre Janeiro e Fevereiro, depois de ter encerrado o ano passado nos 4,9 por cento.

Os lucros da indústria na China registaram uma queda homóloga de 14 por cento, em Janeiro e Fevereiro, acompanhando a tendência registada noutros indicadores económicos do país.

O discurso de Li coincide com o início de uma nova ronda de negociações, em Pequim, entre a China e os Estados Unidos, visando pôr fim às disputas comerciais que ameaçam a economia mundial.

29 Mar 2019

Direitos humanos | Detida advogada Wang Yu

[dropcap]A[/dropcap] advogada chinesa de direitos humanos Wang Yu foi detida pela polícia em frente à embaixada dos Estados Unidos, em Pequim, depois de se recusar a mostrar documentos de identificação, informou ontem um jornal de Hong Kong.

A detenção, na quarta-feira, foi confirmada ao South China Morning Post (SCMP) pelo marido da advogada, Bao Longjun, e pelo seu amigo Tang Zhishun, um activista pelos direitos de propriedade, que acompanhou Wang num seminário realizado na embaixada norte-americana.

Segundo Tang, os dois foram abordados pela polícia chinesa, fora da embaixada, e Wang afirmou não trazer consigo o seu bilhete de identidade.

“A polícia algemou-a e levou-a para a esquadra, arrastando-a para um carro”, disse Tang, citado pelo SCMP.

Funcionários da embaixada tentaram convencer as autoridades chinesas a deixar Wang entrar no edifício, mas a polícia prosseguiu com a detenção, detalhou.

Wang é uma de mais de 300 advogados e activistas que foram detidos, em 2015, parte de uma campanha repressiva lançada pelo Governo chinês contra defensores dos direitos humanos no país.

A advogada foi libertada sob fiança um ano depois, e desde então permanece sob controlo policial.

O marido de Wang foi notificado que a advogada desta vez foi detida por “obstruir a administração do Governo”, embora tanto ele como a sua mulher estejam convencidos de que a prisão ocorreu devido ao seu percurso como defensora de direitos humanos.

Wang expressou recentemente preocupação com os processos judiciais de outros advogados e activistas chineses, incluindo Wang Quanzhang, que foi condenado a 4 anos e meio de prisão por “subversão contra o poder do Estado”.

Época aberta

No ano passado, Wang disse ao SCMP que concordou em fazer uma confissão forçada na televisão estatal CCTV – prática comum na justiça chinesa – depois de as autoridades ameaçarem proibi-la de ver o seu filho.

Esta semana, a organização não-governamental, Chinese Human Rights Defenders (CHRD) denunciou um aumento das detenções nos dias seguintes ao encerramento da revisão periódica da situação dos direitos humanos realizada pela ONU, em meados de Março.

“O momento das detenções indica que as autoridades esperaram até ao fim do escrutínio público nas Nações Unidas para iniciar uma severa repressão”, disse a organização, em comunicado.

29 Mar 2019

Grande Baía | Macau e Hong Kong apostam na eficiência energética

[dropcap]O[/dropcap]s responsáveis pelo ambiente e energia de Macau e de Hong Kong expressaram ontem a vontade de apostar na eficiência energética para contribuir para a nova metrópole mundial ‘eco-responsável’ que a China está a construir.

Produção de ‘energia limpa’, com reduzida emissão de carbono, e a eficiência energética foram apresentadas como ‘receitas’ e contribuições para o projecto de criação da Grande Baía.

“Queremos construir uma cidade inteligente (…) e estamos a investir em iluminação inteligente”, afirmou o coordenador do gabinete de Desenvolvimento do Sector Energético da RAEM.

Hoi Chi Leong ilustrou a vontade do Governo no novo paradigma energético com a instalação de mais 200 postos de abastecimento para viaturas eléctricas no território.

O secretário do Ambiente do Governo de Hong Kong também destacou, na mesma sessão, o esforço daquele território de reduzir as emissões de CO2, de apostar na ‘energia limpa’ e na eficiência energética. Wong Kam-Sing afirmou que “nos últimos seis anos registou-se uma redução em 30 por cento da poluição atmosférica” e que Hong Kong tem como objectivo diminuir até ao final do próximo ano de seis para 4,5 toneladas a produção de lixo ‘per capita’, para ilustrar a responsabilidade e potencial de contribuição ambiental do território no projecto da Grande Baía.

29 Mar 2019

MIECF | Governo promete sete medidas ambientais para melhorar cidade

Sónia Chan disse que o Governo irá reforçar “a educação ecológica, fomentando o uso da energia verde”, estabelecer “um mecanismo de tratamento integrado de fontes móveis de poluição” e implementar a medida do poluidor-pagador”. A Chefe do Executivo interina discursou perante o ministro da Ciência e Tecnologia da China

 

[dropcap]A[/dropcap]rrancou ontem o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa). Na sessão de abertura, a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan prometeu sete medidas ambientais para melhorar a qualidade de vida em Macau. A saber: educação ecológica e a promoção do uso de energias ‘verdes’, o tratamento integrado de fontes móveis de poluição, a implementação do princípio poluidor-pagador, redução do uso de plástico, construção de infra-estruturas ecológicas e criação de mais espaço verdes e de lazer.

Numa toada diferente, António Trindade, presidente da CESL Asia, recordou que Macau lança ao rio cerca de metade do esgoto, sem tratamento, num volume equivalente a 31 piscinas olímpicas diariamente. Em declarações à Rádio Macau, António Trindade comentou a situação catastrófica ao nível da poluição marinha. “Não podemos dizer que nos próximos cinco a dez anos, da maneira como o Governo está a lidar com a situação, não vai haver melhorias. Existem estudos feitos, o Governo e as pessoas sabem, é catastrófico o que está a acontecer. O impacto ambiental na zona marinha, os lodos que estão depositados vão ter um impacto na qualidade das águas de Macau por muitas décadas”, comentou à Rádio Macau.

Sónia Chan, a cumprir funções de Chefe do Executivo interina devido ao facto de Chui Sai On estar fora de Macau, garantiu ainda que “ao mesmo tempo, irá proceder-se também à recuperação do ambiente das colinas e à intensificação da cooperação ambiental regional, explorando mais oportunidades de desenvolvimento para a indústria de protecção ambiental, avançando na concretização da visão de ‘transformar Macau num centro de baixo carbono, criar em conjunto uma vida ecológica’, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da cidade.

Com estas acções, a intenção é “manter o equilíbrio entre preservação e desenvolvimento”, resumiu Sónia Chan.

