Registo criminal | DSAL diz que pedido a TNR’s depende de análise


[dropcap]C[/dropcap]han U Tong, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), respondeu ao deputado Lei Chan U que a possibilidade de vir a pedir registos criminais a todos os trabalhadores não residentes (TNR) dependerá de análises futuras.

“Relativamente à necessidade de estender a obrigação acima referida a todos os TNR domésticos, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) manterá uma estreita ligação com associações, órgãos e outros serviços relevantes, levando em conta vários factores e opiniões da sociedade e avaliando a eficácia das actuais medidas e a situação do mercado de trabalho. Isto a fim de rever e aperfeiçoar continuamente as disposições sobre o pedido de permanência de TNR”, lê-se na resposta ao deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Actualmente cabe ao CPSP fazer o pedido dessa documentação em casos pontuais, como é o caso dos TNR que pretendam trabalhar na área da segurança privada.

No que diz respeito à possível obrigatoriedade dos TNR domésticos entregarem relatórios com exames médicos, a DSAL relembra a existência da lei da protecção de dados pessoais e promete “continuar com uma mente aberta para ouvir as opiniões de todos os sectores sociais e fazer uma análise cuidadosa em articulação com a situação real da sociedade”.

26 Nov 2019

Registo criminal | DSAL diz que pedido a TNR’s depende de análise


[dropcap]C[/dropcap]han U Tong, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), respondeu ao deputado Lei Chan U que a possibilidade de vir a pedir registos criminais a todos os trabalhadores não residentes (TNR) dependerá de análises futuras.
“Relativamente à necessidade de estender a obrigação acima referida a todos os TNR domésticos, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) manterá uma estreita ligação com associações, órgãos e outros serviços relevantes, levando em conta vários factores e opiniões da sociedade e avaliando a eficácia das actuais medidas e a situação do mercado de trabalho. Isto a fim de rever e aperfeiçoar continuamente as disposições sobre o pedido de permanência de TNR”, lê-se na resposta ao deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Actualmente cabe ao CPSP fazer o pedido dessa documentação em casos pontuais, como é o caso dos TNR que pretendam trabalhar na área da segurança privada.
No que diz respeito à possível obrigatoriedade dos TNR domésticos entregarem relatórios com exames médicos, a DSAL relembra a existência da lei da protecção de dados pessoais e promete “continuar com uma mente aberta para ouvir as opiniões de todos os sectores sociais e fazer uma análise cuidadosa em articulação com a situação real da sociedade”.

26 Nov 2019

Conselho das Comunidades | Dirigentes reeleitos por mais três anos 

José Sales Marques foi reeleito por mais três anos presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses. Leonel Alves permanece como presidente do conselho geral. Ambos esperam estreitar mais laços com o Governo para que as casas de Macau espalhadas pelo mundo possam ter mais apoios para divulgar o que o território tem

 

[dropcap]O[/dropcap]s corpos dirigentes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foram reeleitos por mais três anos e os planos são de uma maior aproximação entre as diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Leonel Alves, advogado, continua a ser o presidente do conselho geral do CCM no próximo triénio e contou ao HM que os planos passam pela criação de uma rede de contacto entre Governo e associações.

“Deve haver um melhor enquadramento com as autoridades locais, proporcionando um maior conhecimento das actividades das Casas e do próprio conselho em Macau e em última instância desenvolver uma acção conjunta com o Governo para a prorrogação das tradições e dos costumes macaenses.”

Para Leonel Alves, deve ser mantido “um contacto mais estreito com as diversas casas de Macau, auscultar os problemas que têm e procurarmos em conjunto soluções para que possam implementar as acções que pretendem desenvolver no sentido de divulgar o nome de Macau no exterior nos países onde vivem”.

Ideia semelhante tem José Sales Marques, reeleito presidente do conselho permanente do CCM. “Os apoios têm-se mantido mais ou menos regulares. Mas no futuro deveríamos ter acesso a outros meios financeiros, mas isso não deve ser feito de uma perspectiva utilitarista, apenas para aumentar os subsídios que só servem a uma pequena comunidade. Queremos ser úteis a Macau.” Para Sales Marques, esse apoio deve ser direccionado para que as Casas de Macau possam colaborar na divulgação do território.

Olhar a Grande Baía

Os corpos dirigentes do CCM vão também procurar aproveitar mais as potencialidades do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para atrair os jovens da diáspora. Deve haver “uma interacção maior com as potencialidades de Macau a nível do turismo e a nível cível, de uma ligação profissional. Há muitos membros no activo, deveria haver uma rede de contactos”, defendeu Leonel Alves.

Sales Marques denota “um interesse maior” por parte dos jovens macaenses no projecto em causa. “Esse interesse também tem de ser alimentado com uma maior informação, e é algo que queremos fazer agora. A maior parte dos jovens já tem muita experiência e vontade de conhecer novos mundos, e penso que essas características poderão ser úteis e abrir caminhos para que se possam fazer coisas a nível profissional ou de negócios.”

O economista fala do exemplo do Brasil, “um mercado importante para a China”. “O potencial ainda está muito longe de esgotar acho que há aqui muitas oportunidades”, acrescentou.

Na agenda fica ainda o diálogo contínuo com as autoridades locais, o “aumento do nível de coesão” entre a comunidade macaense que está no território e a diáspora e ainda a revisão dos estatutos, para que seja mais fácil dialogar e reunir mais do que uma vez a cada três anos.

26 Nov 2019

Conselho das Comunidades | Dirigentes reeleitos por mais três anos 

José Sales Marques foi reeleito por mais três anos presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses. Leonel Alves permanece como presidente do conselho geral. Ambos esperam estreitar mais laços com o Governo para que as casas de Macau espalhadas pelo mundo possam ter mais apoios para divulgar o que o território tem

 
[dropcap]O[/dropcap]s corpos dirigentes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foram reeleitos por mais três anos e os planos são de uma maior aproximação entre as diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Leonel Alves, advogado, continua a ser o presidente do conselho geral do CCM no próximo triénio e contou ao HM que os planos passam pela criação de uma rede de contacto entre Governo e associações.
“Deve haver um melhor enquadramento com as autoridades locais, proporcionando um maior conhecimento das actividades das Casas e do próprio conselho em Macau e em última instância desenvolver uma acção conjunta com o Governo para a prorrogação das tradições e dos costumes macaenses.”
Para Leonel Alves, deve ser mantido “um contacto mais estreito com as diversas casas de Macau, auscultar os problemas que têm e procurarmos em conjunto soluções para que possam implementar as acções que pretendem desenvolver no sentido de divulgar o nome de Macau no exterior nos países onde vivem”.
Ideia semelhante tem José Sales Marques, reeleito presidente do conselho permanente do CCM. “Os apoios têm-se mantido mais ou menos regulares. Mas no futuro deveríamos ter acesso a outros meios financeiros, mas isso não deve ser feito de uma perspectiva utilitarista, apenas para aumentar os subsídios que só servem a uma pequena comunidade. Queremos ser úteis a Macau.” Para Sales Marques, esse apoio deve ser direccionado para que as Casas de Macau possam colaborar na divulgação do território.

Olhar a Grande Baía

Os corpos dirigentes do CCM vão também procurar aproveitar mais as potencialidades do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para atrair os jovens da diáspora. Deve haver “uma interacção maior com as potencialidades de Macau a nível do turismo e a nível cível, de uma ligação profissional. Há muitos membros no activo, deveria haver uma rede de contactos”, defendeu Leonel Alves.
Sales Marques denota “um interesse maior” por parte dos jovens macaenses no projecto em causa. “Esse interesse também tem de ser alimentado com uma maior informação, e é algo que queremos fazer agora. A maior parte dos jovens já tem muita experiência e vontade de conhecer novos mundos, e penso que essas características poderão ser úteis e abrir caminhos para que se possam fazer coisas a nível profissional ou de negócios.”
O economista fala do exemplo do Brasil, “um mercado importante para a China”. “O potencial ainda está muito longe de esgotar acho que há aqui muitas oportunidades”, acrescentou.
Na agenda fica ainda o diálogo contínuo com as autoridades locais, o “aumento do nível de coesão” entre a comunidade macaense que está no território e a diáspora e ainda a revisão dos estatutos, para que seja mais fácil dialogar e reunir mais do que uma vez a cada três anos.

