Ochre Space | Exibidas em Lisboa imagens inéditas de performance histórica da arte chinesa

A exposição “To Add One Meter to An Anonymous Mountain” é inaugurada esta terça-feira, em Lisboa, 30 anos depois da ‘performance’ decisiva para a arte chinesa de vanguarda, anunciou a galeria Ochre Space, que revela a totalidade das imagens existentes.

“To Add One Meter to An Anonymous Mountain” (“Acrescentar um metro a uma montanha anónima”, em tradução livre) é hoje o testemunho em fotografia e vídeo da ‘performance’ empreendida por dez artistas da comunidade conhecida por Beijing East Village, que decidiram desafiar não só a altura do Monte Miaofeng, nos arredores de Pequim, mas também o sistema, com uma ‘performance’ alheia aos modelos tradicionais.

No dia 11 de Maio de 1995, os dez artistas reuniram-se para aumentar em um metro a altura do Monte Miaofeng, das montanhas Taihang, com os seus próprios corpos nus, empilhados, inertes, numa actuação registada em imagens.

A fotografia final ganhou dimensão internacional depois de apresentada na Bienal de Arte de Veneza de 1999, passando a fazer parte de coleções de instituições como a Tate Gallery, em Londres, o Museu de Arte de Seattle e o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque.

Todas as imagens

A Ochre Space, no entanto, promete ir mais longe e “mostrar todas – mas todas! – as fotografias da famosa ‘performance’”, como disse à Lusa o curador João Miguel Barros. “To Add One Meter to An Anonymous Mountain”, em Lisboa, segundo o texto de apresentação da mostra, reúne pela primeira vez a documentação completa da ‘performance’, o que inclui imagens inéditas e o vídeo amador feito na altura, permitindo perceber a sequência integral da ação, a sua natureza e complexidade coletivas.

A exposição resulta de uma investigação de dois anos do curador, que envolveu conversas com nove dos dez artistas da ‘performance’, assim como com fotógrafos, curadores, colecionadores e académicos, procurando “lançar nova luz sobre a comunidade artística do East Village de Pequim” e reavivar o debate provocado pela obra, que se seguiu à apresentação na Bienal de Veneza de 1999.

A par de “To Add One Meter to An Anonymous Mountain” é também apresentada em Lisboa a exposição “RongRong’s East Village”, dedicada a RongRong, “um dos principais fotógrafos da China”, que documentou o quotidiano da comunidade de que fez parte e a sua atividade artística no livro “RongRong’s Diary: Beijing East Village”.

A comunidade de Beijing East Village, que se assumiu como movimento artístico no início da década de 1990, emergiu na zona leste da capital chinesa, após os protestos da Praça Tiananmen, em 1989.
Entre os seus elementos encontram-se os dez criadores de “To Add One Meter to An Anonymous Mountain”: Cang Xin, Duan Yingmei, Gao Yang, Ma Liuming, Ma Zongyin, Wang Shihua, Zhang Binbin, Zhu Ming e Zuoxiao Zuzhou, além de Zhang Huan, recorrentemente identificado como responsável pela concepção do projecto.

No âmbito da exposição será editada a investigação do curador e fotógrafo João Miguel Barros, com documentação e entrevistas, sobre as origens e o legado da ‘performance’. A Ochre Space fez ainda uma edição limitada da fotografia final de “To Add One Meter to An Anonymous Mountain”, numa parceria com Cang Xin, um dos artistas do projeto. A exposição fica patente até 21 de Junho.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários