Clube Militar assinala 150 anos e testa “a capacidade de se reinventar”

O Clube Militar de Macau comemora 150 anos num ano “extremamente difícil” devido à pandemia e que testa mais uma vez a capacidade de a instituição se reinventar, salientou à Lusa um dos membros da direcção, Manuel Geraldes.

O Clube Militar passou por momentos “extremamente difíceis ao longo da sua História”, o edifício, “de grande e rara beleza”, chegou a fechar, “serviu de casa de refugiados” da guerra e de repartição de finanças, “mas sempre soube ressuscitar” e a assumir-se como ponto de encontro entre as comunidades locais e lusófonas, frisou.
O ex-presidente da instituição privada, desde a sua fundação, admitiu “momentos menos felizes”, mas destacou sobretudo as “fases de grande glória”, que contam histórias de encontros de culturas, chinesa e portuguesa, das forças armadas com a sociedade civil.
Desde a sua fundação, em 1870, existem momentos que Manuel Geraldes faz questão em enumerar, orgulhoso da forma como a associação conseguiu, à semelhança de Macau, preservar a História onde habitam tantas culturas diversas.
Alguns exemplos: Em 1912, recebeu o primeiro Presidente da República Popular da China, Sun Yat Sen, que “veio a Macau para estar com os seus amigos, que lhe tinham dado apoio”, lembrou.
Na década de 60 do século passado, após servir de alojamento a refugiados da guerra e de funcionar como repartição de finanças, resgatou “a sua actividade normal como ponto de reunião e convívio, não só para oficias das forças armadas, (…) mas também com a sociedade civil”.

Depois de Abril

Em 1975, novo teste à capacidade de adaptação, após “as forças armadas terminarem a sua missão em Macau”, cuja renovação dos estatutos ajudou a abrir ainda mais a instituição à sociedade, com o clube a abraçar, gradualmente, a vocação “ao longo dos anos 80 e 90 como um importante ponto de encontro da comunidade portuguesa”, acrescentou.
Um ano depois de ter celebrado os 20 anos da transferência de Macau para a China, o Clube Militar celebra agora os seus 150 anos, num momento que trouxe muitos e inesperados desafios à instituição, muito por culpa da pandemia.
“Foi um ano muito difícil para toda a gente, (…) mas para o clube em si, na sua estrutura e conceito de sustentabilidade, foi tremendo. Temos alguma preocupação, mas por outro lado estamos confiantes (…) que em conjunto vamos encontrar uma solução”, disse.

14 Dez 2020

A loucura das heranças

ANDRÉ NAMORA

Nunca pensei que alguma vez tivesse de escrever sobre a loucura que a pandemia da covid-19 provocaria nos portugueses um comportamento absurdo quanto à necessidade de obter dinheiro e bens por qualquer meio, relativamente à obtenção de heranças.
As pessoas, muitas, milhares, segundo me informou um advogado, têm tido um comportamento de teor variado sobre conseguirem ficar com o dinheiro e outros bens que um dia lhes haveria de caber um dia, não agora. Um dia quando os seus pais ou avós morressem. O processo que se tem gerado sobre as heranças tem provocado um chorrilho de dificuldades processuais maior do que era costume em todo o país. Antes, em alguns casos, os processos de heranças levavam anos a resolver devido ao desentendimento entre os herdeiros e algumas vez só se resolviam nos tribunais. E agora, não será mais demorado?
Quase que não dá para acreditar no que se está a passar neste Portugal. As dificuldades económicas de milhares de portugueses estão a provocar um aumento desmesurado da procura de serviços como habilitações de herdeiros e partilhas por óbitos nos cartórios notariais. Muitos até estão a fazer os seus testamentos. Toda esta gente quer é urgentemente resolver o que está pendente e daí realizarem o testamento. Toda a mecânica jurídico-burocrática deverá ser, até ao final deste ano e primeiro trimestre de 2021, superior à registada em anos anteriores. A preocupação com a possibilidade de adoecer sem deixarem assegurada a situação dos cônjuges ou filhos fez também aumentar a realização de testamentos. Tal é o receio de morrer que este vírus tem provocado, que os preocupados esquecem-se que a chamada gripe invernal mata anualmente mais de três mil pessoas e que todos os dias morrem centenas de cidadãos vítimas de cancro, AVC, ataques cardíacos e até por causa da asma. E não têm sido apenas os testamentos que têm aumentado, igualmente as procurações, doações e partilhas em vida.
No entanto, praticamente inverosímil é o caso de os mesmos cartórios notariais registarem uma diminuição de vinte por cento na sua actividade normal, nomeadamente, nas escrituras de compra e venda de imóveis.
Mas há a outra face da moeda que nos deixa ainda mais perplexos. Os notários têm-se deslocado aos lares de terceira idade a fim de efectuar os registos necessários com a assinatura obrigatória dos patronos. Os notários vão aos lares e depois choram. Ficam contaminados e são obrigados a encerrar os escritórios. Até aos dias de hoje, desde o início da pandemia, já estiveram encerrados 40 cartórios notariais.

O tema que na semana que findou mais deu que falar já nós tínhamos esclarecido aqui os nossos leitores na edição do passado dia 16 de Novembro. Refiro-me ao caos em que se encontra a situação na TAP, onde o caso já levou a um imbróglio entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas, o tal que pretende de qualquer forma o lugar de António Costa como líder do PS. O ministro Pedro Nuno Santos desejava levar a solução da TAP à Assembleia da República e os deputados que decidissem como reestruturar a companhia aérea. Nesse ponto, António Costa esteve muito bem e disse ao ministro que os problemas governamentais devem ser resolvidos pelo governo e não por outros órgão de soberania. Nestes dias têm-se vivido momentos degradantes sobre a situação na TAP. Tudo pode acontecer: o povo ter de pagar a injecção financeira de mais de três mil milhões de euros, caso a Comissão Europeia aprove a proposta de reestruturação, a qual nem foi apresentada ao Presidente da República; podemos assistir a cerca de três mil despedimentos como prenda de Natal aos trabalhadores da TAP e proceder-se à venda de mais de 20 aeronaves. E ainda podemos ficar sem companhia aérea de bandeira, disse o mesmo ministro, caso a União Europeia rejeite a proposta portuguesa de reestruturação da empresa, o que constituiria uma tragédia na ligação com os portugueses que vivem na diáspora e com outros povos do nosso antigo Ultramar, não mencionando os Açores e a Madeira.
A TAP tem sido alvo nos últimos anos de um prejuízo escandaloso, administrada vergonhosamente por incompetentes e acordos financeiros pouco sérios. Este ministro que tutela a TAP chegou ao dissabor de os sindicatos da empresa o desmentir e provar que o governante tem mentido aos portugueses quando afirmou que os pilotos da TAP ganhavam muito mais que os que laboram nas principais companhias aéreas europeias, o que é falso. Com este ministro, nem a TAP nem o país irão longe e o que mais se lamenta é que a criatura se gabe, sem qualquer modéstia, de que ele é o único a decidir sem medo, o único com coragem disto e daquilo. Coragem? Só se for aquela “coragem” de ter deixado o seu Maserati escondido para que ninguém visse que um socialista é pior que muitos capitalistas quando se dirigiu a uma cerimónia oficial onde estava presente quase toda a governação do país e uma multidão popular…