26 Nov 2019

IC quer responsabilidade penal para roubo ou dano de arquivos

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) propõe o estabelecimento de molduras penais em casos de mau tratamento de arquivos históricos, algo que não está estabelecido na actual lei em vigor. De acordo com o documento de consulta pública, é proposta a “consagração de responsabilidade penal por actos praticados contra os bens arquivísticos”, nomeadamente a “aplicação aos crimes praticados contra estes bens, dos crimes contra o património previstos no Código Penal, nomeadamente furto, roubo e dano”.

Além disso, o IC pretende que “os arquivos públicos e os arquivos privados classificados ou em vias de classificação não possam, como regra, ser exportados, criminalizando-se a sua exportação sem autorização”.

A exportação desses mesmos documentos apenas pode ser feita tendo em conta as “finalidades educativas, culturais ou científicas”.

Neste âmbito de penalização, enquadram-se os “proprietários que não utilizem adequadamente os arquivos classificados e que causem danos aos mesmos, as pessoas colectivas de utilidade pública administrativa e as instituições de interesse público que eliminem arquivos sem notificarem previamente o Arquivo de Macau, para efectuar a sua avaliação”.

No que diz respeito à lei em vigor, o IC pretende manter as sanções administrativas sempre que “o proprietário não notifique o Arquivo Histórico sobre a intenção de alienar um arquivo classificado, para efeitos de exercício do direito de preferência e no caso de destruição de arquivos privados classificados”.

Os funcionários públicos ficam de fora da aplicação de responsabilidade penal ou de sanções administrativas, uma vez que continuam sujeitos ao regime disciplinar do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau.

Poder ao Arquivo

Na proposta de revisão, que sexta-feira será discutida na primeira sessão de consulta pública, o IC propõe também que “se atribuam aos proprietários de arquivos privados classificados um conjunto de direitos e obrigações”, a fim de estes terem essa documentação guardada no Arquivo de Macau. Nesse sentido, o Governo deseja que os proprietários “permitam que o Arquivo de Macau reproduza arquivos privados classificados e que os mesmos sejam disponibilizados ao público”. Além disso, “de forma a evitar a destruição de arquivos privados classificados, propõe-se que os proprietários estejam impedidos de os eliminar e que tenham que informar o Arquivo de Macau caso pretendam aliená-los, para que a RAEM possa exercer o direito de preferência”.

26 Nov 2019

Bienal de Shenzhen |Projecto da equipa de Maria José de Freitas obtém segundo lugar 

Estão escolhidos os nomes que vão representar Macau na 8.ª Bienal Bi-Citadina de Urbanismo/Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong. O “Escritório de Arquitectos Planwish Lda” obteve o Prémio de Ouro e irá projectar o pavilhão de Macau nesta bienal, que abre ao público dia 21 de Dezembro. Em segundo lugar ficou o atelier da arquitecta Maria José de Freitas, com o tema “Macau Links Through the Future”

 

[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que o Delta do Rio das Pérolas é sinónimo de interconexão permanente, está prestes a chegar a oitava edição da Bienal Bi-Citadina de Urbanismo / Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong, onde Macau estará representada e que acontece a 21 de Dezembro. A fim de escolher os autores do pavilhão de Macau, o Instituto Cultural (IC), em parceria com a Associação dos Arquitectos de Macau (AAM) e o Instituto de Planeamento Urbano de Macau, abriram concurso para a recepção de várias propostas.

O Prémio de Ouro foi atribuído ao “Escritório dos Arquitectos Planwish Lda.”, que apresentou a proposta “Gates of the City”. Em segundo lugar ficou o projecto da equipa da arquitecta portuguesa Maria José de Freitas, com o nome “Macau Links Through the Future”, enquanto “ligações que vêm do passado e que vão para o futuro”, disse ao HM a arquitecta Maria José de Freitas. A ser erguido, este pavilhão iria não só mostrar a ligação de Macau com o exterior como ia também mostrar pedaços da cultura e do património particular do território. Além de Maria José de Freitas, participaram na equipa concorrente Ana Carina Costa, também na parte de arquitectura, Takon Chiu e Chin chio Wu, ao nível do design de interiores, Henrique Silva na parte multimédia e Chan Hin Io na fotografia.

“Pegámos nessa temática e, de alguma forma, fizemos a inter-relação porque Macau é uma cidade que, desde a sua formação e reconhecimento, tem tido essa característica de ser um território ligado a civilizações orientais e ocidentais, que tem estado muito na linha dessa interconectividade e relação. Pensamos que seria fácil transportar esse passado para o futuro.”

Dessa forma, o pavilhão, que não teria mais de 32 metros quadrados, teria “superfícies semi-transparentes, também elas em malha de alumínio, com uma estrutura mental de suporte”. Essa malha “simboliza e tem a ver com essa rede de intercomunicações”, sendo que iria permitir a existência de um pavilhão “semi-transparente, onde fosse possível ver de dentro para fora e de fora para dentro, permitindo uma leitura e interacção permanente e constante”.

O pavilhão projectado pela equipa de Maria José de Freitas iria também abordar a relação de Macau não apenas com o Delta do Rio das Pérolas, mas também com os países de língua portuguesa, tendo sido desenhado um mapa da península de Macau onde foram ligadas as várias pontes de forma interactiva.

No interior desse pavilhão, “iriam existir quatro áreas ao longo de um corredor, onde iríamos recorrer a ecrãs suspensos em tela a fim de projectar imagens de Macau”. “Haveria quatro situações temáticas no interior. Uma relacionada com o património tangível e intangível, outra com o urbanismo e arquitectura, outra com Macau e a Grande Baía, e outra com Macau e os países de língua portuguesa”. Dessa forma, seria dado destaque “à relação de Macau com esta região e com o mundo”, frisou Maria José de Freitas.

O Prémio de Bronze foi atribuído à empresa “Urban Practice – Architecture, Urban Planning and Design Ltd.”, com o nome “Macau Catalyst – Towards a Synergetic Greater Bay”. O IC aponta, em comunicado, que “as propostas recebidas foram todas de grande qualidade, originais, informativas e criativas”. O júri de selecção das propostas foi composto por cinco especialistas de Shenzen e Macau.

Na estação

Este ano esta bienal de arquitectura e urbanismo tem como tema “Interacções Urbanas” e terá lugar na Estação Ferroviária de Futian e várias áreas circundantes de Shenzhen. De acordo com um comunicado do IC, o evento inspira-se “na crescente interconexão global e integração regional, tendo como pano de fundo a análise sobre o fenómeno de interacção e aproximação de laços comuns entre as cidades, entre as cidades e as pessoas, bem como entre as pessoas entre si, nomeadamente no contexto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Desta forma, procura-se “também aprofundar as novas relações culturais que poderão eventualmente surgir entre o significado patrimonial do ‘Centro Histórico de Macau’, classificado como património mundial, e outras cidades da Região da Grande Baía”.

A primeira edição da Bienal de Urbanismo e Arquitectura aconteceu em Shenzhen em 2005. Hong Kong, território vizinho desta cidade chinesa, participa desde 2007, tendo-se tornado depois uma Bienal Bi-Citadina, cuja realização se alterna entre estas duas cidades.

Até à data foram realizadas sete edições da “Bienal Bi-citadina”, alternando-se a sua realização entre Shenzhen e Hong Kong. Macau foi convidada para participar em quatro edições consecutivas, nomeadamente 2013, 2015, 2017 e 2019, “obtendo resultados muito positivos e uma experiência significativa”, aponta o mesmo comunicado.

25 Nov 2019

A verdadeira indignação

[dropcap]D[/dropcap]isse o deputado Si Ka Lon esta semana na Assembleia Legislativa que os protestos em Hong Kong “indignam muita gente em Macau” e que devem ser reforçadas matérias e mecanismos ao nível da segurança do Estado. Si Ka Lon até pode ter razão, sobretudo se falarmos de gerações mais velhas que não conhecem outras realidades ou que estão habituadas a certos status quo.

