EditorialAs dívidas históricas Carlos Morais José - 19 Nov 2015 [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om o segundo mandato de Chui Sai On, a RAEM entrou na fase final de um ciclo que terá a duração de 20 anos. Depois, dizem-me, tudo será diferente. Não sei se para melhor, se para pior, mas diferente. Até lá o destino de Macau e dos seus cidadãos continuará nas mãos dos mesmos. Durante este período, iniciado com a transferência de soberania, conhecemos um crescimento económico ímpar na Ásia e no mundo. Contudo, esse crescimento não se traduziu numa vida mais fácil para os residentes. Se existe algo a apontar à administração, será o facto de não ter previsto o impacto que as mudanças na área do Jogo (a liberalização) trariam à cidade. E a verdade é que não nos apresentarão nenhum modelo que inspire confiança no futuro. Parece existir uma estranha barreira que impede o dinheiro de realmente frutificar. O Governo insiste em dar o peixe, ao invés de criar condições para pescar. Assim, reconhece-se neste procedimento uma espécie de paternalismo confucionista que o povo aceitará até ao momento em que as suas vidas enveredem por caminhos cada mais difíceis. As LAG para 2016 inscrevem-se nesta linha. Existe realmente uma continuidade na não-acção do Executivo, que parece correr atrás das queixas da população, prometendo aquilo que se sabe que não cumprirá. O caso da habitação é onde tudo realmente se desvenda. Por mais que Chui prometa habitações públicas, nada fará oscilar os interesses dos proprietários de imóveis e, portanto, não nos parece que a situação encontre meios de melhorar. Até 2019, tudo deverá ficar na mesma. Depois, talvez se entenda que as dívidas históricas estão pagas e bem pagas. O que se passará a seguir, ninguém sabe.