Covid-19 | Governo de Nova Deli impõe confinamento total por uma semana na cidade

As autoridades de Nova Deli vão impor um confinamento total por uma semana, a partir de hoje à noite, para evitar um colapso do setor de saúde na capital, onde os hospitais estão sobrelotados e há falta oxigénio medicinal.

“Decidimos impor um confinamento em Nova Deli das 22:00 de hoje às 06:00 da próxima segunda-feira”, disse o responsável de governo da capital, Arvind Kejriwal, numa mensagem transmitida pela televisão.

“Se não impusermos um confinamento agora, a tragédia será maior. Não podemos empurrar Deli para uma situação em que os pacientes esperam nos corredores e as pessoas morrem nas estradas”, lamentou o responsável do Governo.

Os hospitais da cidade, com cerca de 20 milhões de habitantes, estão “no limite”, disse Kejriwal, que justificou a necessidade de “medidas drásticas” para evitar “um colapso do sistema de saúde”, embora tenha anunciado que os serviços essenciais continuarão a funcionar normalmente.

A cidade, como o resto da Índia, registou um número recorde de infeções do novo coronavírus nos últimos dias, o que disparou o alarme entre as autoridades e levou o governo local a impor um confinamento no último fim de semana e encerrar restaurantes e centros comerciais.

Kejriwal lembrou que Nova Deli registou cerca de 23.500 casos nas últimas 24 horas, embora nos últimos dias as infeções tenham rondado 25.000. “Se 25 mil pacientes chegarem todos os dias, o sistema entrará em colapso: não há camas”, explicou o chefe do governo da cidade.

Segundo uma página oficial na Internet que informa sobre a disponibilidade de camas nos de cuidados intensivos, reservadas para casos mais graves que necessitam assistência respiratória, só estão livres 113 das 4.220 camas da cidade, ainda que o governo planeie abrir novas vagas nos próximos dias.

Kejriwal também apontou a falta crítica de oxigénio medicinal na capital, um problema que outras regiões do país asiático destacaram nos últimos dias.

Hoje, a Índia ultrapassou 15 milhões de infeções pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, após registar um novo máximo diário de infeções e mortes.

O país asiático está a viver uma segunda onda da pandemia e hoje registou um recorde de 273.810 casos do SARS-CoV-2 em 24 horas, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde indiano.

O número de mortes causadas pela covid-19 agora é de 178.769, após registar um recorde de 1.619 novas mortes em um único dia.

Segundo país mais afetado do mundo em termos absolutos, depois dos Estados Unidos (32 milhões de casos), a Índia viu os casos dispararem nas últimas semanas desde fevereiro passado.

19 Abr 2021

Myanmar | Junta militar mostra imagens de jovens torturados, diz associação

A junta militar no poder em Myanmar (antiga Birmânia) mostrou na televisão imagens de seis jovens detidos durante os protestos, alguns com sinais de terem sido torturados, afirmaram hoje organizações locais de direitos humanos.

As fotografias, tiradas após a detenção e alegadas torturas, mostram rostos ensanguentados no caso de três homens e o rosto visivelmente inchado de uma mulher. As imagens foram divulgadas no domingo à noite pela televisão Myawaddy, propriedade da junta militar.

“Encorajada pela impunidade, esta junta [militar] usa a tortura como arma política”, denunciou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) numa publicação na rede social Twitter.

Nas redes sociais, muitos utilizadores publicam as mesmas fotografias e comparam-nas com fotografias dos jovens tiradas antes da detenção, com o objetivo de reforçar as alegações de tortura.

Segundo o ativista Ro Nay San Lwin, os detidos fazem parte de um grupo de manifestantes detido entre sábado e domingo em Rangum.

“O facto de Tatmadaw [Exército] não ver nada de errado em partilhar numa televisão nacional fotografias de detidos maltratados é prova da sua crueldade e de décadas de impunidade”, disse a Network for Human Rights Documentation, a rede de organizações que investiga as violações dos direitos humanos em Myanmar desde 2014.

Pelo menos 737 pessoas morreram durante a repressão policial e militar contra os protestos contra o golpe de Estado de 01 de fevereiro, de acordo com números corroborados pela AAPP, que adverte que o número real pode ser mais elevado.

A associação também contou 3.229 pessoas detidas na sequência da revolta do exército, incluindo a líder deposta, Aung San Suu Kyi.

“A AAPP está preocupada com todos os detidos, mas especialmente com aqueles cujo paradeiro é desconhecido. Se a comunidade internacional não agir, as torturas e as mortes continuarão”, disse a associação independente, que já denunciou anteriormente outras torturas cometidas pelas forças de segurança.

Apesar da intimidação e violência exercida pelas autoridades golpistas, as manifestações continuam por todo o país.

Os manifestantes apelam aos militares para que restaurem a democracia, respeitem os resultados das eleições de novembro e libertem todos os detidos.

Os militares liderados pelo general Min Aung Hlaing Min Aung Hlaing justificam o golpe com uma alegada fraude eleitoral, depois de o partido de Suu Kyi ter vencido confortavelmente a votação, como já o tinha feito em 2015, validada por observadores internacionais.

19 Abr 2021

Clima | Xi Jinping contra projecto de taxa de carbono da UE

O Presidente chinês, Xi Jinping, criticou sexta-feira perante Emmanuel Macron e Angela Merkel as “barreiras comerciais” criadas em nome das alterações climáticas, numa altura em que uma taxa de carbono está a ser estudada pela União Europeia.

O chefe de Estado chinês, o seu homólogo francês e a chanceler alemã abordaram sexta-feira por videoconferência as alterações climáticas e a saúde, em preparação de várias reuniões internacionais importantes sobre estas questões.

A primeira será a cimeira virtual sobre o clima prevista para 22 e 23 de Abril, uma iniciativa do Presidente norte-americano, Joe Biden. Xi Jinping ainda não confirmou a sua participação. “A resposta às alterações climáticas é a causa comum da humanidade”, declarou o Presidente chinês aos seus interlocutores, segundo a televisão pública CCTV.

“Não deve tornar-se uma questão geopolítica, alvo de ataques de outros países ou um pretexto para criar barreiras comerciais”, adiantou.

Os eurodeputados abriram caminho em Março para uma taxa de carbono que penalizaria certas importações (electricidade, cimento, aço, alumínio, vidro, etc.) de países fora da União Europeia (UE) com regras ambientais menos rigorosas.

A Comissão Europeia proporá até Junho o seu texto antes de o submeter aos Estados membros. O mecanismo deverá entrar em vigor até 2023.

Promessas e desejos

Xi Jinping reiterou sexta-feira as grandes promessas da China sobre a questão: o primeiro emissor mundial de gás com efeito de estufa começará a reduzir as suas emissões de CO2 “antes de 2030” e atingirá até 2060 a “neutralidade carbónica”.

“A China fará o que diz e com o que fizer atingirá os seus objectivos”, comprometeu-se o Presidente chinês.
Xi apelou às economias desenvolvidas para “darem o exemplo sobre a redução de emissões” e “fornecerem apoio” financeiro e técnico aos países em desenvolvimento para fazerem face às alterações climáticas.

O Eliseu limitou-se a indicar que os dois dirigentes europeus “exprimiram as suas expectativas em relação à China de um objectivo mais ambicioso” de redução dos gases com efeito de estufa e “insistiram na necessidade” de Pequim reduzir o seu financiamento de grandes projectos com impacto carbónico negativo.