Mas duvido que os jovens pensem assim. Aliás, diria mesmo que muitos jovens de Macau querem expressar o seu apoio ao que está a acontecer em Hong Kong, mas não podem. O que verdadeiramente indigna as pessoas, ou pelo menos deveria, é a forma como as autoridades lidam com este assunto. A deter pessoas no Leal Senado sem motivo aparente, só porque vestem umas roupas pretas. A proibir a entrada de jornalistas que, por acaso, viram a sua creditação aceite para o Grande Prémio de Macau. A negar a entrada a pessoas no território, incluindo residentes da RAEM, com base em pressupostos que podem não ser verdadeiros.

Esta deveria ser a indignação, mas num parlamento amorfo como é o de Macau, pouco se fala disto. Hong Kong é o elefante no meio da sala.

22 Nov 2019

This is My City | Surma, a miúda de Leiria, vem à China 

Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multi-instrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston

 

[dropcap]N[/dropcap]a carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris.

Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro.

“Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.”

A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma.

“Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta.

Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou.

Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. “Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.”

Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”

Novo álbum a caminho

Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano.

“A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.”

O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”

Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.”

O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.

Caminho atribulado

Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.”

Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.”

Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família.

22 Nov 2019

This is My City | Surma, a miúda de Leiria, vem à China 

Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multi-instrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston

 
[dropcap]N[/dropcap]a carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris.
Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro.
“Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.”
A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma.
“Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta.
Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou.
Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. “Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.”
Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”

Novo álbum a caminho

Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano.
“A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.”
O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”
Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.”
O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.

Caminho atribulado

Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.”
Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.”
Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família.

22 Nov 2019

Ponte HKZM | DSAT quer autocarro directo para o Aeroporto de Hong Kong 


Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito.

“No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.”

Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. 
Lam Hin San adiantou que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota.

“A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.”

Números inéditos

Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. “Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.”

O director da DSAT aprontou ainda a redução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.”

“Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San.

O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.”

No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos.

22 Nov 2019

Ponte HKZM | DSAT quer autocarro directo para o Aeroporto de Hong Kong 


Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito.
“No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.”
Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. 
Lam Hin San adiantou que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota.
“A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.”

Números inéditos

Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. “Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.”
O director da DSAT aprontou ainda a redução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.”
“Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San.
O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.”
No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos.

22 Nov 2019

Fronteiras | Posto de Qingmao com canal exclusivo para visitantes

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Song Pek Kei que o novo posto fronteiriço de Qingmao, ainda em construção, vai ter um canal de passagem apenas para residentes.

“A Polícia de Segurança Pública (PSP) frisa que, com a construção em curso do Posto de Migração do Novo Acesso Fronteiriço Guangdong-Macau (Posto Fronteiriço Qingmao) será adoptada uma passagem fechada e exclusiva a visitantes, sendo que as instalações do referido novo acesso se destinam a visitantes e a residentes de Macau nas suas deslocações entre Macau e o Interior da China através do sistema ferroviário urbano Cantão-Zhuhai.”

Desta forma, “pretende-se disponibilizar uma nova instalação que visa aliviar a pressão do fluxo de pessoas do posto fronteiriço das Portas do Cerco”, acrescenta Lam Hin San, director da DSAT.

No que diz respeito à fronteira das Portas do Cerco, é proibido diariamente “o transporte de passageiros pelos autocarros de turismo entre as 14h00 e as 20h00 nesta fronteira, permitindo apenas durante esse período a utilização do posto fronteiriço da Ponte HKZM ou outros postos fronteiriços de Macau para o efeito”.

22 Nov 2019

Fronteiras | Posto de Qingmao com canal exclusivo para visitantes

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Song Pek Kei que o novo posto fronteiriço de Qingmao, ainda em construção, vai ter um canal de passagem apenas para residentes.
“A Polícia de Segurança Pública (PSP) frisa que, com a construção em curso do Posto de Migração do Novo Acesso Fronteiriço Guangdong-Macau (Posto Fronteiriço Qingmao) será adoptada uma passagem fechada e exclusiva a visitantes, sendo que as instalações do referido novo acesso se destinam a visitantes e a residentes de Macau nas suas deslocações entre Macau e o Interior da China através do sistema ferroviário urbano Cantão-Zhuhai.”
Desta forma, “pretende-se disponibilizar uma nova instalação que visa aliviar a pressão do fluxo de pessoas do posto fronteiriço das Portas do Cerco”, acrescenta Lam Hin San, director da DSAT.
No que diz respeito à fronteira das Portas do Cerco, é proibido diariamente “o transporte de passageiros pelos autocarros de turismo entre as 14h00 e as 20h00 nesta fronteira, permitindo apenas durante esse período a utilização do posto fronteiriço da Ponte HKZM ou outros postos fronteiriços de Macau para o efeito”.

22 Nov 2019

Comunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía 

A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM).

Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

“Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM.

Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”.

Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques.

Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”.

Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou.

A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino.

Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.

Olhar os jovens

O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens.

“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”

Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou.

Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora.

Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.

Problemas do costume

Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.”

“Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.

A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.”

O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.

Contra o saudosismo

Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro.

“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.”

A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu.

Programa provisório 

23/11/2019 (Sábado) 

Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes     

10h00  –  Secção  Cultural  promovida  pelo  Instituto  Internacional  de  Macau  (IIM),  no  Centro  de  Ciência de Macau    

14h30  –  Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau      

16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João  Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau      

19h00  –  Sessão  Solene  de  Abertura  no    Kashgar  Ballroom,  Hotel  Sheraton  Grand  Macao  ‐Cotai  Central      

25/11/2019 (2ª Feira) 

09h00  –  Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua  de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa      

09h30  –  Reunião do Conselho Geral na sede do CCM      

18h00  –  Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas  de Macau e da Comissão Organizadora      

26/11/2019 (3ª Feira) 

10h00  –  Cerimónia  junto  ao  Monumento  de  Homenagem  à  Diáspora  Macaense:  (Apenas  para  dirigentes das Casas. Para  os  restantes  participantes:  Visita  guiada  por  especialistas  do  Instituto  Cultural  de  Macau a locais de interesse histórico) 

11h30  –  Visita  ao  Gabinete  de  Ligação  do  Governo  Central  da  China  em  Macau:  (Somente  para  dirigentes das Casas) (a confirmar)      

15h00  –  Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo      

18h00  –  Missa e Te‐Deum na Sé Catedral      

27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)

08h00  –  

Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo  Central da China em Macau      

29/11/2019 (6ª Feira) 

19h30  –  Festa  de  encerramento  no  Grand  Hall,  4º.  Andar  da  Torre  de  Macau,  em  moldes  que  permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos

22 Nov 2019

Comunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía 

A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

 
[dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM).
Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
“Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM.
Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”.
Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques.
Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”.
Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou.
A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino.
Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.

Olhar os jovens

O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens.
“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”
Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou.
Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora.

Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.

Problemas do costume

Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.”
“Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.
A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.”
O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.

Contra o saudosismo

Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro.
“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.”
A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu.

Programa provisório 

23/11/2019 (Sábado) 

Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes     

10h00  –  Secção  Cultural  promovida  pelo  Instituto  Internacional  de  Macau  (IIM),  no  Centro  de  Ciência de Macau    

14h30  –  Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau      

16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João  Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau      

19h00  –  Sessão  Solene  de  Abertura  no    Kashgar  Ballroom,  Hotel  Sheraton  Grand  Macao  ‐Cotai  Central      

25/11/2019 (2ª Feira) 

09h00  –  Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua  de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa      

09h30  –  Reunião do Conselho Geral na sede do CCM      

18h00  –  Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas  de Macau e da Comissão Organizadora      

26/11/2019 (3ª Feira) 

10h00  –  Cerimónia  junto  ao  Monumento  de  Homenagem  à  Diáspora  Macaense:  (Apenas  para  dirigentes das Casas. Para  os  restantes  participantes:  Visita  guiada  por  especialistas  do  Instituto  Cultural  de  Macau a locais de interesse histórico) 

11h30  –  Visita  ao  Gabinete  de  Ligação  do  Governo  Central  da  China  em  Macau:  (Somente  para  dirigentes das Casas) (a confirmar)      

15h00  –  Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo      

18h00  –  Missa e Te‐Deum na Sé Catedral      

27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)

08h00  –  

Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo  Central da China em Macau      

29/11/2019 (6ª Feira) 

19h30  –  Festa  de  encerramento  no  Grand  Hall,  4º.  Andar  da  Torre  de  Macau,  em  moldes  que  permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos

22 Nov 2019

TSI | Governo com razão em quatro casos de despejo 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo em quatro casos de despejo de terrenos concessionados, decisões essas proferidas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O TSI considerou improcedentes todos os recursos apresentados pelas concessionárias que viram as concessões anuladas pelo Governo.

