Hong Kong | Homem detido por suspeitas de sedição e apelo a boicote eleitoral

O detido, que publicava mensagens de ódio ao regime desde 2024, terá incitado outras pessoas a não votar

A polícia de Hong Kong anunciou a detenção de um homem suspeito de sedição e de apelo ao voto nulo ou ao boicote das eleições para o parlamento local, marcadas para 07 de Dezembro.

Num comunicado, o Departamento de Segurança Nacional (NSD, na sigla em inglês) da Polícia de Hong Kong disse que o homem de 68 anos foi detido na terça-feira e “permanece sob custódia para diligências adicionais”. O detido é suspeito de “publicar conscientemente materiais com intenção sediciosa”, crime punido pela lei da segurança nacional, imposta por Pequim em 2020.

O NSD acrescentou que o homem terá também cometido o crime de “incitar outra pessoa a não votar ou a votar de forma inválida, através de actividades públicas durante o período eleitoral”. A investigação revelou que o detido terá “publicado repetidamente” nas redes sociais mensagens, “com conteúdos que incitavam ao ódio contra o Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, o poder judicial e as forças de segurança”.

De acordo com o portal de notícias Hong Kong Free Press, o superintendente Chan On-ming, do NSD, disse numa conferência de imprensa que o suspeito tinha vindo a publicar este tipo de mensagens desde Setembro de 2024. O crime de sedição é punido com uma pena máxima de sete anos de prisão, enquanto o apelo ao voto nulo ou ao boicote eleitoral pode acarretar uma pena de até três anos de prisão e uma multa de 200 mil dólares de Hong Kong.

Outras detenções

Na sexta-feira passada, a Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC, na sigla em inglês) de Hong Kong já tinha anunciado a detenção de três pessoas, entre 55 e 66 anos, por alegadamente apelarem ao voto nulo ou ao boicote das eleições para o Conselho Legislativo.

A ICAC recordou que, desde a revisão da lei eleitoral, em 2021, 12 pessoas foram condenadas por “publicamente, incitar os eleitores a não votar, votar em branco ou nulo”, um crime punido com pena de prisão até três anos. De acordo com a imprensa local, a polícia de Hong Kong já deteve este ano 18 pessoas por crimes eleitorais, com oito já acusadas.

No final de Outubro, o secretário para a Segurança de Hong Kong, Chris Tang Ping-keung, recordou que apelar ao voto em branco nas eleições pode constituir um crime. Chris Tang lembrou as declarações do antigo deputado Ted Hui Chi-fung, que descreveu a votação como “uma farsa, totalmente alheia à opinião pública”, que “merece ser boicotada”, devido à exclusão da oposição pró-democracia.

Ted Hui fugiu para a Dinamarca em Dezembro de 2020 e em Agosto passado recebeu asilo na Austrália, depois de ser acusado de crimes contra a segurança nacional em Hong Kong.

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