EventosCinema | Curtas de Cheong Kin Man exibidas nos EUA e Austrália Andreia Sofia Silva - 22 Ago 202222 Ago 2022 DR “Uma Ficção Inútil”, do antropólogo visual Cheong Kin Man, já foi exibida em 40 países, mas o percurso mundial do projecto do residente de Macau ainda não chegou ao fim, pois já em setembro será exibido na Austrália e também em Nova Jérsia, EUA. Entretanto, o artista está a preparar um novo filme etnográfico experimental que deverá ter Macau como tema Cheong Kin Man, residente de Macau, vive há muitos anos em Berlim, onde estudou antropologia visual. Um dos seus projectos cinematográficos mais conhecidos, “Uma Ficção Inútil”, já correu o mundo, tendo sido exibido em 40 países. Mas o filme etnográfico experimental está de volta aos grandes ecrãs já em setembro, ao ser exibido em Melbourne, Austrália, no âmbito de um projecto de investigação e promoção do cinema, intitulado “Zooming In”, da Swinburne University of Technology. Também neste contexto serão exibidos mais dois projectos cinematográficos de Cheong Kin Man, nomeadamente “A Etimologia de um Sonho” e “As Fontes de Água de Macau”, documentário feito em parceria com Season Lao. De frisar que este documentário data dos anos 2007 e 2008. Estes três filmes serão exibidos, no próximo ano, no “Student World Impact Film Festival”, em Nova Jérsia, dos EUA. Cheong Kin Man confessa estar “contente” com o facto de “Uma Ficção Inútil” já ter sido apresentado em 40 países. No entanto, “cada vez discordo mais do que fiz na fase final dos meus estudos em Antropologia Visual, entre 2012 e 2014”. Este filme etnográfico fez parte do projecto final de mestrado do artista e antropólogo na Universidade Livre de Berlim. “É uma auto-etnografia visual e experimental que discute muitas das problemáticas existentes no conhecimento ocidental. Mas hoje penso que muitos dos pensamentos que inseri no filme são imaturos ou mesmo ingénuos”, confessou ao HM. “Este é um filme que tem uma base teórica na antropologia visual. Ele tem sido rejeitado pela maioria dos festivais de cinema etnográfico no mundo, à excepção da França, Dinamarca e Macedónia. ‘Uma Ficção Inútil’ tem sido caracterizada como uma curta-metragem experimental, e parece que o seu lado antropológico tem menos importância. Neste aspecto, a antropologia visual, para mim, é uma disciplina tão rígida que não aceita essa arte abstracta como um conhecimento académico válido”, frisou. Este ano “Uma Ficção Inútil” foi ainda apresentado no “FilmForum”, da Universidade de Arte de Braunschweig, por mão da cineasta alemã Deborah Uhde. Mas Cheong Kin Man já sente o peso do passar dos anos. “Ela convidou-me a escrever sobre a sua nova obra, ‘White Slices Blind Spots’. Senti-me honrado mas, ao mesmo tempo, sinto-me obrigado a escrever algo novo para contar a minha história de outra maneira, depois de tantos anos”, frisou. Um novo filme a caminho Questionado sobre novos projectos nesta área, Cheong Kin Man confessou que está a desenvolver um novo filme etnográfico experimental. “Macau nunca deixará de ser o meu tema de trabalho, de forma directa ou indirecta, sobretudo quando imagino o território depois de 2049. O tema de Macau é muito trabalhado do ponto de vista da nostalgia.” Este projecto está a ser desenvolvido em parceria com o fotógrafo amador Jorge Veiga Alves, que concedeu a Cheong Kin Man o acesso ao seu arquivo de vídeos e fotografias feitos nos primeiros anos a seguir à transferência de soberania de Macau para a China. Entretanto Cheong Kin Man continua a desenvolver projectos em parceria com a artista polaca Marta Sala. Em Outubro, os dois artistas vão ter a primeira exposição em nome próprio na Alemanha, intitulada “Os Ideogramas de Berlim”, onde serão expostos “uma série de ideogramas inspirados na escrita chinesa e nas paisagens da capital alemã”. Uma outra exposição, que vai durar entre Outubro e Dezembro, também promovida por Cheong Kin Man e Marta Sala, conta com o apoio do Fórum da Sociedade Cooperativa Berlinense, chama-se “As Intervenções Utópicas nas Paisagens de Berlim”. Para esta mostra poderão ser convidados artistas de Macau, confessou o antropólogo.