China e Índia anunciam retirada de tropas em área disputada

China e Índia anunciaram hoje a retirada de todas as tropas localizadas junto ao lago Pangong, na região oeste dos Himalaias, onde no verão passado ocorreram confrontos sangrentos entre soldados dos dois países.

Em comunicado conjunto, os Ministérios da Defesa dos dois países explicaram que os comandantes dos dois exércitos se reuniram, no sábado, e “avaliaram positivamente a retirada final tranquila das tropas colocadas na área do lago Pangong”.

A mesma nota indicou que a desaceleração das tensões naquela área é uma “boa base” para resolver outras disputas fronteiriças ao longo da zona oeste da chamada Linha Real de Controlo, que separa China e Índia nas áreas onde mantêm reivindicações territoriais.

Os dois comandantes comprometeram-se a manter o diálogo para “estabilizar e controlar” a situação no terreno, e encontrar uma solução “aceitável para ambas as partes” que permita “paz e tranquilidade nas áreas fronteiriças”.

A Índia anunciou este mês o início do processo de retirada das tropas da região, onde há cerca de oito meses houve um confronto entre soldados dos dois lados com paus e pedras.

Nova Deli indicou que 20 soldados morreram, enquanto Pequim reconheceu quatro mortos, condecorando-os por “se sacrificarem para defender a soberania” chinesa.

Os dois países reagiram ao confronto, reforçando a presença militar nas áreas disputadas, enquanto tentavam resolver a crise por via diplomática, que resultou num acordo para travar a escalada de tensões de forma “gradual, coordenada e verificada”.

O tenso impasse nas montanhas Karakoram começou no início de maio, quando soldados indianos e chineses ignoraram os repetidos avisos verbais uns dos outros, desencadeando uma disputa, através do lançamento de pedras e lutas corpo a corpo, na margem norte do Lago Pangong, que é marcado por oito cumes contestados.

Em junho, os atritos agravaram-se e espalharam-se para o norte, em Depsang e no vale de Galwan, onde a Índia construiu uma estrada militar ao longo da fronteira disputada.

As relações entre os dois países têm sido tensas, em parte devido àquela fronteira não demarcada. China e Índia travaram uma guerra na fronteira em 1962, que terminou com uma trégua incómoda marcada por confrontos adicionais.

Desde então, as tropas protegeram a fronteira indefinida enquanto os soldados se envolviam em confrontos ocasionais. Os dois países concordaram em não se atacar com armas de fogo.

A linha de controlo contestada separa territórios controlados por chineses e indianos em Ladakh, no oeste, e no estado indiano de Arunachal Pradesh, que a China reivindica na totalidade.

De acordo com a Índia, a fronteira de facto tem 3.488 quilómetros de comprimento, enquanto a China disse ser consideravelmente mais curta.

22 Fev 2021

Timor-Leste | Vítimas de ex-padre tinham calendário para abusos

As vítimas do ex-padre norte-americano que hoje, segunda-feira, começa a ser julgado em Timor-Leste por abuso sexual de crianças no orfanato que liderava, no enclave de Oecusse sabiam, de antemão, quem tinha de estar, cada noite, com o homem. “Havia uma lista com os nomes das meninas na porta dele, por isso sabíamos que era a nossa vez. Todas as meninas tinham de ir lá. Não havia excepções”, conta uma das vítimas, num dos poucos depoimentos sobre o caso conhecidos até hoje, divulgado pela organização Fokupers.

Richard Daschbach, hoje com 84, viveu décadas em Oecusse, liderando o orfanato de Topu Honis por onde passaram centenas de crianças e que contava até com o apoio de doadores internacionais. Na segunda-feira começa a ser julgado por abuso sexual de crianças, pornografia infantil e violência doméstica.

Por trás da face humanitária e de solidariedade, que elevaram Daschbach ao estatuto de quase figura mítica na região e entre alguns dos seus apoiantes, havia abusos sexuais regulares a menores, a que só escapavam os meninos.

“Eu não sabia nada. E não perguntei nada. Fui com as outras. Naquela vez estávamos três meninas no quarto. E foi quando as coisas más aconteceram. E fiquei surpreendida que as meninas ficavam caladas. O pai nem precisava de nos ameaçar. Ficávamos caladas. Ninguém falava de nada”, contou a jovem no depoimento divulgado hoje pela organização.

A jovem explica que o então padre – a quem chama ‘pai’ – nunca dizia por palavras o que queria, mas sim por gestos, incluindo masturbação, sexo oral e toques, agarrando as meninas para mostrar o que queria que fizessem. “E tínhamos de fazer várias vezes. Pegava nas nossas mãos e punha-as no corpo e queria que o agarrássemos” nas suas partes privadas, disse a jovem. “Enquanto criança eu pensava que as partes privadas do pai não deviam estar na minha boca”, disse a vítima, que não é identificada “para sua protecção”.

Outra vítima, cujo depoimento foi divulgado pela publicação online timorense Neon Metin, confirma a natureza regular dos abusos e garante que as mulheres e homens do orfanato sabiam e que nenhuma menina escapava. As crianças descrevem que, no geral, eram bem cuidadas, especialmente quando contrastando com as situações que viviam na comunidade, e que no início havia paz e tranquilidade. Excepto ao final das tardes.

“Sentávamo-nos todos juntos para rezar, raparigas e rapazes. E alguém ficava ao colo dele. Depois de rezar alguns iam-se embora e a que se sentava no colo era a que ia passar a noite com ele no quarto e na cama. Na noite seguinte, haveria outra rapariga”, conta.

“As pessoas que trabalhavam no orfanato sabiam de tudo. Havia uma lista com os nossos nomes. Esta noite sou eu. Amanhã à noite era outra rapariga. Ou às vezes via-nos sentadas juntas e entrava e escolhia quem queria naquela noite. Ele próprio, o próprio padre, dizia ‘esta noite dormes comigo’”, contou a vítima.

Apesar da Topu Honis ser um orfanato, havia muitas crianças com pai e mãe ali acolhidas, uma forma de procurar melhores condições para as meninas que, em casa, não tinha comida ou as condições mínimas. “Os nossos pais não podiam pagar nada. E ele cuidou de nós. Então, quando estava a abusar de nós sexualmente, ficávamos caladas! Todas nós, raparigas, passámos por isso. Dormi com ele como mulher e marido”, conta, descrevendo depois toques sexuais, sexo oral e penetração.

Às vezes, a situação repetia-se à tarde, ou quando algumas das crianças tomavam banho e, caso alguém não quisesse, eram “as senhoras do orfanato” que mandavam as crianças para o quarto. “As senhoras ficavam chateadas e diziam que tínhamos de dormir com ele porque durante as orações ele escolhia quem vai dormir com ele. Não gosto desta coisa má na minha vida”.

