Estudo | Políticas de ensino do português sem resultados positivos

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Os académicos Cai Zhaoliang e Xue Yan apontam que para desempenhar melhor as funções de plataforma entre o Interior e os Países de Língua Portuguesa o Governo devia apostar em levar a formação de bilingues para essas regiões

 

Apesar da aposta no ensino da língua portuguesa no território, o resultado não é positivo. Esta é a conclusão de um estudo dos académicos Cai Zhaoliang, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Sichuan, e Xue Yan, Universidade de Macau, publicado no mês passado com o título Desafios e Oportunidades para Macau como uma Plataforma da Língua e Cultural no Conceito da Iniciativa Uma Faixa Uma Rota.

Segundo o documento, que consta na revista científica International Journal of Social Science and Education Research, apesar dos esforços governativos, a proporção da população que consegue falar português é cada vez menor. “O Governo de Macau lançou uma série de políticas a nível do ensino básico e superior para melhorar a proficiência dos estudantes de Macau no português, porém, o resultado não é positivo”, consideram os investigadores.

Além da menor proporção da população que é capaz de dominar a língua, para esta conclusão contribuiu também o facto de o português ser uma língua muito pouco utilizada e exigida a nível profissional, à excepção dos trabalhos na função pública. “Os residentes que são capazes de falar português ocupam uma proporção muito pequena da população e apenas são necessários em alguns sectores do Governo”, é justificado. “Esta realidade limita o desenvolvimento da língua portuguesa em Macau”, é acrescentado.

Papel a desempenhar

Em relação à “Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota”, os investigadores acreditam que Macau tem um papel a desempenhar, principalmente na promoção da língua portuguesa e de um maior conhecimento no Interior sobre os países de língua portuguesa.

“Para as pessoas no Interior, os países de língua portuguesa ainda são muito pouco conhecidos, assim como para as pequenas e médias empresas chinesas. O Governo de Macau devia reconsiderar o seu papel como plataforma para promover um maior entendimento mútuo entre a China e os países lusófonos”, é apontado.

Ao mesmo tempo, para contribuir para esta melhor compreensão, os investigadores apontam que a educação, e principalmente o ensino superior, pode ser um caminho seguido, mas que é necessário receber mais alunos do Interior e dos países de língua portuguesa.

Segundo os dados apresentados, referentes a 2019, antes da pandemia, Cai e Xue notam que apenas 0,8 por cento de todos os estudantes do ensino superior em Macau eram provenientes de países de língua portuguesa.

Esta é uma realidade que a RAEM devia mudar. “Como uma plataforma que faz a ligação entre a China e a Lusofonia, uma perspectiva de promover a língua portuguesa, o Governo de Macau devia assumir a responsabilidade de treinar quadros qualificados bilingues em chinês e português, não só no contexto de Macau, mas também ao adoptar medidas para se assumir como uma plataforma formadora nesta área no Interior e nos países de língua portuguesa”, é argumentado.

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