“Angela Merkel insistiu na relação económica euro-chinesa onde temos expectativas em termos de reciprocidade e de condições justas de concorrência”, referiu ainda a presidência francesa.

No que se refere ao tratamento dos uigures, grupo étnico predominantemente muçulmano, e à situação em Hong Kong, Paris assegurou que a França “pede sistematicamente à China para avançar” na questão dos direitos humanos e na ratificação da Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A videoconferência entres Xi, Merkel e Macron ocorreu numa altura em que o emissário norte-americano para a crise climática, John Kerry, visita a China.

Outras reuniões importantes em termos ambientais previstas para este ano são a COP15 biodiversidade (em Outubro na China) e a COP26 clima (em Novembro em Glasgow).

19 Abr 2021

Quem esteve nas Filipinas, Índia e Paquistão tem de cumprir 28 dias de quarentena

Desde a meia-noite de hoje, o período de quarentena para quem entra em Macau depois de ter estado nas Filipinas, Índia e Paquistão passa para 28 dias. A informação avançada ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus conclui que após o período de quarentena “estes indivíduos não necessitam de ser submetidos a autogestão de saúde por um período adicional de 7 dias”.

As autoridades justificam o aumento do período de observação médica com “a evolução epidemiológica mais actualizada”. A Lusa noticiou que a Índia registou ontem um novo recorde diário de infecções e de mortes, com 261.500 novos casos e 1.501 óbitos, e os estados mais afectados alertam para a pressão do sistema de saúde que poderá entrar em colapso.

19 Abr 2021

Covid-19 | Vacina da BioNTech pode requerer terceira dose e reforço anual

Quem tomou a vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 vai “provavelmente” necessitar de uma terceira dose, bem como uma dose anual, avançou o CEO da farmacêutica norte-americana, que justificou a necessidade de reforço com as novas variantes do vírus

 

Afinal de contas, a vacina da Pfizer/BioNTech pode necessitar de doses adicionais para garantir protecção contra a covid-19, foi o que admitiu Albert Bourla, CEO da farmacêutica que produziu a vacina, em entrevista ao canal norte-americano CNBC.

“Um cenário provável é de que precisaremos de uma terceira dose da vacina, algures entre os seis e os doze meses após a primeira toma e, daí em diante, de uma revacinação anual”, disse Alberto Bourla à CNBC.

O responsável afirmou ainda que a hipótese carece de verificação. “Tudo isto ainda tem de ser confirmado, mas as variantes da covid-19 vão desempenhar um papel-chave” no processo. Para já, Bourla frisou a extrema importância de proteger os que são mais vulneráveis ao vírus, em particular às variantes com maior capacidade de contágio.

Outro aspecto que aponta para a necessidade de reforço de inoculação é a falta de dados científicos que indiquem com clareza por quanto tempo uma pessoa vacinada fica protegida contra o vírus.

No início do mês, a Pfizer emitiu um comunicado a referir que a sua vacina tem uma eficácia superior a 91 por cento na protecção contra a covid-19 até seis meses após a administração da segunda dose. O estudo da farmacêutica norte-americana teve como base a inoculação de mais de 12 mil participantes, ainda assim, a equipa de investigadores apontou a necessidade de mais estudos para testar a eficácia da vacina seis meses depois da vacinação.

Variante sul-africana

Apesar de ainda não haver certezas quanto à possibilidade de a vacina contra a covid-19 se tornar uma realidade anual, à semelhança da vacinação contra a gripe, vários países e regiões preparam-se para administrar o reforço da vacina no final deste ano. A Agência Europeia do Medicamento é uma das entidades internacionais a ponderar a hipótese da terceira toma.

Uma das preocupações é saber como as vacinas respondem à B.1.351, a variante do novo tipo de coronavírus identificado pela primeira vez na África do Sul. Também aqui a falta de dados científicos é algo a colmatar, com estudos científicos a sugerir que as vacinas da Pfizer, Moderna, Johnson & Johnson, e AstraZeneca são todas menos eficazes contra a variante sul-africana, no entanto, estes estudos apenas incidiram sobre a protecção imunológica de anti-corpos.

Numa entrevista conjunta ao Corriere della Sera, ao El Mundo, ao Les Echos e Handelsblatt, Albert Bourla deixou uma mensagem de esperança, estimando que o hipotético regresso à “quase” normalidade esteja para breve. O CEO da farmacêutica norte-americana indicou que “no Outono” isso pode acontecer, e deu o exemplo de Israel, onde o processo de vacinação segue a um ritmo elevado, com o país a recuperar aos poucos a normalidade.

19 Abr 2021

AL | Sulu Sou quer que Governo ouça deputados antes de apresentar políticas

Sulu Sou quer saber se o Governo está disponível para adoptar uma postura mais pró-activa no sentido de ouvir as opiniões dos deputados da Assembleia Legislativa (AL), antes da apresentação de novas políticas. A questão foi colocada numa interpelação escrita, divulgada na sexta-feira, em que o legislador se queixa que o Governo consulta os deputados ao mesmo tempo que recolhe opiniões da população.

De acordo com Sulu Sou, uma atitude mais pró-activa do Governo a ouvir os deputados poderia evitar casos com a forte contestação aos cupões de consumo por meios de pagamento electrónicos. Por isso, o membro da Novo Macau pergunta: “No futuro, quando lançar políticas ou consultas públicas será que o Governo vais ser mais consistente, pró-activo e consultar antecipadamente a AL, de forma melhorar tanto quanto possível as propostas ou textos de consulta?”, questiona.

Entre os exemplos de documentos, Sulu Sou menciona ainda a Política de Juventude para os anos 2021-2030, o projecto para classe sanduíche e as várias medidas de apoio económico contra os impactos da pandemia.

Na mesma interpelação, o democrata sugere ao Governo que crie uma plataforma de comunicação entre os diferentes departamentos e os deputados, à semelhança do que existe para os órgãos de comunicação. “Gostava de saber se o Executivo vai coordenar com os diferentes departamentos e criar um mecanismo especial de contactos para deputados, mais directo e eficiente, que funcione nos dois sentidos, e assim evitar as burocracias actuais?”, pergunta.

19 Abr 2021

Protestos na Coreia do Sul contra descarga de águas de Fukushima pelo Japão

O plano do Governo japonês para despejar gradualmente no mar águas tratadas, mas ainda radioactivas, da central nuclear destruída de Fukushima, está a gerar uma onda de protestos na Coreia do Sul.

A capital sul-coreana, Seul, foi hoje palco de diversas manifestações de rua, nomeadamente de grupos ligados ao meio ambiente e às pescas, que se concentraram em frente à embaixada japonesa, e ainda de uma coligação de 25 associações laborais e cívicas, a Ação do Povo de Seul, que criticaram também os Estados Unidos, por darem apoio ao plano japonês.

“A decisão (da descarga de águas de Fukushima) foi tomada apenas três dias antes da cimeira Estados Unidos-Japão. Portanto, pode-se especular que houve uma discussão antecipada entre os dois lados e que os Estados Unidos estão a apoiar o Japão em benefício próprio”, afirmou o grupo, citado pela agência sul-coreana Yonhap.

