EventosCinema | Festival de curtas marca regresso de João Pedro Rodrigues e Rui Guerra da Mata Andreia Sofia Silva - 17 Set 2025 Os realizadores João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata marcam presença amanhã na segunda edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que vai exibir obras como “Mahjong” e “Iec Long”. Mas há espaço na programação para histórias fora do contexto asiático, como “Turdus Merula, Linnaeus, 1758” e “Manhã de Santo António” A dupla de realizadores portugueses João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata está de regresso a Macau para mostrar, amanhã, um conjunto de curtas-metragens realizadas sobre o território ou a cultura chinesa. A iniciativa integra-se na programação do 2º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau e traz ao público local filmes mais antigos como “Mahjong”, “Iec Long”, “Turdus Merula Linnaeus,1758” e “Manhã de Santo António”. Além disso, a dupla de realizadores participa numa conferência com moderação de Sung Moon, programadora do Jeonju International Film Festival, subordinada ao tema “From Shorts to Features: The Artistic Journey”, onde se falará do percurso artístico dos dois. Nas redes sociais, a dupla disse “estar muito honrada com o convite e feliz por voltar a Macau”, tendo feito parte, por exemplo, do rol de convidados do Festival Literário Rota das Letras. Além disso, o realizador João Rui Guerra da Mata já residiu em Macau. “Mahjong” é uma curta-metragem com referências à cultura chinesa, neste caso o tradicional jogo que dá título à obra, mas que foi filmada em Varziela, Vila do Conde, na zona norte de Portugal, onde reside uma importante comunidade chinesa de comerciantes. Varziela é tida como a maior “Chinatown” de Portugal. Neste filme, vemos um homem de chapéu e uma mulher desaparecida, bem como um sapato de salto alto, uma peruca loira e um vestido chinês. Dá-se “o confronto entre o Vento Leste e o Dragão Vermelho”, em que “os pontos cardeais são trocados como num derradeiro jogo de Mahjong”. O filme, feito em 2013 e com 35 minutos, contou com 45 selecções em festivais, 59 exibições e um total de 4.440 espectadores. “Iec Long”, de 2014, remete para a tradicional indústria de produção de panchões. Na sinopse do filme, lê-se que “foi em Macau que primeiro se ouviu a palavra panchão”, que vem do chinês “pan-tcheong” ou “pau-tcheong” e que está nos dicionários “como um regionalismo macaense também chamado ‘estalo da China’ ou ‘foguete chinês'”. O filme questiona “quem vive na antiga Fábrica de Panchões Iec Long”, isto numa altura em que o espaço não tinha sido alvo de renovação. Hoje, com o investimento do Instituto Cultural, a antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa Velha, tornou-se num espaço cultural aberto ao público. Amores e desamores Outro filme escolhido para a exibição de amanhã, “Manhã de Santo António”, afasta-se deste cenário específico de Macau e da sua cultura, focando-se nos festejos do Santo António. Segundo a sinopse, “manda a tradição que no dia 13 de Junho, dia de Santo António, o padroeiro de Lisboa, os namorados ofereçam vasos de manjericos enfeitados com cravos de papel e bandeirolas com quadras populares como prova do seu amor”. É em torno dessas ideias e tradições que gira o filme. Numa perspectiva completamente diferente apresenta-se “Turdus Merula Linnaeus, 1758”, outro filme com realização de João Pedro Rodrigues e de João Rui Guerra da Mata. Trata-se de um filme de 2020 feito a convite da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no âmbito do projecto “Sala de Projecção”. O filme “literaliza o olhar do realizador após a longa-metragem imediatamente precedente, ‘O Ornitólogo'”, feita em 2016, e que “de forma muito objectiva, é um filme observador de pássaros”. “Turdus Merula Linnaeus, 1758” é filmado em pleno confinamento, quando João Pedro Rodrigues se apercebeu “que na árvore diante do seu apartamento, um melro fizera um ninho e que lá nasceria uma ‘ninhada’ de pequenos melros”, sendo que “Turdus” remete para o “registo do choco, do eclodir, da alimentação e do primeiro voo destas aves”. O nome completo do filme é o nome científico atribuído ao melro comum, descreve-se na sinopse. A palestra com a dupla de realizadores decorre no Centro Internacional de Convenções da Galaxy, enquanto os filmes serão exibidos no Galaxy Cinema House 7.