“A protecção ambiental não distingue entre grupos étnicos, enquanto a ecologia não tem fronteiras nacionais. Proteger o meio ambiente e beneficiar o futuro são as responsabilidades de cada um de nós”, sublinhou.

Abertura de Pequim

Sónia Chan discursou na abertura do MIECF perante o ministro da Ciência e Tecnologia da China e vários dirigentes chineses da Comissão para o Desenvolvimento e Reforma, do Ministério da Indústria e Tecnologias de Informação, do Ministério da Ecologia e Ambiente.

Por sua vez, o ministro da Ciência e Tecnologia da China manifestou a “total abertura” de Pequim para partilhar com o mundo as descobertas chinesas na área da economia verde, “para contribuir para o bem comum da Humanidade”.

A China “dá grande importância ao desenvolvimento da economia verde” e expressa a sua “total abertura para partilhar os resultados das suas experiências (…) e investigação nesta área”, afirmou Wang Zhigang.

Zhigang sublinhou a agenda chinesa no combate às alterações climáticas, defendendo que a China é neste momento um “participante e um líder do desenvolvimento sustentável no mundo” e que é da responsabilidade da “comunidade global” investir na tecnologia e inovação (…) para gerar novas indústrias ligadas à economia verde”.

Por outro lado, o ministro sustentou que “a inovação é o motor do desenvolvimento sustentável”, uma ideia reforçada em vários discursos de dirigentes chineses no MIECF, em Macau, que destacaram a aposta e os progressos obtidos pelo país, tanto no combate à poluição, como nas áreas de produção de energia limpa e de eficiência energética.

Guerra verde

Em Novembro do ano passado, a agência de notação financeira Stardard & Poor’s (S&P) afirmou num relatório que a China vai obter “benefícios consideráveis”, caso execute os seus planos para um desenvolvimento da economia verde.

Na esfera internacional, a China poderá tornar-se um “líder na acção climática”, devido às políticas e à postura da actual Administração norte-americana, liderada por Donald Trump, considerou a agência, sugerindo “uma transformação global, que poderá alterar a situação geopolítica”, à medida que vários países “reorientam as economias para um desenvolvimento sustentável e com baixa emissão de carbono”.

A China é o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, seguida pelos Estados Unidos, o principal consumidor de carvão e o segundo maior consumidor de petróleo.

O MIECF acolhe até sábado mais de 500 expositores, provenientes de cerca de 20 países e regiões.
As sessões integram oradores de cerca de 70 pioneiros ambientais, líderes de empresas multinacionais e criadores de políticas, provenientes de sete países e regiões, nomeadamente, da China interior, Holanda, Portugal, Timor-Leste, Reino Unido, Hong Kong e Macau. O MIECF 2019 ocupa uma área total de exposição de mais de 16.900 metros quadrados.

29 Mar 2019

Comissão Eleitoral tailandesa atribui vitória nas legislativas a partido pró-militar

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Eleitoral (CE) tailandesa anunciou ontem em conferência de imprensa os resultados preliminares das eleições gerais de domingo passado, em que o partido pró-militar Phalang Pracharat se impôs com 8,4 milhões de votos.

Em segundo lugar ficou o Pheu Thai, do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto pelos militares, com 7,9 milhões de votos, enquanto o recém-formado partido Anakot Mai ficou em terceiro lugar, com 6,2 milhões.

Cerca de 38,2 milhões de tailandeses (74,69%) votaram nas eleições, as primeiras desde golpe de estado de 2014.

Na distribuição dos 350 lugares eleitos pelos círculos eleitorais, o Pheu Thai conseguiu eleger 137, seguido do Phalang Pracharat (97), Bhumjaithai (39), Partido Demócrata (33) e o emergente Anakot Mai (30).

Faltam atribuir os 150 lugares restantes reservados segundo a legislação eleitoral tailandesa aos partidos concorrentes.

Não há anda data para este anúncio final do resultado das eleições. A Comissão Eleitoral, nomeada pela junta militar que governa o país desde 2014, estava sob forte pressão para acelerar a contagem da votação de domingo e responder às preocupações sobre possíveis irregularidades.

Os Estados Unidos, a União Europeia, a Austrália e outros países pediram que a comissão eleitoral abordasse essas preocupações.

Os utilizadores das redes sociais foram menos diplomáticos e criaram ‘hashtags’ como ‘CheatingElection19’ (‘Fraudeeleitoral19’) e ‘ECBusted’ (‘CEapanhada’).

28 Mar 2019

Idai: Buzi, em Moçambique, secou e renasce das cheias anunciadas por uma corrente de bois e cabritos

Por Fernando Peixeiro, da agência Lusa

 

[dropcap]A[/dropcap] vila de Buzi, centro de Moçambique, inundada e cercada pelas águas na sequência do ciclone Idai, está seca e os habitantes estão a refazer as vidas, embora se lembrem que tudo começou com bois e cabritos no rio.

Um dia antes de as águas chegarem e inundarem a vila, deixando-a isolada do resto do país, como conta à Lusa um habitante de Buzi, começou a ver-se na corrente do rio bois e cabritos, uns mortos e outros vivos.

O que é isso? A corrente está a puxar boi? Alguns meteram-se à água, conseguiram levar os animais para terra. Conta o mesmo habitante que o fenómeno deixou algumas pessoas alerta, que nessa noite já não dormiram.

O resto já é conhecido, a chegada das águas, depois do ciclone que destruiu quase tudo, as pessoas refugiadas em locais altos, nos telhados das casas. Toda a gente de Buzi tem uma história assim para contar.

A de Joana Francisco, agora calmamente a lavar roupa num alguidar, é assim, a de alguém que não tem casa, não tem comida e não tem “panela para cozinhar”.

A de alguém também vários dias em cima de um telhado, à espera que a água descesse e que chegasse ajuda.
Desde o final da semana passada essa ajuda também se faz em português, pela mão da Força de Reacção Imediata, constituída por militares dos três ramos, Marinha, Força Aérea e Exército.

Na tarde de quarta-feira em seis botes, a maior parte com fuzileiros, fizeram-se ao mar para, por um lado ir levar alimentos a aldeias na região de Buzi e por outro providenciarem água potável.

O tenente Santos Moreira, que comandou a força, explicou à Lusa que a Força de Reacção Imediata está a trabalhar desde sexta-feira passada para “dar o apoio, com géneros alimentares e farmacêuticos, e apoio médico-sanitário, às comunidades isoladas na região de Buzi”.

