Hoje Macau SociedadeCrédito | Associação de Bancos prolonga suspensão de pagamento A Associação de Bancos de Macau revelou que irá prolongar por mais um ano a medida de suspensão de pagamento do crédito, limitando-se a cobrar o valor dos juros. A novidade foi avançada através de um comunicado. Inicialmente estava previsto que a medida expirasse no final deste ano, prazo a partir do qual os devedores tinham de pagar os juros dos empréstimos e também o montante principal. Contudo, com esta medida, podem continuar durante mais um ano a pagar apenas os juros. Segundo a associação, para esta decisão foram ponderados muitos factores como o impacto da pandemia junto dos comerciantes e dos residentes. Os destinatários da medida são essencialmente os residentes que pagam as prestações mensais da hipoteca da casa e os proprietários de empresas médias e pequenas.
Hoje Macau SociedadeDST | Visitantes internacionais são 5% do total de turistas Apesar do fim das medidas isolamento internacional e das campanhas para atrair visitantes estrangeiros, o número de turistas provenientes de destinos internacionais ainda não recuperou para os níveis pré-pandemia. O cenário foi reconhecido pela directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, que foi citada pelo canal chinês da Rádio Macau. Segundo a responsável pela pasta do turismo, desde Junho que o território recebe cerca de 120 mil turistas internacionais todos os meses, o que corresponde a cerca de cinco por cento de todas as entradas de visitantes. No entanto, o número é cerca de metade do que acontecia antes da pandemia, quando os visitantes eram cerca de 10 por cento de todos os turistas. Apesar da diferença, Maria Helena de Senna Fernandes mostrou-se confiante na recuperação e apontou que “a nível global” o tráfego de passageiros ainda está em recuperação e que as ligações áreas estão longe da disponibilidade pré-pandémica. A dirigente também concluiu que, até agora, a recuperação do turismo de Macau tem sido “boa” e que a DST está empenhada em desenvolver mais produtos turísticos, para que os estrangeiros visitem as cidades da Grande Baía, com a entrada através de Macau ou Hong Kong. Este é um produto para excursões vindas de fora ao abrigo de um programa que permite circular com um visto de seis dias nas cidades da Grande Baía.
Hoje Macau SociedadeDesporto | Morreu Charles Lo Keng Chio Charles Lo Keng Chio, presidente da Comissão Executiva do Comité Olímpico e Desportivo de Macau, morreu na tarde de terça-feira, de acordo com uma notícia publicada em língua chinesa na Macao Sports Weekly. As causas da morte não foram anunciadas. Além de presidente da comissão executiva no comité de Macau, Charles Lo tinha também lugar no Conselho Olímpico da Ásia, desde 2011, assumindo actualmente as funções de presidente do Comité dos Média. Descendente da família do empresário Lou Kau, responsável pela construção do Jardim de Lou Lim Ioc, Charles Lo Keng Chio fazia ainda parte da Mesa da Assembleia da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, cujo mandato se prolongava até 2026. Entre os cargos públicos que assumiu destaca-se também a passagem como membro do Conselho Fiscal do Centro de Ciência de Macau.
Hoje Macau EventosLisboa | Temporada Música em S. Roque abre sexta-feira e prevê estreia de peça de Samuel Gapp A Temporada Música em S. Roque começa na próxima sexta-feira, em Lisboa, estando prevista a estreia de uma peça de Samuel Gapp, e a primeira audição moderna das “Missas Românticas” de Francisco Xavier Migone e Santos Pinto. Os concertos desta 35.ª Temporada, sob a coordenação artística de Leonor Azêdo, realizam-se nas igrejas de S. Roque e do Convento de S. Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, em Lisboa. Até 10 de novembro, estão previstos dez concertos sob o mote “Um diálogo entre a história e a palavra”. O primeiro, na próxima sexta-feira, às 21:00, é protagonizado pelo Coro Gulbenkian, sob a direção da maestrina Inês Tavares Lopes. Realiza-se na igreja de S. Roque e evoca os 400 anos da morte do compositor renascentista inglês William Byrd. O programa, além de obras de Byrd, como “Laudibus in Sanctis”, inclui peças de Heinrich Schültz, Paul Smith e John Sheppard. O cartaz da Temporada inclui, entre outros, os ensembles Bonne Corde, MPMP, Ludovice e o ‘consort’ Sete Lágrimas que apresenta, no dia 04 de novembro, em S. Pedro de Alcântara, o projeto “Loa”, baseado na obra de André Dias de Escobar, nomeadamente as “Laudas e cantigas spirituaes, e orações contemplativas” (1493). Na próxima segunda-feira, às 16:30, no Convento de S. Pedro de Alcântara, o Ensemble Bonne Corde, dirigido por Diana Vinagre (violoncelo barroco) e constituído ainda por Ana Quintans (soprano), Marta Vicente (contrabaixo barroco) e Fernando Miguel Jalôto (órgão) apresenta “Tenebrae/Lamentações para a Semana Santa”, do flamengo Joseph-Hector Fiocco, resultado de uma investigação de Diana Vinagre na Biblioteca do Real Conservatório de Antuérpia, na Bélgica. A 20 de outubro, o concerto em S. Roque é protagonizado pelo Ensemble MPMP que estreia a obra “Tão fundo o íntimo rumor”, de Samuel Gapp, que venceu o Prémio Musa 2022. Esta edição do prémio foi promovida pelo Movimento Patrimonial da Música Portuguesa (MPMP), visou uma composição contemporânea de tradição erudita ocidental e estimular e promover a língua portuguesa como veículo expressivo. O programa assinala ainda a estreia moderna das “Missas Românticas”, de Francisco Xavier Migone e Santos Pinto. “Neste contexto, a obra funcionará como ponte entre as duas missas programadas e partirá da experiência das características acústicas e circunstanciais do espaço de São Roque”, explicou à agência Lusa a organização. O compositor Samuel Gapp iniciou aos oito anos a sua formação musical, na classe de piano. Prosseguiu os estudos na Escola Superior de Música de Lisboa, e na Hochschule für Musik und Tanz (escola superior de Música e Dança) de Colónia, na Alemanha. Dia 22, às 16:30, o Ensemble D. João V, na igreja do Convento de S. Pedro de Alcântara, apresenta o programa “Joias do Barroco”, composto por obras dos compositores portugueses Carlos Seixas, Pedro António Avondano e do italiano Antonio Vivaldi. O ensemble tem uma formação irregular, de acordo com o programa que interpreta. Neste concerto apresenta-se com os músicos Sandra Medeiros (soprano), Terra Shimizu e Miguel Simões (violino), Álvaro Pinto (viola d’arco), Duncan Fox (violone) e Cândida Matos (cravo). No dia 27 de outubro, às 21:00, em S. Roque, o concerto pelos Avres Serva, celebra os 700 anos sobre a primeira referência à cátedra de Música da Universidade de Coimbra, interpretando algumas das obras de José dos Santos Maurício e de Francisco de Paula e Azevedo. O concerto intitula-se “A música em Coimbra no início do século XIX”. No dia 29, às 16:30, em S. Pedro de Alcântara, o Grupo Vocal Olissipo apresenta “In Tenebris”, cujo programa inclui o Requiem, de Estêvão de Brito, e peças de outros compositores com actividade entre finais do século XVI e princípios do século XVII, como Duarte Lobo, João Gomes, Filipe de Magalhães e Francisco Martins. Os Olissipo são constituído pelo barítono Armando Possante, que também dirige, a soprano Cecília Rodrigues, a meio-soprano Lucinda Gerhardt, e o tenor Carlos Monteiro. O grupo foi criado em 1988, e o seu repertório abrange compositores desde a Idade Média à Contemporaneidade. A Temporada em S. Roque abre o mês de novembro com música sacra, no dia 03, em S. Roque. O programa inclui a Missa de Manuel Cardoso (1566-1650), os cantos compostos para a celebração de Quarta-Feira de Cinzas, do calendário católico, encontrados no Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e motetes de Filipe de Magalhães (1571-1652) e Vicente Lusitano (1520-1561), pelos Capella Durensis, sob a direção musical do maestro Jonathan Ayerst. O Ludovice Ensemble, no dia 05 de novembro, às 16:30, em S. Pedro de Alcântara, apresenta o programa “A Música na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma”, constituído por obras de Giovanni Pietro Franchi, um programa que resulta da investigação da musicóloga Cristina Fernandes e do músico Fernando Miguel Jalôto, que apresentam uma palestra antes do início do concerto. Os solistas da Orquestra Barroca da Casa da Música encerram a Temporada, no dia 10 de novembro, às 21:00, na igreja de S. Roque, com a interpretação de “As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz”, de Joseph Haydn. O programa inclui a leitura de excertos bíblicos e textos selecionados pelo encenador Nuno Carinhas e lidos pela atriz Sara Carinhas. Paralelamente à programação musical, realiza-se, de 17 de outubro a 7 de novembro, o ciclo de sessões de apreciação musical “Ouvidos Para a Música”, da responsabilidade do maestro Martim Sousa Tavares, que será “transmitido apenas em formato ‘online’ e pretende contribuir para uma melhor aproximação do público à música clássica”, afirma a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que organiza a Temporada com o “objetivo de reforçar” a sua política “de apoiar a cultura musical de matriz portuguesa, divulgando, em simultâneo, o seu património histórico e artístico”. A 35.