IC | Primeira exposição individual de Helena Almeida na Ásia chega em 2026

O ano de 2026 Macau acolhe uma grande exposição sobre a artista portuguesa Helena Almeida. “Helena Almeida: Estou Aqui – Presença e Ressonância” está agendada para acontecer no início do ano, sendo a primeira grande exposição, a título individual, da artista na Ásia. O Museu de Arte de Macau apresenta ainda obras de artistas chineses a interagir com o trabalho de Helena Almeida

O Governo anunciou esta quinta-feira a inauguração de uma exposição de artistas chineses, convidados a interagir com a obra de Helena Almeida (1934-2018), em antecipação da primeira grande mostra individual da artista portuguesa na Ásia.

“Helena Almeida: Estou Aqui – Presença e Ressonância” será inaugurada no início de 2026, com cerca de 42 conjuntos compostos por 190 peças da artista portuguesa, revela-se no comunicado. Na nota, o Instituto Cultural (IC) anunciou ainda que a exposição “Ressonância – Corpo. Objecto. Reflexão”, marcada por interpretações de artistas chineses sobre o trabalho da portuguesa, vai estar patente no Museu de Arte de Macau de 19 de Dezembro até 26 de Abril.

A mostra reúne “trabalhos recentemente encomendados” de seis artistas de Macau e da China continental, convidados “a fomentar um diálogo que transcende o tempo e o espaço” com Helena Almeida, referiu o IC. Podem ver-se desenhos de Erica Min Han, artista chinesa radicada em Londres, que “dão continuidade à reflexão de Helena Almeida sobre a presença do corpo”.

Por seu turno, a obra do chinês Gao Fuyan “A Grade da Mente”, bordada com cabelo sobre papel, “espelha remotamente o conceito de Helena Almeida do corpo como instrumento”, disse o IC.

A também chinesa Sun Xiaoyu “adopta o azul de Helena Almeida para expandir o diálogo visual sobre a existência e as suas fronteiras através da prática estética oriental de dissolver o eu no objecto”, refere-se na nota. O IC sublinhou que com esta mostra pretende-se “reforçar o intercâmbio de arte contemporânea” e o “diálogo cultural” entre a China e Portugal, preparando o caminho para a grande retrospectiva.

Uma vida cheia

Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada que se destacou pela autorrepresentação, reflectindo sobre as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a obra. Usou o corpo como suporte e objecto de criação, utilizando a pintura, a fotografia, a gravura, a instalação e o vídeo.

Helena Almeida estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz. Um dos artistas que marcou o seu percurso foi Lucio Fontana, e inicialmente Helena Almeida até expôs telas rasgadas à semelhança do trabalho deste artista, “telas com o verso voltado para a frente dando, assim, a ver o que tradicionalmente estava virado para a parede”, descreve Joana Simões Henriques a propósito de uma mostra com trabalhos de Helena Almeida recentemente realizada no museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Mas a partir de 1975 a artista “começa a explorar outras disciplinas como o desenho, a fotografia e o vídeo, encarando-os como meios para perceber a relação do corpo do autor com o espaço da obra”.

É aqui que o corpo da artista se transforma “no suporte da sua arte, passando a ser sujeito e objecto, não sob a forma de auto-retrato, mas sim no sentido de ‘habitar a pintura’, de se colocar dentro do seu trabalho, de ser a sua obra”. Nestes trabalhos, “o rosto [de Helena Almeida] aparece muitas vezes oculto”, descreve-se na mesma nota.

No ano de 1977 acontece em Portugal a exposição “Alternativa Zero”, descrita como “marcante na arte contemporânea portuguesa”, apresentando-se “uma série de fotografias [de Helena Almeida] com elementos anexos à imagem, criando, desta forma, a ilusão da obra sair do seu lugar e entrar no espaço do observador”, escreveu ainda Joana Simões Henriques.

A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004 participou na Bienal de Sidney, tendo a sua obra sido exibida no âmbito de mostras individuais e colectivas em museus e galerias nacionais e internacionais.

Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), no Porto, em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017). Apresentou igualmente, em 2017, uma exposição individual “Work is never finished” no Art Institute, em Chicago, nos Estados Unidos.

A sua obra está presente em colecções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação de Serralves, Porto; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM – Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários