China / ÁsiaJair Bolsonaro nega problemas com China e diz que quer negociar sem “viés ideológico” Hoje Macau - 11 Nov 2018 [dropcap]O[/dropcap] presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, negou na sexta-feira, na sua conta de Facebook, ter problemas com a China e afirmou querer estabelecer comércio com vários países sem “viés ideológico”. “Alguma imprensa fala que vamos ter problemas com a China. Não temos problemas nenhuns com a China. Recebi na semana passada o embaixador da China e conversámos bastante. Já recebi também o embaixador dos Estados Unidos da América. (…) Alguns países estão muito felizes com a nossa eleição porque deixarão de fazer comércio com o Brasil com o viés ideológico”, afirmou Jair Bolsonaro. O recém-eleito presidente disse que deseja que os produtos brasileiros sejam exportados ao melhor preço possível, acrescentando que o país deve tentar “agregar valor” aos produtos. A questão do conflito de ideologias tem sido um ponto em que Bolsonaro tem insistido nas suas manifestações públicas. Durante a tarde de sexta-feira, o antigo capitão do Exército escreveu uma mensagem na sua conta do Twitter em que afirmou que a ausência de viés ideológicos beneficiará o comércio entre o Brasil e outros países. “Após as eleições, grandes empresas já anunciaram milhões em investimentos no Brasil nos próximos anos. É só o começo. Comércio com o mundo todo sem viés ideológico, a somar com a redução de impostos mais a desburocratização, resultará em mais confiança, mais investimentos e mais empregos”, disse o futuro chefe de Estado. Foi através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, na edição inglesa, que a China avisou Jair Bolsonaro de que se seguir a linha do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira. De acordo com o editorial, as exportações brasileiras “não ajudaram apenas a alimentar o rápido crescimento da China, mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil”. Jair Bolsonaro criticou a China durante toda a sua campanha presidencial. Antes, em Fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que não agradou a Pequim. Para os chineses, as críticas a Pequim “podem servir para algum objectivo político específico”, mas “o custo económico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair da sua pior recessão da história”, pode ler-se no texto publicado no jornal que serve de porta-voz do governo chinês para o mundo e é utilizado para mandar mensagens a parceiros. O editorial do jornal chinês deixou ainda uma chamada de atenção para a importância da China na economia brasileira: “Ainda assim, esperamos que quando ele assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro olhe de forma racional e objectiva para o estado das relações Brasil-China. (…) A China é o seu maior mercado exportador e a primeira fonte comercial”, lê-se.