Macau Visto de Hong Kong VozesMichael Hui (III) David Chan - 24 Jun 2025 Nas passadas duas semanas, analisámos os factores do sucesso dos filmes do Doutor Honoris Causa Michael Koon-Man. Michael é uma estrela do cinema e da televisão dos últimos 50 anos. Uma pessoa que dedica 50 anos a uma carreira tem de ter dedicação e paixão pelo seu trabalho. Com um tacto apurado, distingue claramente as diferenças entre o pensamento da geração mais antiga e o da mais recente e usa muito bem essas diferenças para divertir as audiências. Michael sabe que muita gente vai ao cinema e que os filmes têm um profundo impacto no público e que por isso têm responsabilidade social. Para que um filme tenha sucesso, tem de ser inovador e a inovação é importante em todos os sectores de actividade. Se uma empresa não se inovar e os seus competidores o fizerem, acaba por ficar para trás. Hoje, faremos uma última análise dos factores de sucesso dos filmes de Michael Koon-Man. A reflexão sobre o trabalho é um de muitos factores que determinam o sucesso de um filme. “The Last Dance” inspirou Michael e fê-lo compreender que só temos uma vida. Na jornada que fazemos, todos devemos aprender a apreciar as dádivas que recebemos ao longo do caminho. Estas dádivas incluem as pessoas que amamos, os nossos amigos e mesmo os nossos inimigos. Apreciar as pessoas que amamos e os nossos amigos significa que temos de aprender a dar-nos bem com eles. Quando somos defrontados com os nossos inimigos, vencê-los e destruí-los não é a única possibilidade. Também podemos aprender a aceitá-los, perdoá-los, esquecê-los, etc.; seja qual for a decisão tomada, ela vai mudar-nos e também aos outros. Só reflectindo sobre o trabalho podemos investir, progredir e melhorar no futuro. Muitas pessoas vivem apenas no presente e acham que se viverem bem agora isso é suficiente. Mas a visão de Michael vai claramente além da atitude de “viver apenas no presente”, porque viver no presente implica que não aceitamos os nossos inimigos. Não se trata apenas de nos mudarmos a nós próprios, mas trata-se também de podermos mudar os nossos inimigos. Passar do confronto a fazer as pazes e ao aperto de mão, ou até mesmo a fazer amizade, não é algo que duas pessoas que estão zangadas façam facilmente. Se chegarmos ao fim da vida sem inimigos, significa que tivemos uma vida feliz. Aqui chegados, podemos compreender que as conquistas de Michael no mundo do cinema foram criando sucessivamente mitos porque ele é um observador nato, um trabalhador esforçado, tem um espírito voltado para o futuro e põe em cada filme todo o seu entusiasmo. Estes factores devem estar sempre presentes em todos os trabalhos que fazemos, sejam eles quais forem. No processo criativo, é preciso inovar e lutar pela mudança. E devemos compreender que os filmes têm uma responsabilidade social. A inovação e a responsabilidade social são elementos indispensáveis nas empresas modernas. Combinar estes elementos pessoais com elementos empresariais, independentemente do que venhamos a fazer no futuro, só pode resultar num final feliz. Quando Michael compareceu à cerimónia de atribuição do seu doutoramento honoris, ia acompanhado pela mulher e pelo neto. Um homem de 82 anos pôde assistir a mais um momento glorioso da sua vida acompanhado pela família. O que mais pode alguém pedir? É realmente apropriado afirmar que Michael tem uma vida familiar realizada, fama, fortuna e muita felicidade. Os factores que determinaram o seu sucesso na indústria cinematográfica merecem ser considerados para a nossa aprendizagem e devem ser divulgados. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Email: cbchan@mpu.edu.mo