ª Temporada de Música em S. Roque é coordenada artisticamente por Leonor Azêdo, mestre em Ciências Musicais, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Leonor Azêdo iniciou o percurso profissional na Orquestra Chinesa de Macau, em 2013, no contexto da sua tese de mestrado “Nós somos o Estado e o Estado é o território”. Em 2016 regressou a Lisboa para trabalhar como arquivista e produtora da Orquestra Gulbenkian. De igual forma exerceu as funções de arquivo e de produção na Orquestra Estágio Gulbenkian, em 2018 e 2019, sob a direção artística da maestrina Joana Carneiro. A partir de 2019 desenvolveu a sua atividade profissional como produtora, diretora de cena e assistente de ‘manager’ de orquestra, tendo colaborado com a Fundação Calouste Gulbenkian e o Centro Cultural de Belém. Nos últimos anos colaborou de forma regular com a Orquestra XXI e foi responsável pelo setor da Comunicação e Relações Externas da Orquestra Sem Fronteiras (2020-2022). Mais recentemente exerceu funções na área de produção, de arquivo musical e de ‘artistic management’ em Portugal. É arquivista musical do Verbier Festival. Atualmente trabalha como “tour manager” e coordenadora das audições na Orquestra Jovem Gustav Mahler. A Temporada Música em S. Roque estima que assistiram aos concertos, “quase sempre esgotados”, cerca de 2.000 pessoas, “excluindo as transmissões ‘online’”, disse à Lusa fonte oficial da SCML.
Hoje Macau Manchete SociedadeMP | Procurador-adjunto acusado de mudar rumo de investigações O procurador-adjunto Kong Chi está acusado de arquivar casos, ignorar provas e desviar o rumo das investigações em dezenas de casos criminais, segundo apurou ontem o canal Macau da TDM, que teve acesso ao despacho de acusação produzido pelo Ministério Público (MP), organismo a que pertencia o principal arguido de um processo que volta a incidir sobre o aparelho judicial da RAEM. Segundo a mesma fonte, Kong Chi terá partilhado informações confidenciais com suspeitos mesmo em casos que não eram dele, usando outros funcionários para isso, através de informações obtidas informalmente. Em troca, o procurador-adjunto receberia subornos através de um grupo criminoso que alegadamente liderava. Kong Chi está formalmente acusado dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, violação de segredo de justiça e prevaricação. Na altura em que foi o MP divulgou o processo, cujo julgamento começa na próxima sexta-feira, foi revelado que “na associação criminosa” estariam alegadamente envolvidos “um advogado de apelido Kuan e dois arguidos de apelidos Choi e Ng”. Segundo o HM apurou na altura, “o advogado”, trata-se de uma advogada: Kuan Hoi Lon. A causídica ligada ao escritório K.N.L. está suspensa pela Associação dos Advogados desde o início de Agosto, tendo inclusive deixado de aparecer nas pesquisas no portal da associação. Foram emitidos também mandados de detenção para os quatro arguidos, e, de acordo com o Jornal Ou Mun, todos estão detidos preventivamente na Prisão de Coloane.
Hoje Macau China / ÁsiaBorrell convida MNE israelita e palestiniano para reunião extraordinária O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) convidou os seus homólogos israelita e palestiniano para participarem na reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) dos 27, convocada após o ataque do grupo islâmico palestiniano Hamas contra Israel. O anúncio foi feito pelo Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, que convocou uma reunião extraordinária e informal, que decorrerá num formato híbrido — presencial e virtual — em Mascate, Omã, com a participação dos MNE israelita, Eli Cohen, e palestiniano, Riyad al-Maliki. Também na rede social X (antigo Twitter), Borrell divulgou ter telefonado ao MNE iraniano, Hosein Amir Abdolahian, para reiterar “a mais forte condenação dos ataques brutais do Hamas contra Israel”. “Nada pode justificar actos de terror tão desprezíveis e nada pode justificar o apoio a estes”, escreveu ainda Borrell, que se encontra na capital de Omã para uma reunião entre a UE e o Conselho de Cooperação do Golfo. As autoridades israelitas confirmaram mais de 900 mortos e 2.700 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, lançada no sábado e apoiada pelo grupo Jihad Islâmica, enquanto mais de 680 palestinianos morreram e 3.700 ficaram feridos na sequência de bombardeamentos e ataques de Israel contra a Faixa de Gaza, aos quais se somam mais de 15 em operações e confrontos com forças israelitas na Cisjordânia ocupada. Irão afasta rumores O ‘ayatollah’ Ali Khamenei, a autoridade máxima do Irão, negou ontem que o seu país tenha estado por trás do ataque lançado no sábado pelo Hamas contra Israel, mas reforçou o apoio iraniano aos palestinianos. “Apoiantes do regime sionista e outros têm espalhado rumores nos últimos dois, três dias, incluindo que o Irão estaria por trás desta acção. Estes rumores são falsos”, disse o ayatollah Khamenei num discurso numa academia militar. Outras autoridades iranianas já haviam rejeitado na segunda-feira as acusações de envolvimento iraniano na preparação do ataque do Hamas, um movimento que Teerão defende abertamente há muitos anos, mesmo que as suas relações tenham vivido altos e baixos. Khamenei declarou ainda que Israel “sofreu um fracasso irreparável nos campos militar e de informação” após esta ofensiva do movimento palestiniano. “Insisto no termo ‘irreparável’”, acrescentou o líder iraniano. “É evidente que defendemos a Palestina, defendemos as suas lutas. Beijamos os rostos e os braços dos promotores [do ataque] e dos corajosos jovens palestinianos. Mas aqueles que dizem que o trabalho foi realizado por não palestinianos, “não conhecem a nação palestiniana e estão a cometer um erro”, acrescentou. “É claro que todo o mundo muçulmano é obrigado a apoiar os palestinianos”, segundo o líder supremo do Irão.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pelo menos 29 mortos em ataque a campo de deslocados As vítimas do ataque no estado de Kachin incluem crianças, segundo os meios de comunicação social e activistas locais. O alegado ataque da junta militar resultou na morte de, pelo menos, 29 pessoas no estado de Kachin, junto à fronteira com a China Pelo menos 29 pessoas, incluindo crianças, foram mortas num ataque a um campo de deslocados no estado de Kachin, no Myanmar, segundo a imprensa e dois activistas locais. O ataque terá acontecido por volta das 23h30 de segunda-feira à em Kachin, o estado mais à norte. Imagens não verificadas nas redes sociais mostram homens a transportar vítimas, incluindo uma criança pequena, dos escombros na escuridão. A Organização Nacional Kachin (KIO), um grupo político que há muito procura uma maior autonomia para a minoria étnica de Kachin, afirmou que 29 pessoas foram mortas e 57 ficaram feridas. Entre elas, 11 crianças com menos de 16 anos. O ataque foi efectuado por artilharia pesada e não por um ataque aéreo, como alguns tinham sugerido anteriormente. As estimativas do número de mortos têm variado. Um activista Kachin baseado em Laiza, que falou sob anonimato, disse anteriormente ao jornal The Guardian que 33 pessoas