Quando o caso começou a ser conhecido publicamente, os rapazes do orfanato diziam que também sabiam do abuso que acontecia às meninas e chegaram a ameaçar bater a quem falasse. “Ameaçaram bater-nos. É por isso que algumas das raparigas não falam porque têm medo de ser espancadas por homens”, conta.

“Sinto amargura e vergonha. Falo agora, publicamente, como um exemplo para as minhas irmãs mais novas. Se acontecer, não se escondam. Espero que nos ajudem a todas a ter justiça”, disse.

Fontes conhecedoras do processo recordam que fazer avançar o caso foi mais fácil no Vaticano, que reagiu relativamente depressa e acabou por expulsar o padre do sacerdócio, do que no sistema de justiça timorense. Um compasso de espera que permitiu a Dashbach, já depois de ser condenado pela Santa Sé, continuar a viver livremente na mesma comunidade onde os abusos foram cometidos, a região de Kutete, a cerca de 25 quilómetros da capital do enclave, mas a “duas horas de tempo” de viagem, como se descrevem as distâncias na região. Agora, depois de ser detido e de estar em prisão domiciliar, regressou a Oecusse para ser julgado.

Dada a natureza do caso, o julgamento decorre à porta fechada, com o coletivo de três juízes a ouvir primeiro a leitura da acusação, pelo Ministério Público, antes de dar oportunidade a Daschbach para que faça uma declaração. A declaração, de culpa ou de inocência, ou o eventual silêncio, determinarão depois o andamento do processo.

22 Fev 2021

China | Estudadas medidas para contrariar queda da taxa de natalidade

A China está a considerar medidas adicionais para aumentar a taxa de natalidade, mais de quatro anos após ter posto fim à política do filho único, que vigorou ao longo de mais de três décadas. A queda na taxa de natalidade é vista agora como grande ameaça ao progresso económico e à estabilidade social no país asiático.

A Comissão Nacional de Saúde da China afirmou, em comunicado, que vai realizar pesquisas para “estimular ainda mais o potencial de nascimentos”. A mesma nota indica que a iniciativa se concentrará primeiro no nordeste da China, o antigo centro industrial do país que registou grande declínio populacional, à medida que jovens e famílias migraram para as cidades prósperas do leste e sudeste do país.

As autoridades revelaram no mês passado que, em 2020, foram registados 10,04 milhões de nascimentos, menos 14,8% do que o número oficial de nascimentos registado em 2019. A China passou a permitir, desde 2016, dois filhos por casal, face ao envelhecimento da população chinesa.

No entanto, a mudança teve apenas um efeito temporário na taxa de natalidade, com muitos casais a justificarem a decisão de ter só um filho com os altos custos com educação e saúde e outras barreiras económicas e sociais.

A China tinha uma população de 1,34 mil milhões de pessoas em 2010, com uma taxa de crescimento anual de 0,57%, face a 1,07% uma década antes, segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas do país. O último censo foi realizado no segundo semestre do ano passado e os resultados ainda não foram divulgados. Um relatório das Nações Unidas diz que a Índia deve ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo até 2027.

22 Fev 2021

MNE chinês refuta “mentiras” sobre Xinjiang

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês criticou nesta sexta-feira certos políticos ocidentais, profissionais de imprensa e académicos por fabricarem mentiras sobre o chamado “genocídio” e “trabalho forçado” em Xinjiang.
Hua Chunying respondeu quando solicitada a comentar as observações feitas por alguns políticos canadianos, americanos e australianos sobre os assuntos de Xinjiang.

Observando que a população Uigur em Xinjiang mais que dobrou nos últimos 40 anos, Hua perguntou se alguém já tinha visto um “genocídio” como esse. “Recentemente, algumas pessoas do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália têm espalhado constantemente mentiras a respeito dos assuntos de Xinjiang”, disse Hua, acrescentando que o lado chinês explicou detalhadamente a real situação em Xinjiang de várias formas, mas essas pessoas aparentemente não estão dispostas a ouvir.

“Essas pessoas – certos políticos, profissionais dos media e académicos do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália – nunca estiveram em Xinjiang, Nunca viram a beleza de Xinjiang com seus próprios olhos e nunca sentiram a harmonia e a felicidade de pessoas de vários grupos étnicos em Xinjiang”, disse Hua.

Hua disse que mais de 200 milhões de turistas visitaram Xinjiang em 2019, e que a China acolherá os políticos, profissionais dos media e académicos do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália, que queiram visitar Xinjiang e conversar com as pessoas que lá vivem, se realmente esperam entender a situação real da região.

No entanto, “a China opõe-se firmemente à chamada ‘investigação’ com base na presunção de culpa”, acrescentou. Salientando que o genocídio já foi uma realidade no Canadá, Estados Unidos e Austrália, Hua disse que alguns ocidentais gostam de fazer acusações infundadas contra a China quando se trata de direitos humanos, mas repetidamente ignoram os problemas nos seus próprios países.

“Será que os políticos canadianos, americanos e australianos têm algo a dizer sobre esses problemas? Eles condenam esses problemas?” questionou Hua. Hua disse que os direitos à vida e à saúde são prioridades máximas dos direitos humanos em todos os momentos, em todos os países e em todas as sociedades.

Hua mencionou ainda “a felicidade do povo chinês durante a Festa da Primavera” e as “dificuldades dos cidadãos dos EUA no sul do Texas, no clima frio, depois de cortes maciços de energia e interrupções no abastecimento de suprimentos de primeira necessidade.

“Em termos de garantia dos direitos humanos, acreditamos firmemente que estamos no caminho certo e temos plena confiança no futuro”, disse Hua. “As pessoas que fabricam e difundem consistentemente mentiras sobre os assuntos de Xinjiang visam usar os direitos humanos como desculpa para interferir nos assuntos internos da China, prejudicar a segurança e estabilidade, e bloquear o desenvolvimento da China”, disse Hua, acrescentando que tais conspirações estão “condenadas ao fracasso”.

Hua exortou essas pessoas a concentrarem-se nas suas próprias sociedades e na solução de problemas nos seus próprios países, acrescentando que se insistirem em prejudicar os interesses da China, o país tomará medidas concretas e necessárias.

22 Fev 2021

Tribunal de recurso volta a dar razão a Tiago e Fong Fong Guerra

O Tribunal de Recurso timorense indeferiu esta semana um recurso do Ministério Público que apontou o que considerou serem vários “vícios” na decisão de absolvição, em Janeiro, de um casal português julgado em Díli.

“Acordam os juízes deste Tribunal em julgar improcedente o recurso apresentado, confirmando integralmente a decisão recorrida”, refere o acórdão, assinado a 18 Fevereiro e a que a Lusa teve hoje acesso. O texto de 23 páginas está assinado pelos juízes Duarte Tilman, Deolindo dos Santos e Maria Natércia Gusmão Pereira.

O Ministério Público tinha recorrido do acórdão do Tribunal de Recurso em que este absolveu o casal português, considerando que a decisão tinha os “vícios” de “insuficiência obscuridade e contradição de fundamentação”.

Apontou ainda os vícios de “omissão de pronúncia” e de “excesso de conhecimento”, aspectos, considera, que justificavam novo julgamento. “Nulidades que importam ser conhecidas e decididas, determinando em consequência o reenvio do processo para novo julgamento”, refere o documento.

A 15 de Janeiro, o Tribunal de Recurso timorense absolveu o casal de portugueses Tiago e Fong Fong Guerra, condenado em 2017 por peculato a oito anos de prisão e a uma indemnização ao Estado, ordenando o descongelamento das suas contas.

O acórdão, aprovado por unanimidade por um colectivo de três juízes determina a absolvição do crime de peculato, pelo qual o Tribunal de Díli tinha aplicado uma pena de oito anos de prisão efectiva e o pagamento de uma indemnização de 859 mil dólares. O tribunal determinou ainda o descongelamento das contas bancárias do casal e o levantamento de todas as medidas de coação que estavam a ser aplicadas.

No extenso acórdão, que conclui um processo que durou dois anos e meio, os juízes dão deferimento ao recurso da defesa à sentença de 24 de Agosto de 2017, que tinha argumentado que a decisão da primeira instância padecia de “nulidades insanáveis” mais comuns em “regimes não democráticos”, baseando-se em provas manipuladas e até proibidas.

22 Fev 2021

Emprego | Defendidos critérios para a importação de quadros qualificados

Em declaração ao jornal do Cidadão, a deputada Ella Lei sugeriu que o Governo deve elaborar uma lista de quadros qualificados e os critérios de importação segundo as indústrias em que Macau tem falta de profissionais. A recomendação surge na sequência de o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, ter confirmado que a Comissão de Desenvolvimento de Talentos (CDT) está a ajustar o plano de talentos.

A legisladora apontou que o Governo não tem esta lista nem normas de avaliação para a aprovação da importação de quadros qualificados, criticando que esta decisão depende apenas da vontade do Executivo, considerando o seu poder discricionário que exerce excessivo. Para defender esta ideia, disse que outras regiões têm critérios, sistemas de pontuação e vagas por sectores para a importação de talentos. Ella Lei recordou que o Comissariado contra a Corrupção divulgou que as políticas correntes de fixação de residência são irrazoáveis e irregulares, existe abuso do regime e violação das leis, e que a inspecção levada a cabo pelo Governo é ineficiente.

Já Nelson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, considera que deve ser criado um mecanismo de avaliação dos quadros importados, tendo como base a prática de Hong Kong para se elaborar um regime de imigração apropriado a Macau. Exemplificou que pode ser avaliada a idade, formação académica, profissão, estado económico, e realização profissional dos candidatos. Nelson Kot defende ainda que a CDT deve elaborar um plano a cinco anos, para garantir que os profissionais que vêm para o território podem ajudar ao seu desenvolvimento, bem como planear o desenvolvimento de talentos de 10 a 15 anos.

22 Fev 2021

Covid-19 | Viagens durante Ano Novo Chinês caíram 58% face a 2020

O número de passageiros que viajaram durante as férias do Ano Novo Lunar na China caiu 57,9%, em relação ao período de férias de 2020, devido aos surtos de covid-19 registados no país nas primeiras semanas do ano. A estimativa divulgada ontem pelo Ministério dos Transportes aponta para um total de 97,7 milhões de viagens realizadas entre os dias 11 e 17 de Fevereiro.

Este número representa também uma queda de 71,5%, em relação à semana do Ano Novo Chinês de 2019, uma diferença ainda maior, porque em 2020 o feriado coincidiu com os estágios iniciais da pandemia, quando as autoridades colocaram sob quarentena a cidade de Wuhan, onde os primeiros casos de covid-19 foram diagnosticados.

O ministério também destacou que, nos seis dias anteriores à época festiva, foram realizadas mais de 176 milhões de viagens por via rodoviária, o que representa uma subida de 97,3%, face ao período de férias de 2020.

Perante os surtos de covid-19 registados em Janeiro, que colocaram o número de infecções no nível mais alto desde julho de 2020, o Governo chinês tomou medidas para reduzir as deslocações durante o Ano Novo Lunar, no que é habitualmente a maior migração humana do mundo.

Para milhões de trabalhadores chineses as férias do Ano Novo Lunar são a única oportunidade que têm para regressar às respetivas terras natais. A imprensa oficial revelou que as reservas de hotéis por hospedes nas suas cidades de residência aumentaram 660% e as visitas a atrações turísticas locais 300%.

Os cinemas arrecadaram cerca de 8.000 milhões de yuan, um novo recorde para esta época festiva e um novo impulso para a recuperação de um dos setores mais afectados pela pandemia. As vendas do sector retalhista aumentaram quase 29%, em relação ao ano anterior, e os serviços de entrega ao domicílio 260%.

O último contágio local pelo novo coronavírus foi detectado na província de Hebei, no norte do país, no dia 15 de Fevereiro.

19 Fev 2021

Projecto de Álvaro Siza e Carlos Castanheira na China vence Prémio Edifício do Ano Archdaily

O Museu de Arte e Educação de Ningbo, na costa leste da China, do arquitecto Álvaro Siza com Carlos Castanheira, venceu o prémio Edifício do Ano 2021, na categoria Arquitectura Cultural.

O edifício de Álvaro Siza e Carlos Castanheira era finalista, na categoria de Arquitectura Cultural, com o Museu Audemars Piguet, em Le Brassus, na Suíça, o centro chinês de Arte de Qujiang, em Xi’an – Shanxi, o edifício Experimenta, em Heilbronn, na Alemanha, e com o MEETT – Centro de Congressos e Exposições de Toulouse.

A categoria Arquitetura Cultural é uma das 15 que compõem os prémios da plataforma internacional de arquitectura, e o projecto de Álvaro Siza e Carlos Castanheira foi o único de arquitectos portugueses entre os finalistas, nesta edição. Os vencedores foram escolhidos por votação dos membros registados na plataforma.

O museu projectado pelos arquitetos portugueses, situado junto ao Lago Dongqian, tem cerca de seis mil metros quadrados e foi inaugurado no passado mês de Novembro. Em vez de escadas, o edifício, com uma altura de 25 metros, tem uma rampa sem barreiras a ligar os cinco andares e é iluminado apenas por janelas situadas no rés-do-chão e no topo do museu.

O Museu de Arte e Educação de Ningbo é um projecto do grupo privado chinês Huamao Group. O presidente deste grupo, Xu Wanmao, convidou Álvaro Siza para a liderança da obra, depois de visitar o Museu de Serralves, que Prémio Pritzker desenhou, no Porto.

