Hoje Macau China / ÁsiaChina confirma visita de vice-secretária de Estado norte-americana A vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, vai visitar a cidade de Tianjin, no nordeste da China, nos dias 25 e 26 de julho, onde reunirá com diplomatas chineses, confirmou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Em comunicado, o Ministério detalhou que Sherman vai reunir com o responsável pelas relações entre os Estados Unidos e a China da diplomacia chinesa, Xie Feng, e posteriormente com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi. Segundo a mesma fonte, a diplomacia chinesa vai deixar claro aos Estados Unidos os seus “princípios de desenvolvimento das relações” entre os dois países, com uma “atitude firme para proteger a sua soberania” e exigir que os Estados Unidos “parem de se intrometer nos assuntos internos da China”. O Departamento de Estado dos EUA já anunciado, na quarta-feira, a visita, que visa, segundo o comunicado, “manter conversas sinceras” com a China e “administrar com responsabilidade” a relação entre as duas potências. O encontro entre Sherman e Xie é o primeiro presencial entre emissários de alto nível dos Estados Unidos e da China após a cimeira realizada em março passado, no Alasca, na qual o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o chefe das relações externas do Partido Comunista Chinês, Yang Jiechi, protagonizaram uma tensa discussão. Esta semana, os dois países trocaram acusações sobre ciberataques. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se, nos últimos anos, devido a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e diferendos na questão dos direitos humanos ou sobre o estatuto de Hong Kong e Taiwan e a soberania do Mar do Sul da China.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Índia rejeita estudo que aponta para 10 vezes mais óbitos que os dados oficiais As autoridades indianas rejeitaram ontem as conclusões de um estudo que refere que o número real de mortes por covid-19 seja dez vezes maior do que os dados oficiais. Segundo um estudo, divulgado na terça-feira e publicado por Arvind Subramanian, antigo conselheiro económico do governo indiano, e dois investigadores do Centro para o Desenvolvimento Global e da Universidade de Harvard, o excesso de mortes – a diferença entre os óbitos registados e os que seriam esperados em circunstâncias normais – ronde entre três e 4,7 milhões entre janeiro de 2020 e junho de 2021. Para o Ministério da Saúde indiano, o relatório “assume que todos os números de excesso de mortalidade são mortes por covid-19, o que não é baseado em fatos e é totalmente falacioso”. A Índia, que calculou sempre a baixa mortalidade de cerca de 1,5% causada pela covid-19 em comparação com outras nações afetadas, questiona os métodos de cálculo do CDG. “A extrapolação das mortes foi feita na audaz suposição de que a probabilidade de que uma pessoa infetada morra é a mesma em todos os países, descartando a interação de fatores diretos e indiretos, como raça, etnia, constituição genómica, níveis de exposição associados a outras doenças e imunidade desenvolvida por essa população”, criticou. Porém, o Ministério da Saúde não deu detalhes sobre as causas que poderiam ter causado o excesso de mortes. O estudo recorreu a três métodos de cálculo: dados do sistema de registo civil, que regista nascimentos e mortes em sete estados, testes de sangue que mostram a prevalência do vírus na Índia, juntamente com as taxas globais de mortalidade devido à covid-19, e um inquérito económico a perto de 900.000 pessoas, realizado três vezes por ano. A Índia é o segundo país do mundo com mais casos de covid-19, depois dos EUA, contabilizando mais de 31 milhões de infeções desde o início da pandemia, de acordo com o último balanço da Universidade norte-americana Johns Hopkins.
Hoje Macau SociedadeSands China com prejuízo de 166 milhões de dólares no 2.º trimestre A operadora de jogo Sands China em Macau anunciou ontem um prejuízo de 166 milhões de dólares no segundo trimestre deste ano. Em comunicado, a Sands China indicou que as receitas aumentaram, em termos anuais, para 849 milhões de dólares comparativamente aos 40 milhões de dólares registados no segundo trimestre do ano passado, quando o impacto da pandemia da covid-19 foi mais sentido em Macau. O EBITDA (lucros antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) foi, no segundo trimestre, de 132 milhões de dólares. No segundo trimestre de 2020, o EBITDA registou perdas de 312 milhões de dólares, referiu o grupo na mesma nota. O impacto da pandemia da covid-19 continua “a prejudicar o desempenho financeiro” do grupo, que “continua confiante na eventual recuperação em termos de viagens e de turismo”, sobretudo em Macau e em Singapura, afirmou o presidente e director-executivo da Las Vegas Sands, a empresa norte-americana que detém a maioria do capital da Sands China, Robert G. Goldstein. No início de Março, a operadora de jogo Las Vegas Sands anunciou a venda de propriedades no valor de cerca de 5,19 mil milhões de euros, incluído o icónico The Venetian Resort Las Vegas, para se focar em Macau. Casinos solidários As operadoras do jogo em Macau anunciaram ontem a doação de 10 milhões de patacas, cada uma, para Zhengzhou, capital da província Henan, onde as inundações causaram já 33 mortos. A Sands China, MGM China, Wynn, Galaxy, Melco e, na quarta-feira, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), indicaram que o objectivo destas doações é apoiar os esforços de reconstrução das zonas afectadas pelas inundações. As seis operadoras lamentaram as vítimas registadas e disseram que as doações foram feitas em “coordenação com o Gabinete de Ligação do Governo Central” da China em Macau. As inundações no centro da China fizeram pelo menos 33 mortos e oito desaparecidos, de acordo com os dados mais recentes difundidos pela televisão estatal chinesa CCTV. As chuvas mais intensas dos últimos 60 anos na cidade de Zhengzhou deixaram parte do sistema de metropolitano submerso e transformaram estradas em canais, com rápido fluxo de água.