*Texto escrito com a antiga grafia

14 Dez 2020

O Passeio de Zhan Ziqian na Primavera

Paulo Maia e Carmo

Yang Jian (541-604) que inicialmente tinha o título de «duque de Sui», durante a dinastia Zhou do Norte (557-581) formaria uma nova dinastia e para a nomear fez uma mudança na morfologia do caracter «sui» que significa «seguir», retirando-lhe uma partícula que implica o «caminhar», inaugurando um período breve no tempo mas influente na História. Foi o primeiro sinal dado por aquele que ficaria conhecido como Wendi, «o imperador culto» (r. 582-604) da sua vontade de projectar o espírito fazendo-o agir sobre a matéria, modificando-a. Se no plano da cultura data dessa dinastia Sui (581-618) um renascimento do ideal de unificação sob a égide dos Han, como sucedera com Qin Shihuang (r. 221-210 a. C.) a que agora se juntava a conversão imperial ao Budismo, a sua acção no espaço geográfico ficaria marcada por grandes obras, como o início da construção em 589 do Grande Canal, a ligar a capital Changan ao rio Amarelo, a continuação da construção da Grande Muralha e depois uma nova capital em Kaifeng. Da sua actividade militar expansionista, um episódio, a conquista de Jiankang (Nanquim) aos Chen e a deslocação dos seus nobres para Norte resultou num profícuo despertar da curiosidade dos aristocratas da Corte pelas singularidades intelectuais do Sul. Este é também o tempo em que se revela uma nova forma de perceber a pintura em que, dado que na sua essência está o dinamismo dos seus componentes, tem o nome de pintura «shanshui». A mais antiga dessas pinturas registada pelos historiadores é nomeada com dois caracteres: you, chun, «Passeio de Primavera». Do seu autor pouco mais se sabe que um nome.
Zhan Ziqian terá nascido em Yangxin, actualmente em Shandong, as suas datas de nascimento e morte desconhecidas, sabe-se que foi um funcionário do Estado, activo nessa segunda metade do século VI. É referida a sua habilidade para pintar pavilhões, pessoas e cavalos porém esta é a única pintura dele que hoje podemos observar e mesmo ela é seguramente uma cópia, feita algures durante a dinastia Song. A pintura em rolo horizontal (tinta e cor sobre seda, 43 x 80,5 cm) que se encontra no Museu do Palácio, em Pequim, executada com as características habituais das pinturas que usam os pigmentos minerais naturais verde, a partir da malaquite e azul, da azurite, conhecidas como qinglu, seriam populares durante a seguinte dinastia Tang, o que se percebe no comentário que Zhang Yanyuan (c.815-c.877) fez sobre ele: «As pinturas do período medianamente antigo eram feitas de maneira concisa e cheia de detalhes; são extremamente graciosas.» Mais do que tornar visível a dicotomia mística original própria do Daoísmo entre as águas (yin) e as montanhas (yang) será de notar como, na aurora de um novo género de pintura, estão representadas pessoas num acordo explícito com a natureza, integradas mas ao acaso, caminhando.

14 Dez 2020

Hong Kong | Negada fiança a Jimmy Lai após conhecer acusação judicial

O pedido de fiança feito pelo dono do Apple Daily foi negado no sábado, num processo em que é acusado de violar a lei de segurança nacional de Hong Kong. O julgamento em que Jimmy Lai responde por conluio com forças estrangeiras foi adiado para Abril

Jimmy Lai, magnata dos ‘media’ e defensor da democracia em Hong Kong, viu no sábado a sua fiança ser rejeitada após ter sido acusado por violar a nova lei de segurança nacional do território semiautónomo
Lai conheceu na sexta-feira uma acusação de conluio com grupos estrangeiros para colocar em risco a segurança nacional de Hong Kong, por mensagens que colocou na rede social Twitter e comentários que fez em entrevista a meios de comunicação internacionais.
O jornal Apple Daily – de que Jimmy Lai é proprietário e conhecido pelo seu comprometimento com o movimento pró-democracia – escreveu no fim-de-semana que Lai é acusado de ter pedido a países, organizações e pessoas estrangeiras para imporem sanções ou para se envolverem em actividades hostis contra Honk Kong ou contra a China.
A análise do seu processo judicial foi adiada para 16 de Abril, a pedido dos procuradores, que alegaram que a polícia precisava de mais tempo para rever mais de mil ‘tweets’ e de comentários de Lai, segundo uma peça do Apple Daily. Lai, que se encontra detido por acusações de fraude, após uma busca da polícia às instalações dos seus meios de comunicação, foi visto algemado enquanto os guardas o levavam da cadeia ao tribunal.

Reacção do Reino Unido

Pequim impôs no início deste ano a lei de segurança nacional em Hong Kong, contestada pela comunidade internacional, após protestos do movimento pró-democracia na ex-colónia britânica.
A nova lei proíbe a secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos de Hong Kong, restringindo a liberdade de expressão e de reunião.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, usou a sua conta de Twitter para comentar que a lei de segurança em Hong Kong “brinca com a justiça”, pedindo a libertação de Lai, com quem reuniu no início deste ano, dizendo que o seu único crime foi falar a verdade sobre o Governo autoritário do Partido Comunista Chinês.
Na sexta-feira, o Governo britânico mostrou preocupação com a situação de Jimmy Lai. “O Reino Unido continua muito preocupado com a disposição das autoridades de Hong Kong de continuar com procedimentos legais contra figuras pró-democracia, como Jimmy Lai”, disse um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

14 Dez 2020

Automobilismo | Jerónimo Badaraco acredita que circuito no Cotai seria uma mais valia

Jerónimo Badaraco foi o único piloto lusófono a subir ao lugar mais alto degrau do pódio no 67.º Grande Prémio de Macau. O piloto macaense não tem planos para desacelerar, embora a próxima temporada ainda esteja por definir, e acredita que a construção de um circuito em Macau iria facilitar a entrada de novos talentos no desporto motorizado

Aos comandos de um Chevrolet Cruze da Son Veng Racing Team, “Noni” teve uma corrida autoritária e venceu sem contemplações a categoria ‘1600 Turbo’ da Taça de Carros de Turismo de Macau, cortando a linha de meta na quarta posição da geral na decisiva corrida de domingo. “É um circuito onde me sinto sempre bem, no início achava que não ia ter ritmo. Mas depois da primeira corrida habituei-me bem e o ritmo surgiu. Estava muito confiante”, afirmou o piloto macaense ao HM logo após a corrida de 12 voltas.

Três semanas após o maior evento de automobilismo do Sudoeste Asiático, e único disputado num circuito citadino na Ásia em 2020, sobre os planos para próxima temporada, o piloto da RAEM diz que “ainda é muito cedo para ter qualquer decisão, também muito dependerá dos patrocinadores e como a minha equipa quer preparar a próxima temporada. Talvez tente correr na classe ‘1950cc e Acima’ ou TCR”.

Esta não foi a primeira vez que Jerónimo Badaraco venceu nas ruas do território, pois na sua estreia no automobilismo, em 1999, triunfou contundentemente na última edição da Taça do Automóvel Club de Portugal, uma corrida destinada aos pilotos locais. Com mais de duas décadas no desporto, “ainda não penso em parar. É difícil dizer se isso vai acontecer cedo ou tarde. Como ainda tenho andamento para subir ao pódio, é pouco provável parar já. Talvez um dia, quando achar que não consigo lutar por lugares do pódio. Nessa altura veremos se é tempo para parar!”

As corridas de automobilismo de Macau vivem um momento de transição, esperando-se uma alteração de regulamentos técnicos em 2022, e, por conseguinte, de carros. Apesar da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) nunca publicamente ter revelado qual o caminho a seguir pela competição que está sob a sua alçada, tudo indica que dentro de dois anos haverá a esperada mudança.

“Acho que eles vão mudar para carros e regulamentos da categoria TCR”, acredita Badaraco, que no entanto, realça que na sua opinião deveriam manter os carros das actuais classes ‘1600 Turbo’ e ‘1950cc e Acima’ para que assim houvesse uma maior variedade de carros e de corridas no Grande Prémio de Macau”.

Circuito no COTAI era o ideal

 Tal como vários outros pilotos da RAEM, “Noni” tem-se aventurado pontualmente ao longo destas últimas duas décadas em provas internacionais. Contudo, continua a faltar talento local nos grandes palcos do desporto. “Primeiro de tudo, acho que nos falta um circuito para treinar, realizar testes com os carros e assim criar jovens pilotos com mais facilidade”, explica o experiente piloto de carros de Turismo. “É muito difícil para os jovens começarem no automóvel cá no território. O custo da qualificação para o Grande Prémio de Macau é muito elevado, porque temos de fazer pelo menos quatro corridas de qualificação na China, com carros muito modificados”.

Apesar do Circuito Internacional de Zhuhai distanciar a apenas uma hora de carro das Portas do Cerco, a verdade é que o transporte e desalfandegamento dos carros, equipamento e material de Macau para o circuito da cidade vizinha, como para o mais distante Circuito Internacional de Guangdong, tem um custo demasiado elevado nos orçamentos anuais dos pilotos e equipas.

“Não é uma má ideia de construir um circuito no Cotai”, explica Badaraco. “Ter um circuito no Cotai não quereria dizer que não continuaríamos a ter uma vez por ano as corridas no Circuito da Guia, pois como toda gente sabe, o Circuito da Guia é um circuito histórico. Podemos organizar corridas locais com carros que custam menos, menos modificações, como por exemplo os carros com que corremos no passado, como o Honda DC5 ou o FD2, que ainda estão a correr nas corridas locais de Tailândia, Malásia e até no Japão! Assim seria mais fácil para lançar pilotos jovens com talento e com menos custos! Também teríamos mais vantagem para arranjar patrocinadores, fazer mais corridas locais e ser mais competitivos para correr em provas internacionais”.

A ideia de construir um circuito permanente em Macau não é um assunto recente, aliás, foi uma matéria inicialmente debatida nos tempos da administração portuguesa. Na segunda metade dos anos 1980s e nos primeiros anos da década de 1990s, este foi um assunto falado por várias vezes na imprensa, pois na altura Bernie Ecclestone e a FIA, por intermédio de Max Mosley, gostariam de ver o território ultramarino sob administração portuguesa no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. O assunto só esmoreceu quando em 1996 se ergueu o Circuito Internacional de Zhuhai.

“Se tivermos um circuito novo, talvez possamos convidar equipas de F1 ou de Moto GP para vir cá fazer testes das máquinas ou organizar corridas de mais alto nível cá em Macau. Com corridas de mais alto nível até podemos trazer mais turistas e até dá para aumentar o prestígio de Macau no automobilismo. E até podemos organizar ‘track days’ para os residentes darem umas voltinhas, em segurança, com os seus carros privados”, conclui Badaraco.

Jerónimo Badaraco, piloto

11 Dez 2020

UE | Macron defende reforço das relações com a China

O Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou ontem ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, a vontade de renovar as relações entre a Europa e Pequim, de forma a ficarem “mais fortes e equilibradas” face aos desafios multilaterais e económicos.

O Eliseu (Presidência francesa) divulgou que os dois líderes mantiveram ontem uma conversa telefónica, a poucos dias de ser assinalado o quinto aniversário da adopção do Acordo de Paris sobre o Clima, firmado na capital francesa em 12 de Dezembro de 2015.

Para Macron, o diálogo mantido entre França e China foi “decisivo” para alcançar a assinatura, a preservação e a aplicação a nível internacional do documento.

Num comunicado, a Presidência francesa indicou que Macron expressou a sua satisfação em relação ao anúncio da China (país responsável por mais de um quarto das emissões globais de gases com efeito de estufa) na última Assembleia-Geral das Nações Unidas sobre a meta de alcançar a neutralidade carbónica até 2060.

Segundo o Eliseu, o chefe de Estado francês frisou a importância da cimeira virtual subordinada às questões climáticas que será coorganizada pela ONU, França e Reino Unido no próximo sábado (dia 12).

A vontade de Macron, de acordo com a nota da Presidência francesa, é que esta cimeira sirva para conhecer as medidas a que se propõem os países para reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa.

O líder europeu frisou também que este encontro vai servir para impulsionar as ambições da comunidade internacional antes da 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26).

A COP26, que pretendia relançar o Acordo de Paris (após o anúncio da retirada norte-americana), estava prevista para este ano em Glasgow (Escócia, Reino Unido), mas por causa da pandemia da doença covid-19, e à semelhança de outras reuniões internacionais, foi adiada e está prevista para Novembro de 2021.

Compromissos reforçados

Na conversa com Xi Jinping, o político francês manifestou igualmente apoio à organização na cidade chinesa de Kunming da Convenção para a Biodiversidade Biológica (COP15), em Maio do próximo ano, sublinhando que a Europa e a China devem ser o motor para que 2021 seja “um ano de um voluntarismo internacional renovado, mais concreto e forte” a favor da acção climática.

No plano bilateral, os dois governantes discutiram perspectivas de cooperação em sectores como energia nuclear, aeronáutica, inovação, agricultura, exploração espacial e cultura.

Ao nível multilateral, Macron instou Xi Jinping a reforçar o seu compromisso, juntamente com os outros países do G20 para assegurar que as ferramentas de combate à pandemia do novo coronavírus sejam consideradas como um bem público a nível mundial.

Exortou também ao envolvimento e ao compromisso de Pequim na cimeira dedicada ao financiamento da economia africana (nomeadamente sobre a moratória da dívida dos países mais pobres) que terá lugar em Paris em Maio do próximo ano, bem como insistiu na necessidade de renovar as conversações para assegurar a preservação do acordo nuclear com o Irão.

Por último, concluiu o Eliseu, Emmanuel Macron partilhou com o homólogo chinês a “grande preocupação” de Paris, e dos restantes Estados-membros da União Europeia (UE), em relação à degradação dos direitos humanos na China, nomeadamente em Hong Kong e na província chinesa de Xinjiang (onde foram construídos campos para membros da minoria muçulmana uigur).

A França irá assumir a presidência rotativa do Conselho da UE no primeiro semestre de 2022.

 

11 Dez 2020

Música | Álbum de Vasco Dantas é “primeira escolha do ano” da revista Orchestergraben

O álbum “Poetic Scenes” (2020), o terceiro do pianista Vasco Dantas, constituído por repertório alemão e português do período Romântico, é “a primeira escolha” deste ano da revista alemã Orchestergraben, foi esta quarta-feira divulgado.

O álbum, editado em Abril último, tinha já chamado à atenção da crítica internacional, nomeadamente da revista inglesa Gramophone, que o elogiou, e do Pizzicato Journal.

“Que ideia interessante e original de Vasco Dantas justapor as ‘Kinderszenen’ [‘Cenas Infantis’] de Schumann, as virtualmente desconhecidas transcrições de canções de Schumann por Carl Reinecke e peças para piano na tradição do fado”, lia-se na crítica inglesa que salientava: “Mais importante ainda, o jovem virtuoso português é um músico atencioso e culto”.

O Pizzicato, por seu turno, escreveu: “Dantas não usa o humor lírico-poético básico, que corre como um fio por todas as peças, para vaidosa encenação e também para não definhar na poesia. Em vez disso, convence com o seu toque natural, que mostra uma relação igualmente natural com música”.

O CD foi editado pela Arts Profuktion, e “não houve financiamento por parte de nenhuma instituição portuguesa para a criação deste álbum”, lamentou o pianista, que se afirmou “muito contente” com a distinção.