A primeira obra de Siza Vieia na China – um edifício de escritórios, desenhado também em parceria com o arquiteto Carlos Castanheira – foi inaugurado em agosto de 2014, no leste do país. Na Ásia, a dupla portuguesa também assinou projetos em Taiwan e na Coreia do Sul.

Os prémios Edifício do Ano da Archdaily são atribuídos em categorias de comércio, cultura, desporto, educação, hotelaria, saúde e indústria, em arquitetura de interiores, arquitectura paisagística e de espaços públicos, em edifícios de escritórios, de habitação, em moradias, edifícios religiosos e em projectos de pequena escala/pequenas instalações. É ainda distinguida a melhor aplicação de materiais.

Os 75 finalistas – cinco em cada categoria -, para esta 12.ª edição, foram escolhidos por votação dos membros da ArchDaily, entre 26 de Janeiro e 10 de Fevereiro, a partir dos 4.500 projectos submetidos e publicados na plataforma, ao longo de 2020. Os vencedores podem ser vistos em https://boty.archdaily.com/us/2021.

A ArchDaily – Plataforma, com base em Nova Iorque, foi criada em 2008, reúne profissionais das áreas da arquitetura, design, construção e meios de comunicação especializados, dos diferentes continentes.

19 Fev 2021

Na Poesia de ser Macaense

Por Alfredo Gomes Dias

Dentro de cada um de nós, o conhecimento de si e do sentido que emprestamos à nossa vida é, talvez, o exercício mais exigente, porque mais doloroso, mesmo quando o revestimos sob a forma de poesia. E se esta ideia, assumida como verdade, é generalizável a qualquer ser humano, num qualquer ponto do globo, adquire um novo significado quando se refere a um macaense, aquele ser “entre dois polos / que se atraem / e repelem”, principalmente quando lhe acrescentamos a sensibilidade e a racionalidade de ser mulher.

Quando Cecília Jorge oferece a Macau um livro de poemas escritos ao longo de uma vida, devolve à cidade o sentir e o pensar que a acompanharam nas ruas construídas de vivências múltiplas, entre amores e desamores. Neste quotidiano, parte ao encontro das suas origens, ao subir aqueles cinco degraus que a “levam ao casarão / Onde crescem raízes / agarradas a velhas paredes / que arrostaram tufões”. Recordando o “bisavô Jorge”, reconhece a felicidade de “ainda ter conhecido o espírito / que pairava neste chão”, transportando sentimentos que criam raízes nas memórias e na terra onde se mistura “A humidade o cheiro os meandros / da alma indómita / que remonta ao passado”.

Contudo, não são as origens nem as memórias condições bastantes para que veja facilitada a tarefa do conhecimento de si, quer como pessoa, quer como parte de uma comunidade que mantém uma “Porta aberta para dois lados/ de entrada /sem saída”. Para Cecília Jorge, já vai longe o tempo em que sentia necessidade de se definir como macaense, assumindo finalmente que este ser macaense é, em si mesmo, uma indefinição, “que te (in)defines / pelo não ser bem / que também não és bem…”. Deste modo, o ser passa a reconhecer-se pelo não-ser, porque não é possível (re)conhecer-se. Nesta incógnita, que hoje paira sobre toda a comunidade, as suas palavras alargam aquela indefinição a Macau, que sempre a ajudou a identificar-se, consigo e com os outros. Por isso, “sei onde estava / não onde estou / Não sei por onde vou / por onde não vou”. Descentrando-se da terra, deixando secar as raízes que sempre deram sentido à sua vida, de dádiva e partilha, a macaense valoriza-se pelo que é, na sua individualidade, afirmando “Sou / apenas / mas sou / quanto baste”. E, num último esforço de encontrar-se, procura no Mundo aquilo que Macau já não oferece, questionando “Donde venho? De que lado / do Mundo?”. Uma questão que, no presente, só pode encontrar resposta num passado longínquo e num futuro por construir. Parar no presente, para “recarregar / energias para / retomar a rota do vento / e cumprir o destino”. Anuncia-se a esperança num futuro carregado de um presente de incertezas.

Sempre fez parte do ser macaense a procura, numa “Miragem / de olhos postos no Ocidente”, das suas raízes mais profundas, que Cecília Jorge reconhece como “berço secular / da eterna presença”, embora longínqua, mas que emerge na “confluência de civilizações” que transformaram Macau no “patamar” de dois mundos “harmonizados / num só”. Talvez resida aqui o sinal de esperança antes enunciado, embora assente nos “Pés de barro da lusitanidade”. Fragilidades de uma origem que se prolonga no acto do regresso, anunciadas nas “caravelas de vela solta / que se vão rasgando / no retorno à Pátria”. Desta síntese imperfeita e, mais uma vez, indefinida, fica como garante a “Língua materna Mãe”, aquela língua que nos embala “num fado de Amália / até ao finar da vida”. Nesta língua, que na casa e nas ruas se fez arma, apresentada como um “Lago fecundo sem margens / Como o mar que banha o teu berço”, encontramos uma das razões de querer partir, uma vontade representada num relógio que teima em impor uma lenta marcha do tempo, demasiado lenta para quem deseja bater “as asas / no devaneio / que me leva para / longe / daqui”.

Já não é suficiente o ser que se confunde com a terra, o “reinol aventureiro” que se cruzou com a “mãe asiática”, num caldo de cultura com cheiro a canela, criando “ternura e sensualidade / no recato de uma alcova” e lutando “contra as monções”. Já não é suficiente acreditar que se vive numa cidade “maior que o mundo”, onde era possível uma “existência singela / humana partilha / solidariedade / e amizade”. Já não é suficiente sentir Macau “na curva do Chunambeiro / que já nem curva é”, obrigando a macaense, mulher e poetisa, a sentir “a alma da urbe / viva”, a transformar-se num espírito solitário que vagueia e pisa um “chão inexistente”. Junta-se, então, a angústia e a desmotivação – “Nem chorar / consigo” –, que se vivem e sentem numa profunda “dor indizível dor abstracta fugidia / dor infinita” que, sem matar, “despedaça e / chaga sem sangrar”. Macau vai-se esmaecendo nesta dor de quem, como muitos, como Cecília Jorge, desconhece a terra que sempre chamou de sua, como se, na velha Baía da Praia Grande, ainda fosse possível sentir uma “aragem / que nos embalava” ou ver “Raios de sol em despedida”.

É na rua que persistem as memórias de uma Macau que se perde nos dias que passam, nos “jasmins / que espalhados ao sabor do vento / nos perfumavam as madrugadas / e os crepúsculos”; no “sabor dos fritos / comidos na rua”; nos macaenses “em volta de / uma só / taça de chá”. Estas são algumas das memórias que persistem numa cidade em mudança permanente, abandonando o nome de porto de abrigo. Como a rua da “Felicidade sequestrada / num nome”, também Macau se entregou a um futuro sem passado e, por isso, com um presente comprometido na auto-negação de si própria, comprimida “em caixotes / a tanto-por-metro-quadrado”, impedindo a mulher da cidade de desfrutar da “grandeza / de um céu distante”.

Ao ser macaense, agora sentindo-se em terra alheia, sobra apenas a solidão, mesmo quando se mistura “num mar de gente / tão transparente / e frágil / que se esquece”. Uma solidão que se dilui na cidade, na “Ficção criada pelos portugueses”, que “nem os próprios dela / se apercebem”. Fica apenas a solidão e a memória.

A memória
esmorece
e se apaga
no vazio.

19 Fev 2021

Exposição | José Basto da Silva estreia-se na pintura com “Catharsis”

José Basto da Silva, macaense e presidente da Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco, estreia-se na pintura com a exposição “Catharsis”, que terá lugar na Fundação Rui Cunha (FRC) a partir de segunda-feira, dia 22, e até ao dia 6 de Março. Esta é a primeira exposição individual de José Basto da Silva, que começou a pintar em aguarela o ano passado, após o Governo decretar o confinamento no combate à covid-19.

O público poderá ver 40 obras que pretendem “passar uma mensagem de esperança e motivação em tempos de incerteza e instabilidade, mas que abrem portas a novos voos que nos levam a olhar o mundo de uma forma diferente e a redescobrirmo-nos a nós mesmos”, disse o autor, citado por um comunicado.

Esta exposição marca também os 50 anos de José Basto da Silva que, apesar de formado em engenharia, sempre teve o gosto pela pintura. No entanto, nunca desenvolveu esta aptidão nem prosseguiu estudos profissionais na área artística. Só em Fevereiro do ano passado é que o macaense decidiu apostar nesta vertente, frequentando cursos online e acompanhando o trabalho de mestres da aguarela como Alvaro Castagnet, Joseph Zbukvic e Shibazaki, entre outros. Desta forma, Basto da Silva “começou a descobrir e a aperfeiçoar as técnicas que lhe permitiram melhorar a qualidade das suas pinturas”. A cerimónia de inauguração da exposição começa às 18h30.

19 Fev 2021

D.Pedro V | “Lendas do Tango – Homenagem a Piazzolla” chega dia 6

Para celebrar os 100 anos do nascimento do compositor argentino Ástor Piazzolla, o Teatro D. Pedro V apresenta, a 6 de Março, pelas 20h, o espectáculo “Lendas do Tango – Homenagem a Piazzolla”, protagonizado pela Orquestra de Macau (OM). O programa do concerto será composto pelas obras “Libertango”, “Os Esquecidos” e excertos de “As Quatro Estações de Buenos Aires” de Piazzolla, bem como outras composições como “Tango Clandestino” de Goran Bregovic e “Por uma Cabeça” de Carlos Gardel. Os bilhetes têm um custo entre 100 e 120 patacas e estão à venda a partir de hoje, dia 19.

Ao longo do mês de Março a OM vai também apresentar vários espectáculos, sempre ao sábado. O primeiro é o concerto “Música no Património Mundial – Uma Jornada Musical”, que acontece dia 13 de Março na Casa Garden, às 14h30 e 17h. O espectáculo “O Futuro da Música Clássica” está marcado para o dia 20 e terá lugar na Aula Magna da Universidade de Macau às 20h. Estes dois espectáculos são gratuitos. O concerto “Quando a Música Fala – Descubra Mozart” acontece dia 27 de Março às 20h no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. Este espectáculo é também gratuito.

19 Fev 2021

UM | Orange Post alertado por causa de fontes anónimas

Numa publicação do Orange Post na rede social Facebook, o jornal indicou que foi alertado pela Universidade de Macau de que reportou uma notícia falsa, depois de questionar a instituição sobre as vagas de dormitórios dos alunos da pós-graduação.

O Orange Post consultou o Gabinete dos Assuntos dos Estudantes sobre o assunto no dia 17, recebendo a resposta de que “os dormitórios dos alunos da pós-graduação não cancelaram o serviço da lavagem de roupa grátis e o serviço mantém-se no próximo ano lectivo, a distribuição das vagas de dormitórios dos alunos da pós-graduação ainda estão a ser revista, e só será pública quando o plano for decidido”.

Pouco tempo depois de receber esta resposta, o Orange Post foi novamente contactado pelo Gabinete dos Assuntos dos Estudantes. “Caso vocês continuem a reportar notícias falsas seguindo fontes não confiáveis, podem induzir em erro e perturbar os alunos”, dizia a mensagem do organismo.

O jornal estudantil recebeu uma denúncia anónima em como a Universidade de Macau está a planear limitar as vagas de dormitórios dos alunos de pós-graduação, cancelando alguns serviços correntes como, por exemplo, a lavagem de roupa grátis. O aluno responsável pela notícia das vagas de dormitórios, de apelido Chan, considerou o discurso da universidade “inacreditável” e que prejudicou a imagem da universidade, por não seguir a ética profissional nem o princípio da liberdade de imprensa. O aluno justificou que segundo a ética jornalística o Orange Post verificou as informações com a universidade e planeava clarificar a reportagem.

19 Fev 2021

Proposta de debate | Ella Lei quer 3ª ronda das medidas de apoio

A deputada Ella Lei submeteu uma proposta para se debater na Assembleia Legislativa o lançamento imediato de uma terceira ronda de medidas de apoio económico por parte do Governo, justificando ter interesse público. A deputada dos operários explicou que a recuperação económica não correu de forma ideal, o ambiente de emprego piorou e muitos residentes têm menos rendimentos, defendendo assim que o Governo deve lançar novas medidas de apoio, sobretudo para os indivíduos desempregados ou subempregados.

Recorde-se que o território só registou cerca de 63 mil visitantes nos primeiros cinco dias dos feriados do ano novo chinês, uma redução de 71,6 por cento em comparação ao ano passado. A receita do jogo de 2020 também decresceu cerca de 80 por cento comparativamente a 2019.

Por outro lado, a deputada apontou que a taxa de desemprego do quarto trimestre foi 3,8 por cento, o que representa 11 mil desempregados, e que a população subempregada foi superior a 20 mil pessoas, que enfrentam pressão económica e chegam a sofrer perturbações emocionais. Ella Lei indicou que apesar do Governo reiterar que não fechou a porta às medidas de apoio económico, ainda não as anunciou nem indicou quais são os cenários em as vai lançar para ajudar a população.

19 Fev 2021

China critica países desenvolvidos por acumularem vacinas

A China acusou hoje os países desenvolvidos de acumularem grandes quantidades de vacinas, criticando o que considera a “crescente desigualdade” na distribuição de doses nas nações em desenvolvimento.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, afirmou, numa conferência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a vacinação, que a “cooperação para combater a pandemia não deve ser um jogo de tudo ou nada”.