No cais da vila sede de Buzi, no rio com o mesmo nome, para carregar os botes com alimentos e medicamentos, o responsável explicou que os fuzileiros transportaram os alimentos para Buzi numa primeira fase e que agora é dali que partem carregados para chegar a pessoas que estão a passar necessidades, “que estão sem água e sem alimentos”. Desde a semana passada este vaivém é diário.

Uma pequena parte da força de fuzileiros, com dois elementos de engenharia e um farmacêutico, já tinha ficado num ramal do rio Buzi com uma bomba de purificação de água, para conseguir dar de beber a uma aldeia que também ficou isolada devido às cheias.

“Temos encontrado populações ainda isoladas, com muita carência alimentar, e problemas de saúde graves, e temos tentado suprimir com o pouco que temos. Ainda não conseguimos ver grandes melhorias, infelizmente, mas estamos cá para tentar melhorar isso”, disse Santos Moreira à Lusa.

Neste vaivém o que mais o marcou? Santos Moreira pensa um pouco, mas acaba por dizer que o que marca é a destruição das aldeias, as necessidades das populações, e especialmente as crianças, “que perderam os pais, irmãos, crianças com sete anos a tomar conta de irmãos de três”.

São de facto as crianças que caracterizam a vila, agora seca, de Buzi, dezenas e dezenas, de todas as idades, enchendo as ruas, caminhando ao lado dos visitantes, dando-lhes a mão, pedindo uma fotografia. Dos seus rostos e sorrisos não transparece o drama que terão vivido há pouco mais de uma semana.

Ele está marcado nas paredes, das casas, dos bancos, do hospital, a mostrar que a água subiu meio metro, um metro, mais e mais.

Está marcado nas palavras de Ibraimo Hassan Abdulla, dono de uma loja que diz estar “completamente vazia”, mas que está cheia: a água destruiu 80% da mercadoria.

O drama está marcado no gesto de alguém que se baloiça agarrado a um quase caído cabo de alta tensão, no sorriso triste de uma mulher do Bairro Massane, a secar o arroz que ficou debaixo de água e que agora cheira mal. Dá para comer? “Dá, com sofrimento”.

E marcado ainda nas mãos do homem que lava um colchão ou na cara da jovem que seca dezenas de caixas de fósforos numa esteira.

Ou nas palavras de Luís Fernando, um jovem que vive com a mãe na aldeia de Muchenesse, a poucos quilómetros de Buzi, onde também se dormiu nas árvores, onde há diarreia e malária, e onde há pessoas, muitas pessoas, que dormem em taludes abrigadas por dois paus espetados no chão e um pedaço de plástico.

Elton Americano, médico chefe distrital de Buzi, também mandou colocar na rua muitos aparelhos do hospital para secarem. Nunca se sabe, um dia que volte a luz pode ser que trabalhem.

No hospital, depois do ciclone, “entrou água em todas as enfermarias”, subiu mais de 60 centímetros e a maior parte dos aparelhos “ficou submersa”.

Mas diz com orgulho: “Sempre tivemos doentes internados e assistimo-los, dentro das nossas possibilidades. Em nenhum momento o hospital fechou, podia não ter assistência regular, mas havia visita para doentes e sempre um enfermeiro para medicar os pacientes”.

Tranquilo, diz que os casos que mais têm aparecido, antes de barco e agora por terra, são mais relacionados com traumatismos e feridas. “Trabalhávamos de forma improvisada”, diz.
E também de forma tranquila conta o que se passou há duas semanas.

A água chegou à vila já de noite, pelas 21:00, as pessoas foram para zonas altas e terraços, não chovia (a água vinha do rio que transbordou), as pessoas comeram “o que tinham de reserva”, não havia comunicações, e na manhã seguinte as águas começaram a descer.

“Praticamente foi uma noite que Buzi ficou cheio de água”, depois água começou a descer todos os dias. Americano não dramatiza e diz que a cidade está a refazer-se.

Três jovens a carregar sacos de arroz, uma menina a vender tomates e cebolas, uma mulher a vender panelas de alumínio de todos os tamanhos, um homem a vender baldes com pregos à beira da estrada, um barco a chegar da Beira, o cheiro a bolos fritos. Parece que está.

28 Mar 2019

Ministro timorense é o novo presidente do Fórum da região Ásia-Pacifico

[dropcap]O[/dropcap] ministro para a Reforma Legislativa e Assuntos parlamentares de Timor-Leste, Fidelis Manuel Magalhães, foi ontem eleito presidente do Fórum Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento Sustentável.

O Fórum está reunido em Banguecoque, na Tailândia, até amanhã para analisar o progresso da região Ásia-Pacífico nos objectivos de desenvolvimento sustentável propostos na Agenda 2030, com altos funcionários dos governos, funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) e de representantes da sociedade civil e do sector privado.

Fidelis Manuel Magalhães considerou, em entrevista à ONU, que a eleição para presidente do Fórum Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento Sustentável é “um reconhecimento da liderança de Timor-Leste e um reconhecimento do compromisso” do país “em atingir os objectivos de desenvolvimento sustentável”.

O ministro timorense considerou ainda o Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030 como exemplo do empenho de Timor-Leste em ir ao encontro de objectivos de desenvolvimento e compromissos com a comunidade internacional.

Fidelis Manuel Magalhães adiantou que no próximo ano serão conduzidas negociações entre a ONU e Timor-Leste para preparar um novo quadro de assistência da ONU ao desenvolvimento (UNDAF, na sigla em inglês) até 2025, com o objectivo de que o país asiático de língua portuguesa saia da lista de países subdesenvolvidos.

A lista conhecida como LDC (Least Developed Countries) e adoptada anualmente pela ONU nomeia um grupo de países que têm baixo Produto Interno Bruto (PIB), activos humanos baixos e que enfrentam grande vulnerabilidade económica.

O presente quadro UNDAF para Timor-Leste indica que até 2020 Timor-Leste “será uma sociedade justa, onde a dignidade humana e direitos humanos são valorizados, protegidos e promovidos por leis e cultura”.

O mesmo documento indica que, até 2030, “Timor-Leste será uma nação forte, coesiva e progressiva, onde os direitos e interesses dos cidadãos mais vulneráveis são protegidos”.

O UNDAF é uma base de dados de indicadores e taxas que o país deve melhorar (seja no acesso à educação, cuidados de saúde, água potável e electricidade, entre outros), para proporcionar condições de vida ao nível dos países desenvolvidos.