Hoje Macau EventosCinemateca Paixão | Seis filmes e documentários em cartaz para Agosto A Cinemateca Paixão apresenta, no próximo mês de Agosto, seis longas-metragens e documentários de países como o Vietname, Japão ou a China, entre outros. Quatro deles são deste ano, como é o caso de “Threads – Our Tapestry of Love”, de Takahisa Zeze; “Striding into the Wind”, de Wei Shujun; “Mr. Bachmann and His Class”, de Maria Speth; e “Listen Before You Sing”, de Yang Chih-Lin. As exibições prolongam-se até ao mês de Setembro Está fechado o cartaz da Cinemateca Paixão para o próximo mês de Agosto, com os bilhetes já disponíveis para venda. O público poderá ver seis películas, que vão desde o género longa-metragem ao documentário, quatro delas estreadas deste ano. O cartaz inclui produções asiáticas, mas também algumas feitas em parceria com países europeus. O primeiro filme a ser exibido, já a 5 de Agosto, e que repete novamente nos dias 7 e 11, é “Threads – Our Tapestry of Love”, de Takahisa Zeze, realizador japonês. Esta película foi nomeada para a categoria de Melhor Partitura Musical dos Prémios da Academia Japonesa deste ano, e conta a história de um menino e uma menina que nasceram no primeiro ano de Heisei, cujo período terminou em 2019 ao fim de 31 anos. Os dois encontram-se na infância, apaixonam-se mas separam-se ao longo da vida, vivendo “em circunstâncias totalmente diferentes”, embora continuando “a manter-se nos seus pensamentos”, descreve a sinopse. Desta forma, este filme “conta a história de trinta anos na vida de duas pessoas ligadas por um fio do destino” e “certamente despertará naqueles que o vêem uma nova apreciação por conhecer pessoas”. “Striding into the Wind”, de Wei Shujun, é outro filme que compõe o cartaz e que será exibido nos dias 19 e 27 de Agosto, bem como no dia 1 de Setembro. O filme do realizador chinês conta a história de Kun, que “parece estar a estragar quase tudo”, tal como “o último ano na escola de cinema, o trabalho no filme de formatura do amigo e a relação com a namorada”. “Mas o Kun acabou de tirar a carta de condução e, com ela, o carro em segunda mão, o mais barato que encontrou: um velho naufrágio de um Jeep Cherokee que pode vir a ser a chave para os seus sonhos mais loucos”, revela a sinopse. Este filme teve nomeações em vários festivais de cinema, incluindo a nomeação para o Grande Prémio do Concurso Internacional de Novos Talentos na edição deste ano do Festival de Cinema de Taipei. Na Europa, “Striding into the Wind” foi nomeado na categoria de Melhor Filme – Atena Dourada no Festival Internacional de Cinema de Atenas, o ano passado. Também em 2020, foi nomeado para a Gold Hugo New Directors Competition do Festival Internacional de Cinema de Chicago. A película teve ainda duas nomeações em festivais de cinema na China. Olhar internacional Como exemplo do cinema internacional, a Cinemateca Paixão escolheu o documentário “Mr. Bachmann and His Class”, de Maria Speth, que será exibido no dia 24 de Agosto e nos dias 2 e 12 de Setembro. Este é um “documentário íntimo”, que “retrata a ligação entre um professor do ensino fundamental e os seus alunos”. “Os seus métodos não convencionais chocam com as complexas realidades sociais e culturais da cidade industrial alemã provincial em que vivem”, aponta a sinopse. Este trabalho de Maria Speth é falado em alemão e conta com legendas em chinês e inglês. Na edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Berlim, o documentário ganhou o prémio do público da competição, o Urso de Berlim prateado e o prémio do júri, além de ter recebido uma nomeação para a categoria de melhor filme. Também este ano, mas no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, ganhou o prémio Golden Firebird. De Taiwan, chega “Listen before you sing”, de Yang Chin-Lin, exibido nos dias 20, 22 e 29 de Agosto. No Festival Internacional de Cinema de Crianças de Hong Kong deste ano o filme foi apresentado nas sessões de abertura e de encerramento. “Dad, I’m Sorry” é a película vinda do Vietname, de Tran Thanh Vu Ngoc Dang, e que será exibida nos dias 22 e 25 de Agosto, bem como no dia 4 de Setembro. Tida como uma campeã de bilheteira na história do cinema do Vietname, ultrapassando o sucesso de “Avengers 4: Endgame”, “Dad, I’m Sorry” conta a história de Ba Sang, o “segundo de quatro irmãos barulhentos”. Segundo a sinopse, “o filme dá uma perspectiva multifacetada sobre a família através dos destinos de cada personagem e da forma como levam as suas vidas”. “Collective”, uma produção conjunta entre a Roménia e o Luxemburgo, da autoria de Alexander Nanau, encerra as escolhas da Cinemateca Paixão para o próximo mês. “Collective” é considerado como “um olhar intransigente sobre o impacto do jornalismo de investigação no seu melhor”, relacionado com um incêndio ocorrido em 2015 no Colectiv de Bucareste, que deixa 27 mortos e 180 feridos. A morte de várias vítimas de queimaduras faz com que os médicos dêem o alerta junto dos jornalistas sobre uma eventual fraude nos cuidados de saúde, cujo sistema pode mudar com a nomeação de um novo ministro no país. No entanto, para reformar um sistema corrupto, ele vai enfrentar muitos obstáculos. “Collective” ganhou o prémio de melhor longa-metragem internacional e melhor longa-metragem documento nos Óscares, além de ter sido nomeado para melhor documentário nos British Academy Film Awards. A estreia mundial de “Collective” aconteceu este ano no Festival de Cinema de Veneza. A película é exibida nos dias 15, 17, 20, 22, 26 e 29 de Agosto.
Hoje Macau China / ÁsiaAutores de livros infantis detidos em Hong Kong por alegada sedição Cinco membros de um sindicato de terapeutas da fala de Hong Kong foram detidos, acusados de sedição, por uma série de livros infantis sobre uma aldeia de ovelhas que resiste aos lobos, disse hoje a polícia. As detenções foram efetuadas pela unidade de polícia responsável pela aplicação da lei da segurança nacional. De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), as autoridades acusam três mulheres e dois homens, com idades entre os 25 e 28 anos, de “conspirar para publicar, distribuir, mostrar ou copiar publicações sediciosas”. Segundo as autoridades, o grupo procurou “incitar o ódio do público, especialmente das crianças pequenas, contra o Governo e o poder judicial de Hong Kong, e encorajar a violência e as ações ilegais”, escreveu a polícia, em comunicado. Os cinco detidos fazem parte do Sindicato Geral de Terapeutas da Fala de Hong Kong, disse fonte policial à AFP. A polícia disse ainda que congelou 160.000 dólares de Hong Kong. O sindicato publicou nos últimos meses três livros eletrónicos ilustrados, com o objetivo de explicar o movimento pró-democracia às crianças, descrevendo os militantes como ovelhas que vivem numa aldeia rodeada de lobos. O primeiro livro, intitulado “Os protetores da Aldeia das Ovelhas”, explica a enorme mobilização popular em Hong Kong, em 2019, contra uma lei de extradição que permitiria que suspeitos de crimes fossem enviados para a China para enfrentar acusações. O segundo, “Os Guardiões da Aldeia das Ovelhas”, conta a história de uma greve lançada pelo pessoal de limpeza da aldeia para protestar contra os lobos, que deixam resíduos por todo o lado. Na introdução, explica-se que se trata de uma referência à greve que o pessoal médico de Hong Kong iniciou em 2020 para exigir o encerramento das fronteiras com a China continental, a fim de proteger o território, no início da pandemia. A última obra, “Os 12 corajosos da Aldeia das Ovelhas”, sobre um grupo que foge de barco, para escapar aos lobos, é uma referência clara aos 12 ativistas pró-democracia, incluindo o luso-chinês Tsz Lun Kok, detidos em agosto de 2020, quando a lancha em que seguiam com destino a Taiwan, onde procuravam asilo, foi interceptada pela guarda costeira chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaTribunal de Hong Kong nega liberdade sob caução a editores do extinto jornal Apple Daily O Tribunal de Kowloon Ocidental, em Hong Kong, recusou hoje libertar sob caução quatro ex-editores do extinto jornal Apple Daily, crítico de Pequim, acusados de violar a lei da segurança nacional, informou a cadeia pública de televisão RTHK. Trata-se do editor associado Chan Pui-Man, do responsável da secção em inglês do diário, Fung Wai-kong, do ex-diretor-executivo Lam Man-chung, detido na quarta-feira, e do editor Yeung Ching-kei, todos acusados de conluio com forças estrangeiras, alegadamente por pedirem sanções contra dirigentes de Pequim e de Hong Kong. Para este tipo de crime, a lei da segurança nacional prevê penas que podem ir até à prisão perpétua. Segundo a agência de notícias Efe, os quatro estão acusados por factos que remontam ao período entre julho de 2020 e abril de 2021. O juiz Victor So rejeitou o pedido de libertação apresentado pelos advogados de defesa, afirmando que não há elementos que permitam concluir que os quatro “não voltarão a cometer mais atos que ponham em risco a segurança nacional”. A audiência foi adiada até 30 de setembro. Conhecido pelas críticas ao Governo chinês e ao Executivo local, o diário foi obrigado a encerrar em 24 de junho, após 26 anos de existência, depois da detenção de vários funcionários e do congelamento dos bens do grupo de comunicação a que pertencia. Em 17 de junho, mais de 500 polícias invadiram as instalações do jornal, numa operação que resultou na detenção de cinco responsáveis e no congelamento de bens no valor de 18 milhões de dólares de Hong Kong de três empresas ligadas ao Apple Daily. Fundado em 1995, o Apple Daily foi um firme apoiante do movimento pró-democracia e dos protestos antigovernamentais que abalaram o território em 2019. O proprietário do diário, o magnata Jimmy Lai, cumpre atualmente uma pena de vários meses de prisão pela participação nas manifestações, e enfrenta ainda acusações por “conluio com forças estrangeiras”. Cerca de mil empregados do grupo de comunicação detido por Lai perderam o emprego, incluindo 700 jornalistas.
