Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaMetro ligeiro | Governo vai recorrer da decisão que anula adjudicação. Chefe do Executivo confiante na data de funcionamento do segmento da Taipa O Chefe do Executivo garantiu que o Governo vai recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância que anula a adjudicação do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro. Chui Sai On mostrou-se confiante na entrada em circulação do segmento da Taipa em 2019 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, partiu ontem de Macau para Pequim para participar na abertura das reuniões da 13ª Assembleia Popular Nacional (APN). Antes de embarcar deu uma breve conferência de imprensa onde garantiu que o Governo vai recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que anula o concurso público da adjudicação do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro. Recorde-se que a adjudicação foi feita à Companhia de Engenharia e de Construção da China por um valor superior de mil milhões de patacas e que todo o processo, que ganhou forma em 2016, foi aprovado por Chui Sai On. “Respeitamos a decisão do tribunal e o caso está ainda em processo judicial. As informações que recebi é que estamos a tratar do processo de recurso e necessitamos de algum tempo para tratar disso.” O representante máximo do Governo mostrou-se ainda confiante que a inauguração do segmento do metro ligeiro na Taipa acontecerá mesmo em 2019, apesar do funcionamento de todo o sistema de transportes estar dependente da obra do parque de materiais e oficinas. “O secretário [para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário] tem feito muitas apresentações sobre o segmento do metro ligeiro na Taipa, que deverá entrar em funcionamento em 2019”, frisou. Chui Sai On não precisou mais detalhes, nomeadamente se as obras do parque de materiais e oficinas terão ou não de ser suspensas. “Não sabemos se as obras terão ou não de parar depois da decisão do tribunal, têm de perguntar aos serviços em causa. O recurso pode ser apresentado e as obras ainda estão a decorrer, estas são as informações que obtive”, comentou. Problema antigo O acórdão do TSI, divulgado na passada Quinta-feira, dá conta que a comissão de avaliação das propostas apresentadas no concurso público falhou na apreciação das mesmas, de acordo com os critérios já definidos. Como tal, a obra terá de ser novamente adjudicada depois da realização de um novo cálculo de pontuação das empresas concorrentes. O processo teve início pela mão da China Road and Bridge Corporation, empresa que ficou em segundo lugar no concurso público realizado em 2016. Há muito que a obra do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro é uma dor de cabeça para o Governo e para quem trabalha no projecto, pois é a génese de todo o sistema de transportes. Primeiro foram os atrasos na obra, justificados pelo empreiteiro com a falta de pessoal, e depois foi o problema das carruagens, que já chegaram ao território mas que estão paradas a aguardar o arranque o segmento da Taipa. Em Junho de 2016, o secretário Raimundo do Rosário mostrou-se confiante quanto à resolução do problema ligado ao parque de materiais e oficinas, tendo avançado com um orçamento inicial de 11 mil milhões de patacas, um valor que poderá agora ser maior, com uma nova adjudicação. Este valor era, de facto, uma estimativa, e Raimundo do Rosário fez questão de explicar a importância do parque de materiais e oficinas para todo o metro ligeiro. “O Parque de Materiais e Oficina não serve só a linha da Taipa, servirá depois Coloane, e também em parte Macau. Entretanto, todo o custo do parque foi imputado nestes 11 mil milhões da Taipa”, indicou. No concurso público de 2016 foi mesmo adoptada uma nova metodologia para os trabalhos, com a previsão de prémios e multas. Caso o empreiteiro cumprisse os 14 prazos definidos teria direito a um bónus de oito por cento, ou seja, 80 milhões de patacas. É comum adoptar-se este modelo nas obras privadas, disse o secretário.
Andreia Sofia Silva PessoasJulien Jacob, chefe de pastelaria no restaurante Tasting Room [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]as suas mãos saem verdadeiras obras de arte de várias cores e formatos, que podem ser vistas na sua conta do Instagram. A elegância existe em cada bolo ou sobremesa que confecciona e este é o elemento mais importante para Julien Jacob no seu trabalho. Julien é francês e chefe de pastelaria no restaurante The Tasting Room, no City of Dreams, e adora o que faz. A sua ligação ao mundo do açúcar começou ainda em jovem, quando fazia bolachas e bolos com a mãe e as irmãs. Nunca tinha estado na Ásia, até que foi convidado para integrar a equipa do restaurante localizado no Cotai, num dos muitos casinos que existem no território. “Decidi vir para Macau porque nos últimos anos temos visto que o sector hoteleiro e turístico tem-se tornado um dos mais conhecidos em todo o mundo, com grandes hotéis e restaurantes de cinco estrelas. O meu objectivo era ser chefe de pastelaria aqui e fui contactado por um dos melhores restaurantes em toda a Ásia. Convidaram-me para fazer parte de um projecto muito aliciante e foi aí que decidi vir”, contou. Com a mente focada nos objectivos que cria para si próprio, e sempre a desejar testar receitas, Julien Jacob não tem dúvidas de que este é um bom lugar para trabalhar na pastelaria e experimentar coisas novas. “Macau é um dos melhores lugares que mistura o mundo ocidental com o asiático, é um lugar bonito que nos deixa trabalhar.” Antes de vir para a Ásia trabalhar, Julien passou por vários restaurantes no seu país de origem. Aqui pretende introduzir os seus conhecimentos de pastelaria francesa ao público chinês, mas sem os assustar com os sabores demasiado doces. O equilíbrio, garante, é o segredo. “Cada país tem os seus próprios sabores no que diz respeito à pastelaria. Normalmente, buscamos o sabor doce e procuramos um equilíbrio entre a acidez e o sabor do açúcar. Como adaptamos isso ao mercado chinês? Estou a descobrir isso agora, porque na Europa incorporamos muitos sabores asiáticos na comida, trabalhamos com temperos japoneses, que podem ser picantes. Estou a lembrar-me do açafrão, por exemplo.” Adaptar e ajustar são palavras que estão sempre presentes no vocabulário de Julien Jacob. “Quando faço a clássica pastelaria francesa tento sempre ajustar as minhas receitas ao mercado e às pessoas. Qualquer pessoa pode descobrir novos elementos, novas formas de cozinhar. Às vezes incorporamos outros ingredientes. Queremos trazer um equilíbrio em termos de sabores e manter sempre um toque asiático também,” conta. Um dos grandes desafios que o chefe de pastelaria sentiu em Macau foi o clima, que torna mais difícil o seu trabalho. “O grande desafio que enfrentamos aqui é o clima, pois o tempo é muito húmido e isso influencia a forma como confeccionamos e mantemos as sobremesas. Quando vim para a Ásia todas as minhas receitas tiveram de ser ajustadas por causa disso. Macau , na verdade, é um mercado muito aberto e podemos ter acesso a ingredientes de todo o mundo, e o grande desafio é mesmo a humidade. Mas na verdade aprendi com isso”, frisou. Algo “especial” Julien Jacob poderia ter optado por ser um chefe de cozinha, mas a pastelaria seduziu-o desde cedo. “A pastelaria é especial porque existe em todo o tipo de gastronomias do mundo. Se formos à cozinha chinesa, temos pastelaria chinesa. Se formos à cozinha italiana, também encontramos sobremesas italianas. É um dos poucos segmentos da culinária que cobre todas as áreas.” Em Macau já criou novas receitas com ingredientes famosos, como o matcha, um pó verde japonês muito em voga e que é usado em vários pratos e bebidas. “Já criámos imensas receitas. Podemos ser criativos em todo o lado.” A adorar a sua experiência no território, Julien Jacob pretende ficar deste lado do mundo por mais um tempo. “Traço os meus próprios objectivos, e posso mudar-me de acordo com o meu próximo objectivo. Para já, quero ficar aqui, neste restaurante, este ano. É a minha meta pessoal e estou a trabalhar para ela. Normalmente, fico três a quatro anos num sítio, gosto da minha vida aqui e da rede social que tenho. Não sei o que vai ser daqui a dois ou três anos, mas, por enquanto, quero ficar. Adoro Macau.”
Andreia Sofia Silva EventosExposição “Shaping Dream” inaugurada hoje no Clube Militar A dias de arrancar a primeira edição da Photo Macau Fair, o Clube Militar acolhe uma exposição que é quase uma experiência daquilo que poderá ser visto no Venetian. “Shaping Dream” é o nome da exposição que é hoje inaugurada e que estará patente apenas até domingo [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] fotógrafo Gonçalo Lobo Pinheiro é dos participantes na exposição “Shaping Dream”, que é hoje inaugurada no Clube Militar e que dura apenas três dias. A exposição tem como resultado uma competição de imagens artísticas, cujo prazo terminou no passado dia 31 de Janeiro, e que antecede a primeira edição da Photo Macau Fair, organizada, entre outras figuras e entidades, pela artista Cecília Ho. Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há alguns anos, trabalha sobretudo nas áreas do fotojornalismo e documentário, mas resolveu arriscar com três trabalhos. “Enviei cinco imagens, três foram seleccionadas. São três retratos, e penso que um deles já foi exposto. Com um dos retratos recebi uma menção honrosa numa exposição”, contou ao HM. Apesar de não trabalhar com a fotografia artística, Gonçalo Lobo Pinheiro tentou fazer com que o seu trabalho se adequasse ao que era pedido nesta competição. O sonho e a imaginação foram o mote para a escolha das imagens. “Duas fotos são com crianças e, logo aí, há sempre um sonho implícito. Uma delas é de Macau, outra foi tirada no Myanmar. A curadoria procura uma abordagem mais artística da foto, que é uma coisa que eu não faço, mas dentro daquilo que é o meu trabalho procurei imagens que fizessem esse compromisso artístico”, acrescentou o fotógrafo. “Penso que a feira é mais virada para a fotografia enquanto arte. As vertentes de fotojornalismo, documentário ou reportagem, que são as vertentes com as quais trabalho mais, talvez não sejam bem o público-alvo da feira em si. Dentro do tema, decidi ir para a categoria do retrato, que também mostrassem alguma ilusão e sonho das pessoas que estão a ser retratadas”, referiu Gonçalo Lobo Pinheiro. De acordo com um comunicado, a exposição é organizada pela Art Beyond Walls Association e visa “descobrir os trabalhos dos talentosos fotógrafos de Macau”. “Além de promovermos a fotografia enquanto meio queremos, ao mesmo tempo, mostrar o trabalho dos fotógrafos vencedores”, reforça o comunicado. Um júri de fora A competição estava aberta a profissionais e amadores e desafiava os participantes a serem inovadores e criativos. O júri que vai seleccionar as melhores obras é composto por Alvin Yip, curador independente e que esteve ligado à organização do pavilhão de Hong Kong presente na Bienal de Veneza, em 2006, entre outros projectos. Joerg Bader é outro nome presente no júri, tendo no currículo o cargo de director do Geneva Center for Photography desde 2001. Johann Nowak, curador independente e fundador de uma galeria, é outro dos nomes presentes no painel de júris. Cecilia Ho, artista de Macau e curadora, completa o painel dos júris. Cecilia foi a primeira artista chinesa a marcar presença na Real Academia de Artes de Londres, tendo participado em múltiplas exposições de Verão nos anos de 1996, 1997, 1998 e 1999).