Wang Yi rejeitou que Pequim tenha “objectivos geopolíticos” quando se trata da distribuição de vacinas para países em desenvolvimento. “As vacinas estão a ser desenvolvidas e produzidas em velocidade recorde, mas há problemas que precisam ser resolvidos”, disse.

“Há uma lacuna na distribuição. As vacinas estão a ir rapidamente para os países de rendimento alto, mas não para os países em desenvolvimento. Isto só vai exacerbar mais as desigualdades”, defendeu.

Wang Yi pediu que haja uma “distribuição justa e razoável das vacinas” e que os países mais necessitados ou envolvidos em conflitos não sejam deixados para trás. “A China nunca teve objectivos geopolíticos na venda das suas vacinas. Nunca fez cálculos para beneficiar economicamente e não estabeleceu condições políticas”, disse Wang, citado hoje pelo portal do ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O ministro também indicou que as vacinas devem ser um “produto público acessível em todos os países” e que para a China é “imperativo” fazer o possível para pesquisar, desenvolver e distribuir vacinas em todo o mundo. “A China forneceu assistência a 53 países em desenvolvimento que a solicitaram e exportou vacinas para 22 países. Também ajudou a aumentar a capacidade de produção global”, afirmou.

Pequim entregou ainda 10 milhões de doses das suas vacinas ao mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para “evitar que mais pessoas morram pelo [novo] coronavírus”, acrescentou o ministro.

Segundo a imprensa oficial do país asiático, as vacinas desenvolvidas pelas empresas chinesas Sinopharm, Sinovac e CanSino estão a ser usadas em cerca de trinta países em desenvolvimento em África, Ásia ou América Latina, enquanto na Europa só chegaram à Sérvia e Hungria.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou mais uma vez esta semana que, se a campanha de vacinação contra a covid-19 não for implementada em todos os países, o vírus continuará a sofrer mutações, o que poderá prolongar “significativamente” a pandemia.

“Se o vírus se espalhar como um incêndio no sul global, ele sofrerá mutações repetidas vezes. Novas variantes podem tornar-se mais transmissíveis, mais mortais e potencialmente ameaçar a eficácia das vacinas e diagnósticos atuais”, alertou.

O português lembrou que “apenas 10 países administraram 75% de todas as vacinas contra a covid-19. Enquanto isso, mais de 130 países não receberam uma única dose”.

18 Fev 2021

Covid-19 | China limita passageiros vindos de Portugal a voos directos

Os passageiros que vivam em Portugal só serão autorizados a embarcar para a China em voos directos, anunciou na terça-feira a Embaixada chinesa. Num comunicado, a Embaixada justifica a decisão com a “grave e complexa” situação da pandemia de covid-19 em Portugal e a necessidade de evitar “infeções cruzadas em trânsito”.

A Embaixada deixou de aceitar pedidos para a emissão de um código de saúde de cor verde que sejam apresentados por residentes permanentes em Portugal que pretendam viajar para a China através de um outro país.

Existe actualmente apenas uma ligação directa entre a China e Portugal, com a companhia aérea chinesa Beijing Capital Airlines a voar entre Lisboa e Xi’an, na província de Shaanxi, todas as quintas-feiras e sábados.

A Embaixada chinesa em Portugal deixou também de emitir códigos de saúde para passageiros que vivam em outros países que tenham ligações diretas com a China, mas que pretendessem voar a partir de Lisboa, sublinha o comunicado.

A única excepção são os passageiros vindos de países sem voos directos para a China que tenham um código de saúde de cor verde emitido pela Embaixada chinesa no país de origem.

No início de Janeiro a Embaixada já tinha obrigado os passageiros que mudassem de voo em Portugal a apresentar dois testes negativos ao novo coronavírus, realizados em locais diferentes, antes de serem autorizados a embarcar para a China.

A 17 de Janeiro, a província de Shaanxi, no centro da China, registou um caso importado de covid-19, uma chinesa de 42 anos que tinha voado de Lisboa para Xi’an a 3 de Janeiro.

Em Outubro, no espaço de três dias, Shaanxi registou três casos de covid-19, todos cidadãos chineses regressados ao país através de Lisboa. Um dos homens veio de Angola, um outro de Cabo Verde e o outro partiu da Bolívia e passou ainda por São Paulo, no Brasil.

18 Fev 2021

Covid-19 | China soma 11 novos casos, todos oriundos do exterior

A Comissão de Saúde da China informou hoje que foram diagnosticados 11 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior.

Os casos registados pelas autoridades foram diagnosticados em viajantes oriundos do exterior, na cidade de Xangai (leste) e nas províncias de Guangdong (sudeste), Sichuan (centro), Heilongjiang (nordeste) e Hubei (centro).

A Comissão de Saúde chinesa indicou que, até à meia-noite, o número total de infectados activos na China continental se fixou em 520, entre os quais 10 em estado grave. Desde o início da pandemia, 89.806 pessoas ficaram infectadas na China, tendo morrido 4.636 doentes.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.419.730 mortos no mundo, resultantes de mais de 109,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 15.649 pessoas dos 790.885 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

18 Fev 2021

Centenas de milhar protestam em Myanmar após alerta da ONU sobre violência

Centenas de milhares de pessoas continuaram a manifestar-se esta quarta-feira contra o golpe militar em Myanmar (antiga Birmânia), apesar de a ONU ter alertado que o envio de tropas para Rangum e outras zonas do país fazia temer um aumento da violência.

O relator das Nações Unidas Tom Andrews disse na terça-feira à noite ter informações sobre o envio de soldados para Rangum e para outras cidades de Myanmar. “No passado, os movimentos de tropas como este antecederam assassinatos, desaparecimentos e detenções em grande escala”, disse Andrews num comunicado difundido pela ONU em Genebra.

“Estou assustado, dada a confluência destes dois fatores: organização de manifestações e envio de tropas. Os militares podem cometer ainda mais crimes contra o povo de Myanmar (nome do país imposto pela ditadura militar)”, afirmou.

Além das manifestações em Rangum, verificaram-se protestos na segunda maior cidade da Birmânia, Mandalay, e na capital administrativa do país – Naypyitaw – onde são proibidas reuniões de mais de cinco pessoas.

“Vamos marchar em grande número. Vamos mostrar a nossa força contra o golpe que destruiu o futuro da nossa juventude e do nosso país”, disse Kyi Toe, porta-voz da Liga Nacional para a Democracia, partido liderado por Aung San Suu Kyi através de uma mensagem na plataforma digital Facebook.

Hoje, na cidade de Rangum, o protesto parecia ser o maior desde o início das manifestações, com centenas de milhares de pessoas. Os manifestantes bloquearam estradas com automóveis, alegando que se encontravam avariados.

