Música | Orquestra Colégio Moderno ao vivo na Igreja Nossa Senhora de Fátima

No próximo dia 29, a orquestra do Colégio Moderno actua em Macau na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, seguindo-se um concerto, a 3 de Janeiro, com a Orquestra Juvenil de Macau. O pianista Adriano Jordão, fundador do Festival Internacional de Música de Macau, salienta a importância da partilha musical entre as duas orquestras

 

Depois de um Verão de intensa partilha musical em Lisboa, a Orquestra Juvenil de Macau e a orquestra do Colégio Moderno preparam-se para actuar em Macau nas próximas semanas. No próximo dia 29 às 20h, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima acolhe o “Concerto do Colégio Moderno”, protagonizado pelo grupo de orquestra da escola fundada em 1936. Depois, a 3 de Janeiro, é a vez de os dois grupos subirem ao palco do Centro Cultural de Macau para o “Concerto de Ano Novo de Macau 2026”.

O pianista Adriano Jordão, fundador do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM), tem acompanhado a parceria dos dois grupos e o trabalho feito pelo grupo do Colégio Moderno. O músico destaca ao HM aquilo que poderá ser ouvido no concerto de 29 de Dezembro: a composição “Stabat Mater”, de Giovanni Battista Pergolesi, que fez parte da programação da primeira edição do FIMM.

“Tem um lado simbólico, porque foi a actuação presente no primeiro Festival Internacional de Música, em 1987. Foi feita para o encerramento do festival, de modos que há um lado psicológico na repetição desta obra”, destacou. “Tudo isto foi ideia minha, não faz mal um pouco de nostalgia”, acrescentou Adriano Jordão. “Esta é uma obra com todas as características para se fazer dentro de uma igreja, e tem também esse lado simbólico muito importante para mim.”

“Stabat Mater” é uma oração cantada, central num programa de concerto para cerca de uma hora, pensado para “um grupo relativamente pequeno de instrumentistas, com duas solistas”.

Adriano Jordão realça o grande entusiasmo dos membros da orquestra do Colégio Moderno em relação à viagem a Macau. “Vejo a excitação dos miúdos por irem a Macau, há sempre um fascínio pelo Oriente, como é evidente. E vejo o interesse histórico que tudo isto tem, nomeadamente para Portugal. Existe realmente um interesse cultural em mantermos uma marca portuguesa em Macau, que é território chinês. [Estes concertos] servem para acelerar esses vínculos culturais.”

Um trabalho de qualidade

Não é a primeira vez que Adriano Jordão colabora com a Orquestra Juvenil de Macau, que no Verão deste ano esteve em Portugal para actuações conjuntas com o grupo do Colégio Moderno. O Colégio Moderno foi fundado em 1936 por João Soares, pai de Mário Soares, antigo Presidente da República portuguesa já falecido, ele próprio uma figura bastante ligada a Macau. Desta vez, Isabel Soares, actual directora do Colégio Moderno, estará presente no território para os concertos.

Apesar de o grupo de orquestra da escola portuguesa ter mais anos de existência do que a formação da orquestra juvenil local, isso não invalida a qualidade de ambos os projectos, tendo sido enfrentados alguns desafios para trazer este grupo a Macau. “É sempre difícil levar um grupo de pessoas [para uma viagem deste tipo], sendo preciso encontrar os meios financeiros de um lado e de outro. Isso foi feito com apoios privados e conseguiu-se. Estou muito contente que os jovens de Macau tenham feito tão boa figura em Portugal. Espero que essa boa figura seja agora recíproca nesta ida a Macau.”

A Orquestra Juvenil de Macau considera, em comunicado, que o intercâmbio e a colaboração de Isabel Soares e Adriano Jordão, no acompanhamento da orquestra do Colégio Moderno, representam “uma demonstração concreta do compromisso contínuo da Orquestra Juvenil de Macau em promover o intercâmbio cultural internacional”. Os concertos em questão constituem também “uma nova página no intercâmbio cultural sino-português, particularmente no intercâmbio musical entre os jovens da China e de Portugal”, é referido.

Questionado sobre a importância do FIMM nos dias de hoje, Adriano Jordão não deixou de lembrar que aquilo que “parecia uma ideia louca na altura” teve, na verdade, pernas para andar.

“Não havia em Macau, em termos culturais, rigorosamente nada: não havia um centro cultural, e as primeiras coisas [espectáculos] que se fizeram foi num pavilhão desportivo. Não havia meios, não havia uma orquestra de Macau. Tudo foi feito a partir do zero e ver que, anos depois, valeu a pena fazer… Estive na última edição, no ano passado, e fiquei impressionado por ver que foi mantida uma grande qualidade artística”, rematou.

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