EventosLiteratura | “Na Memória” é o novo livro da editora Mandarina Andreia Sofia Silva - 16 Out 2025 Será lançado no próximo dia 25 de Outubro o novo projecto editorial da Mandarina, editora dedicada à literatura infantil. “Na Memória” integra-se na colecção “Pequenos Exploradores de Macau” que aborda os universos da memória e do património de Macau através da escrita de Catarina Mesquita A editora Mandarina associou-se a uma série de parceiros, onde se inclui o Instituto Internacional de Macau (IIM), para lançar um novo livro para crianças que explora os universos do património e da importância da sua preservação e da memória de um território em permanente mutação. “Na Memória”, escrito por Catarina Mesquita e com ilustrações de Fernando Chan, traz de novo as aventuras dos personagens Júlia e Pou, ela a dialogar com o pai; ele a falar com a avó. Ao HM, Catarina Mesquita desvenda as razões pela escolha do tema memória para este novo livro, o terceiro integrado na colecção “Pequenos Exploradores de Macau”, que inclui os títulos “Na Rua” e “Em Casa”. “A dinâmica é a mesma [em relação aos livros anteriores]: trata-se de um livro com duas histórias e dois personagens, mas o fim é comum. Decidi-me pela memória não só pela importância que tem nas nossas vidas, mas para transmitir às crianças a ideia de que tudo aquilo que vivemos é muito importante e faz parte da nossa construção, sobretudo as crianças que vivem em Macau, pois vêem coisas a evoluir que devem ficar dentro delas.” A co-edição com o IIM deve-se ao facto de se celebrar 25 anos da inscrição do centro histórico de Macau como património classificado pela UNESCO. “A memória faz parte desse património, da sua preservação. Como os nossos livros têm vindo sempre a sublinhar locais, festividades e situações de Macau, achamos que poderíamos dar continuidade à colecção e associarmo-nos a este marco tão importante.” Três livros, seis histórias “Na Memória” é um livro bilingue, em português e chinês tradicional, tendo também uma parte interactiva com autocolantes, com palavras nas duas línguas e em patuá, um dialecto macaense praticamente em vias de extinção. “Decidimos colocar o patuá por causa desta conexão com a memória e o património. Então o livro tem duas páginas de autocolantes em que os leitores observam o cenário e em que se dá mais importância à ilustração”, explicou Catarina Mesquita. “A forma como retratei a memória está sempre associada à visão das crianças e às perguntas curiosas que fazem. Temos a Júlia a interagir com o pai e o Pou com a avó sobre as experiências que vão tendo ao longo de um ano, que é o período temporal da história. Eles vão fazendo perguntas e há coisas que ficam registadas na cabeça deles.” A autora do livro descreve uma parte da história em que Júlia sobe à Torre de Macau com o pai e ele explica-lhe o futuro de Macau, construído com a nova cidade de Hengqin. Júlia é uma menina de oito anos que está a ver uma nova cidade a nascer, enquanto “a avó do Pou tem 80 anos e está em Macau há muito tempo, então tem recordações de uma Macau que o neto não conhece”. “Há esta passagem entre o passado, presente e futuro para fazer as crianças pensar um pouco, que as coisas mudam e para que percebam que há coisas que, na vida deles em Macau, mudam mesmo, como esse caso de olhar para o lado e ver uma mega-cidade a crescer”, adiantou a fundadora da Mandarina. Com existência há quase seis anos no pequeno mercado editorial de Macau, Catarina Mesquita fala do que ainda é preciso fazer para que seja dado maior ênfase à literatura infantil. “Sabemos o mercado que temos, que não é muito significativo. Não conseguimos chegar a todas as crianças de Macau e sentimos que há uma falta de apoio que não é só financeiro. Apesar de haver fundos [financeiros, de apoio a projectos], é preciso um apoio muito maior ao nível de valores. Nos últimos anos o Governo de Macau tem promovido a literatura infantil e a leitura, mas não existe uma situação em que os editores façam um trabalho conjunto para desenvolver a literatura infantil em Macau”, lamenta. Catarina Mesquita entende que este tipo de literatura é ainda visto como não tendo “grande prioridade, sobretudo aquela que é feita para lazer e não a que é dada nas escolas”. “Há pouco investimento nessa leitura por prazer e tem de haver maior investimento, além de se dever olhar com seriedade para esse tipo de literatura infantil, pois é essencial para o futuro. É preciso dar às crianças esta base, para que olhem para o livro como um objecto companheiro”, rematou. A apresentação do livro acontece no dia 25 no âmbito da “Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português”, no Auditório do Carmo, na Taipa, a partir das 18h30.