Em Naypitaw, milhares de pessoas, incluindo funcionários de instituições bancárias privadas e mecânicos desfilaram pelas avenidas largas da cidade exigindo a libertação de Suu Kyi e do presidente Wun Myint. Em Mandalay, os manifestantes saíram novamente à rua, depois de na segunda-feira as forças de segurança terem apontado as armas a cerca de um milhar de pessoas em protesto.

De acordo com os meios de comunicação locais, a polícia disparou balas de borracha tendo ferido várias pessoas. As marchas fazem parte do processo de desobediência civil iniciado pelos profissionais de saúde apoiados pelos funcionários públicos.

O golpe militar, no dia 1 de Fevereiro, atingiu a frágil democracia da Birmânia, depois da vitória do partido de Suu Kyi nas eleições de novembro de 2020.

Na terça-feira à noite os militares ordenaram o bloqueio da Internet no país pelo terceiro dia consecutivo durante a madrugada e está a ser preparada legislação quer permite aos militares vigiarem as atividades dos utilizadores de computadores e telemóveis.

Os militares negam o bloqueio da Internet, mas há informações sobre a possível instalação de um sistema informático que permite bloquear a rede e vigiar as atividades nas redes sociais, com o apoio da República Popular da China. O embaixador de Pequim na capital da Birmânia já negou o envolvimento da República Popular da China e negou as informações sobre a cooperação em actos de censura ou apoio militar.

18 Fev 2021

Covid-19 | Escolas Portuguesas no estrangeiro com calendário escolar local

As Escolas Portuguesas no Estrangeiro, onde estudam cerca de 6.000 alunos, estão este ano dispensadas de seguir o calendário escolar português, uma vez que as suas medidas contra a covid-19 dependem da evolução local da pandemia, segundo fonte oficial.

Estas seis escolas, que funcionam em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau, seguem os planos e os programas dos ensinos básico e secundário em vigor no sistema educativo português. Tuteladas pelo Estado português, as Escolas Portuguesas no Estrangeiro (EPE) seguem o calendário escolar português, mas não o actual, alterado devido à covid-19. Fonte oficial do Ministério da Educação português disse que as medidas adotadas em Portugal para “inverter o crescimento acelerado da pandemia” não são aplicadas às EPE.

“Estas escolas, face à especificidade de cada realidade onde estão inseridas, à evolução da pandemia no território local e às regras emanadas pelas autoridades governativas e de saúde do respetivo país, vão acionando e implementando os seus planos de contingência e planos de ensino à distância”, prossegue o esclarecimento. Apenas os exames terão de ser realizados por todos os alunos, “independentemente da sua localização”.

Em relação à restante calendarização, esta “deverá ajustar-se à realidade destas escolas, considerando outros factores sempre tidos em conta com as especificidades locais, como são exemplo os dias feriados”. Em Portugal, o calendário escolar foi alterado devido à pausa lectiva que ocorreu entre o final de Janeiro e princípios de Março para inverter o crescimento acelerado da pandemia de covid-19.

18 Fev 2021

Myanmar | China menciona “exigências razoáveis’ do movimento social

A China mencionou as “exigências razoáveis” do movimento social em Myanmar e esforçou-se para promover o diálogo enquanto exortava todas as partes a permanecer calmas e contidas, evitando a violência, disse o embaixador chinês na terça-feira.

Chen Hai negou rumores recentes sobre a China estar envolvida em transporte de técnicos para Mianmar e ajudar o país a construir uma firewall na internet. “O actual desenvolvimento em Myanmar não é absolutamente o que a China deseja. Esperamos que todos os partidos de Myanmar possam lidar com as diferenças de maneira adequada no âmbito da constituição e das leis para manter a estabilidade política e social”, disse o embaixador.

“A China apoia os esforços de mediação da ASEAN e do enviado especial do Secretário-Geral da ONU para Myanmar. A China também está a desempenhar um papel construtivo, promovendo a paz e o diálogo em sua essência”, disse Chen.

Em resposta aos recentes encontros fora da embaixada da China durante o “Movimento de Desobediência Civil”, Chen disse que “algumas pessoas fizeram uma petição diante de embaixadas e organizações internacionais em Myanmar. Entendemos as suas aspirações. E também mencionamos as suas exigências razoáveis. Nós esforçamos-nos para promover o diálogo entre as diferentes partes. Esperamos que todas as partes possam ficar calmas e contidas, evitando fazer coisas que possam intensificar os conflitos e aumentar as tensões. Na situação actual, a violência deve ser evitada e os direitos básicos das pessoas precisam ser protegidos”, disse.

Chen negou rumores recentes, incluindo transporte de técnicos para Myanmar, construção de uma firewall na internet e de soldados chineses nas ruas. “Para que conste, essas são acusações completamente sem sentido e até ridículas”, disse Chen. “Esperamos sinceramente que o povo de Myanmar possa distinguir o certo do errado e proteger-se contra a manipulação política, a fim de evitar minar a amizade entre os dois povos.”

De acordo com Chen, as aeronaves eram voos de carga normais entre a China e Myanmar, cuja frequência caiu de 15 para 18 voos por dia antes da pandemia para cerca de 5 voos por dia. “Os voos transportam frutos do mar e outras exportações de Myanmar para a China.” Alguém disse que os voos transportavam “armas”. “China e Myanmar são vizinhos que não se podem afastar um do outro. Vizinhos amigos desejam bem uns aos outros. Esperamos que tudo corra bem em Myanmar, em vez de se tornar instável ou mesmo cair no caos”, disse Chen.

18 Fev 2021

China torna-se no maior parceiro comercial da União Europeia em 2020

A China tornou-se o maior parceiro comercial da União Europeia (UE) em 2020. Tanto as exportações como as importações aumentaram apesar da pandemia de Covid-19, informou a Eurostat nesta segunda-feira. De acordo com o serviço estatístico da UE, as importações do bloco vindas da China em 2020 cresceram 5,6% ano ao ano, para 383,5 mil milhões de euros, enquanto as exportações, 2,2%, para 202,5 mil milhões de euros.

Ao mesmo tempo, o comércio de bens com os Estados Unidos, que lideravam a lista de parceiros comerciais da UE até o início de 2020, teve um declínio substancial em ambos os sentidos.

A UE também testemunhou um maior comércio com o resto do mundo em Dezembro de 2020, um aumento de 6,6 mil milhões de euros em relação ao mesmo mês de 2019, o primeiro aumento anual desde que foi atingida pela pandemia.

Em 2020, o mercado único sofreu uma queda de 9,4% nas exportações de bens e de 11,6% nas importações. Com as indústrias amplamente afetadas pelas medidas de confinamento no ano passado, a energia registou de longe a queda mais acentuada entre todos os sectores, seguida por alimentos e bebidas, matérias-primas e produtos químicos.

