Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSaúde | Governo continua sem saber orçamento e prazos para novo hospital Tanto o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura como o director dos Serviços de Saúde afirmam não ter conhecimento do orçamento para o novo hospital nem da data de conclusão. As Obras Públicas remetem explicações para o GDI, que afirma ter recebido apenas partes de projectos e de necessitar de tempo para avaliações e pareceres técnicos. Os SS comprometem-se a entregar tudo até Janeiro [dropcap style=’cricle’]E[/dropcap]m 2012 coube aos Serviços de Saúde (SS) anunciar as datas para a conclusão do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como uma previsão de orçamento: dez mil milhões de patacas. Anos depois, o Governo continua sem saber ao certo quanto custará o novo hospital do território nem quando poderá ficar concluído. Em conferência de imprensa, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse desconhecer os novos detalhes do projecto. “Isso não depende de nós, mas do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Os SS são apenas utilizadores e não sabemos o andamento da obra e a data de construção. O projecto já foi entregue ao GDI. Nós todos somos utilizadores e não somos nós que vamos construir”, referiu Alexis Tam. Lei Chin Ion, director dos SS, garantiu que o GDI “está na fase de apreciação” dos projectos. “[O projecto do novo hospital] terá de passar por vários departamentos e depois vai ser realizado o concurso público. Tudo está dependente da realização do concurso público por parte do GDI, tal como o custo e o prazo de entrega”, explicou. O HM contactou a tutela dos Transportes e Obras Públicas no sentido de saber mais detalhes sobre o orçamento, mas o Secretário Raimundo do Rosário remeteu explicações ao GDI. Em resposta ao HM, o organismo garantiu que, afinal, “até à data foram submetidos parte dos projectos” pelos SS. “Os projectos [de fundações] do Instituto de Enfermagem e do Edifício Residencial para Trabalhadores foram submetidos no quarto trimestre de 2014 e no segundo trimestre de 2015 iniciaram-se os respectivos trabalhos de construção de fundações. No segundo trimestre de 2015, recebemos os projectos de fundações do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico e também do Edifício de Administração e Multi-Serviços e estima-se iniciar os respectivos trabalhos de construção [destas fundações] no final do corrente ano”, começa por dizer o organismo. Só no segundo e terceiros trimestres deste ano é que o Gabinete recebeu “parte dos projectos de super-estrutura dos edifícios” do Instituto de Enfermagem, do Edifício Residencial para Trabalhadores, do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico. Ontem, contudo, os SS admitiram querer entregar GDI, até Janeiro, todos os projectos que ainda faltam relativamente à construção do Hospital. Só aí poderá haver avanços. “A entrega será em Janeiro do próximo ano ao GDI para abertura do concurso público [para construção]”, disse o director dos SS, Lei Chin Ion. Um grande bico de obra Indicando que a obra tem 77 mil metros quadrados e é constituída por sete edifícios, praça, passagens superiores, vias rodoviárias e infra-estruturas de apoio, o GDI diz que o projecto é “de grande escala”, necessitando sempre de pareceres técnicos. Neste momento, o gabinete conta então com “parte dos projectos dos edifícios”, sendo que cada um “necessita de passar por um processo de avaliação em que é necessário recolher pareceres técnicos de mais de dez entidades”. Os SS dizem que “[a maioria dos serviços competentes] entregou parecer dentro de um mês”, como disse Lei Chin Ion, que destaca que cada uma destas fases costuma demorar, em média, meio ano. Após a avaliação há ajustamentos e só depois “quando se encontrarem reunidas as condições necessárias”, o Gabinete dará início ao concurso público para a construção. Orçamento a subir Em Janeiro deste ano, os SS anunciaram que o orçamento global iria ser conhecido após meados deste ano, confirmando que as obras poderão estar concluídas em 2017, com excepção do hospital de reabilitação. Lei Chin Ion deu ainda a entender que o orçamento para o novo hospital pode vir a ser superior a dez mil milhões de patacas, à semelhança do que já tinha sido afirmado em Janeiro. “O preço de 2012 é diferente, já foi actualizado e já tem versões diferentes. O orçamento depende dos materiais que são usados no edifício e que serão aprovados, só teremos um orçamento mais concreto depois da abertura do concurso. O montante apresentado anteriormente é diferente.” A conferência de imprensa decorreu depois de Alexis Tam ter visitado as instalações do futuro Centro de Saúde Pública em Coloane, destinado ao tratamento de doenças infecciosas, bem como o serviço de Psiquiatria na Taipa e o novo alojamento para trabalhadores de emergência (ver textos secundários).
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMong-Há | Académicos questionam planos do Governo O Secretário Alexis Tam quer transformar a zona residencial de Mong-Há num pólo cultural que consiga atrair turistas. Mas o académico Anthony Wong, do IFT, pede um bom sistema de transportes para que isso aconteça. Vizeu Pinheiro defende a criação de pousadas da juventude e diz que os estudos já feitos não devem ser ignorados [dropcap style=’cricle’]M[/dropcap]ong-Há é feita de prédios residenciais, ruas cheias de trânsito, o espaço cultural Armazém do Boi e ainda um edifício de habitação social. Mas o Governo quer que seja bem mais do que isso, ao ponto de se transformar num pólo cultural com actividades que consigam atrair a atenção dos turistas. Contudo, Anthony Wong, docente de turismo do Instituto de Formação Turística (IFT), instituição universitária localizada em Mong-Há, acredita que esse objectivo vai ser difícil de atingir. “Para começar, não sei se os turistas estão interessados em deslocar-se até à zona de Mong-Há. Penso que vai ser um desafio atrair turistas para aquela zona. Sabemos que o sistema de transportes nessa área é mau, o que é um constrangimento”, disse o docente ao HM. “Há uma parte dos turistas que está interessada na cultura, mas não todos os turistas. Essa área tem de ser atractiva para os turistas, com algo que valha a pena uma visita e não sei o que poderá ser feito [nesse sentido]. Também tenho dúvidas sobre qual seria a melhor área para levar os turistas, numa zona tão movimentada. Há muito trânsito, é uma zona residencial e um bom sistema de transportes tem de surgir em primeiro lugar”, acrescentou ainda Anthony Wong. Já o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro acredita que “a Avenida Coronel Mesquita pode ser um eixo turístico”, pedindo ao Governo para ter em conta os estudos académicos que já foram realizados sobre a requalificação da zona, tal como um trabalho de campo realizado pelos alunos da Universidade de São José, IFT, Universidade de Hong Kong e uma instituição do continente. Uma das propostas, contou Vizeu Pinheiro ao HM, referia-se à construção de uma ligação entre o Armazém do Boi e a zona do Forte de Mong-Há, “que está praticamente às moscas”. A ideia seria construir uma escada mecânica entre os dois locais. “As propostas feitas pelo mundo académico devem ser consideradas pelo Instituto Cultural (IC). Lembro-me que foi feito uma espécie de inquérito ou consulta à população local e a turistas, e esse é um trabalho que está com o IFT, mas é uma pena não se aproveitarem esses estudos de quatro universidades sobre este tema”, disse ainda o arquitecto. O que fazer com as casas? Na Avenida Coronel Mesquita encontram-se ainda várias casas tradicionais que o Governo queria transformar em museus, mas que, até ao momento, permanecem como sempre foram: de habitação. Para Vizeu Pinheiro, as estruturas já existentes não devem ser alteradas. “O mais autêntico é manter as casas na sua função original e serem residências, ou relacionadas com a residência, com uma adaptação para cafés ou bares, porque algumas casas ainda estão ocupadas e penso que deveriam manter-se. São casas pequenas, penso que é algo que tem de ser estudado e podem haver várias alternativas.” Uma delas, segundo o arquitecto, poderia ser a construção de pousadas da juventude. “É uma categoria que falta e pode-se experimentar o património das casas portuguesas, que é autêntico e vivo, não é uma coisa que está só no museu. A história que vai ser narrada neste espaço cultural deve ser uma história de matriz portuguesa e a história chinesa dessa zona”, defendeu. A ideia de transformar a zona de Mong-Há numa área cultural foi confirmada na passada quinta-feira pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que anunciou a integração do espaço Armazém do Boi, que já realiza diversas actividades de cariz cultural. O HM contactou os responsáveis do Armazém do Boi, mas não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição.
Andreia Sofia Silva PolíticaAcreditação | Todos os médicos vão precisar de exame. Mas pode haver excepções O Conselho para os Assuntos Médicos emitiu um comunicado onde deixa claro que todos os médicos, quer tenham feito a formação em Macau ou no exterior, têm de fazer um exame para o acesso à acreditação. Ainda assim, as excepções existem, só que são sujeitas a análise [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]final todos os médicos que queiram exercer a sua profissão nos hospitais, clínicas e centros de saúde de Macau têm de fazer um exame para ter acesso à acreditação da profissão. A garantia foi dada ontem pelo Conselho para os Assuntos Médicos, que em comunicado negou as informações avançadas por uma publicação local. “Todos os profissionais de saúde que exercem actividade profissional em Macau, independentemente daqueles que se graduaram nos estabelecimentos de ensino superior em Macau ou no exterior, ou daqueles que possuam ou não experiências clínicas, devem submeter-se à avaliação académica, ao exame e ao estágio, o que além de preencherem outros requisitos, determina a emissão da cédula de acreditação”, aponta o comunicado. Isto porque o exame de acreditação “visa avaliar se os conhecimentos e capacidades adquiridas pelos profissionais de saúde atingem o padrão base para exercer a actividade da própria profissão em Macau”. O Conselho deixa, contudo, bem claro que existem excepções à regras, mas apenas para os “talentos de Macau regressados do exterior”. “Sendo os mesmos especializados em determinadas técnicas médicas e que possam preencher lacunas em áreas de Medicina que necessitem de ser exploradas em Macau. Se estes tiverem experiências profissionais enriquecedoras nas áreas de saúde pretendidas, apenas este tipo de pessoas podem solicitar a dispensa”, explica o organismo. Com condições Contudo, a dispensa de realização do exame de acreditação estará sempre sujeita à avaliação do Conselho. “A dispensa do exame deve ser apreciada pelo Conselho dos Profissionais de Saúde, que ainda será criado, além de que o Conselho irá também estabelecer rigorosos mecanismos de apreciação e de aprovação para tratar estes casos”, garante a entidade. “O Conselho para os Assuntos Médicos só irá proceder à dispensa de exame para este tipo de profissionais de saúde e para os pedidos destinados ao reconhecimento de equivalência total ou parcial do estágio através da apreciação rigorosa, efectuada através de um mecanismo especial de avaliação que será criado para o efeito”, assegura ainda. O Conselho frisou também que só os casos em que estejam explícitas as horas, conteúdo e local do estágio, bem como outras informações, é garantido o reconhecimento “da equivalência total ou parcial do estágio”, sendo que só depois da sua apreciação “os casos que preencham os requisitos terão acesso ao reconhecimento”. Caso contrário, “não haverá acesso ao reconhecimento, pois assuntos diferentes não podem ser tratados da mesma maneira”.