Hoje Macau China / ÁsiaChina rejeita termos da OMS para aprofundar as origens do coronavírus A China disse hoje que a segunda fase da investigação sobre a origem da covid-19 é “inaceitável”, depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) não ter descartado a teoria de uma fuga a partir de um laboratório. O vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde, Zeng Yixin, descartou a teoria de que terá havido um acidente e a fuga do coronavírus a partir do Instituto de Virologia de Wuhan como um “boato que vai contra o bom senso”. “É impossível aceitarmos este plano para detetar a origem do vírus”, disse, numa conferência de imprensa convocada para abordar a origem da covid-19. Zeng disse que ficou “bastante surpreso” com o pedido da OMS para aprofundar as origens da pandemia e, especificamente, a teoria de que o vírus pode ter saído de um laboratório chinês. O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reconheceu, na semana passada, que foi “prematuro” descartar uma possível ligação entre a pandemia e uma fuga do novo coronavírus a partir do Instituto de Virologia de Wuhan. Zeng disse que o laboratório da cidade de Wuhan não tem vírus que possam infetar humanos diretamente e apontou que a China esclareceu isso repetidamente e não aceita o plano da OMS. A investigação sobre a origem do vírus tornou-se uma questão diplomática que contribuiu para deteriorar as relações entre a China e os Estados Unidos e muitos dos seus aliados. Os EUA e outros países dizem que a China não foi transparente nas primeiras semanas da pandemia. Pequim acusa os críticos de politizar uma questão que deveria ser deixada para os cientistas. Os primeiros casos de covid-19 foram diagnosticados em Wuhan, no final de 2019. O instituto de virologia da cidade é um dos principais laboratórios da China que armazena e estuda coronavírus. Zeng observou que uma equipa de especialistas internacionais coordenada pela OMS que visitou o laboratório no início deste ano concluiu que um vazamento era altamente improvável. A maioria dos especialistas acredita que o vírus provavelmente passou para o ser humano a partir de animais. O debate, altamente politizado, questiona se uma fuga do laboratório é assim tão improvável que mereça ser descartado como possibilidade. Tedros disse esperar por uma melhor cooperação e acesso aos dados da China, acrescentando que obter acesso a dados brutos foi um desafio para a equipa internacional de especialistas que viajou à China este ano para investigar a causa do surto. “Eu também fui técnico de laboratório, sou imunologista e trabalhei em laboratório, e acidentes de laboratório acontecem”, descreveu. Também o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, pediu às autoridades chinesas que permitissem o prosseguimento da investigação sobre as origens do vírus. Zeng afirmou que as informações de que funcionários e alunos de pós-graduação do Instituto de Virologia de Wuhan ficaram doentes com o vírus e podem tê-lo transmitido a outras pessoas não são verdadeiros. A China “sempre apoiou o rastreamento científico de vírus” e deseja que isso se estenda a vários países e regiões em todo o mundo, defendeu. “No entanto, somos contra a politização do trabalho de investigação”, acrescentou. A segunda fase deve basear-se nas conclusões da primeira fase, após “ampla discussão e consulta pelos Estados membros”, disse Zeng. A China tem procurado frequentemente desviar as acusações de que a pandemia se originou em Wuhan e foi potencializada por erros burocráticos iniciais e uma tentativa de encobrimento. Porta-vozes do governo pediram até uma investigação para apurar se o coronavírus pode ter sido produzido num laboratório militar dos EUA, uma teoria que não é amplamente aceite pela comunidade científica. O país praticamente extinguiu o vírus dentro do seu território, através de medidas restritas de confinamento.
Hoje Macau China / ÁsiaSobem para 14 os mortos em inundação de túnel em Zhuhai As equipas de resgate recuperaram hoje os corpos de todos os 14 trabalhadores mortos devido à inundação de um túnel em construção em Zhuhai, cidade no sul da China que faz fronteira com Macau. O comunicado, difundido pelo governo da cidade de Zhuhai, não deu mais informações sobre a causa do desastre, ocorrido em 15 de julho. A imprensa chinesa informou que um ruído anormal foi ouvido e pedaços de material começaram a colapsar, de um lado do túnel, tendo sido ordenada a evacuação do local enquanto a água corria. O projeto de construção parecia ter problemas de segurança há algum tempo. Em março passado, dois trabalhadores morreram em outra parte do túnel. O túnel de Shijingshan é uma secção de uma autoestrada em construção que passa sob um reservatório da cidade. As operações de resgate envolveram mergulhadores, submarinos controlados remotamente e outros equipamentos de alta tecnologia, enquanto os trabalhadores na superfície bombearam a água do túnel. O trabalho às vezes era dificultado pelos gases de monóxido de carbono das máquinas usadas no túnel como parte da operação.
Hoje Macau SociedadeAutocarros | Novos horários e carreiras em Agosto A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem que os horários de algumas carreiras de autocarros serão ajustados já a partir do próximo mês, a fim de “elevar a qualidade dos serviços e responder às necessidades de deslocação da população”. A proposta de ajustamento foi feita pelas duas empresas, a Transmac e a TCM, tendo em conta “os termos dos novos contratos”. Desta forma, a primeira fase de ajustamento arranca já a 7 de Agosto, e diz respeito à zona periférica do posto fronteiriço de Qingmao, uma vez que haverá “um aumento do volume de passageiros” após a sua entrada em funcionamento. Segundo um comunicado, “os percursos de várias carreiras de autocarros serão ajustados ou estendidos para abranger cinco paragens” nesta zona, pelo que passam a ser 16 o número de carreiras a circular. A segunda fase de ajustamento terá início dia 14 e engloba “ajustamentos sobre percursos e modelos de algumas carreiras de autocarros e o aumento do número de paragens, bem como a optimização da localização das mesmas”, sem esquecer “a alteração à disposição de algumas carreiras especiais com o prolongamento do horário de serviço”. A 18 de Agosto será acrescentada uma carreira especial, a 71S, que circulará entre a Universidade de Macau e a Praça de Ponte e Horta nas horas de ponta, de segunda a sexta-feira (excepto feriados). O objectivo é “dar resposta às necessidades de deslocação entre a zona da Praia do Manduco e o campus universitário”, explica a DSAT.