Segundo a organização do Fórum Ásia-Pacífico, os participantes farão, durante três dias, uma análise profunda do progresso da região sobre vários objectivos de desenvolvimento sustentável, sobretudo na área da educação, trabalho, desigualdades, acção climática, paz e parcerias.

No discurso de abertura a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, assinalou que nota uma “liderança decisiva” dos governos da região Ásia-Pacífico com a Agenda 2030 e elogiou os investimentos e parcerias dos países no desenho de estratégias e políticas para um desenvolvimento progressivo, com maior cobertura de dados e estatísticas.

Este encontro serve para preparar o Fórum Político de Alto Nível, que se realiza de 09 a 18 de Julho em Nova Iorque, Estados Unidos, com o tema “Capacitar pessoas e assegurar inclusividade e igualdade”.

28 Mar 2019

Tiago Monteiro ovacionado no regresso ao WTCR, ambiciona lutar pelo título

[dropcap]O[/dropcap] português Tiago Monteiro recebeu ontem a maior ovação da noite, na cerimónia de apresentação da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), durante a qual foram apresentadas as três principais novidades do campeonato.

Tiago Monteiro, que este ano vai defender as cores da equipa KCMG com um Honda Civic, está de volta ao campeonato ano e meio após um grave acidente sofrido precisamente em Barcelona, numa sessão de testes, em Setembro de 2017.

“Não esperava. Senti um calor muito grande dentro do peito. É por este sentimento de família que quis regressar à competição. Havia algumas pessoas que não acreditavam que seria possível, mas muitos destes que aqui estavam nunca duvidaram”, declarou à agência Lusa o piloto portuense, ovacionado de pé no momento em que subiu ao palco.

Tiago Monteiro disse acreditar poder “lutar pelo título” em 2019, apesar de saber que “será difícil”, pois “a concorrência é grande”.

O WTCR, que arranca no dia 7 de Abril em Marrocos, terá este ano uma nova corrida, no circuito de Sepang, na Malásia, nos dias 14 e 15 de Dezembro, que servirá de encerramento.

“O título deixa de ser discutido na lotaria que é o circuito de Macau”, explicou o director da competição, François Ribeiro.

Pela primeira vez haverá também uma corrida nocturna, precisamente no traçado malaio, uma vez que o fim de semana será repartido com uma prova do Campeonato do Mundo de resistência em motas. “Será um desafio muito grande, mas era preciso arriscar e trazer novidades”, apontou Ribeiro, que conduziu a cerimónia no Centro de Memória de Barcelona.

Outra alteração prende-se com o sistema de pontuação, que foi alargado a mais cinco pilotos. Se até 2018 apenas pontuavam os 10 primeiros de cada corrida, agora pontuam os 15 melhores.

Haverá ainda cinco pontos suplementares a distribuir pelas duas sessões de qualificação, a de sábado e a de domingo. A pontuação foi, também, uniformizada em todas as provas, deixando de haver circuitos que valiam mais do que outros.

Além de Tiago Monteiro, regressam ainda o francês Yvan Muller, antigo campeão, bem como o britânico Andy Priaulx ou o brasileiro Augusto Farfus (ex-campeão mundial de GT). O sueco Johan Kristoffersson, bicampeão mundial de ralicrosse, também se juntou à grelha do WTCR, que reúne sete campeões mundiais da Federação Internacional do Automóvel (FIA).

Pela primeira vez, haverá ainda um construtor chinês, o Lynk & Co, com quatro carros.
Ao todo, serão 26 os pilotos titulares com 15 marcas diferentes, aos quais se juntarão até um máximo de seis ‘wild cards’ (convidados).

Portugal acolhe a sexta jornada, de 5 a 7 de Julho, em Vila Real, tendo a possibilidade de juntar a Tiago Monteiro mais dois pilotos locais. Bruno Correia continua a ser o ‘dono’ do ‘safety car’ (carro de segurança) na maioria das provas, à excepção de duas, em que será substituído por outro português, Pedro Couceiro.

Aos 57 anos, Gabriele Tarquini é o mais velho campeão em título e este ano procura “renovar o objectivo”. Os pilotos iniciam esta quinta-feira uma jornada de dois dias de testes no circuito de Barcelona, a última antes do início da competição.

28 Mar 2019

Ballet Nacional da China apresenta-se no Porto e em Lisboa

[dropcap]O[/dropcap] Ballet Nacional da China apresentou-se ontem no Porto, e sábado e domingo, em Lisboa, com três peças do seu repertório, no ano em que comemora 60 anos, anunciou a Companhia Nacional de Bailado.

A apresentação dos espectáculos está integrada nas comemorações do 40.º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e a China, do 20.º aniversário da transferência da administração de Macau para a China, e do Festival de Cultura Chinesa em Portugal.

O Ballet Nacional da China apresenta-se em Portugal com três peças do seu repertório: o segundo ato de “Giselle”, uma obra do Romantismo, “The Yellow River”, de Chen Zemei, bailado que combina a dança clássica e a dança chinesa, com música inspirada na Yellow River Cantata, composta durante a Segunda Guerra Mundial, pelo músico chinês Xian Xinghai, e “Carmen,” do coreógrafo francês Roland Petit.

Paralelamente, está prevista a extensão do intercâmbio cultural entre os dois países, com a apresentação da Companhia Nacional de Bailado nos dias 11 e 12 de Junho, em Pequim, com o espectáculo “Quinze Bailarinos e Tempo Incerto”, com direcção, cenários e figurinos de João Penalva e coreografia de Rui Lopes Graça.

O Ballet Nacional da China foi fundado em Dezembro de 1959, e o seu repertório inclui ainda “O Lago dos Cisnes”, “Dom Quixote”, “Onegin”, “A Pequena Sereia”, “La Bayadère” e “Cinderella”, assim como criações originais como “The Red Detachment of Women”, “The New Year Sacrifice”, e “The Yellow River”.

A companhia, dirigida pela bailarina e ensaiadora Feng Ying, tem um repertório de mais de duzentas peças.

28 Mar 2019

Pequim enfatiza progresso do Tibete e critica antigos dirigentes

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas responsáveis pelo Tibete, umas das regiões da China mais vulneráveis ao separatismo, elogiaram ontem o desenvolvimento do território, e acusaram a antiga classe dominante de manter o povo tibetano sob servidão feudal.

Quando se celebram 60 anos desde uma frustrada rebelião contra o domínio de Pequim, o vice-governador do Tibete Norbu Dondrup enfatizou o progresso na economia, saúde e educação desde 1959, e criticou o autoproclamado governo no exílio, estabelecido pelo líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama.

