Coreia do Sul investiga violação de direitos de emigrantes nos EUA

A Coreia do Sul vai investigar a possível violação dos direitos de mais de 300 sul-coreanos detidos pela polícia de imigração norte-americana no estado da Geórgia, entretanto repatriados, anunciou ontem a presidência em Seul.

A operação ocorreu em 4 de Setembro numa fábrica de baterias para veículos eléctricos operada conjuntamente pela Hyundai e pela LG. Foram detidas cerca de 475 pessoas, incluindo mais de 300 sul-coreanos. Trata-se da maior operação realizada num único local no âmbito da campanha de expulsões ordenada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo as autoridades norte-americanas.

Os sul-coreanos foram libertados após delicadas negociações diplomáticas e repatriados na sexta-feira. “Planeamos examinar mais de perto se ocorreram violações dos direitos dos nossos cidadãos ou se eles tiveram de enfrentar inconvenientes injustificados”, disse a porta-voz da presidência sul-coreana, Kang Yu-jung, numa conferência de imprensa.

Os dois países “estão a verificar se houve falhas nas medidas tomadas, e as empresas também estão a investigar”, acrescentou, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A operação foi notícia nos meios de comunicação sul-coreanos, um país que prometeu investir 350 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, após ameaças norte-americanas sobre direitos aduaneiros.
Aliado fundamental dos Estados Unidos para a segurança no Pacífico, a Coreia do Sul é também a quarta maior economia asiática, um grande fabricante de automóveis e de produtos electrónicos. Importa referir que várias fábricas sul-coreanas estão instaladas nos Estados Unidos.

Tratados como gado

Especialistas em trabalho admitiram que os trabalhadores detidos provavelmente não teriam um visto que os autorizasse a realizar trabalhos de construção.

Alguns deles descreveram à imprensa local condições terríveis durante a detenção e permanência no centro de detenção. Os trabalhadores afirmaram também ter sido detidos sem serem informados dos seus direitos.
O Presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, considerou que a operação da imigração norte-americana foi desestabilizadora e “pode ter um efeito dissuasor sobre futuros investimentos”.

A operação da imigração vai causar um atraso de dois a três meses no arranque da fábrica de baterias, admitiu na semana passada o presidente da Hyundai, Jose Munoz, segundo a televisão norte-americana CNN. A fábrica em Ellabell, parte de um complexo industrial de 7,6 mil milhões de dólares para a produção de automóveis eléctricos, deveria entrar em operação ainda este ano.

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