China admite que protecções de material nuclear rebentaram em central perto de Macau

A China admitiu hoje que cinco barras combustíveis rebentaram na central nuclear de Taishan, próximo de Macau e de Hong Kong, mas negou qualquer fuga de radioatividade, depois de o incidente ter gerado preocupação.

O nível de radiação aumentou dentro do reator nº 1 da central nuclear de Taishan, na província de Guangdong, sudeste da China, mas foi contido por barreiras que funcionaram conforme o planeado, explicou o ministério da Ecologia e do Ambiente da China, em comunicado.

As autoridades de Macau e Hong Kong disseram na terça-feira que os níveis de radiação registados nas regiões eram normais. Hong Kong pediu detalhes às autoridades de Guangdong, depois de o coproprietário francês da central nuclear ter relatado, na segunda-feira, um aumento de “gases nobres” no reator.

Especialistas disseram que as barras de combustível (as primeiras barreiras para impedir saída de material radioativo para o ambiente) rebentaram e deixaram escapar gás radioativo produzido durante a fissão nuclear.

Gases nobres como xenónio e criptónio são subprodutos da fissão, tal como as partículas de césio, estrôncio e outros elementos radioativos.

“Não há problema de derrame radioativo para o ambiente”, afirmou o ministério no comunicado, acrescentando que a radiação no reator aumentou, mas manteve-se dentro dos “níveis permitidos”.

O envelope protetor de cerca de cinco das 60.000 barras de combustível do reator está danificado, disse o ministério.

A mesma fonte avançou que os reguladores vão fiscalizar as medidas para controlar os níveis de radiação dentro do reator, mas não avançou detalhes.

A central de Taishan, que começou a operar comercialmente em dezembro de 2018, é propriedade do China Guangdong Nuclear Power Group e da Electricite de France.

O reator número 1 foi o primeiro EPR (Reator Pressurizado Europeu, na sigla em inglês) a entrar em serviço no mundo, enquanto o segundo está ativo desde setembro de 2019.

Mais dois estão a ser construídos na Finlândia e em França.

O ministério chinês negou uma notícia da estação televisiva norte-americana CNN que referia que os reguladores aumentaram o nível de radiação permitido fora da central nuclear para evitar que fosse desligada.

O ministério disse que os reguladores analisaram um relatório sobre os níveis mais elevados de radiação no reator.

A China é um dos maiores utilizadores de energia nuclear do mundo e está a construir mais reatores, numa altura em que poucos países planeiam ter novas instalações, já que o custo da energia solar, eólica e outras alternativas está a descer.

A China tem 50 reatores operacionais e está a construir mais 18, de acordo com a Associação Nuclear Mundial.

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