Hoje Macau PolíticaCovid-19 | Pereira Coutinho quer alargamento de testes na população [dropcap]“D[/dropcap]ispõem as autoridades sanitárias, neste momento, de kits de testes em número suficiente para testar toda a população, considerando que o Covid-19 tem uma elevada taxa de transmissão?”, questionou Pereira Coutinho em interpelação escrita ao Governo. O deputado mostrou-se preocupado com os casos assintomáticos não detectados, defendendo que o número de casos confirmados a nível mundial “é uma parte mínima do número total de infecções”. Para além disso, o presidente da direcção da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau entende que sem os casos totais e sem saber quantas pessoas foram infectadas na RAEM ou contraíram o vírus no exterior, “é impossível ter a certeza da taxa de letalidade”. Depois de já ter recomendado por escrito que se fizessem testes aos 40 mil trabalhadores da função pública, O deputado vem agora pedir mais opções de rastreamento para o resto da população. Pereira Coutinho descreveu que o Conselho de Estado do Governo Central emitiu instruções para o tratamento de casos assintomáticos da covid-19, que passaram a ter de ser reportados no espaço de duas horas, e reiterou o risco de contágio a terceiros por parte dessas pessoas. Assim, quis saber que medidas é que as autoridades sanitárias de Macau vão implementar “para identificar os doentes assintomáticos e verificar a taxa de letalidade”. Entre as sugestões apresentadas estão o rastreio ao pessoal das Forças de Segurança de Macau, seguindo-se toda a função pública, bem como a possibilidade de os particulares tomarem a iniciativa de fazer testes em laboratórios ou clínicas credenciadas pelas autoridades.
Hoje Macau SociedadeCovid-19 | Mais três pacientes com alta hospitalar [dropcap]O[/dropcap]ntem, o 11º dia consecutivo sem novos casos de infecção pelo novo tipo de coronavírus, tiveram alta mais três pacientes de covid-19, anunciaram as autoridades de saúde. Os pacientes recuperados encontram-se estáveis, sem febre ou sintomas respiratórios. Vão agora cumprir o período de 14 dias de convalescença no Alto de Coloane. São eles um homem de 43 anos que esteve nas Filipinas, a sua filha de nove anos, bem como uma mulher que esteve em Lisboa. Ou seja, o 34º, 39º e 43º casos confirmados, respectivamente. Ontem encontravam-se sob observação médica 215 pessoas nos hotéis designados, dos quais 127 residentes e 65 trabalhadores não residentes.
Hoje Macau SociedadeCovid-19 | Evento Global Gaming Expo Asia adiado para Dezembro [dropcap]O[/dropcap] maior evento da indústria do jogo que se realiza em Macau, o Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), foi novamente adiado para Dezembro, devido à pandemia da covid-19, foi hoje anunciado. “Com base na nossa monitorização contínua da crise global da saúde, e em consulta com os nossos clientes e o Governo de Macau, tomamos a difícil decisão de adiar o G2E da Ásia para dezembro”, indicou a organização, em comunicado. O evento, previsto em Maio, tinha sido inicialmente adiado para Julho. O certame está agora marcado para os dias 1, 2 e 3 de Dezembro, mantendo-se o ‘resort’ Venetian Macau como local escolhido. “Infelizmente, devido à pandemia da covid-19 e às restrições contínuas de viagens comerciais, não é possível manter o G2E Ásia em julho”, acrescentou. A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infectou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Hoje Macau SociedadeSands China não recomenda distribuição de lucros de 2019 [dropcap]O[/dropcap] conselho de administração da Sands China decidiu não recomendar a distribuição de lucros do exercício de 2019 pelos accionistas, devido ao impacto económico da covid-19, anunciou hoje a operadora de jogo com casinos em Macau. Na reunião do conselho de administração “os membros decidiram não recomendar o pagamento de um dividendo final referente ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2019”, de acordo com um comunicado. O conselho de administração “reconhece o impacto material actual e potencial (…) da pandemia na economia global e o importante papel que a empresa desempenha na ajuda a Macau”, indicou a operadora, que explora cinco casinos na capital mundial do jogo. “A companhia possui um forte capital, financiamento e liquidez e continua comprometida com a execução dos seus investimentos em curso em Macau”, sublinhou a mesma nota. De acordo com os dados divulgados esta semana pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas brutas do jogo VIP no primeiro trimestre deste ano caíram em Macau mais de 60% em relação a igual período do ano passado. As receitas angariadas nas salas de grandes apostas nos três primeiros meses do ano foram de 14,8 mil milhões de patacas contra os 37,2 mil milhões de patacas angariados no primeiro trimestre de 2019. Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a economia de Macau deverá regredir 29,6% este ano, devido à pandemia da covid-19. Com uma economia altamente dependente do jogo, Macau viu as receitas totais do jogo caírem em março 79,7%, em relação a igual período de 2019, mês em que medidas para conter o surto da covid-19 praticamente encerraram as fronteiras do território. Os últimos dados oficiais apontam também uma descida de 60% nos três primeiros meses do ano, depois de em fevereiro se terem registado perdas históricas nas receitas do jogo, num mês em que os casinos estiveram fechados durante 15 dias. Os casinos de Macau fecharam 2019 com receitas de 292,46 mil milhões de patacas.