Hoje Macau China / ÁsiaDemografia | China deve continuar a registar queda de nascimentos Apesar da permissão para ter um terceiro filho, as famílias chinesas continuam a registar fracos índices de nascimentos. Os receios sobre o envelhecimento da população acentuam-se, enquanto o Governo implementa medidas para facilitar a educação das crianças e proteger os empregos das mulheres O número de nascimentos na China vai continuar a cair em 2021, estimaram ontem as autoridades, apesar de Pequim ter passado a permitir que as famílias tenham um terceiro filho, o que vai acelerar o envelhecimento da população. O Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e o Conselho de Estado chinês anunciaram ainda que as famílias com mais de três filhos não vão ser multadas, ao contrário do que acontecia no passado, quando os casais tinham mais de um filho. A China praticou a política “um casal, um filho” entre 1979 e 2015. Nos últimos anos passou a permitir dois filhos por casal, mas acabou por subir o limite para três, este ano, devido à baixa taxa de natalidade. O vice-director da Comissão Nacional de Saúde, Yu Xuejun, garantiu, em conferência de imprensa, que as novas políticas visam “evitar uma queda ainda maior do número de nascimentos” nos próximos anos. Em 2020, o número de nascimentos caiu pelo quarto ano consecutivo, com 12 milhões, face aos 14,65 milhões registados em 2019, enquanto a taxa de fecundidade se fixou em 1,3 filhos por mulher, abaixo dos 2,1 estimados pelas Nações Unidas para manter uma população estável. Yu lembrou as grandes oscilações que a taxa de natalidade na China experimentou na última década e destacou o aumento do número de nascimentos em 2017 e, principalmente, em 2016, quando se registaram mais de 18 milhões novos bebés. Com base no acompanhamento do número de partos no primeiro semestre deste ano, prevê-se que a queda continue em 2021, segundo o alto funcionário da Comissão Nacional de Saúde. O responsável disse acreditar que, no “curto prazo”, aquela tendência vai-se inverter, libertando o “potencial da fertilidade” na China. O sucesso, de acordo com Yu, dependerá de as políticas de apoio às famílias “serem implementadas de maneira adequada”. Contra o envelhecimento De acordo com os censos divulgados em Maio e elaborados a cada 10 anos, a China tem agora cerca de 1.400 milhões de habitantes, mas o envelhecimento e as baixas taxas de natalidade preocupam Pequim. A liderança chinesa disse que vai reduzir o custo de criar e educar crianças e fortalecer as protecções trabalhistas para as mulheres nos próximos cinco anos, de acordo com um documento político elaborado pelo Partido Comunista da China e que foi publicado na terça-feira pela agência noticiosa oficial Xinhua. O documento, que ofereceu directrizes gerais, mas deixou os detalhes sobre a implementação para as autoridades locais, segue a decisão de Pequim de Maio passado de permitir que todos os casais tenham até três filhos. Economistas alertaram que a mudança demográfica da China pode criar desafios para a segunda maior economia do mundo, ao prejudicar a produtividade e sobrecarregar o sistema de pensões – a China está projectada para ter 300 milhões de pessoas com 60 anos ou mais em 2025. Cai Fang, membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, e um dos mais proeminentes especialistas em população do país, alertou, num discurso recente, que o agravamento do perfil demográfico da China enfraqueceria as exportações, o investimento e o consumo, o que poderia levar a China a estagnar.
Hoje Macau China / ÁsiaSobe para 12 número de mortos em inundações no centro da China O número de mortos devido às enchentes que atingiram uma das maiores cidades do centro da China subiu para 12, com pessoas encurraladas no metro subterrâneo, autocarros, escolas e edifícios. Zhengzhou, a capital da província de Henan, foi atingida por chuva torrencial na terça-feira, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. A torrente de chuva transformou as ruas em canais, com rápido fluxo de água, e inundou estações de metro e bairros inteiros. Segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily, mais de 144.000 pessoas foram afetadas pela chuva, que atingiu uns históricos 457,5 milímetros em 24 horas, um número sem precedentes nos últimos 60 anos, desde que há registos. Vídeos difundidos nas redes sociais mostram veículos cobertos de lama e pessoas encurraladas em carruagens de metro. Ao norte de Zhengzhou, o famoso Templo Shaolin, conhecido pelo domínio das artes marciais dos seus monges budistas, foi também atingido. A província de Henan abriga muitos locais culturais e é uma importante base para a indústria e a agricultura do país. A Xinhua disse que 12 pessoas morreram e 100.000 foram transferidas para locais mais seguros. Pessoas encurraladas passaram a noite nos seus locais de trabalho ou hospedaram-se em hotéis. A electricidade foi cortada no centro da cidade por causa da chuva. A China vive habitualmente inundações durante o verão, mas o crescimento das cidades e a conversão de terras agrícolas em subdivisões aumentaram o impacto destes eventos. No ano passado, os níveis das cheias no sudoeste do país bateram recordes, destruindo estradas e obrigando dezenas de milhares de habitantes a abandonarem as suas casas. Numa nota difundida pela agência Xinhua, o Presidente Xi Jinping referiu que a garantia da segurança e das propriedades dos cidadãos constitui “uma prioridade máxima”, tendo exigido às autoridades de protecção civil que “implementem, de forma rigorosa, as medidas de prevenção de inundações e desastres”. Xi Jinping “ordenou as autoridades para que, a todos os níveis, prontamente organizarem as forças de prevenção de inundações e alívio de desastres”, a fim de “providenciar acomodação a todos os afectados” e garantir “a prevenção de desastres secundários”, sem esquecer a minimização de outras perdas. Além disso, Xi Jinping defendeu que os departamentos estatais devem melhorar o sistema de previsão de queda de chuvas, tufões ou deslizamento de terras, bem como “realizar esforços na gestão do trânsito” e adoptar “medidas práticas e detalhadas na prevenção de cheias e alívio de desastres”.
Hoje Macau China / ÁsiaBarragem na China “pode ceder a qualquer momento” devido a chuvas torrenciais O exército chinês alertou esta terça-feira para o risco iminente de ruptura de uma barragem no centro da China, devastado por chuvas torrenciais sem precedentes nos últimos 60 anos, desde que há registos. O comando regional do Exército Popular de Libertação explicou em comunicado que surgiu uma brecha de 20 metros na barragem de Yihetan, em Luoyang, na região de Henan, e advertiu de que “a barragem pode ceder a qualquer momento”. As chuvas torrenciais registadas nas últimas 24 horas na província de Henan, no centro da China, obrigaram à retirada preventiva de mais de 10.000 pessoas e inundaram a capital, Zhengzhou, noticiou o diário estatal China Daily. Zhenghzou, uma enorme metrópole situada a cerca de 700 quilómetros a sudoeste de Pequim, foi hoje colocada em alerta vermelho – o mais elevado nível de alerta meteorológico na China – devido à forte precipitação que paralisou a cidade e fez pelo menos três mortos. Segundo o China Daily, mais de 144.000 pessoas foram afetadas pela chuva que em Zhengzhou atingiu uns históricos 457,5 milímetros em 24 horas, um número sem precedentes nos últimos 60 anos, desde que há registos. A televisão nacional CCTV divulgou imagens de ruas da cidade submersas por uma imensa corrente de água lamacenta, enquanto habitantes com água pelos joelhos empurravam os seus veículos por artérias inundadas. Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram ruas alagadas, avenidas que parecem rios, e mesmo carruagens de metro com passageiros lá dentro imersos em mais de um metro e meio de altura de água. De acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, a chuva torrencial deixou vários edifícios residenciais sem água e eletricidade, obrigou ao cancelamento de 260 voos no aeroporto local, paralisou mais de 80 carreiras de autocarro e afetou também os transportes ferroviários. Segundo o Diário do Povo, a intempérie causou o desabamento de habitações e pelo menos uma pessoa morreu e outras duas estão desaparecidas, e a imprensa local noticiou a morte de mais duas pessoas, em consequência do desabamento de um muro, mas não há ainda qualquer balanço oficial do número de vítimas. Os danos materiais são, até agora, da ordem de vários milhões de euros, estimaram as autoridades locais da província de Henan. Todos os verões há inundações na China, devido às chuvas sazonais. No ano passado, os níveis das cheias no sudoeste do país bateram recordes, destruindo estradas e obrigando dezenas de milhares de habitantes a abandonarem as suas casas.