Vasco Dantas nasceu em 1992, no Porto, e licenciou-se em Música com “1st Class Distinction” no London Royal College of Music, tendo estudado com Dmitri Alexeev e Niel Immelman.

Concluiu o mestrado em Performance com nota máxima sob orientação de Herbert Koch, na Universidade de Münster, na Alemanha, onde foi aceite para doutoramento.

O pianista já ganhou mais de 50 prémios em competições internacionais na Alemanha, Grécia, Itália, Malta, Marrocos, Portugal, Espanha e Reino Unido.

No ano passado, estreou-se no Carnegie Hall, em Nova Iorque, com um recital de piano.

11 Dez 2020

Companhia de Dança Teatro Xie Xin no CCM em Fevereiro

Nos dias 24 e 25 de Fevereiro do próximo ano, às 19h45, actua em Macau a Companhia de Dança Teatro Xie Xin. O espectáculo, intitulado “Âmagos”, acontece no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau. O público poderá assistir a uma “mostra frenética de contrastes”, sendo esta uma “peça enigmática e fluida interpretada por nove bailarinos, cujas figuras aparecem e desaparecem, como imagens que se desvanecem ou materializam num filme”.

Xie Xin explora, neste espectáculo, “uma multiplicidade de momentos em que os corpos são levados ao extremo, fluindo na sua elasticidade, produzindo uma estética de grande elegância”.

O espectáculo estreou em Xangai em 2016 e já fez inúmeras digressões na China, tendo passado pelos festivais europeus Stuttgart Colours e Kuopio Dance.  A companhia de dança foi fundada por Xie Xin em 2014, sendo este nome considerado a força motriz da cena contemporânea chinesa. As colaborações da coreógrafa com criadores reconhecidos como Sidi Larbi Cherkaoui, entre muitos outros, têm inspirado a sua veia criativa, enquanto na China, a recente participação num concurso televisivo de dança transformou-a numa estrela nacional.

Partilha de visões

Além de levar “Âmagos” aos palcos, Xie Xin será também protagonista de um workshop onde a coreógrafa “partilha algumas das suas visões, oferecendo aos participantes uma oportunidade de explorarem os seus corpos, inspirados pelos movimentos coreográficos da criadora”. Além destas sessões, Xie Xin falará também com o público no final do segundo espectáculo, que acontece a 25 de Fevereiro. Os bilhetes estão à venda a partir deste domingo, dia 13.

11 Dez 2020

TUI | Mantidas penas de prisão a três indivíduos por associação criminosa

O Tribunal de Última Instância (TUI) negou os recursos apresentados por três indivíduos acusados do crime de “associação ou sociedade secreta” e usura, tendo mantido as penas de prisão de 12 anos, oito anos e cinco meses e ainda oito anos e seis meses de prisão. O caso remonta a 2016, quais os três homens, “juntamente com vários indivíduos do Interior da China, formaram um grupo que, actuando de forma organizada e com a divisão de tarefas, auferiam lucros através da concessão de empréstimos a jogadores nos casinos de Macau e da cobrança de juros altos (30 a 50 por cento) a jogadores”. O Tribunal Judicial de Base condenou também os três réus pela prática do crime de “usura para jogo”. Desta forma, A foi condenado a 16 anos, enquanto que B e C foram condenados a nove anos de prisão. Os três recorrentes ficaram proibidos de entrar em salas de jogo. Depois de apresentado recurso para o Tribunal de Segunda Instância (TSI), este decidiu condenar os três indivíduos pela prática dos crimes de “usura para jogo”, fixando uma pena única de 12 anos, oito anos e cinco meses e ainda oito anos e seis meses de prisão. Segundo o acórdão do TUI, os três recorrentes entendem que existiu “erro na decisão da sua condenação pelo crime de ‘associação ou sociedade secreta’, como também na de excesso de pena”. O TUI decidiu manter as penas aplicadas pelo TSI.

 

 

11 Dez 2020

EUA | Wan Kuok-koi com contas congeladas e proibido de fazer negócios

O departamento do Tesouro dos EUA aplicou sanções a Wan Kuok-koi, antigo líder da tríade 14K, no âmbito da implementação de medidas de combate à corrupção. As contas bancárias e outros bens que “Dente Partido” tenha nos EUA ficarão congelados. Já os americanos estão proibidos de fazer negócios com ele

Wan Kuok-koi foi sancionado pelo Tesouro norte-americano no âmbito de medidas que têm sido aplicadas na área do combate à corrupção. Segundo a CNN, o antigo líder da seita 14K, nascido em Macau, conhecido também como Pan Nga Koi ou “Dente Partido”, terá as contas bancárias nos EUA congeladas, tal como outros bens, enquanto que os cidadãos norte-americanos não poderão fazer negócios com ele.

O Tesouro norte-americano considera que a 14K é “uma das maiores organizações criminais chinesas do mundo”, relacionada com “tráfico de droga, jogo ilegal, extorsão, tráfico humano e uma série de outras actividades criminosas”.

Apesar de ter saído da prisão em 2012, depois de cumprir uma pena de 13 anos e 10 meses por ligações ao crime organizado, as autoridades americanas consideram que Pan Nga Koi continua associado ao mundo do crime. A 14K “está a utilizar a associação do “Dente Partido”, Associação para a História e Cultura de Hongmen, como um esforço de legitimização” em Macau e Hong Kong.

Negócios asiáticos

A atenção do Tesouro dos EUA às actividades de Pan Nga Koi não é de agora e já em 2018 a autoridade descreveu que Wan Kuok Koi estabeleceu a associação no Cambodja, mantendo através dela ligações estreitas a figuras da elite deste país e também da Malásia.

“Este continua a ser um padrão de cidadãos chineses no estrangeiro que tentam esconder as suas actividades criminosas ilegais, mascarando as suas acções através da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, o Sonho Chinês ou outras iniciativas do Partido Comunista Chinês (PCC)”, descreveu o Tesouro dos EUA.

Neste sentido, a associação de Pan Nga Koi “tem vindo a espalhar-se por todo o sudeste asiático, estabelecendo uma poderosa rede de negócios que envolve o desenvolvimento e lançamento de criptomoeda, imobiliário e mais recentemente uma empresa de segurança especializada em proteger os investimentos na área de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

Desde que saiu da prisão, Pan Nga Koi tem tentado firmar-se como um empresário envolvido em negócios legítimos em regiões como o Cambodja e Palau. O Tesouro norte-americano destacou o facto de Wan Kuok Koi pertencer à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

As sanções foram também aplicadas à Associação para a História e Cultura de Hongmen bem como à Associação Cultural Palau China Hung-Mun e o grupo Dongmei, de Hong Kong, os quais são “detidos ou controlados” por Pan Nga Koi. A CNN tentou contactar a associação e o próprio “Dente Partido”, mas não obteve quaisquer comentários.