As cifras da Eurostat na segunda-feira mantêm-se em conformidade com os dados oficiais da China publicados em meados de Janeiro, que mostraram que o comércio com a UE cresceu 5,3%, para 4.495,77 mil milhões de yuans, em 2020.

Enquanto as importações e exportações totais de bens da China expandiram 1,9% ano a ano, para 32,16 biliões de yuans em 2020, um novo recorde, o aumento do comércio com a UE foi mais do que o dobro da taxa média de crescimento.

O resultado fala plenamente “da forte resiliência e importância da cooperação económica e comercial China-UE”, disse Zhang Ming, chefe da Missão Chinesa na UE.

18 Fev 2021

Comércio entre a China e Portugal aumenta 4,82% em 2020

As trocas comerciais entre a China e Portugal aumentaram 4,82% em 2020, em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais. O valor total das trocas comerciais no ano passado foi de 6,9 mil milhões de dólares norte-americanos, de acordo com dados oficiais publicados na semana passada no portal do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de língua portuguesa (Macau), com base nas estatísticas dos Serviços de Alfândega chineses.

Em 2019, as trocas comerciais entre a China e Portugal tinham atingido 6,6 mil milhões de dólares. Do valor total, Pequim importou mais 19,6%, ou 2,8 mil milhões de dólares em 2020, comparativamente com o período homólogo do ano anterior. Por outro lado, a China exportou menos 3,1% para Portugal, ou 4,2 mil milhões de dólares.

As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa entre Janeiro e Dezembro 2020 foram de 145 mil milhões de dólares, o que representa uma descida de 2,98% no período homólogo de 2019.

O Brasil continua a ser o país lusófono com o maior volume de trocas comerciais com a China, garantindo mais de 80% dos bens transaccionados, seguindo-se Angola, Portugal, Moçambique, Timor-Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

18 Fev 2021

Exposição | Four Seasons recebe trabalhos de Tai Xiangzhou

O hotel Four Seasons acolhe, até ao dia 14 de Março, a exposição “Abode of Immortals – Tai Xiangzhou Ink Paintings”. A mostra conta com um total de 38 obras de Tai Xiangzhou, que representam “as minhas ideias criativas em torno da arte tradicional e cosmológica”, disse o artista, citado por um comunicado. “Espero que os visitantes possam fazer as suas próprias interpretações através dos meus traços e nuvens circulares”, acrescentou.

Tai Xiangzhou estudou literatura chinesa e caligrafia com os mestres Hu Gonshi e Wang Wenjun desde tenra idade. O artista concluiu ainda um doutoramento na Universidade Tsinghua sobre cosmologia e arte paisagística tradicional. No seu trabalho, Tai Xiangzhou utiliza materiais como pincéis, papel e seda para criações artísticas que combinam ciência, filosofia e arte, sempre numa exploração entre “o universo e a espiritualidade para definir a cosmologia contemporânea”.

As obras de Tai Xiangzhou focam-se muito no período da dinastia Song, em torno das representações das paisagens e da caligrafia, captando elementos da natureza como as rochas, árvores, nuvens e água. O artista chinês já protagonizou 30 exposições em todo o mundo, tendo as suas obras sido adquiridas por 22 museus e galerias de arte, tal como o Brooklyn Museum, Art Institute of Chicago e Yale University Art Gallery. A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada entre as 11h e 19h no espaço Grand Atelier do hotel Four Seasons, situado no sexto andar.

18 Fev 2021

Valores das propinas aumentam para não locais na Universidade de Macau

Foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) os novos valores das propinas cobrados pela Universidade de Macau (UM) aos alunos não locais. Enquanto que para os locais os valores a pagar pelas licenciaturas, mestrados e doutoramentos se mantém inalterados, para os não locais há um aumento, mais notório ao nível dos mestrados.

Antes este curso custava, a um aluno oriundo do interior da China, Hong Kong e Taiwan 102 mil patacas, e 128 mil para um aluno de outros países. Agora o valor sobe para 150 mil patacas, enquanto que um aluno de Macau paga 72 mil patacas. Estes valores não se aplicam ao mestrado de gestão de empresas.

Ao nível dos doutoramentos, um aluno local passa a pagar cerca de 87 mil patacas, enquanto que um estudante não local paga cerca de 111 mil patacas. De frisar que a UM passou a incluir os alunos estrangeiros e das zonas vizinhas de Macau na categoria de “alunos não locais”, sem distinção. No caso das licenciaturas mantém-se a diferença entre alunos vindos da China, Hong Kong e Taiwan e do estrangeiro. Na prática, ao nível dos mestrados e doutoramentos, os alunos do interior da China passam a pagar os mesmos valores que os estudantes internacionais.

“Há uma simplificação: passamos a ter apenas alunos locais e não locais, porque a nossa tabela era um bocado complicada. A mudança vai nesse sentido”, disse Rui Martins, vice-reitor da UM, à TDM Rádio Macau.
Rui Martins explicou também que foi feita uma “mudança equilibrada e bastante pensada” para se chegar a estes valores. O aumento das propinas para os mestrados, destinado a alunos não locais, tem em consideração “a reputação da universidade e os custos dos cursos, e também os equipamentos e as instalações, que são de nível internacional e comparáveis às universidades, nomeadamente em Hong Kong – e neste caso, as propinas [em Macau] são ainda mais baixas”, disse. Sobre os valores a pagar pelos doutoramentos, Rui Martins explicou que são agora mais baixos para estudantes estrangeiros. “O valor é significativamente mais baixo do que Hong Kong porque estamos interessados em aumentar a investigação e o número de estudantes de qualidade no doutoramento”.

18 Fev 2021

Metro Ligeiro | Ho Ion Sang quer mais atracções populares

O deputado Ho Ion Sang sugeriu que além de acelerar as construções das linhas do Metro Ligeiro, o Governo deve apostar noutros factores que atraiam a população para usar este meio de transporte, noticiou o jornal Cidadão.

Ho Ion Sang defendeu que o Governo deve lutar para as linhas começarem a funcionar em breve, impulsionando o fluxo de utentes. Por outro lado, indicou que se pode negociar com a empresa do Metro Ligeiro para que sejam adoptados elementos comerciais, como alargar as zonas de máquinas de venda automática nas estações ou colocar mais publicidade nas estações.

Além disso, sugeriu o lançamento de uma versão especial do cartão do Metro Ligeiro alusiva a festividades, cooperação com empresas do jogo e estabelecimentos comerciais, bem como colaborações com associações para colocar elementos culturais nas estações ou carruagens, com vista a criar pontos populares para os cidadãos tirarem fotografias, ou mesmo vender produtos culturais de edição limitada.

Por outro lado, Ho Ion Sang quer que o Governo acabe em breve as preparações para ligações entre o Metro Ligeiro e autocarros, visto que a obra de ligação da linha da Taipa à estação da Barra termina em 2023.

18 Fev 2021