Hoje Macau EventosFRC | Garcia Leandro fala das consequências do 25 Abril em Macau A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe esta quinta-feira uma palestra protagonizada pelo general Garcia Leandro, ex-Governador de Macau, onde este falará das consequências da revolução do 25 de Abril de 1974 no território. O nome da palestra é “Macau em 1974 e as consequências do 25 de Abril no seu Futuro” e terá início por volta das 18h30. O evento é promovido pelo Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau (CRED-DM) da Fundação Rui Cunha (FRC) e pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial “Pedro Nolasco” (AAAEC). José Basto da Silva, presidente da AAAEC, será o moderador da conversa. Recorde-se que Garcia Leandro esteve em Macau no período imediato ao 25 de Abril, na qualidade de oficial do Movimento das Forças Armadas (MFA). Juntamente com o já falecido major Rebelo Gonçalves, teve a função de explicar a revolução à população local e de apurar o estado das forças políticas no território que, à época, tinha como Governador Nobre de Carvalho. Em Setembro de 1974, Garcia Leandro seria nomeado Governador em sua substituição. Segundo uma nota da FRC, Garcia Leandro “falar-nos-á da sua vivência de quatro anos, pós-Revolução dos Cravos, num território longínquo e em circunstâncias muito difíceis de governação”. À época, “Macau encontrava-se numa situação frágil e confusa, com imensas dificuldades políticas, sociais e económicas, mergulhado num complexo jogo de interesses que se moviam de forma mais ou menos obscura, por vezes envoltos em ambientes de grande tensão”. Nascido em Luanda, Angola, em 1940, Garcia Leandro tem uma vasta carreira militar, estando hoje à frente dos destinos da Fundação Jorge Álvares.
Hoje Macau SociedadeGuiné Equatorial recomendada para aderir ao Fórum de Macau A Guiné Equatorial foi recomendada para aderir ao Fórum de Macau, uma organização de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, anunciou esta terça-feira o embaixador de Portugal na China. A recomendação surge “com base na candidatura e no facto de ser já membro da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]”, explicou aos jornalistas José Augusto Duarte, à margem da 16.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau). A decisão caberá agora aos ministros dos países de língua oficial portuguesa e será tomada na Conferência Ministerial que deverá decorrer na última semana de outubro, “uma reunião virtual, com os ministros nas respetivas capitais e os embaixadores que estão na China aqui em Macau”, detalhou. Em relação à questão dos direitos humanos no país africano agora recomendado para esta organização, o embaixador de Portugal na China disse que essa questão não foi discutida porque não era o contexto, apesar de ser uma “questão pertinente”. “Mas a partir do momento que é membro da CPLP, não há contexto para aqui criar um contexto que não há na CPLP”, frisou. Esta recomendação feita e aprovada pelos membros desta organização de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa surge poucos dias depois da realização, em Angola, da XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu em 17 de julho. Em relação à Guiné Equatorial, que aderiu em 2014 e se comprometeu em abolir a pena de morte, os países voltaram a insistir no cumprimento desse compromisso. Além do fim da pena de morte, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, fez referência “ao Estado de Direito, à democracia, aos direitos humanos, aos valores e princípios fundamentais”. Sobre este assunto, o primeiro-ministro português, António Costa, referiu que se trata de “um problema que ninguém ignora” e recordou que a Guiné Equatorial tem a obrigação de cumprir os compromissos que assumiu. Caso não o faça, “não pode fazer parte” da comunidade, advertiu. Na declaração final da XIII cimeira da CPLP, os chefes de Estado e de Governo “encorajaram as autoridades equato-guineenses a prosseguir ações que visam a plena integração na comunidade”. Entre essas ações, estão “a abolição da pena de morte, a integração da língua portuguesa no sistema de ensino público nacional, a preservação do património cultural, o incremento da cooperação económica e empresarial com os restantes Estados-membros da CPLP, a promoção dos direitos humanos e a capacitação da sociedade civil”. Em declarações à Lusa na sexta-feira, à margem do Conselho de Ministros da CPLP, o chefe da diplomacia da Guiné Equatorial, Simeón Oyono Esono Angue, disse que “já não se mata ninguém” naquele país, reagindo às críticas de analistas e observadores da CPLP. “É uma questão que não tem debate, um processo irreversível. O país assumiu esse processo e vai honrar sem problemas. Mas não há pena de morte na Guiné Equatorial, não se está a matar ninguém”, disse o ministro. Na declaração final, os chefes de Estado e de Governo da CPLP voltaram a manifestar o compromisso com o Programa de Apoio à Integração da Guiné Equatorial (2021-2022), que cobre áreas como a língua portuguesa, o acervo histórico-cultural, o desenvolvimento económico e os direitos humanos, nomeadamente através de apoio financeiro para a sua execução. A Guiné Equatorial aderiu à CPLP em 2014, na cimeira de Díli, mas esta foi uma decisão controversa, uma vez que o regime do Presidente Teodoro Obiang Nguema, que está no poder desde 1979, é acusado por organizações internacionais de violação dos direitos humanos e de perseguição à oposição. Obiang não participou na cimeira de Luanda e fez-se representar pelo chefe da diplomacia. Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe são os nove estados-membros da CPLP, que celebrou, no sábado, 25 anos.
Hoje Macau Manchete PolíticaEmbaixador em Pequim diz que Portugal acompanha “com muita atenção” exclusão de candidatos às eleições Portugal acompanha com “muita atenção” a exclusão de 15 candidatos pró-democracia das próximas eleições em Macau, por não serem “fiéis” ao território, disse esta terça-feira o embaixador de Portugal na China. “Sem dúvida é um assunto seguido com muita atenção em Lisboa, pelas autoridades políticas portuguesas”, afirmou aos jornalistas José Augusto Duarte, à margem da 16.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau). “O Governo em Portugal e a embaixada e o cônsul-geral aqui acompanham ao pormenor” a polémica, frisou, acrescentando: “Estaremos todos a fazer o nosso trabalho”. A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) excluiu cinco listas e 20 candidatos das eleições para a AL agendadas para 12 de setembro, 15 dos quais associados ao campo pró-democrata, por não serem “fiéis” a Macau. O organismo divulgou sete critérios usados para decidir se os candidatos são elegíveis, defendendo que é necessário avaliar se estes “defendem sinceramente” o território, mas recusando revelar quais as violações de que são acusados os excluídos. As três listas do campo democrata prometeram no sábado levar o caso até ao Tribunal de Última Instância. O Governo de Macau apoiou a decisão da CAEL e disse que “o facto de alguns participantes não serem elegíveis não afecta os direitos fundamentais dos residentes de Macau nos termos da lei, nem a liberdade de expressão dos mesmos”. Também Pequim, através do Gabinete de Ligação e Gabinete para os Assuntos de Macau e Hong Kong do Conselho de Estado, já veio demonstrar o total apoio a esta decisão.
Hoje Macau China / ÁsiaTrês mortos em inundação de túnel em Zhuhai As equipas de resgate recuperaram hoje os corpos de três trabalhadores mortos devido à inundação de um túnel em construção em Zhuhai. As equipas continuam à procura de outros onze trabalhadores, bloqueados no túnel desde quinta-feira. Os esforços de resgate, que envolvem também mergulhadores e robôs, foram prejudicados pelos gases de monóxido de carbono das máquinas usadas no túnel, como parte da operação. A causa do colapso ainda está sob investigação. A imprensa chinesa informou que um ruído anormal foi ouvido e pedaços de material começaram a colapsar, de um lado do túnel, tendo sido ordenada a evacuação do local enquanto a água corria. O projecto de construção parecia ter problemas de segurança há algum tempo. Em março passado, dois trabalhadores morreram em outra parte do túnel.
Hoje Macau China / ÁsiaAdvogado que defendeu Aung San Suu Kyi morre vítima de covid-19 O advogado birmanês Nyan Win, que defendeu a Nobel da Paz de Myanmar (antiga Birmânia), Aung San Suu Kyi, durante os anos que esta passou em prisão domiciliária, morreu hoje de covid-19, quando se encontrava detido. O birmanês, de 79 anos, membro destacado do partido Liga Nacional para a Democracia, contraiu o vírus na prisão de Insein, em Rangum, para onde foi enviado pelos militares após o golpe de Estado de 01 de fevereiro. Os representantes legais de Nayn Win disseram ao portal de notícias The Irrawaddy que o causídico morreu no Hospital Geral de Rangum, para onde tinha sido transferido na semana passada, depois de o seu estado de saúde ter piorado. As autoridades militares tinham colocado o advogado birmanês sob prisão provisória, acusando-o de “incitamento à desordem pública”. Outros reclusos na prisão de Insein, incluindo o jornalista norte-americano Danny Fenster e o economista australiano Sean Turnell, também estão infetados com a doença. O país, mergulhado numa profunda crise política após o golpe militar, enfrenta a pior vaga de infeções e mortes desde o início da pandemia, com denúncias de falta de oxigénio e do colapso do sistema de saúde. Na segunda-feira, o Governo de Unidade Nacional de Myanmar, que se opõe à junta militar, pediu às Nações Unidas assistência humanitária urgente para enfrentar a nova vaga de covid-19 no país, que estará “fora de controlo”. “Os hospitais estão a ficar sem camas e recusam-se a aceitar doentes com covid-19. Há relatos de uma crescente falta de fornecimento de oxigénio aos serviços de saúde, bem como a flagrante e desumana apreensão da produção de oxigénio pelas forças de segurança”, acusou o NUG, numa carta dirigida à ONU. As autoridades sanitárias comunicaram na segunda-feira 5.189 novos casos de covid-19 e 281 mortes, o maior número de óbitos desde o início da pandemia, elevando o total para 234.710 infetados e 5.281 mortos. Com um sistema de saúde completamente sobrecarregado e crematórios a funcionar a todo o vapor, as associações médicas birmanesas sustentam que os números oficiais não refletem a realidade. Na quinta-feira, o relator especial das Nações Unidas para os direitos humanos em Myanmar alertou que a nova vaga de covid-19 no país, ligada à variante Delta, exige uma resposta internacional de “emergência”. “A crise (…) é particularmente letal devido à desconfiança generalizada em relação à junta militar”, sublinhou Tom Andrews em comunicado, apelando à ajuda da comunidade internacional para estabelecer um órgão politicamente neutro para coordenar a resposta à pandemia em que “os birmaneses podem confiar”. Mais de cinco meses e meio após a revolta militar, a junta não conseguiu controlar todo o país, apesar da brutal repressão, que fez pelo menos 919 mortos, de acordo com números da Associação para a Assistência aos Prisioneiros Políticos. A organização também conta cerca de 6.830 detidos desde 1 de Fevereiro, incluindo a líder deposta Suu Kyi, que passou mais de 15 anos em prisão domiciliária entre 1988 e 2011. O exército birmanês justificou o golpe com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro passado, em que o partido liderado por Suu Kyi obteve uma vitória importante, tal como aconteceu em 2015, e cujos resultados foram considerados legítimos pelos observadores internacionais.
Hoje Macau China / ÁsiaMortes na Índia por covid-19 podem ser dez vezes superiores à contagem oficial, diz estudo O total de mortes na Índia devido à covid-19 pode ser 10 vezes superior aos dados oficiais, ou seja de vários milhões e não de milhares, convertendo-a na pior tragédia da Índia moderna, segundo um estudo divulgado hoje. O documento, publicado por Arvind Subramanian, antigo conselheiro económico do governo indiano, e dois investigadores do Centro para o Desenvolvimento Global e da Universidade de Harvard, calcula que o excesso de mortes – a diferença entre os óbitos registados e os que seriam esperados em circunstâncias normais – ronde entre três e 4,7 milhões entre janeiro de 2020 e junho de 2021. Os autores do estudo afirmam que, apesar de não ser possível determinar um número exato, “é provável que [o total de mortes] seja de uma magnitude superior à contagem oficial”. O relatório aponta que a contagem oficial pode ter deixado de fora mortes ocorridas em hospitais sobrecarregados, especialmente durante a devastadora segunda vaga da pandemia, na primeira metade do ano. “É provável que o verdadeiro número de mortes seja na casa de vários milhões e não das centenas de milhares, o que torna esta tragédia humana indiscutivelmente a pior da Índia desde a partição e a independência”, pode ler-se no estudo, citado pela agência de notícias Associated Press (AP). Em 1947, a partição do Império Britânico da Índia, que deu origem a dois Estados independentes (a Índia, maioritariamente hindu, e o Paquistão, muçulmano), levou à morte de cerca de um milhão de pessoas, resultantes de massacres entre hindus e muçulmanos. O estudo recorreu a três métodos de cálculo: dados do sistema de registo civil, que regista nascimentos e mortes em sete estados, testes de sangue que mostram a prevalência do vírus na Índia, juntamente com as taxas globais de mortalidade devido à covid-19, e um inquérito económico a perto de 900.000 pessoas, realizado três vezes por ano. Os investigadores analisaram as mortes provocadas por todas as causas e compararam esses dados com a mortalidade em anos anteriores, um método considerado preciso. Os autores do estudo alertaram no entanto que a prevalência do vírus e as mortes por covid-19 nos sete estados analisados podem não se refletir de igual forma por toda a Índia, uma vez que o vírus pode ter-se propagado mais em estados urbanos que rurais e que a qualidade dos cuidados de saúde varia muito no país. O especialista Jacob John, da faculdade de medicina Christian Medical College, em Vellore, no sul da Índia, disse à AP que o relatório sublinha o impacto devastador que a covid-19 teve no mal preparado sistema de saúde indiano. “Esta análise reitera as observações de jornalistas de investigação destemidos que apontaram a enorme subavaliação das mortes”, disse Jacob. O relatório também estima que cerca de dois milhões de indianos terão morrido durante a primeira vaga de infeções, no ano passado. No documento, sublinha-se que não “perceber a escala da tragédia em tempo real”, nessa altura, pode ter “criado uma complacência coletiva que levou aos horrores” da devastadora segunda vaga, que atingiu o pico em meados de maio, com mais de 400 mil novos casos por dia. Nos últimos meses, alguns estados indianos reviram em alta o número de mortes provocadas pela covid-19, suscitando preocupações de que muitas não tenham sido registadas oficialmente. Vários jornalistas indianos também publicaram números mais elevados em alguns estados, recorrendo a dados governamentais. Segundo dados do Governo indiano, a Índia registou 414.482 mortes desde o início da pandemia, o que faz dela o terceiro país com mais óbitos causados pelo coronavírus SARS-CoV-2, a seguir aos Estados Unidos e Brasil. A Índia é o segundo país do mundo com mais casos de covid-19, depois dos EUA, contabilizando mais de 31 milhões de infeções desde o início da pandemia, de acordo com o último balanço da Universidade norte-americana Johns Hopkins.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Macau perde 39% dos visitantes em Junho Macau recebeu 528.519 visitantes em Junho, menos 39% relativamente a Maio, e mais 2.243,1% em termos anuais, anunciaram hoje as autoridades. A diminuição do número de visitantes relativamente ao mês de Maio deveu-se ao reforço das medidas de prevenção da pandemia de covid-19, no início de Junho, na província chinesa de Guangdong e no território, de acordo com um comunicado da Direção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC). No mês passado, chegaram a Macau 313.441 excursionistas e 215.078 turistas, o que representa uma descida de 20,1% e 54,6%, respectivamente, em termos mensais. O período médio de permanência dos visitantes situou-se em 1,2 dias, menos 0,2 dias, em termos anuais, indicou a DSEC. O número de visitantes do interior da China fixou-se em 471.935, uma subida de 2.140,2%, em termos anuais. Das nove cidades do Delta do Rio das Pérolas da Grande Baía entraram no território 246.673 visitantes, dos quais 70% eram oriundos da cidade vizinha de Zhuhai. De Hong Kong chegaram 52.296 visitantes e de Taiwan 4.213, acrescentou. No primeiro semestre deste ano chegaram a Macau 3.927.829 visitantes, mais 20,2%, em comparação com o semestre homólogo do ano anterior, tendo os números de turistas (2.058.657) e de excursionistas (1.869.172) aumentado 33,2% e 8,5%, respetivamente.
