Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEleições | Porque concorrem Angela Leong e Ho Ion Sang pela via indirecta Angela Leong e Ho Ion Sang concorrem pela primeira vez este ano às legislativas pela via indirecta, depois de terem apresentado sempre candidaturas a sufrágio directo e de terem obtido as mais baixas votações em 2017. No caso de Angela Leong, há quem defenda que a opção pela via indirecta pode ser sinal de perda de poder dentro da SJM A candidatura dos deputados Angela Leong e Ho Ion Sang pela via indirecta, nas eleições legislativas de 12 de Setembro, pode representar a vontade de darem lugar a novos rostos na política. Importa recordar que a deputada e dirigente da Sociedade de Jogos de Macau concorreu sempre pela via directa, desde 2005 e no último sufrágio conseguiu o menor número de votos, com um total de 10.447. Já Ho Ion Sang foi candidato às directas nas eleições desde 2009 e também conseguiu o mais baixo número de votos em 2017, com 12.333 eleitores a votarem no representante dos Kaifong. No caso de Angela Leong, a viragem para a eleição indirecta pode também ser um sinal de menor poder dentro da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ou de ter perdido força na representação do sector do jogo. São estas as ideias deixadas por vários analistas contactados pelo HM. “Ho Ion Sang é um dos membros mais antigos dos Kaifong [União Geral das Associações de Moradores de Macau], e se se mantivesse no sufrágio directo provavelmente seria reeleito, mas claro que o número dois [da lista pela via directa], se passar a número um, é eleito. Com a mudança para o sufrágio indirecto, os Kaifong vão manter dois deputados na AL”, começou por dizer Larry So. “No caso de Angela Leong, a situação é semelhante”, frisou. “Ela tem sido muito pró-activa no apoio às gerações mais jovens, penso que esse é o seu objectivo. Além disso, tanto Ho Ion Sang como Angela Leong são deputados próximos do Governo Central, então é por isso que preferem seguir para o sufrágio indirecto, para que as suas posições possam ser mantidas nos próximos anos e para que as gerações mais jovens tenham a oportunidade de chegar a deputados.” Também Leung Kai Yin, analista político e docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), acredita que o foco é dar oportunidades aos jovens de serem eleitos. “Ho Ion Sang e a sua associação querem ter uma nova geração de deputados na AL, através de sufrágio directo. Ho Ion Sang pensa que será fácil obter um assento pela via indirecta. Quanto a Angela Leong, seria difícil obter um assento pela via directa, então o facto de Cheung Lap Kwan, que tem ocupado um assento no sector cultural e desportivo, querer reformar-se, constitui uma boa oportunidade.” Ho Ion Sang concorre pelo sufrágio indirecto substituindo Chan Hong no sector dos serviços sociais e educacional. No sufrágio directo, os Kaifong fazem-se representar com a lista União Promotora para o Progresso, liderada por Leong Hong Sai. No caso de Angela Leong, concorre ao lado de Chan Chak Mo, um veterano no sector cultural e desportivo. O risco de Angela O jurista e professor universitário António Katchi tem outra visão da candidatura de Angela Leong: se esta concorresse pela via do sufrágio directo, corria o risco de não ser eleita. “A decisão de Angela Leong é uma manobra destinada a garantir a sua eleição, relevando o empenho dos capitalistas do sector do jogo em manter a sua máxima representação possível na AL, e não uma perda de interesses em tal representação. Pela via do sufrágio directo, Angela Leong correria um sério risco de não ser reeleita, ao passo que pelo sufrágio indirecto tem a eleição praticamente garantida.” Segundo o jurista, Leong corre o risco de ficar de fora do próximo elenco no hemiciclo “porque cada vez menos poderá contar com o voto dos trabalhadores do sector do jogo”. “Este sector representa um campo onde se digladiam interesses antagónicos dos capitalistas e dos trabalhadores. À medida que estes se vão consciencializando desse antagonismo e projectam essa consciência em lutas laborais, vão abandonando, no terreno eleitoral, as candidaturas identificadas com os interesses dos patrões do jogo, promovendo ou apoiando candidaturas mais conotadas com os seus próprios interesses.” Neste sentido, “é neste quadro que surge a lista encabeçada por Cloee Chao, que deverá absorver o voto de uma parte cada vez maior dos trabalhadores do sector do jogo”, aponta António Katchi. Mas além de Cloee Chao, que este ano se estreia como candidata liderando a lista “Novos Jogos de Macau”, também Sulu Sou e José Pereira Coutinho podem captar votos, uma vez que são “forças políticas que têm mantido um razoável grau de proximidade com as classes trabalhadoras”. Estes factores “vão, naturalmente, provocando erosão do eleitorado de Angela Leong”. Na visão do jurista, “esta tendência já se observou nas eleições de 2017, com a derrota de Melinda Chan”, hoje directora-executiva da Doca dos Pescadores. “À medida que se desenvolve a luta de classes, o lógico será que os capitalistas fujam ainda mais do sufrágio director e prefiram ‘aconchegar-se’ no sufrágio indirecto, que está quase inteiramente nas suas mãos.” Para Larry So, o facto de Angela Leong concorrer pelo sufrágio indirecto é também sinal de perda de poder dentro da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), onde desempenha o cargo de directora-executiva e co-presidente. “Ela já não está numa posição de representatividade do sector do jogo, e esta mudança pode ser uma mensagem de que está mais ligada aos sectores cultural e desportivo, que é uma das suas áreas, uma vez que foi bailarina.” Para Leung Kai Yin, Angela Leong perdeu poder, mas quer continuar no hemiciclo “para manter alguma influência em Macau, não apenas para ela, mas também para os seus filhos”. “O seu filho e filha também desenvolveram a sua carreira em Macau e é muito fácil protegê-los e ajudá-los a desenvolver a carreira, mesmo que ela já não tenha uma posição importante na SJM.” Uma questão de lobbying Com a mudança de Angela Leong para a via indirecta, para um sector que não está ligado a interesses empresariais ou do jogo, como fica a representatividade dos casinos no hemiciclo? Além disso, não é certo se Davis Fong Ka Chio, académico da Universidade de Macau ligado a esta área, será novamente nomeado deputado pelo Chefe do Executivo. Larry So confessa não estar preocupado com a eventual falta de representatividade dos casinos, até porque estes já fazem lobby junto do Governo. “A maior parte dos deputados, sobretudo os que concorrem pelo sufrágio indirecto, estão de certa forma ligados a este sector. Esta é a indústria mais importante de Macau e penso que os seus interesses já estão muito representados na AL, não ficaria preocupado com isso.” “O facto de estarmos numa fase de revisão das licenças de jogo faz com que as concessionárias sejam muito activas e façam lobby junto do Governo. [Estas] trabalham de forma muito próxima com o Governo para defender os seus interesses, portanto, ter alguém na AL que as defeda não é o mais importante. Mesmo um deputado na AL não consegue representar todas estas empresas e os seus interesses”, acrescentou Larry So. Leung Kai Yin não tem dúvidas de que “não há grande interesse na questão da representatividade política, porque, depois da situação em Hong Kong, [as operadoras] sentem que o Governo é forte, sobretudo desde que Ho Iat Seng foi eleito Chefe do Executivo. Há coisas que não passam pela AL”, frisou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeÓbito | Nuno Prata da Cruz, dirigente macaense nos EUA, morre de doença prolongada Morreu, na última sexta-feira, Nuno Prata da Cruz, dirigente do Clube Lusitano da Califórnia, nos EUA. Miguel de Senna Fernandes recorda-o como uma pessoa “muito respeitada” que nunca faltou a um Encontro das Comunidades Macaenses, enquanto que José Sales Marques destaca o facto de Nuno Prata da Cruz ter sido “um ilustre filho de Macau que singrou nos EUA” “É com profunda tristeza e coração pesado que anunciamos o falecimento de não apenas um dos fundadores do Clube Lusitano da Califórnia como também um amigo muito especial.” Foi desta forma que os dirigentes desta associação da comunidade macaense nos EUA anunciaram o falecimento de Nuno Prata da Cruz, a 2 de Julho, em Oakland, vítima de cancro. Nuno Prata da Cruz foi um dos fundadores do Clube Lusitano da Califórnia e um dedicado dirigente macaense na diáspora. Na nota publicada na rede social Facebook, o Clube destaca o facto de Nuno Prata da Cruz ter sido “um importante e influente membro do Clube Lusitano da Califórnia e da comunidade macaense a nível global”. “Ele era muito orgulhoso da sua herança portuguesa e queria sempre garantir e preservar a nossa cultura, comida, música e história. Foi um privilégio conhecê-lo e trabalhar com ele”, acrescenta ainda a mesma nota. Roy Eric Xavier, académico macaense da Universidade de Berkeley, também escreveu na rede social Facebook sobre o falecimento deste dirigente da diáspora. “Ele era um brilhante porta-voz e um grande amigo. A comunidade macaense a nível mundial está de luto e recorda os seus muitos feitos”, escreveu. Sempre presente Contactado pelo HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), recorda o lado “afável” de Nuno Prata da Cruz, que conheceu em 1993, aquando da primeira edição do Encontro das Comunidades Macaenses. “Sempre nos demos bem e ele nunca faltou a nenhum Encontro. Era uma pessoa muito respeitada e é uma pena, não contava com este falecimento.” Há muito que Nuno Prata da Cruz estava doente, conforme recorda Miguel de Senna Fernandes. “Em 2015 estive nos EUA e fiz uma visita às casas macaenses, e fui à Califórnia. Ele e a Maria Roriz [actual dirigente do Clube Lusitano da Califórnia] foram os cicerones e foi fantástico. Nessa altura ele já estava doente, mas depois recuperou muito bem. Mas nas últimas duas a três semanas teve uma recaída.” José Sales Marques, presidente do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM), recorda “o ilustre filho de Macau que singrou nos EUA” e que se tornou “num dirigente histórico do Clube Lusitano da Califórnia”. “Conheço-o desde há muito tempo e trabalhamos juntos durante mais de duas décadas a favor da causa Macaense e em prol das comunidades macaenses espalhadas pelo mundo. Esteve na fundação do CCM e tenho por ele grande estima. Lamento profundamente, em meu nome e no do CCM, o seu passamento e dou os meus sentidos pêsames à família, ao Clube Lusitano da Califórnia e a todos os seus amigos”, disse ao HM. Quanto ao futuro do Clube Lusitano da Califórnia, Miguel de Senna Fernandes assegura que “está muito bem entregue à Maria Roriz”, uma vez que esta tem sido “uma grande dirigente e dinamizadora”. “O Clube Lusitano da Califórnia tem muitos sócios e é a maior casa macaense nos EUA. Têm cerca de 900 sócios, mas claro que nem todos são macaenses. A grande parte pertence à comunidade portuguesa, sobretudo oriunda dos Açores. O clube abriu a porta a esses sócios e fez bem, e preza-se muito pela divulgação da cultura portuguesa. O Nuno era um grande entusiasta na divulgação da língua portuguesa e de todas essas coisas, até porque a sua esposa é portuguesa”, rematou.
Andreia Sofia Silva SociedadeViolação de quarentena | Rejeitado recurso do Ministério Público O Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou um recurso interposto pelo Ministério Público (MP) relativo ao caso de um homem que não cumpriu o período de quarentena em casa e que foi absolvido do crime de infracção de medida sanitária preventiva. O caso remonta a 27 de Setembro do ano passado, quando o indivíduo entrou em Macau e foi submetido a um teste de ácido nucleico no hospital público. Aí assinou uma “declaração de aceitação de observação médica”. No entanto, o homem “não cumpriu a medida de isolamento”, pois a 28 de Setembro, pelas 00h10, “foi entregue no Posto de Migração do CPSP pelos funcionários dos Serviços de Saúde no átrio de saída do Edifício do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco”. O TSI entendeu que o ofício dos Serviços de Saúde “não foi acompanhado de decisão administrativa que mostrasse se a Autoridade Administrativa tinha ordenado, de forma escrita, a aplicação da medida de observação médica” ao homem.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteDelta do Rio das Pérolas retratado em conferência multidisciplinar É já nos próximos dias 8 e 9 de Julho que se realiza a palestra online “Narrating Pearl Delta River” [Narrando o Delta do Rio das Pérolas], organizada por Mário Pinharanda Nunes, da Universidade de Macau (UM) e Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa. A ideia é olhar para esta zona do sul da China não apenas de uma perspectiva literária ou histórica, trazendo também para o diálogo áreas como as artes plásticas, incluindo um ângulo de contemporaneidade. “Queríamos que a conferência tivesse uma perspectiva mais alargada”, disse ao HM Mário Pinharanda Nunes. Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “é um imaginário cada vez mais presente”, apesar de hoje “se mencionar mais como a Grande Baía”. “Optámos por este título porque a maioria dos trabalhos se centram em épocas passadas, como o século XIX, e temos mesmo um trabalho sobre o século XVII. Felizmente, conseguimos captar também o interesse de colegas que trabalham a contemporaneidade, nomeadamente na área da literatura.” Rogério Miguel Puga confessou que o objectivo desta conferência “não é apenas estudar Macau, Hong Kong ou Cantão de forma isolada, mas tentar também comparar os mesmos espaços na representação do Delta do Rio das Pérolas como um espaço geopolítico e também psicogeográfico do sul da China, através de uma abordagem comparatista”. “É um espaço terreno e fluvial ao mesmo tempo, que nasce do comércio e que ainda hoje se centra nessa área”, acrescentou. Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “continua a ter interesse e cada vez mais na vertente da actual política chinesa”. “É um espaço comercial e político da China e é único na história universal de encontros e desencontros, e interesses transaccionais. É um espaço histórico palimpsesto, que pode ser estudado por camadas e que exige ser estudado desta forma comparada, tendo sempre em mente o passado histórico e a sua importância actual”, referiu. Do passado ao presente Quais são então os autores que podem ser vistos e ouvidos neste evento que traz “uma abordagem global e interdisciplinar”? Os organizadores destacam o diálogo sobre o trabalho de Kit Kelen, onde será feita uma leitura ilustrada da sua poesia. “A ideia era alargar o evento às artes plásticas e temos a contribuição do professor Kit Kelen, já aposentado, mas que é bastante conhecido em Macau pelo trabalho que fez na década de 90 até há uns cinco anos atrás. Trabalhava muito com jovens poetas”, referiu Mário Pinharanda Nunes. Sara Augusto, académica do Instituto Politécnico de Macau, irá falar da “Poemografia, a escrita a preto e branco de António Mil-Homens”, imprimindo à conferência um tom mais contemporâneo, enquanto que Paul Van Dyke vai falar sobre casas de penhores. Será também dado destaque às obras de Maria Ondina Braga ou Rodrigo Leal de Carvalho, sem esquecer a obra de Henrique de Senna Fernandes. “Mónica Simas falará sobre ‘Os Dores’ de Henrique de Senna Fernandes, um autor macaense que também se ocupa de vários espaços do Delta do Rio das Pérolas nos seus romances, incluindo Portugal e cidades chinesas”, explicou Rogério Miguel Puga. Everton Machado, da Universidade de Lisboa, irá ainda falar do poeta Wenceslau de Moraes. Esta conferência conta também com a participação do Centro Cultural e Científico de Macau. A conferência pode ser vista aqui.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Visitantes de Hong Kong obrigados a usar máscara em Macau Ainda nada está decidido, mas caso seja aberta a bolha de viagem entre Macau e Hong Kong os visitantes da região vizinha poderão ter de usar o código azul de saúde, o que obriga a usar sempre máscara. Estará, por isso, interdito o seu acesso a piscinas públicas ou bares, por exemplo As autoridades locais continuam a negociar as condições para a abertura de uma bolha de viagem com Hong Kong, mas não confirmaram se as fronteiras podem abrir no próximo dia 11 de Julho, como noticiaram alguns media. Uma coisa é certa: alguns critérios já foram discutidos, conforme adiantou ontem Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. “Ainda não temos uma decisão para permitir a circulação. Definimos alguns padrões, como as pessoas que já levaram as duas doses da vacina terem de apresentar um teste de ácido nucleico negativo com o prazo de 48 horas, bem como realizar um teste à chegada a Macau.” Além disso, os visitantes de Hong Kong vão ficar sujeitos aos limites impostos pelo código de saúde azul, que obriga a algumas restrições de acesso. “[Os visitantes] só podem participar em actividades onde se tem de usar sempre máscara, não podem entrar em bares ou salas de karaoke. Em relação às piscinas não poderão ir caso tenham código azul, ou só poderão ficar em determinados andares nos hotéis.” Na conferência de imprensa de ontem foi também avançado que está a ser estudado um plano para “permitir a entrada de turistas estrangeiros nos casinos, porque são estabelecimentos especiais”. “É um dos estudos que tem prioridade neste momento. Quando vêm a Macau, se não podem ir aos casinos, parece estranho, mas iremos publicar as conclusões assim que as tivermos”, disse Leong Iek Hou. Medidas diferentes Os responsáveis do Centro falaram também da possibilidade de os residentes de Macau terem menos regras para entrar no território vizinho, por comparação às pessoas vindas de Hong Kong. “Como a situação interna de Macau e Hong Kong é diferente, haverá medidas diferentes.” Também a implementação de quotas diárias está por definir. “Será que Hong Kong vai ter mais casos importados no futuro? Se houver apenas casos importados ou com fonte desconhecida, temos o princípio de que, a partir do momento em que não haja qualquer caso, passados 28 dias é que teremos essas medidas para facilitar a passagem. Se esses casos não causarem infecções comunitárias iremos esperar pelos 28 dias. Acredito que em breve teremos essas medidas”, adiantou Leong Iek Hou. Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, disse que a imunidade de grupo poderá ser atingida quando cerca de 70 por cento da população estiver vacinada. “Aumentou o número de pessoas inoculadas, por dia temos entre 500 a 600 pessoas. Nas últimas duas a três semanas aumentou dez vezes o número de pessoas que levaram a vacina. Cerca de 35 por cento da população de Macau já está vacinada. Claro que se for 100 por cento ainda melhor, mas é difícil atingir essa percentagem. Segundo um estudo científico, devemos chegar a pelo menos a 70 por cento da população para atingir imunidade”, concluiu. Infecção local em Hong Kong Foi ontem registado um novo caso local de infecção por covid-19 em Hong Kong, que obrigou à quarentena dos moradores do Port Centre, um edifício residencial na zona de Aberdeen. Segundo o canal RTHK, é ainda desconhecida a origem da infecção de uma mulher de 41 anos que vive nesse edifício, mas que trabalha a tempo parcial como empregada de limpeza no hotel Yau Ma Tei’s Bridal Tea House. “Enquanto caso positivo preliminar de uma fonte desconhecida, o risco de infecção na zona é considerado elevado”, disse uma fonte governamental. A mulher não tem registo de viagens, não apresenta quaisquer sintomas e não foi vacinada contra a covid-19. O caso foi detectado esta quarta-feira no âmbito da realização de testes de despistagem à covid-19 feitos aos funcionários do hotel na zona de Yau Ma Tei.
Andreia Sofia Silva SociedadePrimeira quebra no consumo de electricidade desde 1972 Macau registou, em 2020, uma quebra de 6,7 por cento no consumo de electricidade. Segundo o relatório e contas da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), esta foi “a primeira quebra observada desde o estabelecimento da CEM, em 1972”, o que se explica com os efeitos da pandemia da covid-19, em 2020, e o respectivo “duro golpe para o turismo e actividades económicas”. Outra consequência foi o aumento da importação de electricidade, uma vez que, “devido às restrições de viagens, o fabricante não pôde visitar Macau para efectuar a manutenção e reparação da unidade de turbina a gás nº 2 na Central Térmica de Coloane”. Desta forma, “as unidades geradoras ficaram impossibilitadas de operar durante quase um ano inteiro”, o que levou a que a “electricidade em Macau tenha sido principalmente importada da China Continental em 2020, atingindo os 4.853 GWh, responsável por 90,2 por cento do consumo total de energia de Macau”. A CEM afirma também que “a geração de energia local e a electricidade comprada à Central de Incineração de Resíduos de Macau diminuíram 39,1 e 13,1 por cento em termos anuais, representando 6,9 e 2,8 por cento do consumo total de energia de Macau”. 30 milhões para 200 edifícios Em 2020 a CEM investiu 605 milhões de patacas, sendo que 74 por cento desse investimento foi feito na expansão e manutenção da rede de transporte e distribuição. “Os principais projectos incluíram a construção da terceira subestação primária do Pac On, conectada com a China Southern Power Grid”, bem como “projectos de larga escala em construção, tais como o Grand Lisboa Palace, o Porto de Qingmao, o [hotel] Lisboeta Macau, a Fase 3 do Galaxy Macau e o Hospital das Ilhas, entre outros”. A CEM refere que os accionistas atribuíram 30 milhões de patacas para criar o “Programa de Subsídio de Melhoria da Segurança de Instalações Eléctricas em Áreas Comuns de Edifícios Antigos Baixos”, uma vez que “as instalações eléctricas em áreas comuns de muitos edifícios antigos de Macau não têm tido manutenção e reparação há muito tempo, o que pode tornar-se um risco para a segurança pública”. A CEM prevê que cerca de 200 edifícios deverão receber este subsídio até 2023, a fim de poderem renovar os equipamentos eléctricos.
Andreia Sofia Silva EventosArtes performativas | Macau Artfusion pode voltar ao activo no próximo ano Laura Nyögéri directora e fundadora da Macau Artfusion, está neste momento em Portugal, mas tenciona regressar a Macau no próximo ano, altura em que as artes performativas com crianças e adolescentes poderão voltar a ver a luz do dia. Mas a artista quer manter uma equipa de base em Grândola, com a Portugal Artfusion A covid-19 suspendeu temporariamente os projectos da Macau Artfusion, dedicada às artes performativas com artistas mais novos. A pandemia levou mesmo a directora e fundadora do projecto, Laura Nyögéri, a retornar à vila alentejana de Grândola, de onde é natural. De regresso a casa, trouxe as experiências vividas do outro lado do mundo. Foi, portanto, com naturalidade que surgiu a extensão Portugal Artfusion. No entanto, a mentora da iniciativa pretende regressar a Macau no próximo ano, confessou ao HM. “Neste momento, o Artfusion Macau não está no activo, estamos a aguardar o meu regresso, que continua incerto. Gostaria muito de regressar depois do Ano Novo Chinês, mas vamos ver se a situação permite. Há projectos suspensos à espera, que serão difíceis de gerir sem estar em Macau”, apontou. Laura Nyögéri pretende “que o Macau e o Portugal Artfusion estejam no activo”, apesar de, para já, “não existir equipa nem espaço físico para desenvolver o Macau Artfusion”, confessou. O último projecto na Ásia foi a participação no Hong Kong Art Festival, que foi adiado de Março para Outubro de 2020. Aproveitar as férias de verão O Portugal Artfusion comemora três anos em Agosto, tempo que foi suficiente para realizar muitas ideias, nomeadamente com a associação “Pais em Rede”, orientado para famílias com crianças com necessidades educativas especiais e deficiência, incluindo com miúdos portugueses de Macau que iam a Portugal durante as férias de Verão, sem qualquer tipo de deficiência ou necessidade educativa especial. O primeiro espectáculo neste âmbito foi “A Maior Flor do Mundo”, com base num livro de José Saramago, que subiu ao palco do Casino de Tróia. “Fizemos uma interpretação muito engraçada do livro e levamos ao palco cerca de 50 crianças, 10 de Macau. Também tivemos a participação do Grupo de Danças e Cantares Macau no Coração. A partir daí, criámos uma ligação e, no segundo ano, voltei a apresentar um projecto similar, com um elenco de 100 crianças e 10 a 12 jovens de Macau.” Laura Nyögéri sempre produziu eventos culturais em Portugal durante o Verão, mas a sua estadia no país devido à covid-19 levou-a a ver que havia espaço para estabelecer aulas e workshops de forma regular. “Desta vez senti que com um estúdio poderia desenvolver actividades com maior continuidade.” “Surgiu a ideia de criar um grupo de artes performativas para fazermos mais espectáculos. A minha ida para Macau parece não acontecer devido a toda esta logística que implica a viagem e a incerteza do regresso. Acabei por lidar com o facto de ter de continuar com o ArtFusion deste lado do mundo. Estamos com sete turmas de artes performativas, com imensos workshops e actividades de Verão”, acrescentou Laura Nyögéri, que já se viu obrigada a fechar o espaço várias vezes devido aos casos de covid-19 em Grândola. “A minha experiência em Macau deu-me uma certa base para conseguir trabalhar em antecipação em relação à pandemia em Portugal. Felizmente, em quase um ano e meio não tivemos nenhum caso de covid-19 associado a nós. Estamos a regressar esta semana muito devagar e ainda temos crianças em confinamento. Acredito que só no próximo mês poderemos regressar plenamente”, confessou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTransporte marítimo | Empresas de Pansy Ho esperam manter prejuízos este ano A Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), cuja directora é Pansy Ho, prevê a continuação neste ano de prejuízos na área da exploração do transporte marítimo no Terminal Marítimo do Porto Exterior. Segundo o relatório e contas da empresa, divulgado ontem em Boletim Oficial, “de momento não está ainda prevista uma data de retoma dos itinerários entre Hong Kong e Macau, prevendo-se a persistência dos prejuízos até 2021”. Igual argumento é referido nos relatórios e contas das empresas Far East Hidrofoil Company e Hong Kong Macao Hydrofoil Company, onde Pansy Ho também ocupa o cargo de directora. No ano passado, a STDM esteve isenta do pagamento das retribuições mensais relativas ao Terminal Marítimo do Porto Exterior, tendo “assumindo a responsabilidade social corporativa de isentar todos as subconcessionárias do Terminal Marítimo do pagamento de todas as tarifas de utilização mensais, o que resultou numa quebra significativa das receitas”. De uma forma geral, a STDM diz ter sofrido “grandes prejuízos com a exploração” do Terminal. Tanto a Far East Hydrofoil como a Hong Kong Macao Hydrofoil assumem estarem a preparar-se “para a retoma do turismo regional”, apesar de terem sofrido “o impacto [económico] de múltiplos factores, incluindo as mudanças nas formas de deslocação provocadas pela abertura da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”. Incluem-se ainda “o declínio do número de passageiros devido à instabilidade do clima social e político em Hong Kong e a suspensão total dos serviços de embarcações de passageiros devido à pandemia”. Mesmo com “medidas rigorosas de controlo de custos” o desempenho das duas empresas “foi gravemente afectado”.
Andreia Sofia Silva SociedadeOperadoras de autocarros divulgam contas do ano passado A TCM Nam Kwong registou no ano passado lucros de quase 53 milhões de patacas, aponta o relatório e contas ontem publicado em Boletim Oficial (BO). A empresa transportou diariamente uma média de 240 mil passageiros, quando antes da pandemia esse número ascendia às 330 mil pessoas. Em 2020, a TCM Nam Kwong “operava um total de 57 carreiras de autocarro, incluindo sete carreiras nocturnas, o que representou 64 por cento do número total das carreiras de Macau”. No final do ano passado, foram adquiridos 15 novos autocarros, já em circulação. A empresa diz que foi prestada “quarentena remunerada em casa para motoristas que tenham transportado infectados confirmados e que vivam no mesmo prédio que os infectados confirmados”, entre outras medidas. Lucros da Transmac caíram 27% em 2020 A operadora de autocarros Transmac registou, em 2020, lucros de 33,95 milhões de patacas, o que representa uma quebra de 27 por cento em comparação com o ano anterior. Os dados constam no relatório e contas da empresa publicado ontem em Boletim Oficial (BO) e que refere que, “com o abrandamento da actividade económica [devido à pandemia, também] a deslocação dos residentes reduziu significativamente”. Desta forma, o número de passageiros caiu 25 por cento face a 2019. A Transmac pretende adquirir 200 novos autocarros amigos do ambiente nos próximos dois anos “para substituir os veículos mais antigos, a fim de melhorar os factores de segurança, aumentar o nível de transporte de passageiros e reforçar a protecção ambiental”. Em relação à pandemia, a empresa este “será um ano difícil”, obrigando ao “reforço do controlo da eficiência de custos”.
Andreia Sofia Silva SociedadeNam Kwong | Companhia de Gás Natural perde mais de 17 milhões A Companhia de Gás Natural do grupo Nam Kwong registou em 2020 prejuízos superiores a 17 milhões de patacas, tendo em conta que, devido à pandemia, “as vendas de gás a natural estiveram aquém das expectativas”, com apenas 14.656 metro cúbicos vendidos em 2020. A empresa diz ter gerado receitas de quase 88 milhões de patacas, enquanto que o custo de venda foi superior a 40 milhões. No ano passado a empresa fez ainda investimentos de quase 450 milhões de patacas em activos fixos e obras de construção. A empresa emitiu um comunicado a dar conta do “impacto enorme” devido à pandemia. “Organizamos alojamentos para o pessoal da nossa empresa que tinha necessidade de residir temporariamente no território”, lê-se no relatório. Este ano a empresa pretende “realizar as obras de passagem de tubagem por perfuração horizontal dirigida entre a Península de Macau e a Taipa”, instalar a tubagem principal na Península de Macau, para “permitir que os cidadãos, os estabelecimentos comerciais e industriais da Península de Macau utilizem o gás natural o mais rapidamente possível”.
Andreia Sofia Silva SociedadeFronteiras | Circulação cresce mais de 100% entre Janeiro e Maio A circulação automóvel nos diversos postos fronteiriços aumentou 113 por cento entre Janeiro e Maio deste ano, por comparação a igual período do ano passado, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No total, circularam 1.825.923 veículos. Só em Maio circularam 395.466 automóveis, mais 761,8 por cento em termos anuais. Segundo a nota da DSEC, este aumento deve-se “principalmente ao movimento de automóveis ligeiros (367.435) ter subido notavelmente 1.666,8 por cento”. Relativamente a voos comerciais no Aeroporto Internacional de Macau aumentaram 612,6 por cento face a Maio do ano passado, enquanto que nos primeiros cinco meses deste ano efectuaram-se 5.889 voos comerciais, menos 33,2 por cento relativamente ao mesmo período de 2020. Os dados da DSEC apontam ainda para o aumento, também em Maio na ordem dos dois por cento, do número de veículos matriculados em Macau, que são 244.420. Destes veículos, o número de automóveis ligeiros (111.889) e o de motociclos (103.537) subiram 2,3 e 3,6 por cento, respectivamente. Em Maio o número de veículos com matrículas novas foi 915, menos 16,6 por cento face a Maio de 2020. De entre estes veículos, o número de motociclos (472) diminuiu 29,6 por cento, enquanto que o de automóveis ligeiros (426) aumentou 10,1 por cento. Nos primeiros cinco meses do ano o número de veículos com matrículas novas fixou-se em 5.392, mais 26 por cento face ao mesmo período de 2020. No mês em análise ocorreram 1.107 acidentes de viação e verificaram-se 393 feridos. Nos cinco primeiros meses de 2021, o número de acidentes de viação totalizou 5.204 e registaram-se 1.787 feridos.
Andreia Sofia Silva PolíticaEleições | Poder da Sinergia confiante na eleição de Ron Lam Ron Lam U Tou, líder da lista Poder da Sinergia e presidente da Associação Sinergia Macau, entregou ontem à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) a lista de candidatos para as eleições legislativas de Setembro, assim como o programa político. A Poder da Sinergia candidatou-se pela primeira vez às legislativas em 2017, mas este ano apresenta novos membros ligados a profissões liberais como médicos, engenheiros e ainda estudantes universitários do exterior. O líder da lista disse que a experiência nas últimas eleições pode fazer com que a Poder de Sinergia consiga, pelo menos, um lugar na Assembleia Legislativa (AL) pela via directa. “Nas eleições anteriores não conseguimos nenhum assento, mas os votos que obtivemos deram-nos confiança para divulgar as nossas ideias para resolver problemas políticos. Apesar de não termos elegido qualquer deputado continuamos a manter os nossos objectivos iniciais, sem subsídios do Governo. O resultado das últimas eleições provou que temos capacidade de obter um assento e temos confiança”, referiu. O candidato disse que o programa político da Poder de Sinergia tem muitas medidas relacionadas com o bem-estar da população, mas não só. “Propomos que o Governo garanta o acesso da população à informação e que haja um mecanismo de supervisão do Governo. Apresentamos uma forma gradual de desenvolver a democracia e o sufrágio universal”, adiantou. Neste âmbito, Ron Lam sugere que cada eleitor possa ter direito a dois votos no sufrágio directo. “Um voto por pessoa talvez não seja um bom modelo. Defendemos que cada pessoa tenha dois votos, tendo em conta a Lei Básica, para que haja maiores escolhas em várias áreas. Em Macau é possível o desenvolvimento democrático gradual. Os modelos de dois votos por pessoa e do sufrágio universal não meros são slogans”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteAntónio Caeiro, ex-delegado da agência Lusa em Pequim: “No PCC existem muitas sensibilidades” Faz hoje 100 anos que foi criado o Partido Comunista da China. Dos 53 militantes iniciais, o partido cresceu para cerca de 200 milhões de militantes e é uma peça fundamental em toda a sociedade chinesa. António Caeiro, ex-delegado da agência Lusa em Pequim, para onde foi viver em 1991, considera que o Ocidente encara o partido de uma forma simplista e com um certo “paternalismo” Comecemos pelo início da sua vida em Pequim. Quando foi a primeira vez que se deparou com a máquina partidária do Partido Comunista da China (PCC)? A presença do PCC sentia-se desde [o primeiro momento] da chegada a Pequim, embora, em 1991, os sinais exteriores não fossem muito evidentes. Não havia foices nem martelos, nem muita propaganda política. Não se poderia comparar a China com a Coreia do Norte, por exemplo, ou outros países. Em todos os discursos e instituições o papel do PCC está sempre presente, e a aspiração do partido é, precisamente, liderar toda a vida em sociedade e todas as instituições. Mas nunca tive contacto directo com o secretário-geral do PCC. Qual a figura do partido de que esteve mais próximo? O final do congresso do PCC é um momento especialmente importante. Na era pré-Xi Jinping, os líderes mudavam de dez em dez anos, e nessa altura o secretário-geral apresenta os membros do Politburo. Mas é um encontro sem direito a perguntas ou respostas. Como olha para o PCC de hoje? É dito que tudo tem de ser dirigido pelo partido e esse é um slogan do Presidente Xi Jinping. O PCC acha que o colapso da União Soviética e do partido comunista soviético aconteceu justamente por não ser suficientemente firme no papel dirigente, firmeza essa da qual o PCC não abdica. Mesmo com todas as reformas económicas que encorajou, e cujos resultados são um verdadeiro milagre económico, nunca o PCC abdicou do papel de dirigente. Hoje é defendido que a China nunca seguirá o caminho da democracia ocidental, nem advogará o regime de separação de poderes. Apesar da liberalização económica, a máquina partidária parece estar sempre presente no meio empresarial. Temos inclusivamente o exemplo do que aconteceu com Jack Ma e do grupo Alibaba. A sensação que se tem é que o Estado nunca anda muito longe. O próprio Jack Ma tinha uma frase que lhe era atribuída, em que aconselhava os quadros da sua empresa a namorarem com o Governo, mas a não namorarem com ele. Isso diz muito de uma relação que não é exclusiva da China. Muitos grupos privados na Coreia do Sul, por exemplo, cresceram à sombra ou estimulados pelo Estado. Na China, nas novas áreas da economia, onde antes o Estado não estava muito presente, como nos serviços ou tecnologias, o sector privado desenvolveu-se muito. E agora parece haver, por parte das autoridades, uma espécie de alerta. O partido quer lembrar que, acima de milionários ou de pessoas que emergem na sociedade civil, há um poder maior do que o dinheiro ou a riqueza, que é o poder político. Xi Jinping anunciou este ano novos códigos de conduta para funcionários do partido, reforçou a importância da lealdade. É uma nova mensagem? É um sinal no combate à corrupção, por exemplo? A desvantagem de já ter uma certa idade é que, muitas dessas coisas que parecem novas na realidade repetem-se. A campanha anti-corrupção é uma coisa cíclica. Já no tempo de Hu Jintao se falava disso. O presidente Xi Jinping emergiu e notabilizou-se por ter desencadeado a mais profunda e exaustiva campanha anti-corrupção de que há memória na história da China. Nunca houve nada semelhante com altos quadros políticos, mesmo os mais poderosos do Politburo. Temos o caso de Bo Xilai, por exemplo. Claro, os grandes tigres, como se dizia. No entanto, passaram quase 10 anos e a situação continua muito difícil, embora existam resultados históricos no combate à corrupção. Parece haver uma questão sistémica que, periodicamente, está em cima da mesa. É também uma forma de testar a lealdade política de todo o aparelho em relação ao secretário-geral e ao núcleo do partido, e é também uma forma de manter uma certa vigilância e impedir que a máquina se acomode. Não há nenhum sector que esteja imune à corrupção. Eu próprio ficava espantado com o número de generais, forças de segurança, forças estatais [afastados]. O problema parece nunca estar resolvido. Como acha que a pandemia influenciou a visão dos cidadãos chineses em relação ao partido? No início [da pandemia], a liderança do PCC esteve em causa, porque andaram duas ou três semanas sem reagir aos alertas de médicos do hospital central de Wuhan. Os líderes do partido em Wuhan e em Hubei, com categorias superiores a ministros, isso evidenciou alguns problemas. A popularidade do partido foi testada e o próprio Xi Jinping admitiu pouco tempo depois que a pandemia constituiu um sério teste à capacidade de governação. Mas as drásticas medidas que foram tomadas tiveram outro resultado, pois a China acabou por ter menos mortes que Portugal, por exemplo. Quando se olha para o caos que se passa nos países ocidentais, tem de se atribuir crédito ao Governo. Mas mesmo assim ficaram algumas lições. Quais foram? A legitimidade do PCC na China não advém de eleições, mas da sua performance económica e social. É por isso que ele é avaliado. E esses dois planos têm sido, nos últimos anos, espectaculares para a maioria dos chineses. Mas se houvesse um desastre sanitário a credibilidade das autoridades ficaria seriamente ameaçada. Um diplomata brasileiro disse uma vez que o povo chinês tem medo do PCC, mas o PCC também tem medo do povo. As autoridades sabem que um desvio pode influenciar o regime. Sim. Esse medo do caos é partilhado quer pela liderança do partido quer pelas pessoas, porque estas sabem o que é o caos. Qualquer alteração do país e do status quo passa sempre por uma alteração do próprio PCC, porque falamos no total de 200 milhões [de militantes], não é um partido, mas uma parte da sociedade. Interrogo-me se o investimento que o partido faz em novas tecnologias de leitura facial se não revela também uma certa inquietação e segurança. O grande dilema é como governar populações cada vez mais instruídas e evoluídas. O PCC nasceu em 1921. Eram 53 militantes e 13 delegados, hoje é aquilo que sabemos. Mas em 1949, quando tomaram o poder, 90 por cento da população vivia nos campos e o analfabetismo era enorme. A ciência política, como é ensinada nas sociedades europeias, indica que, à medida que a economia se desenvolve, e que as necessidades básicas da população estão satisfeitas e emerge uma classe média cada vez maior, mais instruída e viajada, isso pede mais pluralismo político e social. Penso que é também muito precipitado, e um bocado paternalista, muitos comentadores ocidentais dizerem que a democracia não se adapta à China. Se virmos bem a história chinesa deste século, muitas das chamadas ideias ocidentais tiveram impacto na China. Entre a queda da monarquia, em 1910, e 1949, todas as grandes ideias que agitavam o mundo passavam também pela China. Xangai era um centro intelectual com grande vivacidade. Nos meios académicos chineses há um debate muito actual sobre as questões da democracia e separação de poderes. A China é mais plural e aberta do que os discursos oficiais e também do que certas abordagens ocidentais tendem a fazer sobre a China. A simplificação, não só do papel do PCC, mas também da sociedade chinesa, desfoca a nossa visão da China. Mesmo no PCC sendo o que é, existem muitas sensibilidades. Acha que Xi Jinping tentou trazer uma maior união? A inovação introduzida por Xi Jinping foi de que, com os novos desafios, e no mundo actual, o país precisa de uma liderança mais forte e centralizada. Quando era vice-presidente do país houve vários clãs, o de Bo Xilai era dos mais conhecidos. Xi Jinping parece ter aparecido para arrumar a casa. Ele próprio não pertencia a nenhuma facção mas era como se tivesse ligações transversais a vários grupos e famílias políticas, algo que na China também é importante, e tentar unir o partido. A questão da corrupção tinha-se tornado um problema, a par da poluição. Ele aparece como alguém que diz que a China precisa de uma liderança forte e centralizada. Em 2018 houve uma mudança da Constituição a acabar a limitação de mandatos. Quase sem se conhecer o projecto [de lei] ele foi aprovado [por uma larga maioria], só uma pessoa é que votou contra, de entre mais de dois mil deputados. Eu assisti a votações com 30 por cento de votos contra ou abstenções.
Andreia Sofia Silva SociedadeExtinção do Centro de Promoção e Informação Turística em Lisboa comunicada aos trabalhadores em Março Os cinco trabalhadores e a coordenadora do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal (CPITMP) foram informados da extinção da entidade em Março deste ano, adiantou ao HM o gabinete de comunicação da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). “Os cinco trabalhadores contratados em regime do contrato individual de trabalho e a coordenadora do CPITMP, provida em regime de comissão de serviço, foram informados sobre a extinção do centro em Março de 2021. Tratando-se aqui de cessação de funções, os trabalhadores foram informados com um prazo de antecedência mais longo do que o exigido por lei.” Helena de Senna Fernandes, directora da DST, disse aos media, no passado dia 16, que o CPITMP iria fechar portas. Na mesma resposta é referido que o centro sempre foi considerado um “projecto de natureza transitória”, com “funções intimamente relacionadas com a Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa”. O seu encerramento está, assim, “em consonância com o objectivo político de simplificação da estrutura administrativa previsto nas Linhas de Acção Governativa”. Devido à pandemia, a DST vai manter a promoção do turismo em Portugal, mas em moldes bastantes diferentes. “Dado que nesta altura Macau está impedido de receber visitantes de Portugal, devido às restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, o trabalho de promoção turística de Macau em Portugal está neste momento em serviços mínimos.” A DST garante que “os esforços promocionais serão retomados assim que as condições permitirem”. O CPITMP tem, para este ano, um orçamento de 7.5 milhões de patacas, tendo libertado um saldo de quase 3.5 milhões de patacas até 15 de Junho, aquando da liquidação das despesas. Este valor é equivalente a 46 por cento do próprio orçamento do CPITMP, e cerca de 0.3688 por cento do orçamento do Fundo de Turismo para este ano, que tem um orçamento global de cerca de 972,3 milhões de patacas.
Andreia Sofia Silva SociedadeHotelaria | Hóspedes do interior da China aumentam mais de 800% Entre os números da ocupação hoteleira no mês de Maio, destaque para o aumento significativo do número de hóspedes oriundos do interior da China. No total, os hotéis de Macau hospedaram 659 mil visitantes vindos do continente, o que representa um aumento de 816,4 por cento face a Maio de 2020, segundo dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Quanto aos hóspedes locais foram 68 mil, mais 112,3 por cento em termos anuais. A nível global, os hotéis e pensões hospedaram em Maio um total de 760 mil pessoas, um aumento de 552,3 por cento por comparação o mesmo mês do ano passado. Durante o mês em análise estavam em operação 115 hotéis e pensões, mais sete por cento face a Maio do ano passado, disponibilizando um total de 37 mil quartos de hotel, mais 10,1 por cento em termos anuais. A taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes foi de 62 por cento, mais 50,2 pontos percentuais, em termos anuais, destacando-se que a dos hotéis de 3 estrelas se fixou em 70,7 por cento e a dos hotéis de 4 estrelas em 67,5 por cento, números que “foram superiores à taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes”. Sem visitantes do exterior, Macau registou, em Maio, apenas 8300 visitantes em excursões locais. Apenas 26 mil residentes viajaram para o exterior recorrendo às agências de viagens, sendo que 98,8 por cento destes deslocaram-se para o interior da China. Entre Janeiro e Maio, taxa de ocupação média dos quartos de hotéis e pensões foi de 51,3 por cento, mais 21,2 por cento face ao período homólogo de 2020. Nestes meses, o número de visitantes em excursões locais foi de 21 mil, mais 126,6 por cento face ao mesmo período de 2020. Apenas 75 mil residentes viajaram para o exterior nestes meses, recorrendo aos serviços das agências de viagens, o que representa uma quebra de 15,1 por cento face aos meses de Janeiro a Maio de 2020.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCoutinho anuncia que DSEDJ recuou na intenção de cortar bolsas de mérito O deputado José Pereira Coutinho afirmou que a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) recuou em relação às bolsas de mérito, que afinal não vão sofrer cortes. A novidade foi contada, ao HM, pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores de Função Pública de Macau (ATFPM), após um encontro com Lou Pak Sang, director da DSEDJ. “Foi discutida a questão das bolsas de mérito especiais. Temos recebido queixas de jovens que ficaram chateadas porque o Governo resolveu, de um dia para o outro, diminuir o número de vagas e os montantes”, afirmou Coutinho. “Afinal, o director disse-nos que não é essa a questão, mas sim a junção de várias instituições que concedem bolsas. Não vai haver uma redução dos montantes das bolsas concedidas no passado e também não será reduzido o número de vagas. Vai ficar tudo na mesma, o que é uma boa notícia”, acrescentou. O tema das bolsas tinha sido trazido para a ordem do dia pelos deputados Sulu Sou e Agnes Lam, após a DSEDJ ter anunciado que os programas de bolsas de estudo e mérito iriam ser integrados no Fundo de Acção Social Escolar. Questão da USJ No encontro de ontem, Coutinho discutiu igualmente a questão da Universidade de São José e do despedimento de nove professores, depois de nos últimos dias ter acusado a instituição de despedir residentes para contratar não-residentes. “O que nos limitámos a dizer é que, em tempos de pandemia, uma instituição que recebe subsídios e apoios de toda a natureza por parte do Governo de Macau não pode despedir sem justa causa trabalhadores locais”, insistiu. Anteriormente a USJ, através de comunicado do reitor Stephen Morgan, recusou a substituição de residentes por trabalhadores não-residentes. “A proporção de pessoal académico local subiu de 70 por cento, quando me tornei reitor em Maio de 2020, para os 76 por cento actuais. O nosso pessoal administrativo continua a ter 97 por cento de residentes locais. Além disso, a proporção do pessoal total que é residente local subiu de 84 por cento para 88 por cento”, contestou Morgan, em comunicado.
Andreia Sofia Silva Grande PlanoFórum Macau | Próxima conferência ministerial poderá “incrementar pendor político” Cátia Miriam Costa, investigadora do ISCTE, defende que a próxima conferência ministerial do Fórum Macau, que tem sido adiada devido à pandemia, deverá revelar uma China apostada em investir mais no pendor político nas relações com os países de língua portuguesa e não apenas no lado económico. A académica defende ainda que o Fórum Macau devia divulgar mais dados e informações sobre o trabalho que faz A próxima conferência ministerial do Fórum Macau, ainda sem data marcada, deverá trazer novos pontos na cooperação entre a China e os países de língua portuguesa, sobretudo tendo em conta o contexto da pandemia. Esta é a ideia deixada por Cátia Miriam Costa, investigadora do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE-IUL). “Da parte da China vai haver uma tentativa de aprofundamento das relações e de ultrapassar esta missão apenas económica, incrementando o pendor político do fórum, embora ele seja sempre político porque está em causa um instrumento de política externa”, disse ao HM. O pendor político de que fala Cátia Miriam Costa passa por um “maior alinhamento dos objectivos de desenvolvimento” e também de “crescimento das economias” ligadas ao Fórum Macau. “Pelo lado da China, e dado o contexto internacional relativo ao país, haverá interesse em tornar estas relações mais diversas e mais profundas e politicamente mais relevantes, ultrapassando o foco meramente económico”, disse. Além disso, a conferência ministerial poderá também ser um palco de discussão de ajudas a atribuir em contexto de pandemia. “Da parte dos países de língua portuguesa, [nomeadamente] os países africanos e Timor-Leste, que enfrentam o impacto da pandemia sem ter acesso a recursos como o plano de resolução e resiliência, como Portugal tem através da União Europeia, há a expectativa de aprofundamento das relações em algumas áreas, como o investimento produtivo ou a diplomacia de saúde.” Para Cátia Miriam Costa, a China tem-se destacado neste domínio nos últimos meses, nomeadamente através de acções que não passaram apenas pelo fornecimento de máscaras e de vacinas contra a covid-19. “Em alguns casos, nomeadamente nos países de língua portuguesa, passou também pela formação de pessoas no combate à pandemia. Há essa expectativa de envolvimento da China nestes países em sectores de cooperação nos quais o país se tem vindo a afirmar. Ao nível das infra-estruturas de transportes há também uma expectativa de manutenção e diversificação ou até aprofundamento das relações bilaterais neste contexto multilateral”, acrescentou. De frisar que a sexta conferência ministerial deveria ter acontecido o ano passado, mas a data tem vindo a ser adiada devido à covid-19. Um papel “complementar” Cátia Miriam Costa analisa o trabalho desenvolvido pelo Fórum Macau num artigo académico recentemente publicado pela revista JANUS, publicação da Universidade Autónoma de Lisboa, intitulado “Macau: Uma ponte para os países de língua portuguesa”. Neste texto a entidade, criada em 2003, é descrita como sendo um elemento de política externa chinesa, que “apresenta uma organização pouco comum” e que “não pode ser caracterizado como uma organização multilateral pura”. “O Fórum Macau é fruto da política externa chinesa. Aí a China assumiu a liderança no sentido da criação da própria instituição, no fundo para fomentar a ligação da China aos países de língua portuguesa utilizando Macau como plataforma. Em vez destes países estarem cobertos apenas pelas grandes organizações, como o Fórum China-África ou, no caso de Portugal, as relações serem só bilaterais ou através das relações China-UE, o que se pretendeu foi dar um privilégio a estes países no sentido de terem outro mecanismo de relacionamento”, explicou ao HM. No Fórum “não há uma paridade total na representação dos países”, defende a investigadora, uma vez que “há um secretário-geral nomeado a partir da China e depois há secretários adjuntos em representação dos países de língua portuguesa, de Macau e do Governo chinês”. No entanto, esse modelo “não inviabiliza o objectivo com que este Fórum foi criado”. No artigo publicado na revista JANUS, Cátia Miriam Costa conclui que Macau “assume [com o Fórum Macau] um papel complementar na diplomacia chinesa e na prossecução dos seus objectivos de política externa”. Neste sentido, “o território está autorizado e mandatado para estabelecer relações com os países de língua portuguesa no âmbito da paradiplomacia, podendo, por isso, proporcionar uma ligação através do Fórum Macau que depois tenha continuidade através do Governo local”. Esta aposta fez com que surgissem em Macau entidades ou associações como a MAPEAL – Associação para a Promoção de trocas entre a Ásia-Pacífico e a América Latina, ou o Centro para o Estudo e Desenvolvimento da Indústria das Energias Renováveis entre Ásia-Pacífico e América Latina. “O Fórum Macau tornou-se numa ferramenta adicional de atracção dos países de língua portuguesa para os novos projectos da China, sejam estes de carácter nacional ou internacional”, refere a autora do artigo, lembrando que a RAEM tem hoje uma responsabilidade sobre a política externa chinesa. A China, através do Fórum Macau, “conseguiu que o envolvimento [de Macau] fosse mais efectivo”, com um “aproveitamento mais eficaz das relações históricas”. A falta de transparência A forma de funcionamento do fórum só irá mudar se os Estados mostrarem vontade, defende Cátia Miriam Costa, que alerta para a falta de publicitação de dados e informações. “Seria importante haver mais partilha de informação, sobretudo para valorizar o papel do fórum e para dar a imagem do que pode potenciar. Sem dados precisos sobre a evolução dos relacionamentos, sejam bilaterais ou multilaterais desde a existência do fórum, as missões que este levou a cabo e que resultaram na capacitação de recursos humanos ou no aprofundamento das relações comerciais, nunca percebemos bem qual foi o âmbito e a abrangência dessa acção.” O Fórum Macau poderia ser “uma organização extremamente instrumental para o relacionamento entre a China e os países de língua portuguesa, mas que depois é bastante desconhecido em alguns países”. “Muitas vezes há falta de conhecimento sobre a existência desta organização e quais os seus objectivos. Ganharíamos sempre em ter essa partilha de dados e uma maior transparência, embora não seja um caso de desconfiança ou de opacidade dos mecanismos, é mais o não se perceber até que ponto este fórum está a potenciar o relacionamento comercial e como é que este pode ser melhorado e diversificado”, frisou. No artigo recentemente publicado, Cátia Miriam Costa dá conta que “os dados, em geral, aparecem agregados e os países de língua portuguesa são representados como um todo, pelo que desconhecemos as variações específicas para cada relação bilateral”. É também referido que “os projectos como a capacitação e circulação de quadros ou as novas áreas integradas na cooperação protagonizada através do Fórum Macau não são quantificadas de modo a aferir-se sobre o sucesso das mesmas. Quer isto dizer que a organização não produz informação específica nem publica os dados sobre o cumprimento sectorial da cooperação ou de nível bilateral”.
Andreia Sofia Silva EventosBienal | Quatro fotografias compõem “A Alegoria da Globalização”, de João Miguel Barros “A Alegoria da Globalização” é o nome do projecto fotográfico de João Miguel Barros seleccionado pelo Instituto Cultural para integrar a “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, que começa em Agosto. O trabalho feito em Macau, composto por quatro imagens, onde o fogo simboliza um mundo em mudança João Miguel Barros, advogado que tem feito carreira na área da fotografia, é um dos 12 nomes participantes na “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, com o projecto “A Alegoria da Globalização”, que estará patente em Agosto no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino. Ao HM, o fotógrafo falou um pouco deste projecto, composto “por imagens novas que fiz muito recentemente”, e que são “de uma simplicidade atroz”, mostrando “o pavio de quatro velas e um movimento de chamas”. As fotografias de grande dimensão, que ocupam um espaço de três por 2,5 metros, têm o fogo, importante elemento da cultura chinesa, como símbolo da globalização que vivemos. “Precisava de uma representação alegórica relacionada com a globalização. Esta consegue-se representar através de fotografias documentais, mas não através de uma alegoria. O fogo tem uma força que normalmente é parada pela acção humana, e o vento, outra força muito poderosa, faz com que as chamas tenham representações diferentes. É este movimento que simboliza o avanço e o recuo, e a globalização simbolizada pelas chamas das velas.” Na rota internacional João Miguel Barros assume que reconhecimento do IC o “responsabiliza”, lamentando, no entanto, que a fotografia nem sempre esteja ao mesmo nível das outras expressões artísticas. “Continuo a pensar que a fotografia está sempre numa escala inferior, porque é sempre difícil competir com trabalhos de escultura ou pintura, até pelo facto de estas serem sempre peças únicas e a fotografia poder ser reproduzida.” Quanto à bienal, é um evento importante “para internacionalizar a arte em Macau”, defende o fotógrafo. “É importante internacionalizar Macau como um centro de arte e cultura, porque as indústrias criativas, no modelo em que funciona, não estão a potenciar a criação cultural. Temos pequenas exposições, mas não há uma dinâmica cultural em termos de projecção dos artistas. Às vezes, as coisas são todas muito locais, resumem-se a umas inaugurações e mais ninguém vê.” Neste sentido, João Miguel Barros entende que “era importante que o Governo investisse na promoção destas iniciativas a nível internacional, nomeadamente apoiando a publicação de artigos promocionais em revistas internacionais”. O projecto fotográfico e os restantes trabalhos seleccionados vão integrar a exposição “Trabalhos Seleccionados de Artistas Locais”. Estão incluídos nomes como “Corpo da Mãe”, de Cheong I Kuan; “Paraíso” de Fok Hoi Seng; “Pássaro Perdido”, de Ho Weng Chi; “Distraído e desorganizado”, de Ieong Man Pan; “League of journeyers to the east”, de Konstantin Bessmertny; “Não é da minha conta” de Kun Wang Tou; “Isolamento‧Separação”, de Leong Lam Po, “Paisagem da China, N.º 2021” de Mak Kuong Weng; “Foi um ano pesado”, de Sit Ka Kit; “Evolução” de Wong Soi Lon e “Génesis em 700 ecrãs desconhecido_/_”, de Wong Weng Io.
Andreia Sofia Silva SociedadeMacau Special Olympics | Negado recurso a vítima de acidente de trabalho O Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou o recurso apresentado por uma professora da associação Macau Special Olympics que teve um acidente de trabalho e que exigia, da parte da seguradora, pagamentos adicionais de tratamentos médicos. Segundo o acórdão, a docente foi contratada em 2018, tendo o acidente ocorrido quando esta foi com uma utente à casa de banho, onde torceu a cintura e o pulso esquerdo. A mulher acabaria por ser avaliada com “incapacidade permanente parcial”. A seguradora pagou uma parte das despesas médicas no valor de quase 86 milhões de patacas. Ficou por pagar o restante montante superior a 42 mil patacas. A docente recorreu então ao juízo laboral do Tribunal Judicial de Base (TJB), exigindo à seguradora o pagamento de despesas médicas no valor superior a 149 mil patacas, correspondentes ao período entre 10 de Janeiro de 2018 e 17 de Outubro de 2019, ou seja, após a ocorrência do acidente. No entanto, o TJB entendeu que a seguradora deveria pagar apenas o montante de 42 mil patacas. A professora alegou então, junto do TSI, que “embora tivesse regressado ao trabalho a 6 de Agosto de 2018, tal não significava que estava totalmente recuperada e que não necessitava de continuar com tratamento médico”. A mulher argumentou que “continuou a receber tratamento médico após a data de regresso ao trabalho, pelo que o valor ainda devido e não pago devia ser de 149.981 patacas, tal como foi indicado na petição inicial”. O TSI entendeu que houve “insuficiência da matéria de facto provada” e que a seguradora “só devia à autora as despesas médicas decorrentes dos tratamentos médicos recebidos antes de 6 de Agosto de 2018 e que ainda não foram pagas”, pelo que se mantém a decisão do TJB.
Andreia Sofia Silva SociedadeRuínas de São Paulo | Questões de propriedade ligadas à classificação A maior parte dos participantes na consulta pública promovida pelo Instituto Cultural concorda com a classificação das Ruínas do Colégio de São Paulo, nomeadamente vestígios do colégio e antigo muro, onde se incluem os troços situados no Pátio do Espinho e Beco do Craveiro. No entanto, temem-se problemas de propriedade caso o processo avance De um total de 308 opiniões recolhidas, quase 83 por cento concorda com a classificação das Ruínas do Colégio de São Paulo, onde se incluem os vestígios do colégio e antigo muro, bem como os dois troços no Pátio do Espinho e o troço no Beco do Craveiro. Esta é uma das conclusões da consulta pública conduzida pelo Instituto Cultural (IC) relativo ao terceiro grupo proposto de classificação de bens imóveis de Macau, que inclui 12 localizações. O relatório, ontem divulgado, dá conta que as principais razões para a concordância com a classificação prendem-se com o facto de as Ruínas do Colégio de São Paulo “terem valor histórico” e serem “portadoras de memórias”. No entanto, há quem esteja contra a classificação de um dos locais mais icónicos de Macau pelo facto de poder levantar questões de propriedade no futuro. “Alguns residentes que vivem nas proximidades disseram que a área do Pátio do Espinho, onde se encontram as ruínas do antigo muro, está ligada a alguns edifícios residenciais. Existe a preocupação de que a reparação futura dos edifícios seja considerada como danos ao património cultural.” Além disso, o relatório dá conta de que “existem também opiniões que consideram que as ruínas não possuem características especiais”. Em termos gerais, o relatório descreve que as opiniões a favor da classificação dos 12 bens imóveis “constituem sempre a maioria”, variando entre 76,1 e 94 por cento. “As principais razões a favor reflectem o desenvolvimento histórico e as características culturais de Macau, além de [os imóveis] terem valor para a preservação.” Importância da memória Os vestígios históricos encontrados em fosso aberto no substrato rochoso na Rua D. Belchior Carneiro são também propostos para classificação. Das 305 opiniões, quase 85 por cento “de todas as opiniões gerais dos três canais estão a favor da classificação”. Os argumentos apresentados a favor da classificação são que os vestígios históricos “têm um significado ou valor históricos e são portadores de memórias”, enquanto que aqueles que estão contra a classificação consideram “que os vestígios históricos não possuem valor cultural nem características especiais”. No documento constam ainda locais como a Ponte Cais nº1, a antiga Ponte Cais da Taipa, a Ponte Cais de Coloane e a Vila da Nossa Senhora – Antiga Leprosaria de Ka-Hó, entre outros. Sobre este último local, foram recolhidas 302 opiniões, sendo que mais de 92 por cento estão a favor da classificação, por considerarem que o local “tem significado histórico”. Segundo uma nota do IC, o processo de classificação deverá ser concluído até 25 de Novembro deste ano, “sendo que o Instituto Cultural envidará esforços para concluir os trabalhos antes do referido prazo”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | Angela Leong em sufrágio indirecto ao lado de Chan Chak Mo A deputada Angela Leong, que desde 2005 tem concorrido a um assento na Assembleia Legislativa pela via directa, concorre às legislativas de Setembro pela via indirecta ao lado do deputado Chan Chak Mo pelos sectores cultural e desportivo. A lista, denominada União Cultural e Desportiva Sol Nascente, apresentou ontem à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) os candidatos e programa político. Chan Chak Mo, que tem concorrido pela via indirecta, disse que pretende continuar a impulsionar o desenvolvimento destas áreas. A lista deseja também que seja feito um investimento na formação de quadros qualificados nas áreas do desporto e da cultura, esperando que o Governo possa melhorar as infra-estruturas para a prática desportiva, a fim de Macau se tornar num território em destaque nas competições internacionais. Já Angela Leong, também directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau, referiu que, para estas eleições, é apoiada pelos veteranos e associações destas duas áreas, pretendendo dar o seu melhor para incentivar a realização de mais actividades culturais e desportivas. Para a deputada, este tipo de eventos pode levar à diversificação da economia de Macau, além de impulsionar a integração regional.
Andreia Sofia Silva SociedadeTrânsito | Acidentes de viação com quebra superior a 40 por cento Dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) revelam que entre 2019 e 2020 houve uma quebra no número de acidentes de viação no território de 44.4 por cento, tendo ocorrido em 2020 um total de 409 acidentes. No que diz respeito ao número de acidentes cuja responsabilidade é das operadoras de autocarros, a TCM é a empresa que regista um maior número de acidentes: 454 em 2019 e 248 o ano passado, o que representa uma quebra de 45.4 por cento. Já a Transmac registou 282 acidentes em 2019 e 161 o ano passado, menos 42.9 por cento. A maior causa para a ocorrência de acidentes é a “falha no controlo de velocidade causando colisão entre veículos e objectos”, que levou, em 2020, à ocorrência de 84 acidentes, menos 26 por cento face a 2019, quando aconteceram 114 acidentes por este motivo. Segundo dados fornecidos pelas operadoras de autocarros, o troço da Rua do Campo em direcção à avenida Horta e Costa lidera a lista dos locais do território mais propícios à ocorrência de acidentes.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTurismo | Paula Machado lamenta fecho do Centro de Promoção e Informação em Lisboa Após 16 anos de trabalho, o Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal vai fechar as portas, deixando quem lá trabalha numa “situação de fragilidade”, segundo a ex-directora. Paula Machado ficou triste com o encerramento e, apesar da frustração pelo que ficou por fazer, sente-se “grata” à RAEM pela oportunidade O fim do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal deixa a sua directora, Paula Machado, envolta num misto de sentimentos. “Não sei que razões levaram o Executivo da RAEM a encerrar o Centro, por isso não posso fazer comentários. Fico triste porque trabalhei muito aqui na promoção de Macau e tínhamos muitos projectos que, se não tivesse sido a pandemia, iriam dar muita visibilidade ao mercado. Custa-me um bocadinho aceitar que, numa fase como a da pandemia, esta decisão tenha sido tomada”, disse ao HM. No entanto, a directora confessa sentir “uma gratidão profunda pela oportunidade” concedida, uma vez que trabalhou para a Administração de Macau nos últimos 26 anos. “Entristece-me que os meus colegas estejam numa situação de fragilidade, mas temos de aceitar. Tínhamos um calendário de eventos espectacular para 2020 e esta pandemia levou-nos a tudo isto”, frisou. Alguns destes eventos passavam pela representação do Turismo de Macau no festival Rock in Rio ou na Feira de Turismo de Lisboa (BTL), mas estes eventos acabaram por ser cancelados. A responsável defende também que este encerramento “é o quebrar de um laço”, uma vez que o trabalho desenvolvido em Lisboa “é muito reconhecido no mercado”. “Alcançamos uma imagem tão privilegiada e forte no mercado que tenho pena”. “Um trabalho excepcional” O HM enviou no passado dia 18 de Junho questões à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) para saber mais detalhes sobre a situação profissional destes trabalhadores ou se o Centro poderá ser Integrado na Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa. No entanto, até ao fecho desta edição, não foram obtidas respostas. Para Paula Machado, “as únicas formas que existem de representação do turismo são através de uma entidade pública, como é o caso da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa, e da Delegação de Pequim, onde a área do turismo está integrada, ou uma empresa escolhida por um concurso internacional que faz essa representação, que é o modelo escolhido pela DST para os restantes escritórios no mundo.” Em jeito de balanço, Paula Machado adianta que foi feito “um trabalho excepcional”. “Não poderia ter feito mais do que fiz, pois trabalhei muito. 2019 foi um ano com grande visibilidade no mercado, porque foram os 20 anos da RAEM, e com uma equipa tão pequena fizemos um trabalho excepcional.” Dentro do centro havia também muito a organizar. “A livraria estava completamente caótica. Em três anos consegui organizar todos os inventários, fizemos uma base de dados com os livros que estavam a mais, organizamos um armazém com todos os livros organizados por ordem alfabética.” “Achava que havia condições para fazer muito mais e melhor, mas temos de aceitar”, rematou. No passado dia 16, Helena de Senna Fernandes, directora da DST, referiu que o centro fecha portas “tendo em conta a racionalização de quadros e simplificação administrativa”. O Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal é um projecto do Governo de Macau “cuja intenção original foi estabelecida para o curto prazo, mas que foi prolongada por muitos anos”, afirmou à Lusa.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLeonor Veiga, académica e curadora, destaca o potencial da RAEM: “Macau pode ser a Veneza da Ásia” Macau recebe, em Julho, o evento “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021”. Para Leonor Veiga, investigadora na Universidade de Lisboa, esse é um sinal “de que há vontade de arriscar e diversificar a cultura em Macau sem estar à espera dos casinos”. Afirmando que Macau pode ser a ‘Veneza da Ásia’, por ter um centro histórico protegido, Leonor Veiga alerta para que o Governo não repita os erros de Singapura Foi a propósito do seu mais recente artigo, intitulado “Bienais do Sudeste Asiático: Interacções Locais e Globais”, publicado na revista académica Modos, que conversámos com Leonor Veiga, investigadora e co-curadora de Natura, a segunda edição da ARTFEM 2020 – 2.ª Bienal Internacional de Macau – Mulheres Artistas. Convidada a comentar a próxima bienal a realizar-se no território, a “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021”, a investigadora considera que “o facto de haver uma nova bienal em Macau é óptimo, porque é sinal de que há vontade de arriscar sem se estar à espera que os casinos façam esta mudança”. Para Leonor Veiga, “Macau tem tudo para ser a Veneza da Ásia”. “A minha proposta para a ARTFEM foi essa, mas não houve oportunidade de fazer uma bienal como gostaríamos devido à pandemia. Muita coisa não foi feita, como construir ‘uma bienal de mapa na mão’, que levasse o público a percorrer determinados bairros. Isto é muito Veneza. E isto para mim é uma bienal, mas há muitas bienais”, disse ao HM. “Se uma pessoa se inspirar em Veneza, Macau é espectacular, porque temos as Ruínas de São Paulo, a zona chinesa ali à volta, temos o jardim Luís de Camões, etc. Temos espaços lindíssimos na cidade, e só uma cidade como Macau pode ser uma Veneza na Ásia. As cidades asiáticas têm esse defeito, tinham centros históricos lindíssimos que foram destruídos para serem substituídos por edifícios enormes.” Leonor Veiga dá o exemplo da vizinha Hong Kong, “onde um evento deste género seria horrível”. A investigadora deixa ainda sugestões ao Executivo. “O Governo de Macau tem de ter cuidado para não repetir os erros de Singapura. Tinha tantas feiras de arte, tantos leilões e abriu a bienal em 2006. As pessoas saturaram-se com a quantidade de eventos.” Assim sendo, o caminho ideal para a RAEM será compatibilizar os eventos que já existam. “Vai haver um momento em que se irá perceber que as bienais [a ARTFEM e a Arte Macau] funcionam bem em conjunto, porque promovem uma nova vibração na cidade. Tudo depende do alcance que esta nova bienal vai ter”, adiantou. Falta de retorno rápido Mas, apesar do enorme investimento feito na área do entretenimento pelas operadoras de jogo nos últimos anos, porque é que os casinos continuam sem ter galerias de arte? A resposta prende-se com a falta de grandes ganhos imediatos. “É falta de vontade. Os casinos pensam em fazer aquilo que se sabe que funciona bem, mas sem correr riscos. Sabem que manter uma galeria de arte dentro de um casino é arriscado, porque enquanto as lojas de luxo vendem imenso, numa primeira fase aquela galeria não vai vender nada. E, para eles, isto é considerado um insucesso”, interpreta a investigadora. É tudo “uma questão de mentalidade”, assegura, “porque não se trata de insucesso, mas do facto de haver negócios que demoram tempo mais a atingir o seu apogeu”. “Macau tem uma economia muito virada para o sucesso, a mentalidade do jogo como indústria é a do sucesso. A cidade ficou rica e atingiu o maior PIB do mundo”, frisou Leonor Veiga. Ao contrário, Hong Kong, por ser uma praça financeira, tem representações das maiores galerias de arte do mundo. Muitos dos grandes compradores de arte estão radicados naquele território. No artigo publicado na revista Modos, Leonor Veiga analisa algumas bienais do sudeste asiático. Distingue o modelo global e o modelo de resistência, que, na sua leitura, “mostram variedade e independência regional face ao mundo global”. Para a académica, “as bienais de resistência [em que a ARTFEM se pode integrar] são muito interessantes porque mostram o outro lado menos internacionalizado e comercializado da arte”. “É uma bienal que tem um foco de resistência, por causa da questão de serem apenas artistas mulheres. Mas por ter um alcance geográfico o mais abrangente possível, está a tentar ser uma bienal global. É uma mistura dos dois modelos.” Dos 98 artistas que expuseram na segunda edição da ARTFEM, um terço eram locais. “Isso mostra que apesar da tendência para fazer uma coisa internacional, também há muita atenção ao local. E temos de beneficiar as artistas de Macau, dar-lhes um palco que elas não têm, porque não há uma galeria de arte como deve ser.” Apesar dos desafios da pandemia, Leonor Veiga considera que há espaço para a ARTFEM crescer. “Fizemos a bienal em 2020. Isso mostrou capacidade de continuar, porque há muitas bienais que fazem uma edição e depois desaparecem. A Bienal de Joanesburgo, considerada uma das melhores do mundo, e que surgiu para comemorar o fim do regime do Apartheid, teve duas edições, em 1995 e 1997. É muito difícil manter uma bienal.” Mesmo que os casinos não invistam na abertura de galerias, Leonor Veiga acredita que as mentalidades podem mudar. E dá o exemplo da colaboração do Casino Wynn na segunda edição da ARTFEM. “O Arquiteto Carlos Marreiros, a Alice Kok e o James Chu [os restantes co-curadores da ARTFEM a par de Angela Li, co-curadora e proveniente de Cantão] têm uma grande reputação em Macau, em gerações diferentes. Isso ajuda imenso a vender um projecto como aquele que tentámos fazer no ano passado”, concluiu. Bienal Internacional de Arte de Macau arranca em Julho O evento “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021” irá decorrer entre Julho e Outubro e foca-se na reputação de Macau enquanto cidade património mundial. O curador principal do evento, Qiu Zhijie apresenta nos dias 6 e 18 de Julho duas palestras. Até ao final do mês, os residentes podem participar num concurso dedicado à gastronomia e ao amor, com prémios até 3.000 patacas A edição deste ano do “Arte Macau”, intitulada “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021” começa no próximo mês de Julho, e até Outubro de 2021, promete proporcionar a todos os participantes, através de exposições e actividades dos mais diversos espectros das artes visuais uma “atmosfera cultural imersiva”. Apesar de não ser ainda conhecida a programação detalhada, o Instituto Cultural (IC) levantou um pouco o véu sobre o que pode ser esperado na edição que marca o regresso de um dos mais icónicos eventos culturais de Macau. Com Macau enquanto cidade património mundial como pano de fundo, de acordo com um comunicado do IC, a edição deste ano da “Arte Macau” foi pensada segundo o tema “criar para o bem-estar” e conta com a curadoria principal do professor Qiu Zhijie, “um dos artistas contemporâneos mais influentes da China” e Director da Faculdade de Arte Experimental da Academia Central de Belas Artes. “[A iniciativa] visa reunir ideias criativas do mundo e promover a reputação de Macau enquanto cidade património mundial, para além de remodelar o espírito humanista da era pós-epidémica”, pode ler-se na nota. Quanto à Exposição Principal, o IC revela que os visitantes serão convidados a elaborar sobre o tema da Globalização, estando a mostra dividida em três secções: “O Sonho de Mazu”, “Labirinto da Memória de Matteo Ricci” e “Avanços e Recuos da Globalização”. Cada parte pretende assumir-se como “um espaço de reflexão e discussão sobre globalização e individualidade, vida e sonho, longinquidade e proximidade, segurança e felicidade”, aponta o IC. Partindo em busca de um diálogo “profundo” entre valores artísticos locais e exteriores, a iniciativa irá contar com a presença de “celebridades locais” e “mestres internacionais” e ainda, além de Macau como capital da gastronomia, com a participação de cidades como Nanjing, enquanto capital da literatura, Wuhan como capital do design e Linz (Áustria) enquanto capital da arte dos media. Palestras e concursos O pontapé de saída do evento será dado a 6 de Julho, dia em que Qiu Zhijie, o curador do “Arte Macau”, irá ser o orador principal na palestra “Lógica da Curadoria da Bienal Internacional de Arte de Macau”, marcado para as 19h. Para as 15h de 18 de Julho está agendada a segunda palestra de Qiu Zhijie, intitulada “Onde Fica a Ásia?”. O registo para estes eventos, que serão conduzidas em mandarim, pode ser feito através do website do IC. Entre várias distinções, Qiu Zhijie venceu o Prémio Arton de Arte da China por duas vezes e, em 2012, foi nomeado para o Prémio Hugo Boss do Museu Solomon R. Guggenheim, de Nova Iorque. Segundo o IC, o curador do evento deste ano foi também responsável pela exposição “BuXi – Continuum. Generation by Generation”, realizada no pavilhão da China da Bienal de Arte de Veneza em 2017.