Um dos terrenos está localizado em Coloane, na zona industrial de Seac Pai Van, tendo sido concessionado à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, Limitada por um período de 25 anos. O prazo terminou a 8 de Novembro de 2015 sem que o terreno tivesse sido desenvolvido. Só a 28 de Setembro é que Raimundo do Rosário ordenou a desocupação do terreno. Também na zona industrial de Seac Pai Van está outro terreno na mesma situação, desta feita concessionado à Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Limitada.

O segundo caso diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, concessionado a Lo Lai Meng e Kuan Vai Lam. O arrendamento do terreno era válido pelo prazo de 25 anos, ou seja, até 7 de Maio de 2016. Em 27 de Março de 2017, o Chefe do Executivo proferiu despacho no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno por seu não aproveitamento até ao termo do prazo de arrendamento. O despejo foi decretado a 28 de Julho de 2017.

Na ilha da Taipa, na avenida Kong Tung, encontra-se outro terreno que também terá de ser despejado, cuja concessão por arrendamento foi atribuída à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, Limitada por um período de 50 anos, sendo que o prazo de aproveitamento fixado no contrato era de 42 meses. A caducidade da concessão foi declarada em 2015.

21 Nov 2019

TSI | Governo com razão em quatro casos de despejo 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo em quatro casos de despejo de terrenos concessionados, decisões essas proferidas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O TSI considerou improcedentes todos os recursos apresentados pelas concessionárias que viram as concessões anuladas pelo Governo.
Um dos terrenos está localizado em Coloane, na zona industrial de Seac Pai Van, tendo sido concessionado à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, Limitada por um período de 25 anos. O prazo terminou a 8 de Novembro de 2015 sem que o terreno tivesse sido desenvolvido. Só a 28 de Setembro é que Raimundo do Rosário ordenou a desocupação do terreno. Também na zona industrial de Seac Pai Van está outro terreno na mesma situação, desta feita concessionado à Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Limitada.
O segundo caso diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, concessionado a Lo Lai Meng e Kuan Vai Lam. O arrendamento do terreno era válido pelo prazo de 25 anos, ou seja, até 7 de Maio de 2016. Em 27 de Março de 2017, o Chefe do Executivo proferiu despacho no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno por seu não aproveitamento até ao termo do prazo de arrendamento. O despejo foi decretado a 28 de Julho de 2017.
Na ilha da Taipa, na avenida Kong Tung, encontra-se outro terreno que também terá de ser despejado, cuja concessão por arrendamento foi atribuída à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, Limitada por um período de 50 anos, sendo que o prazo de aproveitamento fixado no contrato era de 42 meses. A caducidade da concessão foi declarada em 2015.

21 Nov 2019

Restaurante O Santos celebra 30 anos de existência 

Espaço icónico de comida portuguesa em Macau, o restaurante O Santos celebra hoje 30 anos de existência sempre com Santos Pinto a comandar as operações na cozinha e fora dela. Nestas três décadas O Santos já recebeu os Rolling Stones, a selecção portuguesa de futebol e o Benfica. No entanto, a parte mais especial é sempre quando um amigo entra porta adentro

 

[dropcap]N[/dropcap]ão se assume como chefe de cozinha mas como cozinheiro. As definições pouco importam, pois a verdade é que Santos Pinto mantém há 30 anos o seu restaurante O Santos na Rua do Cunha sempre com muitos clientes que adoram a sua comida tipicamente portuguesa. Os tempos, hoje, são outros, diz. No restaurante, Santos Pinto, alentejano da cidade de Montemor-o-Novo, diz ter passado os melhores e os piores momentos da sua vida.

“Abri a tasca no dia 20 de Novembro de 1989. Não tem sido fácil. Graças a Deus estou feliz porque o meu objectivo era ficar aqui até poder e sinto-me bem. Espero fazer a grande festa dos 30 anos, mas assustei-me quando vi as fotos da festa dos 20 anos, porque vi muitos amigos que já não estão cá, mas a vida é mesmo assim”, confessou ao HM.

Ao longo dos anos, o seu restaurante foi-se tornando uma espécie de santuário dos adeptos do Sport Lisboa e Benfica. Há cachecóis do clube por toda a parte (e de outros clubes também) e é ali que se celebram as vitórias. Já recebeu jogadores e dirigentes, e assume-se como benfiquista fervoroso.

“Todos me dizem que tenho a sorte de estar na Rua do Cunha, mas eu é que digo que a Rua do Cunha é que tem a sorte de ter o Santos, mas é a brincar. São 30 anos dedicados só a esta casa, são muitas horas de trabalho, a minha vida mudou de rumo uma série de vezes, mas consegui levar sempre esta casa para a frente. Fiz muitos amigos que estão espalhados pelo mundo, além dos famosos, mas esses são amigos do povo.”

A história do restaurante começou com Santos Pinto a querer alistar-se na Marinha Portuguesa, nos idos anos 70. “Queria ser fuzileiro e disseram-me para escolher a profissão de cozinheiro, que ninguém queria. E concorri, fiz o curso de cozinheiro. Andei 20 anos na marinha a cozinhar, daí a experiência que tenho.”

Quando chegou a hora da filha mais velha seguir os estudos superiores, Santos Pinto decidiu manter-se em Macau, pois ela teria mais facilidades de acesso à universidade em Portugal. Foi aí que abriu o restaurante.
“Consegui o trespasse desta casa. Não foi difícil para mim também porque durante seis anos na messe da marinha servíamos refeições para os funcionários públicos, as marmitas. Teve aqui uma rapariga há pouco tempo que se lembrava disso.”

Depois de tantos anos na cozinha, Santos Pinto já não faz tudo sozinho, mas ainda vigia os tachos. “Agora faço algumas coisas, gosto sempre de passar e cheirar. Noto se a sopa está salgada ou não, são muitos anos e sabemos. Há dias o arroz de pato começou a voltar para trás, porque a qualidade do pato agora é diferente e as pessoas estavam habituadas ao outro pato. Tive que explicar ao rapaz como fazer. Temos de ver porque é que os pratos chegam para trás, se o cliente rapou o tacho ou não…”

Os Rolling Stones

Santos Pinto recebe toda a gente no seu restaurante com um sorriso no rosto. É comum sentar-se à mesa para um ou dois dedos de conversa. Se no início o espaço era maioritariamente frequentado por portugueses, o boom do turismo alterou a clientela.

“Os clientes agora são coreanos, japoneses. Quando abri a tasca, 90 por cento da malta que vinha aqui eram portugueses, trabalhavam nas empresas de construção e tinha também juízes, advogados e funcionários públicos. Agora é o contrário, 90 por cento de chineses e dez por cento de portugueses.”

Em 2014, O Santos recebeu o mais improvável dos clientes: a banda Rolling Stones. Tudo aconteceu com uma mera marcação e só quando Mick Jagger e os seus companheiros entraram no restaurante é que Santos Pinto percebeu para quem era a mesa reservada.

“Para mim foi um momento especial, não foi o mais importante, porque para mim mais importante é quando vem um amigo aqui ao restaurante. Só que foi muito falado em toda a parte. Não paravam de me ligar da minha terra quando se soube”, contou.

Sejam ou não famosos, Santos Pinto recebe sempre bem todos os clientes. “É sempre uma surpresa quando entra alguém. Nunca sabemos quem é e temos de ter cuidado na forma como abordamos as pessoas. A comida é importante, mas ser atencioso com as pessoas não custa nada e as pessoas vão felizes.”