Dondrup falava à margem da apresentação de um documento difundido pelo Conselho de Estado chinês, que acusa a antiga classe dominante do Tibete de manter o povo tibetano sob “servidão feudal através de uma teocracia”.

“Milhões de servos foram submetidos à exploração e opressão cruéis, até à reforma democrática de 1959”, lê-se no documento, intitulado “Reforma democrática no Tibete – Sessenta anos depois”.

“O controlo das mentes através da religião” era uma forma de supressão, considera o documento.

O Dalai Lama, 83 anos, vive exilado na vizinha Índia, na sequência da frustrada rebelião de 1959.
Dondrup negou que a cultura tradicional e a religião do Tibete estejam a ser reprimidas, mas disse que a China actuaria contra a “interferência estrangeira”.

O vice-governador negou ainda a existência de qualquer apoio significativo para que o Tibete seja uma entidade política independente. “A questão da independência tibetana não existe”, realçou.

28 Mar 2019

IPOR | Bru (Margarida) Junça conta estórias portuguesas em Abril

[dropcap]E[/dropcap]stá de regresso a iniciativa do Instituto Português do Oriente (IPOR) intitulada “Ler, Escrever, Contar”. Este ano o evento é protagonizado pela autora Bru (Margarida) Junça, que estará em Macau entre os dias 1 a 5 de Abril para contar estórias em língua portuguesa.

A autora é natural da cidade de Évora e vai estar presente em cinco sessões de leitura, que vão decorrer na Escola Portuguesa de Macau, Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, Escola Primária Luso-Chinesa da Flora, Escola Luso-Chinesa da Taipa e Escola Oficial Zheng Guanying. Um total de 500 crianças irão participar nesta iniciativa, que inclui ainda várias sessões com formandos dos cursos do IPOR e duas sessões públicas no dia 5 de Abril, a decorrer na Livraria Portuguesa, destinadas a crianças e adultos.

O IPOR considera que “as acções de narração de contos com contadores portugueses têm mostrado ser uma boa metodologia para desenvolver o contacto com a língua portuguesa, nomeadamente através de estímulos à imaginação dos ouvintes que, não raras as vezes, são também participantes activos”.

28 Mar 2019

Taxa de desemprego em Macau mantém-se em 1,7%

[dropcap]A[/dropcap] taxa de desemprego em Macau, entre Dezembro de 2018 e Fevereiro deste ano, foi de 1,7 por cento, mantendo o mesmo nível registado entre Novembro de 2018 e Janeiro último, anunciaram ontem as autoridades.

Esta percentagem demonstra que Macau se encontra numa situação de pleno emprego, ou seja, o território está livre de desemprego cíclico e que quem procura um trabalho, em condições normais, não demora muito tempo a empregar-se.

No período em análise, 6.700 pessoas estavam desempregadas, menos de 200 do que as registadas entre Novembro e Janeiro passados, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau, em comunicado.

A população activa totalizou 394.800 indivíduos e a taxa de actividade foi de 70,8 por cento. A DSEC destacou que o número de desempregados à procura do primeiro emprego constituiu 6,6 por cento do total da população desempregada, o que representa uma quebra de 7,1 pontos percentuais.

Entre Dezembro e Fevereiro, o número de empregados no sector do jogo desceu, registando-se um aumentou de trabalhadores nos hotéis e restaurantes, apontou a DSEC.

Em comparação com o período de Dezembro de 2017 a Fevereiro de 2018, a taxa de desemprego diminuiu 0,2 pontos percentuais.

28 Mar 2019

CTM assina acordo com Universidade de Macau para desenvolver 5G no território

[dropcap]A[/dropcap] Companhia de Telecomunicações (CTM) anunciou ontem um lucro de 941 milhões de patacas em 2018 e assinou um protocolo com a Universidade de Macau para desenvolver a tecnologia 5G no território.

O responsável da CTM, Vandy Poon, e o reitor da Universidade de Macau, Song Yonghua, assinaram um acordo de colaboração na área da investigação e desenvolvimento da tecnologia 5G em Macau, a grande aposta da empresa no próximo ano. Em conferência de imprensa, a empresa salientou que “2019 vai ser um ano importante para o desenvolvimento do 5G” e garantiu estar preparada para a construção da rede em Macau, de forma a contribuir para a criação de uma cidade inteligente.

No que diz respeito ao 5G, Vandy Poon referiu que o Executivo e os CTT estão a ultimar o quadro legal para a implementação da tecnologia, e que nesse aspecto a CTM foi auscultada. Quanto ao número de licenças que espera serem emitidas, o director não se alongou muito, mas vincou que em termos de concorrência a empresa de telecomunicações iria “fazer ouvir a sua voz”, acrescentando que Macau é um mercado pequeno e que a Grande Baía surge como um espaço aliciante para expandir negócios.

Ainda no tópico do projecto regional, outros responsáveis da operadora de telecomunicações, como o seu director executivo, Vandy Poon, asseguraram que uma das prioridades da CTM passa pela participação na Grande Baía. Em causa está a possibilidade da CTM avançar para um ‘mercado’ de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto que ronda os 1,3 biliões de dólares, maior que o PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.

Com esta aposta, a CTM quer ajudar a “desenvolver Macau num centro mundial de turismo e lazer e numa plataforma de cooperação comercial entre a China e os países lusófonos”, de forma a promover uma economia diversificada, segundo a própria empresa.

Em 19 de Setembro do ano passado, a CTM tinha inaugurado em Hong Kong o primeiro centro de dados fora do território, um investimento focado na expansão da empresa e no reforço dos projectos da Grande Baía e Macau Digital. “O que torna especial este projecto é que somos os primeiros a ser aprovados pelo Governo” e pelo Gabinete de Protecção de Dados fora do território, sublinhou então Vandy Poon à Lusa.

O reforço da segurança no ‘backup’ de dados e na capacidade de recuperação dos mesmos, devido à redundância de uma rede que funciona em dois locais diferentes, em Macau e, agora, em Hong Kong foi apresentado com “uma grande vantagem para as pequenas e médias empresas”, algo que o risco associado a fenómenos como os tufões Hato e Mangkhuto veio salientar, enfatizou o responsável da CTM.

28 Mar 2019

SAAM | Lucros subiram 15 por cento em 2018

[dropcap]O[/dropcap]s lucros líquidos da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) cresceram 15 por cento no ano passado para os 89 milhões de patacas, em comparação com o período homólogo.