11 Dez 2020

Fórum | Controlo da pandemia vai trazer rápida recuperação económica

Um responsável chinês disse ontem que o Governo de Macau conseguiu responder de forma peremptória à pandemia e que o território vai conseguir uma rápida recuperação económica.
Durante o Fórum Global de Economia Turística, organizado por Macau, o ministro da Cultura e do Turismo da República Popular da China, Hu Heping, afirmou que o Governo de Macau “respondeu à pandemia em tempo oportuno” e que por isso “conteve eficazmente a sua propagação”.
As medidas sanitárias adoptadas pelo Governo da RAEM mostraram-se eficazes, e desde 26 de Junho que não é detectado qualquer caso. Por essa razão, Hu Heping acredita que “a economia de Macau vai recuperar rapidamente com o apoio do Governo Central” e “demonstrar melhor que nunca o seu papel de centro mundial de turismo assim como o seu papel de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”.
A China, por outro lado, frisou o responsável, foi o “primeiro país do mundo a controlar a pandemia e a primeira potência a recuperar a economia”.
Também no Fórum, que está a decorrer presencialmente e online, o secretário-geral da Organização Mundial de Turismo, Zurab Pololikashvili, apontou que “Macau emergiu como um líder turístico”.
Já a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau lembrou que “de acordo com os dados da Organização Mundial de Turismo, nos primeiros oito meses de 2020, o número de visitantes internacionais caiu 70 por cento, a indústria turística foi globalmente fortemente atingida”.
“Enquanto destino internacional de turismo, os sectores predominantes de Macau do turismo e do jogo foram profundamente afectados este ano, com as receitas a registarem uma acentuada diminuição”, afirmou.
Em 23 de Setembro, as autoridades chinesas retomaram a emissão de vistos individuais e de grupo para o território, suspensos desde o início da pandemia, o que tem resultado numa subida gradual dos visitantes na capital mundial do jogo, ainda que muito abaixo de uma média mensal de cerca de três milhões de visitantes, em 2019.

Outras contas

As incertezas no território ainda são muitas, com as operadoras de jogo a apresentarem centenas de milhões de euros em prejuízos no terceiro trimestre do corrente ano.
Os casinos de Macau tinham fechado 2019 com receitas de 292,4 mil milhões de patacas.
Para 2021, o Governo prevê arrecadar 45,5 mil milhões de patacas, o que, apesar de uma melhoria, está ainda muito longe das 112,71 mil milhões patacas arrecadadas em 2019.

10 Dez 2020

Mundo sombrio

O número de refugiados e pessoas deslocadas no mundo ultrapassou a marca dos 80 milhões em meados de 2020, um recorde em plena pandemia de covid-19, indicou ontem a ONU. Em comunicado, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, lamentou que o mundo tenha chegado a este “ponto de viragem sombrio” e advertiu que a situação se agravará caso “os líderes mundiais não puserem fim às guerras”. “A comunidade internacional não está a conseguir preservar a paz”, disse, sublinhando que a deslocação forçada duplicou na última década.

10 Dez 2020

Inflação | Preços ao consumidor caíram pela primeira vez desde 2009

O principal indicador de inflação na China, o índice de preços ao consumidor, registou uma contracção homóloga de 0,5 por cento em Novembro, na primeira queda desde Outubro de 2009, segundo dados oficiais ontem divulgados.
Em Outubro, aquele indicador tinha já registado o menor crescimento homólogo dos últimos onze anos, sobretudo devido à queda do preço da carne de porco, que chegou a registar subidas homólogas acima dos 100 por cento, nos últimos 19 meses, devido a um surto de peste suína que devastou a produção doméstica.
Em Outubro, o preço da carne de porco caiu 2,8 por cento, mas em Novembro a queda foi superior e fixou-se em 12,5 por cento.
Dong Lijuan, estatístico do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) da China, atribuiu a queda no preço à “recuperação contínua da produção de carne suína”.
No conjunto, os preços dos alimentos caíram 2 por cento, em Novembro, a primeira queda desde Janeiro de 2018.
No período de Janeiro a Novembro, a inflação ao consumidor da China aumentou 2,7 por cento, em relação ao mesmo período de 2019.
O índice de preços ao produtor da China caiu, em Novembro, 1,5 por cento, em relação ao mesmo mês do ano anterior, depois de registar uma queda de 2,1 por cento em Outubro.
O GNE disse que a produção industrial da China continuou a recuperar, enquanto a procura no mercado aumentou, elevando os preços dos bens industriais.

10 Dez 2020

Sichuan | Dois milhões de pessoas vacinadas de urgência após novo surto

A província chinesa de Sichuan, que diagnosticou sete casos de covid-19 nos últimos dias, iniciou um programa de vacinação de “emergência” que abrangerá até dois milhões de pessoas, avançou ontem a imprensa estatal.
Segundo o jornal oficial Global Times, as autoridades esperam concluir esta campanha de vacinação antes do final deste ano.
Sichuan declarou, nos últimos dias, o estado de alarme, reservado para tempos de guerra, e ordenou a execução de testes em massa num dos distritos da cidade, após ter detectado uma cadeia de transmissão do vírus cuja origem ainda é desconhecida.
Os primeiros a receberem a vacina serão funcionários de saúde, professores, estivadores, estudantes ou funcionários que tenham que viajar para o estrangeiro, explicou o número dois da equipa de Sichuan encarregue de combater a pandemia, Luan Rongsheng.
A partir do início de 2021, outros grupos, como idosos ou portadores de doenças crónicas, começarão a ser vacinados.
Segundo Luan, a vacinação da população em geral começará em Fevereiro, após o Ano Novo chinês, mas dependerá de quantas vacinas estarão disponíveis. O responsável considerou que assim que a taxa de vacinação ultrapassar os 80 por cento, dificilmente o vírus reaparecerá.
Embora as autoridades não tenham confirmado esta informação oficialmente, o jornal Sichuan Daily destacou que vão ser utilizadas vacinas à base de vírus inativados e que o seu preço se vai fixar em 400 yuans.

Aprovação a caminho

A vacinação será feita em duas doses inoculadas com intervalos entre 14 e 28 dias.
As condições seriam idênticas às estabelecidas em algumas cidades da província de Zhejiang, na costa leste da China, onde a vacina começou a ser administrada a pessoas em grupos de risco em Outubro passado.
A China ainda não concedeu licenças a nenhuma vacina candidata para comercialização, embora no final de Julho tenha aprovado o seu uso em alguns casos considerados urgentes.
No entanto, o Conselho de Estado (executivo) anunciou que vai aprovar a comercialização de 600 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus – quatro delas já na última fase de testes – antes do final de 2020.

10 Dez 2020

MAM | Trajes da dinastia Qing em exposição a partir de 16 de Dezembro

Será inaugurada na próxima semana, no dia 16, no Museu de Arte de Macau (MAM), a exposição “Aparência Majestosa: Trajes dos Imperadores e Imperatrizes Qing da Colecção do Museu do Palácio”, pelas 18h30. Esta mostra, realizada em parceria com o Instituto Cultural e o Museu do Palácio, apresenta cinco secções, incluindo “Trajes Oficiais”, “Trajes Festivos”, “Trajes Regulares”, “Trajes Militares e de Viagem” e “Trajes de Lazer”. O público poderá ver cerca de 90 peças (conjuntos) de trajes e acessórios dos imperadores e imperatrizes da dinastia Qing da colecção do Museu do Palácio. A mostra tem, assim, como objectivo “dar a conhecer todo o trabalho sofisticado por detrás do fabrico de cada item, a influência mútua e a integração das culturas Manchu e Han, bem como os gostos sofisticados da moda chinesa”.
Esta exposição centra-se na selecção de artefactos dos períodos dos imperadores Kangxi, Yongzheng e Qianlong, “a fim de recriar o esplendor da época, apresentando igualmente vários itens deslumbrantes pertencentes a consortes imperiais de meados e finais da dinastia Qing, com vista a reflectir a evolução das tendências da moda”.
Além desta mostra, serão também realizadas diversas actividades paralelas, incluindo palestras com oradores especializados do Museu do Palácio, visitas guiadas, workshops e jogos com prémios. No dia 14 de Dezembro terá lugar a palestra “Esplendor Nacional e Aparência Imperial – O Sistema de Cores dos Trajes da Dinastia Qing e a Sua Evolução” com Zhang Xin, investigador associado da Divisão de Artefactos Bordados do Departamento de Vida no Palácio e Rituais Imperiais no Museu do Palácio. A 26 de Dezembro tem lugar a “Actividade para a Família dos Amigos do MAM: Novas Vestes do Imperador”.