A Federação da Liberdade da Coreia, uma organização pública conservadora, juntou-se às críticas ao Japão ao realizar um protesto online, com a participação de diretores de capítulos regionais, apelando ao Japão para que reveja a decisão anunciada esta semana.

A descarga de águas contaminadas pelo Japão, alertou a federação, poluirá irreversivelmente o oceano e colocará um fardo fatal nas gerações futuras.

Tomada ao fim de sete anos de discussão sobre o destino a dar às águas usadas para arrefecer combustível da central nuclear, a decisão japonesa motivou protestos da China, Coreia do Sul, Taiwan, e também de associações japonesas, ambientalistas e ligadas às pescas.

Também o Ministério das Relações Exteriores sul-coreano convocou esta semana o embaixador japonês, Koichi Aiboshi, para um protesto formal, depois de Koo Yun Cheol, ministro da Coordenação de Políticas Governamentais, afirmar que Seul “se opõe firmemente” à decisão japonesa.

Na quinta-feira, a China convocou o embaixador do Japão em Pequim para protestar formalmente contra a decisão.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citado pela agência Kyodo, o ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros, Wu Jianghao, expressou ao embaixador japonês, Hideo Tarumi, a “forte insatisfação e oposição firme” da China ao plano para as águas de Fukushima.

Na sequência do anúncio do plano pelo Governo japonês, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, exortou o Japão a não efectuar a descarga “sem permissão” de outros países e da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), das Nações Unidas (ONU).

“A China reserva-se o direito de dar novas respostas” à decisão do Japão, disse Zhao à imprensa em Pequim, na terça-feira.

Pelo contrário, os Estados Unidos mostraram concordância com o plano japonês, considerando o processo de tomada de decisão de Tóquio “transparente”.

“Agradecemos ao Japão pelos esforços transparentes na sua decisão de descartar as águas tratadas de Fukushima Daiichi”, afirmou o secretário de Estado Antony Blinken, através da rede social Twitter, apelando a coordenação contínua do Japão com a AIEA.

A Agência Internacional de Energia Atómica, das Nações Unidas, apoiou o plano do Japão para despejar gradualmente no mar águas tratadas, considerando reunidas as necessárias condições de segurança.

“Estou confiante de que o governo [japonês] continuará a interagir com todas as partes de uma forma transparente e aberta enquanto trabalha para implementar a decisão de hoje”, disse o director-geral da AIEA, Rafael Grossi, em comunicado.

Salientado que a descarga de águas está de acordo com a prática internacional e é tecnicamente viável, a organização manifesta ainda disponibilidade para dar apoio técnico na monitorização da implementação do plano.

De acordo com a AIEA, as descargas controladas de águas radioactivas no mar são usadas de forma rotineira por operadores de centrais nucleares em todo o mundo, sob autorizações regulatórias específicas com base em avaliações de impacto ambiental e de segurança.

O Governo japonês já tinha afirmado que não era possível adiar a decisão por mais tempo, dado que a capacidade de armazenagem dos tanques de água na central, que continuam a receber líquido usado para arrefecer combustível nuclear, deverá esgotar-se em 2022, 11 anos depois de a central ter sido gravemente afectada por um terramoto e tsunami.

As instalações de Fukushima Daiichi geraram toneladas de água contaminada que tiveram de ser armazenadas depois de usadas para arrefecer os núcleos parcialmente derretidos de três reactores. Desde há anos que a empresa responsável pela central, a TEPCO, utiliza um sistema para filtrar aquela água e eliminar todos os seus isótopos radioativos com exceção do trítio.

18 Abr 2021

Myanmar | Junta militar planeia libertar 23.000 presos em amnistia pelo Ano Novo budista

As autoridades militares birmanesas planeiam libertar hoje cerca de 23.000 pessoas devido a uma amnistia pelo Ano Novo Budista, embora não se saiba se esta inclui presos políticos após o golpe de Estado de 01 de fevereiro.

Do total, pelo menos 800 pessoas já foram libertadas da prisão de Insein, em Rangum, a maior cidade do país, além de outras 2.800 de cinco prisões na região de Mandalay, segundo o meio de comunicação local Eleven Myanmar.

Entre os libertados estão alguns dos seis membros do grupo de teatro satírico Peacock Generation, presos em 2019 por criticar os militares, bem como o co-fundador do Myanmar Times, Ross Dunkley, condenado em 2018 a 13 anos de prisão por posse de drogas.

As amnistias são comuns no Ano Novo budista, cuja celebração foi boicotada este ano por grande parte da população em protesto contra o golpe liderado pelo chefe da junta militar, general Min Aung Hlaing, em 01 de fevereiro.

Não há evidências de que a amnistia inclua os detidos desde o levante militar, incluindo a líder do Governo deposto e vencedora do Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

Apesar da repressão e da tortura, os birmaneses voltaram hoje para protestar nas ruas em algumas partes do país, enquanto continuam os confrontos entre o exército e os guerrilheiros da minoria étnica Kachin, no nordeste.

Desde o golpe militar de 01 de fevereiro em Myanmar (ex-Birmânia), as forças de segurança já mataram 728 civis, incluindo, pelo menos, 40 crianças, e mantêm mais de 3.100 pessoas detidas arbitrariamente, segundo dados da Associação Birmanesa de Assistência a Presos Políticos (AAPP).

A AAPP disse que pelo menos dois manifestantes foram mortos na sexta-feira, como resultado de tiros disparados pelas forças de segurança, mas estimou que o número real de mortos é provavelmente “muito maior”, já que soldados e polícias dispersaram protestos violentamente nas regiões de Mandalay e Sagaing.

A junta militar mantém uma censura rígida aos meios de comunicação e restrições à Internet, o que dificulta a divulgação de informações por jornalistas e ativistas independentes, que devem trabalhar clandestinamente.

Na sexta-feira, os opositores da junta militar formaram um “governo” paralelo de unidade nacional com 26 membros, dos quais 13 pertencem a minorias étnicas e oito são mulheres.

O Executivo da Unidade Nacional continua a ser simbolicamente presidido por Win Myint e Suu Kyi continua como Conselheira de Estado, mas a prisão de ambos desde fevereiro coloca um fardo ao governo de Mahn Win Khaing Than, recentemente nomeado primeiro-ministro.

O novo Governo foi anunciado pela Comissão de Representantes da Assembleia da União (CRPH), formada por parlamentares eleitos que foram depostos pelo golpe militar. O exército birmanês justificou o golpe com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, nas quais o partido de Suu Kyi saiu vencedor, com o aval de observadores internacionais.

18 Abr 2021

Fotojornalista Nuno André Ferreira alcança 3.º prémio no concurso World Press Photo

O fotojornalista Nuno André Ferreira, que trabalha na agência Lusa, conquistou o terceiro lugar na categoria ‘Spot News’ do prémio internacional de fotografia World Press Photo, com um trabalho sobre incêndios em Oliveira de Frades, foi ontem anunciado.

A organização do World Press Photo anunciou ontem os 45 vencedores de 28 países, seleccionados entre os finalistas em várias categorias do prémio internacional de fotografia e fotojornalismo.

A imagem de Nuno André Ferreira que esteve nomeada no concurso foi captada em setembro de 2020 e mostra, em dois planos, uma criança dentro de um carro, e ao longe o recorte das chamas num incêndio que começou em Oliveira de Frades (Viseu) e se estendeu pelos concelhos vizinhos.