Hoje Macau China / ÁsiaHNA | Grupo “entre a vida e a morte” devido a alto endividamento O conglomerado chinês, antigo accionista da TAP e com participações maioritárias nos grupos Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, está à beira da ruptura financeira, após ter falhado no cumprimento de diversos compromissos. O grupo debate-se ainda com várias disputas internas que fragilizam ainda mais a sua débil condição [dropcap]O[/dropcap] HNA Group, antigo accionista da TAP, admitiu ontem estar “entre a vida e a morte”, à medida que se revelam conflitos internos no conglomerado chinês, financeiramente débil devido ao alto nível de endividamento. Em comunicado, a empresa admitiu que a situação actual constitui um “grande teste” para todos os funcionários e que o grupo “está no ponto entre a vida e a morte”. A mesma nota, publicada numa das contas do grupo nas redes sociais, inclui críticas ao departamento financeiro pela forma como geriu uma reunião com investidores que culminou com a suspensão das negociações da dívida da HNA. Sem revelar nomes, o comunicado revela que a HNA fez “duras críticas” ao chefe de finanças e outros executivos envolvidos nas negociações. O surto do novo coronavírus complicou a situação financeira do grupo, marcado por casos de incumprimento nos últimos dois anos, depois de ter sido forçado a “suspender as operações de aviação civil”, devido à queda no número de passageiros. Os negócios da HNA incluem a Hainan Airlines, que foi atingida pelas restrições nas viagens aéreas. Não é claro por que razão a reprimenda foi feita publicamente, mas a declaração do grupo, que até há três anos era o maior comprador de activos fora da China, sugere atritos entre o novo presidente executivo, Gu Gang, e o departamento financeiro. Gu, executivo sénior do Governo chinês, ingressou na empresa, em Fevereiro passado, para gerir riscos graves de liquidez no grupo. “O departamento financeiro não acatou os pedidos da empresa para manter uma comunicação serena com os seus investidores, agindo antes apressadamente e sem sinceridade”, lê-se na carta. “Gu Gang sublinhou que os problemas da HNA se acumularam e que é realmente difícil resolvê-los da noite para o dia”, acrescenta. Pagamentos adiados Na terça-feira, a HNA pediu desculpas publicamente aos seus investidores, depois de ter anunciado que adiaria por um ano os pagamentos de juros de título de dívida emitido em 2013 e com vencimento em 15 de Abril. No ano passado, a dívida da empresa ascendeu a quase 70 mil milhões de euros, segundo os dados divulgados na apresentação dos seus resultados anuais. Fundado em 1993, quando a propriedade privada estava ainda a começar no país asiático, como uma pequena companhia aérea regional, o grupo HNA alargou, entretanto, os seus investimentos aos sectores transporte, logística e retalho, incluindo posições maioritárias nos grupos Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank. O grupo vendeu vários dos seus activos, nos últimos dois anos, incluindo a participação que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, num negócio avaliado em 48,6 milhões de euros.
Hoje Macau SociedadeUM | PME com acesso gratuito a plataforma de tradução online [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) está a disponibilizar gratuitamente às PME uma plataforma de tradução automática que inclui português, inglês e chinês para ajudar as empresas a procurar soluções de negócio em tempos de crise provocada pela pandemia. Criada em Macau, a ferramenta pretende contribuir para a integração de Macau na Grande Baía e colmatar as diferenças linguísticas entre o mandarim e o cantonês. Criada pelo Laboratório de Processamento de Linguagem Natural e Tradução Automática de Português para Chinês (NLP2CT) da UM, a plataforma permite fazer traduções integrais de texto “com um elevado nível de precisão”, entre os três idiomas, com a vantagem de o chinês incluir mandarim e cantonês.
Hoje Macau InternacionalAmnistia Internacional | Valores europeus sob ameaça em 2019 O relatório da Amnistia Internacional sobre Direitos Humanos na Europa em 2019 pinta um cenário deprimente. A degradação de valores fundamentais à democracia e ao Estado de Direito, que passaram a ser o pão de cada dia, e as soluções desumanas para os desafios da migração são alguns dos pontos negros. Quanto a Portugal, a entidade aponta o acesso a habitação e a discriminação como as áreas que urge corrigir [dropcap]E[/dropcap]m 2019, valores fundamentais da União Europeia (UE) foram directamente desafiados por países que fazem parte dela, assinala a Amnistia Internacional, destacando a ameaça à independência judicial, “componente essencial do Estado de Direito”, na Polónia. “O processo na Polónia foi um exemplo claro de como os valores estão em mudança por toda a Europa”, lê-se na introdução do relatório anual sobre “Direitos Humanos na Europa”, divulgado ontem. Na Polónia, Hungria e Roménia a organização sustenta que iniciativas legislativas e administrativas “ameaçam a independência da justiça, o Estado de Direito e, consequentemente, o direito a um julgamento justo”. E, “embora as instituições da UE tenham prontamente intensificado a resposta à situação na Polónia, a intervenção não levou a melhorias significativas até ao final do ano”. A organização internacional de defesa dos direitos humanos aponta ainda outros “sintomas que emergiram por toda a Europa” desse desafio aos valores fundamentais. Cita as políticas de imigração “que privilegiam a protecção das fronteiras em detrimento da protecção de vidas humanas”, os “frequentes abusos de forças de segurança face a manifestações” e a “intolerância, frequentemente violenta, em relação a minorias religiosas e étnicas”. Em matéria de discriminação e crimes de ódio, o relatório destaca os homicídios do presidente da câmara de Gdansk (Polónia), Pawel Adamowicz, defensor dos direitos dos migrantes e LGBTI [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexual], esfaqueado durante uma acção de solidariedade em Janeiro, e do autarca de Kassel (Alemanha) Walter Lübcke, apoiante das políticas de apoio aos imigrantes, morto a tiro na sua casa em Junho. Também o atentado de Halle (Alemanha), em Outubro, em que um apoiante da extrema-direita tentou entrar numa sinagoga durante uma celebração, e, não conseguindo, matou a tiro dois transeuntes, ataques a mesquitas em França e medidas discriminatórias e ataques contra a minoria roma na Bulgária (Vojvodinovo) e em Itália (Giugliano). Apesar deste quadro, a Amnistia Internacional destaca que em 2019 “não faltaram pessoas corajosas que ousaram erguer a sua voz, independentemente dos custos pessoais, e trabalhar para responsabilizar os Estados”. “Tomaram as ruas em grandes números para defender os seus direitos e fazer campanha por uma sociedade mais equitativa e mais justa. O seu apelo claro foi que os governos assumam responsabilidades, não apenas internamente, mas também face a desafios globais como as alterações climáticas”, afirma. “A sua mobilização em torno destes temas foi uma centelha de esperança para o futuro”, destaca o relatório. Amizades questionáveis A Amnistia Internacional criticou ainda a UE por manter acordos migratórios com países como a Líbia e a Turquia onde, em 2019, se alcançaram “novos patamares” de abusos dos direitos