Depois de 50 anos de volta dos tachos e das panelas, Santos Pinto assume não ter segredos a cozinhar, reproduzindo boas velhas fórmulas. “Não tenho segredos. Tenho a minha forma de cozinhar e de temperar, o segredo está no tempero e na qualidade dos produtos. Não invento, a gastronomia não tem segredos, é a boa qualidade dos produtos, o paladar e a experiência de muitos anos.”

20 Nov 2019

Plástico | Muitos levaram saco próprio no primeiro dia de cobrança por supermercados

Esta segunda-feira entrou em vigor a lei que obriga os consumidores ao pagamento de uma pataca por cada saco de plástico. Muitos levaram o seu próprio saco de casa e os supermercados notaram uma redução no uso do plástico. O activista Joe Chan pede um ajustamento do valor cobrado a cada cinco anos, enquanto que associações defendem mudanças na lei

 

[dropcap]P[/dropcap]oucas queixas e aceitação. No primeiro dia em que os supermercados e lojas começaram a cobrar uma pataca por saco de plástico, muitos dos clientes optaram por levar o seu saco de casa, tendo sido registada uma redução no uso do plástico.

Amisha Gurung, de 27 anos e natural da Índia, trabalha na caixa de um supermercado em Macau e assistiu com os seus próprios olhos ao primeiro dia da aplicação da nova lei. “A maioria das pessoas traz o seu próprio saco de plástico, diria mesmo que 95 por cento das pessoas traz o seu saco de plástico. Só cinco por cento não traz e acabam por ter de o comprar”, contou ao HM.

Na opinião de Amisha, os clientes a residir em Macau mostraram estar bem informados da entrada em vigor da nova lei. “A maioria das pessoas que não trouxe saco era oriunda da China e de Hong Kong e desconhecia a lei. Muitos perguntavam porque lhes estava a cobrar uma pataca e eu tive de lhes explicar que era o primeiro dia. Alguns mostraram-se chateados.”

Também Joe Chan, activista ligado às questões ambientais, disse ao HM que, com base nas suas observações, os supermercados terão reduzido o uso de sacos de plástico em 50 por cento.

“Penso que a maior parte das pessoas estão conscientes da mudança e notei que a maior parte das pessoas estão cooperantes. A maior parte dos jovens aceita esta medida e os mais velhos demoram mais tempo a aceitar, mas não se queixam”, apontou.

Para Joe Chan, o Governo deve levar a cabo uma revisão periódica desta lei, sob pena do valor de cada saco de plástico se tornar desajustado com o passar dos anos. “Esta lei tem de ser revista a cada cinco ou dez anos porque o preço de uma pataca tem de ser ajustado. Tem de haver regulação do comportamento das pessoas porque se o preço for muito baixo as pessoas não se preocupam.”

Sucesso em Hong Kong

Um residente de Macau de 32 anos, que não quis ser identificado, disse ao HM que esta “é uma boa medida”, tendo colocado duas embalagens de massa e uma garrafa de água no saco que trouxe consigo de casa. Pelo contrário, outro homem, na casa dos 40 anos, que também não quis dizer o nome, teve de pagar os sacos.

“Saí agora do trabalho e vim directamente às compras, daí não ter trazido saco.”
O pagamento dos sacos de plástico não surpreendeu uma cliente oriunda de Hong Kong, onde há muito tempo existe a medida. Tem sempre consigo um saco de pano.

“Acho que é uma boa medida, que pode ter um impacto ambiental importante, uma vez que os sacos de plástico são uma grande fonte de poluição. Não me importo de pagar uma pataca se me esquecer do meu saco.”

No caso de Hong Kong, “esta medida funciona muito bem, toda a gente aderiu e no geral as pessoas sentem-se bem por estarem a ajudar o ambiente e a reduzir o uso de sacos de plástico”, acrescentou.

Tal como Joe Chan, também a Associação Nova Juventude Chinesa de Macau defende, de acordo com o jornal Ou Mun, que a lei deve ser revista, não pelo valor, mas pela forma como ele está a ser cobrado. As patacas “não deviam ser cobradas pelos lojistas, mas sim pelo Governo”, para que este valor seja aplicado em projectos de protecção ambiental. “O Governo não regulou correctamente a questão da cobrança dos sacos de plástico”, frisou Wong Chi Choi, membro da associação.

Já Cheong Sok Leng, vice-presidente do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, considerou, também de acordo com o jornal Ou Mun, que podem existir abusos na cobrança dos valores pelos sacos de plástico, uma vez que a lei possui zonas cinzentas. O responsável pede ainda mais medidas de sensibilização por parte do Governo.

20 Nov 2019

Richard Hardiman, professor universitário e consultor na área do ambiente: “China está a repetir erros do Ocidente”

Inglês com nacionalidade israelita, Richard Hardiman tem uma intensa relação com a China, onde trabalhou e viveu durante 25 anos. Doutorado em química, com especialização na área do ambiente e recursos hídricos, o professor universitário foi consultor para vários projectos ambientais e de desenvolvimento no país. Richard Hardiman fala dos riscos ambientais causados pela política “Uma Faixa, Uma Rota” e de como a China se preocupa mais com a estabilidade social, associada à problemática da poluição do ar, do que com as alterações climáticas

 

Viveu cerca de 25 anos na China, incluindo no Tibete. Como aconteceu essa jornada?

[dropcap]S[/dropcap]empre quis trabalhar com países em desenvolvimento e fiz o meu doutoramento em Israel na área da agricultura sustentável. Trabalhei também na Índia, um país extremamente difícil para trabalhar. Não conhecia nada sobre a China, não falava mandarim, mas queria ir para lá e fui convidado por uma empresa australiana para trabalhar numa pequena aldeia no noroeste do país. Era o coração da China, o coração das pessoas, a vivência da agricultura, mãos duras, grandes sorrisos. Uma pronúncia muito acentuada. Na altura, a China era um país difícil, não havia electricidade, todos os bens como café ou manteiga eram raros. Tínhamos de ir a Hong Kong buscar tudo isso.

Porque decidiu enveredar pelo estudo do ambiente e alterações climáticas?

Na China quis perceber como é que a população ia ser alimentada, tendo em conta a sua enorme dimensão. A minha especialização estava relacionada com a água, que se relaciona com as alterações climáticas, que por sua vez se liga com a energia e depois com políticas ambientais. Nesta fase olho para todos os aspectos relacionados com o ambiente na China, do ponto de vista de políticas, governança, leis, poluição do ar, dos solos e da água. Tudo isto tem um enorme impacto político em todo o mundo, temos as relações com países como a Rússia, Curdistão, Turquemenistão, com a política “Uma Faixa, Uma Rota” no topo de tudo isso. É algo que não pára de crescer.

Comecemos com essa ideia de que falou, de como se pode alimentar a China. O desenvolvimento económico levou milhões de pessoas dos campos para as cidades. A China encontrou o caminho ideal para dar resposta a esse crescimento de forma sustentável?

O lado sustentável não é uma questão, mas em termos de desenvolvimento económico é claro que há uma estratégia. Os limites de cada aspecto das políticas chinesas, a forma de pensar do Governo, tudo isso está relacionado com a estabilidade social. Quando Mao Zedong estava no Governo, a estabilidade social estava absolutamente controlada. Depois apareceu Deng Xiaoping que disse que, em prol do crescimento económico, para colocar o dinheiro nos bolsos das pessoas, deveria haver estabilidade social. E esse tem sido o pensamento seguido pelos líderes que lhe seguiram. Mas a questão ambiental surgiu no horizonte, as pessoas começaram a dizer “sim, temos dinheiro nos nossos bolsos, temos carros, mas não conseguimos respirar”. Então o ambiente tornou-se uma questão. Actualmente todas as políticas ambientais visam tornar a situação melhor, mas o limite é sempre a estabilidade social. Se olharmos para tudo o que está a acontecer, a política “Uma Faixa, Uma Rota”, é a mesma política que já foi introduzida, que é pegar na energia e materiais, transformá-los em projectos com valor e exportá-los. Tudo está a acontecer do ponto de vista ambiental e de uma forma muito pouco sustentável. A China está a repetir todos os erros do Ocidente, para minha frustração, pois esse foi o meu trabalho lá, mostrar quais foram os nossos erros como ocidentais e como as coisas deveriam ser feitas. Mas não ninguém ouviu essa perspectiva, ficou sempre a ideia do “agora é a nossa vez”.