Andreia Sofia Silva PolíticaAICEP | Cenário de Coligação não altera relações comerciais com a China Maria João Bonifácio, delegada da AICEP em Macau, acredita que o cenário político de coligação em Portugal a seguir às eleições legislativas não vai causar instabilidade no sector empresarial e nas relações comerciais entre Portugal e a China [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]pesar da instabilidade política vivida em Portugal, a seguir às eleições legislativas que decretaram a vitória, sem maioria absoluta, da coligação Portugal à Frente (PAF), as relações comerciais entre a China e Portugal não deverão ficar afectadas. Foi esta a ideia deixada ontem por Maria João Bonifácio, delegada da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Macau. “Os empresários e o tecido empresarial português têm respondido bastante bem e de forma estável e positiva aos desafios que o nosso país tem vindo a ultrapassar nos últimos três anos. Estou confiante de que irão continuar a ter um papel importante na recuperação da economia portuguesa”, disse a delegada da AICEP aos jornalistas à margem de um workshop intitulado “Mais do que imaginas – Ambiente de Negócio e Investimento em Portugal”, realizado em parceria com o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM). Questionada sobre as possíveis consequências do cenário de desaceleração da economia chinesa nas relações bilaterais com Portugal, Maria João Bonifácio disse acreditar que não serão negativas. “Os números até agora apontam que ainda não [há uma consequência]. Vamos ver até ao final do ano. Estamos confiantes de que vamos continuar com um bom desempenho nos três mercados. Para já não posso adiantar mais porque os números apontam que os mercados estão a comportar-se bastante bem.” Trocas aumentam Falando de números, a delegada da AICEP aproveitou para revelar os últimos dados das trocas comerciais entre Portugal e China, Macau e Hong Kong, no primeiro semestre deste ano. No que diz respeito às exportações, Portugal exportou para Macau pouco mais de 15 milhões de euros, um aumento de 22% face a igual período do ano passado. Para Maria João Bonifácio, trata-se de um “desempenho bastante interessante”. “Posso dizer que nos últimos anos a taxa média anual de crescimento tem sido de 17%. Um comportamento bastante favorável”, frisou. Em relação à venda de produtos para o mercado chinês, a fasquia eleva-se: exportaram-se nos primeiros seis meses do ano produtos no valor de 600 milhões de euros, mais 19% face a 2014. Para Hong Kong Portugal exportou um total de 81 milhões de euros, mais 11% face ao ano passado. Quanto às exportações de Macau para Portugal, os números são bem mais baixos. “O volume é de cerca de 350 mil euros, uma quebra substancial. Mas o que importamos de Macau são essencialmente máquinas, este valor pode ainda não ter um impacto muito importante. No final do ano é que poderemos ver se houve uma recuperação e se esta tendência é para manter. Normalmente recupera-se”, rematou Maria João Bonifácio. Miguel Frasquilho em Macau para a MIF A delegada da AICEP em Macau confirmou a vinda do presidente desta entidade, Miguel Frasquilho, para a realização de mais uma Feira Internacional de Macau. Quanto ao pavilhão de Portugal, terá uma maior concentração de empresas de várias áreas comerciais. “Sei que o objectivo é chegar às 60 empresas e que poderão já estar as 60 inscritas. Este ano o pavilhão não é exclusivo aos produtos alimentares mas é extensivo a outras áreas. As empresas vão estar um pouco mais concentradas.” Processo de exportação de carne suína quase concluído Maria João Bonifácio referiu ainda que o dossier relativo ao desbloqueio da exportação de carne suína de Portugal para a China deverá estar quase concluído. “A certificação de produtos para qualquer país é sempre uma questão que demora algum tempo. Para a China também é um período longo de negociações e que talvez o produto que tem o dossier mais avançado será o da carne suína. Isto quer dizer que todas as formalidades foram cumpridas da parte das autoridades portuguesas e compete agora à China verificar se tem toda a informação que pretende para desbloquear o processo.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGoverno| Carros Volkswagen sem problemas em Macau O Executivo assegura não existirem quaisquer problemas com os carros da marca Volkswagen no território, isto depois de Taiwan ter exigido à marca de automóveis alemã para retirar do mercado os veículos afectados no âmbito da adulteração da emissão de gases poluentes [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]polémica com os carros adulterados da Volkswagen continua a fazer-se sentir na Ásia. Desta vez foi a Administração de Protecção Ambiental de Taiwan a pedir ao grupo alemão para retirar do mercado todos os veículos afectados pelo sistema que manipulou os dados das emissões de gases poluentes, tendo ainda exigido à marca o pagamento das devidas compensações aos proprietários. Em Macau, contudo, as autoridades continuam a frisar que os automóveis que circulam no mercado não estão afectados. “A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) contactou de imediato os agentes locais (…). De acordo com as informações iniciais, não existem quaisquer problemas com os carros importados para Macau”, apontou o organismo ao HM. Apesar disso, o Governo promete continuar atento. “A DSAT vai continuar a prestar atenção ao caso e dará toda a assistência aos agentes caso seja encontrado qualquer tipo de problema nos carros importados para Macau”, acrescentou. Fora de circulação Jay Chu, director-geral da Volkswagen Macau, já tinha referido ao diário Business Daily que em Macau não circulam os modelos afectados pelo software adulterado. “De facto só envolve os carros de passageiros a diesel. Em Macau, não temos sequer esse tipo de modelo”, frisou. Apesar de circularem no mercado carros comerciais movidos a diesel, Jay Chu frisou ao mesmo jornal que esses veículos possuem motores turbo diesel, sendo, portanto, diferentes daqueles que foram afectados. A decisão tomada esta semana em Taiwan visa a retirada de quase 17.800 automóveis das marcas detidas pelo Grupo Volkswagen, incluindo a própria Volkswagen, Audi e Skoda CV. A Administração de Protecção Ambiental de Taiwan referiu que é necessário efectuar modificações no sistema dos automóveis no prazo de três meses, estando já a efectuar um plano para a retirada e modificação dos veículos. A polémica, que levou à demissão do CEO do grupo, Martin Winterkorn, e que afectou 11 milhões de veículos, levou ontem o presidente da Volkswagen na América do Norte, Michael Horn, a apresentar um pedido de desculpas ao Congresso norte-americano. “Quero apresentar as desculpas sinceras da Volkswagen por ter utilizado um programa informático que serviu para manipular os resultados dos testes” das normas anti-poluição, declarou o presidente durante uma audição.
Andreia Sofia Silva Desporto Grande Prémio de MacauGP | Novas corridas na Guia e os grandes nomes de sempre A 62ª edição do Grande Prémio de Macau regressa ao território entre os dias 19 a 22 de Novembro. Há novidades no Circuito da Guia, com a saída da prova WTCC e o arranque da Taça do Mundo de GT da FIA [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]Na sua última edição encabeçada por João Manuel Costa Antunes, o Grande Prémio de Macau (GP) apresenta a primeira edição da Taça do Mundo de GT da FIA com cinco equipas – Aston Martin, Audi, Mclaren, Porsche e Mercedes-Benz – e 24 pilotos. Com o habitual Grande Prémio de Motas de Macau e o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Taça Intercontinental da Federação Internacional de Automóvel (FIA), a 62ª edição do GP não vai, contudo, contar com a até então habitual corrida de WTCC. No Circuito da Guia voltam a correr nomes como o de Félix Rosenqvist, vencedor de Fórmula 3 o ano passado, ou Michael Rutter, habitual vencedor no Grande Prémio de Motos, e Edoardo Mortara. De Portugal chegam os pilotos Álvaro Parente, Nuno Caetano e André Pires. Por Macau, correm André Couto, Rodolfo Ávila, Rui Valente e Álvaro Mourato, entre outros nomes já habituais na Guia. Com um orçamento de cerca de 210 milhões de patacas, semelhante ao de 2014, a Comissão do GP anunciou ontem que foram geradas mais 3% de receitas no campeonato do ano passado. Aos jornalistas, João Manuel Costa Antunes mostrou-se optimista quanto às novidades no Circuito da Guia. “Este ano temos duas corridas novas, duas estreias em Macau e a nível mundial. A Corrida da Guia, que é tradicionalmente uma corrida de carros de turismo, deu a oportunidade para que a série TCR tenha aqui a sua final e trata-se de um tipo de viaturas que é mais acessível para que os pilotos da zona asiática, e de Macau, possam evoluir para outros níveis. Penso que pelos resultados que verificámos até agora vamos ter uma grande corrida no Circuito da Guia”, disse. Reconhecimento Quanto à Taça GT do Mundo da FIA, “vem quase como uma consequência do projecto que se iniciou em 2008, com as provas GT Macau, em que a nível internacional fomos atraindo cada vez mais as atenções das marcas e dos pilotos”, adiantou Costa Antunes. “Grande parte dos pilotos que vêm para a taça do mundo de TG são pilotos que já correram em Macau. São pilotos que reconhecem a validade e interesse do nosso circuito”. O facto da Ferrari não estar presente nesta competição não constitui um problema para Christian Schacht, presidente da Comissão GT da Fia. “Teremos de perguntar à Ferrari [por que não vem]. Com todos os esforços que fizemos estou muito contente por termos um projecto que começou em Julho. O sucesso e os resultados que tivemos deixam-me muito contente”, apontou. Costa Antunes disse ainda ter “uma grande alegria ao ver pilotos de Macau e de Portugal”. “Grande parte dos que vêm competir no GP têm alguma experiência no circuito e portanto temos sempre uma grande esperança”, apontou, tendo falado da entrada de técnicos internacionais no Circuito da Guia. “Ao longo dos anos temos evoluído e estamos num patamar em que cerca de 900 técnicos desportivos estão à volta do circuito e como o GP é uma prova verdadeiramente internacional, sentimos a necessidade de termos técnicos internacionais, porque seguem os vários campeonatos. São os técnicos que a FIA indica”, rematou. Grande Prémio no ID “não perde autonomia” No final deste ano, a Comissão do GP passa a estar sob alçada do Instituto do Desporto, mas Costa Antunes desvaloriza uma eventual perda de autonomia. “Não acho que haja uma perda de autonomia, penso que a estrutura organizativa vai ser de outra forma. A Comissão do GP já viveu no passado outras estruturas. Começou por ser liderado por uma comissão quase independente, depois esteve ligado ao Leal Senado e depois passou a ser coordenado por um departamento do turismo. Depois entendeu-se que deveria ser autónomo e agora, por uma questão de racionalização de meios, entendeu-se que deveria estar dentro de um departamento do ID”, lembrou.
