DesportoFilipinas | Carlos Barreto leva a experiência de Macau Sérgio Fonseca - 20 Ago 2025 Carlos Barreto, ex-director de corrida do Grande Prémio de Macau de Motos, continua activo no desporto motorizado do continente asiático, mais precisamente nas Filipinas, onde tem vindo a colocar em prática a experiência de mais de três décadas ao serviço do automobilismo e motociclismo de Macau “Fui convidado em 2024 para ajudar a desenvolver os campeonatos nacionais de motociclismo em pista – Underbone, Scooters e Superbikes – organizados pelo MoRaC e pela FETAP”, explicou ao HM o ex-membro da direcção do Automóvel Clube de Macau (ACM) e dirigente da Associação Geral do Automóvel de Macau-China (AAMC). “A experiência adquirida ao longo de mais de três dezenas de anos ajuda. Fiz diversos campeonatos de motos e de karts nos circuitos temporários, na Taipa e no NAPE, depois no kartódromo de Coloane, provas com pilotos locais (motos e karts) e internacionais (karts). Esse acumular de experiência é importante para perceber as dificuldades que os organizadores das Filipinas têm em mãos e, em conjunto, elevar o nível dos diversos campeonatos de motos.” Com uma forte ligação ao Grande Prémio de Macau, Carlos Barreto foi director de prova nos Campeonatos de Karting e Motociclismo entre 1991 e 1996, e mais tarde, entre 2004 e 2008. Foi ainda presidente do Colégio de Comissários Desportivos desses campeonatos entre 2009 e 2010. Esta vasta experiência permite-lhe hoje encarar esta nova realidade num país diferente, mas que sempre demonstrou grande paixão pelos desportos motorizados, detectando com facilidade “alguns aspectos que mereciam mais atenção ao nível das provas”. Entre eles, destaca “os regulamentos desportivos, a aplicação das regras, a divulgação de documentação oficial, alguns equipamentos das infra-estruturas, bem como a estrutura e organização funcional da equipa que gere esses campeonatos, desde o secretariado aos comissários de pista e direcção de prova”. Esta colaboração começou em Novembro do ano passado e, em 2024, já se estendeu a três rondas dos campeonatos. O contributo do português, natural de Moçambique, tem sido significativo: “As várias sugestões que apresentei para cada um dos dois circuitos que conheço, o Clark International Speedway e o Batangas Racing Circuit, foram bem recebidas. Algumas já foram implementadas e as restantes ficarão resolvidas até ao final do ano. Tem havido boa receptividade por parte da organização e da gestão dos circuitos.” A própria competição também está em crescimento: “A pandemia, de certa forma, atrasou o desenvolvimento desses campeonatos, mas o número de pilotos tem vindo a aumentar, há equipas com capacidade financeira e com bom equipamento. As provas em Clark chegam, por vezes, a reunir perto de 80 pilotos, enquanto as de Batangas contam com cerca de 60. As perspectivas são animadoras.” Contributo para o karting As Filipinas é um país com uma longa tradição no karting, que remonta à década de 1960 e ao entusiasmo gerado por Arsenio “Dodjie” Laurel, piloto que perdeu a vida no Circuito da Guia em 1967. A presença de equipas e pilotos filipinos em provas no continente asiático é comum e, internamente, a disciplina acompanhou sempre o que tem vindo a ser feito a nível mundial. “A nível do karting, as provas nacionais têm uma estrutura local e funcional – durante anos foi o AKOC”, recorda Carlos Barreto, acrescentando: “a minha colaboração tem sido como Comissário Desportivo em dois eventos internacionais nas Filipinas. Fiz um em 2024 e outro recentemente, a quinta ronda da ROK Cup Asia Philippines, organizada pela Kilton Motors Corporation (KMC), ambos com corridas noturnas e realizados em Clark.” Também aí, o ex-diretor de prova do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau (2004-2016), do 46.º Campeonato do Mundo de SKF da CIK-FIA (2009) e do 49.º Campeonato Mundial de KF1 da CIK-FIA (2012), teve a tarefa de “auscultar as pessoas e responder às questões que me colocaram, ajudando a ultrapassar alguns problemas, para além de ter apresentado sugestões de melhoria”. Quanto ao futuro, Carlos Barreto acredita que “a semente está lançada, e resta agora esperar que cresça e que os resultados se tornem visíveis a médio prazo.” Macau um passo à frente Para o autor do livro “História do Karting em Macau”, escrito em coautoria com Pedro Dá Mesquita, a RAEM continua um passo à frente no que toca à organização desportiva de eventos desta natureza. “Macau tem uma clara vantagem, mas é preciso ter em conta que os eventos em Macau contam com o precioso apoio das entidades governamentais, enquanto nas Filipinas se trata de uma organização sem esses apoios”, refere Carlos Barreto. Ainda assim, as provas nas Filipinas, um país com um vasto historial no desporto motorizado do Sudeste Asiático, não ficam nada a dever ao que se faz no território em termos de competitividade. “Ao nível dos eventos, as corridas de scooters costumam ser muito animadas e competitivas, com seis a oito pilotos a lutar a cada volta pelo primeiro lugar, inúmeras ultrapassagens e suspense até ao cortar da meta. Nas provas de Superbikes, competem Ducatis e Aprilias e há sempre espetáculo. Já na classe Underbone, a luta é intensa, pelo que diria que o nível competitivo é até superior ao de Macau.”