As pessoas começam a falar dos problemas ambientais que a política “Uma Faixa, Uma Rota” pode trazer. Acredita que ainda é possível reverter a situação?

É muito possível, a questão é se há esse desejo. Xi Jinping disse várias vezes de que a aposta seria em prol da sustentabilidade e todas essas ideias, mas não há provas disso. Muito do financiamento está a ir para projectos ligados à energia, e muitos deles ligados a energias fósseis.  Estes são financiados por bancos estatais e tentam obter os 86 por cento dos financiamentos no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota”. Claro que há alguns projectos ligados às energias renováveis, mas a maior parte está ligado às energias fósseis, e isso é assustador. É quase como replicar o que aconteceu na China, mas a um nível global.

Há muitos acordos assinados com países africanos. Acredita que África será o continente que mais irá sofrer as consequências ambientais destes investimentos?

Não apenas África. Temos o exemplo do Tajiquistão, que vai receber uma central eléctrica no centro da cidade. No caso do Cambodja, o pior cenário é causado por centrais nucleares localizadas na China, que estão a ser encerradas e desmanteladas e vendidas para o Cambodja, passam de lixo para tesouro. Estes cenários não nos dão uma boa previsão do que vai acontecer. Estou muito preocupado com isso.

Existe uma contradição na forma como a China está a levar a cabo as suas políticas ambientais e a postura internacional ao nível das alterações climáticas? A China critica os Estados Unidos por ter abandonado o Acordo de Paris, mas depois na política “Um Faixa, Uma Rota” toma más decisões?

Há uma contradição, absolutamente. A China é muito cuidadosa em relação ao facto de aquilo que é feito estar de acordo com o que é dito. Por exemplo, criaram este conceito, a intensidade do carbono. O que foi afirmado que o país iria reduzir as emissões em cerca de 45 por cento em termos da intensidade do carbono, que é uma forma de reduzir as emissões de carbono em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A China diz querer reduzir esse rácio em 45 por cento até 2020, e 65 por cento até 2030. É um termo muito inteligente, porque o que diz é “podemos aumentar o PIB até um nível superior em relação ao aumento dos níveis de dióxido de carbono”. E fizeram-no. No que diz respeito ao Acordo de Paris, transferiram as indústrias pesadas para indústrias mais ligadas à alta tecnologia. As emissões de carbono têm vindo a aumentar, mas não tanto como se esperava.

Uma vez que os EUA saíram do Acordo de Paris, a China tem a oportunidade de liderar o processo, podendo talvez trabalhar num novo Acordo?

Não me parece que a China se preocupe com as alterações climáticas.

É propaganda?

Não, mas simplesmente não se preocupam. O que se preocupam é em relação à estabilidade social, a poluição do ar, aquilo em que os seus cidadãos estão a pensar. Do meu ponto de vista a poluição do ar não é a mesma coisa que as emissões de dióxido de carbono, pois a poluição do ar está relacionada com partículas, mas há uma relação entre as duas partes. O que eles fizeram nesta área foi notável, uma vez que desceram dos 80 por cento de dependência de energias fósseis para 65 por cento. Mas o limite é ter ar limpo e cidadãos satisfeitos, esse é o foco principal. As alterações climáticas ou a redução das emissões de carbono é um subproduto disso.

Não estão então interessados em liderar nenhum processo global desse tipo?

Não há indicação. Se liderarem, e falo de alterações climáticas, e não falo de mudanças económicas, é mais para estarem no topo, mas porque a China quereria isso? Se voltarmos um pouco atrás à conferência anual, em Copenhaga (em 2009), a China colocou-se nos ombros da Índia e disse: “nós somos países em desenvolvimento, representamos o mundo em desenvolvimento e insistimos que os países desenvolvidos ajam em conjunto e reduzam as emissões de dióxido de carbono”. Afirmaram não estar de acordo com o Protocolo de Quioto. Classificar-se a si mesmo como um país em desenvolvimento não constitui um problema, isso foi em 2009. Mas permitir que os países desenvolvidos reduzissem as suas emissões de dióxido de carbono fez com que se tenha reduzido o poder das indústrias do Ocidente e isso permitiu à China desenvolver muitos aspectos.

A Índia está numa situação pior ao nível das questões climáticas em relação à China? Recentemente vimos a vaga de nuvens de fumo registadas em Nova Deli?

Sim. A Índia está fora de controlo, o país não está assim tão desenvolvido. Quando a China tem uma política preocupa-se com ela e impõe-na. Mas na Índia é uma confusão democrática e não posso dizer que tenha uma política ambiental. Se olharmos para o mapa da poluição do ar, em primeiro lugar surge Nova Deli e o resto da Índia não apresenta problemas. O problema na Índia é que não vejo nenhuma acção conjunta a nível ambiental.

Como ficam os EUA depois de deixarem o Acordo de Paris? Sem Donald Trump é possível voltar atrás?

Não sou adivinho, mas tudo depende de quem chegar ao poder. Nos EUA as emissões por PIB são enormes, estão fora de controlo. O que mais me impressiona é que nos filmes têm sempre céus azuis (risos). Poderiam facilmente reduzir essas emissões, mas o facto de não possuírem uma estratégia, de dependerem dos combustíveis fósseis, sabendo as tecnologias amigas do ambiente estão a ser desenvolvidas lá fora, vai fazer com que o país acabe por perder o barco.

Tendo como base o caso dos EUA, que deixaram o Acordo de Paris com Donald Trump, e a situação dos fogos na floresta da Amazónia, no Brasil presidido por Jair Bolsonaro, acredita que o populismo, e o seu aumento no Ocidente, pode trazer impactos negativos para as políticas ambientais? Há uma relação?

O facto é que todos somos responsáveis. Os nossos carros, os nossos frigoríficos, telemóveis, todas as tecnologias de que somos dependentes, estão a causar esta situação. Os acordos ligados às alterações climáticas, quer seja o de Paris ou Copenhaga, afirmam que os países industrializados não estão dispostos a mudar o seu estilo de vida. A economia está dependente do consumismo, é tudo conduzido dessa forma. Não estamos a avaliar bem as consequências. O Brasil, a situação na Amazónia, as florestas que estão a ser cortadas, é tudo parte de nós. Se os Governos nada fazem as pessoas têm de pressionar as autoridades para que se faça alguma coisa. Se olharmos para a história das políticas ambientais, estas têm sido iniciadas pelas massas. Churchill tornou-se primeiro-ministro do Reino Unido a seguir à II Guerra Mundial, e quando Londres começou a sofrer com as nuvens de fumo causadas pelas indústrias, ele disse que o carvão era o centro da nação, das indústrias, e que nada iria mudar. Em 1952 surgiu uma horrível nuvem de fumo que matou mais de quatro mil pessoas e então houve uma revolta social. Aí surgiu um decreto que proibia o uso do carvão nas casas e nas fábricas, e tudo mudou. A poluição do ar é uma porta de entrada para questões como segurança no trabalho, licença de maternidade, melhores condições de trabalho. Foi isso que levou a uma mudança na China, na Europa, no Japão. As pessoas podem insistir numa mudança e os Governos devem ouvi-las, sobretudo os Governos democráticos.