Nuno André Ferreira, nascido em 1979, vive em Viseu e trabalha com a agência Lusa desde 2009, e o seu trabalho tem sido premiado, nomeadamente em 2019 quando venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia “O Nosso Presidente Marcelo”, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017.

16 Abr 2021

Obra de Paula Rego avaliada em um milhão de euros falha venda

Uma obra da pintora portuguesa Paula Rego que foi ontem a leilão em Londres, cujo valor estava estimado em cerca de um milhão de euros, acabou por não ser vendida. O quadro de pastel sobre papel pintado “The Aunt (Nada), com cerca de 1,80 por 1,20 metros, concluído em 2006, foi a leilão pela Phillips com uma estimativa de entre 800 mil libras (922 mil euros) e 1,2 milhões de libras (1,38 milhões de euros).

A obra retrata uma cena inspirada no célebre romance “Nada”, da escritora espanhola Carmen Laforet, publicado originalmente em 1945, que conta a história de uma menina órfã, Andrea, que vai viver para casa de uma tia, em Barcelona.

A obra de Paula Rego foi uma das três que não foram licitadas entre 35 lotes de Arte Contemporânea e do Século XX, enquanto outra peça foi retirada antes do início do leilão.

O quadro que alcançou o valor mais alto foi “La féconde journée”, de Jean Dubuffet , arrematado por 4.378.500 libras, incluindo prémio de venda, o que equivale a 5,044 milhões de euros, o dobro da estimativa mais alta.

No leilão realizado hoje estavam obras de artistas como Banksy, Frank Stella, Alberto Giacometti, Mark Rothko, entre outros, tendo o formato digital atraído compradores de vários países. No total, rendeu 24.828.250 libras, equivalente a cerca de 29 milhões de euros.

“O resultado geral da venda envia uma mensagem de força ao mercado. Esperamos com expectativa pelos nossos leilões de Hong Kong e Nova Iorque em junho”, disse Olivia Thornton, responsável pelo departamento de Arte Contemporânea e do Século XX da leiloeira Phillips.

Em julho de 2015, um quadro de Paula Rego no qual a pintora aludia à morte do marido, em 1988, foi arrematado num leilão em Londres por 1,6 milhões de euros, estabelecendo um recorde da artista portuguesa.

Uma outra obra da artista, “Looking Out” (1997), um pastel sobre papel em suporte de alumínio, com estimativa entre 707 mil euros e 989 mil euros, foi arrematado no mesmo leilão por uma licitação final de 1.360.941 euros.

16 Abr 2021

Presidentes dos EUA e da Coreia do Sul reúnem-se em Washington em Maio

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai reunir-se em Maio, em Washington, com o homólogo da Coreia do Sul, Moon Jae-in, anunciou a Casa Branca.

“O Presidente Biden espera receber o Presidente sul-coreano Moon na Casa Branca na segunda quinzena de maio”, disse a porta-voz governamental Jen Psaki, sublinhando que a administração norte-americana pretende reafirmar “a aliança inabalável entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul”.

Em meados de Março, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, deslocaram-se a Seul para reafirmar o compromisso conjunto face à Coreia do Norte e às crescentes ambições de Pequim.

A reunião de Biden com Moon segue-se também à reunião tripartida realizada em Abril em Annapolis, no Estado do Maryland, entre os conselheiros de segurança nacional dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.

A nova Presidência norte-americana está empenhada em solidificar os laços dos Estados Unidos com seus parceiros tradicionais na Ásia, num momento em que a China continua a exibir pretensões hegemónicas na região. O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, será o primeiro líder estrangeiro a ser recebido pessoalmente pelo presidente democrata na Casa Branca, mas já sexta-feira.

16 Abr 2021

UE/Presidência | “Dilema” da China pende sobre relação Europa-Ásia, diz investigador

A relação entre a União Europeia (UE) e a Ásia enfrenta o “dilema enorme” do peso da China no continente, que a Europa deve procurar “reequilibrar” buscando parceiros regionais diversos, sustenta o investigador Constantino Xavier.

“Todos os países enfrentam um dilema enorme em relação à China”, que tem sido vista como “rival e competidor” por Estados Unidos e União Europeia, realça o académico português de origem goesa, em declarações à Lusa, a partir de Nova Deli, na véspera de ser orador na conferência internacional “UE-Ásia: desafios e futuro”, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal.

Investigador no Centro para o Progresso Social e Económico de Nova Deli, Constantino Xavier considera que o atual “momento de transição e até de turbulência” é motivado pelo “crescimento enorme da China, que aparece claramente como o segundo polo de concentração de poder, para além dos Estados Unidos”, que, por seu lado, revelaram um “desinteresse pelas questões da Ásia” nos últimos anos.

É neste contexto que a União Europeia está a “repensar a Ásia” e a desenhar uma política comum que “não seja dependente da posição americana” – situa o doutorado pela universidade americana Johns Hopkins – e, ao mesmo tempo, não seja uma abordagem “tradicional”, apenas fazendo “os negócios de sempre com a China”.

Antecipando uma “UE, a longo termo, menos dependente dos EUA e, ao mesmo tempo, mais próxima à China”, Constantino Xavier frisa que a questão está em definir qual a natureza dessa proximidade e quão próxima será essa relação.

Recordando os “vários anos de aproximação à China por parte da UE”, com destaque para a assinatura do acordo de investimento no ano passado, Constantino Xavier alerta que “não serve os propósitos, os valores e a estratégia de desenvolvimento, de crescimento da UE, a longo termo, depender excessivamente da China”.

Para que tal não aconteça, a UE deve “procurar um grupo de parceiros mais diversificado”, buscando “outras potências para equilibrar” essa relação, como o Japão, a Índia e os Estados do Sudeste asiático.

“A Índia assume um papel pivô, porque é o segundo maior país na Ásia, com capacidades económicas e militares, que se oferece como uma alternativa à China”, reflete o investigador, que tem estudado sobretudo a política externa indiana e a relação com os países vizinhos.

Porém, sublinha, a relação UE-Ásia não pode ser reduzida “a um jogo de equilíbrio entre China e Índia”, porque o desafio é “encontrar uma Ásia mais multipolar”.

Além disso, aponta, também os países asiáticos enfrentam o mesmo “dilema” e “querem uma Europa muito mais ativa e muito mais presente na Ásia”, porque “estão muitas vezes excessivamente dependentes da China e de políticas coercivas chinesas” e “procuram parceiros alternativos”.

Os países do Indo-Pacífico estão no meio da “tempestade sino-americana” e, nesse contexto, “a Europa, a Índia e o Japão, em particular, têm um papel importante, como médias potências, para oferecer alternativas a estes países mais pequenos, que não se querem ver prisioneiros de uma rivalidade China-Estados Unidos”.

Ora, acontece que a UE não tem ainda uma política comum para a região. Ao contrário, “dentro da Europa, há vários grupos que dão prioridade diferente a este reequilíbrio para o Indo-Pacífico”, reflete.

Se “França e Alemanha estão a liderar o esforço” de conseguir “uma estratégia europeia”, há países “mais relutantes, seja porque dependem mais da China ou porque têm tido outras prioridades diplomáticas” e há mesmo “países hostis, especialmente na Europa de Leste e Central, que dependem profundamente da China” e cujas diplomacias já não conseguem fazem uma “leitura objetiva” da realidade, como é o caso de Hungria ou Grécia.