10 Dez 2020

DocLisboa | Macau recebe festival de cinema com filmes portugueses e locais

A extensão do festival DocLisboa está de regresso a Macau. Entre os dias 16 e 19 deste mês o público poderá assistir a películas portuguesas e locais, como é o caso do filme “A Lily Ainda por Desabrochar”, de Lei Cheok Mei, ou “Grandmas’ Dangerous Project”, de Peeko Wong. De Portugal chega o filme “Zé Pedro Rock’n’Roll”, de Diogo Varela Silva, entre outros

Os amantes do cinema, sobretudo do género documentário, terão oportunidade de ver algumas películas entre os dias 16 e 19 deste mês no âmbito da VIII edição da Extensão a Macau do DocLisboa, festival de cinema documental. Trata-se de uma iniciativa do Instituto Português do Oriente (IPOR).
Nesta edição destaca-se a exibição de cinco obras de realizadores portugueses e duas de realizadores estrangeiros, e que foram apresentadas no XVII Festival Internacional de Cinema DocLisboa. Serão também exibidas mais três produções, duas no âmbito da colaboração com a Creative Macau e uma outra no âmbito da colaboração com o Festival Literário Rota das Letras.
No primeiro dia da extensão do DocLisboa em Macau será exibido o filme “A Lily Ainda por Desabrochar”, da realizadora Lei Cheok Mei, que venceu, em 2018, a secção Local View Power do Festival Internacional de Cinema e Prémios em Macau. A realizadora foi também nomeada para o prémio de melhor documentário no concurso Golden Harvest Awards for Outstanding Short Films o ano passado.
Também no dia 16, será exibido o filme “Gradmas’ Dangerous Project”, de Peeko Wong, vencedor do Prémio Best Local Entry. “The Lighthouse”, de Jay Pui Weng Lei poderá também ser visto. Este filme venceu o Prémio Macau Cultural Identity do Sound & Image Chalenge de 2019.

Zé Pedro e amigos

A 18 de Dezembro será exibido o filme “Três Perdidos Fazem um Encontrado”, de Atsushi Kuwayama, e que venceu o Prémio Escolas e o Prémio ETIC – melhor da competição portuguesa da Secção de Competição Portuguesa do Doclisboa. Este filme retrata um japonês de coração partido e o seu amigo indiano em peregrinação numa auto-caravana velha, em busca de uma nascente sagrada no sul de Portugal, procura que se torna um apelo à alteridade e empatia.
No mesmo dia será exibido “Rio Torto”, de Mário Veloso, vencedor do Prémio Fernando Lopes, Prémio Midas e o Prémio Pedro Fortes da Secção Verdes Anos do Doclisboa. Neste festival são também exibidos os filmes “Prazer! Camaradas!”, de José Filipe Costa; “Há Margem”, de Filipe Oliveira, “Outside the Oranges are Blooming”, de Nevena Desivojevic; e “The Sound of Masks”, de Sara CF de Gouveia.
Destaque ainda para, a 19 de Dezembro, a exibição de “Zé Pedro Rock’n’Roll”, documentário de Diogo Varela Silva sobre o músico da banda portuguesa Xutos & Pontapés. Este filme venceu o Prémio Público da Heart Beat do Doclisboa.
A extensão a Macau do Doclisboa é uma iniciativa do Instituto Português do Oriente (IPOR) em parceria com o Instituto Cultural e Associação Pelo Documentário (APORDOC). O objectivo desta iniciativa é “proporcionar ao público um conhecimento sobre as propostas e as linguagens que marcam o cinema documental contemporâneo, em Portugal e em Macau, colocando, deste modo, em diálogo expressões artísticas oriundas destes dois contextos”. Todas as sessões decorrem no auditório Dr. Stanley Ho, no edifício do consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, a partir das 19h. A entrada é livre. No sábado serão feitas duas exibições, uma às 17h e outra às 18h30.

10 Dez 2020

Bolsa | Plataforma ‘online’ JD Health sobe 50% na estreia

As acções da maior plataforma de saúde ‘online’ da China dispararam 50 por cento na sua estreia em bolsa, reflectindo o entusiasmo dos investidores pela indústria, numa altura em que a China emerge da pandemia do novo coronavírus.
A JD Health, uma subsidiária da JD.Com Inc., empresa líder no comércio electrónico na China, vende medicamentos, programas de cuidados hospitalares e consultas médicas via ‘online’.
As gigantes chinesas da indústria da Internet oferecem cada vez mais serviços de saúde num país onde os hospitais estão sobrecarregados e a distribuição de remédios e suprimentos médicos fora das grandes cidades é desigual.
As consultas pela Internet com médicos que falam chinês são também populares entre as famílias da China a viver fora do país.
Outros concorrentes incluem o Alibaba Health, do gigante de comércio eletrónico Alibaba Group; o Baidu Health, administrado pelo motor de pesquisa líder na China Baidu.com Inc; e a WeDoctor, administrada pela Tencent Holding, operadora do popular serviço de mensagens instantâneas WeChat.
A pandemia do novo coronavírus aumentou a procura por estas plataformas na China.

Em expansão

Os investidores têm “grandes esperanças de que este tipo de empresa se desenvolva na China”, disse Jackson Wong, director de gestão de ativos da Amber Hill Capital Ltd. em Hong Kong.
“Este novo padrão de compromissos digitais provavelmente continuará e aumentará a frequência das consultas”, disse o analista da indústria Kevin Chang, da Bain & Co, num relatório.
Os gastos dos consumidores e as actividades comerciais recuperaram para níveis acima do período anterior à pandemia, depois de a China, onde a pandemia começou em Dezembro, ter controlado a doença.
As restrições para viajantes oriundos do exterior, no entanto, ainda estão em vigor.
A JD Health arrecadou cerca de 3,8 mil milhões de dólares com a venda de 20 por cento da empresa na bolsa de Hong Kong.
Trata-se da segunda maior oferta de acções em Hong Kong este ano, a seguir à empresa mãe, a JD.Com.
O Partido Comunista está a incentivar o uso de serviços de saúde ‘online’ para reduzir a carga sobre os hospitais.
A JD Health disse que planeia expandir a sua farmácia ‘online’ e desenvolver “soluções inteligentes de saúde”, apoiadas por inteligência artificial.
A empresa diz que tinha 72,5 milhões de utilizadores activos em Junho, um aumento de 30 por cento, em relação ao ano anterior.

9 Dez 2020

Venezuela | Encontro virtual de escritores lusófonos homenageia Pessoa

Arrancou ontem o Primeiro Encontro Virtual de Escritores Lusófonos na Venezuela, que homenageia o poeta Fernando Pessoa e une sete escritores e intelectuais contemporâneos portugueses ao público venezuelano, noticiou a Lusa. O embaixador português em Caracas, Carlos de Sousa Amaro, indicou que se trata de uma oportunidade para conhecer o património literário em língua portuguesa existente em vários continentes “que une diferentes culturas numa mesma expressão linguística”.

“Este primeiro encontro de escritores lusófonos pretende ainda difundir o trabalho de autores de diferentes países e contextos culturais que utilizam o português como língua de expressão. Desde Malaca (na actual Malásia), passando por Macau, África, Brasil e Portugal, há escritores que prestam homenagem à língua portuguesa nas suas produções, convertendo-se em verdadeiros promotores do nosso idioma no mundo”, explicou o diplomata.

