Protestos nas ruas da Indonésia pelo décimo dia consecutivo

Grupos civis saíram ontem às ruas pelo décimo dia consecutivo na Indonésia em protesto contra o Governo, após manifestações violentas que já fizeram pelo menos dez mortos, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

Após dias de incidentes e tumultos em que quase quatro mil manifestantes foram detidos e dezenas ficaram feridos, a Aliança das Mulheres da Indonésia convocou um novo protesto ontem em frente à Câmara dos Representantes.

Os protestos começaram a 25 de Agosto em Jacarta, quando foi anunciado um aumento salarial para os deputados da Indonésia, num contexto de graves dificuldades económicas para grande parte da população.

As manifestações intensificaram-se após a morte de um mototaxista na capital, na quinta-feira, atropelado por um carro da polícia, e até ao momento fizeram seis mortos. Organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional, estimam que pelo menos dez pessoas tenham morrido durante os protestos.

Pelo menos 20 pessoas estão desaparecidas, avançou na terça-feira uma organização local de defesa dos direitos humanos. A KontraS afirmou que as 20 pessoas desapareceram em Jacarta e nas cidades de Bandung, e Depok, esta última situada junto da capital, bem como num “local desconhecido”.

Apelos ao diálogo

O Presidente Prabowo Subianto anunciou no domingo a revogação de vários privilégios para os membros do parlamento, incluindo ajudas de custo e uma moratória sobre viagens de negócios ao estrangeiro. Na segunda-feira, o Gabinete de Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades indonésias que garantam o direito à reunião pacífica e à liberdade de informação e expressão nos protestos antigovernamentais no país.

“Enfatizamos a importância do diálogo para abordar as preocupações dos cidadãos”, disse a porta-voz do gabinete, Ravina Shamdasani, num comunicado, sublinhando que as autoridades devem garantir a manutenção da ordem “de acordo com as normas e padrões internacionais”.

Meenakshi Ganguly, directora adjunta para a Ásia da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, disse na terça-feira que as autoridades “agiram de forma irresponsável ao tratar os protestos como actos de traição ou terrorismo, especialmente tendo em conta o longo historial das forças de segurança de uso excessivo e desnecessário de força”.

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