Portugal – observa – está a desempenhar “um papel pioneiro” no sentido de fazer valer que “é do interesse da UE ter reequílibrio na política para a Ásia”.

A cimeira de alto nível entre a União Europeia e a Índia, prevista para 8 de maio, no Porto, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE, é exemplo de que Portugal está a “liderar”, ao “facilitar a convergência União Europeia-Índia”. Este protagonismo “não é uma coincidência”, nem deve deixar ninguém surpreso. “Isto é um campeonato de todos”, constata.

“É justamente para os países mais pequenos que é de importância elementar encontrar uma ordem mundial que não os sufoque, em termos de pressões divergentes entre grandes potências”, assinala. “Os momentos de desequilíbrio, competição, rivalidade sistémica vitimizam primeiro os países pequenos, que perdem a sua autonomia, independência política, estratégia de segurança”, exemplifica.

A conferência “UE-Ásia: desafios e futuro”, uma iniciativa do Fórum Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian, vai juntar, ‘online’, vários especialistas durante toda a manhã de sexta-feira.

Antecipando a cimeira UE-Índia, a conferência, que será encerrada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, “pretende contribuir para o processo de análise e formulação da política externa da União Europeia nas suas relações com a Ásia em geral – e com a Índia em particular”.

16 Abr 2021

Comunidades | Novo conselheiro diz que portugueses sofrem com restrições às viagens

O novo conselheiro das Comunidades Portuguesas em Macau, Gilberto Camacho, disse ontem à Lusa que a pandemia está a deixar muitos portugueses com saudades de casa, por causa das restrições às viagens, havendo quem pondere regressar a Portugal.

O conselheiro explicou que desde que a pandemia de covid-19 chegou ao território, no final de Janeiro de 2020, as viagens a Portugal estão condicionadas, já que o regresso a Macau, que impôs fortes restrições fronteiriças para combater a propagação do vírus, obriga “a fazer uma quarentena de três semanas” e “nem sempre há voos”.

Quem sai e não consegue voltar ao território arrisca-se a “perder o emprego”, apontou, uma situação que fez com que muitos portugueses não pudessem regressar a Portugal desde o início da pandemia, há mais de um ano.

“É muito complicado ficar tanto tempo sem ver a família. Há pessoas que têm os pais com alguma idade, como é o meu caso, ou têm familiares doentes, e gostavam de voltar a vê-los”, disse Gilberto Camacho, que substituiu José Pereira Coutinho no Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), após este ter renunciado ao mandato, em 2 de Fevereiro.

O engenheiro informático nascido em Macau, que estudou na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e regressou ao território em 2012, apelou, no entanto, à calma dos portugueses que ali vivem.

“É preciso serem realistas e saberem que em Portugal as coisas não estão famosas. Se já não estavam famosas, agora menos estão, [porque] as pessoas vivem confinadas”, apontou, contrastando a situação portuguesa com a que se vive no território, considerado um dos locais dos mais seguros do mundo em relação à pandemia.

“Temos de manter a calma, porque Macau é provavelmente o melhor sítio para estar no mundo, porque não existe nenhum caso [local] de covid-19 há mais de um ano”, apontou.

Gilberto Camacho foi eleito suplente nas últimas eleições para o CCP, em 2015, tendo substituído José Pereira Coutinho após a renúncia deste ao mandato se tornar efectiva, em 3 de Fevereiro.

16 Abr 2021

Diplomacia | Presidente chinês recebe credenciais de 29 embaixadores

O Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu na quarta-feira as credenciais dos novos embaixadores de 29 países na China, no Grande Salão do Povo, em Beijing. Os embaixadores são do Afeganistão, Grécia, Bósnia e Herzegovina, Madagascar, Itália, Timor-Leste, Micronésia, Sudão, Maurício, Nepal, Paquistão, Moldávia, Dinamarca, Bélgica, Omã, Gâmbia, Tajiquistão, Reino Unido, Venezuela, Japão, África do Sul, Sri Lanka, Bielo-Rússia, Irlanda, Israel, Guiné-Bissau, República Popular Democrática da Coreia, Iraque e Argentina.

O novo coordenador residente da ONU na China, Siddharth Chatterjee, também apresentou suas credenciais.
Xi pediu aos embaixadores que transmitissem as suas saudações aos chefes de Estado dos respectivos países e elogiou a cooperação amigável entre o povo chinês e o povo de seus países na luta contra a Covid-19 durante o ano passado.

A China seguirá uma nova filosofia de desenvolvimento e promoverá um novo paradigma de desenvolvimento, disse o Presidente chinês, acrescentando que o desenvolvimento da China irá beneficiar a comunidade internacional.

A nova filosofia de desenvolvimento apresenta um desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e partilhado. O País decidiu também fomentar um novo paradigma de desenvolvimento de “dupla circulação”, em que os mercados interno e externo se complementam.

Passado e futuro

Xi Jinping salientou ainda que este ano se assinala o 50.º aniversário da restauração dos direitos legítimos da China nas Nações Unidas e o 20.º aniversário da adesão da China à Organização Mundial do Comércio e que China está disposta a fazer esforços conjuntos de seus países para defender firmemente o multilateralismo e salvaguardar o sistema internacional com a ONU no centro e a ordem internacional baseada nas leis internacionais.

O líder chinês expressou ainda confiança de que no próximo ano Pequim sediará os Jogos Olímpicos de Inverno sob os princípios orientadores de “simplicidade, segurança e excelência”, superando os impactos causados pela Covid-19. “O povo chinês valoriza sempre a amizade e ama a paz, e está disposto a aprofundar a amizade, fortalecer a confiança mútua e expandir a cooperação com as pessoas nos seus países com base na igualdade e no benefício mútuo”, disse Xi, deixando o apelo à aposta na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota.”

16 Abr 2021

CCM | Concerto “Esboços da China” sobe ao palco a 30 de Junho 

O Centro Cultural de Macau (CCM) recebe, a 30 de Junho, o concerto da guitarrista e “pioneira musical” Yang Xuefei, com o nome “Esboços da China”. A artista far-se-á acompanhar em palco pela mestre do erhu Lu Yiwen e pela jovem tocadora de pipa Sun Ying, levando o público de volta à dinastia Han e à era moderna com interpretações de temas do folclore chinês e composições latinas.

O programa do concerto inclui composições como “Nuvens de Prata Perseguindo a Lua” e “Três Variações de Cerejeiras em Flor”, levando o público a viajar pelas texturas de inspiração flamenca, incluindo trabalhos de Paco Peña e Juan Martín.

Yang Xuefei nasceu em Pequim e com apenas dez anos tornou-se conhecida do grande público no Festival Internacional de Guitarra. Ainda muito jovem deu o seu primeiro recital e concerto no Centro Nacional de Artes Performativas de Pequim.

Mais tarde, Xuefei tornar-se-ia numa das poucas guitarristas clássicas a assinar pelas grandes editoras internacionais. Além do concerto, o CCM acolhe também uma tertúlia pré-espectáculo apenas em chinês, com entrada livre. A sessão terá lugar na Sala de Conferências do CCM, uma hora antes do início do concerto. O orador vai partilhar pormenores sobre o percurso e repertório de Xuefei, fazendo uma introdução a diversas culturas e épocas musicais. Os bilhetes para o concerto estão à venda a partir deste domingo, dia 18.