O Encontro decorre até 12 de Dezembro, sendo transmitido nas redes sociais da Coordenação do Ensino do Português na Venezuela. Um dos participantes é Miguel de Senna Fernandes, escritor de Macau, além de Deane Barroqueiro (EUA), Delmar Maia Gonçalves (Moçambique), Luísa Timóteo (Malásia), Jerónimo Pizarro (Colômbia), Juan Martins (Venezuela) e Julián Fuks (Brasil).

“Este evento tem como objectivo difundir o valor que tem o nosso idioma na actualidade, assim como a crescente importância que terá no futuro”, afirmou Carlos de Sousa Amaro. Já o coordenador do ensino da Língua Portuguesa na Venezuela, Rainer Sousa, explicou que o encontro ajuda a perceber que “a língua portuguesa foi reinventada, adaptando-se a climas diferentes ao de Portugal, sendo também adoptado por pessoas de culturas muito variadas”.

 

9 Dez 2020

Estudo | Maioria dos inquiridos desconhece “habitação para classe sanduíche”

A Associação Love Macau, de Cloee Chao, realizou um inquérito sobre o conceito de “habitação para a classe sanduíche”, cujos resultados foram ontem apresentados. Cerca de 70 por cento dos inquiridos nunca ouviu falar da ideia associada a uma classe média que não cumpre os requisitos para se candidatar a uma habitação pública e que não tem capacidade para adquirir casa no mercado privado

As dificuldades começam logo pelo conceito em si. Cerca de 70 por cento das pessoas ouvidas no âmbito de um inquérito realizado pela Associação Love Macau, da activista Cloee Chao, nunca ouviu falar do conceito de “habitação para a classe sanduíche” ou não sabe bem o que isso significa. O estudo, ontem apresentado em conferência de imprensa, foi realizado a partir de meados de Outubro e tem como base 783 inquéritos válidos.
Segundo Cloee Chao, esta foi uma das principais dificuldades encontradas para realizar este inquérito. “Muitos participantes não souberam responder, ou porque não têm nenhuma ideia sobre o que é a habitação para a classe sanduíche, ou porque não sabem sequer da existência deste conceito.”
Cloee Chao admitiu que este estudo não pode representar as posições de toda a população porque a maioria dos residentes inquiridos não revelou conhecimentos suficientes sobre a habitação para a classe sanduíche.
Lei Man Chao, vice-presidente da direcção da associação, acredita que o conceito de habitação para a classe sanduíche é confundido com o de habitação económica. Nesse sentido, o responsável sugere que o Governo, após implementar as devidas regulamentações ao nível dos terrenos e dos critérios de candidaturas, deixe a habitação para a classe sanduíche desenvolver-se no mercado privado de forma liberal.

Mais T2

Outros resultados do inquérito mostram que 55 por cento dos inquiridos deseja ver construídos mais apartamentos T2, enquanto que apenas 39,97 por cento quer ver mais fracções de tipologia T3.
O estudo mostra ainda que mais de 60 por cento dos participantes quer que os candidatos a este tipo de habitação não tenham imóveis em seu nome antes da candidatura. Além disso, quase 80 por cento dos participantes defende que as candidaturas só devem estar abertas a residentes permanentes.

9 Dez 2020

O lado positivo

José Carlos Matias elogia trabalho jornalístico na cobertura da pandemia

O presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), José Carlos Matias, considerou que o “jornalismo, a boa informação e a responsabilidade social dos jornalistas” destacaram-se num ano de desafios colocados pela covid-19.
“Celebramos este aniversário no final de um ano em que enfrentámos, todos na sociedade, vários desafios resultantes da pandemia da covid-19. O jornalismo, a boa informação e a responsabilidade social dos jornalistas emergiram aos olhos de todos como um bem público precioso”, disse à Lusa José Carlos Matias, por ocasião do 15.º aniversário da AIPIM.
Para o responsável, o sector dos média em português e inglês e a AIPIM beneficiaram muito com o “desenvolvimento extraordinário” da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) nos últimos 15 anos.
José Carlos Matias destacou os laços com os meios de comunicação social e associações locais em língua chinesa, bem como o apoio e diálogo com “o Governo, instituições e sociedade civil, numa dinâmica bastante positiva ao longo dos anos”.
Este foi um aspecto destacado pelo chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, numa mensagem de felicitações enviada à AIPIM. “A AIPIM tem estado empenhada em servir a RAEM, contribuindo para a sua harmonia e estabilidade, e aproveito esta oportunidade para lhe desejar os maiores sucessos no futuro”, escreveu.
Com cerca de 100 associados, o responsável da AIPIM salientou ainda a “cooperação muito relevante no âmbito da União de Beneficências das Associações de Trabalhadores da Comunicação Social de Macau, bem como cações de formação para profissionais e palestras abertas ao público, na procura “de servir a RAEM e o jornalismo local de várias formas”.
José Carlos Matias indicou ainda os “laços importantes” com associações de jornalistas dos países lusófonos.
Na segunda-feira, no Clube Militar de Macau, a AIPIM festejou formalmente o 15.º aniversário, na presença de várias dezenas de convidados, associados e representantes de associações locais.

9 Dez 2020

Na prisão ao telemóvel

[dropcap]H[/dropcap]oje vou escrever-vos sobre um tema a quem ninguém agrada. Sobre as prisões em Portugal. A maioria dos portugueses não faz a mínima ideia das condições em que vivem os reclusos. Não vou defender criminosos, como os homicidas de mulheres e de crianças, os assaltantes de velhos com noventa anos para lhes roubar a pequena reforma ou os pedófilos que violam crianças de três anos que são suas enteadas. Se estão presos é porque foram sentenciados pelos tribunais, apesar de sabermos que muitos inocentes passaram anos e anos no interior de um presídio.

Um director de uma cadeia convidou-me para visitar o seu local de trabalho e para que eu acreditasse com os meus olhos nas condições depauperadas que existem no interior de um estabelecimento prisional. Passei o dia na conversa com o director falando sobre o que se passa no nosso Portugal presidiário e duas horas sobre a cadeia que dificilmente dirige. Não sabia, por exemplo, que entre os criminosos havia estatutos de certa “ética” e “moral”… só vos digo que um indivíduo que tenha matado a mulher ou violado uma criança, que sofre no interior da prisão aquilo que nunca imaginou. Passam a ser criados dos outros presos para todas as tarefas, são alvo de pancadaria mal “metem o pé na poça”, são alvo de actos sexuais de todo o género, nomeadamente, terem de fazer diariamente sexo oral a um qualquer preso que lhe apeteça. Estatutos que variam conforme as cadeias espalhadas pelo país e há cadeias onde os pedófilos sentem todos os dias um pau a ser-lhes enfiado pelo ânus ou andar com um peso metálico atado ao pénis. O interior das cadeias é mesmo tenebroso. Os prisioneiros organizam-se em mafias, alguns deles que já anteriormente pertenciam ao crime organizado. Há mesmo sentenciados com dez e quinze anos de detenção que controlam e gerem negócios que se processam no exterior tais como os de tráfico de droga e de prostitutas. A higiene nas cadeias é um horror e as casas de banho são de tal forma que nem os porcos lá entravam. Algumas das celas são desumanas, não são para um ser humano dormir juntamente com a sanita que nem água deita. Os recreios são normalmente momentos de conspiração para o que acontecerá nos próximos tempos no interior da prisão e para aqueles que vão sair em liberdade.

Os presídios em Portugal têm necessidades de toda a ordem. A alimentação é do pior que possam imaginar. O director mostrou-me a cozinha e confessou que se sente impotente para gerir as dificuldades que se lhe deparam por falta de verba e de pessoal competente. Quem dirige uma prisão tem forçosamente de ter um grupo de guardas prisionais de confiança. Grupo esse que tem de ter todas as benesses que entender, dias de folga nas datas que melhor lhes convier, liberdade para insultar ou agredir um prisioneiro, venderem aos reclusos os telemóveis topo de gama, fecharem os olhos aos bolos que as visitas transportam e que contêm no interior objectos letais.

