Centenário da morte do poeta Camilo Pessanha com pré-lançamento

O centenário da morte do poeta Camilo Pessanha, natural de Coimbra, vai ser assinalado na cidade em 2026, tendo as entidades promotoras marcado para quinta-feira um pré-lançamento das comemorações.

“Autor de uma obra breve, mas de elevado requinte estético, Camilo Pessanha é considerado o mais alto expoente do simbolismo em Portugal e exerceu uma notável influência sobre a lírica portuguesa do século XX, como reconheceram autores tão determinantes como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Eugénio de Andrade ou Carlos de Oliveira”, disse à agência Lusa o investigador António Apolinário Lourenço.

Este professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) é um dos organizadores do programa dos 100 anos da morte de Pessanha, promovido através de uma parceria do Centro de Literatura Portuguesa, que tem sede na FLUC, com o Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC), liderado por Valdemar Rosas.

“Apaixonado pela arte oriental, Pessanha escreveu vários ensaios sobre a produção artística chinesa e reuniu um significativo conjunto de peças representativas dessa arte, que legou ao Estado português e que se encontram depositadas no Museu Machado de Castro, em Coimbra”, salientou Apolinário Lourenço.

Vida em Macau

Nascido na cidade do Mondego, em 7 de Setembro de 1867, o poeta frequentou o Liceu e a Universidade de Coimbra, em cuja Faculdade de Direito se licenciou. Partiu depois para Macau, onde foi professor de filosofia, conservador do Registo Predial e temporariamente juiz, tendo morrido no dia 1 de Março de 1926. Ficou sepultado no território.

Em vida, Camilo Pessanha publicou apenas o livro “Clepsidra”, em 1920, com os poemas reunidos e organizados pela sua amiga Ana de Castro Osório.

Esta quinta-feira, às 19h, realiza-se o pré-lançamento das comemorações do centenário da sua morte, no café Santa Cruz, em Coimbra. A iniciativa “A caminho do centenário” inclui a leitura de poemas do autor, por Albino Matos, Beatriz Matos, João Rasteiro, Maria João Simões, Natália Queirós, Valdemar Rosas e António Apolinário Lourenço.

Os actores Francisco Paz e Maria Manuel Almeida, da Cooperativa Bonifrates, irão ler, respectivamente, uma carta de Pessanha a Ana de Castro Osório, em que lhe declara o seu amor, e a resposta da feminista republicana, explicando “as razões que a obrigam a declinar um compromisso amoroso com o poeta”.

O programa completo, que será apresentado em 2025, incluirá reuniões científicas, exposições e publicações, entre outros eventos. A Câmara Municipal e a Reitoria da Universidade de Coimbra associam-se às comemorações, cujo “ponto alto” será em 2026.

Nas últimas décadas do século XX, junto às Escadas Monumentais, funcionou o bar Clepsidra, ponto de encontro de sucessivas gerações da esquerda académica de Coimbra que renomearam o espaço como “Clep”. A memória de Camilo Pessanha está perpetuada na toponímia da cidade e no programa “Clepsidra”, realizado por João Pedro Gonçalves, que a Rádio Universidade de Coimbra (RUC) emite semanalmente há longos anos.

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