16 Abr 2021

Tóquio 2020 | Cancelamento “é uma opção”, diz secretário-geral do partido do governo

O secretário-geral do partido do governo do Japão, Toshiro Nikai, afirmou hoje que o cancelamento dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 “é uma opção” de “último recurso”, caso a situação pandémica no arquipélago continue a agravar-se.

“Teremos que cancelar [os Jogos] sem hesitação se não for mais possível organizá-los”, disse Toshihiro Nikai, o secretário-geral do Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro Yoshihide Suga, em entrevista ao canal de televisão TBS.

Toshihiro Nikai realçou que os Jogos, previstos para decorrer de 23 de Julho a 8 de Agosto, são “uma grande oportunidade para o Japão”, destacando para o seu sucesso a presença de público, e admitiu que “ainda há muitos problemas a resolver”.

Questionado sobre a possibilidade de os Jogos serem cancelados se as infecções por coronavírus continuarem a aumentar no Japão, Toshihiro Nikai respondeu que “seria inevitável tomar uma decisão de acordo com a situação que surgir” antes do início do evento.

“Se chegar a hora em que nada mais puder ser feito [em termos de medidas para conter o vírus], devem ser cancelados”, disse Toshihiro Nikai, defendendo que a realização do evento não poderá servir para a propagação da pandemia.

A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, interpretou os comentários de Toshihiro Nikai como “uma opção”, “nada mais”, e considerou-os como uma forte mensagem de incentivo para que os japoneses contenham o coronavírus por todos os meios.

Em reação à entrevista de Toshihiro Nikai à TBS, replicada pelos órgãos de comunicação locais, um responsável anónimo do PLD, citado pela agência de notícias japonesa Jiji Press, afirmou que os “Jogos não serão cancelados”.

Por sua vez, o ministro responsável pela campanha de vacinação, Taro Kono, citado pelo jornal Asahi, levantou a possibilidade de proibir totalmente o acesso de espetadores aos Jogos, que já só era permitido para japoneses e residentes no arquipélago.

A 99 dias da abertura dos Jogos, e tendo em conta os números de quarta-feira, o Japão ultrapassou, pela primeira vez, as 4.000 infeções diárias desde o final de janeiro, evolução que os médicos do país começaram a qualificar como quarta vaga.

15 Abr 2021

Covid-19 | Impasse sobre funeral em Timor-Leste resolvido ao quarto dia

O funeral de um homem que morreu na segunda-feira em Timor-Leste com covid-19 realizou-se hoje num cemitério de Díli depois de resolvido o impasse que suscitou um protesto do ex-Presidente Xanana Gusmão. Ao início da tarde de hoje, e mais de 80 horas depois do início do protesto, o caixão com o corpo do homem de 46 anos saiu do centro de isolamento de Vera Cruz, após ter sido preparado por equipas de saúde.

Familiares da vítima, que pediram a intervenção de Xanana Gusmão para poder realizar o funeral em Díli, em vez de ser no cemitério que o Governo pretendia, fora da cidade, entraram no centro para presenciar os preparativos finais.

A solução surgiu depois de um longo impasse com confusão sobre a competência para a decisão final, que acabou por permitir ceder a algumas das vontades da família, mantendo ainda assim o protocolo de saúde.

Aluk Miranda, número dois da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), que se deslocou hoje com outros responsáveis da instituição a Vera Cruz, explicou à Lusa que a solução resultou de uma adaptação dos protocolos em curso.

“Havia algumas lacunas, algumas medidas cuja implementação não estava adequada, especialmente no plano operacional. Mas a estratégia política de combate ao vírus continua igual”, explicou à Lusa no momento em que o carro funerário saía de Vera Cruz.

“O corpo foi preparado com as precauções devidas e os procedimentos do funeral seguem as normas ou regras protocolarmente estabelecidas pela OMS. O corpo vai já diretamente para [o cemitério] de Manleuana”, considerou.

Aluk Miranda disse que nestes processos “há sempre uma oportunidade para corrigir” procedimentos, e que é com as falhas que “se vai corrigindo”.

Momentos antes da conclusão do impasse, e depois de se reunir com o Presidente da República, Francisco Guterres Lú-Olo, o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, responsável máximo do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), explicou aos jornalistas que deu instruções para se falar com a família.

“Hoje dei instruções à Sala de Situação para começar a falar com a família para resolver o caso do senhor. Naturalmente o problema tem que ter em conta o protocolo de saúde”, disse.

“Houve muita especulação de que a decisão do protocolo é uma decisão do Governo. Isso não é assim. O protocolo é estabelecido por médicos, pela saúde e não por decisão do Governo”, frisou.

Destacando que a prioridade máxima é a saúde pública e que os protocolos devem ser cumpridos, pediu desculpa à família da vítima e “compreensão” para os esforços do Governo no combate à covid-19.

Xanana Gusmão, por seu lado, agradeceu à equipa do CIGC pelo esforço em resolver a situação, afirmando que a sua ação de protesto não visou contestar o Governo mas representou apenas uma “ação cívica”.

“Esta minha ação não foi contra o Governo. Foi uma ação cívica”, disse, explicando que continuará a actuar para sensibilizar a população para os riscos da covid-19.

O ex-Presidente da República juntou-se depois a longa comitiva fúnebre que se dirigiu ao cemitério e que foi recebida por vivas em vários pontos da cidade de Díli.

O caso dominou as atenções mediáticas em Timor-Leste desde segunda-feira com horas de transmissões em direto de Vera Cruz nas redes sociais e amplos debates, parte de apoio e parte de crítica à ação de Xanana Gusmão.

15 Abr 2021

Myanmar | Exército termina protesto de pessoal médico com tiros

As forças de segurança de Myanmar dispararam tiros hoje numa manifestação de pessoal médico na cidade de Mandalay e detiveram cerca de 20 pessoas num novo dia de protestos contra a junta militar, noticiaram os meios de comunicação locais.

Segundo o portal Mizzima News, dezenas de trabalhadores da saúde reuniram-se em Mandalay, a segunda cidade do país, para protestar contra a junta militar, mas as forças de segurança dispersaram, abrindo fogo e ferindo várias pessoas. Também o portal Khit Thit Media indicou que 20 dos manifestantes foram detidos.

Desconhece-se ainda o número de possíveis mortos ou números exatos sobre feridos, num contexto de opacidade de informação, devido aos cortes diários do sinal da Internet e às dificuldades dos poucos meios digitais independentes que ainda estão ativos.

Myanmar celebra o Ano Novo Budista desde terça-feira, mas as celebrações tradicionais foram suspensas em muitos lugares e os protestos em diferentes partes do país estão a encher as ruas.

A brutalidade das forças de segurança provocou severas críticas e sanções por parte da União Europeia e de países como os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá, embora a comunidade internacional não tenha conseguido chegar a acordo sobre ações comuns, tais como um embargo de armas.

Segundo dados da Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP), pelo menos 714 pessoas morreram devido à repressão militar, enquanto mais de 3.000 pessoas foram detidas, incluindo a líder governamental deposta e Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

O exército birmanês justificou o golpe de Estado com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro passado, em que o partido da ex-líder civil Aung San Suu Kyi, de 75 anos, venceu, e que foram consideradas legítimas pelos observadores internacionais. Prémio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi, que chefiava de facto o Governo birmanês e foi afastada do poder, está em prisão domiciliária em Naypyidaw desde o golpe militar.