A informação foi avançada ontem pela empresa que explicou o aumento nos ganhos “essencialmente” com as “obras de colocação de redes e dos serviços de abastecimento de água”.

Também no ano passado o consumo total de água cresceu para os 90,94 milhões de metros cúbicos, um acréscimo de 2,8 por cento face ao ano transacto. A maior proporção do consumo foi na península de Macau, com 62,6 por cento, seguida pelas Ilhas com 36,4 por cento.

28 Mar 2019

Partidos anti-governamentais anunciam coligação para formar governo na Tailândia

[dropcap]O[/dropcap]s principais partidos anti-governamentais da Tailândia anunciaram hoje a intenção de formar Governo, três dias depois das primeiras eleições legislativas realizadas desde o golpe de Estado de 2014 e antes da divulgação dos resultados oficiais.

Líderes e membros das comissões executivas de sete partidos que se opõem à junta militar, que governou o país asiático nos últimos cinco anos, anunciaram um Governo de coligação numa conferência de imprensa conjunta em Banguecoque.

Sudarat Keyuraphan, o líder da principal formação da oposição, o partido Pheu Thai (Para os Tailandeses), disse que a coligação conta com 255 assentos, o que representa a maior parte das 500 cadeiras da câmara baixa do Parlamento, mas tem poucas hipóteses de nomear o primeiro-ministro devido ao quadro legal concebido pelo regime militar.

“É evidente que os partidos pró-democracia têm o mandato do povo nestas eleições e tentaremos impedir a continuação do regime da junta” militar, acrescentou Sudarat Keyuraphan.

O Pheu Thai é um partido próximo do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto num golpe em 2006 e actualmente no exílio e cujos partidos políticos venceram todas as eleições realizadas desde 2001, graças às suas políticas sociais, mas que se opõe à elite de Banguecoque.

O Anakot Mai (Novo Futuro), a terceira força mais votada no domingo, e cinco outros partidos – incluindo duas outras formações próximas de Shinawatra – juntaram-se ao Pheu Thai .

Embora a coligação antigovernamental criada hoje possa ter uma maioria de assentos na câmara baixa, a eleição do primeiro-ministro também dependerá do voto dos 250 membros do Senado, escolhidos pela junta militar e que, em princípio, optarão pelo ex-general e primeiro-ministro Prayut Chan-ocha, autor do golpe de 2014 e candidato do partido Palang Pracharat.
Diante do anúncio da coligação, o Palang Pracharat declarou que era seu o dever formar o novo Governo, já que teria obtido mais votos no último domingo.

As tensões entre os dois lados ocorrem após a Comissão Eleitoral adiar na segunda-feira o anúncio dos resultados definitivos – depois de assegurar que o Pheu Thai é líder em número de assentos eleitos -, afirmando que pode anunciá-los até 9 de Maio.

27 Mar 2019

Fundador da Air Asia admite instalação de base em Macau

[dropcap]O[/dropcap] fundador da transportadora aérea Air Asia considerou hoje a possibilidade de criar uma base em Macau da maior companhia de baixo custo na região para servir clientes chineses.

Em entrevista ao jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP), Tony Fernandes afirmou que “entrar na China pode ser através de Macau”, o que torna a Air Asia a primeira companhia aérea a preparar-se para apostar no território após os 25 anos de monopólio da Air Macau, que terminam em 2020.

“Não temos que estar na China continental, mas estar em Macau é como estar na China”, afirmou o director executivo da Air Asia, de ascendência portuguesa, numa conferência sobre investimento realizada em Hong Kong.

Uma base em Macau, o primeiro apoio na China para a transportadora com sede em Kuala Lumpur desde o seu serviço inaugural em 2004, facilitará o acesso para os passageiros chineses.
Tal base serviria também para testar a adesão da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, um projecto de criação de uma metrópole mundial que envolve as regiões administrativas especiais chinesas de Hong Kong e de Macau, e nove cidades [Cantão, Dongguan, Foshan, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai] da província de Guangdong, no sul da China.

No total, nesta região habitam cerca de 70 milhões de habitantes e possui um Produto Interno Bruto que ronda os 1,3 biliões de dólares, maior que o PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.

Actualmente, a Air Asia voa para quatro destinos da região da Grande Baía: Hong Kong, Macau, Shenzhen e Cantão, e está aberta à possibilidade de obter um certificado para operar uma companhia aérea em Macau, disse Fernandes.

“Se a possibilidade surgir [de ter uma base em Macau], sim, isso é outra forma” de chegar ao mercado chinês, acrescentou.

As operações da Air Asia atravessam toda a região e incluem Malásia, Tailândia, Indonésia, Filipinas, Índia e Japão. A companhia também concordou lançar uma unidade de baixo custo no Vietname.

A transportadora é a segunda maior utilizadora do aeroporto de Macau, onde ocupa 15% das faixas horárias, com voos provenientes da Malásia, da Tailândia e das Filipinas, com 102 partidas marcadas todas as semanas. Só a Air Macau tem presença maior, controlando dois quintos das faixas horárias.

“Macau tem um lugar muito especial no meu coração. Acreditaram em nós quando não éramos nada”, disse. A companhia voa para 18 destinos na China, “o que prova que a aviação na China é um mercado aberto”, acrescentou.

A Air Asia também se prepara para lançar, em Macau, serviços em terra: ‘check-in’, embarque e bagagens, o que permitirá uma redução de custos de operação.

A transportadora de baixo custo está ainda a preparar-se para vender viagens em transportes locais, como autocarros, ‘ferries’ e comboios, o que lhe permitirá aproveitar as vantagens da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, a maior travessia marítima do mundo, bem como do comboio de alta velocidade que deverá ligar toda a região, indicou o SCMP.

27 Mar 2019

Fórum Macau coloca formação e cultura nas prioridades da relação com a CPLP

[dropcap]O[/dropcap] Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) colocou hoje a formação de recursos humanos e o intercâmbio cultural entre as prioridades para 2019.

Falando no final de uma reunião, a secretária-geral do secretariado permanente do Fórum Macau, Xu Yingzhen, explicou que o encontro visou realizar um balanço dos trabalhos efectuados em 2018 e aprovar o programa de actividades para este ano, tendo sido definidas cinco áreas prioritárias.