tinham sido mortas, incluindo 13 crianças. Um bebé de três meses estava entre as vítimas, disse ela. Acrescentou que o número de mortos poderia aumentar ainda mais porque o campo cobria uma grande área e os voluntários ainda estavam a recuperar corpos. As casas dos campos foram construídas nas montanhas, acrescentou, e por isso ficaram enterradas debaixo do solo. “As casas do campo estão muito próximas umas das outras, pelo que a situação está totalmente desorganizada”, disse, acrescentando que o ataque foi apenas o último dos “actos desumanos” dos militares.”Há muitos casos como este. Este não é o único caso”, afirmou. O ataque teve lugar no campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet, a poucos quilómetros de uma base militar gerida pelo Exército da Independência de Kachin (KIA), a ala militar da KIO e um dos muitos grupos que lutam contra a junta militar de Myanmar, que tomou o poder em 2021 Impossível encarar A zona, perto da fronteira com a China, tem sido palco de frequentes confrontos armados nos últimos meses. A ONU alertou para o acesso limitado da ajuda humanitária no estado de Kachin e em muitas outras zonas do país, descrevendo um nível de necessidade terrível. Um segundo activista Kachin baseado em Laiza, que falou com o The Guardian a partir de um hospital que trata os feridos, disse: “Todo o quarteirão do campo desapareceu. É como se um grande buraco tivesse sido deixado na terra e as casas tivessem sido destruídas. A minha casa fica a cerca de seis quilómetros do campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet. Mas a minha casa também estava a tremer. Os tectos e as portas das casas em Laiza desabaram”. Na altura em que deu o seu testemunho, o activista estava no hospital a ajudar os médicos com a logística, mas disse que não conseguia olhar para as vítimas. “Não me posso emocionar porque tenho de continuar a trabalhar”, disse. “Vi três crianças pequenas que perderam as mães. Não me atrevo a olhar para as crianças”. Mistérios da vida O general Zaw Min Tun, porta-voz da junta, negou a responsabilidade dos militares. Disse à televisão controlada pelos militares que a junta tinha analisado o incidente e acreditava que a explosão tinha sido causada por bombas que tinham sido armazenadas pelo KIA. Os militares têm sido frequentemente acusados de atacar sítios civis, incluindo hospitais, escolas, locais religiosos e casas de civis. No ano passado, os militares mataram 60 pessoas, incluindo músicos e crianças, num ataque aéreo que teve como alvo um concerto em Kachin. O ataque ocorreu no mesmo dia em que o embaixador de Myanmar nas Nações Unidas, Kyaw Moe Tun, disse a uma comissão da ONU que, desde o golpe, os militares importaram mais de mil milhões de dólares em armas e matérias-primas para uma “política de terra queimada que assassinou mais de 4.000 civis, incluindo mulheres e crianças, deslocou à força cerca de 2 milhões de pessoas e destruiu ou queimou mais de 75.000 casas”. Kyaw Moe Tun – que se manteve leal ao governo civil e não representa a junta – citou dados de investigadores que indicam que houve uma média de 30 ataques aéreos por mês em Myanmar de Janeiro a Junho deste ano, e instou os Estados-Membros e o Conselho de Segurança a imporem embargos de armas abrangentes contra os militares. Desde que tomaram o poder em Fevereiro de 2021, os militares têm enfrentado a oposição determinada de uma resistência armada, que inclui tanto grupos armados que se formaram após o golpe, como grupos armados maiores e estabelecidos, como o KIA. O KIA ofereceu refúgio a manifestantes, políticos e outras pessoas que fugiam dos abusos militares e treinou combatentes de grupos mais recentes que se opõem ao golpe. O campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet foi criado em 2011, quando o acordo de cessar-fogo entre o KIA e os militares se desmoronou. No entanto, desde o golpe de Estado, o campo tem aumentado à medida que um número crescente de pessoas tem sido deslocado e alberga cerca de 850 pessoas. O conflito obrigou 2 milhões de pessoas a fugir das suas casas, um número sem precedentes no país, segundo a ONU, provocou o aumento da pobreza e o colapso dos serviços de educação e de saúde. Segundo um relatório da ONU publicado no início deste ano, a Rússia e a China são os principais fornecedores de sistemas de armamento avançados aos militares de Myanmar.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Country Garden admite que pode entrar em incumprimento A Country Garden, uma das maiores construtoras da China, anunciou ontem que poderá não conseguir pagar todos os empréstimos que contraiu, numa altura em que o sector imobiliário chinês enfrenta uma grave crise de liquidez A construtora, até há pouco considerada financeiramente saudável, foi apanhada nos últimos meses pela crise no imobiliário na China, que ameaça agora a sobrevivência de várias empresas do sector. Uma entrada em incumprimento seria catastrófica para este sector-chave da economia chinesa, que representa um quarto do produto interno bruto (PIB) do país. A empresa, que já esteve formalmente em risco de incumprimento em Setembro, acabou por conseguir reembolsar 22,5 milhões de dólares referentes a duas obrigações emitidas nos mercados internacionais (‘offshore’), no limite de uma prorrogação de 30 dias. O grupo, que negociou então com os credores novos prazos para o pagamento de vários empréstimos, devia ter efectuado um reembolso referente a uma obrigação na segunda-feira, mas não conseguiu efectuar o pagamento, no valor de 470 milhões de dólares de Hong Kong. O grupo dispõe agora de um período de carência de 30 dias para evitar entrar em incumprimento. No entanto, a Country Garden admitiu “não poder honrar todos os reembolsos das suas obrigações junto dos investidores estrangeiros”. “Um incumprimento podia levar os credores em causa a exigir uma aceleração” dos reembolsos que lhes são devidos ou a iniciar um processo judicial, advertiu o grupo. A empresa pediu paciência aos investidores e disse que está a “avaliar as dificuldades actuais”. Do majongue ao dominó A Country Garden disse ter contratado consultores financeiros “para avaliar a estrutura de capital e a liquidez” das filiais. “A empresa pretende continuar a cooperar e a dialogar com todos os credores para chegar a uma solução realista o mais rapidamente possível”, referiu o comunicado. Um eventual incumprimento ia provocar ondas de choque nos mercados e agravar a crise no sector imobiliário chinês e o abrandamento da economia da China. No final de 2022, a Country Garden tinha uma dívida avaliada em 180 mil milhões de euros. No final de Junho, a empresa dispunha de 147,9 mil milhões de yuan em caixa, destinados sobretudo a concluir habitações já pagas pelos proprietários antes mesmo de serem construídas. A Country Garden “não dispõe de fontes de tesouraria suficientes” para fazer face aos pagamentos futuros, afirmou, no mês passado, a agência de notação financeira Moody’s. A agência baixou o ‘rating’ do grupo em três níveis, para “Ca”, sinónimo de “em incumprimento, com alguma esperança de recuperação”. Há muito que os grupos imobiliários chineses recorrem a pré-vendas como modelo de financiamento. Em 2021, no entanto, os reguladores chineses restringiram o acesso do sector ao crédito bancário, suscitando uma crise de liquidez. Uma das maiores construturas do país, o Grupo Evergrande, não resistiu. Dezenas de outros grupos estão a negociar a restruturação das dívidas. A Country Garden tem quatro vezes mais terrenos para construção do que o grupo Evergrande, cujo incumprimento em 2021 provocou protestos dos compradores, alguns dos quais se recusaram posteriormente a pagar as prestações mensais. Na terça-feira da semana passada, a Country Garden afirmou que a “prioridade operacional (…) é assegurar a entrega” de casas. Qualquer paragem na construção pode suscitar instabilidade social. A China tem já um grande número de construções inacabadas. Outro construtor chinês sobre-endividado, o grupo Kaisa, admitiu ontem numa audiência em Hong Kong que está “insolvente em termos de liquidez”, depois de não ter conseguido pagar as dívidas em 2021.
Hoje Macau China / ÁsiaFaixa e Rota | Iniciativa apontada como modelo alternativo de desenvolvimento O Governo chinês enalteceu ontem a Iniciativa Faixa e Rota, que celebra este mês dez anos, como um modelo alternativo de desenvolvimento económico que foge “à velha mentalidade dos jogos geopolíticos” “Nos últimos 10 anos, os resultados frutíferos e o crescente círculo de amigos que integram a Faixa e Rota provam plenamente que a iniciativa não se envolve num círculo fechado e estreito, transcende a velha mentalidade dos jogos geopolíticos e cria um novo paradigma de cooperação internacional”, disse Li Kexin, director do ministério dos Negócios Estrangeiros para os assuntos económicos internacionais, na apresentação de um relatório sobre o programa. Designado pelo líder chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, a Faixa e Rota adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa. Segundo dados da AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o seu lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares (79,3 mil milhões de euros) por ano em projectos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança do país como principal financiador internacional. O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares (21,7 mil milhões de euros) por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017. A Faixa e Rota foi acompanhada também pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. Desde que foi lançada, a iniciativa apoiou projectos desenvolvidos principalmente por empresas de construção chinesas e financiados por empréstimos concedidos por bancos de desenvolvimento chineses. O objectivo oficial é impulsionar o comércio e o investimento e melhorar as ligações entre a China e o resto do mundo. Os analistas atribuem ao programa o mérito de ter canalizado fundos necessários para os países pobres, mas dizem que houve efeitos negativos. Estado líquido Um estudo divulgado na segunda-feira pelo Centro de Políticas de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston observou que a China “adicionou um Banco Mundial ao mundo em desenvolvimento”. “Isso não é pouca coisa e é muito apreciado pelos países em desenvolvimento”, disse Kevin Gallagher, diretor do centro. Mas o mesmo estudo referiu que muitos beneficiários de empréstimos chineses estão agora a sofrer com excesso de endividamento e falta de liquidez. Além disso, centrais eléctricas financiadas pela China estão a emitir cerca de 245 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, aumentando as emissões de gases com efeito de estufa que alteram o clima. Gallagher notou que a iniciativa mudou para um novo paradigma, apelidado de “pequeno e belo”, que favorece projectos mais pequenos e energias renováveis. O volume dos empréstimos chineses para o desenvolvimento diminuiu nos últimos anos, em parte porque a China aprendeu com as crises de dívida em vários países e também porque tem menos dinheiro para emprestar à medida que a sua própria economia abranda. Cong Liang, um alto funcionário da principal agência de planeamento da China, disse durante a divulgação do relatório sobre a iniciativa que o país vai aderir ao “princípio da dívida sustentável” e trabalhar com os países endividados para criar um “sistema de financiamento e investimento sustentável e controlável pelo risco”. Outra via A iniciativa faz também parte dos esforços da China para elevar o seu estatuto internacional e contrapor-se às críticas dos Estados Unidos ao seu regime comunista e histórico de violações dos Direitos Humanos. Os líderes chineses acusam os EUA de tentar impor os seus princípios a todos os países e defendem que o seu sistema oferece uma abordagem diferente, que não interfere nos assuntos internos de outros Estados soberanos. “Já não é aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento económico mundial, controlem as regras económicas e usufruam dos frutos do desenvolvimento”, lê-se no documento. A terceira edição do fórum dedicado ao principal programa da política externa de Pequim realiza-se entre os dias 17 e 18 de Outubro. Cerca de 90 países confirmaram já a sua participação, segundo fontes do Governo chinês.
Hoje Macau EventosFogo Artifício | Últimos espectáculos acontecem hoje Os dois últimos espectáculos da 31ª edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, com as apresentações das equipas de Inglaterra e Alemanha, decorrem hoje às 21h e 21h40. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo, estão marcados também para hoje dois eventos relacionados com os espectáculos, nomeadamente o Arraial do Fogo-de-Artifício e as duas Feiras do Festival de Fogo-de-Artifício. Serão conhecidos hoje os três primeiros classificados desta edição. A empresa pirotécnica oriunda de Inglaterra, “MLE Pyrotechnics Limited”, e a companhia vinda da Alemanha, “Feuerwerk Vertriebs GMbH”, irão apresentar exibições dedicadas aos temas “Sinfonia Harmónica: Acendendo o Poder da Música” e “Uma Jornada pela Música Clássica”, respectivamente.
Hoje Macau SociedadeZona A | Recebidas 12 propostas para habitação pública Foram apresentadas 12 propostas no âmbito do concurso público para a atribuição da empreitada de concepção e construção de habitação pública no lote B5 da Nova Zona de Aterro A. O objectivo é que os trabalhos de construção arranquem até ao final de Março do próximo ano. A habitação pública vai ser erigida num terreno com uma área de 9.682 metros quadrados, destinado a habitação, estacionamento público, instalações comerciais e sociais, bem como um centro modal de transportes públicos. Espera-se que após a construção dos respectivos edifícios, seja possível fornecer cerca de 1.003 fracções de habitação pública. O prazo máximo de concepção e construção era de 1.150 dias de trabalho. Como parte das exigências do concurso, foi pedido às interessadas que adoptem um “método de construção amigo do ambiente” e que sejam utilizados “elementos pré-fabricados e cofragens metálicas para a construção”.
Hoje Macau SociedadePortas do Cerco | Mais escadas rolantes substituídas Começa hoje a última fase de substituição das escadas rolantes do Edifício do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau (DSFSM). Os trabalhos estão a ser feitos de forma faseada e começaram em 2019. Desde essa altura, foram mudadas escadas rolantes ascendentes e descendentes, do lado esquerdo, do átrio de partida, e os DSFSM apontam que “têm estado a funcionar com normalidade após as obras de renovação”. Nesta fase vão ser “substituídas as três escadas rolantes descendentes, do lado direito, do átrio de partida” O prazo para acabar os trabalhos é de um mês. Durante a execução das obras, o Corpo de Polícia de Segurança Pública promete “reforçar a acção de patrulha para manter a ordem das redondezas e, quando necessário, alterar as duas vias de trânsito de partida para canal manual temporário a fim de evitar aglomerações”.
Hoje Macau PolíticaHabitação | Lo Choi In defende apoios à compra A deputada Lo Choi In defende que o Governo deve alargar os apoios à aquisição de imóveis no próximo ano. Em declarações à Rádio Macau, a legisladora considerou que esta é uma forma de “inverter a queda da taxa de natalidade registada nos últimos anos”. Na antevisão das Linhas de Acção Governativa para o próximo ano, a deputada defendeu também que o programa de apoio financeiro à aquisição de imóveis por parte de jovens seja alargado. Ou seja, as famílias que já beneficiaram deste apoio deviam poder concorrer a novos subsídios para a aquisição de apartamentos maiores. Sobre a recuperação dos negócios das pequenas e médias empresas, a legisladora entende que a política de pagamento dos juros apenas com suspensão da amortização do respectivo capital deve ser prolongada por mais um ano. Lo Choi In considera que o Governo deve lançar mais apoios e subsídios para ajudar as empresas a integrarem o mercado da Grande Baía.
Hoje Macau PolíticaLazer | Nick Lei questiona qualidade equipamentos infantis O deputado Nick Lei está preocupado com os riscos para a segurança das crianças criados por um escorrega deformado na Zona de Lazer da Marginal da Estátua de Kun Iam. Segundo uma interpelação escrita divulgada pelo jornal Ou Mun, o legislador recebeu várias queixas sobre as instalações para as crianças, e suspeita-se que o escorrega tenha ficado deformado devido à exposição ao sol, o que levanta dúvidas sobre a qualidade das instalações públicas. Face às queixas recebidas de pais de crianças que utilizam o espaço, Nick Lei quer que o Executivo explique os critérios adoptados para a compra dos equipamentos infantis, padrões de segurança e os procedimentos de manutenção. O deputado ligado à associação de conterrâneos de Fujian também destacou que a maior parte das instalações recreativas públicas de Macau está localizada ao ar livre, pelo que os materiais do equipamento recreativo devem ter um certo grau de resistência ao calor e de durabilidade, caso contrário, avisa, “terão um impacto grave na segurança das crianças quando estas brincam”. Nick Lei também apelou às autoridades a procederem a uma inspecção pormenorizada das outras áreas de diversão para crianças, a fim de eliminar potenciais riscos de segurança. Na interpelação escrita é também pedido às autoridades que expliquem ao público as causas da deformação das instalações de diversão, e que se substituam os equipamentos. Por outro lado, pedem-se explicações sobre as medidas que vão ser adoptadas para que estes problemas não se repitam.
Hoje Macau China / ÁsiaChina Everbright | Ex-chefe expulso do Partido Comunista Chinês O antigo presidente do grupo estatal de gestão de activos China Everbright foi expulso do Partido Comunista Chinês (PCC) e demitido por “graves violações da disciplina e da lei”, informou ontem a imprensa estatal. Segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, Li Xiaopeng, que era também o mais alto representante do PCC na Everbright, foi acusado de aceitar presentes e dinheiro, desafiar políticas do Partido Comunista e “tentar obstruir a investigação disciplinar” contra ele. “Li procurou obter vantagens para terceiros na selecção e nomeação de funcionários e utilizou o seu poder para garantir lucros para os seus familiares nas suas actividades comerciais”, afirmou a agência. Economista de formação, Li passou a maior parte da sua carreira no sector financeiro. Ocupou altos cargos em vários bancos chineses, antes de abandonar o cargo de presidente da China Everbright, em Março de 2022. Na última década, a China puniu centenas de altos quadros do regime, parte da mais ampla campanha anticorrupção na História da República Popular, lançada há seis anos pelo Presidente chinês, Xi Jinping. Críticos afirmam que a campanha constitui também um instrumento político, concebido para derrubar rivais políticos do líder chinês. Em Setembro, Wang Bin, o antigo patrão da maior seguradora chinesa, a China Life, que era também o mais alto representante do PCC nesta empresa estatal, foi condenado a “pena de morte suspensa”, que deve ser comutada em prisão perpétua. Wang Bin foi considerado culpado de aceitar subornos e de esconder dinheiro em contas bancárias no estrangeiro.
Hoje Macau EventosEconomia | Nobel para Claudia Goldin, a terceira mulher premiada O Prémio Nobel da Economia foi atribuído ontem à norte-americana Claudia Goldin da Harvard University “por ter contribuído para a compreensão dos resultados das mulheres no mercado de trabalho”, foi ontem anunciado. A vencedora do Nobel deste ano é a terceira mulher a ser galardoada dos 93 laureados em economia. A laureada de 77 anos e professora da Harvard University “fez avançar a nossa compreensão da situação das mulheres no mercado de trabalho”, anunciou o júri do Nobel. “A investigação de Claudia Goldin deu-nos novas e muitas vezes surpreendentes perspectivas sobre o papel histórico e contemporâneo das mulheres no mercado de trabalho”, afirmou a academia sueca. As mulheres estão muito sub-representadas no mercado de trabalho mundial e, quando trabalham, ganham menos do que os homens, recordou a academia sueca. Goldin pesquisou os arquivos e compilou mais de 200 anos de dados dos Estados Unidos, “o que lhe permitiu mostrar como e porquê as diferenças de género nos rendimentos e nas taxas de emprego mudaram ao longo do tempo”. A academia recordou que, “apesar da modernização, do crescimento económico e do aumento da proporção de mulheres empregadas no século XX, durante um longo período de tempo a diferença salarial entre homens e mulheres quase não diminuiu”.
Hoje Macau China / ÁsiaDeclínio acentuado do número de estrangeiros na China é preocupante, diz intelectual e colunista Um reputado intelectual e colunista afirma que a China não deve dar prioridade à segurança e, nesse processo, asfixiar o desenvolvimento ou os intercâmbios internacionais. Como grande nação, a percentagem de estrangeiros é estranhamente pequena. Ou talvez não Wang Wen, Director-Executivo do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros da Universidade Renmin da China, num discurso a propósito do Pensamento de Xi Jinping sobre Diplomacia e a sua relevância para a “comunidade internacional que nos rodeia”, advertiu contra o declínio acentuado dos estrangeiros na China e apelou, nas suas palavras, a que, no meio do apelo contínuo do Secretário-Geral Xi Jinping a uma “abertura abrangente ao mundo exterior” e da ênfase do governo central na abertura, se reflicta e recorde ao governo chinês, a todos os níveis, que deve prestar atenção às especificidades das suas políticas em matéria de intercâmbios internacionais. Wang, um editor do Global Times que se tornou líder de opinião na China, afirma que “embora a expressão ‘comunidade internacional’ possa parecer sofisticada, ela existe no seio da nossa própria sociedade. Através de plataformas de redes sociais como o WeChat, os chineses podem interagir com uma grande variedade de estrangeiros, incluindo diplomatas, jornalistas estrangeiros, empresários, estudantes internacionais e chineses no estrangeiro. Estas interacções diárias, como os gostos, os comentários e as conversas, contribuem para a formação de uma ‘comunidade internacional à nossa volta’. Esta comunidade tem uma influência significativa no número de elites estrangeiras que residem na China há muito tempo e na sua integração na sociedade chinesa. Além disso, desempenha um papel vital na definição das relações da China com o resto do mundo, nomeadamente com os países desenvolvidos, e pode contribuir para a resolução das tensões existentes”. Para Wang, a China enfrenta sofre de uma insuficiência de infra-estruturas para aproveitar plenamente o potencial da “comunidade internacional que nos rodeia”. Além disso, existe uma disparidade significativa entre “o estatuto de potência global da China e a actual quantidade e qualidade dos residentes e talentos estrangeiros no país”. Tal disparidade preocupa Wang. Por um lado, “as estatísticas indicam um aumento global do número de estrangeiros na China, mas registou-se um decréscimo notável de indivíduos provenientes de países desenvolvidos”. De acordo com o sétimo censo nacional, o número de residentes de longa duração de países desenvolvidos na China registou um declínio variável de 2010 a 2020. Por exemplo, o número de cidadãos franceses a residir na China continental diminuiu cerca de 40%, de 15087 para 9196. O número de americanos diminuiu 23%, passando de 71000 para 55000. O número de cidadãos alemães, italianos e japoneses a residir na China também diminuiu. Sendo a cidade mais internacionalizada da China, Xangai registou uma diminuição do número de estrangeiros de 208000 em 2011 para 163000 em 2021. Há dez anos, cerca de 100000 coreanos viviam em Wangjing (Xangai), mas actualmente esse número poderá ser de apenas 20000. A proporção de residentes estrangeiros na China é de aproximadamente 0,05%, o que é significativamente baixo para a segunda maior economia do mundo. Fica atrás das percentagens do Japão e da Coreia do Sul, que têm ambos mais de 2% de residentes estrangeiros. É ainda mais baixa do que a de países como o Laos (cerca de 0,8%) e o Camboja (cerca de 0,5%). Em geral, os talentos de topo tendem a vir de países desenvolvidos, mas o segmento de residentes estrangeiros que regista o crescimento mais rápido na China é constituído por indivíduos de países em desenvolvimento. O declínio do número de residentes de países desenvolvidos na China nos últimos anos pode ser atribuído a vários factores, como o impacto da pandemia de COVID-19 e a intensificação da concorrência sino-americana. No entanto, para Wang, há outro factor importante que muitas vezes não é mencionado: “a aplicação efectiva das políticas chinesas e o ambiente sociocultural ainda podem ser melhorados para acolher eficazmente os estrangeiros”. Wang elabora quatro sugestões para atrair um maior número de talentos estrangeiros. “Em primeiro lugar, devem continuar a ser envidados esforços para atrair o investimento estrangeiro e melhorar o ambiente empresarial, assegurando um rápido afluxo de capital estrangeiro. O rápido aumento do investimento estrangeiro é crucial para as perspectivas de desenvolvimento interno e para contrariar a contenção ocidental. Os governos centrais e locais devem abordar o acesso ao investimento estrangeiro em domínios como as barreiras pautais, a banca e as finanças, os serviços postais, os valores mobiliários e os seguros, a construção e o turismo, a educação e as telecomunicações. “Em segundo lugar, é essencial promover a aceitação social e a inclusão cultural dos estrangeiros. Lamentavelmente, é possível encontrar comentários depreciativos sobre os estrangeiros no discurso público chinês, o que contradiz os valores tradicionais de inclusão da China e não demonstra a confiança de uma grande nação. Particularmente no contexto da escalada da concorrência entre a China e o Ocidente, é crucial abordar os indivíduos estrangeiros, especialmente os dos países ocidentais, com uma mentalidade justa e equilibrada. Tratar os estrangeiros de forma equitativa, com base na lei e não em preconceitos culturais ou sociais, é um valor fundamental para os cidadãos de uma grande nação moderna. “Em terceiro lugar, é fundamental garantir procedimentos rápidos e convenientes para os estrangeiros em vários domínios, como as finanças e a fiscalidade, a residência, o turismo e a vida quotidiana. Os estudantes, trabalhadores e residentes de longa duração estrangeiros que venham para a China devem receber tratamento igual ao dos cidadãos chineses, incluindo processos simplificados de registo de contas WeChat e Alipay, obtenção de cartões de crédito e acesso à segurança social, seguro médico e pensão. Estes procedimentos devem ser simplificados para garantir comodidade e eficiência aos estrangeiros que se instalam na China. A chave para “coordenar a segurança e o desenvolvimento” é promover o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, garantir a segurança geral. É fundamental manter a segurança geral e, ao mesmo tempo, promover um desenvolvimento rápido e contínuo. Um critério importante para testar a governação local é o de saber se esta não dá prioridade à segurança e, nesse processo, não asfixia o desenvolvimento ou os intercâmbios internacionais. “Por último, podem ser promovidas reformas e inovações no processo de aprovação da China para intercâmbios intelectuais com países estrangeiros. A exploração das interacções entre a comunidade intelectual da China e académicos, empresas, embaixadas, meios de comunicação social e indivíduos estrangeiros pode passar de um sistema de pré-aprovação para um sistema de pós-registo. Exigir a pré-aprovação para cada interação pode impedir as actividades académicas e de intercâmbio, manchando potencialmente a imagem internacional da China. Tendo como pano de fundo o apelo contínuo do Secretário-Geral Xi Jinping a uma “abertura global ao mundo exterior” e a ênfase do governo central na abertura, é necessário reflectir e recordar ao governo chinês, a todos os níveis, que deve prestar atenção às especificidades das suas políticas em matéria de intercâmbios internacionais. O diabo está nos pormenores, pois são eles que determinam o sucesso ou o fracasso e o resultado real das interacções da China com os países estrangeiros e a construção da “comunidade internacional à nossa volta”. “No meio de relatos contínuos na opinião pública estrangeira que sugerem uma diminuição do número de residentes de longa duração de países desenvolvidos na China e de alegações de falta de acolhimento por parte da China em relação aos estrangeiros ou de inconvenientes nas deslocações dentro do país, é essencial reflectir sobre estas questões e garantir que a implementação de políticas está em conformidade com os objectivos de abertura e promove interacções internacionais positivas.”
Hoje Macau China / ÁsiaPensamento de Xi Jinping sobre cultura apresentado em reunião nacional O pensamento de Xi Jinping sobre a cultura foi formalmente apresentado numa reunião nacional de dois dias sobre o trabalho de comunicação pública e cultura, realizada em Pequim no sábado e no domingo. De acordo com a reunião, desde o 18.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), foram “alcançadas conquistas históricas nos domínios da comunicação pública e da cultura”, atribuindo-as à liderança do Presidente Xi Jinping. “As novas ideias e opiniões sobre o desenvolvimento cultural na nova era apresentadas por Xi enriqueceram e desenvolveram as teorias culturais marxistas e formaram o Pensamento de Xi Jinping sobre a Cultura”, observou a reunião. Durante a reunião, foram transmitidas as recomendações de Xi. Entre elas, o presidente sublinhou a necessidade de “reforçar a confiança cultural, de seguir a abordagem de abertura e inclusão e de defender os princípios fundamentais, abrindo novos caminhos para proporcionar uma forte garantia ideológica, força espiritual e condições culturais favoráveis para a construção de um país socialista moderno em todos os aspectos e para fazer avançar o grande rejuvenescimento da nação chinesa em todas as frentes”. Observando que o trabalho de comunicação pública e cultura é “extremamente importante”, Xi disse que, desde o 18.º Congresso Nacional do PCC, o Comité Central do Partido tem feito um planeamento sistemático e arranjos a este respeito numa perspectiva global e estratégica, assegurando “realizações históricas nesta causa”. Xi referiu as mudanças abrangentes e fundamentais que se verificaram na paisagem ideológica do país, acrescentando que existe “um sentimento notavelmente mais forte de confiança cultural e um nível mais elevado de moral em todo o Partido e na nação”. Xi afirmou que estão a ocorrer em todo o mundo mudanças importantes que não se viam há um século e que o trabalho da comunicação pública e da cultura está a enfrentar novas circunstâncias e novas missões. “O trabalho relacionado deve ser feito com foco na nova missão cultural, que é fazer avançar ainda mais a prosperidade cultural, construir um país líder em cultura e promover a moderna civilização chinesa num novo ponto de partida histórico”, disse Xi. O presidente sublinhou a necessidade de “envidar esforços sólidos para reforçar a liderança do Partido no trabalho de comunicação pública e cultura, desenvolver uma ideologia socialista que tenha o poder de unir e inspirar o povo e cultivar e aplicar os valores socialistas fundamentais, entre outros”. Xi apelou ainda a esforços para “consolidar continuamente a base intelectual comum para que todo o Partido e todo o povo chinês se esforcem em unidade e aumentem o poder cultural da China e o apelo da cultura chinesa”. Finalmente, a reunião concluiu que “o Pensamento de Xi Jinping sobre a Cultura mostrou que a compreensão do Partido sobre as leis subjacentes ao desenvolvimento da cultura socialista com características chinesas atingiu um novo patamar, assim como a confiança do Partido na história e na cultura”. “O Pensamento de Xi Jinping sobre a Cultura é um sistema de pensamento aberto e em evolução que será enriquecido e desenvolvido à medida que a prática for progredindo”, disse a reunião, apelando a mais esforços no estudo, investigação e interpretação do pensamento. Assim sendo, a reunião apelou “aos esforços no sentido de estudar e aplicar seriamente o Pensamento de Xi Jinping sobre a Cultura e promover o progresso sólido do trabalho relacionado em todas as frentes, sublinhando a necessidade de cimentar e expandir os pensamentos dominantes que inspiram o trabalho árduo na nova era e de aplicar extensivamente os valores socialistas fundamentais, entre outros. A reunião acrescentou que devem ser envidados esforços para promover a protecção e a herança da cultura tradicional chinesa e alargar o alcance e a atracção da civilização chinesa, apelando igualmente “a esforços para prevenir e neutralizar os riscos ideológicos de uma forma resoluta e eficaz, e a reunir a coragem de tomar uma posição e uma luta inequívocas”. Foi também pedido “um novo olhar e progresso no esforço para transformar a China num país com uma forte cultura socialista e construir a moderna civilização chinesa”.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim apela a Washington para “gerir disputas de forma mais racional” Uma delegação de senadores dos EUA está de visita à China. Trazem um baú de críticas que os chineses refutam na maior parte dos casos, argumentando que os EUA pouco fazem para que alguns consensos sejam encontrados. Wang Yi, MNE chinês, pede “racionalidade”. Uma delegação norte-americana de senadores, liderada pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, prosseguiu a sua visita a Xangai no domingo, tendo os analistas afirmado que se tratava de “testar as águas” relativamente à posição da China em questões como o fentanil e o “tratamento justo” das empresas norte-americanas. Mas o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou ontem aos Estados Unidos para “gerirem as diferenças [com a China] de forma mais racional”, durante um encontro com senadores norte-americanos, no âmbito da reaproximação diplomática entre as duas potências. “Esperamos que esta visita ajude os Estados Unidos a compreenderem melhor a China, a ver as relações China-EUA de forma mais objectiva e a lidar de forma mais racional com as diferenças existentes”, disse Wang Yi, durante uma reunião com a delegação liderada pelo democrata Chuck Schumer. Schumer e a competição China e Estados Unidos renovaram o diálogo nos últimos meses com uma sucessão de visitas de altos funcionários norte-americanos a Pequim. “Devemos gerir as nossas relações de forma responsável”, disse Chuck Schumer, insistindo que os Estados Unidos “não procuram entrar em conflito” com o país asiático. No entanto, o senador disse ser “natural que duas grandes potências compitam em áreas como o comércio, tecnologia e diplomacia, entre outras”. Schumer citou como “objectivo número um” alcançar “condições equitativas para as empresas e trabalhadores norte-americanos”. No que diz respeito ao tratamento justo das empresas americanas, como a capacidade da Micron Technology de realizar negócios na China, Li disse que a China tratou as questões relacionadas com a Micron em conformidade com a legislação chinesa. “Ao falar sobre os problemas com a Micron, Schumer não mencionou que os EUA acrescentaram 42 empresas chinesas à sua lista de controlo das exportações”, salientou Li. A guerra do fentanil O líder democrata no senado apontou ainda como objectivos “responsabilizar as empresas sediadas na China que fornecem produtos químicos mortais que alimentam a crise do fentanil na América” e “garantir que a China não apoia o comportamento imoral da Rússia” na invasão da Ucrânia. “Promover o [respeito pelos] Direitos Humanos é outra prioridade”, acrescentou. Refutando as observações de Schumer sobre o fentanil, Li Yong, investigador sénior da Associação Chinesa de Comércio Internacional, afirmou que a China já tomou várias medidas relativamente à questão do fentanil e que os EUA não podem simplesmente fechar os olhos aos grandes esforços que a China tem feito. O consumo de fentanil tornou-se uma questão social importante nos EUA, que, no entanto, não pode ser associada à China. Embora os dois governos tenham efectuado várias comunicações, os EUA consideram a questão “numa perspectiva de difamação da China”, disse Li. A viagem à China dos senadores norte-americanos ocorre numa altura em que está prevista uma reunião entre os líderes dos dois países, Joe Biden e Xi Jinping. Biden mencionou na sexta-feira a “possibilidade” de se encontrar com Xi Jinping durante a cimeira da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), marcada para meados de novembro, em São Francisco. Críticas e mais críticas Chuck Schumer também criticou ontem a posição da China, que apelou à “contenção”, após os confrontos entre o movimento islâmico palestiniano Hamas e Israel. “Para ser honesto, fiquei muito decepcionado com a declaração (…) que não demonstrou nenhuma compaixão ou apoio a Israel nestes tempos difíceis e conturbados”, disse. A China disse no domingo que estava “profundamente preocupada” com os confrontos, que já deixaram mais de mil mortos entre israelitas e palestinianos. Na segunda-feira, Wang Yi sublinhou que o “mundo atravessa atualmente um período de turbulência e mudanças […] . A crise na Ucrânia ainda não foi resolvida e a guerra está de volta ao Médio Oriente”. Citou também o terramoto no Afeganistão, que deixou mais de 2.000 mortos, segundo as informações mais recentes. “Todos estes desafios devem ser enfrentados pela comunidade internacional e a China e os Estados Unidos devem desempenhar os seus papéis de forma apropriada”, disse Wang. A diplomacia chinesa, que no início deste ano mediou a aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, afirma regularmente que quer dar o seu contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que está paralisado desde 2014. Até recentemente pouco envolvida na questão israelo-palestiniana, em comparação com os Estados Unidos, a China, que mantém boas relações com Israel, está agora a realçar mais a sua posição sobre o assunto.
Hoje Macau PolíticaMercados Municipais | Ron Lam critica falta de vendedores Ron Lam questionou o sistema de selecção de vendedores nos mercados municipais. Numa interpelação escrita, o deputado apontou que com as alterações mais recentes à legislação, que entraram em vigor em 2022, o sistema de sorteio para a atribuição das bancas foi substituído por um procedimento de concurso público. Contudo, desde essa altura nunca mais houve novos procedimentos para a escolha de mais vendedores. Sobre este aspecto, Lam aponta culpas às “elevadas taxas” de bancas desocupadas em mercados como os que ficam na Taipa, Coloane, mas também na Península, e que é necessário criar uma nova dinâmica para atrair mais comerciantes. O deputado quer assim saber se a reabertura de alguns mercados icónicos, como o Mercado Vermelho que está encerrado para obras, vai ser aproveitada para lançar um concurso público para a escolha de novos vendedores. Por outro lado, Ron Lam questiona se serão construídos mercados na Zona A dos Novos Aterros, e quando vão ser realizados os procedimentos de selecção de vendedores.
Hoje Macau PolíticaDST | Governo desaconselha viagens para Israel O Governo aconselhou ontem os residentes do território a não viajarem para Israel, na sequência da ofensiva do Hamas que desencadeou um conflito que já fez cerca de milhar de mortos. Para quem já se encontra em viagem, é sugerido o acompanhamento atento da evolução da situação e vigilância para garantir a segurança pessoal, disse, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau. Macau emitiu o nível 2 de alerta de viagem – de um total de três escalões – para Israel. De acordo com o ‘site’ da DST, este nível sugere que sejam reconsideradas “viagens não-essenciais”. “Representa um aumento da ameaça à segurança pessoal”, lê-se. No domingo, a DST disse estar “atenta à situação em Israel e na Palestina, não tendo, até ao momento, recebido qualquer pedido de informação ou assistência”. O departamento governamental da região administrativa disse ainda estar em contacto com o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau e com operadores turísticos.
Hoje Macau SociedadeJudiciária de Macau detém directora de segundo maior jornal chinês do território A Polícia Judiciária (PJ) disse no passado dia 29 ter detido a directora e proprietária do diário Hou Kong, o segundo mais popular jornal chinês de Macau, Bobo Ng. “O caso não tem nada a ver com a carreira nos meios de comunicação social”, indicou a PJ, em comunicado, acrescentando que a empresária ficou em prisão preventiva. “O caso ainda está a ser investigado e será anunciado em devido tempo, de acordo com a lei”, salientou a PJ. O seminário Plataforma avançou que a detenção está “relacionada com suspeitas de fraude financeira”, citando “fontes conhecedoras do processo”. Por seu lado, a TDM-Rádio Macau avançou, citando fontes não identificadas, que o caso envolve ainda outros detidos, nomeadamente dois quadros superiores de um banco local e outra empresária, também em prisão preventiva. Bobo Ng dirige desde 2022 o diário Hou Kong Daily, que foi formalmente criado em março de 2008.
