Partido Liberal do Japão perto de garantir novo acordo de coligação

O Partido Liberal Democrático (PLD), no poder no Japão, está perto de formar uma coligação governamental, que deixaria a líder Sanae Takaichi a apenas dois deputados de garantir a eleição como primeira-ministra.

Os principais meios de comunicação japoneses avançaram ontem que o acordo com o Partido da Inovação do Japão (Ishin) poderá ser fechado já na segunda-feira, um dia antes do parlamento se reunir para escolher o sucessor de Shigeru Ishiba. O primeiro-ministro cessante demitiu-se em Setembro da liderança do Governo e do PLD, que, em primárias realizadas no início de Outubro, escolheu a conservadora e nacionalista Takaichi como candidata a ser a primeira mulher a liderar o Japão.

De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, o PLD e o Ishin terão concordado em formar uma coligação sem que o partido da oposição garanta lugares no novo Governo. Em troca, o PLD comprometer-se-ia a cumprir uma série de propostas, incluindo a redução do número de deputados, a eliminação do imposto sobre o consumo alimentar e a eliminação de donativos políticos de empresas e organizações. Hoje, é esperada uma reunião final com o PLD.

Liderança frágil

O jornal referiu que o partido da oposição está relutante em ocupar cargos no possível Governo de Takaichi e prefere primeiro garantir que a nova líder do PLD cumpre os termos do acordo. Se for eleita, a conservadora irá liderar um dos governos mais fracos da história política do Japão, com uma clara minoria em ambas as câmaras do parlamento, o que a obrigaria a cooperar com a oposição para aprovar qualquer lei.

O apoio de Ishin é fundamental para Takaichi, especialmente depois de o partido budista Komeito, ao qual o PLD esteve aliado durante 26 anos, ter abandonado a coligação no poder. O centrista Komeito retirou-se da aliança devido a notícias publicadas sobre alegados fundos secretos do PLD, tendo também criticado Sanae Takaichi devido a supostas mudanças de postura da líder face às visitas a Yasukuni.

Temores diplomáticos

Takaichi, conhecida pela postura de linha dura em relação à China, visitou inúmeras vezes no passado, principalmente quando era ministra, o santuário xintoísta, considerado um símbolo do passado militarista do país. Mas, na sexta-feira, no primeiro dia do festival de Outono de Yasukuni, 64 anos, esteve ausente e enviou apenas uma oferenda, por, segundo os meios de comunicação japoneses, temer que uma visita pudesse incomodar os países vizinhos.

As visitas anteriores de altos funcionários japoneses ao santuário irritaram Pequim e Seul. A China e a península coreana foram palco de atrocidades cometidas pelos militares japoneses na primeira metade do século XX. Nenhum primeiro-ministro japonês em funções visitou o santuário em Tóquio desde 2013, quando a visita de Shinzo Abe provocou fúria entre os países vizinhos e reprimendas dos Estados Unidos.

O santuário presta homenagem aos cerca de 2,5 milhões de soldados japoneses mortos em combate, mas também a oficiais e políticos japoneses condenados por crimes de guerra por um tribunal internacional após a Segunda Guerra Mundial. O PLD tem governado o Japão quase em permanência desde 1955, apesar das frequentes mudanças de liderança.

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