humanos contra migrantes e refugiados. A organização censura também especialmente a Itália, pela chamada política de ‘portos fechados’, que manteve milhares de migrantes semanas em alto mar. Segundo o relatório, mantém-se, entre os países europeus, a “convicção prevalecente” de que a gestão das migrações deve ser entregue a “países com um histórico questionável de direitos humanos” para “conter os migrantes e requerentes de asilo em condições terríveis na periferia da UE ou logo à saída das suas fronteiras”. O reacender do conflito na Líbia, em Abril, levou a “novos patamares” nos “abusos dos direitos humanos” de migrantes e refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo central, sublinha, citando “tortura e detenções arbitrárias” e “ataques diretos das facções em conflito”, que resultaram na morte de dezenas de pessoas. Apesar desta situação, “os países europeus continuaram a cooperar com a Líbia” para a contenção dos migrantes e, em Novembro, Itália prorrogou o seu acordo com Tripoli por mais três anos, critica. Essa cooperação, avançou em simultâneo com a política de ‘portos fechados’ do Governo italiano em funções até Setembro, que negou o acesso a navios de organizações não-governamentais que salvavam pessoas do mar, “obrigando-os a esperar semanas enquanto os países mediterrânicos discutiam entre si onde os desembarcar”. Pacto com Erdogan A Amnistia deixa ainda críticas ao acordo UE-Turquia de 2016 que, “apesar da constante condenação por organizações de direitos humanos”, “continuou a definir a política de imigração da UE para o Mediterrâneo oriental”. “Relatos de graves violações dos direitos humanos […] na Turquia de nada serviram para deter o uso continuado da Turquia como parceiro para as migrações”, aponta. Pelo contrário, aponta, “o maior aumento desde 2016″ das chegadas por mar à Grécia, que provocou “uma sobrelotação sem precedentes” dos campos nas ilhas do Egeu, com mais de 38.000 pessoas alojadas em instalações com capacidade para “pouco mais de 6.000″, levou o novo Governo grego a aumentar as detenções e reenvio de migrantes para a Turquia. Tais medidas seguiram a tendência verificada na “Áustria, Finlândia e Alemanha, que restringiram os direitos dos requerentes de asilo e privilegiaram as detenções e deportações”, sublinha. O relatório destaca, pela positiva, a acção de “indivíduos e organizações da sociedade civil” que “continuaram a opor-se a estas políticas migratórias”, providenciando “apoio concreto e solidariedade” aos migrantes e refugiados. Mas, lamenta, “a resposta de muitos países europeus a estes actos de humanidade foi criticar, intimidar, perseguir, multar e mesmo julgar defensores dos direitos humanos”, apontando que Grécia, Itália e França trataram frequentemente os salvamentos como “tráfico de pessoas” e as acções como “ameaças à segurança nacional”, levando “à adopção de leis supostamente de emergência, mais restritivas”. “A falta de clareza na legislação pertinente da UE deu amplo espaço aos Estados para fazerem interpretações draconianas dessa legislação”, denuncia. Aviso a Lisboa Portugal também foi visado no relatório da AI, com o alerta de que ainda tem grandes desafios em termos de direitos humanos, nomeadamente no acesso à habitação e nas questões de discriminação. Em entrevista à agência Lusa, Pedro Neto, director executivo da AI Portugal identificou estas duas áreas como as mais deficitárias em termos de direitos humanos no país. Se nos direitos de liberdade de expressão e de reunião, Portugal está melhor e vive um ambiente mais respeitador do que outros países europeus, como a Polónia ou a Hungria, nos direitos económicos e sociais, está “mais atrás” face a outros parceiros europeus, “muito pelos problemas da discriminação e da situação económica das famílias e dos indivíduos”, observou Pedro Neto. “Os níveis de pobreza em Portugal são bastante maiores e mais relevantes do que noutros países”, sublinhou. O responsável da AI considerou que Portugal enfrenta “importantes desafios” no acesso à habitação, pela pressão exercida pelas comunidades de imigrantes que procuram uma vida melhor no país, mas sobretudo pela especulação imobiliária e pelo desenvolvimento de um mercado de luxo. “Muito mais contribuiu para a realidade da habitação, a pressão externa, como os vistos gold. A realidade do mercado imobiliário nos últimos anos aumentou muito, sobretudo pela procura estrangeira, não de imigrantes, que esses vieram para habitações de classe média, mas sobretudo investimentos de luxo, que vieram trazer muita pressão”, disse. No direito à habitação continuam a estar nas preocupações da AI os bairros informais (construções precárias). “Esta crise sanitária que vivemos agora [pandemia de covid-19] felizmente parou com estes desalojamentos forçados nestes últimos meses. Eles ocorreram em 2019 e já em 2020 também e a uma velocidade grande”, constatou. Este é um dos pontos do relatório, com uma chamada de atenção especial para a situação das crianças. “O problema dos bairros informais é que a complexidade da situação é grande, ou seja, muitas pessoas que vivem nestes bairros informais são pessoas que se instalaram algumas há mais de 30 anos e que ficaram fora do PER”, explicou, referindo-se ao antigo Programa Especial de Realojamento. “São pessoas que trabalharam toda a sua vida, mas que mesmo assim os seus rendimentos não eram suficientes para adquirirem ou arrendarem uma habitação mais condigna”, recordou. Pele dos outros Para Pedro Neto, “o mais deficitário e o mais urgente”, em termos de direitos humanos, a nível nacional, são as questões ligadas à habitação e à discriminação, seja racial, de género ou por condição física. “Por todo o mundo, e Portugal não é excepção, vivemos desafios importantes, quer na discriminação racial, quer nas condições de trabalho e nas questões de género, quer também face à pressão e a muitos migrantes que vieram para cá, especialmente de países onde as condições estão piores”, alertou. “Também em relação às pessoas portadoras de deficiência e com mobilidade reduzida, continuamos a ter desafios importantes no que diz respeito aos direitos humanos em Portugal”, defendeu Pedro Neto. Há ainda questões transversais, como os direitos das crianças e dos idosos e a multidiscriminação: “Uma mulher que é negra e pobre é alvo de várias condicionantes que recaem sobre ela. O facto de ser mulher, o facto de ser negra, o facto de ser pobre, pesam ainda mais naquilo que é a sua vida do dia-a-dia e no acesso aos seus direitos”, exemplificou. O relatório da AI sobre os direitos humanos na Europa em 2019 assinala a condenação de oito polícias, na sequência de um processo em que 17 agentes foram acusados de agressões, sequestro e injúrias, com motivação racial, contra seis jovens de ascendência africana residentes no Bairro da Cova da Moura, Amadora. No documento lê-se ainda que o Subcomité das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura e outros Tratamentos Desumanos, Degradantes ou Punitivos recomendou que Portugal investigasse alegações de maus tratos em detenção, assegurasse acesso a assistência médica aos presos e providenciasse um sistema prisional de reclamações, entre outras questões. Segundo os relatores, “Portugal falhou na criação de um órgão independente para investigar a má conduta por agentes da lei”.