Hoje Macau China / ÁsiaChina considera “infundadas” acusações sobre ciberataques A China qualificou hoje como “infundadas” as acusações de vários países e instituições internacionais sobre a alegada ligação de Pequim ao ciberataque global contra a Microsoft, que afetou sistemas de computadores em todo o mundo. “As acusações feitas pela UE [União Europeia] e OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] não têm como base factos ou evidências, mas antes especulações e acusações infundadas”, afirmou a embaixada da China na UE. “Opomo-nos firmemente e de forma alguma aprovamos estas declarações”, acrescentou. Os Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Reino Unido, Japão, Austrália e Nova Zelândia uniram-se, na segunda-feira, para denunciar ciberataques de grande amplitude realizados a partir da China. Enquanto a administração norte-americana culpou diretamente o Ministério de Segurança do Estado da China pela execução dos ciberataques, a União Europeia limitou-se a exortar Pequim a não permitir que o seu território seja utilizado para ataques informáticos. A embaixada da China em Camberra acusou a Austrália de “seguir os passos e repetir a retórica norte-americana”. A mesma fonte disse que o país é “cúmplice das atividades de escuta no âmbito da Aliança dos Cinco Olhos [reúne também Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia]”. “O que o governo australiano tem feito é extremamente hipócrita, como um ladrão a acusar os outros de roubo”, descreveu. A missão diplomática chinesa na Nova Zelândia exprimiu-se em termos semelhantes, acrescentando que se trata de uma acusação “irresponsável”, e assinalou que apresentou queixa formal às autoridades. No Canadá, os diplomatas chineses qualificaram a acusação como uma “difamação maliciosa”. A China afirmou, nos diferentes comunicados, ser também “vítima de ciberataques”, e defendeu o seu fim, “de acordo com a lei”. As embaixadas chinesas nos Estados Unidos, Japão e Reino Unido não reagiram ainda àquelas acusações. As delegações chinesas acusaram, em particular, os Estados Unidos, de serem “a maior ‘matriz’ do mundo”, no que toca a ciberataques. O ataque de março passado afetou até 250.000 sistemas de computador em todo o mundo, incluindo a Autoridade Bancária Europeia, o Parlamento norueguês e a Comissão do Mercado Financeiro do Chile. Ao apresentar as acusações na segunda-feira, os países e instituições envolvidos evitaram para já impor sanções ao país asiático. As relações entre a China e os Estados Unidos deterioraram-se rapidamente, nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e divergências sobre questões dos direitos humanos ou o estatuto de Hong Kong, Taiwan e a soberania do Mar do Sul da China.
Hoje Macau Sociedade“Cempaka” | Sinal 3 de tempestade içado. “Baixa” possibilidade de içar sinal 8 Os Serviços Meteorológicos e Geofisicos (SMG) baixaram o sinal de tempestade de 8 para 3, uma vez que se verifica “um afastamento gradual” do ciclone tropical “Cempaka”, com uma “possibilidade reduzida” de Macau vir a ser afectada por ventos fortes. Neste momento, e segundo a última nota dos SMG, o tufão “continua a mover-se lentamente para a costa Yangjiang”, sendo que, “sob a influência da banda de chuva externa deste sistema, o vento na região vai soprar ocasionalmente forte havendo chuva por vezes forte”. Os SMG poderão considerar baixar o sinal de tempestade de 3 para 1. “Contudo, nos próximos dias, o ‘Cempaka’ continuará a circular na costa oeste de Guangdong e existem incertezas na previsão da sua trajectória”, aponta a mesma nota. Desta forma, “recomenda-se à população que continue a prestar atenção às informações mais recentes sobre a tempestade tropical”.
Hoje Macau Sociedade“Cempaka” | “Poucas hipóteses” de emitir sinal 8 na manhã esta madrugada Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram às 2h05 de hoje uma nota informativa onde afirmam que “há poucas hipóteses de emitir o sinal 8 [de tempestade tropical] antes do início da manhã” desta terça-feira. No entanto, o ciclone tropical “poderá intensificar-se” e pode “atingir o ponto mais próximo da região durante o dia”. Desta forma, “a possibilidade de emitir o sinal 8 entre o amanhecer e a manhã do dia 20 é moderada a relativamente alta”. Os SMG explicam também que, nas últimas horas, o tufão “continuou a intensificar-se e tomou um rumo mais para oeste”, sendo que “a dimensão deste sistema é relativamente pequena”. Mantém-se a previsão de ocorrência de inundações nas zonas baixas do Porto Interior, com um máximo de 0,5 metros de altura, mantendo-se em vigor o aviso de “storm surge” azul. Na mesma nota, os SMG denotam que “a previsão apresentada é uma situação que pode ocorrer nos próximos um ou dois dias”, pelo que “a população pode compreender a possibilidade e influência da tempestade tropical num determinado tempo”, devendo “preparar medidas preventivas necessárias atempadamente”.
Hoje Macau China / ÁsiaOposição acusa primeiro-ministro da Índia de traição por espionagem O Partido do Congresso, principal organização de oposição na Índia, acusou esta segunda-feira de traição o primeiro-ministro, Narendra Modi, por espionagem de líderes políticos, ministros, jornalistas e ativistas, no caso Pegasus. “O Governo Modi é responsável pela implantação e execução deste escândalo de espionagem ilegal e inconstitucional através do ‘software’ israelita Pegasus”, denunciou o principal partido da oposição na Índia, em comunicado. O Partido do Congresso diz que o caso de espionagem Pegasus representa uma “traição e um abandono total da segurança nacional por parte do Governo de Modi”, responsabilizando diretamente o ministro do Interior, Amit Shah, com o consentimento do primeiro-ministro. Um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais denunciou no domingo que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos em todo o mundo terão sido espiados graças ao ‘software’ desenvolvido pela empresa israelita NSO Group. A empresa, fundada em 2011 a norte de Telavive, comercializa o ‘spyware’ Pegasus, que, inserido num ‘smartphone’, permite aceder a mensagens, fotos, contactos e até ouvir as chamadas do proprietário. A investigação publicada no domingo por um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais, incluindo o jornal francês Le Monde, o britânico Guardian e o norte-americano The Washington Post, baseia-se numa lista obtida pelas organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que incluem 50.000 números de telefone selecionados pelos clientes da NSO desde 2016 para potencial vigilância. A lista inclui os números de telefone de pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas de direitos humanos e 65 líderes empresariais, de acordo com a análise realizada pelo consórcio, que localizou muitos em Marrocos, Arábia Saudita e México. O Partido do Congresso denunciou que um de seus principais líderes, Rahul Gandhi, e várias pessoas próximas aparecem na lista de 50.000 números de telefone de possíveis alvos de vigilância. “Uma análise do ‘site’ do grupo NSO mostra que o ‘spyware’ Pegasus e todos os produtos NSO são vendidos exclusivamente para governos”, argumenta o Partido do Congresso, responsabilizando assim “o Governo indiano e as suas agências”. O Governo indiano descreveu hoje como “sensacionais” as reportagens de que o ‘spyware’ da empresa israelita NSO Group foi usado para atacar jornalistas, defensores de direitos e políticos no país asiático. “Qualquer forma de vigilância ilegal não é possível com os freios e contrapesos das nossas leis e instituições robustas … consideramos claramente que não há fundamento por detrás desse sensacionalismo”, disse o ministro da Informação, Ashwini Vasihnaw, no Parlamento indiano.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasUn Certain Panassié – Boris Vian Tradução de Emanuel Cameira Em França, no jazz, a querela dos Antigos e dos Modernos ganhou uma dimensão deveras especial graças à existência de um mago. Desiludido por André Hodeir ter descoberto Parker e Gillespie antes de si, inclinado desde sempre a resistir a qualquer evolução, incapaz de voltar atrás sem perder a face em matéria de palavras tão violentas quanto imprudentes, encerrado num sistema de contradições multiplicadas, o Senhor Panassié(*) consegue dar à discussão estética uma volta um tanto ou quanto particular. Instaurador do Hot Clube de França na companhia de Charles Delaunay, de quem se livrou para reinar sozinho, este profeta de extrema-direita imitando Léon Bloy encontrou à sua frente um Boris Vian inabalável. Fundador de uma seita religiosa («Os Servos de Maria Medianeira»), associada, há algum tempo, aos ritos da Comunidade de Fátima, grão-detector dos endemoninhados, o Senhor Panassié é um personagem que, regra geral, poucos conhecem. Vian, que o apelidava de Palhaço Peine-à-Scier [Difícil-de-Serrar], nunca o levou a sério. Sucede, por um estranho e bizarro acaso, que esta primeira crónica coincida com o aparecimento de acontecimentos jazzísticos de grande importância, que tentarei relatar: não poderia, de resto, haver melhor introdução. O jazz (esclareçamos desde já que não se trata da chamada música de dança, mais ou menos melosa, com que os maníacos especiosos da rádio francesa sistematicamente se esforçam para nos dissuadir de tudo o que possa parecer-se, de uma maneira ou de outra, com o verdadeiro jazz) é defendido entre nós, desde há doze anos, pelo Hot Clube de França, o primeiro de todos os Hot Clubes. Organizado de início sob uma certa barafunda, o H. C. F. desenvolveu-se aos poucos, sob o impulso do seu Presidente, Hugues Panassié, e do seu secretário-geral, Charles Delaunay. Até 1940, o todo funciona um pouco mais ou menos. Por volta de 1940, cansado de mudar de opinião todos os anos, Panassié retira-se definitivamente para a província e Charles Delaunay assume, individualmente, a responsabilidade pela defesa do jazz durante a ocupação. Vem a Libertação: tudo recomeça lentamente (e de que maneira!). A revista Jazz Hot reaparece. Estamos em 1947. Após sete anos de inércia, acreditando ter chegado a hora de fazer valer os seus privilégios reais, Hugues O Montalbanês abandona a sua reforma, doutrina os valentes presidentes dos Hot Clubes regionais, infiltra-se no Hot Clube de França introduzindo aí as suas traiçoeiras criaturas e, atacando Charles Delaunay sob pretextos no mínimo ridículos e falaciosos, trazendo o debate para o terreno pessoal, consegue destituir Delaunay do seu cargo de secretário-geral, durante a Assembleia Geral de 2 de Outubro. Direi uma palavra sobre os pretextos: Delaunay publicou, há poucos meses, um número especial da Jazz 47, inteiramente consagrado ao jazz e à América, e no qual figuravam: 1.º) uma fantasia deste vosso súbdito, ilustrada com uma montagem fotográfica, género surrealista, de Jean-Louis Bédouin, onde, horror!, a cabeça de Zutty Singleton, baterista, emparelhava com o corpo quase nu de Rita Hayworth, e 2.º) a reprodução de um quadro de Félix Labisse, quadro bastante conhecido e deveras despido. Nisto, Panassié gritou escândalo e com os seus dedos, bastante afastados, tapou a cara, corada de alto a baixo. Na verdade, havia na Jazz 47 um excelente artigo de Sartre que – com toda a justeza – tinha primazia sobre o de Panassié. Por outro lado, certos interesses comerciais misturavam-se indecentemente com as motivações do presidente. Era portanto de se temer que a cisão ocorrida levasse (como diria Madame de La Fayette) ao total desmoronamento do trabalho até então realizado. No entanto, o Hot Clube de Paris, de longe o mais importante, depositou toda a sua confiança em Charles Delaunay no último sábado. Nesse movimento, foi seguido por certos Hot Clubes regionais que desaprovavam as manobras manhosas do Grande Hughes. A revista Jazz Hot continua, como no passado, a ser dirigida por Delaunay. Os concertos da Escola Normal vão continuar, e inúmeros projectos estão ora em estudo, ora em plena realização. Contactar-vos-ei em tempo útil, convocando-vos para esses divertimentos simultâneos, se trouxerem algo para beber. De momento, é esta a situação. Uma nova era na luta pelo jazz está a começar, e embora seja lamentável ver velhos amigos matando-se em público, é certo que ambas as partes irão redobrar as suas actividades, o que será talvez a ocasião de ouvir um pouco mais de bom jazz e de assistir a espectaculares brigas com golpes de judo à boa maneira de Gillespie. Outubro 1947 Tradução de: Vian, Boris, “Un certain Panassié” [1947], in Chroniques de Jazz, Paris, Éditions La Jeune Parque, 1967, pp. 271-274. (*) De Hugues Panassié publicou-se, em Portugal, História do Verdadeiro Jazz (em Outubro de 1964, na Portugália Editora, com tradução de Raul Calado).