Em 2019, os principais objectivos do Fórum Macau vão centrar-se na promoção do comércio e do investimento, fomento da cooperação na capacidade produtiva, formação de recursos humanos, intercâmbio cultural entre a China e os países de língua portuguesa, bem como no apoio à construção de Macau enquanto plataforma entre a China e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Criado em 2003 por Pequim, o Fórum Macau tem um secretariado permanente, reúne-se a nível ministerial a cada três anos e integra, além da secretária-geral, Xu Yingzhen, e de três secretários-gerais adjuntos, oito delegados dos países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste).

Os mais recentes dados publicados pelo Fórum Macau indicam, de acordo com as estatísticas dos serviços da alfândega chineses, que em 2018 as trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa foram de 147.354 milhões de dólares americanos, um aumento de 25,31% em relação ao ano anterior.

27 Mar 2019

Manel Cruz quis reencontrar o fulgor da composição e descobriu uma “Vida Nova” em álbum

[dropcap]A[/dropcap] procura da sensação de “pica” de criar músicas guiou Manel Cruz até ao primeiro disco em nome próprio, “Vida Nova”, um “álbum de canções” que reflecte temas como criatividade e simplicidade, disse, em entrevista à Lusa.

Apesar de estar “habituado à pressão”, de que também chegou a “fugir”, apesar de ir mostrando ‘singles’ ao longo dos últimos meses, as questões logísticas de “planeamento do lançamento e dos concertos” levaram a alguns adiamentos do novo álbum, num “ajuste” que teve sempre em mente “o disco ficar o melhor possível”.

Com data de lançamento marcada para 5 de Abril, pela Turbina, “Vida Nova” surge, também, da “grande motivação para voltar a fazer alguma coisa” que lhe passou pelo “’manager’ e amigo Pedro Nascimento”.

A isso juntou-se, na produção, Manuel dos Reis, que gravou o disco no Estúdio do Pátio, antes de os dois o misturarem no estúdio Sá da Bandeira, mas também Nico Tricot, que, com Eduardo Silva e António Serginho, tratou dos arranjos do disco.

Com um título “banal”, mas nem por isso menos intencional, o álbum está carregado “de um sentimento de que está tudo a começar”, afirmou.

“Há sempre uma ideia associada à idade e ao envelhecimento, de apodrecimento, mas no fundo também todos esperamos que os frutos estejam maduros para os comer. (…) Nesse sentido, foi muito importante conseguir sentir que ainda estou aqui. Que tenho coisas para dizer, coisas para dar, e vontade de brincar, acima de tudo. O título é também uma declaração de intenções, porque não tem mal sermos simples”, disse à Lusa.

Ao nível instrumental, o longa duração tem um grande uso do ‘ukulele’, antes de outros músicos, e outros instrumentos, pontuarem as várias canções, numa “auto-proposta” que se prende com um interesse em “redescobrir a paixão e o encanto”, para permitir maior liberdade na descoberta.

Também a ordem das faixas, uma “feliz coincidência”, permite contar uma “narrativa que, de alguma maneira, ilustra todo o processo”.

“Foi quase como sorte, penso eu que foi sorte. A primeira música [‘Como um bom filho do vento’], por exemplo, foi a primeira que me aliciou no processo”, contou.

Por seu lado, as letras trazem desta vez “uma mensagem mais evidente e se calhar mais simplista”, com uma “aproximação à vida e ao processo” pessoal do músico, como em “Beija-flor”, uma faixa “que fala da inspiração e da naturalidade, ou não, desse processo, com o paralelo a um animal que vai à flor sem questionar nada”.

“Encaro este disco de forma mais clássica, de ser um disco de canções, sem o lado experimentalista na raiz, mas mais na forma como se fazem as coisas. Ser mais ou menos poético depende da maneira como vês as coisas. (…) Também eu estou agora a interpretar as razões pelas quais fiz como fiz. Estava tão dentro do processos que nem estava a pensar sobre isso”, comentou.

Apesar do título, a “Vida Nova” não é um renegar do que está para trás nem “a felicidade”, mas antes “o passado, presente e futuro tudo junto”, tendo “mais a ver com a paz do que propriamente sentimentos épicos de felicidade e ambição”, aproveitando antes “o tempo para a frente, que à partida será menos” do que já passou para o músico de 43 anos.

Se a “diversão” é muito “a realização artística” que pretende atingir, a nova vida é, então, “o ânimo de voltar à carga e enfrentar tudo isso, mais do que pensar no passado como mau e que agora é que vai ser”.

Várias das músicas do disco, como “Ainda não acabei” ou “Cães e Ossos”, passaram já pelos vários concertos que Manel Cruz foi dando, e essa presença “influencia, porque a vida é também um palco”.

“Tu és sempre actor de uma ideia de ti próprio, de um todo, quer sejas um actor convicto ou a fugir disso. O palco é um momento em que tens hipótese de representar de facto. (…) O palco é, depois, uma forma bruta e imediata de te colocar face à questão do poder, por exemplo. É um objecto muito delicado. As pessoas querem que estejas ali, são elas que querem, tu não questionas porque é que estás lá”, reflectiu.

“Vida Nova” é, assim, um “disco mais convencional face ao panorama”, mais “clássico numa certa perspectiva, em que o experimentalismo e a vontade de procurar alguma coisa nova tem mais a ver com determinados pormenores e aspectos”, e por isso o disco “poder-se-á dizer normal”.

“Num momento em que há tanta coisa, do mais simples ao mais sofisticado e revolucionário, continua a haver espaço para um disco de canções, e agradou-me essa ideia de fazer isso, só”, disse à Lusa.

Enquadrado no plano é a reorganização da vida “para ter mais espaço de liberdade”, assumindo os concertos “como forma de subsistir”, mas “com prazer”, e poder ter mais tempo para criar mas também “beber finos ao fim da tarde, estar com os filhos e os amigos”.

27 Mar 2019

Donald Tusk não concebe cimeira UE-China sem direitos humanos na agenda

[dropcap]O[/dropcap] presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse hoje perante o Parlamento Europeu que não concebe que a questão dos direitos humanos não seja incluída na agenda da próxima cimeira União Europeia-China, agendada para 9 de Abril em Bruxelas.

“Não posso imaginar não termos direitos humanos na agenda. Posso ser antiquado, mas ainda penso que direitos humanos são pelo menos tão importantes quando o comércio”, declarou Tusk, num debate no hemiciclo de Estrasburgo sobre o Conselho Europeu celebrado na semana passada em Bruxelas.

As relações com a China foram um dos principais pontos na agenda da cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE, tendo hoje Tusk explicado que “era crucial acordar uma abordagem europeia coordenada”, pois, “além da cimeira UE-China do próximo mês, haverá outras reuniões e cimeiras com os líderes chineses”.