Hoje Macau EventosÓbito | Escritores e personalidades lembram importância do escritor brasileiro Rubem Fonseca [dropcap]E[/dropcap]scritores e personalidades de várias áreas lamentaram ontem a morte do escritor brasileiro Rubem Fonseca, de 94 anos, através de mensagens partilhadas nas redes sociais, onde o apelidaram de “mestre”, frisando o seu contributo para a literatura. O escritor português Valter Hugo Mãe usou a rede social Facebook para partilhar uma fotografia ao lado do autor brasileiro, afirmando estar “desolado” com a morte do amigo. “Desolado com a notícia da morte de Rubem Fonseca, essa maravilha das letras do mundo. Querido amigo, querido magnífico escritor que tanto me honrou, tanto me inspirou. Adeus, mestre. Obrigado por tudo”, escreveu o autor português. Já o escritor angolano José Eduardo Agualusa optou por realçar a importância que Rubem Fonseca teve na sua formação literária. “Rubem Fonseca foi importante para a minha formação enquanto escritor. Tenho todos os livros dele e continuarei a lê-lo, como sempre o leio quando preciso de me sentir inquieto para escrever. Escritores morrem quando deixam de ter leitores. Rubem continuará a ter leitores”, sublinhou Agualusa, também através das redes sociais. O jornalista, escritor e editor português Francisco José Viegas referiu-se a Fonseca como seu “grande mestre”. “Meu mestre, meu professor, meu grande mestre. Morreu Rubem Fonseca (1925-2020), um dos maiores ficcionistas de sempre da nossa língua. O autor de ‘A Grande Arte’, um dos livros dos livros. Meu mestre, a quem roubei tudo o que pude”, escreveu Viegas. Em 2012, quando o escritor esteve em Portugal para o festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, Francisco José Viegas era secretário de Estado da Cultura, quando lhe foi atribuída a Medalha de Mérito Cultural, do Governo português. O autor brasileiro, de 94 anos, morreu esta quarta-feira ao início da tarde, no Rio de Janeiro, disse à Lusa a sua editora em Portugal, a Sextante, do grupo Porto Editora. Rubem Fonseca sofreu um enfarte, no seu apartamento no Leblon, bairro da zona Sul do Rio de Janeiro. Apesar de ter sido imediatamente transportado para o hospital, os médicos não conseguiram reanimar o escritor, noticiou o jornal O Globo. Autor de livros como “Feliz Ano Novo” (1976) e “O Cobrador” (1979) e “A Grande Arte” (1983), Rubem Fonseca foi distinguido com o Prémio Camões, em 2003. O escritor era apontado pela crítica como “o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX”. “Carne Crua”, o seu mais recente livro de contos inéditos, foi editado em 2018. Após a notícia da morte do importante escritor, foram várias as figuras políticas brasileiras que se manifestaram através das redes sociais, como é o caso da deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e da ex-candidata à vice-presidência do Brasil em 2018, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Manuela d’Ávila. “Nosso adeus a um dos maiores escritores do país, Rubem Fonseca. Premiado, com inúmeras obras intensas, profundas, impactantes, o escritor faleceu aos 94 anos. Meu abraço à família. Dias tristes para o Brasil”, escreveu Feghali no Twitter. Por sua vez, Manuela d’Ávila frisou que as obras de Fonseca continuarão a “emocionar, surpreender”, e a tocar os seus leitores “pelos tempos afora”. Em entrevista ao jornal Estadão, o escritor brasileiro André de Leones afirmou que “Rubem Fonseca é tão imprescindível em 2020 quanto era em 1963, ano em que publicou seu livro de estreia, ‘Os Prisioneiros'”. “Seu trabalho como passeador noturno das nossas ruínas não se esgotou com o término da Ditadura Militar, conforme demonstram obras-primas posteriores como ‘O Buraco na Parede’ e ‘Pequenas Criaturas’. Pelo contrário, a brutalização que sua obra investiga só se adensou nas últimas décadas e, sobretudo, nos últimos anos. Seus contos e romances traduzem à perfeição a atmosfera asfixiante do nosso país falhado, enfermo e em processo de implosão”, indicou Leones. Rubem Fonseca venceu cinco vezes o prémio Jabuti, o principal galardão literário brasileiro, na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros “Lúcia McCartney” (1969), “O Buraco na Parede” (1995), “Secreções, Excreções e Desatinos” (2001), “Pequenas Criaturas” (2002) e “Amálgama” (2014). Na categoria de Romance, o nonagenário venceu apenas uma vez, com “A Grande Arte” (1983). Em 2015, o escritor brasileiro foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, outorgado pela Academias Brasileira de Letras (ABL) a um autor pelo conjunto da sua obra.
Hoje Macau China / ÁsiaPartido no poder garante maioria absoluta nas legislativas sul-coreanas [dropcap]O[/dropcap] partido no poder conquistou uma maioria confortável nas eleições legislativas na Coreia do Sul, segundo os resultados parciais oficiais divulgados hoje, com os eleitores a apoiarem o Presidente na gestão da crise associada à covid-19. Mesmo antes da contagem estar terminada, o Partido Democrata do chefe de Estado, Moon Jae-in, já conquistou 163 das 300 cadeiras na Assembleia Nacional, ou seja, a maioria absoluta. A estes números há que somar os 17 lugares obtidos por um pequeno partido aliado. O principal partido da oposição, o Partido para um Futuro Unido (conservador), e um outro seu aliado, têm até agora assegurados apenas 97 assentos. A taxa de participação foi de 66,2%, a mais alta do país desde 1992. Uma significativa reviravolta da situação para o Presidente sul-coreano. Há alguns meses, escândalos ligados ao abuso de poder e o crescimento económico lento pareciam ameaçar Moon Jae-in, igualmente criticado por uma eventual abordagem demasiado suave à Coreia do Norte, depois de Pyongyang retomar os testes de mísseis nucleares e balísticos. No entanto, esta votação acabou por se transformar num referendo relativamente rápido e eficaz sobre a resposta de Moon à epidemia do novo coronavírus. O índice de popularidade de Moon, que caiu para 41% no final de janeiro, era de 57% na semana passada, de acordo com a empresa de sondagens Gallup.
Hoje Macau EventosMorreu o escritor chileno Luís Sepúlveda vítima de covid-19 [dropcap]O[/dropcap] escritor chileno Luis Sepúlveda morreu hoje, aos 70 anos, em Espanha, em consequência da doença covid-19, confirmou a Porto Editora. Sepúlveda estava internado desde finais de fevereiro num hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com aquela doença. Os primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, em Portugal. A confirmação de que estava infectado com a covid-19 levou, na altura, o Correntes d’Escritas a recomendar uma quarentena voluntária aos que participaram no festival e estiveram em contacto com o escritor chileno. Tudo isto aconteceu ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem oficialmente qualquer registo de infecção em Portugal, o que só viria a acontecer a 02 de março. Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 04 de outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com “Crónicas de Piedro Nadie” (“Crónicas de Pedro Ninguém”), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como “O Velho que Lia Romances de Amor” e “História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”. O escritor tem toda a obra publicada em Portugal – alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular em eventos literários no país. Luís Sepúlveda era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento.
Hoje Macau PolíticaMacau alarga prazo de candidaturas à habitação económica devido ao surto [dropcap]M[/dropcap]acau estendeu o prazo de candidaturas para aquisição de habitação económica até 26 de Junho para evitar aglomerações e o risco de contágio da covid-19. “Devido à situação da epidemia em Macau e a fim de reduzir o risco de aglomeração de pessoas e de transmissão da doença”, o Instituto de Habitação (IH) já tinha adoptado “uma série de medidas de prevenção e protecção contra a epidemia, aumentando de forma contínua o número de trabalhadores e de balcões de recepção, no sentido de acelerar o processamento e consulta das formalidades da candidatura de habitação económica e aliviar o fluxo de pessoas”, assinalou o organismo em comunicado. “Para melhorar ainda mais os trabalhos de prevenção da epidemia”, a partir de segunda-feira, “o IH só receberá os boletins de candidatura apresentados por candidatos de habitação económica que tenham efetuado marcação prévia, aumentando, desde ontem, o limite diário máximo de número de marcações prévias para mil, (…) a fim de reduzir o tempo de espera”, pode ler-se na mesma nota. A 27 de novembro de 2019, o Governo de Macau abriu um novo concurso público para a habitação económica, o primeiro desde 2014, que prevê a aquisição de casas a preço inferior ao do mercado livre. A concurso estão 3.011 frações autónomas, a construir na zona A dos novos aterros. Em novembro de 2018, o ex-Chefe do Executivo Fernando Chui Sai On sublinhou a importância de abrir este concurso num território de apenas 30 quilómetros quadrados, onde vivem mais de 670 mil pessoas e no qual, salientou, “o sector imobiliário privado pratica preços muito elevados”. No mesmo mês desse ano, a Assembleia Legislativa de Macau aprovou uma revisão à lei da habitação económica, para pôr fim ao mecanismo de sorteio e retomar o regime de pontuação nos concursos. No último concurso, em 2014, mais de 42 mil pessoas apresentaram uma candidatura para a compra de apenas 1.900 frações de habitação económica disponibilizadas.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Infectados podem contagiar outras pessoas vários dias antes dos primeiros sintomas, conclui estudo [dropcap]A[/dropcap]s pessoas infectadas com o novo coronavírus podem contagiar outras vários dias antes de surgirem os primeiros sintomas da doença covid-19, indica um estudo publicado pela revista Nature Medicine, que defende um alargamento no rastreamento de contactos. O estudo foi desenvolvido por uma equipa da Universidade de Hong Kong. Uma das medidas que está em vigor em vários países afetados pela pandemia de covid-19, como Portugal, é o rastreamento de contactos, ou seja, a procura de pessoas que estiveram em contacto com um doente a partir do momento em que testou positivo para o novo coronavírus, mas os investigadores defendem que esse universo deve ser alargado às pessoas que tiveram contacto nos dias anteriores à doença ser detectada. “Devem ser levados em consideração critérios mais inclusivos no que toca ao rastreamento de contactos, para identificar possíveis focos de transmissão dentro dos dois ou três dias anteriores ao início dos sintomas”, realçam os autores do estudo, sublinhando que tal permitirá “controlar a epidemia com mais eficiência”. Para chegar a esta conclusão, a equipa de investigadores, co-dirigida por Eric Lau, da Universidade de Hong Kong, comparou dados clínicos sobre a disseminação do vírus em pacientes internados num hospital em Guangzhou, sul da China. A pesquisa levou à recolha de amostras da garganta de 94 doentes, tendo sido medido o grau de contágio do vírus desde o primeiro dia de sintomas e por 32 dias. A descoberta é que os doentes, nenhum em estado grave ou crítico, apresentavam a maior carga viral assim que os sintomas apareciam, antes de diminuírem gradualmente. O estudo usou também dados públicos de 77 transmissões “ponto a ponto” na China e em outros países para avaliar o tempo entre o início dos sintomas em cada paciente para chegar à conclusão de que o período de incubação é de um pouco mais que cinco dias. E também foi concluído que a infeção surgiu entre dois a três dias antes de aparecerem os primeiros sintomas, atingindo o pico da capacidade de transmissão 0,7 dias antes de os primeiros sinais da doença. Os investigadores concluíram ainda que 44% dos casos secundários nas cadeias de transmissão foram infetados durante o período pré-sintomático.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang comemora com discrição aniversário de Kim Il-sung [dropcap]A[/dropcap]s comemorações do 108.º aniversário de Kim Il-sung, o fundador do regime norte-coreano em vigor, foram realizadas com discrição na Coreia do Norte, país que também está a lutar para se proteger da pandemia da covid-19. Ontem celebrou-se a data de nascimento do avô do actual líder norte-coreano, Kim Jong-un, um dos principais dias do calendário político norte-coreano, a ponto de ser chamado de “Dia do Sol”. No entanto, Pyongyang decidiu fazer grandes restrições para se proteger da pandemia do novo coronavírus que se espalhou pelo mundo em poucos meses. Como todos os anos, os norte-coreanos dirigiram-se à colina de Mansu, na capital, onde foram construídas as estátuas de Kim Il-sung e do seu filho e sucessor Kim Jong-il, para colocar coroas de flores aos pés destes monumentos. Mas o número de habitantes que prestaram homenagens foi bem menor do que nos anos anteriores, quando não era incomum ver grupos de centenas de trabalhadores ou soldados. Em tempos normais, centenas de cestas de flores já se acumulariam no meio da manhã em frente às estátuas, mas não foi isso que aconteceu. Este ano, o Norte cancelou muitos eventos das celebrações do 15 de abril, incluindo a Maratona de Pyongyang, que normalmente é o evento mais lucrativo de sua agenda anual de turistas. Os media oficiais não mencionaram o Festival Kimilsungia, uma exposição de orquídeas muito famosa na Coreia do Norte. O corpo embalsamado de Kim Il-sung está em exibição no Palácio do Sol Kumsusan, em Pyongyang. O regime fechou as suas fronteiras e colocou em quarentena milhares de norte-coreanos, mas também centenas de estrangeiros. O Governo norte-coreano alega não ter registado nenhum caso da covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaChina preocupada com suspensão da contribuição dos EUA para a OMS [dropcap]A[/dropcap] China expressou ontem uma “profunda preocupação” pela decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender o financiamento à Organização Mundial da Saúde (OMS), que é alvo de críticas pela gestão da pandemia. “Esta decisão enfraquecerá as capacidades da OMS e prejudicará a cooperação internacional contra a epidemia”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian, em conferência de imprensa. Zhao instou os Estados Unidos a “assumirem com seriedade as suas responsabilidades e obrigações e a apoiarem ações internacionais lideradas pela OMS contra a epidemia”. Trump anunciou que vai suspender a contribuição do país à Organização Mundial da Saúde (OMS), justificando a decisão com a “má gestão” da pandemia de covid-19. “Ordeno a suspensão do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus”, disse. O Presidente dos Estados Unidos considerou que “o mundo recebeu muitas informações falsas sobre a transmissão e mortalidade” da doença. E lamentou, em particular, que as medidas que tomou no início do surto na China, em particular proibir a entrada de viajantes oriundos do país asiático, tenham recebido “forte resistência” da OMS, que “continuou a saudar os líderes chineses pela sua disposição em compartilhar informações”. Segundo Donald Trump, os Estados Unidos contribuem com “entre 400 e 500 milhões de dólares por ano” para a organização, contra cerca de 40 milhões de dólares da China. “Se a OMS tivesse feito o seu trabalho e enviado especialistas médicos à China para estudar objetivamente a situação no local, a epidemia poderia ter sido contida na fonte com pouquíssimas mortes”, apontou. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse na terça-feira que os Estados Unidos querem “mudar radicalmente” a forma como a organização funciona. “No passado, a OMS fez um bom trabalho. Infelizmente, desta vez, não fez o seu melhor, e devemos garantir uma mudança radical”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaLegislativas na Coreia do Sul realizaram-se em condições especiais [dropcap]O[/dropcap]s sul-coreanos foram ontem às urnas nas eleições legislativas do país, em condições especiais devido à pandemia da covid-19, e demonstraram apoio à política do Presidente Moon Jae-in. Os eleitores foram todos submetidos a medição de temperatura à entrada dos locais de voto, houve cabines de voto especiais para eleitores febris e assembleias de voto reservadas em exclusivo a pessoas em quarentena. O uso de uma máscara foi obrigatório para os eleitores que, nas filas próximas às assembleias de voto, também tinham de ficar a pelo menos um metro de distância uns dos outros. A Coreia do Sul é um dos primeiros países confrontados com o novo coronavírus, que provoca a covid-19, a organizar eleições nacionais. Um sinal de optimismo em relação à gestão da crise de saúde, a participação neste sufrágio – pelo menos 63,8% votaram – nunca foi tão alta em eleições legislativas desde 2000. Uma sondagem do canal público KBS dá à coligação formada entre o Partido Democrata (centro-esquerda), do Presidente Moon Jae-in, e uma formação aliada a liderança nas eleições, com 155 a 178 assentos no parlamento, que é composto por 300 cadeiras. Esta sondagem sugere que o Partido para um Futuro Unido (oposição conservadora) e os seus aliados totalizem entre 107 e 130 assentos. A Coreia do Sul foi a segunda maior fonte de contaminação do mundo, depois da China, no final de fevereiro. Entretanto, conseguiu reverter a tendência graças a uma estratégia massiva de triagem e formas de detetar pessoas que tinham entrado em contacto com as pessoas doentes. Ontem, pelo sétimo dia consecutivo, Seul anunciou na sua avaliação diária um número inferior a 40 novas infecções (27 casos em 24 horas).
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China encerra um dos hospitais construídos em tempo recorde em Wuhan [dropcap]O[/dropcap] hospital de Leishenshan, a segunda unidade hospitalar construída em tempo recorde em Wuhan por causa da pandemia da covid-19, foi ontem encerrado, em mais um sinal de aparente vitória daquela cidade chinesa contra o novo coronavírus. A cidade de Wuhan, o epicentro do surto do novo coronavírus na China e onde foram diagnosticados os primeiros casos de covid-19 em dezembro último, testemunhou entre janeiro e fevereiro a construção de dois hospitais em tempo recorde, em cerca de 10 dias cada. As unidades foram então montadas para reforçar os serviços médicos locais que estavam sobrecarregados com a crise do novo coronavírus. Apesar do encerramento, Jiao Yahui, elemento da Comissão Nacional de Saúde, indicou hoje, em declarações citadas pela agência oficial Xinhua, que não está previsto neste momento o desmantelamento total do hospital, uma vez que poderá existir a necessidade de “ser reativado a qualquer momento”. Segundo as agências internacionais, após a cerimónia de encerramento, várias equipas de desinfeção entraram na unidade hospitalar. Com 1.600 camas, este hospital começou a receber doentes em 08 de fevereiro. Desde essa altura, 2.011 pessoas infetadas com o novo coronavírus, das quais 45% em estado grave ou crítico, passaram por esta unidade hospitalar. Os últimos doentes que ainda permaneciam no hospital de Leishenshan foram transferidos na terça-feira para outras unidades da cidade de Wuhan. Jiao Yahui disse ainda que a interrupção dos serviços deste hospital significa que a capacidade das unidades médicas de Wuhan para lutar contra a covid-19 está “a voltar ao normal”, lembrando, no entanto, que é sempre difícil e que continua a ser difícil tratar doentes em estado grave. O outro hospital construído em Wuhan em tempo recorde foi o hospital de Huoshenshan, cujas obras arrancaram em 23 de janeiro e foram transmitidas em direto pela imprensa oficial chinesa. A construção destas unidades foi encarada como um grande sucesso da propaganda conduzida pelas autoridades chinesas, que, perante o aparente controlo do vírus naquele país, têm vindo a promover os seus métodos na luta contra a covid-19. Ainda em relação a estes hospitais erguidos em poucos dias, foram avançadas informações de que os operários envolvidos na construção não tinham recebido os salários prometidos, informações que foram classificados como “rumores” pelas autoridades chinesas.
Hoje Macau SociedadeEnsino superior | Alunos com menos de 38 graus de temperatura corporal podem fazer exame presencial na MUST [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) disse que os alunos com uma temperatura corporal inferior a 38 graus poderão realizar o exame de acesso ao ensino superior de forma presencial. A informação consta no portal Macau News e foi divulgada no âmbito de uma visita de jornalistas ao campus na terça-feira. Os alunos serão sujeitos duas vezes à verificação da temperatura e devem apresentar uma declaração médica que confirma que não estão infectados com o novo coronavírus, além do documento de permissão para a apresentação a exame. Quanto à entrada dos examinandos no edifício da universidade, será feita apenas pela entrada do bloco A. No caso de o estudante acusar mais de 39 graus de febre será encaminhado para uma ambulância do Corpo de Bombeiros. O Exame Unificado de Acesso decorre entre hoje e domingo e há quatro mil candidatos inscritos. A prova permite a entrada não apenas na MUST, mas também no Instituto Politécnico de Macau, Universidade de Macau e Instituto de Formação Turística.
Hoje Macau SociedadeJogo | Mercado de massas recupera em Junho sem chegar a valores de 2019 [dropcap]A[/dropcap]nalistas de jogo ligados ao grupo japonês Nomura defendem que o sector vai começar a recuperar da crise gerada pela covid-19 em Junho, mas sem conseguir obter os mesmos resultados do ano passado. Segundo o portal Inside Asian Gaming, os analistas Harry Curtis, Daniel Adam e Brian Dobson afirmam mesmo que só em 2022 é que as operadoras de jogo podem voltar a ter os mesmos resultados de 2019 no que diz respeito ao mercado de massas. Os analistas defendem ainda que as medidas de controlo nas fronteiras vão levar a uma quebra anual de 80 por cento nas apostas de massas relativas ao segundo trimestre deste ano. Em relação ao terceiro trimestre a quebra deverá ser de 65 por cento, passando a 60 por cento no quarto trimestre. No que diz respeito ao desempenho do mercado de massas, este deverá atingir em 60 por cento os valores de 2019 no ano de 2021, enquanto que em 2022 essa percentagem aumenta para 90 por cento. “Na semana passada o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, referiu que o Governo prevê o regresso à ‘normalidade’ nas fronteiras em breve, o que nos leva a concluir que isso possa acontecer dentro de seis a 12 meses, mas é uma previsão muito optimista para 2020. Os analistas defendem que existe o risco de um segundo surto de covid-19 e que essa possibilidade está a ser tida em conta por Pequim. Nesse sentido, caso os casinos regressem ao normal, “será num ambiente seguro e controlado”, pelo que “vai existir uma recuperação em 2020, mas lenta”.
Hoje Macau PolíticaSalário mínimo | Lei Chan U pede revisão da lei [dropcap]O[/dropcap] deputado Lei Chan U interpelou o Governo sobre a necessidade de rever a lei do salário mínimo para empregadas de limpeza e trabalhadores da segurança em edifícios, uma vez que considera que o aumento de apenas duas patacas em cinco anos é pouco. O deputado alertou para o facto de o diploma se encontrar em vigor há quatro anos sem que tenha sido feita uma revisão anual dos valores pagos aos trabalhadores. Neste sentido, Lei Chan U, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, deseja saber como será feito o processo de revisão desta lei e se o Governo vai publicar algum relatório sobre a matéria, para que a sociedade tenha acesso. A última alteração ao diploma aconteceu em Julho do ano passado, tendo sido fixado nos seguintes valores: 6.656 patacas por mês, 1.536 patacas por semana; 256 patacas por dia e 32 patacas pagas por hora. A revisão, apesar de ter chegado a um maior número de trabalhadores, não incluiu os portadores de deficiência nem os trabalhadores domésticos. “A especificidade da natureza do trabalho dos trabalhadores domésticos e os fins não lucrativos dos empregadores com a sua contratação” foram justificações apresentadas pelo ex-secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. O alargamento beneficiou 25.400 trabalhadores dos sectores da transformação, da alimentação, retalho e hotelaria.
Hoje Macau PolíticaFSS | Novos subsídios isentos de contribuições [dropcap]O[/dropcap]s apoios em numerário a empregadores e trabalhadores previstos nas novas medidas de combate à covid-19 estão isentos do pagamento de contribuições ao Fundo de Segurança Social (FSS). O esclarecimento foi transmitido ontem através de uma nota oficial, onde é referido que o pagamento de contribuições do regime da segurança social do 1.º trimestre do ano 2020 deve ser feito até ao final de Abril. De entre os apoios previstos pelo fundo de combate à epidemia incluem-se a atribuição a quase todos os trabalhadores residentes de um apoio de 15 mil patacas e o plano de apoio pecuniário a profissionais liberais, que dependendo do número de trabalhadores contratados podem receber entre 15 e 200 mil patacas. Quanto às contribuições a pagar em Abril, os empregadores devem pagar “as contribuições do regime obrigatório a favor dos seus trabalhadores residentes, bem como a taxa de contratação se houver trabalhadores não residentes”, pode ler-se no comunicado da FSS.
Hoje Macau China / ÁsiaChina escapa à recessão e deverá crescer 1,2% em 2020, prevê FMI [dropcap]A[/dropcap] China, que teve parte da sua actividade económica suspensa no primeiro trimestre do ano devido à pandemia da covid-19, deverá escapar à recessão em 2020, crescendo 1,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,1% em 2019, em 2020 o país deverá registar um crescimento de 1,2% e de 9,2% em 2021, de acordo com as Perspectivas Económicas Mundiais ontem divulgadas. A China sentiu os efeitos da covid-19 no primeiro trimestre do ano, sobretudo na província de Hubei (centro), onde se originou o surto (na cidade de Wuhan), obrigando ao encerramento parcial da sua actividade económica. Segundo os números do FMI, a taxa de inflação não deverá sofrer grandes alterações, já que dos 2,9% registados em 2019 passa para 3,0% este ano e 2,6% em 2021. A nível de desemprego, a taxa deverá subir dos 3,6% registados em 2019 para os 4,3% em 2020, descendo posteriormente para os 3,8% em 2021. O FMI prevê que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19, de acordo com as Perspectivas Económicas Mundiais hoje divulgadas. A China registou 89 casos de infecção pelo novo coronavírus, nas últimas 24 horas, incluindo três de contágio local na província de Guangdong, adjacente a Macau, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Até às 00:00 de terça-feira, as autoridades chinesas não registaram novas mortes devido à covid-19, o terceiro dia desde o início da epidemia, em dezembro passado, sem vítimas mortais. Todos os três casos de contágio local foram diagnosticados na província de Guangdong, adjacente a Macau, no sudeste do país. Os restantes 86 casos são importados do exterior. O número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 82.249, entre os quais 3.341 pessoas morreram e, até ao momento, 77.738 pessoas tiveram alta, segundo a Comissão de Saúde chinesa.