15 Abr 2021

Covid-19 | Fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro expõe no Brasil

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há mais de 10 anos, é um dos autores escolhidos para fazer parte da exposição “Olhares Sobre a Pandemia” que acaba de abrir na Mosaico Fotogaleria em Vitória, estado do Espírito Santo, no Brasil. São 20 os autores escolhidos para a mostra e Gonçalo Lobo Pinheiro é o único português que participa.

“Estou muito satisfeito por ter uma fotografia presente nesta exposição no Brasil. A convocatória foi muito forte. Alguns dos nomes fortes da fotografia do Brasil participaram, por isso estou muito feliz. Consegui ter duas fotografias nos 76 finalistas e agora uma na escolha final. Trata-se de uma imagem que fiz para uma reportagem publicada do jornal Ponto Final, assinado pela jornalista Catarina Domingues. Obrigado ao júri e à Mosaico Fotogaleria”, afirmou Gonçalo Lobo Pinheiro, citado por um comunicado.

A Mosaico Fotogaleria quis dar destaque a trabalhos produzidos por vários fotógrafos durante o período da pandemia da covid-19, dado o Impacto mundial que está a ter. “Desde o início da pandemia observamos uma grande difusão de imagens produzidas por diversos fotógrafos que abordavam esse momento histórico de maneiras bem particulares. Isso nos fez pensar em uma forma de criar um recorte dessa realidade por meio de uma coleção diversa e ao mesmo tempo um documento de uma época. Foi assim que surgiu a ideia da convocatória”, explicou Gabriel Lordello, sócio da Mosaico Fotogaleria.

“Além da exposição, a galeria planeia outros projectos para essas 304 fotografias recebidas pela convocatória, como a produção de um audiovisual, um livro, entre outras possibilidades que ainda estão sendo estudadas”, acrescentou o fotógrafo Tadeu Bianconi, também sócio da Mosaico Fotogaleria.

15 Abr 2021

Estudo diz que media não perderam importância e procura de notícias é alta

Os meios de comunicação não perderam a sua importância para os cidadãos e a procura por notícias continua elevada, segundo uma análise do “Media for Democracy Monitor (MDM) 2021” hoje divulgada.

“Apesar das plataformas digitais e de toda a espécie de crises, os meios de comunicação noticiosos não perderam a sua importância para os cidadãos e a procura de notícias continua alta. Os principais média continuam a servir bem as democracias contemporâneas”, indicou, em comunicado, o MDM.

De acordo com o estudo, os meios de comunicação lidaram “razoavelmente” com o digital e encontraram forma de manter um “bom nível” de desempenho, apesar dos desafios económicos, políticos e tecnológicos.

Entre os três indicadores do projeto com maior pontuação está o que se refere à auto-perceção dos jornalistas como vigilantes dos poderes (‘watchdog’). Por outro lado, os jornalistas “identificam-se muito” com a sua missão de repórteres de investigação, função destacada na maioria dos estatutos editoriais, embora existam algumas limitações em termos de recursos.

Nenhum dos 18 países envolvidos no projecto reconheceu a existência de uma “efectiva paridade de género” e dois países afirmaram que esta, bem como as regras básicas da não discriminação, “não são minimamente respeitadas”.

Além disso, “a igualdade de género no interior das redações ainda é um problema em grande parte dos casos”, concluiu o estudo, sublinhando que, em média, foram atingidos 59% de todos os pontos possíveis neste indicador.

A Suécia é o único país participante que pode ser considerado, neste âmbito, “um modelo a seguir pelos demais”, o que significa “um claro e inequívoco apelo” para que os média revejam as suas práticas internas.

O projecto revelou ainda que o “alto nível” de concentração da propriedade dos média poderá desafiar “de modo crítico” a diversidade informativa. Neste sentido, nenhum país indicou ter níveis de concentração muito baixos e, em quase todos, “a concorrência parece ser fraca, com um reduzido número de grupos controlando todo o mercado mediático”. O processo de digitalização, ao contrário do que as empresas perspectivaram, não contribuiu para equilibrar os níveis de concentração da propriedade tanto ao nível regional, como local.

O projecto “Media for Democracy Monitor 2021” foi desenvolvido por especialistas em comunicação de 18 países e coordenado pela Universidade de Salzburgo.

Para a realização desta análise, os investigadores aplicaram um conjunto de três dezenas de indicadores comuns a cada país. Adicionalmente, foram realizadas entrevistas a jornalistas e a directores de órgãos de comunicação social, “de modo a constituírem uma amostra representativa dos meios mais relevantes de cada país”.

Num seminário, os investigadores discutiram os indicadores e atribuíram pontos a cada um, dando origem a quatro ‘clusters’ de escalões. No primeiro escalão (80% do máximo de pontos possível) encontram-se a Dinamarca, Suécia e Reino Unido, enquanto no segundo (70%) estão a Alemanha, Canadá, Finlândia e Países Baixos. O terceiro escalão (60%), por seu turno, integra a Áustria, Bélgica, Coreia do Sul, Islândia, Itália, Portugal e Suíça, enquanto no quarto (50%) e último escalão encontram-se a Austrália, Chile, Hong-Kong e Grécia.

15 Abr 2021

Taiwan | Pequim endurece discurso face a visita de comitiva dos EUA

A China alertou ontem que está determinada a usar a força para impedir que Taiwan se aproxime dos Estados Unidos, numa altura em que antigos funcionários do Governo norte-americano visitam a ilha.

Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, do Conselho de Estado chinês, avisou que os recentes exercícios militares junto a Taiwan foram um aviso a Taipé, de que aproximar-se dos EUA para conseguir a independência será um fracasso.

“Os exercícios militares visam assinalar que estamos determinados a impedir a independência de Taiwan e impedir que Taiwan trabalhe com os EUA”, disse Ma, em conferência de imprensa.
“Não prometemos abandonar o uso da força e manteremos a opção de tomar todas as medidas necessárias”, avisou.

O aviso de Ma surge quando o antigo senador norte-americano Chris Dodd e os antigos vice-secretários de estado Richard Armitage e James Steinberg viajaram para Taiwan, a pedido do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A Casa Branca disse que a visita foi um “sinal pessoal” do compromisso de Biden com Taiwan.

15 Abr 2021

Economia | Li Keqiang dá as boas-vindas a empresas americanas e apela à cooperação

O primeiro-ministro chinês falou, através de vídeo-conferência, na terça-feira, com cerca de vinte empresários e responsáveis norte-americanos. Li Keqiang apelou a que ambas as partes abandonassem o clima de confrontação e promovessem a cooperação económica que só trará benefícios a todos

 

Durante um diálogo virtual com líderes empresariais dos EUA esta terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu aos EUA e à China que evitassem o confronto e expandissem a cooperação pragmática, alertando que a “dissociação” apenas prejudicará ambas as partes e o mundo.

Durante a reunião com executivos de mais de 20 empresas americanas, incluindo o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, Li enfatizou que a cooperação China-EUA beneficia ambos, enquanto que o confronto prejudica todos, de acordo com um comunicado publicado no site do governo chinês.