Segundo o presidente do Conselho Europeu, a UE vai propor à China uma “cooperação ambiciosa em questões bilaterais e globais, incluindo no comércio”.

27 Mar 2019

China afasta ex-chefe da Interpol de cargos públicos e do Partido Comunista

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje o afastamento do o ex-chefe da Interpol de cargos públicos e do Partido Comunista, depois de, em Novembro passado, ter confirmado que Meng Hongwei estava a ser investigado por suspeitas de corrupção.

Meng, que foi eleito presidente da maior organização policial do mundo em 2016, viu o seu mandato de quatro anos interrompido após ser detido sem aviso prévio pelas autoridades chinesas, em Setembro passado, durante uma viagem à China. Ele era também era um dos vice-ministros de Segurança Pública da China.

A Comissão Central de Inspecção e Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC) revelou que uma investigação concluiu que Meng cometeu “graves violações da lei” e falhou em cumprir princípios do partido e implementar decisões do partido.

A mais ampla e persistente campanha anti-corrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do PCC.

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o controlo ideológico e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente “excesso de ambição política” ou “conspiração”.

O comunicado do órgão anti-corrupção máximo do PCC detalha que Meng abusou do seu poder para satisfazer o “estilo de vida extravagante” da sua família.

Meng “aceitou subornos e é suspeito de infringir a lei”, anunciou o ministério chinês de Segurança Pública, em Outubro passado. A escolha de Meng para chefiar a Interpol foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais.

O anúncio de hoje surge depois de, na semana passada, a sua mulher, Grace Meng, ter apelado ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que abordasse a detenção do marido com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante a visita de Estado a França, que terminou na terça-feira.
Meng perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China em 25 de Setembro passado.

Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a China confirmou a detenção. Em 21 de Novembro, a Assembleia Geral da Interpol decidiu substituir Meng pelo sul-coreano Kim Jong Yang.

A organização recebeu no dia 7 de Outubro uma carta de renúncia e uma comunicação de Pequim informando que Meng não seria o delegado da China naquele organismo.

27 Mar 2019

Cathay Pacific anuncia compra da HK Express

[dropcap]A[/dropcap] companhia aérea de Hong Kong Cathay Pacific anunciou hoje a compra da empresa de aviação de baixo custo HK Express, que pertence ao conglomerado chinês Hainan Airlines Group (HNA), no valor de 558 milhões de euros.

A maior companhia aérea da antiga colónia britânica vai adquirir 100% da HK Express, que se tornará uma subsidiária da Cathay Pacific, numa operação que deve ser concluída até 31 de Dezembro de 2019.

“A transacção representa uma maneira atraente e prática para o Cathay Pacific Group de apoiar o desenvolvimento e o crescimento de longo prazo dos seus negócios de aviação e melhorar a sua competitividade”, apontou a empresa em comunicado.

A HK Express faz parte do HNA, juntamente com cinco transportadoras de baixo custo da China continental: a Air Guilin, a Beijing Capital Airlines, a Lucky Air, a Urumqi Air e a West Air.

Este acordo surge numa altura em que o conglomerado chinês tem vindo a apresentar avultadas dívidas devido à alienação de activos, como a compra de imóveis em Nova Iorque e a o investimento em acções do Deutsche Bank, no ano passado.

De acordo com a imprensa local, o conglomerado também está tentar vender quase um terço da sua participação na Hong Kong Airlines, um plano que foi suspenso no ano passado após a morte súbita do co-presidente da HNA, Wang Jian.

A partir de agora, três das quatro companhias aéreas de Hong Kong serão controladas pela Cathay Pacific, deixando o grupo com o controlo de quase metade dos slots de pista no Aeroporto Internacional de Hong Kong.

No início do ano easyJet e Cathay Pacific estabeleceram uma parceria para voos de ligação. A 22 de Janeiro, a easyJet anunciou que chegou a acordo com a Cathay Pacific, passando esta companhia aérea a ser o novo parceiro da transportadora de baixo custo, no âmbito do seu serviço exclusivo de ligações ‘Worldwide by easyJet’.

27 Mar 2019

Portugal revê-se na abordagem europeia à relação com a China, diz MNE

[dropcap]P[/dropcap]ortugal revê-se na caracterização e nas orientações da Comissão Europeia em relação à China, mas não abdica de um relacionamento que serve os seus interesses estratégicos, enfatizou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

O ministro, que falava na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, centrou a sua intervenção relativa ao Conselho Europeu da semana passada no relacionamento com a China, um dos temas discutidos pelos líderes europeus, nomeadamente no quadro da preparação da Cimeira União Europeia-China prevista para 9 de Abril.

Santos Silva evocou uma série “de factos”, da profunda relação comercial entre a UE e a China ao quadro estratégico dessa relação, que define nomeadamente o investimento chinês na Europa como “bem-vindo desde que sujeito às regras legais e padrões próprios da UE” e “estimula a cooperação com a iniciativa ‘Uma faixa, uma rota’, em relação à qual Portugal e a Itália “subscreveram memorandos de entendimento”.

“A posição de Portugal revê-se no essencial nestes factos e nesta orientação que vamos seguindo na UE”, afirmou, depois de evocar a caracterização feita a 11 de Março pela Comissão, que define a China “em quatro dimensões complementares: importante parceiro cooperativo da UE, parceiro negocial, concorrente económico da UE e um rival sistémico em matéria de modelos de governação”.

Mas, sublinhou Santos Silva, Portugal considera também que “a Europa não pode fechar-se sobre si própria”, antes “abrir-se ao mundo”, no quadro ONU.

“A nossa posição não é desalinhada, é talvez mais avançada, enquanto país que se orgulha de ter sido dos primeiros a chegar às costas da China e dos últimos a abandonar, entre aspas, a China”, frisou.

Neste sentido, Portugal procurará sempre concluir com a China “acordos mutuamente vantajosos”, de que “o memorando ‘rota da seda’ é um manifestação exemplar”, assegurou, precisando que ele vai ao encontro de sectores prioritários para Portugal como “a conectividade euro-asiática”, “a economia azul”, ligada ao mar, e o “investimento industrial” e “de raiz no quadro da mobilidade eléctrica”

“E não vemos porque não podemos usar nossa proximidade com China para esse efeito”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, assegurando, noutro passo, que Portugal “está à vontade nos quatro cantos do mundo” e “não discrimina” parceiros comerciais.

27 Mar 2019