Hoje Macau Grande PlanoNegócios confiantes na parceria entre Governo e jogo na revitalização de zona antiga de Macau Reportagem de Catarina Domingues, da agência Lusa O plano de revitalização da tradicional rua da Felicidade, uma parceria entre o Governo de Macau e a operadora de jogo Wynn que arrancou dia 29, é visto com expectativa por comerciantes afectados pela pandemia da covid-19. “As lojas não sabiam como gerir os negócios quando a pandemia se alastrou pelo mundo inteiro, por isso vamos ver como é que estas actividades vão impulsionar o comércio”, disse à Lusa a proprietária da Pa Ka Cheong, que vende chás medicinais. “Claro que tenho [esperança], disso não há dúvidas”, admitiu Chen Pek Chun, enquanto, lá fora, um rancho folclórico actuava para membros das autoridades e da Wynn Macau, que percorriam a passo lento a rua da Felicidade, seguidos de jornalistas e convidados. Pelo caminho, ainda instalações de coelhos e lanternas em celebração do festival do Bolo Lunar, que arrancou dia 29; actuações de marionetistas e grupos de teatro; jovens a fazerem directos para as redes sociais ou a posar para fotografias. “Uma boa experiência” para Ana Manhão, do restaurante de comida macaense “Belos Tempos”. “Já ando aqui há mais de 10 anos, então acho que é uma boa iniciativa, porque é sempre uma coisa nova, não sabemos qual vai ser o resultado, mas vamos ver”, disse a chefe de cozinha, para quem a pedonalização do bairro também tem um lado negativo, já que as viaturas deixam de poder parar à porta para as entregas durante o dia. “Mas, em vez de estar sempre a dizer mal, vamos ver o que podemos [fazer para] recuperar”, notou a macaense, afirmando que o impacto da covid-19 foi “muito mau” para o negócio de restauração. A rua da Felicidade, que nos tempos antigos foi uma zona de prostituição, com bordéis, casas chá e de ópio, e que é actualmente um dos pontos mais turísticos da região, esteve dia 29 fechada ao trânsito, a título experimental, entre as 11:00 e a 01:00. A iniciativa, que se estendeu a algumas ruas adjacentes, é o primeiro projeto de uma operadora de jogo em Macau no âmbito do programa de revitalização dos bairros antigos. Com vista à diversificação da economia local, fortemente dependente das receitas dos casinos, a aposta em elementos não jogo foi uma das exigências das autoridades da região administrativa especial para a atribuição das seis concessões de jogo em Janeiro. Uma imposição que visa apoiar uma das políticas que o Governo determinou como prioritária, a de revitalizar as zonas antigas do território. “A Wynn vai continuar a cooperar com a estratégia de desenvolvimento diversificado moderado” de Macau e “com diferentes partes interessadas da comunidade, contribuindo para o desenvolvimento ordenado do turismo comunitário e não relacionado com o jogo”, notou a empresa norte-americana em comunicado. Ao longo das últimas semanas, as seis operadoras apresentaram as estratégias para a cidade, com a Sands China a anunciar hoje, entre outros projetos, um plano de incubação para pequenas e médias empresas na rua das Estalagens, centro histórico de Macau, e a transformação das Casas-Museu da Taipa num destino para fotografias de casamento. No caso da MGM China Holdings Limited, a operadora assinou com o Governo um programa de revitalização para a área da Barra e à volta da Doca D. Carlos I, para criar um parque cultural e criativo. O Galaxy Entertainment Group projectou para os antigos estaleiros navais de Lai Chi Vun, em Coloane, um salão de exposições, uma pista de gelo e uma quinta urbana. Nos planos da SJM Resorts está a revitalização e conservação das pontes-cais n.º 14 e 16 e do antigo casino flutuante Palácio de Macau, no Porto Interior. Já as pontes-cais n.º 23 e 25 vão integrar elementos culturais e artísticos, num projeto da Melco Resorts, que, em conjunto com o Governo, vai ainda revitalizar a zona da Fortaleza do Monte. Ainda não são conhecidos os valores totais que as operadoras vão desembolsar, embora estas se tenham comprometido a aplicar mais de 100 mil milhões de patacas em elementos não relacionados com o jogo.
Hoje Macau Grande PlanoChina ainda pouco recetiva a autores lusófonos contemporâneos, dizem especialistas Especialistas na área da tradução disseram à Lusa que a literatura contemporânea em língua portuguesa gera pouco interesse na China comparativamente com os clássicos e, no caso de Portugal, a solução pode passar por mais investimento de Lisboa. Fernando Pessoa, Eça de Queirós e José Saramago estão entre os autores portugueses mais traduzidos na China continental, de acordo com um catálogo elaborado pela Embaixada de Portugal em Pequim. Excluindo nomes da literatura infantojuvenil portuguesa, com presença bastante expressiva na China, Pessoa é o escritor com mais trabalho passado para o chinês, estando presente em 9% (22 obras) de toda a bibliografia (246) traduzida ou que estava prevista traduzir na China até 2022. Min Xuefei assinou em 2013 um desses trabalhos, a primeira tradução chinesa dos poemas e ensaios de Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Pessoa. A académica, professora na Universidade de Pequim, com doutoramento em Literatura de Língua Portuguesa na Universidade de Coimbra, observa o desinteresse por nomes da atualidade: “Recomendei Dulce Maria Cardoso a vários editores e também tradutores”. Até ao momento, porém, a autora de romances como “Retorno” e “Eliete” ainda não chegou às livrarias do país asiático. No restante universo lusófono, o cenário é idêntico. A maioria dos títulos traduzidos por esta natural de Shenyang, no norte chinês, “são todos clássicos”, isto é, de “autores que já morreram”, diz à Lusa, quando se assinala o Dia Internacional da Tradução. Além de José Saramago (“O Silêncio da Água”), Min também converteu para a língua materna os brasileiros Machado de Assis (“Contos Selecionados”) e Clarice Lispector (“A Hora da Estrela” e “Felicidade Clandestina”). A exceção é o moçambicano Mia Couto (“Terra Sonâmbula”). “A literatura contemporânea também é muito importante, mas é muito difícil de introduzir no mercado chinês”, nota Min. Jovens autores “ainda sem reconhecimento internacional” convencem menos leitores, justifica. Ao longo dos dois anos que lecionou na Universidade Normal de Fujian, no leste chinês, Nuno Rocha, especialista em tradução chinês-português, identificou esta mesma tendência. O entusiasmo da população por clássicos chineses, analisa agora, motiva a “entrada mais fácil” deste tipo de literatura em língua portuguesa. “Lembro-me de encontrar facilmente os grandes clássicos da literatura europeia, em versões bilingues, quando estudei na China em 2010”, lembra Rocha, atualmente professor na Universidade de São José, em Macau. Por outro lado, sublinha, não se sabe “até que ponto os autores contemporâneos também são dados a conhecer aos alunos” pelos próprios educadores no país asiático. Rocha avança que um “plano específico de divulgação da literatura contemporânea portuguesa na China” podia solucionar o impasse, embora isso implicasse “um investimento elevado”. “E no caso português especificamente, infelizmente, a cultura nunca é prioridade”, lamentou. A intervenção por parte de Lisboa na promoção autoral, em colaboração com revistas literárias e editoras chinesas, é uma das propostas deixadas por Min Xuefei: “Podemos, por exemplo, traduzir um conto ou um excerto de um capítulo do romance dos autores e publicar numa revista literária chinesa”. Já no sentido inverso, “a literatura chinesa moderna e contemporânea ainda é relativamente nova no mercado de livros em língua portuguesa”, aponta, por sua vez, a académica Lidia Zhou Mengyuan, do departamento de Tradução da Universidade Chinesa de Hong Kong. “As pessoas estão cada vez mais abertas a explorar novos sabores literários”, constata a professora, com investigação na área da tradução e receção da literatura chinesa contemporânea nos países de língua portuguesa desde 2000, notando ainda que, em geral, a diversidade da oferta literária portuguesa na China “é mais ampla do que a sua contraparte”. “Apesar do progresso feito nas últimas duas décadas em termos de diversidade de autores, géneros e livros traduzidos para português, ainda há espaço significativo para desenvolvimento adicional”, ressalva. Foi a partir de 2008 que contemporâneos chineses, incluindo Su Tong, Yu Hua e Yan Lianke, chegaram ao mercado livreiro em língua portuguesa, tanto em Portugal quanto no Brasil, explica Zhou Mengyuan, notando que “é provável que o seu reconhecimento internacional tenha contribuído” para isso acontecer. Os “estereótipos em relação à China no Ocidente” podem ainda estar a condicionar a vida das letras chinesas na lusofonia, admite Zhou, para quem um intercâmbio “mais frequente e direto é a chave para superar esses estereótipos”.