20 Nov 2019

Richard Hardiman, professor universitário e consultor na área do ambiente: “China está a repetir erros do Ocidente"

Inglês com nacionalidade israelita, Richard Hardiman tem uma intensa relação com a China, onde trabalhou e viveu durante 25 anos. Doutorado em química, com especialização na área do ambiente e recursos hídricos, o professor universitário foi consultor para vários projectos ambientais e de desenvolvimento no país. Richard Hardiman fala dos riscos ambientais causados pela política “Uma Faixa, Uma Rota” e de como a China se preocupa mais com a estabilidade social, associada à problemática da poluição do ar, do que com as alterações climáticas

 
Viveu cerca de 25 anos na China, incluindo no Tibete. Como aconteceu essa jornada?
[dropcap]S[/dropcap]empre quis trabalhar com países em desenvolvimento e fiz o meu doutoramento em Israel na área da agricultura sustentável. Trabalhei também na Índia, um país extremamente difícil para trabalhar. Não conhecia nada sobre a China, não falava mandarim, mas queria ir para lá e fui convidado por uma empresa australiana para trabalhar numa pequena aldeia no noroeste do país. Era o coração da China, o coração das pessoas, a vivência da agricultura, mãos duras, grandes sorrisos. Uma pronúncia muito acentuada. Na altura, a China era um país difícil, não havia electricidade, todos os bens como café ou manteiga eram raros. Tínhamos de ir a Hong Kong buscar tudo isso.
Porque decidiu enveredar pelo estudo do ambiente e alterações climáticas?
Na China quis perceber como é que a população ia ser alimentada, tendo em conta a sua enorme dimensão. A minha especialização estava relacionada com a água, que se relaciona com as alterações climáticas, que por sua vez se liga com a energia e depois com políticas ambientais. Nesta fase olho para todos os aspectos relacionados com o ambiente na China, do ponto de vista de políticas, governança, leis, poluição do ar, dos solos e da água. Tudo isto tem um enorme impacto político em todo o mundo, temos as relações com países como a Rússia, Curdistão, Turquemenistão, com a política “Uma Faixa, Uma Rota” no topo de tudo isso. É algo que não pára de crescer.
Comecemos com essa ideia de que falou, de como se pode alimentar a China. O desenvolvimento económico levou milhões de pessoas dos campos para as cidades. A China encontrou o caminho ideal para dar resposta a esse crescimento de forma sustentável?
O lado sustentável não é uma questão, mas em termos de desenvolvimento económico é claro que há uma estratégia. Os limites de cada aspecto das políticas chinesas, a forma de pensar do Governo, tudo isso está relacionado com a estabilidade social. Quando Mao Zedong estava no Governo, a estabilidade social estava absolutamente controlada. Depois apareceu Deng Xiaoping que disse que, em prol do crescimento económico, para colocar o dinheiro nos bolsos das pessoas, deveria haver estabilidade social. E esse tem sido o pensamento seguido pelos líderes que lhe seguiram. Mas a questão ambiental surgiu no horizonte, as pessoas começaram a dizer “sim, temos dinheiro nos nossos bolsos, temos carros, mas não conseguimos respirar”. Então o ambiente tornou-se uma questão. Actualmente todas as políticas ambientais visam tornar a situação melhor, mas o limite é sempre a estabilidade social. Se olharmos para tudo o que está a acontecer, a política “Uma Faixa, Uma Rota”, é a mesma política que já foi introduzida, que é pegar na energia e materiais, transformá-los em projectos com valor e exportá-los. Tudo está a acontecer do ponto de vista ambiental e de uma forma muito pouco sustentável. A China está a repetir todos os erros do Ocidente, para minha frustração, pois esse foi o meu trabalho lá, mostrar quais foram os nossos erros como ocidentais e como as coisas deveriam ser feitas. Mas não ninguém ouviu essa perspectiva, ficou sempre a ideia do “agora é a nossa vez”.
As pessoas começam a falar dos problemas ambientais que a política “Uma Faixa, Uma Rota” pode trazer. Acredita que ainda é possível reverter a situação?
É muito possível, a questão é se há esse desejo. Xi Jinping disse várias vezes de que a aposta seria em prol da sustentabilidade e todas essas ideias, mas não há provas disso. Muito do financiamento está a ir para projectos ligados à energia, e muitos deles ligados a energias fósseis.  Estes são financiados por bancos estatais e tentam obter os 86 por cento dos financiamentos no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota”. Claro que há alguns projectos ligados às energias renováveis, mas a maior parte está ligado às energias fósseis, e isso é assustador. É quase como replicar o que aconteceu na China, mas a um nível global.
Há muitos acordos assinados com países africanos. Acredita que África será o continente que mais irá sofrer as consequências ambientais destes investimentos?
Não apenas África. Temos o exemplo do Tajiquistão, que vai receber uma central eléctrica no centro da cidade. No caso do Cambodja, o pior cenário é causado por centrais nucleares localizadas na China, que estão a ser encerradas e desmanteladas e vendidas para o Cambodja, passam de lixo para tesouro. Estes cenários não nos dão uma boa previsão do que vai acontecer. Estou muito preocupado com isso.
Existe uma contradição na forma como a China está a levar a cabo as suas políticas ambientais e a postura internacional ao nível das alterações climáticas? A China critica os Estados Unidos por ter abandonado o Acordo de Paris, mas depois na política “Um Faixa, Uma Rota” toma más decisões?
Há uma contradição, absolutamente. A China é muito cuidadosa em relação ao facto de aquilo que é feito estar de acordo com o que é dito. Por exemplo, criaram este conceito, a intensidade do carbono. O que foi afirmado que o país iria reduzir as emissões em cerca de 45 por cento em termos da intensidade do carbono, que é uma forma de reduzir as emissões de carbono em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A China diz querer reduzir esse rácio em 45 por cento até 2020, e 65 por cento até 2030. É um termo muito inteligente, porque o que diz é “podemos aumentar o PIB até um nível superior em relação ao aumento dos níveis de dióxido de carbono”. E fizeram-no. No que diz respeito ao Acordo de Paris, transferiram as indústrias pesadas para indústrias mais ligadas à alta tecnologia. As emissões de carbono têm vindo a aumentar, mas não tanto como se esperava.
Uma vez que os EUA saíram do Acordo de Paris, a China tem a oportunidade de liderar o processo, podendo talvez trabalhar num novo Acordo?
Não me parece que a China se preocupe com as alterações climáticas.

É propaganda?

Não, mas simplesmente não se preocupam. O que se preocupam é em relação à estabilidade social, a poluição do ar, aquilo em que os seus cidadãos estão a pensar. Do meu ponto de vista a poluição do ar não é a mesma coisa que as emissões de dióxido de carbono, pois a poluição do ar está relacionada com partículas, mas há uma relação entre as duas partes. O que eles fizeram nesta área foi notável, uma vez que desceram dos 80 por cento de dependência de energias fósseis para 65 por cento. Mas o limite é ter ar limpo e cidadãos satisfeitos, esse é o foco principal. As alterações climáticas ou a redução das emissões de carbono é um subproduto disso.
Não estão então interessados em liderar nenhum processo global desse tipo?
Não há indicação. Se liderarem, e falo de alterações climáticas, e não falo de mudanças económicas, é mais para estarem no topo, mas porque a China quereria isso? Se voltarmos um pouco atrás à conferência anual, em Copenhaga (em 2009), a China colocou-se nos ombros da Índia e disse: “nós somos países em desenvolvimento, representamos o mundo em desenvolvimento e insistimos que os países desenvolvidos ajam em conjunto e reduzam as emissões de dióxido de carbono”. Afirmaram não estar de acordo com o Protocolo de Quioto. Classificar-se a si mesmo como um país em desenvolvimento não constitui um problema, isso foi em 2009. Mas permitir que os países desenvolvidos reduzissem as suas emissões de dióxido de carbono fez com que se tenha reduzido o poder das indústrias do Ocidente e isso permitiu à China desenvolver muitos aspectos.
A Índia está numa situação pior ao nível das questões climáticas em relação à China? Recentemente vimos a vaga de nuvens de fumo registadas em Nova Deli?
Sim. A Índia está fora de controlo, o país não está assim tão desenvolvido. Quando a China tem uma política preocupa-se com ela e impõe-na. Mas na Índia é uma confusão democrática e não posso dizer que tenha uma política ambiental. Se olharmos para o mapa da poluição do ar, em primeiro lugar surge Nova Deli e o resto da Índia não apresenta problemas. O problema na Índia é que não vejo nenhuma acção conjunta a nível ambiental.
Como ficam os EUA depois de deixarem o Acordo de Paris? Sem Donald Trump é possível voltar atrás?
Não sou adivinho, mas tudo depende de quem chegar ao poder. Nos EUA as emissões por PIB são enormes, estão fora de controlo. O que mais me impressiona é que nos filmes têm sempre céus azuis (risos). Poderiam facilmente reduzir essas emissões, mas o facto de não possuírem uma estratégia, de dependerem dos combustíveis fósseis, sabendo as tecnologias amigas do ambiente estão a ser desenvolvidas lá fora, vai fazer com que o país acabe por perder o barco.
Tendo como base o caso dos EUA, que deixaram o Acordo de Paris com Donald Trump, e a situação dos fogos na floresta da Amazónia, no Brasil presidido por Jair Bolsonaro, acredita que o populismo, e o seu aumento no Ocidente, pode trazer impactos negativos para as políticas ambientais? Há uma relação?
O facto é que todos somos responsáveis. Os nossos carros, os nossos frigoríficos, telemóveis, todas as tecnologias de que somos dependentes, estão a causar esta situação. Os acordos ligados às alterações climáticas, quer seja o de Paris ou Copenhaga, afirmam que os países industrializados não estão dispostos a mudar o seu estilo de vida. A economia está dependente do consumismo, é tudo conduzido dessa forma. Não estamos a avaliar bem as consequências. O Brasil, a situação na Amazónia, as florestas que estão a ser cortadas, é tudo parte de nós. Se os Governos nada fazem as pessoas têm de pressionar as autoridades para que se faça alguma coisa. Se olharmos para a história das políticas ambientais, estas têm sido iniciadas pelas massas. Churchill tornou-se primeiro-ministro do Reino Unido a seguir à II Guerra Mundial, e quando Londres começou a sofrer com as nuvens de fumo causadas pelas indústrias, ele disse que o carvão era o centro da nação, das indústrias, e que nada iria mudar. Em 1952 surgiu uma horrível nuvem de fumo que matou mais de quatro mil pessoas e então houve uma revolta social. Aí surgiu um decreto que proibia o uso do carvão nas casas e nas fábricas, e tudo mudou. A poluição do ar é uma porta de entrada para questões como segurança no trabalho, licença de maternidade, melhores condições de trabalho. Foi isso que levou a uma mudança na China, na Europa, no Japão. As pessoas podem insistir numa mudança e os Governos devem ouvi-las, sobretudo os Governos democráticos.

20 Nov 2019

AL | Sugerida plataforma electrónica para resposta a interpelações dos deputados

[dropcap]O[/dropcap] deputado Mak Soi Kun sugeriu no debate de ontem, no período de interpelações antes da ordem do dia, a criação de uma plataforma electrónica de resposta às interpelações apresentadas pelos deputados na Assembleia Legislativa (AL).

“Para elevar a eficiência administrativa deve-se criar um grupo de trabalho na internet para responder às interpelações, colaborando entre si nesta plataforma electrónica, e apoiar o acompanhamento dos problemas, sem ser cada serviço a proceder à sua maneira. O Governo vai fazer isto?”, questionou o deputado, que alertou para o velho problema do atraso nas respostas governamentais às perguntas colocadas.

Já o deputado Sulu Sou voltou a falar da necessidade de tornar abertas as reuniões das comissões permanentes e de acompanhamento. “Até agora as comissões da AL continuam a funcionar à porta fechada, o brilho do sol continua a não conseguir entrar em cada uma das etapas do processo de produção legislativa e fiscalização, e, durante os 20 anos da RAEM, não há excepção para mais de mil reuniões das comissões que tiveram implicações com o interesse da população”, apontou.

Para o deputado do campo pró-democrata, não está a ser cumprido o Regimento da AL, uma vez que este determina que “as reuniões das comissões decorrem de forma pública se houver deliberação em contrário”. O facto de as comissões continuarem a não ser transmitidas em directo, como acontece com os debates, é “como se fosse inexistente” o artigo em causa do Regimento, afirmou.

19 Nov 2019

Habitação económica | Questionada redução de fracções em novo concurso 

[dropcap]A[/dropcap] notícia de que será aberto um novo concurso para a atribuição de mais casas económicas na zona A dos Novos Aterros ainda este ano gerou ontem críticas por parte de vários deputados da Assembleia Legislativa (AL).

“Fernando Chui prometeu, há dois anos, que durante o seu mandato, ia abrir um, mas este arrastou-se e só foi iniciado quando faltavam 20 dias para acabar o mandato. No ano passado, foi anunciada a oferta de quatro mil fracções, mas agora o Gabinete do Porta-voz do Governo veio esclarecer que as fracções disponíveis tinham passado de 4 mil para apenas 3011, uma redução drástica de um quarto!”, alertou Au Kam San.

Também Agnes Lam ressalvou a redução do número de fracções, que não corresponde às expectativas da população. “A sociedade entende que isto é ‘melhor do que nada’ mas receia que a quantidade de habitação pública não consiga resolver as suas necessidades habitacionais urgentes.”

Para Ella Lei, “continuam os problemas de ‘os candidatos individuais só acompanharem a corrida’ e de ‘atribuição inadequada das tipologias’”. “Além de melhorar o sistema previsto na referida lei em revisão e de concretizar a ordenação por pontuação, com o aumento dos recursos de solos para uma maior oferta de habitação pública, é necessário ponderar criar um sistema permanente para a abertura de concursos”, acrescentou.

19 Nov 2019

Deputado Si Ka Lon diz que protestos em Hong Kong “indignam muitos residentes de Macau”

[dropcap]O[/dropcap] deputado Si Ka Lon disse ontem na Assembleia Legislativa (AL) que os protestos em Hong Kong “são um sinal de alarme para nós”, numa interpelação oral apresentada no período antes da ordem do dia que chamou a atenção para a implementação da política “Um País, Dois Sistemas”.

“Ao longo destes 20 anos, as gentes de Macau têm vindo a trabalhar em conjunto e a cristalizar o espírito de equipa, pelo que temos de continuar a manter estas boas tradições. Recentemente, os revoltosos de Hong Kong, incentivados por forças estrangeiras, queimaram bandeiras, esquadras policiais, tribunais e centros comerciais, e bloquearam estradas, agrediram cidadãos, e até incendiaram com gasolina uma pessoa com opinião política diferente.”

Para Si Ka Lon, “esses actos têm afectado gravemente o funcionamento da sociedade de Hong Kong, prejudicando os direitos fundamentais dos compatriotas de lá e desafiando o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e os princípios da civilização humana”. Para o deputado, “muitos residentes de Macau sentem-se indignados quando vêem esses estragos provocados em Hong Kong”.

Resolver as falhas

Neste sentido, Macau tem de estar atenta, defende o tribuno. “O Governo e os diversos sectores da sociedade têm de estar preparados para as adversidades, concretizar a consciencialização do sujeito da construção, governação e partilha em conjunto, e, em conformidade com o posicionamento e os critérios do regime ‘Um País, Dois Sistemas’ do sistema de governação do Estado, tomar a iniciativa de descobrir as respectivas lacunas e insuficiências.”

Estas falhas passam pela necessidade de “consolidar constantemente a base sócio-política e acelerar o aperfeiçoamento dos mecanismos institucionais locais e da legislação complementar, necessários para o pleno poder de governação do Governo Central”.

Si Ka Lon pede ainda que seja acelerada “a concretização dos regimes complementares de defesa da segurança do Estado”, bem como criado, “quanto antes, um departamento de segurança, e reforçada a capacidade de execução de defesa da segurança do Estado”.

O deputado defende ainda que as falhas a resolver passam também dar resposta às “necessidades habitacionais e profissionais dos residentes e implementar o princípio governativo de ‘construção, governação e partilha em conjunto’”, sem esquecer o aperfeiçoamento da “educação patriótica a todos os níveis da sociedade”. Si Ka Lon acredita que não só os funcionários públicos devem ser sujeitos a uma maior formação cívica como se deve “integrar a Constituição e a Lei Básica nas disciplinas obrigatórias destinadas aos alunos do ensino primário, secundário e superior”.

19 Nov 2019