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaAprovado acordo que facilita viagens entre Taiwan e Estados Unidos O Senado norte-americano aprovou ontem, por unanimidade, o Taiwan Travel Act, que só terá figura de lei quando Donald Trump a aprovar. O acto representa não só a oficialização de viagens entre Estados Unidos e a Ilha Formosa, mas encoraja o estabelecimento de negócios em solo americano. Como seria de esperar, a acção não agradou à China [dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] certo que os Estados Unidos nunca disseram, preto no branco, estarem contra a noção de “uma só China”. É também certo que o país não tem relações diplomáticas com Taiwan desde 1979, mas sempre houve uma aproximação entre os dois territórios, que ganhou relevo desde a eleição de Donald Trump. Primeiro foi o telefonema entre o presidente norte-americano, com Tsai ing-wen, presidente da Ilha Formosa, em Dezembro, que não agradou à República Popular da China. Agora, chegou outro sinal que pode cair mal junto do Governo de Xi Jinping. Esta Quarta-feira, o Senado norte-americano aprovou, por unanimidade, o Taiwan Travel Act. De acordo com a agência Reuters, trata-se da oficialização de um acordo que vai permitir uma maior facilidade nas viagens entre os dois países, sobretudo as que forem realizadas por altos dirigentes com os seus homónimos. O Taiwan Travel Act encoraja também a que figuras dos meios cultural e económico de Taiwan possam estabelecer-se com uma maior facilidade nos Estados Unidos. Esta proposta de lei terá agora de ser aprovada pelo presidente Donald Trump, sendo que, de acordo com a Reuters, é pouco provável que o diploma seja chumbado, pois não é comum à presidência norte-americana chumbar algo que foi aprovado por unanimidade. Além disso, essa unanimidade já tinha sido verificada numa primeira aprovação câmara baixa do Congresso norte-americano. De acordo com a edição online do Taipei Times, jornal da capital de Taiwan, Ed Royce, presidente do House Foreign Affairs Committee, disse que “os Estados Unidos e Taiwan partilham o compromisso para com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos”. “Deveríamos apoiar os países que buscam a democracia e que servem de inspiração para estes valores em toda a região da Ásia-Pacífico”, disse Ed Royce durante o acto de votação da proposta de lei. O diploma aponta ainda para o facto das relações entre os dois territórios terem sofrido com a falta de contactos de alto nível desde 1979, devido às restrições impostas pelos Estados Unidos nas visitas oficiais realizadas a Taiwan, escreve o Taipei Times. A China não gostou e já reagiu. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, revelou que a RPC ficou “fortemente insatisfeita” com esta aprovação, uma vez que “viola seriamente” o princípio de Uma Só China, ou seja, a ideia de que a RPC e Taiwan (República da China) são um só país. A China apresentou mesmo um protesto diplomático relativamente a este acto. Um mau lobby Todd Lyle Sandel, docente especialista em estudos de Taiwan da Universidade de Macau (UM), classifica a aprovação por parte do Senado norte-americano como um sinal de que algo vai muito mal no Governo liderado por Donald Trump. “Isso demonstra a fraqueza dos Estados Unidos, porque se o país tivesse um presidente normal, como Obama ou Bush, haveria um maior retrocesso [quanto à aprovação]. Isso pode potencialmente ferir as relações com a China, o que num contexto global é muito pior do que ter relações com Taiwan.” Numa altura em que os olhos do mundo estão postos na China, que sustenta a sua posição no quadro diplomático através do estabelecimento de fortes relações bilaterais com muitos países, o académico acredita que o Taiwan Travel Act pode trazer problemas na relação com os Estados Unidos. Porém, o académico considera que Xi Jinping tem capacidade para ir além disso. “Donald Trump tem uma série de problemas. A minha opinião pessoal é que Pequim tem muito mais influência nas suas relações diplomáticas do que os Estados Unidos, além disso, a economia chinesa tem vindo a crescer. A China tem, neste momento, um estatuto mais internacional.” Para o académico, estamos também perante um acto de lobbying por parte do Governo da Ilha Formosa. “É lobby do Governo taiwanês para aumentar a sua influência, tendo em conta as ligações com o partido Republicano nos Estados Unidos. Isto é apenas parte do caos desta Administração Trump. Presidentes como Obama ou Clinton estariam mais conscientes [das consequências desta aprovação]. É um pequeno passo que pode trazer mais problemas do que coisas boas. É algo que fica mal à Administração Trump”, defendeu ao HM. Apesar do Taiwan Travel Act encorajar o estabelecimento de novas empresas taiwanesas nos Estados Unidos, a verdade é que pouco ou nada vai mudar em termos económicos, defende o professor da UM, uma vez que Taiwan e os norte-americanos sempre tiveram laços firmados. “Não sei muito sobre o lado económico que esta aprovação pode ter, penso que nunca houve grandes problemas do ponto de vista dos negócios, uma vez que a economia de Taiwan sempre esteve muito ligada aos Estados Unidos. Pelo que li, este acordo está relacionado com a permissão de entrada nos Estados Unidos de altos oficiais taiwaneses. Os Estados Unidos sempre realizaram visitas não oficiais. Penso que não terá grande impacto em termos de criação de novos negócios.” Uma ajudinha na OMS Os altos dirigentes de Taiwan têm vindo a ser barrados por Washington nas suas tentativas de estabelecerem ligações diplomáticas, sendo que os governantes norte-americanos não visitam Taiwan desde 1979. O presidente do US-Taiwan Business Council, Rupert Hammond-Chambers, disse que esta entidade apoia a proposta de lei. “Acreditamos que vai melhorar as comunicações entre Taiwan e os Estados Unidos, especificamente ao nível da compreensão da situação de Taiwan junto dos decisores de Washington”, lê-se no Taipei Times. Mais do que facilitar contactos oficiais, este diploma poderá fazer com que Taiwan tenha o estatuto de território observador junto da Organização Mundial de Saúde (OMS). O escritório económico e cultural de Taiwan em Washington já expressou o “agradecimento” em relação ao Congresso norte-americano pelo elevado apoio que mostrou em relação à Ilha Formosa durante este processo legislativo, aponta o Taipei Times. Apesar do significado diplomático que a aprovação do Taiwan Travel Act contém, Todd Lyle Sandel afirma que os taiwaneses estão bem mais preocupados com os baixos salários e as fracas oportunidades de emprego. “Estive em Taiwan recentemente e penso que a maioria das pessoas não se preocupa com isso. A maior questão são as grandes diferenças salariais, há muita insatisfação quanto a isso. Isso está mais ligado à estrutura económica e à ligação de Taiwan com a China, e há muita gente a mudar-se para a China para terem mais oportunidades de trabalho. A maioria dos taiwaneses não se preocupa com este tipo de acordos e políticas”, rematou. Antes do telefonema feito à actual presidente Tsai ing-wen (que é a favor da independência do território), os Estados Unidos aprovaram a venda de armas a Taiwan no valor de 1,4 mil milhões de dólares. Nauert disse que a aprovação da venda não viola a lei que define os contactos dos Estados Unidos com a ilha. “Acreditamos que mostra o nosso apoio à habilidade de Taiwan de manter uma política de autodefesa capaz”, acrescentou. O Ministério da Defesa de Taiwan agradeceu aos Estados Unidos: “A venda de armas vai ajudar a reforçar a nossa capacidade de autodefesa e a manter a paz no Estreito de Taiwan”. A China opõe-se firmemente à venda de armamento a Taiwan. Em Março de 2017, e na sequência de informações de que Washington preparava um negócio com a Ilha Formosa, Pequim veio contestar publicamente, renovando os apelos para que Washington respeite o princípio “uma só China”. No óptica de Pequim, esta é uma questão fundamental para preservar as relações bilaterais com os Estados Unidos e manter a estabilidade no Estreito de Taiwan.
Andreia Sofia Silva PolíticaFunção Pública | Deputados querem uniformizar licenças de maternidade A proposta de revisão do Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública de Macau prevê apenas sete a 30 dias de licença de maternidade pagos em caso de abortos espontâneos, quando a lei laboral prevê um período de 56 dias. Os deputados questionaram o Governo sobre esta “discrepância” [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]er um aborto espontâneo, quando se é trabalhadora pública, dá direito a uma licença de maternidade de entre sete a 30 dias, de acordo com a actual proposta de revisão do Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ETAPM). Já no caso de se tratar de um parto normal, a trabalhadora tem direito a 90 dias de licença de maternidade, sendo que a lei das relações do trabalho prevê um máximo de 56 dias para o sector privado. Os deputados que pertencem à 3ª comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL), e que estão a analisar este diploma na especialidade, questionaram o Governo sobre esta matéria. Vong Hin Fai, deputado que preside à comissão, falou da existência de “discrepâncias” que não se compreendem. “A comissão está atenta a este aspecto e quer perguntar ao Governo porque é que não introduziu esta alteração na proposta de lei. A comissão acha importante este ponto porque se trata de um assunto mais grave. As mulheres necessitam de recuperar psicologicamente em relação a um nascimento normal. Parece haver aqui uma discrepância em relação à lei laboral e vamos perguntar ao Governo se pretende alterar este ponto”, explicou o deputado. Relativamente à amamentação, os deputados também têm dúvidas, uma vez que as versões chinesa e portuguesa levam a diferentes interpretações dos horários disponibilizados às mulheres. “A comissão concorda com este incentivo à amamentação porque é uma política do Governo. Mas na proposta de lei lê-se que esta medida se aplica ‘à mãe que amamenta o filho’. Parece que, por cada filho, a mãe tem direito a uma hora para amamentar.” Os deputados analisaram também o facto de cada serviço público ter uma interpretação diferente nesta matéria. “A comissão teve conhecimento de que os serviços públicos têm diferentes interpretações desta norma. Na versão chinesa o estatuto diz que as mães têm apenas uma hora por dia para amamentar, mas na versão portuguesa parece que as mães têm direito a uma hora por filho. Há que clarificar os pressupostos desta norma”, explica o deputado. Os deputados não avançaram com nenhuma proposta concreta quanto à clarificação do horário para amamentação. “A comissão não se pronunciou sobre se uma hora é ou não suficiente para amamentar. Queremos ter um diálogo concreto com o Governo para apresentarmos as nossas propostas”, esclarece Vong Hin Fai. Modos de pagamento Da reunião de ontem resultou também um diálogo quanto à questão das indemnizações a pagar a trabalhadores sinistrados. Vong Hin Fai referiu que há dúvidas quanto ao pagamento da indemnização. “Nos casos de incapacidade permanente e parcial, a proposta de lei define um regime para o Governo atribuir ao trabalhador sinistrado uma compensação pecuniária, fixada por despacho do Chefe do Executivo. A comissão questiona se esta compensação será atribuída de uma só vez ou se será paga periodicamente, para que se garanta o uso racional do erário público?”, apontou o deputado. Ontem terminou o prazo de recolha de opiniões junto de associações e cidadãos no âmbito da revisão do ETAPM, tendo sido recebidas um total de 31 opiniões. Estas incidiram, sobretudo, sobre o regime de faltas, de turnos e disponibilidade. “Vamos primeiro analisar as opiniões recebidas e só depois é que vamos reunir com associações, ainda não sabemos se existe ou não essa necessidade”, apontou Vong Hin Fai. Uma “lei complexa” O presidente da 3ª comissão permanente da AL adiantou também que foi pedido um prolongamento de dois meses ao presidente do hemiciclo, Ho Iat Seng, para a conclusão da análise na especialidade da proposta de lei. Ainda assim, Vong Hin Fai não soube dar certezas quanto à data de conclusão do diploma. “O prazo foi fixado para o dia 19 de Março, mas devido ao andamento dos trabalhos a comissão vai pedir ao presidente a prorrogação do prazo para mais dois meses. Esta lei é muito complexa e, se calhar, em Maio pode não ser possível concluir o trabalho”, rematou. Consulta | ATFPM lança farpas a Vong Hin Fai Uma das associações que tornou ontem pública a sua posição relativamente à alteração do Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública foi a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) que, em várias páginas, criticou os artigos da proposta de lei, relativos ao regime de faltas, horários de trabalho ou turnos. A associação aponta actos discriminatórios. Na carta, assinada por Rita Santos, presidente da assembleia-geral da ATFPM, é feita uma crítica ao processo de auscultação levado a cabo pela 3ª comissão permanente, presidida por Vong Hin Fai. “A ATFPM nunca foi consultada sobre a proposta de lei, presumindo-se que as cerca de 30 associações representativas dos trabalhadores da Função Pública também não tenham sido consultadas.” É estabelecido um ponto de comparação com outras comissões do hemiciclo. “Também lamentamos o facto da 3ª comissão permanente não ter concedido a oportunidade das associações de trabalhadores de exporem na comissão as suas preocupações em relação à proposta de lei. Ao contrário das outras comissões da AL que tiveram a oportunidade de ouvir, de viva voz, as diferentes associações dos sectores de actividade comercial, profissional e social no caso da proposta de lei do regime de acreditação profissional e inscrição para assistente social.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePartos no hospital público podem custar nove vezes mais para não residentes Os Serviços de Saúde anunciaram ontem que pretendem aumentar em nove vezes as taxas moderadoras a pagar pelas grávidas portadoras de blue card e também para as que são portadoras de passaporte estrangeiro. Com a medida, um parto normal passa a custar mais de oito mil patacas para quem é não residente. Associações falam de injustiça e discriminação, mas há quem concorde com o Executivo [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois dos autocarros, os partos no hospital público. O Governo prepara-se para implementar uma medida que, aos olhos de muitos, é discriminatória para quem é portador do visto de trabalho, o chamado blue card. De acordo com a Rádio Macau, os Serviços de Saúde (SS) apresentaram uma proposta ao secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, para aumentar as taxas moderadoras dos partos realizados no Centro Hospitalar Conde de São Januário, não só para as turistas que aqui vêm ter os seus filhos como para as trabalhadoras não-residentes (TNR). Na prática, é um aumento nove vezes superior aos preços que já são praticados. Uma TNR paga, actualmente, 957 patacas para ter o seu filho no São Januário, mas, se Alexis Tam aprovar a medida, passa a pagar 8.755 patacas. Caso necessite de uma cesariana, passa a ter de desembolsar 17.550 patacas em vez das actuais 3.900 patacas. Se uma mulher com passaporte do exterior se deslocar ao hospital público para dar à luz, o valor a pagar será bem superior. Um parto normal deixa de custar 1.950 patacas e sobe para 17.550 patacas. Quanto às cesarianas, passam a custar 35.100, em vez das 3.900 patacas actuais. Mais sorte têm as mulheres que são casadas com residentes que não pagam qualquer taxa, tal como as mulheres residentes, que têm o direito a ter os seus filhos gratuitamente. A medida pretende controlar o número de nascimentos de mães que não são naturais de Macau, como explicou Ho Ioc San, subdirectora dos SS, em declarações reproduzidas pela Rádio Macau. “Com o aumento da necessidade dos serviços é difícil acompanharmos e satisfazermos totalmente esta necessidade. A intenção do hospital é orientar e levar estas pessoas para os locais onde supostamente devem dar à luz”, afirmou. No mesmo grupo de pessoas inserem-se não apenas as TNR que têm residência e trabalho no território como as mulheres do exterior que vêm a Macau de propósito para dar à luz, situação bastante comum também em Hong Kong, território escolhido por muitas chinesas do continente. Os SS avançaram ontem dados que mostram que apenas oito por cento dos partos foram de mães TNR a morar em Macau, enquanto que os partos realizados a mulheres do exterior representaram 20 por cento do total. A subdirectora dos SS acrescentou que o fim da política do filho único na China trouxe o receio de que poderá haver mais partos em Macau, além de que o decreto-lei de 1986, que regula o acesso aos cuidados de saúde, dá o privilégio aos residentes, explicou. Na conferência de imprensa de ontem, foi também revelado que não só não haverá uma consulta pública sobre a matéria como foram ouvidas apenas duas associações tradicionais de Macau, que não representam as trabalhadoras migrantes: a Associação Geral de Moradores (kaifong) e a Associação das Mulheres, ligadas aos deputados Ho Ion Sang e Wong Kit Cheng. “Se fôssemos ouvir as opiniões deles claro que estariam contra. Ninguém gosta de aumentos”, justificou a sub-directora dos SS. Sair de Macau é opção Ana Fivilia, representante de uma associação ligada à comunidade filipina, e que se insere na plataforma “Umbrella Migrant Workers”, criticou duramente esta postura dos SS ao não ouvir associações que poderiam ter uma opinião diferente. “É muito injusto que o Governo não tenha ouvido as nossas associações. Estamos registados e temos trabalhado em prol do desenvolvimento das condições de trabalho em Macau, é muito injusto”, defendeu ao HM. Apesar dos partos das trabalhadoras migrantes representarem apenas oito por cento dos partos efectuados no serviço de obstetrícia do São Januário, esta medida afecta quem cá mora e não ganha, muitas vezes, mais do que quatro mil patacas por mês. “Claro que será algo muito difícil [de suportar] para aqueles que são TNR”, disse Ana Fivilia. “A maioria preferem ter os seus filhos no hospital público porque os valores são mais baixos do que nos hospitais privados. Uma vez que o Governo agora quer aumentar as taxas moderadoras, e falo em nome das portadores de blue card, será muito complicado para estas mulheres.” Caso os aumentos sejam aprovados, Ana Fivilia não tem dúvidas de que a única opção para estas mulheres é dar à luz nos seus países de origem, tal como os SS pretendem. “Talvez tenham de regressar a casa, será a melhor opção. Mesmo as mulheres que têm blue card sabem que os seus filhos não terão direito ao BIR, por isso é uma medida que não faz qualquer sentido. Acho que é uma boa maneira para controlar os nascimentos de quem vem do continente, mas não para quem vive em Macau.” No universo TNR não cabem apenas trabalhadoras migrantes de origem filipina, indonésia ou vietnamita, mas também mulheres das comunidades de expatriados, incluindo portuguesas. A advogada Amélia António criticou duramente esta medida. Para a também presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), esta é uma proposta que vai contra muitas leis em vigor, incluindo a Lei Básica que define, claramente, que não deve existir discriminação social. “Não se pode meter tudo no mesmo saco, turistas e TNR. Sabemos que aqui pode haver um certo abuso da vinda a Macau para usufruírem dos benefícios do tratamento médico e essa distinção entendo, porque são pessoas que não fazem parte do território. Os TNR, sejam eles de que origem for, não acho que seja admissível fazer esse tipo de discriminação. São pessoas que são fundamentais para a economia e que, normalmente, são as mais mal pagas.” Amélia António fala de sinais graves de uma mudança social que tem vindo a acontecer em Macau, de que a proposta de aumento das tarifas de autocarros é apenas um exemplo. “Essa discriminação, mais uma vez, vai agravar a situação [dos trabalhadores] e insere-se num conjunto de coisas que têm vindo a acontecer e que notamos que, por detrás delas existe um espírito discriminatório. Até um bocadinho mais.” Amélia António, radicada há mais de três décadas no território, confessou que nunca viu estas situações acontecerem, uma vez que Macau sempre foi conhecida por receber bem. “Estou há 35 anos em Macau e era impensável ouvir as coisas que se têm ouvido ultimamente, deste ponto de vista social, de discriminação e uma maneira xenófoba de olhar para quem não é chinês. A maioria das pessoas que emite essas opiniões esquece-se que eles também não são de Macau, vieram para cá, com a família ou não. Os chineses de Macau não tomam esse tipo de posições, nunca tomaram e não têm essa educação.” Quem tem vindo a propor estas medidas “são gerações mais novas que vieram para Macau em circunstâncias similares às dos TNR”, teoriza Amélia António. Problemas familiares Se em Macau os preços para ter filhos passam a ser proibitivos para as famílias de trabalhadores migrantes, impera a obrigatoriedade das grávidas se dirigirem aos seus países de origem, deixarem temporariamente os seus empregos e os seus familiares e só voltarem meses depois. Na visão de Ana Fivilia, isto pode gerar problemas sociais e familiares. “Nas Filipinas, ou na Indonésia, as mulheres pagam muito pouco para terem os seus filhos, comparando com o que se paga aqui. Tudo vai depender do acordo que se estabelece com o empregador, porque as trabalhadoras terão de ficar uns meses fora. Se os patrões concordarem, penso que não haverá problemas. Pelo que sei, os patrões costumam arranjar uma outra empregada doméstica para a substituir durante esse período.” Também Amélia António teme casos de turbulência social. “É evidente que isto gera problemas, porque se as pessoas estão aqui a trabalhar, têm de interromper o seu trabalho para ter o filho fora e depois não os podem trazer de volta. Tudo isso vai gerar problemas sociais, familiares, dramas pessoais, que não favorecem as pessoas em si nem a sua prestação de trabalho no território. Isso também é mau para a economia, além do ponto de vista humano.” Amélia António considera “pior que caricato” o facto dos SS não terem ouvido outras associações. Até porque tanto os Kaifong, como a Associação Geral das Mulheres “estão pouco preocupados com quem vem nessas circunstâncias [grávidas do continente]. Quem vem do continente para ter aqui os seus filhos se calhar até pode pagar. E é por isso que não se pode olhar para esta situação como um todo.” A advogada espera que Alexis Tam não aprove estes aumentos. “Tenho alguma esperança que esta medida não passe nestes termos, porque nem é próprio da maneira de estar e de olhar para o mundo do secretário, pelo que conhecemos dele.” Primeiros os autocarros Eric Lestari é presidente da Overseas Workers Association, mais ligada à comunidade indonésia. Ao HM, disse que muitas das mães optam por ter os seus filhos fora de Macau, porque, à partida, não são aconselhadas a ter filhos durante o período contratual. Sofia Margarida Mota “São poucos os patrões ou empresas que permitem às mulheres engravidar durante o contrato e muitos optam por despedi-las se descobrem que estão grávidas, ou então são enviadas de volta para os seus países para terem os seus filhos e depois regressam ao trabalho.” Ainda assim, Eric Lestari critica duramente a postura do Executivo. “Primeiro foram as tarifas dos autocarros, agora as taxas moderadoras para os partos, e o que é que vão fazer connosco a seguir? É uma pena [esta proposta] e é simplesmente discriminatório. Há dez anos que pedimos aumentos salariais e não temos resposta em relação a uma maior protecção laboral”, frisou. Eliana Calderon, presidente da Macau Child Development Association, referiu que estamos perante “uma injustiça social e uma discriminação para os pais e filhos também”. “Macau não se desenvolveria, as pessoas não poderiam ter trabalhos se não fosse a comunidade de migrantes. As leis internacionais dizem que não se pode discriminar uma mulher grávida. O Governo não tem capacidade para dar resposta nem sequer para os locais.” Os que concordam O HM ouviu também Rebbecca Glade, presidente do International Ladies Club de Macau (ILCM), uma associação com fins de caridade e apoio social que representa, na sua maioria, mulheres expatriadas. Rebbecca Glade não quis comentar a possível injustiça para com as mães migrantes com baixos salários, tendo defendido a medida proposta pelo Governo. “Apoiamos a decisão do Governo, uma vez que coloca o hospital público na mesma linha dos restantes hospitais em termos de taxas moderadoras para partos. Não tenho filhos, mas sei que muitas mulheres que fazem parte do ILCM tiveram os seus bebés no hospital São Januário e que foram boas experiências com o pessoal de enfermagem e os restantes funcionários. Muitos dos nossos membros expatriados têm seguro de saúde que deverá cobrir estes aumentos”, referiu. Num comunicado divulgado, os SS apontam que “realizaram uma consulta a diferentes associações, além de que anteriormente receberam queixas de cidadãos alegando que os recursos de obstetrícia do São Januário estavam a ser ocupados por parturientes não residentes”. Os SS deixaram ainda bem claro que esta proposta “não visa o aumento de receitas, mas sim assegurar às parturientes locais a utilização dos serviços de parto do Centro Hospitalar Conde de São Januário”.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasRoots Macau, restaurante de fusão | Katie McCann, relações públicas O restaurante Roots Macau promete trazer uma nova experiência gastronómica para Macau. A aposta é feita nos menus de degustação e na cozinha de fusão que lembra os sabores europeus. O chefe Anthony Sousa Tam é macaense e não esqueceu as suas raízes [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s anos que passou na Europa e em viagens diversas não o afastaram da terra que o viu nascer, muito menos dos sabores com os quais cresceu. Contudo, Anthony Sousa Tam, filho da terra, decidiu fazer diferente num território onde muitos dos turistas chegam só para provar a comida portuguesa. A história do Roots Macau é contada pela relações públicas do espaço e esposa do proprietário, Katie McCan. “Decidimos apostar nos menus de degustação, e a ideia por detrás disso passa por servirmos os melhores ingredientes da época e dar aos nossos clientes uma grande experiência com os nossos pratos. Temos entre oito a dez pratos, cinco por almoço”, disse ao HM. No Roots Macau serve-se cozinha de fusão com sabores europeus, novas interpretações em que os tradicionais noodles ganham nova roupagem e cada prato promete ter um toque e sabor único. Tudo isso foi adquirido com as viagens e experiência pessoal de Anthony Sousa Tam. “A ligação à cozinha europeia aconteceu porque o nosso chefe, Anthony, trabalhou em Londres durante 20 anos, ele é macaense, e tem raízes portuguesas, e claro que é um grande viajante e já trabalhou em vários países europeus e até asiáticos, então teve contacto com essas experiências gastronómicas.” Os sabores da culinária local podem ser experienciados, ainda que não sejam servidos na sua originalidade. “Gostamos de ter alguns elementos da comida macaense, mas servimos apenas os tais menus de degustação, e mudamos os menus várias vezes, sempre que podemos. Temos também alguns pratos de assinatura.” O nome do espaço acabou por ser uma escolha natural, dado o facto de Anthony ter ligação ao território. Mas não só. “No nosso restaurante também temos uma grande ligação à natureza, uma vez que todos os ingredientes são bastante frescos. Os vegetais são muito importantes nos nossos pratos.” Diferença na terra dos hotéis No Roots Macau a comida serve-se em pequenas quantidades e com uma apresentação exemplar, para que se possa marcar a diferença. Katie McCan garante que o projecto marca a diferença num território onde a comida de assinatura existe sobretudo nas grandes cadeias de hotéis de nome internacional. “Acredito que o nosso restaurante tem vindo a ser cotado em muitas revistas da especialidade. É difícil encontrar um espaço como este fora dos hotéis, é algo muito personalizado, o ambiente, a decoração e o serviço que providenciamos. Apresentamos novos pratos com novos ingredientes, novas maneiras de cozinhar, e isso não é muito fácil de encontrar por parte dos nossos clientes fora das grandes cadeias de hotel.” Os pratos mais procurados têm sido o bife fumado, uma receita já muito conhecida nesta zona do mundo mas que ganhou uma nova versão com as mãos de Anthony. Os noodles com lula são também muito apreciados. Apesar de terem o restaurante aberto há poucos meses, a gerência procura criar novos pratos e diferentes combinações de ingredientes, para que o factor surpresa esteja sempre presente em cada garfada. “Mudamos os nossos menus todos os meses para podermos responder aos pedidos dos nossos clientes mais regulares, para todos os que vêm mais do que uma vez por mês. Tentamos providenciar-lhes novas experiências.” Apesar de estar situado na terra do turismo, a maioria dos clientes acaba por viver em Macau. “Ficamos muito felizes com isso”, frisou Katie McCan. O Roots Macau promete participar num concurso gastronómico já no final de Março com uma criação de Anthony Sousa Tam.
Andreia Sofia Silva EventosFeira de Arte em Hong Kong revela 59 filmes com curadoria de Li Zhenhua No quinto ano de presença em Hong Kong, a Art Basel traz também uma extensa mostra de cinema. O público poderá ver, de forma gratuita, um total de 59 filmes, sete deles “exibições especiais”, com curadoria do artista e cineasta Li Zhenhua. A sétima arte estará patente entre 29 e 31 de Março [dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] considerada uma das maiores feiras de arte em todo o mundo e, pela quinta vez consecutiva, volta a marcar presença em Hong Kong. A Art Basel regressa ao Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong entre os dias 29 e 31 de Março e, além de trazer obras de diversos artistas, tem também um programa destinado ao cinema, revelado ontem. O público poderá ver, de forma totalmente gratuita, um total de 59 filmes “inspirados pelo actual clima sociopolítico” e apresentados pelas 38 galerias que terão presença na Art Basel. Há também sete “exibições especiais” escolhidas a dedo por Li Zhenhua, um artista multimédia e também produtor de cinema. Está prevista uma colaboração com a Videotage, uma organização não-governamental de Hong Kong especializada na área do vídeo e novos media. É graças a esta organização que serão exibidos os trabalhos de vídeo de Nam June Paik, bem como de outros artistas de Hong Kong e da China cujo trabalho tem vindo a ser influenciado por este artista. A película “The Future is in the Past” traça um retrato das colecções de vídeo-arte que foram iniciadas por esta ONG e também pelo Centro de Arte Nam June Paik, entidade que homenageia o artista nascido em 1932 e falecido em 2006. “Futuro Imaginado’ vai revelar os trabalhos de vídeo feitos em Hong Kong e inspirados por Paik. A exibição será seguida de ‘Imaginaries Beyond the Past’, que apresenta uma nova geração de jovens artistas do continente e de Hong Kong que trabalham com vídeo ou com imagens em movimento”, aponta um comunicado. Sete filmes, três dias ‘Days Gone By – Yu Hong’, feito em 2009 pelo cineasta Wang Xiaoshuai, abre o programa dedicado aos setes filmes, que arranca na quarta-feira, dia 28 de Março. A película conta a história da artista contemporânea chinesa com o mesmo nome. “O filme não retrata apenas a vida de uma artista individual mas também mostra o crescimento do panorama artístico na China durante uma Era de mudanças dramáticas.” Segue-se um conjunto de filmes que fazem uma “fusão de cortes tradicionais com experiências visuais em 3D”, tal como “Time Spy”, de Sun Xun, que será exibido ao público no dia 29 de Março, Quinta-feira. A Sexta-feira, dia 30, é dia de ver “Deep Gold” de Julian Rosefeldt, e “Mrs. Fang”, de Wang Bing. Este documentário ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Filmes de Locarno o ano passado e conta a história da última fase da vida de uma camponesa que sofre de Alzheimer. O público poderá ainda ver uma selecção de filmes onde se inclui “The War That Never Was”, uma selecção de obras de Edgardo Aragón, Bae Yoon Hwan, Chien-Chi Chang e Sutthirat Supaparinya. Há também lugar à visualização de “Looking for Mushrooms”, de Bruce Conner, ou “A Sense of Warmth”, que incorpora um total de dez filmes que exploram relações sociais de autoria de Nevin Aladağ. Em “How Happy a Thing Can Be” podem ser vistos filmes que mostram como objectos físicos e situações determinam “emoções e crenças”. Além de fazer o trabalho de curadoria desta mostra, Li Zhenhua promove uma palestra no Sábado, dia 31 de Março, às 16 horas, com a presença de Isaac Leung, presidente da Videotage . O tema da conversa será “O conteúdo social na Era da distribuição digital”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPCC | Deputados da AL analisam consequências para Macau do fim do limite de mandatos do presidente chinês A alteração da Constituição da República Popular da China pode abrir espaço para alterações à Lei Básica de Macau. Esta é a opinião de Sulu Sou, que entende que, numa perspectiva “optimista”, poderiam existir alterações para dar lugar ao sufrágio universal. Já Agnes Lam vê o território com políticas muito próximas de Pequim, pelo que a figura do Chefe do Executivo perde relevo [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]usência de limite de mandatos sem eleições pode ser muito perigoso. A ideia foi deixada ontem por Sulu Sou aos jornalistas. O deputado suspenso referiu ainda que o anúncio recente do Xi Jinping relativo à alteração constitucional para acabar com o limite de mandatos presidenciais tem sido alvo de várias discussões em que as opiniões divergem. “Há quem defenda que há muitos países no mundo com mandatos presidenciais sem limites, mas já lembrámos que em muitos deles se tratam de soberanias onde existe o sufrágio universal, o que não acontece na China, uma vez que não há um sistema democrático para eleger o Presidente e vice-Presidente”, aponta Sou. No caso da China, há razão para inquietações. “É fácil ficarmos preocupados com esta decisão, porque se não houver limites ao mandato e a não existir um sistema democrático, há muitos perigos associados”, apontou o deputado suspenso. Para já, Sulu Sou considera que é necessária mais informação acerca dos benefícios desta decisão que vai alterar as reformas propostas em 1982 por Deng Xiaoping. É cedo para garantir que Xi irá assumir presidência vitaliciamente, mas “de certeza, que esta alteração lhe vai dar mais possibilidades para que fique mais tempo na presidência. Pode ser Presidente até morrer”, apontou. Decisões ponderadas O fim do limite de mandatos à presidência chinesa é visto por Ho Iat Seng como uma decisão ponderada. “Como sabemos, a China é um país com 1.4 biliões de pessoas e temos um poder de um partido único, pelo que qualquer medida que venha a ser tomada tem que ver com o bem da população e é muito bem ponderada”, disse ontem aos jornalistas à margem do almoço anual promovido pela Assembleia Legislativa. Limites necessários Para Agnes Lam, no caso de se querer avançar com mais mandatos, o ideal teria sido avançar com um limite, mesmo que superior aos dois previstos actualmente pela Constituição da República Popular da China. “Se se achar que dois mandatos não é o suficiente, as pessoas podem sugerir três ou quatro mandatos sendo que deviam ter, pelo menos, algum tipo de limite”, disse a deputada. Entretanto, Agnes Lam duvida que a medida possa dar origem a uma maior estabilidade do país até porque a limitação de mandatos decretada por Deng Xiaoping tem sido positiva. “Não tenho a certeza que estas mudanças possam dar origem a um melhor Governo”. A deputada acrescenta que “apesar de agora a China estar estável com o poder centralizado numa pessoa, o facto de uma pessoa estar permanentemente na mesma posição poderá tornar mais fácil cometer erros”. Apesar de existirem alguma comparações com o regime de Mao Tse Tung , Agnes Lam considera que não estamos nesse ponto. “Na altura de Mao não existia qualquer regulamentação nem nada a definir mandatos e não podemos comparar com esses tempos porque eram muito diferentes”, remata.
Andreia Sofia Silva PolíticaDeputados analisam consequências locais do fim de limite de mandatos A alteração da Constituição da República Popular da China pode abrir espaço para alterações à Lei Básica de Macau. Essa é a opinião de Sulu Sou que entende que, numa perspectiva “optimista”, poderiam existir alterações para dar lugar ao sufrágio universal. Já Agnes Lam vê o território com políticas muito perto de Pequim, pelo que a figura de Chefe do Executivo perde relevo [dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]e a constituição chinesa pode ser alterada, a Lei Básica também. A ideia foi deixada ontem pelo deputado suspenso Sulu Sou aos jornalistas. À margem do almoço anual com a comunicação social promovido pela Assembleia Legislativa (AL), o pró-democrata referiu que o recente anúncio de Xi Jinping relativo à alteração constitucional para acabar com o limite de mandatos dos cargos de Presidente e de vice-Presidente pode ter uma consequência positiva para Macau. “Temos uma nova esperança com esta decisão, porque se podem mudar a Constituição, também podemos alterar a nossa Lei Básica para que seja implementado o sufrágio universal para a eleição dos deputados na Assembleia Legislativa”, disse. O deputado suspenso com ligações à Associação Novo Macau, avança ainda que as leis são para ser alteradas e justifica a sua posição. “Defendemos que todas as leis devem ser alteradas, caso seja esse o desejo das pessoas, em prol de um sistema mais democrático. Insistimos na alteração da Lei Básica e queremos que não haja deputados nomeados no futuro”, apontou. Trata-se de uma opinião optimista, considera Sulu Sou. “Para ser honesto é difícil mudar o regime político em Macau, mas podemos ser optimistas. Se a Constituição é alterada, os activistas podem clamar pela mudança na Lei Básica”, sublinhou o deputado suspenso. Colocada a possibilidade da mudança da Lei Básica ir no sentido do proposto por Xi para o continente, Sulu Sou refere que além de ser uma ideia descabida é também improvável. “Seria uma decisão louca alterar a Lei Básica para eliminar os limites ao mandato do Chefe do Executivo. Não me parece que isso vá acontecer”, disse. Perto de Pequim Agnes Lam encara as alterações previstas para o continente como podendo ter dois tipos de consequências para o território. De acordo com a deputada não é assim tão importante quem governa o território. “No caso de Macau penso que não se trata de quem é o líder, até porque já temos uma política a que podemos chamar de Central”. Por outro lado, independentemente do Governo regional, “se falarmos em termos políticos, por exemplo da Grande Baía ou de “Uma Faixa, uma Rota”, não vão existir mudanças dependentes do Chefe do Executivo. Quanto à possibilidade de alterações à Lei Básica, a deputada que se estreia na AL neste mandato, considera que não serão prováveis. “Não penso que em Macau a lei vá mudar. Aqui é diferente. No continente a política é muito mais complicada do que me Macau”, aponta. De olho no popularismo Apesar das teorizações, há que ter em conta o factor da popularidade da medida. “No continente, a maioria das pessoas que não vive nas grandes cidades ou que não são, digamos, intelectuais, gostam de Xi Jinping. Mas em Macau, mesmo quando Edmund Ho governava, houve quem defendesse que deveria continuar por mais um mandato por ser visto como um excelente líder”, começa por justificar. A possibilidade gerou algum ruído na sociedade mas nada aconteceu, recordou Agnes Lam. “Em Macau estamos habituados a modelos mais ocidentais e, por isso, penso que a alteração à Lei Básica não será fácil”, rematou a deputada. O presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, preferiu remeter-se ao silêncio e não tecer considerações sobre o tema. “Estamos neste momento a falar na alteração da Constituição da República Popular da China e não da Lei Básica de Macau. Não respondo a questões de suposição”, referiu aos jornalistas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Ho Iat Seng garante equilíbrio de poderes e respeito pela lei No habitual encontro de Ano Novo Chinês com os jornalistas, o presidente da Assembleia Legislativa não deixou passar em claro um dos casos que mais tem agitado o panorama político de Macau. Ho Iat Seng disse que existe o total respeito pela independência entre poderes e que, no caso Sulu Sou, foi garantido “o princípio da não interferência nos órgãos judiciários”, além do cumprimento das leis em vigor [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]pesar de suspenso, temporariamente, por votação dos membros do hemiciclo, Sulu Sou não quis deixar de marcar presença no almoço anual do órgão para o qual foi eleito directamente. “Estava a considerar não vir, porque não tinha muitas informações sobre este evento. Quando soube que os jornalistas também eram convidados decidir vir. Não compreendi, achei inicialmente que seria um encontro interno com os deputados, então pensei em não vir”, confessou, à margem do evento. Sulu Sou assistiu ao discurso do presidente do hemiciclo, Ho Iat Seng, que não deixou de fazer referência à sua polémica suspensão. “Acerca do caso que ultimamente suscitou um interesse particular, refira-se que todos os trabalhos da AL têm sido desenvolvidos com o devido respeito pela autonomia judicial e pelo princípio da não interferência nos órgãos judiciários”, começou por dizer. O presidente do hemiciclo também deixou claro que sempre foi cumprida a lei em todo o processo, marcado pela não decisão da Mesa da AL, que levou a uma votação de todos os processos e que culminou numa providência cautelar apresentada pelo próprio Sulu Sou junto do Tribunal de Segunda Instância. O pró-democrata considerou que o processo ficou marcado por diversas irregularidades, mas os juízes entenderam tratar-se de um caso político e decidiram não se pronunciar. “Ainda no princípio da não interferência no poder judicial, os trabalhos da AL têm também observado as disposições e os procedimentos contidos na Lei Básica, no Regime da Legislatura e do Estatuto dos Deputados à AL, e no Regimento da AL.” Sulu Sou discordou das palavras do presidente. “Em vários regimes políticos de todo o mundo há esta separação de poderes, mas penso que esse ponto não tem sido muito bem sucedido em Macau. Tenho vindo a observar que o poder Legislativo e Executivo têm sempre uma grande cooperação, e a monitorização por parte dos deputados é sempre muito fraca.” Ala silenciosa O deputado suspenso temporariamente, e ligado à Associação Novo Macau, continua a defender que os tribunais têm e devem ter competência para se pronunciar sobre determinadas matérias. “Sempre concordei que deve ser respeitada a independência dos tribunais. Também enfatizamos que o procedimento na legislatura deveria ser verificado pelo sistema judicial independente. Nunca concordei que a AL deveria ser, a cem por cento, independente em relação ao sistema judicial, que deve monitorizar determinados procedimentos, se são ou não legais. Acredito que o procedimento teve alguns problemas que deveriam ser monitorizados pelo sistema judicial.” O mesmo não entenderam os três juízes do TSI, que no acórdão que recusou a providência cautelar apresentada por Sulu Sou, consideraram a votação “um exercício de uma pura acção política” e uma “prerrogativa de cariz político”. “Esta deliberação não é um acto administrativo, visto que não foi proveniente de nenhum órgão da Administração e no exercício de uma função administrativa, ou no quadro de uma actuação da administração pública em sentido material. Foi, em vez disso, praticado por um órgão eminentemente legislativo com um enquadramento político, claramente”, lê-se no documento. Noutras mesas sentaram-se os deputados Vong Hin Fai e Kou Hoi In, que não se pronunciaram sobre a matéria. Os membros do hemiciclo foram os autores de um projecto de resolução que visava clarificar que a AL não reconhece aos tribunais poderes para verificar se os procedimentos legais são cumpridos nos processos de suspensão de deputados. No entanto, não houve declarações sobre esta questão, nem é sabido se o projecto, entretanto retirado, voltará a ser apresentado na AL. “Agimos mal, todos nós” Ho Iat Seng poderia ter optado por não fazer referência a este caso no seu discurso, mas, de acordo com o deputado José Pereira Coutinho, não podia ignorar este assunto. “Tinha que mencionar porque se não os jornalistas lembrariam o facto. Ele [Sulu Sou] faz falta na Assembleia e eu, pelo menos, sinto na pele que agimos mal, todos nós. Demos uma má imagem à sociedade e no contexto internacional, o qual prezamos do ponto de visto democrático”, disse ao HM. Para Pereira Coutinho, tratou-se de um discurso “normal, de ocasião”. O deputado entende que a imagem da AL no corrente ano saiu manchada, e isso nada abona Macau no seu todo, como cidade internacional e cumpridora da Lei Básica. “Espero que estas situações não se voltem a repetir”, acrescentou. Há cem dias fora da AL, onde faz questão de marcar presença em todos os debates, Sulu Sou confessa sentir-se azarado e sortudo ao mesmo tempo, uma vez que a suspensão temporária lhe deu mais tempo para estar perto da população. “Sempre me senti desapontado, ao longo deste tempo, por estar a perder os debates na AL. Não posso participar nas reuniões permanentes nem nos debates, e faço o meu melhor por fazer coisas fora da AL. Uma situação interessante é que depois da minha suspensão passamos a ter mais tempo para ir à rua falar com os cidadãos. Tive azar, mas também tenho sorte nesse sentido.” Em relação ao recurso apresentado depois da decisão do TSI, não há novidades. “Ainda não há qualquer notificação sobre esse caso e o nosso advogado submeteu nova carta para saber mais informações. Não posso prever qual será a decisão do tribunal, mas tentamos o nosso melhor para lutar pela justiça do processo. É muito importante os cidadãos e a sociedade conheçam mais sobre este caso”, concluiu. AL: um futuro mais difícil No discurso proferido no almoço de Primavera, Ho Iat Seng não deixou de fazer referência às eleições de Setembro que trouxeram 12 novos deputados ao hemiciclo e ao “trabalho pesado e intenso” que a AL tem tido nos últimos meses. Na visão do presidente, “pelo trabalho desenvolvido durante estes quatro meses, pode-se constatar uma rápida adaptação dos novos deputados ao funcionamento do órgão legislativo”. Sobre o futuro, Ho Iat Seng lembrou que a população está cada vez mais atenta aos trabalhos do órgão legislativo. “Temos profunda consciência das crescentes expectativas e exigências da população em relação ao trabalho da AL, podendo-se antecipar, também, que serão maiores os desafios colocados a este órgão”, apontou.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteVillage Mall | Espaço de indústrias criativas com negócios por um fio Há dois anos Window Lei, proprietário do centro comercial Broadway Center, na Rua do Campo, teve um sonho: dar um espaço aos negócios de Macau na área das indústrias criativas e criar o projecto Village Mall, com rendas apetecíveis. Contudo, há muitas lojas fechadas, poucos clientes durante a semana e vários negócios por um fio [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Broadway Center, no coração da Rua do Campo, é aquilo que todos os centros comerciais de Macau gostariam de ser: renovado, com uma grande aposta em produtos locais feitos por jovens empreendedores e cheio de vida cultural. Criado há dois anos por Window Lei, o projecto Village Mall ocupa apenas três pisos, dois deles destinados a lojas e um destinado à restauração. Todos os fins-de-semana organizam-se actividades para pais e filhos, alguns concertos e feiras onde o que de melhor se faz em Macau é exposto ao público. Se aos sábados e domingos o velho centro comercial de cara lavada ganha uma nova vida, com vários clientes e visitantes, durante a semana a dura realidade instala-se: é difícil fazer negócio e os clientes são poucos. Durante a semana, o Village Mall transforma-se num qualquer centro comercial antigo, dos muitos que existem na península, e que há muito deixaram de atrair visitantes. À hora em que esta reportagem é feita são poucos aqueles que circulam pelos corredores e há muitas lojas fechadas no primeiro andar. É aqui que conversamos com Vivian, proprietária do espaço “PaperCrafters”. A “PaperCrafts” vende material de papelaria e de decoração feito na Coreia do Sul e no Japão, e que são bastante populares em Macau. Apesar de Vivian, a proprietária, ter seguido a moda que explodiu nos últimos anos, o negócio não corre de feição. “Podemos conversar à vontade. Afinal de contas, não tenho nada para fazer, não há ninguém a passar aqui”, começa por confessar ao HM. “Não temos muitos clientes e quem está no rés-do-chão está melhor. Durante a semana temos poucas pessoas, mas ao fim-de-semana temos mais.” A “PaperCrafts” nasceu há dois anos, tendo a mesma idade que o projecto Village Mall. “Tinha mais expectativas quando aqui cheguei, porque havia mais lojas, mas acabaram por mudar todas lá para cima. Há muito poucas estabelecimentos e isso não é muito atractivo para chamar para cá os clientes”, apontou. Vivian não tem dúvidas. A continuar assim, o seu negócio não deve durar muito nos moldes em que existe actualmente. “Acho que a loja vai fechar ainda este ano. Lá em baixo as rendas são mais altas. Tudo vai depender do valor da renda [se muda para uma outra loja no Village Mall ou se abandona o projecto].” Conquistar pelo paladar “Lá em cima”, como diz Vivian, existe um espaço de restauração, esse sim com mais pessoas e cheio de comidas que são de vários lugares da Ásia, desde o Japão a Taiwan. É este o espaço que acaba por atrair mais pessoas, conforme contou ao HM Bengie, funcionário da loja “Fortitude – Urban Art and Culture”. Até chegarem ao terceiro andar, os clientes acabam por passar por algumas lojas e, eventualmente, comprar alguma coisa. Contudo, as lojas parecem não constituir o principal motivo para uma visita. “Aqui no primeiro andar só existem três lojas. No segundo andar não é tão mau, porque há uma maior diversidade de espaços. Há muitas lojas de acessórios e produtos feitos à mão, por exemplo. O mais importante é mesmo o terceiro andar, e é a principal razão pela qual as pessoas vêm aqui”, contou o funcionário da Fortitude. Espaço de restauração do Village Mall A Fortitude vende sobretudo t-shirts e malas de tecido personalizadas, cheias de mensagens, e também está aberta há dois anos. Bengie confessa que é difícil fazer deste um negócio rentável, apesar de trabalhar ali apenas há um ano. “Tudo depende do contrato de arrendamento que se assina. Em termos de clientes, é 50/50”, defendeu. “Todos os sábados e domingos há eventos de música, para famílias, há também actividades para caridade e isso atrai as pessoas que acabam por comprar alguma coisa.” Online salva lojas No segundo andar não se trata apenas de negócio. Num dos espaços funciona uma pequena biblioteca que é, ao mesmo tempo, um lugar de lazer. Um homem dorme num dos sofás. Há um piano à espera de ser tocado e estantes cheias de livros que podem ser lidos e partilhados. No mesmo andar há muitas lojas vazias. Passam das 16 horas quando Dada vem abrir a sua loja, “Midnight”. Cartazes de filmes, um deles do cineasta Wong Kar-wai, povoam a porta, mas a “Midnight” não vende filmes, mas sim produtos decorativos vindos de Hong Kong e acessórios femininos feitos à mão. Dada, proprietária da loja Midnight Dada convida-nos a sentar e confessa que a loja só é rentável porque também vende os mesmos produtos online. “Até agora o negócio tem corrido bem porque também vendemos na internet, e isso faz com que esta loja seja rentável.” “Tenho entre cinco a dez clientes por dia, mas não tenho muito mais escolhas em termos de locais para manter uma loja. O valor da renda é ok. Antes tinha a loja num espaço mais escondido e decidi mudar-me para aqui, para ter mais clientes. A oportunidade surgiu através de um amigo”, acrescentou Dada. No Village Mall, a proprietária da “Midnight” confessa já ter visto muitas lojas como a sua a fecharem portas, mas, no seu caso, prefere não desistir, pelo menos por enquanto. “Para já vou manter-me aqui até arranjar um lugar melhor. Aqui, o proprietário dá-nos a oportunidade de expor de forma gratuita nos mercados que são organizados aos fins-de-semana, e isso é bom para mostrarmos os nossos produtos. Só assim é que nos conseguimos manter, é muito difícil é ter lucros”, frisou. Dada reconhece a aposta que o Governo tem vindo a dar à área das indústrias criativas, e destaca também o investimento feito por Window Lei. Contudo, apostar naquilo que é feito em Macau ainda não chega. “Se abrirem lojas deste género é muito diferente do que se importarem algumas marcas para Macau. Assim pode correr bem, porque de outra forma é difícil apostar em produtos locais”, defendeu. A artesã adiantou ainda que o mentor do projecto Village Mall poderia fazer uma maior promoção ao espaço, apesar da realização de actividades criativas e lúdicas ao fim-de-semana. “Sem essas actividades é difícil fazer com que os clientes venham aqui.” Também Vivian, da “PaperCrafts”, partilha da mesma opinião. “O proprietário não faz muita publicidade a este espaço e muitas das pessoas não fazem ideia de que este espaço existe e é difícil procurar produtos aqui, porque as lojas têm horários de abertura e de fecho diferentes.” Percorremos mais corredores, vazios a meio da tarde. Há várias máquinas de jogos espalhadas, a fazerem lembrar hábitos bem japoneses, mas ali não há ninguém a gastar tempo livre a tentar a sua sorte. Bem perto das máquinas de jogo funciona a SDA Dance Complex, uma empresa de dança urbana que atrai muitos jovens, conforme contou Miva ao HM. Uma das responsáveis por um dos projectos que mais agita o dia-a-dia do Village Mall confirma que, de facto, o burburinho só se nota aos fins-de-semana. “Há muitos jovens que vêm ao nosso estúdio, porque temos um projecto ligado à dança de rua, e é um projecto apropriado para os jovens. O terceiro andar oferece um espaço de restauração com diferentes comidas, e durante os fins-de-semana há mais pessoas a visitar, porque realizam-se actividades no Village Mall, para bebés e há várias competições para crianças.” Um centro educativo na calha O HM tentou, até ao fecho da edição, chegar à fala com Window Lei, mas não foi possível estabelecer contacto. No Village Mall, a sua secretária, Ruby, avançou com mais informações. Desde a abertura do espaço, há dois anos, que ali se estabeleceram cerca de 30 lojas. Muitas delas já fecharam, mas Ruby não conseguiu precisar um número. “Talvez precisem de mais clientes”, apontou apenas. Apesar disso, Ruby assegura que o Village Mall tem vindo a receber pessoas de vários lugares. “Há pessoas que vêm cá oriundas de lugares diferentes, até da China, e muitos turistas também. Temos vindo a fazer alguma publicidade e promovemos vários eventos. Temos também uma cooperação com a Wynn.” Os lojistas com quem o HM falou queixaram-se das rendas de um projecto que, em 2016, pedia candidatos que pagassem cerca de oito mil patacas mensais. Os lojistas confessam, no entanto, que os valores divergem consoante o andar em que estão localizados. “Tentamos ser flexíveis ao nível das rendas, penso que este é um bom lugar para estas empresas estarem”, frisou. “Também temos eventos em que os lojistas podem participar de forma gratuita.” Para este ano está prevista a abertura de um centro educativo. Depois da dança, da música e das artes, o Village Mall está pronto para abrir um espaço dedicado à área da educação. Resta esperar que as pessoas apareçam.
Andreia Sofia Silva BrevesFunção Pública | Coutinho fala de abusos nas avaliações de trabalhadores [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde refere que existem abusos cometidos nas avaliações dos funcionários públicos, tendo em conta o regime geral de avaliação do desempenho dos trabalhadores da Administração Pública. “Quais as razões que têm levado com que alguns serviços públicos, por sua própria iniciativa e na ausência de quaisquer reclamações dos notados, façam com que os processos de homologação das qualificações de satisfaz muito e excelente sejam abusivamente escrutinadas pelas comissões paritárias?”, questionou o deputado. O também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) pede que sejam criadas medidas para “eliminar as orientações verbais de alguns dirigentes de serviços públicos que, abusivamente, têm implementado internamente um sistema de ‘quotas’ na atribuição de menções qualitativas, constantes [no regime geral de avaliação do desempenho dos trabalhadores da Administração pública]”. José Pereira Coutinho exige também uma simplificação de todo o processo. “Vai o Governo simplificar o actual sistema de classificação de trabalhadores da Função Pública, considerado pela maioria dos notados e notadores como um sistema penoso, complexo e que pouco espelha o trabalho desenvolvido pelo notado?”, inquiriu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeToi San | STDM vendeu prédio habitacional junto a obra pública O edifício da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau localizado no bairro de Toi San, ao lado da obra de habitação pública, foi vendido a Simon Siu, da empresa Lek Heng Property. Os moradores não foram despejados, mas passaram a pagar renda [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ivem em comunidade há décadas num só edifício de quatro andares. É assim no prédio que a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) possuía no bairro de Toi San e onde, desde os anos 60, vivem várias famílias. Segundo o que o HM conseguiu apurar, o edifício foi vendido a Simon Siu, empresário e proprietário da empresa Lek Heng Property. Desde que começaram, no terreno ao lado, as obras para a construção de um edifício de habitação pública que o edifício tem vindo a sofrer com a existência de grandes fendas estruturais. Desconhecem-se as razões para a venda desta propriedade, e a STDM não respondeu às questões colocadas pelo HM. Contudo, e de acordo com a garantia dada por Chan Tak Seng, da Aliança do Povo de Instituição de Macau, os moradores, que temiam o despejo, passaram a pagar renda ao novo proprietário, quando antes a STDM os isentava desse pagamento. Numa reportagem realizada pelo HM em 2015, os 40 moradores do edifício temiam ser despejados pela empresa fundada por Stanley Ho, e que durante anos teve a concessão exclusiva do jogo no território. Estes chegaram a receber cartas da empresa a alertar para a possível situação de despejo, que nunca se concretizou. “A STDM já não cobra renda aos inquilinos e acredito que isso é para nós sairmos à vontade. Mas ganho muito pouco e não tenho capacidade para arrendar uma casa lá fora”, contou um dos moradores. Planta em análise Em 2015 os problemas estruturais do edifício, agravados com as obras no terreno ao lado, foram notícia, tendo os representantes da Aliança do Povo de Instituição de Macau reunido com Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Neste momento, está sob consulta pública, para posterior análise do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), uma planta de condições urbanísticas sobre este edifício, mas a DSSOPT não quis dar mais esclarecimentos sobre este projecto. “Quanto ao respectivo lote, a pedido do proprietário do terreno esta Direcção de Serviços realizou os trabalhos relativos à elaboração da sua planta de condições urbanísticas de acordo com a Lei do Planeamento Urbanístico e a mesma está-se a proceder ao procedimento de divulgação, exposição e consulta pública, não tendo actualmente mais informações complementares.”
Andreia Sofia Silva SociedadeIACM organiza passeios educativos por pátios antigos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) organiza, a partir de hoje, passeios por alguns pátios e becos antigos do território, tal como o Pátio do Espinho, Bêco da Rosa, Pátio da Eterna Felicidade, Pátio das Seis Casas. O objectivo, apontou Lam Mei Siu, chefe substituta do gabinete do cidadão do IACM, é garantir que o público saiba mais detalhes sobre estes locais. Muitos dos pátios estão degradados, sem um plano de requalificação e já sem moradores. “Esta actividade tem por objectivo promover a participação pública em conjunto com a comunidade, para que se possam conhecer os bairros sob diferentes perspectivas, além de fortalecer o sentido de mobilidade.” Estes percursos foram criados através de concurso, sendo a participação do público feita através de inscrição. A língua dos passeios será o cantonês, existindo a possibilidade de virem a ser realizados percursos em português ou inglês, garantiu Henry Ma, membro do conselho de administração do IACM. “Cada mês temos uma visita aberta a inscrições do público e já recebemos inscrições de escolas e vários grupos para a realização de visitas guiadas. Também acrescentamos este ano visitas guiadas levadas a cabo por académicos para que os participantes possam compreender melhor a história das ruas de Macau”, acrescentou Lam Mei Siu. Para a realização destes percursos foram feitas algumas mudanças nos locais. “Colocaram-se mesas e cadeiras para refeições e vários convívios, para que haja um contacto e uma estreita interacção entre vizinhos. Esta nova rota estabelece uma ligação entre os pátios e os becos antigos de Macau, para que os visitantes possam rever as memórias colectivas.” O IACM já tem pensados noutros temas para percursos relacionados com locais históricos de Macau. “Temos várias rotas, como as personalidades e os pintores de Macau, e as rotas relacionadas com os templos antigos da Taipa, duas ligadas a Coloane e outra rota relacionada com as lojas antigas”, adiantou Henry Ma. O sucesso deste projecto já está garantido, conforme frisou o administrador do IACM. “Convidámos académicos para uma primeira visita guiada, as vagas já estão esgotadas e vamos abrir mais uma actividade”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIACM | Extensão da ciclovia da Taipa até Coloane custa 18 milhões Já há consenso para a extensão da ciclovia da Taipa até à ponte Flor de Lótus. O IACM prevê um custo de 18 milhões de patacas para uma obra que deverá ser inaugurada no próximo ano. As restantes fases estão dependentes do projecto da marina, que está a cargo da empresa do deputado Cheung Lap Kwan [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uem costuma correr ou caminhar na ciclovia da Taipa, que se estende desde a entrada da ilha até ao Galaxy, poderá, no próximo ano, estender o percurso até à zona Flor de Lótus, perto de Coloane. As obras da sexta e última fase da referida ciclovia já reuniram consenso, tendo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) apresentado ontem os detalhes de um projecto que vai custar 18 milhões de patacas. Serão acrescentados um total de 600 metros à actual ciclovia, explicou Au Chun Yat, engenheiro civil do IACM. “Vamos ter uma faixa verde para separar a zona de lazer da estrada. Vamos fazer a expansão do dique de retenção e colocar placas informativas para a segurança dos peões.” A necessidade de estabelecer a ligação, através de percursos pedonais e ciclovias, entre a Taipa e o Cotai é uma questão antiga, tanto que até já foi tema de debate na Assembleia Legislativa, nomeadamente da parte da ex-deputada Kwan Tsui Hang. Em Maio do ano passado já o IACM tinha garantido à deputada que estava a estudar o assunto. “Quais são os planos concretos das restantes três fases da ciclovia da Zona de Lazer da Marginal da Taipa? E quando é que vai estar concluída a ligação entre a pista da Flor de Lótus e a ciclovia da Avenida dos Jogos da Ásia Oriental?”, questionou a deputada junto do Governo, através de uma interpelação escrita. Duas fases à espera Apesar do Governo ter decidido avançar para este projecto, há duas fases, a quatro e cinco, desta obra que só poderão avançar depois de um diálogo com a empresa do deputado Cheung Lap Kwan, concessionária de um terreno onde vai nascer uma nova marina de iates. Henry Ma, membro do conselho de administração do IACM, explicou que “está a ser pensada a construção de uma marina no local onde serão feitas as fases quatro e cinco do projecto, pelo que teremos de comunicar com o concessionário do terreno”. Ainda assim, Henry Ma mostra-se confiante no cumprimento do calendário da obra. “Em principio vamos iniciar a obra em Julho e terminar até finais deste ano. Será inaugurada no principio do próximo ano. Vamos procurar atingir este objectivo, mas isso terá sempre a ver com a situação concreta das obras.” IACM analisa segurança alimentar nas escolas O IACM anunciou a realização do primeiro estudo sobre segurança alimentar, que se inicia hoje. A pesquisa vai incidir sobre mais de mil alunos de 30 turmas, em 12 escolas do ensino secundário. A ideia é analisar, não apenas as noções que os estudantes têm sobre esta matéria, mas também os tipos de alimentos que são consumidos e a sua quantidade. Cabe à Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau a realização deste inquérito, cujos resultados deverão ser conhecidos no final do ano.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAssembleia Legislativa | Discurso dos novos deputados nomeados desilude Quase seis meses depois dos novos legisladores terem assumido o cargo, Jorge Valente e Larry So consideram que os membros nomeados pelo Governo estão a desiludir. Até agora, revelaram incapacidade para contribuírem significativamente para a melhoria nas discussões no hemiciclo [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma altura em os novos deputados estão quase a cumprir seis meses na Assembleia Legislativa, uma das conclusões que já se pode tirar é que o debate no hemiciclo não sofreu alterações significantes. E os deputados nomeados, de quem se esperava que gerassem um enriquecimento dos temas, devido ao elevado número de académicos, são quem tem estado mais longe de se destacar. Esta foi a opinião partilhada pelo do ex-candidato à AL Jorge Valente e pelo analista político Larry So. “Os deputado nomeados têm sido como inexistentes no sentido de não terem contribuído significativamente com uma mais-valia para o hemiciclo. Até agora limitaram-se a carregar nos botões para votar naquilo que lhes é indicado”, disse Jorge Valente ao HM. “Estamos numa altura em que ainda devemos dar o benefício da dúvida e por isso espero que venham a desenvolver sugestões que contribuam para melhorar a qualidade nos debates do hemiciclo, assim como para o bem-estar e interesses da população”, frisou. Esta é uma análise que o comentador político Larry So também partilha. No entanto, So sublinha que estes deputados nomeados não criam expectativas junto da população. “A participação deles na Assembleia Legislativa não se enquadra nos moldes dos deputados eleitos de forma directa. Davis Fong tem falado mais, assim como os legisladores ligados ao Direito. Mas a comunidade não tem expectativas face à performance deles”, disse Larry So. “Temos de compreender que eles não são particularmente reivindicativos nem trabalham em prol da comunidade. O Governo terá outras expectativas”, acrescentou. À excepção de Ma Chi Seng, todos os outros deputados nomeados estão a estrear-se na Assembleia Legislativa. Agnes Lam divide Um pontos em que as pessoas ouvidas pelo HM não estão de acordo é na avaliação da performance de Agnes Lam. “Se olharmos para a plataforma política dela e à forma como se apresenta, como uma pessoa que não é radicalmente contra o Governo nem demasiado conservadora, eu dar-lhe-ia uma nota consideravelmente elevada. Ela tem estado no meio”, defendeu Larry So. “Acredito que certas franjas da comunidade sintam que ela não está a ser suficientemente radical. Acredito que os mais jovens que a apoiaram talvez esperassem um discurso mais forte contra o Governo”, teoriza o académico. Por sua vez, Jorge Valente diz que o discurso tem sido “leve em termos de conteúdo”, mas ressalva que é necessário esperar um pouco mais para fazer uma avaliação. “Ela ainda não mostrou trabalho suficiente para poder ser definida como independente. Vamos ter de continuar a dar o benefício da dúvida. Tem feito algumas sessões em directo no Facebook e outros eventos, com um discurso leve em termos de conteúdo. Mas temos de ver mais”, frisou. Pela positiva, entre os estreantes, Larry So destacou Leong Sun Iok, deputado ligado aos Operários de Macau. “Ele defende de forma muito vincada os assuntos da sua agenda e os temas ligados ao sector do jogo, que conhece muito bem. Também se preocupa com os assuntos ligados à comunidade, como os problemas da habitação. Tem tido um bom desempenho”, considerou. Ainda em relação aos primeiros meses da Legislativa, Jorge Valente considerou que a suspensão de Sulu Sou era evitável. “Não devia ter acontecido, os deputados deviam era estar ocupados a trabalhar para o bem dos residentes em vez de perder tempo com intrigas destas. Se fosse um caso de corrupção ou compra de votos, isso sim!”, justificou.