A reunião decorreu num momento em que as relações bilaterais China-EUA continuam a enfrentar turbulência sob o governo do Presidente americano, Joe Biden, que está a dar continuidade à estratégia dos EUA para conter a ascensão da China. No entanto, apesar da relação diplomática tensa, o comércio bilateral continuou a aumentar.

Na reunião, Li destacou que o aumento do comércio bilateral em 2020 contra muitas dificuldades, demonstrou que existem condições e oportunidades para a cooperação comercial, a qual é necessária para ambas as partes.

Promessas e números

No primeiro trimestre de 2021, o comércio bilateral China-EUA aumentou 61,3 por cento em termos anuais – o ritmo de crescimento mais rápido no comércio da China com os principais parceiros comerciais – de acordo com dados oficiais chineses divulgados na terça-feira.

Li disse que a China e os EUA devem procurar pontos de convergência para promover a cooperação e salvaguardar a segurança das cadeias industriais e de abastecimento.

O primeiro-ministro chinês assegurou ainda que a China continuará a abrir o seu mercado e a fazer do país um importante destino de investimento estrangeiro.

A China criará um ambiente de mercado no qual as empresas nacionais e estrangeiras serão tratadas de modo igualitário e competirão de forma justa, disse Li, acrescentando que as empresas dos Estados Unidos e de todo o mundo são bem-vindas a participar activamente do processo de reforma, abertura e modernização da China, com vista a alcançar benefícios mútuos.

Os líderes empresariais dos EUA pediram também que se envidassem esforços para evitar o confronto e restabelecer o relacionamento China-EUA, segundo o comunicado.

15 Abr 2021

Turismo | Índice de preços caem 15,16% no primeiro trimestre 

O Índice de Preços Turísticos (IPT) foi de 115,78 no primeiro trimestre de 2021, menos 15,16 por cento em termos anuais. A tendência explica-se com a descida dos preços dos quartos de hotel, produtos de pastelaria e bilhetes de avião. No entanto, “o crescimento dos preços da joalharia compensou parte do decréscimo”, aponta um comunicado do Governo.

Os dados mostram ainda que o índice de preços no alojamento baixou 55,09 por cento em termos anuais, enquanto que o índice relativo aos transportes e comunicações baixou 11,23 por cento. Por comparação ao quarto trimestre do ano passado, o IPT baixou apenas 2,05 por cento, sendo que os índices de preços das secções alojamento, bem como vestuário e calçado baixaram 14,89 e 5,72 por cento, respectivamente, em termos trimestrais, devido à queda dos preços dos quartos de hotéis e aos saldos do vestuário de Inverno.

Por seu turno, os índices de preços das secções divertimento e actividades culturais e restauração aumentaram.

15 Abr 2021

Francisco Ribeiro Telles: Comissão para promover português é exemplo “inspirador” para actuação da CPLP

O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse ontem que a comissão temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, com a participação da sociedade civil, é um exemplo “inspirador” para novas formas de actuação da organização.

“Com a criação da comissão temática de Promoção da Língua Portuguesa, em 2013, a CPLP viu concretizar-se o desidrato de novos atores institucionais colaborantes na prossecução de um dos seus objetivos fundacionais e comunitariamente primordiais, a promoção e difusão da língua portuguesa”, começou por referir o embaixador Francisco Ribeiro Telles, na sua intervenção na abertura de um ciclo de debates sob o tema “Promoção e difusão da língua portuguesa: Estratégias globais e políticas nacionais”, que ontem decorreu na sede daquela organização, em Lisboa.

E, no seu entender, o papel que esta comissão tem vindo a desempenhar é “merecedor de um justo reconhecimento pelo serviço prestado à causa da promoção da língua portuguesa”. Por isso, considerou-a “um actor ímpar e inspirador de possíveis formas de actuação comunitária”.

Ribeiro Telles recordou que, em 2014, na 10ª cimeira de chefes de Estado e de Governo, que teve lugar em Díli, atribuiu-se o estatuto de observador consultivo da CPLP à UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, que em janeiro deste ano assumiu a coordenação daquela comissão temática, sucedendo à Fundação Calouste Gulbenkian.

Estas são duas das 14 instituições que integram a comissão temática para a promoção da língua portuguesa, entidades da sociedade civil, todas observadores consultivos da CPLP. “Desde então a nossa colaboração [com a UCCLA] tem sido profícua e temos a certeza que será cada vez mais intensa”, afirmou o secretário-executivo da CPLP.

Entre as iniciativas levadas a cabo desde 2013 pela comissão temática, Ribeiro Telles destacou a realização, naquele ano, da primeira conferência em língua portuguesa, em Faro, a conferência Juventude, Diásporas e Mobilidade Académica, realizada, em 2019, em Santiago de Compostela, o Mercado da Língua Portuguesa, que decorreu em Cascais, e a mostra de cinema em língua portuguesa, que teve lugar em Díli e também em Macau.

“Estes eventos permitiram uma maior promoção e projeção da língua portuguesa nos Estados-membros da CPLP, em países terceiros, em organizações regionais e organismos internacionais e junto das diásporas dos nossos países (…), sendo justo reconhecer este legado e o seu contributo, ao longo do tempo, para a aproximação da CPLP os seus cidadãos”, sublinhou o diplomata.

Por outro lado, para o secretário-executivo, “a ampla participação do Estados-membros nas iniciativas da comissão” também demonstra “a importância e a pertinência da aproximação da CPLP à sociedade civil e, assim, aos povos dos países de língua portuguesa”.

Além disso, as instituições que compõem a comissão temática “têm assumido a promoção da língua portuguesa como sua missão, o que enaltece e fortalece a própria CPLP”, frisou, lembrando que a língua foi o fator motriz daquela comunidade e é hoje falada por mais 200 milhões de pessoas em todo o mundo.

De acordo com as estimativas das Nações Unidas, há um potencial de crescimento do número de falantes de português até ao final deste século, altura em que poderá chegar ou mesmo ultrapassar 500 milhões, referiu.

Esta importância e potencial no mundo são, segundo o diplomata, “um dos principais motivos do interesse acrescido de numerosos países e organizações internacionais em se associarem de forma mais institucional à CPLP, nomeadamente através da obtenção do estatuto de observador associado”.

Assim, se até 2014 a CPLP tinha apenas três observadores associados, hoje tem 19 e a partir da próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, prevista para julho em Luanda, deverá passar contar com 30, salientou.

“É nesta interceção entre os contextos nacionais dos Estados-membros, dos observadores associados, de países terceiros e ambiente multilateral, que a CPLP existe e interage e que a comissão temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa e os observadores consultivos se têm afirmado como um ator ímpar e inspirador de possíveis formas de atuação comunitária e merecedor de um justo reconhecimento pelo serviço prestado à causa da promoção da língua portuguesa”, concluiu.

O ciclo de debates que teve ontem início integra as comemorações do 5 de maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.

A iniciativa, da CPLP, conta com quatro sessões em formatos presencial e online, com a apresentação de painéis e discussão em mesas-redondas, nos quais participam representantes dos Estados-membros, dos observadores associados e consultivos da organização e outras instituições da sociedade civil.

O 5 de maio foi instituído como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros daquela organização, de 20 de julho de 2009.

A CPLP conta com nove estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste.

15 Abr 2021