China / ÁsiaOCX | Chefes da diplomacia reúnem-se na China Hoje Macau - 16 Jul 2025 Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) reuniram-se ontem em Tianjin, nordeste chinês, num momento marcado por tensões internas e pelo esforço de Pequim para reforçar a coesão do bloco. A reunião junta os chefes da diplomacia de países como China, Rússia, Índia, Irão e Paquistão, entre outros, num ano em que a presidência rotativa da organização está a cargo de Pequim. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, o encontro visa promover “um consenso mais alargado” entre os Estados membros, abordando a cooperação regional e os principais desafios internacionais. A reunião decorre poucas semanas após uma cimeira entre ministros da Defesa da OCX, realizada em Qingdao, que terminou sem declaração conjunta devido a desacordos sobre questões de segurança, nomeadamente no combate ao terrorismo. Nessa ocasião, a Índia recusou assinar o texto final, acusando veladamente o Paquistão de usar o terrorismo transfronteiriço como instrumento político e de dar abrigo a grupos extremistas. A presença do ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Subrahmanyam Jaishankar, surge na sequência de uma reunião com o homólogo chinês, Wang Yi, realizada na véspera em Pequim, naquela que foi a primeira visita de um chefe da diplomacia indiana à China desde o confronto fronteiriço no vale de Galwan, em 2020, que causou vítimas mortais em ambos os lados. Wang apelou para um relançamento das relações com base na “boa vizinhança e confiança mútua”, enquanto Jaishankar destacou os avanços na normalização dos laços no último ano e frisou a necessidade de evitar novas fricções fronteiriças e restrições comerciais. O ministro indiano defendeu ainda que a OCX deve adotar uma política de “tolerância zero” face ao terrorismo. Ultrapassar diferenças O chefe da diplomacia iraniano, Abás Araqchí, também participa na reunião, depois de um recente conflito de 12 dias entre Irão e Israel, que lançou uma ofensiva contra alvos iranianos a 13 de Junho. Esses ataques foram condenados por vários membros da OCX, incluindo a China e a Rússia, aliados estratégicos de Teerão. Citado pelo jornal oficial Global Times, o director do Centro de Desenvolvimento Social Euroasiático do Conselho de Estado chinês, Li Yongquan, minimizou as tensões internas, sublinhando que “as diferenças não anulam o valor da organização” e que a OCX constitui “uma excelente plataforma para gerir essas divergências e impedir que se agravem”. Na mesma linha, o investigador Cui Heng, do Instituto Nacional para a Cooperação Judicial e Intercâmbio Internacional da OCX, afirmou que a organização, inicialmente centrada na segurança, evoluiu para um mecanismo de cooperação abrangente. “Há um défice de segurança na Eurásia, agravado pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e a OCX oferece um quadro complementar para colmatar essa lacuna”, explicou. Meio mundo A OCX, que integra países como China, Rússia, Índia, Irão, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Tajiquistão, Bielorrússia e Usbequistão, é considerada a maior organização regional do mundo em termos de população e extensão geográfica, abrangendo cerca de 40 por cento da população global. Apesar de os membros afirmarem que a OCX não é uma aliança militar e visa proteger os Estados contra ameaças como o terrorismo, o separatismo e o extremismo, alguns analistas consideram que a sua principal função é contrabalançar a influência da NATO. Li rejeitou essa leitura, defendendo que a organização “não é um contrapeso direto aos Estados Unidos” e que assenta “no respeito pela soberania, integridade territorial e diversidade cultural” dos seus membros.