O director a dado momento disse-me o que me fez quase duvidar da sua palavra, apesar de ter dado a sua palavra de honra. “Sabe que se algum preso quiser fugir é coisa que consegue quando lhe apetecer. É só pagar a certos guardas prisionais. Eles é que nem casa têm lá fora e aqui têm cama e comida”. Obviamente que a conversa tinha de deambular para os guardas prisionais, para a sua formação, para a sua seriedade, para o seu salário, para as suas ligações ao mundo do crime e para a falta de pessoal, cujas organizações do tipo sindical estão sempre a reivindicar melhores condições de trabalho e um aumento substancial no número de activos e de justeza nas suas carreiras profissionais.

O meu interlocutor é uma pessoa muito séria e trabalhadora. Às sete horas já está no gabinete de trabalho e na maioria dos dias só se retira para casa às vinte horas. Foi sério a responder-me a todas as perguntas e sobre os guardas prisionais não deixou de responder concretamente às questões mais melindrosas. Se os reclusos vivem num submundo, há guardas prisionais que não lhes ficam atrás. Há poucos dias soubemos que na cadeia de Paços de Ferreira havia guardas prisionais que geriam uma rede de tráfico de droga juntamente com alguns funcionários do estabelecimento prisional, corrupção com lucro exorbitante. Era um negócio que se fazia quase diariamente e há muito tempo. Os reclusos recebiam droga e telemóveis que eram colocados no interior do presídio por, pelo menos, quatro guardas prisionais. Apenas três foram presentes a julgamento porque o quarto morreu no entretanto, sem ter sido divulgada a razão do óbito. Os contactos entre guardas e familiares de alguns presos tinham lugar no exterior da cadeia e era aí que eram entregues os objectos proibidos. Negócios como estes estão enraizados em todo o país onde exista uma prisão, incluindo as de mulheres. Chega-se ao ponto de se namorar por telemóvel em vídeo-conferência de uma cadeia de mulheres para outra de homens. E não escrevo da tutela? Da Justiça? Não, não escrevo, porque o director que me recebeu, os presos e os guardas prisionais afirmam que a tutela vale zero.

*Texto escrito com a antiga grafia

André Namora

7 Dez 2020

Táxis | Pedida suspensão de coimas por ausência de sistema inteligente

[dropcap]U[/dropcap]ma petição assinada por 1.005 taxistas foi entregue ontem ao Chefe do Executivo Ho Iat Seng, com o objectivo de pedir a suspensão das coimas que começaram ontem a ser aplicadas para os condutores que não tenham instalado o sistema inteligente nos seus veículos.

Segundo um comunicado divulgado ontem, os peticionários alegam que o sistema não é fiável e que devido às falhas técnicas do sistema de GPS têm vindo a perder receitas. Outro dos problemas, está relacionado com o montante de 300 patacas mensais de taxa de serviço, encargo sobre o qual “os taxistas não foram consultados”.

Sob o pretexto de que devido à pandemia “as receitas dos taxistas desceram drasticamente” o documento pede ainda seja encontrada uma solução para suportar os encargos das taxas de serviço e que o Governo informe o sector sobre as condições de instalação, quando terminar o contrato com o actual fornecedor.

4 Dez 2020

Jornal New York Times escreve que EUA vão restringir vistos para membros do Partido Comunista Chinês

[dropcap]O[/dropcap] Governo dos Estados Unidos aprovou regras novas e mais rígidas visando restringir a entrada de membros do Partido Comunista Chinês (PCC) no seu território, informou hoje o jornal norte-americano The New York Times.

As novas restrições, que entraram em vigor na quarta-feira, encurtam a duração dos vistos para membros do PCC e familiares diretos de dez anos para um mês, e só permitem uma entrada no país, segundo o jornal, que cita um porta-voz do departamento de Estado norte-americano.

“Durante décadas, permitimos ao PCC ter acesso livre e desimpedido às instituições e negócios norte-americanos, enquanto esses mesmos privilégios nunca foram dados aos cidadãos norte-americanos na China”, disse o porta-voz.

Os restantes cidadãos chineses podem continuar a requerer vistos de visita válidos por dez anos e com múltiplas entradas. Segundo o jornal, as novas restrições podem teoricamente abranger cerca de 270 milhões de pessoas, entre membros do PCC e os seus familiares próximos. O PCC tem 92 milhões de membros.

A medida insere-se numa tendência mais ampla nos EUA para adotar uma postura mais assertiva em relação a Pequim, e que beneficia de consenso bipartidário.

Os dois países travam já uma prolongada guerra comercial e tecnológica e disputas diplomáticas em tornos do estatuto de Hong Kong ou a soberania do mar do Sul da China.

As autoridades chinesas expulsaram este ano cerca de quinze jornalistas norte-americanos de vários jornais importantes.

Washington, por sua vez, reduziu o número de credenciais atribuídas a jornalistas chineses a trabalhar em órgãos estatais por se tratar de órgãos de “propaganda”.

O governo de Donald Trump também revogou os vistos de mais de mil estudantes e pesquisadores chineses suspeitos de espionagem nos Estados Unidos.

Milhões de membros do PCC juntam-se ao partido por motivos de carreira, não ocupando qualquer cargo dentro do aparelho partidário.

3 Dez 2020

Hong Kong | Tribunal nega fiança a magnata dos ‘media’ Jimmy Lai, acusado de fraude

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal de Hong Kong negou hoje a fiança ao magnata dos ‘media’ Jimmy Lai e activista, acusado de fraude, no momento em que se somam processos judiciais contra dissidentes e críticos de Pequim. Lai, de 73 anos, é o dono do jornal Apple Daily, conhecido pelo empenho na luta no campo pró-democracia e pelas duras críticas ao Executivo de Hong Kong.

O magnata e dois dos seus principais quadros dirigentes, Royston Chow e Wong Wai-keung, foram hoje presentes a um juiz, acusados de fraude. Ao contrário do que sucedeu com Lai, o magistrado permitiu que os outros dois dirigentes saíssem em liberdade, mediante pagamento de fiança. O juiz justificou a decisão de não permitir a fiança a Lai por entender que existe o risco de fuga e podia reincidir no crime. A apreciação do caso em tribunal foi adiada para 16 de abril.

De acordo com documentos do tribunal, o caso refere-se ao facto de a sede do jornal estar alegadamente a ser utilizada para fins não previstos no contrato de arrendamento do edifício. Centenas de polícias realizaram buscas no edifício em agosto, inclusive na redação do Apple Daily.

Vários responsáveis do grupo de ‘media’ Next Digital, incluindo Lai, foram detidos por suspeita de “conluio com forças estrangeiras”, ao abrigo da nova lei de segurança nacional imposta por Pequim na região semi-autónoma chinesa no final de Junho. Então, ninguém foi formalmente acusado, mas a investigação está em curso.

Lai saiu em liberdade, sob fiança, mas em outubro, após novas buscas, voltou a ser detido. O magnata está também a ser alvo de um processo pelo papel assumido nos protestos de 2019, num caso separado.

Lai já tinha sido detido em fevereiro e abril sob a acusação de participar em protestos não autorizados. Por outro lado, enfrenta acusações de ter participado numa vigília não autorizada que assinalou o aniversário de 04 de junho de 1989, para lembrar a repressão dos protestos pró-democracia na Praça Tiananmen, em Pequim.

3 Dez 2020