China / ÁsiaEntrada de Musk na política prejudica vendas da Tesla Hoje Macau - 12 Mar 2025 As vendas na China do fabricante norte-americano de carros eléctricos Tesla caíram para metade em Fevereiro, com a entrada do presidente executivo, Elon Musk, na política a ser “parcialmente responsável”, segundo uma associação do sector. “Um empresário de sucesso tem de abraçar a 100 por cento o mercado, tratar bem toda a gente e todos serão bons para si em troca. Mas, se abordarmos a questão numa perspectiva eleitoral, metade dos eleitores vão gostar de nós e a outra metade não”, afirmou ontem o secretário-geral da Associação de Automóveis de Passageiros da China, Cui Dongshu, citado pela agência de notícias Bloomberg. “É um risco inevitável depois de ele ter procurado a sua glória pessoal”, acrescentou Cui, que indicou que parte da população vê agora a Tesla como uma questão política, dada a proximidade de Musk com o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a notoriedade pública da sua iniciativa para reduzir a despesa pública. A Bloomberg recordou que a China não é o único mercado em que a Tesla está a sofrer: na Alemanha, onde Musk se posicionou abertamente a favor do partido de extrema-direita AfD, antes das eleições, as vendas da Tesla caíram 71 por cento, nos dois primeiros meses do ano, enquanto em França caíram 44 por cento. Competição apertada Na Ásia, um dos maiores mercados da Tesla, as vendas caíram 49 por cento, em Fevereiro, em termos homólogos, o que Cui também atribuiu à tradicional época baixa que se segue ao Ano Novo Lunar – a principal época festiva do país – e aos compradores que aguardam o Modelo Y renovado. Além da postura política de Musk, outro factor que está a pesar nas vendas da Tesla é a rápida ascensão de concorrentes locais, como a BYD, que já ultrapassou a marca norte-americana como o maior fabricante de automóveis eléctricos do mundo e aumentou as vendas em 161 por cento, em termos homólogos, no mês passado. A queda da Tesla ocorreu num contexto em que as vendas no mercado automóvel chinês aumentaram 26 por cento após a renovação dos subsídios do “plano de renovação”, promovido por Pequim, com as de carros eléctricos e híbridos a subirem 80 por cento. As vendas da empresa norte-americana estão em queda homóloga há cinco meses e em Fevereiro atingiram o valor mais baixo desde meados de 2022, quando a actividade económica em várias zonas do país estava praticamente parada face à política de ‘zero casos’ de covid-19. Musk, o homem mais rico do mundo, goza de uma boa relação com as autoridades da China, país que visitou várias vezes e onde tem um dos seus principais mercados. Em 2019, a Tesla abriu em Xangai a sua primeira “gigafábrica” fora dos Estados Unidos, na qual produz agora cerca de metade dos veículos que vende a nível mundial. No mês passado, também iniciou a produção na sua nova fábrica de baterias de armazenamento na mesma cidade.