Hoje Macau SociedadeFMI prevê queda da economia este ano em 29,6 por cento [dropcap]A[/dropcap] economia de Macau deverá regredir 29,6% este ano, devido à pandemia da covid-19 segundo as Perspectivas Económicas Mundiais divulgadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com o documento divulgado ontem pelo FMI, a economia de Macau, que em 2019 encolheu 4,7% e que este ano deverá recuar 29,6%, em 2021 terá um crescimento substancial de 32%. Em termos de desemprego, a taxa da capital mundial permanecerá praticamente residual: 2% este ano e no ano seguinte de 1,8%, indicou o FMI. Quanto à inflação, deverá fixar-se nos 2% em 2020 e nos 2,3% no ano seguinte. O FMI prevê que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19. Com uma economia altamente dependente do jogo, Macau viu as receitas do jogo caírem em março 79,7%, em relação a igual período de 2019, mês em que medidas para conter o surto da covid-19 praticamente encerraram as fronteiras da capital mundial dos casinos. Os últimos dados oficiais indicam também uma descida de 60% nos três primeiros meses do ano, depois de em fevereiro se terem registado perdas históricas nas receitas do jogo num mês em que os casinos estiveram fechados durante 15 dias. O montante global gerado de janeiro a março de 2020 foi de 30,48 mil milhões de patacas, menos 45,66 mil milhões de patacas do registado nos três primeiros meses de 2019.
Hoje Macau SociedadeDSSOPT | Plano Director vai a consulta pública este ano [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) tem em mãos a proposta de Plano Director para o território elaborado pela Ove Arup & Partners de Hong Kong. De acordo com uma nota de imprensa ontem emitida, o Governo propõe-se a realizar a consulta pública relativa ao Plano Director ainda este ano. “Após a recepção do projecto do Plano Director de Macau apresentado pela entidade responsável pelo estudo, os departamentos competentes estão, nesta fase, a apreciá-lo. Uma vez concluída a sua apreciação, proceder-se-á atempadamente aos trabalhos de consultas públicas. Esta Direcção de Serviços tem promovido a sua elaboração de acordo com o calendário definido, procurando realizar, ainda este ano, a sua consulta pública”, pode ler-se. A adjudicação do Plano Director de Macau à Ove Arup & Partners Hong Kong Limited foi conhecida em Março de 2018. A concessionária propôs-se realizar o projecto no prazo de um ano, tendo feito uma proposta de 11 milhões de patacas, a mais barata, face à proposta máxima de 88 milhões de patacas apresentada por outra concorrente. Além disso, a Ove Arup & Partners Hong Kong Limited apresentou também um calendário intermédio para o projecto, uma vez que as restantes empresas a concurso propunham a realização do Plano Director entre um período de três meses a dois anos.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | McDonald’s pediu desculpa após proibir africanos em restaurantes na China [dropcap]A[/dropcap] McDonald’s pediu desculpa por ter proibido negros de entrarem num dos seus restaurantes no sul da China, onde os africanos se queixam de ter sido alvo de discriminação desde o início da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Após a confirmação de vários casos positivos de infetados pelo novo coronavírus entre a comunidade nigeriana na metrópole de Guangzhou, os africanos dizem ter sido sujeitos a despejos, proibições de entrada em empresas, quarentena e testes abusivos. A União Africana manifestou, no sábado, a sua “extrema preocupação” com estas situações. Neste contexto, circulou um vídeo nas redes sociais a mostrar um aviso à porta de um restaurante a explicar em inglês, que “os negros não podem entrar” num McDonald’s daquela cidade. A cadeia americana de restauração pediu rapidamente desculpa, e um dos seus porta-vozes, citado pela agência France-Presse, disse hoje que o estabelecimento tinha sido temporariamente encerrado no domingo para uma sessão de formação do pessoal. Ao mesmo tempo, cerca de 20 embaixadores africanos foram recebidos na segunda-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Pequim, por um secretário de Estado, Chen Xiaodong. No encontro, Chen prometeu aos diplomatas que iria “levantar as medidas sanitárias relativas aos africanos, exceto em relação aos doentes confirmados” como infetados pela covid-19, de acordo com um relatório da diplomacia chinesa. Além disso, apelou aos embaixadores para “explicarem a verdade, objetivamente” e “racionalmente” aos seus países. Mas a Nigéria já afirmou que a discriminação contra os seus cidadãos, após a descoberta de vários casos positivos de covid-19 na comunidade nigeriana na China, é “inaceitável” e apelou a uma “ação imediata” por parte de Pequim para pôr fim à situação. “Houve vídeos a circular nas redes sociais com cenas e incidentes muito perturbadores, envolvendo nigerianos, na cidade de Guangzhou, na China, segundo os quais os nigerianos eram discriminados (…) e estigmatizados como portadores da covid-19”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Geoffrey Onyeama, após uma audiência com o embaixador chinês em Abuja. O ministro explicou que tinha convidado o embaixador chinês para o informar de que “a situação é extremamente angustiante e inaceitável para o Governo e o povo nigerianos” e que, por isso, exigem “uma acção imediata”. Sob forte pressão diplomática, a China rejeitou no domingo todo o “racismo” e prometeu “melhorar” o tratamento dos africanos em Guangzhou. A União Africana tinha manifestado a sua “extrema preocupação” na véspera e apelado a Pequim para que tomasse “medidas corretivas imediatas”. Os Estados Unidos da América (EUA) também tinham denunciado a “xenofobia das autoridades chinesas”. Estes incidentes ocorreram após cinco nigerianos de Cantão, que deram positivo no teste à covid-19, terem fugido da quarentena. O caso suscitou um protesto e provocou uma avalanche de comentários xenófobos na Internet. Segundo fontes diplomáticas, cerca de 20 países africanos prepararam uma carta para enviar a Pequim, considerando que os testes de rastreio e as medidas de quarentena impostas especificamente aos seus nacionais equivalem a “racismo”. A “nota verbal” denuncia “uma clara violação dos direitos humanos” por parte da China. O porta-voz do diplomata chinês, Zhao Lijian, acusou os EUA de procurarem semear a discórdia com África, em reação às acusações de “xenofobia” feitas por Washington. Segundo a China News Agency, 4.553 africanos, ou toda a população africana de Cantão, foram rastreados para detecção do novo coronavírus desde 4 de Abril, dos quais 111 tiveram resultado positivo. Vários africanos disseram à France-Presse que foram expulsos das suas casas e que lhes foi recusada a entrada em hotéis. “Tive de dormir debaixo de uma ponte durante quatro dias sem nada para comer. Nem sequer posso comprar comida porque nenhuma loja ou restaurante me aceita”, disse um estudante ugandês.