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasVanessa Yam, cantora, designer gráfica e ilustradora: Artista dos sete instrumentos [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]edo começou a desenhar rabiscos no papel, a depositar imaginações em folhas soltas. Um gosto de infância que se transformou no anseio de uma carreira profissional. Mais tarde veio o gosto pelas canções e por subir a um palco para mostrar a voz ao público. Vanessa Yam assume-se como uma artista multifacetada que gosta de cantar e que sempre quis ser pintora, mas que acabou por ser designer gráfica, licenciada pela Universidade de São José. Há dez anos começou a dar os primeiros passos no mundo da música, tudo graças à participação, com um grupo de amigos, num concurso de busca de talentos. “Comecei a cantar quando estava na escola secundária e participei em algumas competições para cantores em Macau, com alguns amigos. Foi assim que comecei a dar os primeiros espectáculos. Por exemplo, em 2008, um compositor de Macau convidou-me a cantar uma canção sua para uma competição organizada pela TDM”, lembrou. A voz é doce, a música, cantada em cantonês, soa romântica, com laivos de sonoridades mais pop. A imagem é forte, marcada por roupas e cabelos coloridos. Hoje vai tentando solidificar uma carreira como cantora, apesar dos vários contratempos e desafios próprios de um território demasiado limitado. “Macau é um lugar muito pequeno para se ter uma carreira como cantora, porque a maior parte das pessoas só ouvem K Pop ou música pop feita em Hong Kong. No passado, os cantores de Macau não eram populares em Macau. É difícil construir aqui uma imagem como cantora”, contou ao HM. Para colmatar a forte concorrência de outros cantores asiáticos, Vanessa Yam aposta nos meios digitais e em outras regiões. “Estou a tentar colocar a minha música em algumas plataformas na China e Taiwan, para ir em busca de novos públicos e para levar a música que se faz em Macau a outras áreas. Tudo para que saibam que em Macau também se faz boa música.” Não apenas a sua carreira, mas a de outros jovens músicos, têm sofrido grandes desenvolvimentos nos últimos anos. “Este ano penso que a minha carreira na música melhorou bastante, e podemos notar que alguns cantores de Macau começaram a desenvolver mais os suas trajectos artísticos lá fora”, defendeu Vanessa Yam. Como cantora Vanessa não para de pensar em novos projectos, e já tem um na calha. “Uma nova canção vai ser lançada em Março ou Abril. Para esta canção trabalhei em parceria com um compositor japonês. É uma música mais acústica, então não foi difícil fazer os arranjos, colocamos um ou outro instrumento. Para o futuro, estou a tentar encontrar um novo estilo para a minha carreira, e espero que o público goste.” A menina dos acessórios Quando não está em estúdio a gravar canções ou a compor, Vanessa Yam gere a sua própria marca de acessórios feitos à mão. Também gosta de mostrar a sua imagem, as suas roupas e maquilhagem nas redes sociais, à semelhança do que fazem muitos outros jovens. “Os meus amigos inspiram-se nas roupas que visto e na maquilhagem que uso. Também estão interessados na minha imagem. Gosto de partilhar os meus desenhos em várias plataformas, como o Instagram ou o WeChat. Talvez deveria descrever-me a mim própria como uma artista diversificada.” Vanessa Yam também tem uma predilecção para a ilustração, tendo criado uma nova marca para o efeito. Apesar de se considerar feliz no mundo das artes, a pintura propriamente dita não aconteceu na sua vida por pressão da família. “Gostava de desenhar quando era criança, era algo que estava sempre a fazer. Comecei a querer ser pintora desde muito cedo, mas desisti deste sonho quando acabei a escola secundaria porque a minha família não queria que eu fosse uma artista, pensavam que não era bom para mim. No final falei com um primo e ele conseguiu convencer os meus pais.”
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaEnergia | Tesla expande rede de recarga para carros eléctricos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fabricante norte-americano de carros eléctricos Tesla revelou ontem o projecto de expansão da rede de carregamento na China, um mercado estratégico para a marca. A rede de recarga cobre actualmente a maioria das cidades no Delta do Rio Yangtze, o Delta do Rio das Pérolas, a região Pequim-Tianjin-Hebei e a área de Chengdu-Chongqing, segundo a filial Tesla China. O número de supercarregador da Tesla excedeu um milhar de unidades. Com um supercarregador, um veículo da empresa pode ser completamente recarregado dentro de uma hora. A empresa também estabeleceu mais de dois mil carregadores regulares em várias cidades e destinos turísticos em todo o país. A Tesla também construiu as três maiores estações de carregamento do mundo na China, que podem carregar 50 carros ao mesmo tempo. A empresa fundada por Elon Musk tem agora mais de 30 lojas e mais de 50 centros de pós-venda na segunda maior economia mundial. No ano passado, a Tesla tomou a decisão de entregar versões levemente modificadas dos carros Model S e Model X no mercado chinês, para atender aos padrões para carregadores chineses. A acção deu aos clientes da Tesla mais opções de carregamento além da própria rede de carregamento da Tesla.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaNovo Macau | Caso Sulu Sou sem efeito directo na obtenção de donativos A Associação Novo Macau continua com a campanha de crowdfunding activa e já obteve cerca de metade do dinheiro que precisa para funcionar, ou seja, 150 mil dólares de Hong Kong. Scott Chiang, ex-presidente, garante que o caso Sulu Sou ajudou mas não foi o factor principal para a obtenção de donativos ou para a inscrição de novos membros A suspensão temporária do deputado Sulu Sou da Assembleia Legislativa (AL) tem vindo a chamar mais a atenção da sociedade para a Associação Novo Macau (ANM), mas nem por isso teve um efeito directo na obtenção de donativos que a entidade precisa para operar, desde que os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong deixaram de contribuir financeiramente com os seus salários. Quem o afirma é Scott Chiang, ex-presidente e membro da ANM. A associação, que mudou recentemente de instalações, tem levado a cabo uma campanha de crowdfunding que dura até Março. Os associados já conseguiram obter cerca de 50 por cento do dinheiro que necessitam, ou seja, 300 mil dólares de Hong Kong. O caso Sulu Sou “teve e não teve influência”, apontou Scott Chiang. “O caso fez com que haja uma maior preocupação em relação à associação e às suas actividades. Mas não teve influência, uma vez que não estamos a recolher fundos para pagar aos advogados, não é disso que se trata.” “Acredito que as pessoas não doam dinheiro apenas devido ao caso de Sulu Sou, mas porque têm consciência do quão frágil é o campo pró-democrata. Ainda somos uma minoria no campo político e temos de contar com mais apoio popular para continuarmos o nosso trabalho”, acrescentou o ex-presidente. A ANM necessita desse dinheiro para pagar rendas, salários e para financiar actividades. Caso não obtenha a totalidade dos 300 mil dólares de Hong Kong, o montante será devolvido a quem o doou. “Estamos a tentar ser optimistas e penso que depois do Ano Novo Chinês será preciso relembrar as pessoas da nossa campanha e o que está a acontecer. Vamos tentar mobilizar mais apoio.” Mais membros Scott Chiang referiu ainda que a associação do campo pró-democrata tem vindo a receber mais membros. “Se disser que sim [que o caso Sulu Sou teve influência], não estarei a ser correcto para com os novos membros, porque são corajosos, querem ajudar e fazer algo por Macau, e não apenas por causa do caso de Sulu Sou.” “Não vamos diminuir a sua contribuição, há mais coisas além dessa para se ser um membro da Novo Macau. O caso só veio relembrar as pessoas de que há algo que não está bem, que vivemos num território onde as coisas mudam e que há um lado que é ainda demasiado poderoso e que nos quer destruir. É uma boa recordação para que as pessoas não se esqueçam que continuamos frágeis e que precisamos de ser apoiados pela maioria das pessoas”, concluiu Scott Chiang.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCabo Verde | Activistas continuam a não confiar no projecto de David Chow O grupo de activistas cabo-verdianos intitulado Movimentu Korrenti di Ativista continua a ter muitas dúvidas em relação ao empreendimento turístico que o empresário local David Chow quer erguer no Ilhéu de Santa Maria. Apesar de já existir um relatório de impacto ambiental, e de terem sido feitas alterações ao projecto, o grupo queixa-se de falta de informações da parte do Governo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s alterações que foram feitas ao empreendimento turístico que o empresário e ex-deputado David Chow quer erguer no Ilhéu de Santa Maria, em Cabo Verde, continuam a não agradar ao grupo de activistas cabo-verdianos Movimentu Korrenti di Ativista, que desde o início se insurgiu contra o projecto. Nem a realização de um estudo de impacto ambiental eliminou as incertezas sentidas pelos activistas. Em declarações ao HM, Ras Munda, representante do grupo, considerou que continuam a não existir informações suficientes sobre um projecto que irá alterar a génese do local e a ligação da população ao meio ambiente envolvente. “Quanto ao impacto ambiental, só o futuro da obra responderá a isso. A construção no ilhéu deste complexo é, por si só, um grande atentado contra a natureza, porque a construção gera uma grande complexidade com os bairros periféricos. É preciso ver o ambiente não só como aquilo que tocamos e sentimos, mas também as informações que observamos.” O grupo alerta para uma grande ausência de informações relativamente aos ganhos que os cabo-verdianos podem obter com este empreendimento turístico. “Como já avançaram com o projecto, ao menos devem explicá-lo melhor, divulgando da melhor forma o que pensam em termos concretos para o povo, que ao menos passa a ganhar confiança na decisão que tomaram. É preciso dizer em concreto o que é que vamos ganhar com este investimento. Precisamos saber agora se estão preparados para nos avançar com os mesmos números que estão no Boletim Oficial.” De acordo com o jornal cabo-verdiano A Nação, o casino já não vai ficar situado sobre o mar como estava previsto inicialmente. Esta foi uma das alterações propostas pela Câmara Municipal da Praia. Ao jornal, o vereador do urbanismo Rafael Fernandes garantiu que os pedidos foram bem aceites pela empresa de David Chow, a Macau Legend Development Cabo Verde Resorts SA. “Houve uma pequena alteração, até sugerida por nós, em relação à ponte e aos edifícios que eram uma espécie de bungalows, o que não fazia sentido na primeira versão, porque parecia que era um destino turístico de praia e não é. É um turismo de cidade, diferente do que acontece nas outras ilhas. E houve também uma adaptação no ilhéu. O edifício projectado ia demorar muito tempo a ser construído e com um custo acrescido. O edifício emblemático do casino vai ficar com o mesmo aspecto mas ancorado no ilhéu”, explicou o vereador. Houve também mudanças em relação à ponte de ligação entre a Gamboa e o Ilhéu de Santa Maria. O Movimentu Korrenti di Activista confessou ao HM nunca ter estado contra a realização de obras no local, mas preferia que as mesmas tivessem o cunho da população. “O projecto foi contestado por nós porque acreditamos que o Governo deveria dar um destino mais sustentável para o ilhéu que tem uma grande importância para os cabo-verdianos. Poderiam ser realizada obras, mas estas deveriam ao menos partir do próprio Governo, com propostas dos cidadãos e com construções mais simples e sustentáveis que respeitavam a dinâmica, a cultura e o ambiente da nossa cidade.” Os três vectores O grupo Movimentu Korrenti di Ativista considera que o investimento de David Chow é como lançar uma moeda ao ar sem saber qual dos lados vai cair no chão. “O Governo e a autarquia estão a pensar que a moeda vai cair da maneira que estão a pensar. Mas de onde vem esta certeza? E se der tudo ao contrário? Será que estes governantes estão preparados para assumir esta responsabilidade?”, questionou o representante do grupo. Tal como já tinha sido noticiado, os activistas alertam para a possibilidade do empreendimento de David Chow poder atrair mais prostituição e casos de branqueamento de capitais. “Aos cabo-verdianos que consideraram esta uma boa decisão, devem estar atentos a três dados: a questão do tráfico de drogas, prostituição e lavagem de capital.” Há também o receio de se gerarem situações de desigualdade ou mesmo exclusão social. “Eles devem pensar [se o projecto] abre a porta para a possibilidade de transformação destas ilhas num paraíso fiscal no continente africano”, rematou o grupo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaChefe do Executivo | Discurso de Ano Novo pautado pela diferença Imobiliário, habitação e património. Três áreas consideradas centrais para o Governo e que marcaram o discurso oficial de Ano Novo Chinês do Chefe do Executivo. Uma mensagem que aos olhos de Larry So e Carlos Marreiros trouxe algo de novo em relação aos anos anteriores [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão bastaram os votos de boa sorte na chegada do Ano do Cão ou a garantia de que o território mantenha a estabilidade e prosperidade económica. O discurso oficial de Ano Novo Chinês do Chefe do Executivo, Chui Sai On, pautou-se este ano pela diferença, tendo abordado as últimas medidas adoptadas pelo Governo para lidar com o aumento dos preços das casas e a especulação imobiliária. Foi também referida a necessidade de seguir as regras da UNESCO no que diz respeito à protecção do património e do centro histórico “com seriedade e rigor”. De acordo com o analista político Larry So, este foi um discurso diferente do habitual e marcado por mensagens específicas, que espelham as preocupações da população. “Normalmente esperamos que o Chefe do Executivo fale sobre a questão da prosperidade económica, mas desta vez Chui Sai On teve um discurso que mais parece estar ligado às Linhas de Acção Governativa (LAG) ou a determinadas políticas, ao afirmar que nos próximos anos há preocupações sobre a habitação, o desenvolvimento económico ou o património”, referiu. Na visão de Larry So, Chui Sai On “mostrou preocupação em relação a questões como a habitação, património ou mercado imobiliário simplesmente porque a sociedade tem essa grande procura, essas grandes aspirações”. Uma alteração visível no discurso do Chefe do Executivo foi a referência às medidas já apresentadas no hemiciclo para controlar a especulação imobiliária. “O Governo apresentou à Assembleia Legislativa o diploma com as medidas de controlo do mercado de habitação, desta vez com carácter de urgência, esperando que essas políticas possam conduzir a um desenvolvimento saudável do mercado imobiliário e também facilitar a aquisição de casa por parte dos jovens”, pode ler-se. Este “carácter de urgência” poderá estar relacionado com uma eventual pressão recebida do Governo Central para que o Executivo local resolva um problema que se arrasta há anos, mas para o qual nunca foi encontrada uma solução concreta por, de acordo com os governantes, estarmos perante um mercado livre. Contudo, Larry So não dá certezas. “Ninguém pode confirmar isso [se o Chefe do Executivo recebeu avisos directos de Pequim para legislar sobre os preços da habitação], mas estou certo que o Governo Central deixou claro [no último encontro que Chui Sai On teve em Pequim] que algumas questões tinham de ser resolvidas. O Governo teve de expressar que, pelo menos, há esta preocupação.” Questão de património A referência à protecção do património, numa altura em que está em consulta pública o plano de preservação do centro histórico, foi uma das novidades do discurso do Chefe do Executivo, que, por norma, não faz grandes referências a esta área. “Há muitas pressões, muitas vozes que dizem que o Governo não está a fazer o suficiente nesta área, e é por isso que é uma das razões que alargou o seu discurso a este assunto”, disse Larry So. O analista político, ex-docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), considerou que, também neste caso, Chui Sai On tentou mostrar que o Governo está atento àquilo que a população deseja que seja feito. “Muitos jovens, especialmente os que estão mais ligados a questões ambientais, estão verdadeiramente preocupados. Há preocupação com a vida das comunidades, e este discurso mostra que o Chefe do Executivo sabe que a sociedade tem preocupações relacionadas com a cultura. Ele sabe que existe esta apreenção e quer que a comunidade tenha esse conhecimento.” Também o arquitecto Carlos Marreiros aplaudiu a inclusão do tema património no discurso oficial de Ano Novo Chinês. “O centro histórico e as tradições culturais são importantes para as memórias de Macau e para a fixação da sua diferença. Estamos num contexto altamente competitivo, não temos recursos humanos nem os meios desejados para que possamos competir em algumas áreas como cidades vizinhas, daí que estas questões mereçam cada vez mais aparecer no discurso da primeira autoridade de Macau, que é o Chefe do Executivo. Acho que é extremamente importante.” O arquitecto e membro do Conselho do Património Cultural voltou a frisar que não basta Macau ser conhecido como o território do jogo. “Temos de lutar cada vez mais para que haja outras alternativas para o turismo de massas, nomeadamente no que diz respeito ao centro histórico e potenciá-lo com mais ofertas de qualidade. Por isso vejo esta notícia como sendo muito positiva espero que, depois deste assunto ser abordado pelo Chefe do Executivo, possa inspirar mais serviços públicos a falar sobre estes grandes problemas”, concluiu Marreiros.
Andreia Sofia Silva Eventos“Quotidianos” | Nova obra de António Conceição Júnior lançada segunda-feira O autor e artista macaense afirma não se cansar de pensar sobre o território que habita e que é também uma parte de si. Em “Quotidianos”, António Conceição Júnior reflecte sobre a sua Macau em exercícios de cidadania que se espelham em 43 artigos. A obra é lançada na próxima segunda-feira no consulado-geral de Portugal em Macau [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m “Escritos do Amor e do Desafecto – Crónicas de Cidadania”, António Conceição Júnior, artista macaense, pensou a sua cidade num dos momentos mais importantes enquanto território, aquando da transferência de soberania de Macau para a China. Depois dessa obra, lançada com a chancela da Livros do Meio, o autor volta a reflectir sobre o território que habita e do qual faz parte. “Quotidianos” reúne um total de 43 textos escritos num período compreendido entre 2015 e 2017. Trata-se, como o autor disse ao HM, “de um somatório de textos datados, quase um registo de bordo de uma navegação existencial”. Nascido e criado em Macau, depois de ter feito os estudos na área das artes em Portugal, Conceição Júnior nunca se separou das suas raízes e da sua essência macaense. O autor de “Quotidianos” pensa a sua cidade como se respirasse. “Sou um reincidente e não me canso (embora, talvez, possa cansar, mas assumo o risco!) de falar e reflectir sobre Macau, a cidade e como nela podemos intervir. Trata-se como que de um registo datado daquilo que, em cada momento, me impeliu a escrever”, acrescentou ao HM. No comunicado enviado à imprensa, lê-se que este livro pretende levar o leitor a “uma incursão pelos pressupostos fundamentais da própria existência numa cidade”. “Quotidianos” é uma edição de autor, por opção do próprio António Conceição Júnior. A apresentação do livro tem lugar no auditório do consulado-geral de Portugal em Macau, contando com prefácio do professor António Aresta e apresentação do historiador Luís Sá Cunha. Conceição Júnior explana a ligação que mantém com o autor do prefácio da sua obra desde há muito. “Tenho mantido correspondência relativamente assídua com Dr. António Aresta desde há alguns anos, ambos manifestando o nosso envolvimento com Macau e a sua essencialidade. Admirando o seu trabalho sobre a minha terra, perguntei-lhe se me dava o gosto de escrever o prefácio, ao que anuiu prontamente e que muito agradeço.” “Este livro é não só ‘um exercício de cidadania corajosa, culta, actualizada e com um poder de contágio simpático’, mas também um meio para atenuar fronteiras por se apresentar ‘desigualmente repartido entre a antropologia filosófica, a ciência política, a literatura de ideias e o pensamento urbano’”, conforme escreveu António Aresta no prefácio. Um dever, mais do que exercício António Conceição Júnior não tem em mente criar linhas de pensamento de coisa nenhuma, mas sim a de mostrar as reflexões sobre um território que tão bem conhece. Nascido em 1951, filho da escritora Deolinda da Conceição, o artista havia de regressar a Macau depois de se licenciar em Artes Plásticas e Design pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Por convite do governador Garcia Leandro, Conceição Júnior tornou-se, a partir de 1978, responsável pela formulação da política cultural do território, tendo sido também, entre 1984 e 1997, chefe do departamento de cultura do Leal Senado e, posteriormente, assessor para a cultura do Governador de Macau. Aquilo que escreveu em “Quotidianos” não é considerado um mero exercício de escrita, muito menos uma obrigação de publicar enquanto autor, mas sim um dever. “É dever de cada um participar neste colectivo em que todos nos integramos, seja de que forma for. Não tenho a veleidade de propor uma reflexão inovadora sobre o contexto da cidade, mas não me abstenho de ir partilhando as minhas perspectivas sobre o gostaria de ver posto em prática para uma melhor qualidade de vida.” Nesse sentido, Conceição Júnior pretende tão somente mostrar pensamentos sobre uma cidade cheia de diversidade e de contrastes. “Quotidianos” é, portanto, “uma de muitas outras maneiras de reflectir esta cidade onde coabitam múltiplas culturas, lugar único onde a raiz ocidental se posicionou na costa meridional do Império do Meio.” “Essa forma de coexistência, de legado histórico, traz à superfície o modo como as culturas em presença se interpretam, e interpretam e interpelam a cidade. Trata-se de um conjunto de escritos independentes entre si, mas ligados por uma preocupação, em oposição à indiferença, pela edificação diária de uma cidade com uma história multi-centenária. É também dirigido àqueles que têm a missão de entender a essência da cidade e de a valorizar”, frisou. O autor recorda mesmo a sua participação em 2001, num congresso da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA), que decorreu em Macau. “A propósito de Cidades Criativas, tive oportunidade de – como participante – dizer que ‘a cidade criativa é não só um novo contrato social mas também um método de planificação estratégica, examinando o modo como as pessoas podem pensar, planear e agir criativamente na cidade. Em suma, é a instalação do diálogo pleno com vista a conduzir a uma compreensão sobre a maneira como se pode humanizar e revitalizar as cidades tornando-as mais produtivas e eficientes, recuperando o talento e a imaginação dos cidadãos’”. Sobre as cidades criativas, e sobre o próprio território em que habita, Conceição Júnior cita o escritor britânico Ian Morris, também professor de História e Arqueologia na Universidade de Stanford. “There is no more need for writing; what is left is to pratice” (Não há mais necessidade de escrever; o que falta é praticar).
Andreia Sofia Silva BrevesDavid Chow promete investir mais em Cabo Verde [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]avid Chow esteve em Cabo Verde, onde tem em construção o Complexo Turístico do Ilhéu de Santa Maria, o maior projecto de turismo actualmente naquele país da África Ocidental. O empresário local deixou a promessa de mais investimento e em diferentes áreas naquele território Depois do lançamento do Complexo Turístico do Ilhéu de Santa Maria, um projecto avaliado em 250 milhões de euros, que representa quase 15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde, o empresário radicado em Macau promete continuar a investir no país em áreas como a banca, protecção ambiental e agricultura. A abertura de um banco figura como o primeiro passo concreto, depois de ter revelado que submeteu, na sexta-feira, o pedido de autorização para o efeito junto do banco central cabo-verdiano. O pedido surge na sequência da assinatura, em Junho, de um memorando de entendimento com o Governo de Cabo Verde para a criação de uma instituição de crédito denominada Banco Sino-Atlântico. O anúncio foi feito por David Chow à margem do lançamento da primeira pedra da ponte que vai ligar a praia da Gamboa ao ilhéu de Santa Maria, onde ficará instalado o casino, numa cerimónia que assinalou a introdução de algumas alterações ao projecto inicial. Abertura prevista para 2019 A primeira pedra do Complexo Turístico do Ilhéu de Santa Maria, que inclui um ‘resort’, marina, centros de convenções e um casino, foi lançada em Fevereiro de 2016, estando a abertura prevista para o próximo ano. Apesar de atrasos nas obras, justificados com ajustamentos, o empresário prometeu acelerar o projecto de modo a cumprir o prazo de conclusão previamente definido. De acordo com a imprensa cabo-verdiana, a equipa de trabalho vai inclusive ser reforçada com técnicos especializados procedentes de Macau. “Este projecto é estruturante para a ilha, para a cidade da Praia e para o nosso país. O senhor David Show está a dar um bom exemplo e a contribuir para que possamos crescer. O Governo está a trabalhar para que os investidores se sintam em casa no nosso país e que tenham sucessos nos seus negócios”, escreveu o ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, no Facebook. O vereador do urbanismo da Câmara Municipal da Praia destacou, por seu turno, o impacto “importantíssimo” daquele “grande projecto” nomeadamente na criação de emprego. A expectativa preliminar é a de que venha a gerar 2100 postos de trabalho directos, à luz de dados anteriormente divulgados. Segundo a agência de notícias Inforpress, David Chow garantiu estar determinado em investir em áreas diferentes que tenham impacto directo na economia e, sobretudo, na geração de emprego, deixando ainda a promessa de dotar o país de infra-estruturas de qualidade, capazes de o projectar no mundo dos negócios, segundo destaca o Governo de Cabo Verde no seu portal.