Andreia Sofia Silva EventosSignum Living Store | “Scape”, de Rui Rasquinho, inaugura quarta-feira Na próxima quarta-feira, dia 14, inaugura na Signum Living Store a exposição “Scape”, do ilustrador Rui Rasquinho. São desenhos de paisagens imaginadas e sentidas pelo autor, que apenas querem levar o público a fazer uma própria interpretação daquilo que vê [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cerca de quatro anos que o ilustrador Rui Rasquinho não expõe o seu trabalho junto do público, apesar de colaborar regularmente com diversas publicações. Desta vez, o artista quebra esse jejum e apresenta na Signum Living Store a exposição “Scape”, que inaugura na próxima quarta-feira, dia 14, e que estará patente até Dezembro. “Scape” é uma exposição cheia de obras que não foram feitas para esse fim, mas que fazem parte de um “projecto maior” que Rui Rasquinho está a desenvolver e que será composto também por fotografia e vídeo. O que o público vai poder apreciar na galeria de arte é apenas “uma experiência e uma investigação” para aquilo que ainda há-de vir, contou o artista ao HM. Apesar do nome da iniciativa remeter para paisagens, não são os espaços físicos que “Scape” aborda. “Este projecto tem a ver com paisagens interiores, o que a pessoa pensa, o seu estado de espírito e a forma como isso se expressa. Uma das ideias é ter um espaço grande para a interpretação sobe as obras em si, não só do artista mas das pessoas que vão ver. Há um espaço grande para as pessoas verem o que quiserem e puderem ver, onde as coisas não são completamente figurativas ou abstractas”, explicou Rui Rasquinho. O ilustrador prefere chamar às 14 obras expostas “desenhos”, que podem fazer lembrar à partida pintura tradicional chinesa. Mas não é disso que se trata. “Neste caso são desenhos porque é a linha que define tudo, o estilo e a mensagem. Mas há referências múltiplas, inclusive referências da pintura histórica, chinesa, mas também ocidental e outras coisas”, acrescentou. Uma catarse Tendo sido convidado pela galeria Signum Living Store e a revista Macau Closer a realizar esta exposição, Rui Rasquinho apresentou assim o resultado de uma espécie de catarse do artista. “Este trabalho tem uma componente importante, que é o desenho como prática obsessiva, como catarse. É também o processo da busca de um ideal, que pode ser fictício e inatingível, entre o figurativo e a abstracção. O que interessa aqui é o processo de busca dessa ideia, não exactamente a ideia em si. Daí aquele espaço vasto que é deixado para a interpretação”, revelou Rui Rasquinho. Questionado sobre as expectativas que deposita nessa própria interpretação que o público irá fazer, o ilustrador garante que nem sequer pensa nisso. “A ideia é que seja um espaço de interpretação e que as pessoas encontrem sentidos lá. A minha única expectativa é essa, que em vez de se guiarem por frases que o artista ou a galeria fazem, tenham um espaço para fazer a sua própria interpretação”, concluiu.
Andreia Sofia Silva BrevesNovo contrato com a TCM já está em vigor O Governo já reviu o contrato de exploração de autocarros com concessionária TCM, o qual se encontra em vigor desde o dia 1 de Outubro. O contrato, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), prevê a exploração de 22 carreiras por parte da operadora, para além de prever a entrega de um relatório mensal à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Este documento deve conter “dados constantes do sistema referente às informações de exploração”, como as horas das partidas das carreiras, o número de partidas ou a duração do percurso. Incluem-se neste relatório as despesas financeiras da empresa. Para além disso, a DSAT obriga a TCM a “elaborar trimestralmente um plano genérico de trabalhos, do qual deve constar a organização e elaboração do programa de exploração de carreiras, mobilização de recursos, manutenção e reparação, limpeza e serviço prestado ao cliente, bem como outras medidas de trabalho, para prestar serviço de melhor qualidade e mais profissional”, pode ler-se.
Andreia Sofia Silva h | Artes, Letras e Ideias MancheteAna Luísa Amaral, escritora e docente de Literatura O ano de 2015 está a revelar-se um ano produtivo para a carreira de Ana Luísa Amaral como poetisa, mas sobretudo como escritora. A editora Oxbow Press vai publicar uma antologia dos seus poemas em Inglaterra, enquanto que a editora europeia Peter Lang está a preparar um livro de ensaios sobre a sua obra, a sair este ano ou em 2016. A autora de “Minha Senhora de Quê”, o seu primeiro livro, continua a não assumir nada na sua carreira literária e a considerar as palavras que escreve como um “destino” [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ublicou, aos 33 anos, o seu primeiro livro, “Minha Senhora de Quê”. Muitos livros e palavras depois, que senhora é hoje? Uma pessoa diferente, claro, até porque 25 anos se passaram… Gosto mais de “pessoa” do que de “senhora” (aliás, esse “minha senhora” foi sempre irónico). Diria, até, que sou, sobretudo, uma mulher diferente. Sou uma mulher com uma linguagem que necessariamente mudou, com a passagem dos anos e o acréscimo de experiências, com a vida, com o mundo. Mas sou, todavia, estruturalmente, semelhante ao que era então, nesse ano de 1990, com semelhantes preocupações éticas e poéticas. Talvez a grande diferença é que hoje tenho menos medos. Se tivesse de escrever o mesmo livro actualmente, como o faria? Não sei, sinceramente. O tempo do livro foi aquele tempo, não este. Este é o tempo de livros como “Escuro”, ou “Ara”, ou “E Todavia”. Cada livro tem o seu tempo. Talvez por isso, quando reúno os livros em antologias (já foram duas, “Poesia Reunida – 1990-2010”, de 2010, e “Inversos – Poesia 1990-2015” e a próxima, que surgirá para o ano, pela Assírio & Alvim, irá chamar-se “Em Suma”), nunca mudo os poemas, nunca os reescrevo. Nunca escreveria novamente esse livro – nem nenhum dos outros que se seguiram. [quote_box_left]“A minha relação com as palavras foi sempre de amor à mistura com o que sinto quase como uma espécie de necessidade, a ananké grega, ou seja, quase um destino”[/quote_box_left] Foi em 2013 que escreveu “Ara”, o seu primeiro romance. Sentiu que tinha chegado a altura de escrever prosa? Como foi o processo de criação dessa história? Os capítulos desse romance foram sendo escritos ao longo dos anos, durante bastante tempo. Não foi, portanto, um romance escrito de uma forma cronológica, nem com aquela dedicação de escrita de que geralmente falam os romancistas. Talvez essa seja uma explicação para o facto de o livro abrir assim: “Mas as coisas não giram ao nosso compasso. Eu não sou romancista. Se fosse romancista, dividia-me em nomes de ficção e disso não sou capaz.” Este não é, pois, um romance no sentido mais tradicional do termo e a sua escrita foi-me muito rente à escrita da poesia. Assim, mais do que sentir que tinha chegado a altura de escrever prosa, o que senti foi que tinha chegado a altura de dar forma àquele “romance” e de publicar aquele livro. Numa entrevista que deu há alguns anos, disse que sentia falta de ter tempo, por sentir dificuldades em conciliar a vida pessoal com a escrita e as aulas na faculdade. Ainda sente isso? Sim, sinto isso ainda hoje. Talvez menos, do ponto de vista familiar, porque quando dei essa entrevista, a minha filha era ainda pequena, e agora tem 30 anos. Mas continua a ser difícil conciliar a minha vida profissional (os projectos que coordeno, as teses que oriento, os contínuos pedidos que recebo para avaliações) com a escrita – que é sempre algo para mim muito mais “puro”. Continua a sentir-se mais docente do que escritora, como disse numa entrevista? Porque é que não se assume ao contrário? Penso que nunca disse exactamente isso, ou se disse, disse mal, e o que queria era dizer que a minha profissão é ser docente e investigadora. Quanto à escrita, sou “amadora”, no sentido de que fala Clarice Lispector, ou seja, aquela que ama a palavra e a escrita. E não assumo nada: escrevo porque preciso de escrever, como preciso de respirar. É-me tão essencial como a vida. Por vezes, é mais do que a vida… A sua relação com as palavras tem vindo a mudar ao longo dos tempos? Como a descreve? A minha relação com as palavras foi sempre de amor à mistura com o que sinto quase como uma espécie de necessidade, a ananké grega, ou seja, quase um destino. O que é algo estranho para alguém que, como eu, duvida do determinismo… O que é certo é que tenho um poema que começa assim “Desejava esquecer, mas elas não me deixam, / chegam com seu tear e sua mãe cruel, / e sobre mim ensaiam um cansaço que há séculos / lhes tem sido alimento”. O poema chama-se “Os teares de memória: Mnémosine e suas filhas” e fala da memória e do que sinto como a inevitabilidade da escrita. E devo dizer-lhe que sempre assim foi. Como olha para o lançamento deste livro cheio de ensaios sobre a sua obra, que vai sair este ano? O que sente perante estas retrospectivas sobre as palavras já escritas? Uma ponta de nostalgia, ou sobretudo uma auto-reflexão? Sinto alegria, sinto alguma nostalgia, claro, porque isto significa que eu escrevi bastante e que, portanto, o tempo passou. Mas sinto sobretudo uma grande alegria. E também gratidão por este livro estar a ser preparado e pelo reconhecimento. E ainda algum orgulho pelos nomes das pessoas que escreveram sobre a minha obra e que lá estão, nesse livro. Mais não sei dizer, acho que da minha obra falarão os ensaios. Além disso, acabo de saber que vai sair também, pela Oxbow Press, uma antologia da minha poesia, traduzida por Margaret Jull Costa. Essa é uma grande alegria. Como surgiu esse projecto? Esse projecto surgiu inicialmente pela mão de Teresa Louro, que esteve na Universidade de Londres a fazer pesquisa sobre a minha poesia, acabando por escrever um belo ensaio sobre o meu livro “A Génese do Amor”. Depois, a ela juntou-se Claire Williams, da Universidade de Oxford, a primeira pessoa a escrever um ensaio que explora a relação entre mãe e filha na minha poesia (algo que ninguém tinha feito e que é, portanto, profundamente original). O ensaio chama-se “Educating Rita” (o nome da minha filha…). São elas as organizadoras desse volume. Todos os anos se celebra o Dia Internacional da Mulher. Os discursos e as necessidades continuam a ser as mesmas, em prol da igualdade salarial e de oportunidades. É preciso mudar algo a este nível? As vozes que pedem essas melhorias devem mudar de estratégia, para que exista, de facto, uma mudança? Amartya Sen diz que para haver justiça não chega haver voto, é preciso haver voz. Muitas, muitas mulheres, mesmo tendo direito ao voto, não têm ainda voz. Quando deixar de se celebrar esse dia, chegaremos a um ponto de viragem muito importante, em que as diferenças passarão a ser a indiferença. Porque ninguém celebra O Dia Internacional do Homem (aliás, mesmo esta palavra, “Homem”, pareceria logo que tinha a ver com a espécie humana). Há muito a fazer ainda, sim. Fazem falta mais mulheres na literatura portuguesa e mundial? Tanto na poesia, como na prosa? Pois claro que sim. Mas cabe às mulheres publicarem mais e às editoras divulgá-las melhor. Que autores contemporâneos costuma ler? Maria Velho da Costa, Nuno Júdice, Lídia Jorge, Hélia Correia, Jane Smiley, Mário de Carvalho… E depois, os clássicos, que não me canso de reler: Camões, Pessoa, Sá-Carneiro, Emily Dickinson, William Blake, William Shakespeare, Dostoievsky… Depois da morte de nomes como Manuel António Pina, Mário Cesariny ou António Ramos Rosa, sem esquecer Saramago, podemos falar de uma nova fase da literatura portuguesa, com novas formas de escrever? Sobretudo, de uma boa fase da literatura em Português? A literatura portuguesa sempre foi riquíssima, em especial a poesia. Não creio que poetas como Sophia [de Mello Breyner], Fiama [Hasse de Pais Brandão], ou Jorge de Sena tivessem eclipsado os seus contemporâneos. Portanto, depois desses extraordinários poetas que morreram, houve outros poetas. E haverá sempre mais poetas… Na qualidade de docente do curso de Literatura Inglesa e Americana na Universidade do Porto, que análise faz aos alunos que hoje em dia escolhem essa área? São alunos que escrevem, que debatem ideias? Nem sempre, infelizmente. Os melhores alunos que tenho tido são os que escolhem Literatura Comparada. Fazem muito bem, na minha opinião: a literatura não conhece fronteiras, nem lealdades. A literatura é múltipla, sendo uma. É necessário fazer alterações aos cursos de Literatura actualmente leccionados em Portugal? Julgo que uma das coisas mais importantes (mas isso tem a ver com algo mais amplo do que os cursos de Literatura propriamente ditos) seria valorizar as Humanidades e a Literatura, em particular. Passar a mensagem de que a Economia, ou a Engenharia, ou a Tecnologia são mais importantes (e rentáveis) do que as palavras (neste caso, a palavra poética, no sentido lato do termo) é um enorme erro. Porque, sendo aparentemente menos útil, a literatura é o mais poderoso veículo humano que possuímos para simultaneamente comunicar, pensar e imaginar. E a imaginação é essencial, o simbólico é essencial: é aquilo que nos torna humanos. Enfraquecer a cultura é enfraquecer a memória e enfraquecer a memória é enfraquecer os povos. A crise económica em Portugal afastou ainda mais as pessoas da leitura, sobretudo os jovens? Como mudar esse paradigma? Esse afastamento é relativo. Porque há os blogues, todo o suporte informático a que os jovens cada vez recorrem mais. O livro, sim, como objecto, esse tem sofrido bastante, porque a capacidade de compra está cada vez mais reduzida e as pessoas fazem uma selecção entre o que consideram ser o essencial e o que pode ser visto como o supérfluo, ou o adicional. E o Estado, na forma de escola pública e de bibliotecas, embora tenhamos uma excelente rede de bibliotecas, também não fomenta a leitura. Mas nunca no meu país se assistiu a tantas leituras de poesia em cafés, pequenos bares, sítios mais alternativos. Como se a arte fosse uma tábua de salvação para estes tempos tão cruéis, em que os estados e os povos deixaram de ter importância, ficando à mercê das indústrias financeiras. A arte é impossível de conter, de controlar, como um rio: se encontrar obstáculos, correrá noutra direcção, procurará outros leitos. Como escritora de contos infantis, como olha para a política da leitura nas escolas? É cada vez mais difícil pôr os miúdos a ler, com as novas tecnologias? As tecnologias, ou tudo o que o ser humano inventou, podem sempre ser usadas de uma forma maravilhosa, tal como podem ser usadas de forma danosa. Mas, quando são usadas de uma maneira engenhosa e delicada, são maravilhosas. Dou um exemplo bem simples. Tenho um livro que se chama “Como Tu”, que tem um CD. Os poemas desse livro são lidos por dois actores (Pedro Lamares e Rute Pimenta), acompanhados ao piano por Álvaro Teixeira Lopes, tocando música de António Pinho Vargas. Quando vou a escolas, ponho muitas vezes esse CD e as crianças adoram. O mesmo se passa com um outro livro, “A história da Aranha Leopoldina”, que tem também um CD. Mas já me aconteceu falar para crianças surdas. Aí, a imagem e as palavras projectadas num ecrã gigante (porque, na maior parte das vezes, no início do encontro, eles não têm o livro) são fundamentais. Sendo este um jornal de Língua Portuguesa em Macau, perguntava-lhe se já visitou o território, ou a China. Já fui a Macau, sim. Em 2006, por ocasião dos I Jogos da Lusofonia. Sobre a China, como vê o crescimento do país a presença crescente em Portugal? Sem esquecer a literatura chinesa: vai, cada vez mais, dominar o panorama mundial das letras? Não sei, mas imagino que sim. Em primeiro lugar, sabemos hoje que a China tem um fortíssimo poder económico. Depois, no que se refere à poesia, estive agora em Setembro no 2º Festival de Poesia de Atenas e conheci um poeta chinês absolutamente extraordinário: Ouyang Jianghe. Fiquei fascinada com a poesia dele. E pensei em como realmente sabemos tão pouco sobre o “outro”. Em quão pouco eu sei…
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGoverno | Atrasos na publicação de estatísticas oficiais motivam críticas São vários os organismos públicos ou direcções de serviços que não publicam dados estatísticos ou relatórios há vários anos. Dois académicos falam em falta de transparência e no facto de continuar a não existir no seio do Governo uma cultura de publicação de estatísticas [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cinco anos que o Instituto de Acção Social (IAS) não publica o seu relatório anual, que contém dados estatísticos tão diversos como o número de atendimentos, de apoios financeiros concedidos às famílias ou relacionados com jovens e droga. Igual atraso é verificado na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), cujo relatório mais recente sobre o estado do ambiente em Macau data do ano de 2012-2013. Uma visita ao website da Commissão das Mulheres permite perceber que há mais de dois anos não é publicado qualquer relatório sobre a condição da mulher em Macau. Também a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) fica mal na fotografia: desde 2013 que não publica o seu relatório anual. Estes são apenas alguns exemplos de entidades públicas que demoram vários anos a publicar relatórios ou outros documentos estatísticos sobre o seu funcionamento ou dados relacionados com a sociedade. Apesar de muitas informações serem divulgadas junto da imprensa, o Governo continua a não divulgar de forma atempada dados que podem ajudar a compreender diversos sectores da sociedade ou políticas públicas, como dizem dois académicos contactados pelo HM. Eric Sautedé diz que nos últimos tempos alguns organismos públicos têm difundido dados com “maior regularidade”, mas que ainda assim não chega. “No geral há falta de estatísticas em Macau. Se olharmos para os relatórios da DSPA, por exemplo, o último é de 2012 ou de 2013. Deveríamos já ter os resultados de 2014. Acima de tudo há uma falta de hábito em relação à divulgação dos dados estatísticos mais recentes. Muitas vezes aparece nas notícias, então sabemos que há um comunicado de imprensa ou um relatório interno”, disse o antigo docente de Ciência Política da Universidade de São José (USJ). Já Larry So, antigo docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), explica que a falta de publicação dos dados se deve ao facto de muitas informações serem “sensíveis”. “Penso que o Governo não quer que todos os dados sejam primeiro divulgados publicamente, gostam de analisá-los primeiro. Não estou a dizer que os escondem, mas gostam de os analisar e [saber] se há algo que podem fazer antes de os divulgar. Há com certeza dados mais sensíveis e o Governo pode optar por analisá-los antes de tomar alguma medida e publicar os dados mais tarde. O Governo tem vários dados que nunca são publicados”, disse ao HM. Falta de transparência Larry So vai mais longe e acusa o Governo de continuar a não ser transparente. “Sem esses dados o público nunca vai saber o que de facto está a acontecer na sociedade. Estamos a falar de uma questão de transparência e o facto do Governo ter de ser responsável perante as pessoas. Os dados estatísticos são um reflexo da sociedade e, se não os temos, não sabemos o que está a acontecer. Se o Governo não os publica, ou se os publica tarde, então não está a ser transparente.” Para Eric Sautedé, é fundamental envolver as associações ditas independentes, sem ligações ao Executivo. “Precisamos de envolver a sociedade e as associações, mas não apenas as que estão ligadas ao Governo, ou os conselhos consultivos. As associações independentes muitas vezes não têm acesso aos dados.” O académico defende uma mudança de atitude a este nível, numa altura em que o mercado do Jogo continua a sofrer uma quebra. “A população tem que ter o sentido de confiança, de que não há nada a esconder, para aceitar mais aquilo que o Governo está a fazer. Temos uma contracção do PIB em 21% este ano e é claramente a altura de fazer mais previsões quanto ao modelo a adoptar para Macau. O Governo deveria mostrar melhor aquilo que quer fazer em termos de visão”, rematou Eric Sautedé.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasRestaurante vegetariano “Concept H” | Calista Chan, fundadora Está aberto na Rua Henrique de Macedo e promete todos os dias entregar em casa ou no trabalho dos clientes refeições simples mas cheias de produtos saudáveis. Calista Chan quer continuar a expandir o restaurante “Concept H – Healthy, Honest, Home” e até dar aulas de comida vegetariana [dropcap style=’circle’]H[/dropcap] de Healthy (saudável), Honest (honestidade), Home (casa). São estas as ideias que estão por detrás do conceito do restaurante de comida rápida “Concept H – Healthy, Honest, Home”. Quem o procura, sabe que vai encontrar refeições preparadas de forma caseira e com os melhores produtos, mas sem carne ou peixe. Calista Chan, fundadora do negócio, conta o que a levou a abrir um restaurante vegetariano no território. “Não é apenas um café ou um restaurante, queremos entregar comida simples e vegetariana na vizinhança”, contou ao HM. “Pensámos em distribuir comida segundo um conceito de vida saudável. O vegetarianismo é apenas uma das formas de proteger o meio-ambiente, reduzindo emissões para a atmosfera, e consegue prevenir muitas doenças do meio urbano. Por isso é que queremos distribuir comida vegetariana aos nossos vizinhos e também temos a ideia de que cada pessoa pode escolher os seus próprios ingredientes e criar o seu almoço”, disse ainda. Além de refeições propriamente ditas, preparadas com legumes, fruta e outros produtos orgânicos, o “Concept H” tem ainda hambúrgueres e sanduíches onde não entram a manteiga, o fiambre ou o queijo, mas sim alimentos como abacate. “Há mais consciência por parte das pessoas que comem fora de casa mas que procuram comida mais saudável, livre de óleos e outros aditivos. Temos muitas opções para os clientes”, acrescentou Calista Chan. Com alguns meses de abertura, o “Concept H” tem gerado boas reacções junto dos clientes. “Normalmente as pessoas encomendam as nossas refeições à hora de almoço, combinadas com arroz vermelho. Têm-se mostrado bastante curiosas sobre este conceito e tentamos explicar. Os locais têm muita curiosidade em experimentar”, revelou a empresária. Aulas de culinária Vegetariana há cerca de um ano, Calista Chan depressa percebeu que comendo mais frutas e vegetais e eliminando a carne, peixe ou lacticínios teria maiores benefícios para o seu corpo e dia-a-dia. “Penso que é uma boa opção para aqueles que se preocupam com a sua saúde e que estão sempre doentes. É uma boa opção para limpar o corpo com vegetais e fruta. Uma dieta vegetariana ajuda ainda a prevenir doenças do coração, entre outras, e também é uma boa forma de proteger o ambiente.” Criar o “Concept H” foi apenas mais uma consequência natural dessa opção pessoal, sendo o restaurante mais um a adicionar à lista dos mais variados espaços de comida saudável que têm surgido em Macau. “Pelo que percebi desde a abertura do restaurante há mais restaurantes vegetarianos em Macau e há cada vez mais espaços que fazem entrega de comida vegetariana ou mesmo lojas com produtos orgânicos. Este ano notámos mais isso e penso que vai ser cada vez mais uma tendência em Macau”, defendeu Calista Chan. Com muitos espaços abertos, o “Concept H” não quer parar por aqui. Na calha estão a aquisição de mais produtos orgânicos, “para que as pessoas tenham mais oportunidade de escolha”. Mas Calista Chan quer ir mais longe e começar a dar aulas de culinária para aqueles que querem aprender a cozinhar de forma saudável, mas simples. “Arrendámos um novo espaço e queremos que os nossos clientes participem em aulas de culinária, onde ensinaríamos as pessoas a utilizar ingredientes simples para fazer refeições, na maioria vegetarianas. Aí as pessoas vão perceber que preparar este tipo de refeições não é difícil. Esse é o nosso principal objectivo”, rematou. No Facebook, a página tem cerca de mil gostos, mas no dia-a-dia muitos têm sido os clientes que procuram opções de almoço mais saudáveis. O “Concept H” está aberto entre as 11h30 e as 18h30 de segunda a sexta-feira e aos sábados das 10h00 às 18h00 e fica na Rua Henrique de Macedo, perto da Rua de Horta e Costa.
Andreia Sofia Silva EventosSofitel | Festa temática dos anos 80 marcada para dia 16 É já no próximo dia 16 de Outubro que decorre a festa temática “So 80’s Party”, no Sofitel. Cada um pode vestir uma indumentária a fazer lembrar os anos dos brilhos e dos grandes nomes da música pop. O cantor Edu Casanova fará uma participação especial [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]uvir Madonna ou Michael Jackson enquanto tem uma vista privilegiada sobre Macau? Vestir-se como uma Cindy Lauper ou Tina Turner? Todas essas coisas serão possíveis no próximo dia 16 de Outubro, sábado, com a festa “So 80’s Party”, que vai decorrer num dos salões do hotel Sofitel, no Ponte 16. A festa contará ainda com a presença do músico e compositor brasileiro Edu Casanova, que trará um ‘hit’ inspirado na década de 80 e que neste momento está a realizar uma tournée pela China. Ao HM, Thais Pinheiro Silva, uma das organizadoras do evento, fala de uma festa que foi pensada só para um grupo de amigos que tem saudades das músicas que passavam nas rádios há vinte anos, mas que acabou por ter grande adesão. “Foi uma reunião de amigos, mas afinal temos mais amigos do que aqueles que pensávamos (risos)”, começa por dizer Thais Pinheiro da Silva. “Está a ter uma repercussão maior do que aquela que esperávamos. O nosso plano era fazer uma festa em conjunto com o Sofitel, porque têm o salão no sexto andar com uma varanda espectacular para Macau e a piscina. Tem sido feito só pelo Facebook e no princípio estava a contar com pessoal mais chegado, entre cem a 150 pessoas, mas estou a ver que vamos ter de abrir mais partes do salão, o que é bom sinal. Queria uma festa onde todos se pudessem divertir e que fossem caras conhecidas. Já morei em Macau entre 2007 e 2010 e queria reunir essas pessoas. Era uma festa privada, mas acabou por ter uma grande repercussão.” Isso fez com que a festa se tornasse um evento social, onde se espera música que traz boas recordações. “O nosso círculo de amigos tem entre 30 e até 60 anos e queríamos uma festa que captasse todas as pessoas e que agradasse ao gosto de todos em termos musicais. Queríamos uma festa em que as pessoas se pudessem vestir e pensámos numa festa dos anos 80 que abrange todas essas idades”, acrescentou Thais Pinheiro da Silva. A entrada custa 150 patacas e cada pessoa tem direito a uma bebida. A realização de uma festa temática foi algo que os participantes pediram desde o início. “Quando organizei esta festa também tive em consideração a opinião do público e festa temática foi o que mais pediram. Porque não basta ter um bar bonito, com uma boa localização e um DJ, [as pessoas] querem uma coisa diferente, que puxe mais pelo público local. Não apenas aqueles que estão por um período curto, mas que chame mesmo o público local, que fuja um pouco do luxo e dos casinos. Para as pessoas irem descontrair, com uma música diferente.” Dos cerca de 1900 convidados na rede social, mais de 180 pessoas já confirmaram a sua presença. A pista que vai fazer regressar ao passado abre às 22h00. “O objectivo é fazer algo sem grandes fins lucrativos e reunir as pessoas num lugar porreiro com capacidade para muita gente e que agrade à maioria do público”, remata Thaís Pinheiro da Silva.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLegislativas | Partidos de olhos postos no Círculo Fora da Europa Resultados eleitorais em Portugal pelo Círculo Fora da Europa só serão conhecidos a 14 de Outubro. Partidos optam por não fazer previsões e, quanto à possibilidade de impugnar as eleições devido a falhas na entrega dos boletins de voto, Mendo Castro Henriques também deixa decisões para depois. Pereira Coutinho fala e diz que pretende continuar a correr a um lugar de deputado em Lisboa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]coligação Portugal à Frente (PAF) venceu, o Partido Socialista (PS) ficou em segundo lugar e o Nós! Cidadãos não conseguiu eleger nenhum deputado à Assembleia da República (AR) em Portugal nas eleições do passado domingo. Agora as últimas cartadas jogam-se a 14 de Outubro, data em que serão oficiais os resultados pelo Círculo Fora da Europa. Contudo, os três partidos que ainda correm a quatro mandatos optam por não fazer previsões ao HM. “Não estou confiante (na eleição de José Pereira Coutinho), simplesmente estamos à espera dos resultados finais e só depois tomaremos uma posição de fundo”, disse ao HM Mendo Castro Henriques, cabeça de lista do Nós! Cidadãos. Pereira Coutinho optou por dizer apenas que valeu a pena participar. “A nossa primeira intenção foi sempre participar. Macau ficou no mapa mundial, foi uma experiência positiva e na próxima vez cá estaremos de novo”, disse ao HM, confirmando a vontade de continuar a concorrer às eleições em Portugal. Em relação ao papel de Mendo Henriques na campanha eleitoral, Coutinho faz uma análise positiva. “A postura dele foi importante, uma postura de diálogo, de consensos, de interligação. Este partido é para durar e foi um prazer estar com as pessoas que estão lá dentro e vamos manter por muito tempo as relações em termos pessoais e políticos”, disse ao HM. José Cesário, cabeça de lista pela PAF ao Círculo Fora da Europa, também não quis fazer qualquer comentário aos possíveis resultados do dia 14, mas mostrou-se satisfeito com a vitória da direita. “Esperava a vitória, sabia que o povo português reconheceria o trabalho que foi feito e agora estamos aqui para trabalhar”, disse ao HM o também Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Já Tiago Bonnuci Pereira, membro da lista do PS encabeçada por Alzira Silva, espera que os resultados do dia 14 sejam positivos para o partido. “Acreditamos nessa possibilidade (de eleição de um deputado), mas é impossível fazer previsões, não há dados. Houve uma série de problemas com o acto eleitoral no estrangeiro”, lembrou. Os erros do PS Questionado sobre os erros de António Costa e do PS que levaram à derrota, Tiago Bonnuci Pereira começa por falar das falhas de comunicação da estratégia política. Segue-se, entre outras razões, o caso Sócrates. “Não o caso em si, mas o grande espaço mediático que ocupou e retirou, em certa medida, à campanha do PS. Os acontecimentos na Grécia também poderão ter ajudado a colocar algum receio no eleitorado em relação a mudanças. Com os sinais positivos, embora ténues, que a economia portuguesa começou a registar no último ano, o eleitorado terá optado pela estabilidade, apesar de ter sido penalizado pelo Governo”, disse o líder da secção do PS em Macau. Apesar de não ter conseguido eleger um único deputado à AR, Mendo Castro Henriques acredita que o Nós! Cidadãos atingiu os seus objectivos e está para durar. “Criámos uma marca de cidadania que vai crescer devido à adesão de vários movimentos, plataformas e personalidades que já estão a falar connosco para os próximos actos eleitorais”, rematou. Quanto à possibilidade de impugnar as eleições devido a falhas na entrega dos boletins de voto, Mendo Castro Henriques também opta por tomar uma decisão só no dia 14. “Estamos a examinar as negligências que ocorreram no envio dos boletins de voto para os cerca de 160 mil portugueses residentes no exterior e, se verificarmos que há dolo nessas negligências, então nesse caso impugnaremos. Mas o escrutínio é só no dia 14”, concluiu. Pereira Coutinho pede voto presencial Não concorda com o voto electrónico, mas sim com o presencial. É assim que José Pereira Coutinho reage à polémica com a entrega dos boletins de voto. “Vamos lutar para que seja eliminado o sistema de voto por correspondência, porque de facto causou muitos transtornos, asneiras pelo meio e o Governo tem de ser responsável por toda esta situação. Criar um sistema semelhante ao que existe para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) ou presidência da República.”
Andreia Sofia Silva PolíticaUnion Pay | Influência de novas medidas desvalorizada [dropcap style=circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, reagiu às novas limitações de levantamento de dinheiro através do sistema Unionpay fora da China. Segundo um comunicado, Lionel Leong explicou que “esta nova medida aplica-se a todos os actos praticados no exterior”, não visando apenas o território. “O Governo vai colaborar com certeza com estas medidas e proceder uma fiscalização cautelosa sobre a entrada e saída de capitais de Macau em termos das disposições internacionais, especialmente em matéria de combate ao terrorismo e branqueamento de capitais”, apontou ainda Lionel Leong, citado pelo mesmo comunicado. Para o Secretário, “o mais importante é que a prestação de produtos e serviços de qualidade de Macau seja boa e credível para que os turistas e a população continuem a confiar e a consumir em Macau. Caso se consiga executar bem estes trabalhos, Macau terá mais vantagens em relação a outras cidades turísticas”. Já Chui Sai On, Chefe do Executivo, foi parco em palavras quando questionado sobre as influências destas medidas na economia local. Chui Sai On referiu apenas que “a RAEM vai colaborar com estas medidas para além de observar a alteração ao nível do consumo”. Jogo de fora A medida imposta pelo Governo Central foi entretanto alvo de comentário de Ambrose So, presidente executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). Ao jornal Ou Mun, o empresário considerou que a medida não visa o sector do Jogo, acreditando que vai influenciar pouco a indústria. Segundo o Jornal Ou Mun, o Regulador do Mercado de Câmbio da China definiu o limite de 50 mil renminbi para cada portador de cartão com o sistema Unionpay, a ser aplicado desde 1 de Outubro e até ao final deste ano. A partir do próximo ano, o volume anual de levantamentos só poderá ser até cem mil renminbi. O presidente executivo da SJM disse ainda que a nova regra visa consolidar o combate à lavagem de dinheiro, mas não visa a indústria de Jogo de Macau. Ambrose So disse ser “difícil” fazer previsões ou estatísticas, justificando que os cartões de UnionPay não podem ser utilizados para comprar fichas nos casinos, pelo que não se pode contar com a contribuição desses cartões bancários.
Andreia Sofia Silva BrevesVong Kok Seng eleito no Conselho dos Consumidores O Conselho Geral do Conselho dos Consumidores (CC) tem desde o dia 30 de Setembro um novo presidente. Trata-se de Vong Kok Seng e foi eleito na primeira reunião do novo mandato. No encontro, discutiram-se ainda “os trabalhos prioritários do Conselho Geral a desencadear até ao fim deste ano”, aponta um comunicado. Vong pertence à Câmara de Comércio de Macau.
Andreia Sofia Silva BrevesSegurança | Estatuto dos Militarizados vai ser revisto O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, admitiu no passado dia 1 de Outubro que o Estatuto dos Militarizados e das Forças de Segurança de Macau, em vigor desde 1994, vai ser revisto. Segundo um comunicado, já foi criado um grupo de trabalho para levar a cabo o processo de revisão, o qual “visa coordenar e recolher opiniões nos diversos serviços públicos em causa, com o intuito de rever as normas da lei”. Será depois elaborada uma proposta de lei a ser analisada pelos diversos serviços públicos visados, antes que se chegue a uma versão final. O Secretário prometeu ainda que haverá uma proposta preliminar “ainda este ano”, sendo que “os trabalhos de revisão serão iniciados no próximo ano após consenso entre as várias partes”. Wong Sio Chak explicou que a revisão da lei tem como objectivo proporcionar mais espaço de acesso ao pessoal interno. Por exemplo, no caso dos trabalhadores que reúnem determinados requisitos e cumprem o desempenho estipulado na Lei “serão promovidos para carreiras superiores”.
Andreia Sofia Silva EventosVenetian | Espectáculo “Tap Dogs” no final do mês Entre os dias 30 de Outubro e 8 de Novembro chega ao Venetian o espectáculo oriundo da Austrália “Tap Dogs”, um show de dança que já passou por 330 cidades de todo o mundo e que registou 12 milhões de espectadores. “Tap Dogs” pretende trazer à sala de espectáculos Cotai Arena um misto de teatro, dança e ainda um concerto rock, sempre com homens como bailarinos e músicos em palco. O espectáculo, que já venceu prémios como o Olivier Award e Obie Award, tem a duração de 80 minutos e promete ser destinado a todas as idades. Com sucesso à escala planetária, “Tap Dogs” apresentou-se ao público pela primeira vez em Janeiro de 1995, no Sydney Theatre Festival. Coreografado por Dein Perry, “Tap Dogs” conta ainda com nomes como Nigel Triffit, Andew Willkie ou Andy Jackson nas áreas de produção, música e concepção de todo o espectáculo. Os bilhetes já se encontram à venda e os preços variam entre as 280 e as 680 patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAR | Perspectivas de Macau sobre eleições legislativas Portugal foi ontem a votos para a Assembleia da República mas o fuso horário permite que apenas hoje sejam conhecidos os resultados eleitorais a Oriente. O HM analisa a campanha e a postura dos partidos à luz de quem vive no território, num ano em que os boletins de voto não chegaram a horas e o desaparecimento de eleitores esteve no centro da polémica [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rnaldo Gonçalves, militante do Partido Social-Democrata (PSD) e residente em Macau há cerca de duas décadas, assistiu de perto a uma das acções de campanha da coligação Portugal à Frente (PAF), que junta PSD e CDS-PP, e que tem governado Portugal nos últimos quatro anos. Ao HM, a partir de Portugal, Arnaldo mostra-se satisfeito com o que viu nos últimos dias de campanha eleitoral, preenchida com almoços, arruadas e contactos directos com a população por todo o país. “A campanha tem corrido de forma apaixonada como há muito tempo não via, com as pessoas a reagirem bem ao contacto pessoa a pessoa por parte dos líderes e dos candidatos. A redução do número de debates televisivos revelou-se uma boa solução porque forçou os candidatos a irem para a estrada e para as ruas e a falarem com as pessoas. As arruadas foram-se multiplicando e convidaram os candidatos a revelarem a sua capacidade de interacção, para além do habitual enquadramento dos ‘jotas’ (membros das alas mais jovens dos partidos) e das bandeiras”, confessou o académico. [quote_box_right]“A Coligação branqueou durante a campanha tudo o que fez durante estes anos e está a fazer exactamente aquilo que fez quando o PSD foi eleito há quatro anos. Vamos ver como o povo português vai reagir [no geral] e reagir [se votar] na Coligação, mas depois não se queixem” – Albano Martins, economista[/quote_box_right] Correios abertos Mais de nove milhões de portugueses votaram ontem nas eleições cujos resultados foram sendo revelados na madrugada de hoje em Macau. Os cidadãos portugueses residentes na RAEM tinham até ontem para enviar o seu boletim de voto pelo correio, sendo que os Correios de Macau abriram portas no sábado de propósito para o envio dos últimos votos. Sondagens realizadas no país mostram uma possível vitória da PAF, mas em Macau há quem queira que a direita não volte a vencer, apesar de este ser um território onde tanto a comunidade portuguesa como a macaense se movem neste campo político. “Acho que vai vencer a Coligação, pelo que os números indicam, apesar de ainda ter um bocadinho de esperança que hoje (ontem) durante o dia as pessoas ponham a mão na consciência”, revelou ao HM Henrique Silva, designer. Apesar de não vestir as cores laranja e azul, Henrique Silva, também residente no território há cerca de duas décadas, assume que a PAF fez uma boa campanha eleitoral. “Acho que o Bloco de Esquerda fez uma excelente campanha, tirando a Coligação, que foi muito boa em termos de marketing, realmente. Conseguiram fazer uma campanha fantástica.” Henrique Silva não votou, nem sequer aderiu à grande campanha de recenseamento levada a cabo pelo Consulado-geral de Portugal em Macau. O tempo roubou-lhe as boas intenções de voto, mas hoje arrepende-se. Pelo contrário, o economista Albano Martins enviou o seu voto a tempo e horas de ser contabilizado nas urnas. Ligado ao Partido Socialista (PS), o também presidente da ANIMA não quer ver de novo a PAF à frente do Governo. “A Coligação branqueou durante a campanha tudo o que fez durante estes anos e está a fazer exactamente aquilo que fez quando o PSD foi eleito há quatro anos. Vamos ver como o povo português vai reagir [no geral] e reagir [se votar] na Coligação, mas depois não se queixem”, defende ao HM. Albano Martins destaca a postura do BE e a estagnação política do Partido Comunista Português (PCP). “Houve um debate de ideias forte à esquerda, sobretudo entre o BE e PS, porque acho que o PCP continua a ser incapaz de sair de fora dos slogans. O BE apresentou muitas ideias, é pena é que a sua postura seja sempre de não querer nunca fazer parte de uma coligação e não fazer concessões.” Questão central A necessidade de obtenção de uma maioria absoluta para governar um país ainda a sobreviver de um pedido de ajuda financeira externa tem sido um dos pontos fulcrais da campanha, mas Albano Martins lamenta que em Portugal as coligações com partidos de esquerda estejam longe de serem comuns. “O que vai acontecer em Portugal é que vamos ter dois grandes partidos, o PS vai ter mais votos que o PSD em termos de deputados, mas nenhum deles vai ter capacidade para fazer Governo. O que se pergunta é o que é que vai acontecer naquele país. Portugal é o único sítio onde as coligações surgem sempre à direita, porque à esquerda parece que há ali um problema grave, que é cortar o cordão umbilical.” O receio da elevada abstenção tem sido outro calcanhar de Aquiles durante este período, tendo levado Cavaco Silva, presidente da República, a pedir aos portugueses para irem às urnas, independentemente do futebol ou do mau tempo. Arnaldo Gonçalves acredita na vitória da PAF, mas chama a atenção para o factor abstenção. “Acho que a Coligação será vencedora nas eleições. Tudo depende de com que margem. Estimo que ficará muito perto dos 40%, mas a abstenção pode pesar. Pode ficar a dois ou três deputados da maioria absoluta e, no pior cenário, as duas forças políticas ficarão distanciadas por 2 ou 3%.” Já sem a Troika mas com problemas de ordem financeira, económica e social por resolver, o país acabará por ser governado com uma solução encontrada após as eleições, acredita Arnaldo Gonçalves. “Cavaco (Silva) será obrigado a convidar a força política mais votada a formar Governo. Se a Coligação ganhar, estou convencido que irá propor um Acordo de Incidência Parlamentar, definindo um quadro de apoio. Não é a primeira vez que teremos um Governo minoritário, nem será a última. Nesse caso é provável que tenhamos eleições legislativas na segunda metade do próximo ano. Se for o PS a derrubar o Governo, a Coligação pode ambicionar a maioria absoluta”, rematou. Para Henrique Silva, uma vitória à esquerda seria o ideal para Portugal. “Se a Coligação ganhar penso que não acontecerá nada de extraordinário. Houve umas tréguas por parte da Europa, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das agências de notação para que a direita em Portugal ganhasse. A seguir volta tudo ao mesmo, voltam a atacar os mesmos de sempre e a cortar os mesmos. Vão continuar a privatizar. A minha esperança de haver um Governo mais à esquerda é de que haveria maior preocupação com as políticas sociais”, concluiu. [quote_box_left]“A redução do número de debates televisivos revelou-se uma boa solução porque forçou os candidatos a irem para a estrada e para as ruas e a falarem com as pessoas” – Arnaldo Gonçalves, militante do Partido Social-Democrata[/quote_box_left] Boletins, eleitores e Pereira Coutinho: as polémicas locais [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau surge representado nas listas candidatas pelo Círculo Fora da Europa (José Cesário pela PAF, Alzira Silva pelo PS e José Pereira Coutinho pelo Nós, Cidadãos!), mas não ficou imune à polémica com os boletins de voto, que não chegaram a tempo. Na opinião de Albano Martins, isso retirou a possibilidade de voto a muitas pessoas que habitualmente participam nas eleições, ainda que à distância. “Grande parte das pessoas não conseguiu votar, mesmo as pessoas politicamente activas não conseguiram ter acesso ao voto. Já para não falar nas pessoas que não o são, porque essas por natureza são abstencionistas”, defendeu. Já Henrique Silva acredita que, com ou sem polémica de boletins de voto, a abstenção vai continuar a ser grande. “Acho que alguma emigração recente continua com uma ligação a Portugal e houve muita gente, como eu, que regressei um pouco revoltado com a situação que estava a acontecer em Portugal. Penso que isso poderá influenciar um pouco o interesse pelos portugueses em Macau.” A polémica fez-se ainda sentir noutros meandros. Para além do descontentamento sentido nas redes sociais pela recepção de folhetos de campanha eleitoral pela PAF no correio, com base nas moradas entregues no Consulado, o Ministério da Administração Interna apresentou números bem diferentes de eleitores. Segundo o Jornal Tribuna de Macau (JTM), dos cerca de 15 mil eleitores registados no Consulado, só oito mil surgiram nos cadernos eleitorais do MAI. Candidato de cá Estas eleições ficarão ainda marcadas pela presença de Pereira Coutinho na corrida à AR. O candidato pelo “Nós, Cidadãos!” tem vindo a receber apoios da diáspora macaense de todo o mundo. Roy Enric Xavier, macaense e académico da Universidade de Berkeley, Califórnia, deixou no seu blog “FarEastCurrents” uma mensagem que “encoraja todos os macaenses e portadores de passaporte português a votar em Coutinho em qualquer embaixada ou Consulado português”. Para Roy Enric Xavier, a sua eleição na AR terá “um novo papel com a expansão da visibilidade e dos interesses colectivos das comunidades”. Em Macau, contudo, nem todos confiam na sua eleição, nem mesmo o próprio, que fala das falhas no envio dos boletins de voto. “Acho que foi mais protagonismo do que uma vontade efectiva de ser eleito. Penso que não será eleito”, acredita Henrique Silva. Já Albano Martins lembra a forte máquina política que Pereira Coutinho tem montada. “Pereira Coutinho aparece como um forte candidato com fortes possibilidades de ser eleito dada a maneira como ele trabalha em Macau, utilizando as suas próprias associações, que não têm nada a ver com assuntos políticos, para exercer o seu voto. Por isso terá muitas possibilidades de ser eleito”, rematou o economista.
Andreia Sofia Silva SociedadeAcreditação | DSSOPT com acções de formação aos fins-de-semana As acções de formação no âmbito da acreditação para engenheiros e arquitectos deverão ser realizadas aos fins-de-semana, depois de um profissional da área se ter queixado da pouca flexibilidade do calendário [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) irá programar acções de formação ao fim-de-semana para os profissionais de engenharia e arquitectura que queiram obter a sua acreditação, no âmbito do novo Regime de Qualificações nos Domínios da Construção Urbana e do Urbanismo. A confirmação foi dada ao HM via e-mail, depois do HM ter recebido uma carta de um profissional da área que se queixava da pouca flexibilidade dos horários em que irão decorrer as acções de formação. “A DSSOPT está ainda a planear a realização das aludidas acções de formação especial nos fins-de-semana de modo a fazer face às necessidades específicas dos profissionais desta área”, confirmou a entidade, sem adiantar mais pormenores quanto às datas e horários dessas sessões. Dificuldades de calendário Na carta enviada ao HM, o profissional de engenharia, que não quis ser identificado, mostrou o descontentamento quanto ao calendário proposto pelo Executivo. “Depois de consultar o documento com as informações sobre as acções de formação fiquei a saber que estas têm dois dias de duração e serão ministradas em horário laboral durante a semana. Por cada dia, o turno da manhã e da tarde juntos somam 5h15 de formação, o que é uma perda de tempo, porque um dia pode ter muito mais produtividade do que isto (…). Mas o problema que ponho é como é que vou pedir férias para receber esta formação? Porque é que não fornecem estes cursos em horário pós-laboral ou ao fim-de-semana?”, questionou. No caso deste profissional, registado na DSSOPT há menos de um ano, colocam-se dificuldades no pedido dessas mesmas férias. “Só estou a trabalhar em Macau há menos de um ano, o que implica que ainda não tenho o ‘à vontade’ para pedir férias ao meu patrão. Quando tiver, só vou estar autorizado a pedir seis dias de férias por cada ano de serviço. Para frequentar este curso tenho de abdicar de um terço das minhas férias e tenho de fazer má figura em relação ao meu patrão”, adiantou o profissional. As queixas em relação à postura da DSSOPT quanto a esta matéria continuam. “Não tenho problema nenhum em abdicar dos meus fins de dia de descanso para frequentar um curso. Mas se o Governo me obriga a pedir dois dias de folga para fazer um curso que não tem interesse para a empresa onde eu trabalho, talvez pense que se calhar é mais interessante empenhar-me em manter o emprego do que pedir folgas e gastar três mil patacas anualmente para estar registado num órgão do Governo que até agora ainda só serviu para dar estas chatices”, defendeu. Apesar da frequência dos cursos ser gratuita, tal não representa um factor a favor. “É verdade que os cursos são grátis, mas ao ter de perder dois dias de férias não pagas perde-se muito dinheiro, provavelmente mais do que o que se pagaria por um curso desses. Pode-se até perder o emprego, porque estou no período experimental (primeiros três meses) e, de acordo com a lei, caso o meu patrão entenda, pode despedir-me sem qualquer pré-aviso. Esta comodidade dos trabalhadores da DSSOPT sai cara aos trabalhadores do sector privado.” O HM tentou contactar outros profissionais do sector com as mesmas queixas, mas até ao fecho desta edição não foi possível. As primeiras acções de formação no âmbito do novo regime de acreditação decorreram entre os dias 17 e 17 de Setembro, estando planeadas novas sessões para entre 14 e 15 de Outubro e ainda 11, 12, 25 e 26 de Novembro. Segundo a DSSOPT, “desde a divulgação da sua realização foi bastante grande a adesão das candidaturas”.
Andreia Sofia Silva SociedadeIC vai contratar especialistas para avaliar Hotel Estoril [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s obras de renovação do antigo Hotel Estoril poderão demorar mais tempo do que o esperado. A garantia foi dada pelo gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que confirmou a contratação de especialistas para uma futura avaliação do edifício. “O Instituto Cultural (IC) vai contratar especialistas para efectuarem os trabalhos de avaliação do hotel e é expectável que o início do processo de avaliação vá atrasar o andamento do projecto”, pode ler-se num comunicado. “O projecto será implementado se merecer a concordância da maioria da população mesmo após o processo de avaliação do hotel. Contudo, as obras não vão terminar em um ou dois anos, sobretudo devido à demora na construção de um auto-silo de vários andares que possa facultar cerca de mil lugares de estacionamento, que poderá estender-se por alguns anos”, avança ainda o comunicado. A notícia foi divulgada no âmbito de uma conversa telefónica, via Rádio Macau, que o Secretário teve com os ouvintes sobre o assunto. Na mesma ocasião ficou reiterada a protecção do painel de azulejos, como já tinha sido prometido anteriormente. “A opinião predominante veio indicar a possibilidade da manutenção e transferência do mesmo para outro local, algo que o Secretário considera uma sugestão muito boa, já que o Governo não tem a intenção de destruir o painel de azulejos”, refere o comunicado, que deixa ainda bem claro que a preservação não será o caminho a seguir. “Alguns cidadãos e uma minoria de associações defendem a preservação de todo o edifício do antigo Hotel Estoril. Nesse caso, não seria possível construir nem o Conservatório de Macau, nem auditórios, na medida em que estes exigem uma nova estrutura arquitectónica adequada para albergar esses espaços, pelo que é necessária uma reconstrução.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCanídromo | Chui Sai On diz que estudo “vai demorar um ano” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo já disse que o Canídromo não pode fechar de um dia para o outro e, por isso, a concessão com a Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen) poderá ser renovada, mas com um prazo mais curto. A notícia foi avançada pelo Jornal Tribuna de Macau na sua edição de sexta-feira, que citava uma fonte próxima do processo, mas parece agora confirmada pelo Chefe do Executivo. Num comunicado, onde fica a saber-se que foi a Universidade de Macau a instituição encarregue de levar a cabo o estudo recentemente anunciado pelo Executivo, o líder do Governo fala no prazo de um ano para que o relatório seja feito. “O Governo encarregou o Instituto de Estudo para o Jogo Comercial da Universidade de Macau de analisar o funcionamento ou não do Canídromo e apresentar o respectivo estudo dentro de um ano”, pode ler-se num comunicado que cita o Chefe do Executivo. Segundo a fonte contactada pelo JTM, “a concessão do Canídromo será renovada, mas desta vez por curto tempo”, até 2016. A ANIMA já veio pedir, por diversas vezes, o encerramento do Canídromo por constituir uma violação aos direitos dos galgos, mas Chui Sai On já deixou claro que isso irá demorar a acontecer. “As corridas de galgos são uma componente que caracteriza a diversidade da indústria do jogo. A indústria do jogo foi sempre a principal de Macau e as corridas de galgos têm a sua história. Portanto, não é de um dia para o outro que vamos suspender as corridas de galgos, porque isso também não é justo”, frisou. No comunicado de ontem, Chui Sai On diz que o estudo vai ainda ter em conta a “adequabilidade do desenvolvimento da região envolvente ao Canídromo, a ponderação da prioridade do uso do local e a viabilidade da junção do Canídromo com o Macau Jockey Club”. O HM tentou confirmar junto do Executivo se já há mesmo decisão final, mas não foi possível obter resposta devido ao feriado.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAno lectivo arranca com mais alunos no ensino infantil [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] ano lectivo 2015/2016 arranca hoje em muitas escolas do território e há novidades: se no ensino infantil há mais alunos, o mesmo não acontece com o número de estudantes do ensino secundário, que desceu. Os dados foram apresentados ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e falam de mudanças até ao nível do corpo docente. Segundo a Rádio Macau, o ensino infantil vai passar a ter mais 15,5% de alunos, ou seja, mais 19.900 crianças face ao ano lectivo passado. O jardim de infância D. José da Costa Nunes é um exemplo deste aumento, já que, segundo confirmou ao HM a directora, Vera Gonçalves, “nunca aconteceu” o facto de passarem a ter mais duas turmas para crianças de três anos. “Houve anos que tivemos que criar uma nova turma, mas nunca duas turmas como este. São 43 novos alunos só para os três anos”, explicou, adiantando que neste momento o jardim de infância conta com quatro turmas dos três anos, duas para os quatro e mais duas para as crianças de cinco anos. “Foi um grande aumento”, classificou, adiantando que “mais de metade dos alunos são chineses”. Também o corpo docente foi reforçado. “Contratamos dois novos educadores, dois serventes e dois agentes de ensino”, explicou Vera Gonçalves. Quanto ao ensino secundário, o número de alunos baixou 5%, algo que Teresa Vong, docente da Universidade de Macau (UM), considera normal. “São os efeitos do decréscimo da população. Não é um caso único em Macau, acontece em todo o lado, em Hong Kong, Taiwan ou China. Esta diminuição vai manter-se nos próximos cinco anos, devido a esse decréscimo populacional”, explicou. No total, estão inscritos 74,871 alunos para este ano lectivo, que terá uma média de 28 alunos por turma. Mais professores Em relação ao pessoal docente, a DSEJ garantiu ontem que vão dar aulas um total de 7129 professores, mais 4% em relação ao ano passado. Apesar do território ter sofrido com a falta de professores, Teresa Vong não se mostra surpreendida com estes dados. “O Governo está a implementar o ensino em turmas mais pequenas, então o número de professores está a crescer e o rácio entre professor e aluno vai ser mais razoável. Não é de todo surpreendente e esse tipo de ensino, com turmas mais pequenas, está a ser implementado no ensino secundário”, explicou ao HM. No caso da Escola Portuguesa de Macau (EPM), as aulas só começam para a semana. O HM tentou contactar Zélia Mieiro, vice-presidente da escola, para saber dados sobre o novo ano lectivo, mas a mesma não se encontrou disponível. À Rádio Macau, Zélia Mieiro confirmou um ligeiro decréscimo de novas matrículas. Já estão inscritos 533, mas espera-se que ao longo desta semana a EPM obtenha mais dez inscrições. “É um bocadinho menos em relação ao ano passado mas ainda há alguns que ainda não vieram fazer as matrículas. Este número é bom, porque tudo o que é entre 500 e 700 é o ideal para qualquer instituição educativa. Também não teríamos condições de trabalho para acompanhar as necessidades pedagógicas dos alunos”. Para Zélia Mieiro, o decréscimo pode estar relacionado com o facto de vários casais portugueses terem regressado a Portugal. Inscrições em creches com sistema centralizado A DSEJ anunciou ontem a implementação de um sistema centralizado para as inscrições nas creches na internet, o qual, segundo a Rádio Macau, vai passar a funcionar em 2016. Cada criança vai passar a estar sujeita a apenas seis entrevistas. “Esta medida é um complemento para os pais e para as escolas, porque os trabalhos vão ser sempre verificados pelas escolas. Anteriormente vimos que as crianças precisavam de ir a muitas entrevistas, e desta vez vai ser limitado o número de entrevistas das crianças. esperamos aliviar o stress das crianças e evitar que os pais fiquem à espera em várias escolas”, disse Kong Chu Meng, chefe substituto do departamento de ensino da DSEJ, citada pela Rádio Macau.
Andreia Sofia Silva SociedadeGoverno apoia famílias mas faltam políticas abrangentes [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] recente relatório do Gabinete de Estudo de Políticas não deixa margem para dúvidas: as famílias numerosas escasseiam e há cada vez menos crianças a nascer, tendo sido pedido ao Governo que comece a agir. Mas para Teresa Vong, docente da Universidade de Macau (UM), apesar do Executivo dar apoios financeiros a quem tem muitos filhos, não está a criar uma verdadeira política de incentivo à natalidade. “O Governo providencia apoio suficiente para as crianças, mas não acredito que pegue neste apoio e crie uma política de encorajamento à natalidade. Não me parece que o Governo esteja a incentivar a geração mais jovem para ter filhos”, diz ao HM. “O Governo tem de estudar mais o background das novas gerações. Em Singapura é tudo diferente: a maioria dos jovens da nova geração, têm um background cultural, uma boa situação financeira, e o Governo encoraja-os a terem mais filhos. Mas pelo contrário em Macau, quando olhamos para as qualificações dos jovens ou a sua situação social, seria arriscado para o Governo incentivar os membros das classes mais baixas a terem mais filhos. Isso porque o Governo teria de pagar a factura”, defende a académica. O número certo Apesar dos entraves da inflação e dos preços das casas, Teresa Vong acredita que os casais em Macau tendem a ter mais um filho do que em Hong Kong. “Penso que a geração mais jovem de Macau preferem ter mais filhos do que em Hong Kong. Segundo as minhas observações, os meus alunos, assim que casam, procuram ter dois filhos. Penso que dois filhos é um número óbvio para a maioria das famílias. Provavelmente o terceiro filho será um acidente (risos).” Trabalhos por turnos nos casinos, salários que pagam o essencial, falta de vagas nas creches e falta de boas casas a um preço razoável: eis os entraves que a classe média enfrenta diariamente e que a impede de procriar mais. “Seria muito difícil às grandes famílias sobreviverem em Macau. A não ser que sejam ricas e tenham mais espaço. Normalmente as crianças ficam com os avós, que dão grande apoio à família. Para aqueles que trabalham nos casinos, estamos há um ano com quebra nas receitas, então as pessoas sentem-se inseguras para terem mais filhos, especialmente quando há riscos no emprego, não sabem se vão ser despedidos”, defende Teresa Vong. Para Paul Pun, a solução para a baixa taxa de natalidade poderia resolver-se com a vinda de mais trabalhadores de fora. “A única mudança que pode ocorrer é se vierem mais emigrantes ou se as políticas dos emigrantes mudarem. Mas actualmente não me parece que desejem a chegada de trabalhadores de fora, e a taxa de natalidade é baixa.” Tempos modernos Para além dos problemas sócio-económicos, a própria percepção de família mudou, defende o secretário-geral da Caritas. “Os pais pensam mais neles próprios para ter uma vida confortável, e nem têm energia para cuidar dos filhos. Há mais oportunidades de emprego e teriam de abandonar um cargo de gestão ou a oportunidade de serem promovidos, por exemplo, e isso afecta a taxa de nascimentos. As mulheres não querem apenas ser mães a tempo inteiro, e muitas contratam uma empregada doméstica. Não é um problema, é um estilo de vida. As expectativas mudaram.”
Andreia Sofia Silva Manchete ReportagemFamílias numerosas, uma realidade cada vez menos visível [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e Maria mandasse no seu corpo, se os partos não deixassem marcas, se o relógio o permitisse, teria tido seis filhos. Não conseguiu. “Comecei a sentir-me mais fraca assim que tive o terceiro filho, mas por mim teria mais.” É assim que esta residente de Macau, há 22 anos, conta ao HM a sua experiência nas lides da maternidade. Hoje, Maria (nome fictício), funcionária pública, está apenas com o seu filho mais novo, de 14 anos. Em casa. Os outros dois já estão a estudar no Reino Unido e Austrália e seguiram outro rumo. A família de Maria foge à regra do que se passa com a maioria dos casais em Macau e nos países ditos desenvolvidos: não vão além dos dois filhos e nem querem pensar em ter uma família numerosa. Aqui, há condicionantes próprias: inflação, falta de espaço, incapacidade na compra de uma habitação, falta de vagas nas escolas e creches. Maira Belati conseguiu contorná-las e teve seis filhos. Casou com António Martinez em 1998 e foi com ele que construiu a sua família. Nascida no Rio de Janeiro, depois de ter vivido em Espanha, Maira vive em Macau há muitos anos e fala de um projecto familiar feito à imagem de Deus. “Desde que eu e o António nos casámos abrimo-nos à vida e não pomos nenhum obstáculo (meios contraceptivos) à vinda dos filhos. Os filhos vêm como sendo uma bênção nas nossas vidas, como um presente de Deus. Com eles aprendemos a dar-nos, a amar de verdade sem esperar nada em troca”, contou Maira ao HM, por e-mail. O dia-a-dia profissional de Maira Belati e António Ramirez é também ele feito com crianças, pois dirigem a Maranatha Arts Society, que trabalha com as escolas na organização de actividades extra-curriculares e eventos de animação. Ao fim de tantos anos em Macau, Maira Belati assume que este “não é um lugar fácil para uma família numerosa”. “Não há ajudas, não está bem visto. Hoje em dia ter uma família numerosa é ir em contra corrente. Mas tenho que reconhecer que a sociedade de Macau sempre nos tratou muito bem, os meus filhos falam chinês, pensam em chinês e amam os chineses que aqui habitam.” Apesar de em Macau e Hong Kong não existir a política do filho único, como há no continente, Maira Belati considera que muitos não compreendem os casais que procuram ter mais do que um rapaz e rapariga. “Para a comunidade chinesa, se estás à procura de ter um rapaz porque só tens raparigas, aí compreendem. Mas como no meu caso, que tenho três rapazes e três raparigas, todos do mesmo matrimónio, então é impossível compreenderem”, aponta. Fila na creche de madrugada Moon Tin é chinesa, tem 36 anos e é mãe de três filhos. As dificuldades de que fala Maira Belati sentiu-as na pele: chegou a estar numa fila às quatro da manhã para conseguir uma vaga numa creche e até pediu ajuda a 40 amigos de Macau, Hong Kong ou Taiwan para que acedessem ao site de inscrições das creches, por forma a obter um lugar para os filhos. Moon Tin trabalha numa empresa de relações públicas e, juntamente com o marido, designer de Taiwan, mantém uma loja de vestidos de casamento. Aos domingos têm de fechar o espaço para conseguirem estar em família, mas é um dia de rendimento que perdem. “O Governo deveria oferecer mais apoios às famílias que têm mais de três filhos”, defende ao HM. “Em Taiwan, ter um bebé dá direito a ganhar dez mil patacas do Governo. Em Macau só recebemos 1100 patacas de subsídio de maternidade, devemos pedir dentro de um ou dois meses e temos de contribuir com um certo montante para o fundo de segurança social. Isso é menos humanitário e não corresponde à inflação.” Junto da comunidade chinesa, ter mais do que um filho também pode representar mais apoio aos pais na velhice. “Devido ao envelhecimento da população, ter pelo menos três filhos ajuda a dividir o encargo da velhice no futuro. Caso contrário, só com um filho, a pressão será grande”, defende Moon Tin. O sufoco económico existe. Moon Tin conta que sente grandes diferenças em relação ao tempo em que só tinha um filho e acredita que os salários que ganham podem não ser suficientes para sustentar toda a família, pelo que procuram por novas formas de rendimento. A ajuda da empregada Para além dos pais e dos avós, que dão uma ajuda a cuidar dos netos, ter uma família numerosa em Macau implica quase sempre pagar uma empregada doméstica. Moon Tin gasta por mês cinco mil patacas com a sua empregada, incluindo 14 dias de férias e os bilhetes de avião. “Só com boas condições é que conseguimos que uma empregada aceite o trabalho, e ela deve ser de confiança, porque não estamos sempre em casa.” Apesar de uma empregada doméstica ser uma grande ajuda, nem sempre as mães confiam numa pessoa estranha para cuidar dos seus rebentos. Maria conta que as suas colegas de trabalho têm esse receio. “Quando criei os meus filhos não tive dificuldades, porque era muito fácil arranjar as creches que nós queríamos. Tive uma empregada quando tive a minha segunda filha. Mas antes de 2002 as coisas não eram tão difíceis. Agora penso que as coisas estão cada vez mais caras, e mesmo com as empregadas, as minhas colegas têm muito receio de deixar os filhos bebés com as empregadas ou com as mães. Há alguma falta de confiança.” Maria, que sempre trabalhou para o Governo, defende que “os funcionários públicos têm apoios suficientes” para terem mais filhos, mas que o mesmo não se passa no sector privado. “Talvez (pudesse) dar mais tempo na licença de maternidade, porque quem está na privada tem apenas um mês.” As experiências destas mães poderiam encaixar em qualquer família de classe média, embora nem todos consigam suportar a despesa mensal de uma empregada. Dados fornecidos ao HM pelo Instituto de Acção Social (IAS) mostram uma despesa mensal do Governo em cerca de um milhão de patacas, para 112 famílias com mais de cinco filhos. Paul Pun, secretário-geral da Caritas, conhece alguns casos, que acredita estarem a diminuir cada vez mais. “O número de grandes famílias está a diminuir em relação ao passado. Há duas semanas conheci uma família com seis filhos, e o pai tinha acabado de deixar a prisão e tinha uma deficiência. Mas esta família está a receber apoio do IAS e todos os filhos estão felizes. Temos ainda uma família com dez filhos que recebe apoio da Caritas, e estão todos bem. Mas não temos muitos casos com pais que tenham mais de seis filhos.” Tal como na maioria dos países desenvolvidos, ter uma família numerosa em Macau implica enfrentar muitos olhares cheios de interrogações e estranheza. “A geração mais nova acha um pouco estranho, o que querem agora é gozar mais a vida, coisa que os pais não fizeram. Então o número de filhos condiciona muito. Acham que ter dois filhos é o suficiente e dá-lhes tempo para gozar a vida”, acredita Maria. *Com Flora Fong