Automobilismo: FIA continua a sonhar com uma equipa chinesa na F1

Não é segredo para ninguém: a Federação Internacional do Automóvel (FIA) gostaria de ter uma equipa chinesa no Campeonato do Mundo de F1. O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, é o primeiro a demonstrar essa vontade.

Pela primeira vez desde 2015, a F1 vai receber uma 11.ª equipa na grelha de partida já na próxima temporada, com a entrada da Cadillac, colocando fim a uma espera de três anos desde que a equipa norte-americana apresentou a sua candidatura, na sequência do apelo da FIA para manifestações de interesse. Como haverá margem para uma 12.ª equipa, Ben Sulayem está disposto a lançar um novo processo de manifestação de interesse, deixando claro que uma candidatura proveniente da China seria bem-vinda.

A entrada de uma equipa chinesa estaria alinhada com os esforços estratégicos da F1 para expandir a sua presença em mercados-chave. O Grande Prémio da China renovou recentemente o seu contrato até 2030, consolidando o papel do país na visão de longo prazo da modalidade.

“Temos uma 11.ª equipa [a Cadillac]. Acredito que devemos analisar o desempenho dessa 11.ª equipa e, depois, se houver uma [candidatura] chinesa – e vou agora falar em nome da FOM [Formula One Management] – eles irão aprová-la, porque se trata de sustentar o negócio”, disse o presidente da FIA numa entrevista conjunta com vários jornalistas do sector automóvel.

Ben Sulayem deixou claro que não há uma necessidade urgente de ter uma 12.ª equipa. No entanto, dada a trajetória ascendente da F1 nos últimos anos, a adição de mais uma equipa à grelha de partida, especialmente uma proveniente da China, aumentaria ainda mais o apelo da modalidade no maior mercado empresarial do planeta. “Se houver uma equipa da China, digamos, e a FOM a aprovar — e tenho 100 % de certeza de que a aprovará – não se faria mais dinheiro com a entrada da China? Eu acredito que sim”, afirmou.

Um enorme mercado por explorar

O mercado automóvel chinês é incomparável, produzindo mais de 30 milhões de veículos por ano — mais do que os Estados Unidos da América, Japão e Índia juntos. Além disso, a China tem contribuído para o aumento da base de fãs no desporto, contando com mais de 150 milhões de adeptos e mais de 1 milhão de novos seguidores nas redes sociais chinesas, elevando o total para 4,3 milhões. A própria análise de segmentação de fãs da F1 revelou que mais de metade dos adeptos no país começaram a seguir a modalidade nos últimos quatro anos. Curiosamente, o público é mais jovem do que a média dos adeptos da F1 e mais diversificado, com uma demografia 50 % feminina.

Para Ben Sulayem, trata-se de mais do que apenas aumentar o número de equipas: é unir os principais mercados globais sob a bandeira da F1, até porque o número de patrocinadores e parceiros chineses na “classe rainha” do desporto motorizado é atualmente limitado, resumindo-se ao gigante das redes sociais TikTok, parceiro oficial de criação de conteúdos da Aston Martin, e à SenseTime, parceira de tecnologia de IA da Sauber. A presença da marca chinesa Yili, que entretanto saiu, e da SenseTime no universo Sauber esteve, sem dúvida, ligada ao facto de Zhou Guanyu, o primeiro piloto chinês a tempo inteiro na F1, correr pela equipa suíça na altura em que os acordos foram assinados.

Geely na pole-position

O sonho de uma equipa chinesa pode ainda estar numa fase embrionária, mas com o apoio do presidente da FIA e o crescente foco da modalidade na China, a visão de uma marca chinesa nas grelhas de partida da F1 poderá estar cada vez mais próxima da realidade. Uma marca chinesa como a Geely poderia encaixar naturalmente na F1, tendo em conta a sua presença global e o facto de deter marcas internacionais reputadas como a Volvo ou a Lotus, participações como acionista na Aston Martin e no Mercedes-Benz Group, e joint ventures com a Renault.

Vale também a pena referir que, recentemente, a Lotus Cars, propriedade da Geely, recuperou o nome Team Lotus, reunindo os seus programas de competição com apoio oficial, equipas parceiras, campeonatos Lotus Cup e programas de desenvolvimento de pilotos. Segundo a empresa, o renascimento do Team Lotus “significa o nosso compromisso com a competição global e a cultura do desporto motorizado”. Por agora, isto está limitado aos carros GT, mas não se pode deixar de imaginar para onde poderá evoluir no futuro.

O Lotus Group é propriedade da Geely desde 2017. A equipa Team Lotus foi uma presença constante na Fórmula 1 entre 1954 e 1994, e houve algumas tentativas de reativar o nome ligado ao seu passado histórico na F1, tentativas essas que terminaram há pouco mais de nove anos. Para além do programa desportivo da Lotus e de outros de cariz regional ou nacional, a Geely está igualmente presente no desporto automóvel com a Lynk & Co, na FIA TCR World Tour, e através da sua parceria com a Renault, como fornecedora de motores, no Campeonato Chinês de F4.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários