Especialista timorense considera urgente domínio do português para coesão nacional

O linguista timorense Benjamim Corte Real considerou ontem que a língua portuguesa é um factor de coesão em Timor-Leste e que é uma “urgência nacional” que os todos os cidadãos a passem a dominar.

Benjamim Corte Real falava no seminário sobre “Políticas Linguísticas e Desenvolvimento da Língua Portuguesa em Timor-Leste: Desafios e Perspectivas”, organizado pela Universidade Nacional de Timor-Leste, no âmbito do seu 25.º aniversário e das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinalou em 05 de Maio.

Na sua intervenção, o professor lembrou que antes da chegada dos portugueses, os timorenses estavam dispersos por grupos tribais, que falavam a sua própria língua, e que as comunidades viviam isoladas umas das outras, também por causa do relevo montanhoso da região.

“A chegada dos portugueses vem trazer uma novidade que é a introdução de um elemento que vai precisamente diluir essa nossa situação anterior de isolamento de comunidades. Desde que a língua portuguesa entrou em Timor, entrou a servir esse propósito de unir os timorenses comunicativamente”, salientou Benjamim Corte Real.

E, segundo o linguista, apesar de não ter sido introduzida da mesma forma que a língua indonésia, cuja aprendizagem era uma questão de sobrevivência, os timorenses, principalmente os líderes, perceberam que para unificar o país e consolidar uma independência nacional a “língua portuguesa era imprescindível”.

Urgência nacional

Outra razão apontada por Benjamim Corte Real para a importância do português para a “coesão nacional” é o facto de as línguas maternas ou locais não terem “desenvoltura suficiente para absorver a prática administrativa, para a produção legislativa para o ordenamento do território”.

Hoje, salientou, apesar da coesão nacional não ter sido alcançada em termos de domínio generalizado da língua portuguesa, já se começou a perceber que o Estado deve caminhar nesse sentido e fazer um esforço “mais propositado” para que o português seja dominado por todos.

“Isto é uma urgência nacional. Portanto, nós estamos aqui a apelar para todas as instâncias operadoras da educação em todo o território que assumam a sua responsabilidade e cumpram as leis e façam cumprir as leis em torno da implementação do ensino da língua portuguesa e do ensino através da língua portuguesa”, disse Benjamim Corte Real.

“Não podemos falar de uma sociedade harmonizada, unificada, sem investirmos na língua que é comum a todos nós. Devemos fazer isso por obrigação, vocação nacional, e, sobretudo, também por mandato constitucional”, insistiu.

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